UNIDADE 4 Arte e Meio Ambiente

As propostas da unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam:

Fotografia. Em primeiro plano, há o destaque de uma composição que apresenta baleias envoltas por plástico e próximas de materiais pretos espalhados no chão formando um círculo. Ao fundo, está a fachada de um prédio com entrada arqueada e amplas janelas com teto rebuscado e paredes extensas. Algumas pessoas caminham no espaço entre a composição de baleias e a construção ao fundo.

eu SEI

Pensar em soluções

Apresentar, por meio de uma dinâmica envolvendo desenho, o que já se conhece sobre os grandes problemas ambientais, bem como possíveis soluções para essas questões.

Fotografia. Vista aérea de uma paisagem natural que apresenta região com pouca água reservada, solo e vegetação secos. Ao fundo, algumas árvores com folhagens verdes.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Natureza em transformação

Analisar como a arte registra as transformações no ambiente.

Capítulo 2 – Arte e consciência ecológica

Reconhecer a arte como aliada para a mobilização em prol do meio ambiente.

Fotografia. Retrato de uma menina vista da cintura para cima. Ela tem nariz largo, olhos pequenos, lábios grossos e cabelo liso e longo penteado para o lado; a menina sorri e segura um violino feito de material reciclável apoiado no ombro esquerdo. Ao fundo, há quadros e um sofá cinza.

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Ilustração. Tela de televisão que apresenta um menino sorridente de camiseta amarela que segura uma embalagem na qual está escrito: SEJA CONSCIENTE. Abaixo, há a informação LIGUE AGORA (00)12345432X. Do lado direito, está um balão de grito com a exclamação NOVO!

vamos COMPARTILHAR

Propaganda de consciência ecológica

Analisar criticamente a veiculação de produtos de consumo na mídia para a criação de uma proposta artística consciente.

OBJETIVO GERAL

Compreender e identificar como a arte promove um constante diálogo sobre as questões sociais, culturais e ambientais, incentivando a participação e o compromisso da sociedade na busca por soluções para os impactos ambientais.

eu SEI

Pensar em soluções

Quando falamos em meio ambiente, é praticamente um consenso associarmos o termo ao que nos cêrca, como a vegetação, os oceanos e os rios. Contudo, não podemos nos esquecer de que dentro desse ecossistemaglossário também estão os seres não humanos e humanos. Portanto, se o meio ambiente é afetado, nós também seremos, de alguma fórma, impactados.

Fotografia. Em primeiro plano, há o destaque de uma composição que apresenta baleias envoltas por plástico e próximas de materiais pretos espalhados no chão formando um círculo. Ao fundo, está a fachada de um prédio com entrada arqueada e amplas janelas com teto rebuscado e paredes extensas. Algumas pessoas caminham no espaço entre a composição de baleias e a construção ao fundo.
Esculturas de baleias em tamanho real cobertas com resíduos sólidos instaladas em frente ao Parlamento Húngaro, como parte da campanha Proteja o Oceano, do Greenpeace, em Budapeste. Hungria, 2019.

reticências A Terra é um sistema muito complexo. Quando removemos algo, o sistema fica em desequilíbrio, e isso impacta aspectos que vão além da nossa compreensão. E isso vale para a igualdade também. Os seres humanos fazem parte da natureza, e se não estamos bem, então a natureza não está bem, porque nós somos a natureza.

Tãnberg, Greta. Greta Tãnberg reflete sobre viver em meio a múltiplas crises em uma “sociedade da pós-verdade”. [Entrevista cedida a] . National Geographic, [sem local], 30 novembro 2020. Disponível em: https://oeds.link/lVpInx. Acesso em: 20 maio 2022.

Para ampliar

Tãnberg, Greta. Greta Tãnberg em entrevista para a National Geographic. Disponível em: https://oeds.link/lVpInx. Acesso em: 20 maio 2022. Em entrevista à National Geographic, a jovem ativista pondera sobre o sucesso do movimento em prol do clima e os desafios a serem enfrentados.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
Estabeleçam relações entre a imagem e a frase dita por Greta Tãnberg. Expliquem de que maneira os seres humanos são afetados pelo problema apresentado na obra.

Convivemos com questões de extrema urgência global, enquanto o tempo se torna cada vez mais escasso para resolvê-las; entretanto, ainda há soluções e meios para reverter essa situação.

Para dar início a essas inquietações, a turma vai realizar uma dinâmica envolvendo alguns dos principais problemas ambientais.

Como fazer

  1. Será necessário dividir a turma em dois grupos.
  2. Um integrante de um dos grupos será convidado pelo professor a desenhar na lousa uma imagem que represente algum problema ambiental, que pode ser:
  • Aquecimento global.
  • Poluição do solo.
  • Poluição da água.
  • Poluição do ar.
  • Acúmulo de lixo.
  • Desmatamento.
  1. Um integrante do outro grupo deverá tentar adivinhar, em nome de todos, qual o problema representado no desenho. Se acertar, o grupo ganha um ponto e deverá, rapidamente, apresentar uma ação cotidiana que minimize esse problema. Se errar, a chance de resposta passa para o grupo que propôs o problema.
  2. Ganhará o ponto o grupo que conseguir finalizar a etapa, propondo solução para o problema apresentado.
  3. Cabe ao professor o papel de mediador, ao avaliar se as ações sugeridas para minimizar os efeitos dos problemas citados são adequadas.
  4. O jogo retoma seguindo as mesmas etapas, até que o professor termine de colocar em pauta todos os temas sugeridos.
  5. Ganha o grupo que fizer mais pontos.
  6. Ao final, conversem sobre como foi realizar esse jogo e sobre aquilo que a turma já sabia a respeito dos problemas ambientais que surgiram na dinâmica.
Composição de fotografias. Globo terrestre recoberto por tecidos, plásticos e papéis amontoados. Em destaque, acima do globo, está a mão de uma pessoa que segura um botão de flor.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Natureza em transformação

A paisagem é formada por elementos naturais como rios, montanhas e vegetações, entre outros. Além desses elementos, existem também aqueles que foram transformados pela ação humana com o decorrer do tempo.

Pintura em preto e branco. Paisagem natural que apresenta vasta vegetação e, ao centro, três homens de calça, casaco comprido, chapéu e segurando espingardas. Eles são vistos de corpo todo e estão próximos e em pé diante de uma lagoa, na qual há várias aves.
Lagoa de Aves à Margem do Rio São Francisco, de Carr Friedrich Filip von Martius, cêrca de 1840. Litografia sobre papel, 66,3 centímetros por 47 centímetros.
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1. Observem a imagem que retrata uma paisagem natural brasileira por volta de 1840. Que elementos se destacam na paisagem? Eles são naturais ou foram construídos pelos seres humanos?

A gravura é de autoria do naturalistaglossário Carr Friedrich Filip von Martius (1794-1868), médico, botânico e antropólogo alemão que chegou ao Brasil com a Missão Austríaca, realizando expedições pelo país com o zoólogo iôrrân bapitísti fôn ispíquis (1781-1826) entre 1817 e 1820. Foram mais de 14 mil quilômetros percorridos para pesquisar e catalogar a diversidade e a exuberância da flora e da fauna brasileiras.

Desde a chegada ao território brasileiro, exploradores e artistas-viajantes, principalmente originados de países da Europa, retrataram as paisagens brasileiras em desenhos, gravuras e pinturas. O advento da fotografia, no século dezenove, possibilitou novas formas de representar e registrar as paisagens.

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Transcrição do áudio

Arte ambiental: das paisagens à orquestra de recicláveis

Locutora: Arte ambiental: das paisagens à orquestra de recicláveis.

Som da natureza

Locutora: A natureza é um dos principais temas retratados nas obras de arte. Se formos pensar em grandes mestres da arte, como Van Gogh, Monet e Cézanne, só para citar três, a natureza está presente de forma marcante. E, mais recentemente, com a introdução da tecnologia nas artes, com a fotografia e o cinema, a possibilidade de captar a natureza de forma artística ganha mais recursos. As obras em preto e branco do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, por exemplo, ou os inúmeros documentários a que podemos assistir em nossas televisões e computadores trazem imagens da paisagem natural dos locais mais variados do nosso planeta com riqueza de detalhes.

Vinheta musical

Locutora: Esse tipo de expressão artística recebe o nome de arte ambiental, que, além de ter a natureza como inspiração, a utiliza muitas vezes como matéria-prima, literalmente, ao lançar mão de materiais recolhidos no ambiente ou mesmo reciclados. Tudo isso não só para que possamos enxergar beleza, mas também para que criemos consciência sobre a importância dos recursos naturais e possamos abrir nossos olhos para a preservação ambiental.

Vinheta musical

Locutora: A arte promove um constante diálogo sobre as questões sociais, culturais e ambientais. O meio ambiente faz parte da gente! Está dentro de nós! E nós, como sociedade, temos o compromisso de buscar soluções para os impactos ambientais. Feche os olhos e ouça agora esse poema de Salvador Barletta Nery e imagine-se no espaço-tempo entre obras de arte e o meio ambiente. Escute, imagine, sonhe...

Vinheta musical

Locutora: ARTE AMBIENTAL E SEUS ARTISTAS

No espaço-tempo

da arte e do meio ambiente...

Mergulho na gravura

Lagoa de Aves à Margem do Rio São Francisco

O vento sopra...

Vou visitar pelo olhar

Do Marc Ferrez o Corcovado, Flamengo e Urca

Nas paisagens inventadas de Henri Rousseau

O encanto da serpente

Me fascina

Parece que estou em um sonho

E de repente...

Paisagens surreais ...

Estou entre Cisnes refletindo elefantes

Nas pinceladas de Dali

Que sacode o pincel...

E vou parar... bem ali...

Estou em um aterro sanitário

Em um projeto artístico musical

No Paraguai!

Com o Chavez e sua Orquestra

De Reciclados de Catuera

Feitos de materiais descartados

Latas de tinta, assadeira de pão,

Garfos e outros descartes

Transformam-se em violinos, violas, violoncelos

E instrumentos de percussão

A mãe natureza agradece...

Repleta de emoção...

Som de violino e percussão

Locutora: E, vocês, que escutaram atentos.

Vamos fazer um sonzão?

Montar uma orquestra

E transformar

O que ia para o lixo

Em arte, em educação?

Vinheta musical

Locutora: Créditos. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

A imagem é de autoria do fotógrafo brasileiro Marc Ferrez (1843-1923), que registrou a paisagem do Rio de Janeiro entre 1880 e 1910, como a vista do Corcovado feita com técnicas fotográficas avançadas para a época.

Fotografia em preto e branco. Plano aberto de uma cidade à beira-mar e morros banhados pela água.  No horizonte, há nuvens.
Vista a partir do Corcovado de Botafogo, Flamengo e Urca, de Marc Ferrez. Rio de Janeiro, cêrca de 1885.
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2. Observem a paisagem da fotografia de Marc Ferrez. Que elementos evidenciam a ação humana sobre a paisagem?

Apesar de muitos artistas criarem imagens pela observação e pesquisa, o que vemos são cenários compostos de elementos que ficavam na memória e na imaginação do observador. Até mesmo a fotografia pode distorcer a realidade pelo recorte específico daquilo que o olhar do fotógrafo deseja retratar.

Registrando paisagens

Pensando nessas questões acerca da paisagem, registro, transformação e memória, siga as etapas para uma proposta artística.

Como fazer

  1. Faça um desenho de memória e sem observação de algum local da sua cidade, que pode ser de uma paisagem natural ou transformada pela ação humana.
  2. Depois, tire uma fotografia desse mesmo local, ou busque, na internet ou em livros, uma fotografia recente dele.
  3. Elabore uma legenda indicando a localização das paisagens. A ideia é que as fotografias estejam ao lado de cada desenho que será exposto em um mural.
  4. Com a orientação do professor, faça comparações entre os desenhos e o que a fotografia apreendeu da realidade.

PAISAGENS INVENTADAS

Para o pintor francês Enrri Russô (1844-1910), a paisagem era destaque em suas criações. Cada detalhe era minuciosamente trabalhado. Como referência para suas paisagens imaginárias, Russô visitava o Jardim Botânico de Paris e pesquisava imagens em livros e cartões-postais, criando uma composição inventada.

Pintura. Ao centro, uma mulher retratada com todas as partes do corpo sombreada e apenas o globo ocular em branco. Ela toca uma flauta e há uma serpentes envolta em seu pescoço. A mulher está às margens de um rio. A sua esquerda, há uma vegetação com plantas diversificadas em diversos tons de verde, que atribuem profundidade à cena. À sua esquerda, há um flamingo. Na parte superior, uma lua no céu ilumina a floresta, retratada com cores vivas.
O encanto da serpente, de Enrri Russô, 1907. Óleo sobre tela, 169 centímetros por 189 centímetros.
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3. Analisem a pintura de Russô e descrevam de que fórma o artista mistura elementos inventados e reais na composição.

O artista era autodidataglossário e só se dedicou totalmente à pintura após os 40 anos de idade. O uso de uma perspectiva imperfeita, as cores vivas, as figuras de proporções irreais e a espontaneidade fizeram com que ele não tivesse o devido reconhecimento em vida, como tantos outros pintores, já que muitos consideravam que Russô não era talentoso por não pintar como os acadêmicos.

Paisagens surreais

Recorrer à imaginação e aos sonhos para criar cenários fantásticos era um recurso amplamente explorado pelos artistas surrealistas. Surgido no início do século dezenove, o Surrealismo se inspirava principalmente nos sonhos, sem compromisso com a realidade concreta. O movimento, surgido no período entre as duas grandes guerras mundiais, trazia o oníricoglossário como fórma de escapar das atrocidades que a humanidade vivia na época.

Pintura. Em tons de azul, marrom e cinza, apresenta três cisnes com aspecto apagado em um lago seco. A imagem dos cisnes se mistura harmonicamente às imagens de elefantes que aparecem às margens do lago. Atrás das aves, há ramos secos. Ao redor, solo seco com um pouco de chamas do lado direito. Do lado esquerdo, há um homem parado em pé que se mistura à paisagem desértica. No céu, estão nuvens densas.
Cisnes refletindo elefantes, de Salvador Dalí, 1937. Óleo sobre tela. 51 centímetros por 77 centímetros.
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4. Observem com atenção a obra de Dalí e descrevam os elementos concretos e figurativos dessa composição imaginária.

Criando composição surreal

Como seria a paisagem dos seus sonhos? Para responder a essa questão, siga os passos.

Como fazer

  1. Recorte de revistas e outros materiais impressos imagens de plantas, árvores e animais. Esses serão os elementos concretos que farão parte de um cenário totalmente inventado e imaginário.
  2. Faça uma colagem com essas imagens, explorando uma composição surreal. Complemente sua produção com desenhos, camadas de tinta ou mesmo galhos e folhas de pequenas plantas que trarão tridimensionalidade às imagens do papel.
  3. Pense em um título interessante e, com o restante da turma, combine com o professor um local para expor os trabalhos.
Versão adaptada acessível

Criando composição surreal.

1. Utilize elementos concretos para fazer parte de um cenário totalmente inventado e imaginário.

2. Faça uma colagem com esses elementos, explorando uma composição surreal. Você pode utilizar galhos e folhas de pequenas plantas que trarão tridimensionalidade a sua obra.

3. Pense em um título interessante e, com o restante da turma, combine com o professor um local para expor os trabalhos.

ARTE E CIÊNCIAS

Ilustração botânica

A ilustração científica é um método em que espécies da fauna e da flora são minuciosamente detalhadas, permitindo a catalogação e a classificação de espécies de um determinado ambiente.

Os primeiros livros de ilustração botânica retratavam diversas espécies de plantas medicinais e suas propriedades. Essa atividade é realizada há milhares de anos, tendo sido aprimorada e difundida no século dezenove com as técnicas de impressão de gravuras, como a ilustração de frutas e plantas.

Esse recurso técnico é, ao mesmo tempo, um documento científico e artístico, já que o ilustrador também imprime sua técnica e estilo aos desenhos com a maior fidelidade possível, permitindo o estudo e a compreensão de uma biodiversidade específica.

Gravura. Apresenta quatro diferentes ramos de folhas com flores e frutos. O primeiro ramo apresenta folhas longas verde-escuras, pequena flor com muitos filamentos e semente muito pequena e arroxeada. O segundo ramo apresenta folhas longas verde-escuras, pequena flor de pétalas brancas e miolo amarelo e semente marrom em tamanho pequeno. O terceiro ramo apresenta folhas longas verde-escuras, flor de pétalas longas e fruta comprida com aspecto firme. O quarto ramo apresenta folhas verdes ramificadas e curtas e fruta circular, verde e casca de aspecto rugoso.
Café, Chá, Cacau e Fruta-pão, prato de estudo botânico gravado por J. bixópi, 1872. Gravura colorida.

É marcante a importância dos ilustradores de história natural no registro e na divulgação dos temas relacionados à natureza reticências

reticências as pranchas científicas passaram a incluir caracteres morfológicosglossário internos e externos, tornando-se mais ricas, detalhadas e, consequentemente, mais complexas, permitindo comparações e diagnose classificatória mais precisas, o que exigiu maestria técnica e apurada dos desenhistas sob a supervisão dos pesquisadores.

ORMINDO, Paulo. Imagens para a ciência. In: , Alda; ORMINDO, Paulo (organizador). Natureza, ciência e arte: na viagem pelo Brasil de ispíquis e Martius 1817-1820. Rio de Janeiro: Andrea Estúdio, 2018. página68-69.

A diversidade de plantas e flores típicas do Brasil foi de grande interesse para diversos pesquisadores, entre eles Margaret Mi(1909-1988), importante botânica inglesa que se dedicou a estudar as florestas tropicais brasileiras, especialmente a amazônica.

Gravura. Ramo de pequenas flores amarelas e delicadas. Na parte inferior, há pequenas partes da planta apresentadas separadamente.
Tabebuia umbellata, de Margaret Mi, 1964. Dumbarton Oaks Rare Book Collection.
Gravura. Ramo de uma flor volumosa com pétalas coloridas com pequenos pontos na superfície. Em destaque, há uma estrutura pendente em cor rosa e com aspecto trançado. Na parte inferior, há pequenas partes da planta apresentadas separadamente e anotações.
As Bromélias, de Margaret Mi, 1969. Placa 15. Presente na obra Margaret Mi, de Sylvia de et al. (edição). Rio de Janeiro: Artepadilla, 2006. página 171.
Que tal ilustrar uma planta típica da paisagem da sua cidade? Dedique-se a observar os detalhes dessa planta, o formato das folhas, o detalhe das veias, as cores e texturas. Faça uma pesquisa em livros ou na internet para descobrir o nome científico e popular da planta e registre no desenho essa e outras informações pertinentes ao seu estudo botânico.
Versão adaptada acessível

• Que tal representar uma planta típica da paisagem da sua cidade? Dedique-se a observar os detalhes dessa planta, o formato das folhas, o detalhe das veias e as texturas. Faça uma pesquisa em livros ou na internet para descobrir o nome científico e popular da planta e registre essa e outras informações pertinentes ao seu estudo botânico.

NATUREZA EM ALERTA

Não há como pensar a natureza sem considerar as crises ambientais nas quais a humanidade está diretamente envolvida, pelas ações humanas mal planejadas que podem impulsionar a degradação e a destruição do meio ambiente.

As obras do artista Frans krachbérg (1921-2017) não podem ser dissociadas de uma ação ativista e de protesto. Esculturas de madeira com troncos e galhos calcinadosglossário provocam nossos sentidos e nos alertam para causas urgentes: as queimadas e o desmatamento das florestas, principalmente no território brasileiro, como o Cerrado e a Floresta Amazônica.

Fotografia. Destaque de um amplo corredor com pé-direito alto sustentado por diversas vigas e com formato arqueado. No solo, há um conjunto de esculturas em cor preta e marrom e que apresenta troncos secos, descascados e com aspecto de queimado.
Exposição permanente A Revolta, com obras do artista polonês naturalizado brasileiro Frans krachbérg. Espaço CulturalFrans krachbérg, em Curitiba. Paraná, 2010.
Escultura que apresenta corpo marrom com aspecto seco e retorcido e extremidades superiores de cor avermelhada e marrom com aspecto de queimado.
Sem título, de Frans krachbérg. Escultura em madeira, 320 centímetros por 170 centímetros por 100 centímetros.
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1. Imaginem as texturas, o tamanho e até o cheiro dessas esculturas. Que sensações as obras de krachbérg causam em vocês?

Nascido na Polônia e naturalizado brasileiro, krachbérg chegou ao Brasil na década de 1940 e encantou-se com a natureza e a biodiversidade brasileiras. Longe do cenário de destruição da Segunda Guerra Mundial, quando perdeu sua família nos campos de concentração nazista, encontrou, no entanto, além da beleza, mais um cenário de destruição causado pelo desmatamento e pelos incêndios florestais.

reticências Eu estou fazendo tudo com meu trabalho para mostrar a minha revolta, se possível para sensibilizar um pouco mais gente para compreender que a vida é um conjunto. Tudo que tem neste planeta tem direito de sobreviver e existir. Porque a gente não pode destruir a terra quando a gente precisa dessa terra para sobreviver. reticências A gente está perdendo até a sensibilidade de nós mesmos. Isso é muito grave para nossa existência. Precisamos parar com isso. Precisamos fazer uma análise de nós mesmos. Como continuar vivendo em harmonia com esse planeta.

ESCOREL, Eduardo. Frans krachbérg — Dignidade e revolta. Piauí, [sem local], 9 outubro 2019. Disponível em: https://oeds.link/5s32qS. Acesso em: 23 maio 2022.

Além de artista, krachbérg engajou-se nas causas ambientais, viajando por regiões afetadas pela destruição e exploração, como a Amazônia e o Pantanal, sempre comprometido em produzir uma arte de denúncia. Suas esculturas, feitas com resquícios de madeiras de florestas incendiadas, criam um alerta para a preservação do meio ambiente.

Fotografia. Vista aérea de um vasto trecho de floresta em chamas. Há muita fumaça densa no local.
Vista de drone de queimada na Floresta Amazônica, em Porto Velho. Rondônia, 2020.
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  1. Em grupos, façam uma pesquisa em jornais e na internet sobre os principais fatores que contribuem para as queimadas e o desmatamento no Brasil.
    1. Com esses dados, produzam frases de impacto e de alerta para essas questões, utilizando imagens de krachbérg e de outros artistas que abordem o tema.
    2. Com a orientação do professor, criem cartazes ou publicações em uma rede social coletiva da escola.

Para ampliar

crenác, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. segunda edição São Paulo: Companhia das Letras, 2020. A obra do líder indígena descreve que a ideia da natureza separada da humanidade é a premissa básica dos desastres ambientais da nossa era.

ARTE, MEIO AMBIENTE E ALIMENTAÇÃO

A agropecuária está relacionada às atividades que buscam desenvolver o cultivo de produtos agrícolas e a criação de animais. O modelo negativo adotado para o desenvolvimento dessas atividades, porém, envolve muitos problemas ambientais, como a queimada e o desmatamento para o plantio, excesso de fertilizantes e agrotóxicos, contaminação e mau uso da água e do solo, entre outros.

Fotografia. Retrato de um homem sem camisa visto da cintura para cima à frente de um fundo preto. Ele tem sobrancelhas e lábios grossos, nariz largo e segura um abacaxi cortado ao meio, o qual está com a polpa virada para frente.
Relacionamento . Meu coração é orgânico, de Denilson Baniwa, 2018. Fotografias de dimensões variáveis.
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3. Analisem o autorretrato do artista indígena Denilson Baniwa (1984-), intitulado Relacionamento . Meu coração é orgânico. .Estabeleçam relações entre a obra, a causa indígena e a exploração do meio ambiente pela agricultura.

O alimento como proposta artística

Interessado em debater o tema da alimentação e ecologia, o artista brasileiro Jorge Menna Barreto (1970-) idealizou, em 2016, o projeto Restauro, que consistia em um restaurante adaptado para a 32ª edição da Bienal de São Paulo. Em parceria com chefes de cozinha e nutricionistas, foram preparadas receitas que privilegiavam a diversidade de alimentos orgânicos e de época, desviando de produtos como soja, milho e açúcar, ou seja, produtos de monoculturaglossário .

Fotografia. No interior de uma ampla sala fechada com pé-direito alto, arquitetura de rampas curvas e obras de arte altas expostas no chão, há um homem moreno de barba que veste uma camiseta branca com estampa e posa para foto segurando uma bandeja com potes de vidro iguais e transparentes contendo substâncias de aspecto pastoso, granular e folhoso. Ao redor, pessoas caminham.
Jorge Menna Barreto na 32ª Bienal de São Paulo com o projeto Restauro, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2016.

O alimento como protagonista na ação artística levanta questões a respeito dos hábitos alimentares em relação ao meio ambiente, pensando o cuidado necessário para a escolha dos alimentos, a maneira como ele é preparado e até o descarte dos resíduos, sendo todo o processo planejado de fórma consciente.

4. Durante o período de uma semana, ou de acordo com a orientação do professor, faça uma prática de desenho dos vegetais e hortaliças que você consome.

Versão adaptada acessível

Atividade 4, item a. Durante o período de uma semana, ou de acordo com a orientação do professor, faça uma prática de registrar os vegetais e hortaliças que você consome. a) No registro, investigue aspectos como a forma do alimento, a textura etcétera.

  1. No registro desses desenhos, investigue aspectos como a fórma do alimento, a cor, a textura etcétera.
  2. Somente depois, faça uma pesquisa sobre os alimentos com maior nível de agrotóxicos produzidos no Brasil e verifique quais deles aparecem em seus desenhos.
  3. Compartilhe sua produção e sua pesquisa, debatendo o assunto com a turma.

ARTE TÊXTIL E NATUREZA

A arte têxtil está relacionada a antigas técnicas artesanais que envolvem o uso de fibras e tecidos, como a costura, o bordado, o crochê e a tapeçaria. O uso do tecido como material e suporte na arte contemporânea ganha outros sentidos em propostas que deslocam o têxtil dos usos doméstico e decorativo.

Fotografia. Interior de uma ampla sala clara com pé-direito alto, vigas metálicas no teto com iluminação específica e onde estão expostas peças compostas por linhas curvas, gravetos, cordas penduradas e, à direita, uma grande peça presa ao teto de onde partem faixas grossas de retalhos em diferentes cores até  encostarem no chão.
Instalação About to Happen, de Cecilia Vicuña, 2019-2020. Museu de Arte Contemporânea, North Miami.

A artista chilena Cecilia Vicuña (1948-) traz sua ancestralidade indígena em instalações compostas de peças de tecido e materiais naturais, como em About to Happen (Prestes a acontecer), na qual cria uma paisagem mística com obras que mesclam performance, escultura, desenho, vídeo e instalações. As faixas de tecido com nós instaladas no espaço são chamadas de quipus, uma ferramenta usada no Império Inca para comunicação, contagem, colheita, entre outras funções.

As questões políticas e ambientais são uma constante preocupação vista nos trabalhos da artista chilena, que discute essas problemáticas com um sentido de urgência e alerta:

reticências Ou criamos uma cultura de amor à Terra, de solidariedade mútua entre as espécies e entre as diferentes comunidades e sociedades, ou prosseguiremos por esse caminho de destruição e de abuso… Se seguirmos por aí, em duas décadas acabará a civilização ocidental e, com ela, todas as outras civilizações.

VICUÑA, Cecilia. “Existe uma luta pelo futuro do mundo”, diz a chilena Cecilia Vicuña. [Entrevista cedida a] AMARANTE, Dirce W. do; MEDEIROS, Sérgio. Plural Curitiba, [sem local], 28 junho 2020. Disponível em: https://oeds.link/dcPwpm. Acesso em: 23 maio 2022.

Escultura. Peça com aspecto macio, irregular e colorido vivo que apresenta um conjunto de trouxas de tecidos, linhas, novelos e retalhos.
Jardín de Topiairus, de Vanessa freitágui (há uma ocorrência de Freitag sem marcação na página LXII; precisaria marcar no cinza), 2022. Escultura têxtil. Restos de tecido, crochê, bordado e pequenos objetos encontrados, 178 centímetros por 55 centímetros por 45 centímetros.
Escultura. Destaque de uma peça com aspecto macio, irregular e colorido vivo que apresenta um conjunto de trouxas de tecidos, linhas, novelos e retalhos.
Jardín de Topiairus, de Vanessa freitágui (há uma ocorrência de Freitag sem marcação na página LXII; precisaria marcar no cinza), 2022. Escultura têxtil. Restos de tecido, crochê, bordado e pequenos objetos encontrados, 178 centímetros por 55 centímetros por 45 centímetros. (detalhe)

A topiaria é uma antiga técnica de jardinagem para podar e moldar plantas e arbustos, criando fórmas mais precisas, geométricas e escultóricas. Em Jardín de Topiarius, a artista brasileira Vanessa freitágui (há uma ocorrência de Freitag sem marcação na página LXII; precisaria marcar no cinza) (1982-) molda, tece e costura um jardim afetivo com a coleta e o reúso de materiais como tecidos, fios e fibras têxteis. As fórmas orgânicas semelhantes a criaturas quase vivas, o colorido, as texturas e tessituras da escultura criam um jardim que não pertence a nenhum lugar concreto, mas remete às memórias de infância das paisagens naturais vistas no Brasil pela artista, que hoje vive no México.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. Analisem as propostas de ambas as artistas e reflitam sobre as seguintes questões:
    1. Como as fórmas, os elementos e os objetos incorporados em cada obra dialogam com a ideia de natureza?
    2. Como o uso do tecido estabelece relações com a ideia de memória em cada obra?

VAMOS FAZER

Jardim de tecido

Escultura. Um conjunto de cordões emaranhados. Um deles é vermelho escuro; alguns listrado em azul e branco e outros estampados com diversas cores. No canto superior esquerdo, uma espécie de tapete redondo vermelho, com detalhes em preto.
Criaturas de Topiarius, de Vanessa freitágui (há uma ocorrência de Freitag sem marcação na página LXII; precisaria marcar no cinza), 2021. Escultura de tecidos, 120 centímetros por 72 centímetros por 28 centímetros.

Os resíduos têxteis geram grande impacto ambiental, seja pela sobra e perda de materiais, seja pelo uso e descarte acelerado e incentivado pela indústria da moda.

Na produção artística contemporânea, diversos artistas recorrem ao reúso de materiais que seriam rejeitados, um recurso considerado mais sustentável. Os tecidos na obra da artista Vanessa freitágui (há uma ocorrência de Freitag sem marcação na página LXII; precisaria marcar no cinza) são de roupas, retalhos e doações de peças que iriam para o lixo, transformando-se em esculturas feitas com enchimentos, amarrações, costuras e crochê.

Inspirando-se nas obras de freitágui (há uma ocorrência de Freitag sem marcação na página LXII; precisaria marcar no cinza), a turma vai criar um jardim com tecidos que valorize a beleza da natureza.

Material

  • Tecidos e roupas velhas.
  • Fios de lã e linhas de costura.
  • Cola quente ou cola líquida.
  • Tesoura com pontas arredondadas.

Continua

Continuação

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Como fazer

Etapa 1 – Planejamento e organização

  1. A turma vai coletar tecidos e roupas velhas durante um período determinado pelo professor. Prefiram tecidos coloridos e estampados.
  2. Planejem como serão os possíveis formatos das esculturas têxteis fazendo rascunhos de desenhos.

Etapa 2 – Execução

  1. Para dar fórma às esculturas, será necessário cortar pedaços de tecido arredondados com, no mínimo, 20 centímetros de diâmetro.
  2. Para os enchimentos, utilizem retalhos de tecido.
  3. Façam uma espécie de trouxinha e amarrem as extremidades do tecido com um fio de lã, como na figura 1.
  4. Experimentem outras maneiras para dar uma fórma escultórica a esses objetos. Recortem diferentes formatos de tecido, como retângulos e quadrados de vários tamanhos, e sigam o mesmo procedimento para preencher e fechar os objetos.
  5. Ao final, criem uma peça única unindo todas as trouxinhas de tecido com cola ou com amarrações com fios de lã, como na figura 2.

Etapa 3 – Exposição

Decidam se essas peças serão expostas sobre a parede, sobre o chão ou mesmo penduradas. Combinem com o professor um espaço adequado para a exposição dos trabalhos e convidem outras turmas para apreciarem as obras.
Ilustração 1. Destaque das mãos de uma pessoa que amarra um barbante em torno de uma trouxa de tecido azul.
Ilustração 2. Destaque da pessoa aplicando cola quente nas rebarbas de tecidos de diversas trouxas unidas lado a lado.

ORQUESTRA DE RECICLADOS

De um lugar improvável, como um aterro sanitário, surgiu um exemplo de como a união e o engajamento das pessoas podem gerar um projeto artístico musical.

No bairro Cateura, periferia da cidade de Assunção, capital do Paraguai, o argentino Favio Chavéz (1975-), técnico ambiental e professor de música que, em 2008, ajudava os catadores a separar os materiais para reciclagem, passou a ensinar música aos filhos dos catadores que vivem na vizinhança do aterro do bairro.

Com essa iniciativa, Chavéz criou a Orquestra de Reciclados de Cateura, uma orquestra com violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, guitarras, flautas, saxofones, trombetas, trombones e instrumentos de percussão. Ele contou com a ajuda da comunidade para construir instrumentos com materiais do aterro, fazendo dessa orquestra a primeira do mundo a utilizar instrumentos musicais feitos de materiais descartados.

Fotografia. Seis jovens e um homem adulto posam para foto segurando violinos feitos de material reciclado. Eles estão sentados lado a lado em duas fileiras em um sofá no interior de uma sala. O homem está ao centro ao lado de um menino e um jovem. Ao fundo, estão quatro meninas.
O diretor musical Favio Chavéz e os jovens músicos da Orquestra de Reciclados de Cateura, na Califórnia. Estados Unidos, 2016.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
Nas últimas décadas, o acúmulo de resíduos tornou-se um dos grandes problemas da humanidade. Citem exemplos de medidas e soluções tomadas para diminuir os impactos da produção de lixo.

Para ampliar

Landfill harmonic: uma sinfonia do espírito humano. Direção de bréd ólgud e greém Townsley. Estados Unidos da América, 2015 (84 minutos). O documentário apresenta a trajetória dos integrantes da Orquestra de Instrumentos Recicláveis de Cateura, seus desafios, esforços e conquistas.

Os violinos são feitos de latas de tinta, assadeiras de pão, garfos e outros materiais, assim como os outros instrumentos de sopro e percussão, em que materiais de descarte se transformam em instrumentos musicais realmente funcionais.

Fotografia. Seis violinos feitos de material reciclado estão expostos em duas fileiras em um sofá. Eles apresentam corpo de madeira, cordas e superfície com estampa de revistas e jornais. Os três violinos que aparecem ao fundo são vistos parcialmente.
Violinos improvisados tocados pela Orquestra de Reciclados de Cateura em Landfill Harmonic, filme dirigido por bréd ólgud e greém Townsley. Estados Unidos, 2015. (84 minutos).

O repertório da orquestra é composto de música clássica, folclórica paraguaia e latino-americana, pop, rock, entre outros gêneros. A orquestra já se apresentou no Brasil e em diversos outros países ao redor do mundo.

Transformando objetos em instrumentos musicais

Com materiais acessíveis, é possível construir instrumentos musicais simples. A turma vai se dividir em grupos para uma experimentação sonora. Confiram os exemplos a seguir.

Material

  • Latas de metal podem se transformar em chocalhos. Basta colocar pequenas pedras ou grãos no interior das latas e vedar a abertura. Outra opção é utilizar as latas para batucar com o auxílio de uma colhér de pau ou outro objeto doméstico.
  • Garrafas de vidro com diferentes porções de água podem produzir sons dos mais agudos aos mais graves ao bater uma colhér no recipiente. Experimentem outro modo de produzir som soprando o bocal das garrafas, vazias ou com um pouco de água.

Como fazer

Experimentem variações na hora de tocar os instrumentos: cada um de uma vez, coletivamente, em ritmo acelerado ou mais lento etcétera.

eu vou APRENDER Capítulo 2

Arte e consciência ecológica

Desenvolver a consciência ambiental é um processo que deve ser planejado de maneira coletiva e colaborativa entre as pessoas que formam a comunidade local e planetária. Dessa fórma, a arte como expressão, linguagem e comunicação pode ser uma aliada das causas ambientais e, sobretudo, um modo de enxergarmos como nos relacionamos com o planeta.

O consumo desenfreado é um dos fatores que mais impulsionam a produção de lixo, a emissão de gases nos processos industriais e, consequentemente, a devastação ambiental.

A imagem a seguir, com a frase Eu compro, logo existo, é uma provocação para questionar como somos incentivados pela mídia e pela propaganda a associarmos nosso bem-estar ao consumo.

A frase faz parte de uma série de cartazes e intervenções que a artista estadunidense barbara kruguer (1945-) cria como uma propaganda às avessas que, em vez de nos vender um produto, nos leva a refletir.

Ao comprar um produto, esquecemos a cadeia de produção e a emissão de resíduos tóxicos embutidos no seu processo de fabricação. Ao mesmo tempo que precisamos consumir alguns produtos para nossa subsistência, também se faz necessária uma maior consciência sobre essas escolhas e sobre quais hábitos mais sustentáveis podem contribuir para as mudanças nesse ciclo.

Serigrafia. Em preto e branco, há o destaque da mão de uma pessoa que segura um cartão branco com a inscrição em vermelho: I SHOP THEREFORE I AM. A moldura da obra também é vermelha.
Sem título (I shop therefore I am/Compro, logo existo), de barbara kruguer, 1987. Serigrafia fotográfica em vinil.
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1. Para você, quais hábitos de consumo podem ser menos prejudiciais ao planeta?

Para ampliar

gueimen níl. Arte importa porque sua imaginação pode mudar o mundo. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2021. O livro apresenta quatro textos inspiradores que exploram como imaginar e criar elementos capazes de mudar o mundo.

Fotografia. Plano aberto mostrando um homem de camisa vermelha e bermuda branca que está de costas e descalço agachado diante de um rio poluído em área urbana. O rio apresenta água espumosa e escura; ao redor, há lixo, barracos e prédios ao fundo.
A poluição industrial é uma das principais atividades humanas poluentes do ar, do solo e da água. Segundo relatórios da organização Global Carbon Project, há significativo aumento de gás carbônico lançado, anualmente, na atmosfera. Igarapé do Mundú, em Manaus. Amazonas, 2020.

Nossas ações diárias estão relacionadas aos impactos que causamos no meio ambiente, pois fazemos parte de um ecossistema em que tudo está conectado. Não é possível falarmos de sustentabilidade sem assumirmos nossas responsabilidades como consumidores.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Em frases curtas e de impacto, a artista barbara kruguer usa referências da comunicação midiática, que tem como alvo alcançar um determinado público e incentivar a compra. Em grupos, pesquisem em revistas, panfletos e jornais frases que estimulam o consumo de produtos.
  2. Imaginem a seguinte frase: “Compre agora” completada com “uma consciência ambiental”. Ou “Adquira já” com “um planeta sem poluição”. Recriem as frases coletadas, tirando-as do seu contexto original e compondo um painel coletivo com as produções.

CONSUMO NA ARTE

A pop art (arte popular) foi um movimento artístico surgido nos Estados Unidos do pós-guerra, com início na década de 1960, que buscava referência na sociedade capitalista de consumo.

éndi uórrrou (1928-1987), um dos artistas mais notáveis do movimento, elaborou obras nas quais fazia uma crítica à sociedade consumista, em uma época em que a publicidade já dominava os meios de comunicação vendendo promessas de uma vida melhor pelo uso de bens de consumo. Com a técnica de serigrafia, Uár Rol replicava produtos de consumo das prateleiras de supermercados e rostos de celebridades midiáticas.

Pintura. Composição que apresenta a reprodução de 32 latas de sopa idênticas lado a lado divididas em quatro fileiras horizontais. Elas são de alumínio, apresentam cores vermelha e branca e a marca na embalagem.
Latas de Sopas Quêmbol, de éndi uórrrou, 1962. Acrílico com tinta esmalte metálico sobre tela. 50,8 centímetros por 40,6 centímetros.
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  1. Com os colegas, discuta as seguintes questões:
    1. De que modo a representação de produtos de supermercado, como as latas de sopa, poderia ser lida como uma crítica à sociedade da época?
    2. Na atualidade, vocês conhecem alguma manifestação artística ou cultural que faça críticas ao consumismo?

Imagine como seria coletar embalagens de produtos que você consumisse por 15 anos. Isso se tornou um dos métodos de criação para a artista brasileira Jac Leirner (1961-), visto na série Funções de uma variável, composta de sacolas de museus e livrarias que, unidas uma a uma, transformam-se em uma grande obra instalativa.

Fotografia. Interior de uma sala que apresenta duas fileiras de embalagens lado a lado no chão e uma parede forrada com mesmo item de diversas marcas ao fundo. Próximo à instalação, estão duas pessoas, uma mulher de frente e um homem de costas, ambos vestindo roupas escuras.
Funções de uma variável, de Jac Leirner. Instalação feita com embalagens e sacolas. Museu Tamayo, Cidade do México. México, 2014.

Produzindo cartazes sobre consumismo

Como fazer

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  1. Façam uma pesquisa para elencar os produtos mais consumidos pela turma que geram descarte de embalagens plásticas.
  2. Sobre uma cartolina, cada grupo vai criar uma pintura da embalagem de um desses produtos.
  3. Escrevam no cartaz a seguinte pergunta: “Você consumiu este produto hoje? Marque sim ou não”. Deixem espaços para caixas de respostas em duas colunas com a opção “sim” e “não”, para que as pessoas possam assinalar.
  4. Fixem os cartazes em lugares de grande circulação da escola durante uma semana. Ao final desse período, recolham os cartazes e façam uma análise dos dados obtidos.

Do plástico à arte

Sensibilizados pelos impactos gerados pelas questões ambientais, diversos artistas contemporâneos exploram o tema do lixo em suas produções.

O artista romuál rázumê (1962-), nascido em Porto Prínci­pe, na República do Benin, país localizado no oeste da África, abor­da pro­blemas sociais, políticos e ambientais em suas obras. Um dos problemas observados por ele é o transporte de gasolina contrabandeada, conhecida como kpayo.

É comum cenas em que pessoas carregam grandes recipientes de plástico para vender a gasolina como meio de subsistência, tornando esse problema bastante complexo. Além do acúmulo de plástico gerado pela atividade ilegal, esse combustível mais acessível e barato não passa por processos de refinamento, provocando um aumento da poluição.

Escultura. Número um. Obra composta de garrafa plástica grossa que está deitada com a região do pegador voltado para cima, destampada e apresenta um penteado com tranças de cabelo na parte superior. Toda a composição se assemelha a uma cabeça.
Escultura. Número dois. Obra composta de garrafa plástica grossa que está deitada com a região do pegador voltado para cima, destampada e apresenta um amaranhado de cabos firmes na parte superior. Toda a composição se assemelha a uma cabeça.
Fotografia. Número três. Em uma estrada, vista de costas de um homem sem camisa pedalando uma bicicleta e carregando vários galões de plástico vazios. Ao redor, há árvores.
(1) , de romuál rázumê, 2013. Objetos e embalagens reutilizados. 45 centímetros por 32 centímetros por 27 centímetros. (2) Ma Poule, de romuál rázumê, 2013. Objetos e embalagens reutilizados. 46 centímetros por 42 centímetros por 12 centímetros. (3) Fotografia da série Kpayoland, de romuál rázumê, 2004. Fotografia. 74 centímetros por 49 centímetros.

As máscaras africanas são expressões artísticas de diversas regiões do continente africano. rázumê recria esses elementos com plástico, dialogando com a situação local e com a identidade da cultura africana.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

5. Considerando o contexto social e cultural em que se insere o artista, como a cultura e a crítica podem ser observadas nas obras de romuál rázumê?

Pesquisas apontam que geramos, ano após ano, toneladas de lixo que não descartamos corretamente e que poluem os oceanos e os ecossistemas naturais. Os resíduos plásticos vão se degradando em micropartículas que acabam sendo consumidas pelos animais marinhos, que, por sua vez, são consumidos pelos seres humanos nesse ciclo de cadeia alimentar. Estudos também detectaram microplásticos no organismo humano, reflexo de como temos lidado com o excesso desse material descartado no meio ambiente.

Fotografia. Amontado de itens  coloridos descartados, como embalagens, em meio a uma superfície escura, densa e de aspecto granular.
Sopa: ingredientes recusados, de Mêndi Bárquer. Fotografia. Detritos plásticos marinhos afetados pela mastigação e tentativa de ingestão por animais. Inclui: tubo de pasta de dente, aditivos, dentes de animais.

A fotógrafa britânica Mêndi Bárquer (1964-) é conhecida por fotografar detritos plásticos marinhos. O título da série Sopa: ingredientes recusados faz referência ao termo sopa plástica, que é como os cientistas nomeiam o acúmulo de detritos plásticos que ficam suspensos no Pacífico Norte. Também são ingredientes rejeitados pelos seres humanos e consumidos pelos animais, que confundem esses microplásticos com comida.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, organizem-se em grupos para uma atividade a ser realizada durante uma semana.
    1. Cada grupo será responsável por guardar a maior quantidade de lixo plástico gerada durante esse tempo. Depois, contará quantas embalagens e resíduos foram gerados.
    2. Organizem uma exposição na escola com esse material, ou façam uma composição fotográfica inspirada nas imagens de Mêndi Bárquer, além de produzirem cartazes e informativos sobre o tema.

CRISES AMBIENTAIS ATRAVÉS DE LENTES

A fotografia jornalística, além da missão de informar e ser um recorte da realidade, pode também assumir o compromisso de expressar um sentimento ou levantar um debate acerca de um tema. Muitos fotojornalistas alcançam ampla carga de expressividade em seus registros do cotidiano, transformando imagens em textos que transmitem mensagens e denunciam uma situação.

Fotografia. Destaque do casco de uma tartaruga queimado em meio à vegetação em cinzas e ramos secos.
Fuga e morte de animais pelas queimadas na região do Pantanal. Fotografia de Araquém Alcântara. Rodovia Transpantaneira. Pantanal do Mato Grosso do Sul, 2020.

O fotógrafo brasileiro Araquém Alcântara (1951-) é conhecido por suas fotografias jornalísticas e documentais, que registram a exuberância da natureza brasileira e também diversas crises e crimes ambientais.

Vejo meu trabalho como crônica da beleza e da destruição. Está tão evidente, penso. É um canto apaixonado pelo país, mas mostro os horrores que estão sendo cometidos. reticências Quanto às bases da fotografia, vejo três. No topo está a criatividade. Depois, tecnologia e técnica. É preciso sobrepor a inspiração à informação. Inspiração tem que prevalecer é uma linguagem plástica: é arte.

ALCÂNTARA, Araquém. Araquém Alcântara completa 50 anos de andanças, clicando o Brasil por infinitos ângulos. [Entrevista cedida a] Ricardo Daehn. Correio Braziliense, [sem local], 23 agosto 2020. Disponível em: https://oeds.link/2F7HWU. Acesso em: 26 maio 2022.

Para ampliar

ALCÂNTARA, Araquém. Araquém Alcântara completa 50 anos de andanças, clicando o Brasil por infinitos ângulos. [Entrevista cedida a] Ricardo Daehn. Correio Braziliense, [sem local], 23 agosto 2020. Disponível em: https://oeds.link/2F7HWU. Acesso em: 26 maio 2022. Entrevista com o fotógrafo Araquém Alcântara sobre os 50 anos da sua carreira.

Reconhecido nacional e internacionalmente por seus trabalhos fotográficos, Vítor Moriyama (1986-) também documenta a acelerada exploração e degradação da natureza brasileira, sobretudo da Floresta Amazônica e da América do Sul. Suas fotografias circulam pelos principais jornais do mundo, denunciando problemas ambientais e sociais.

Fotografia. Vista aérea de uma paisagem natural que apresenta região com pouca água reservada, solo e vegetação secos. Ao fundo, algumas árvores com folhagens verdes.
Fotografia de Vítor Moriyama, que retrata avanço criminoso de atividades de mineração de cassiterita e de garimpo de ouro na Floresta Amazônica, em Porto Velho, distrito de Jaci-Paraná. Rondônia, 2021.
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Ícone de atividade em grupo.

7. Entre os diversos problemas ambientais, constantemente vistos nos meios de comunicação, qual deles impacta diretamente a realidade da sua região? Quais medidas seriam necessárias para resolver ou amenizar esse problema?

A fotografia é um recurso que não depende apenas da precisão técnica do profissional, mas demanda um olhar aguçado sobre as questões relativas a composição, luz, ângulo, enquadramento etcétera.

Criando acervo autoral de fotografias

Como proposta de atividade, a turma vai se dividir em grupos e seguir os passos.

Como fazer

  1. Cada grupo vai fotografar problemas ambientais da cidade ou do bairro, podendo ser: a superpopulação, a poluição de rios e do solo, o desmatamento, a produção de lixo e resíduos sólidos etcétera. As fotografias deverão ser compartilhadas pelos grupos.
  2. Cada grupo criará um acervo de fotografias autorais, escolhendo duas a três delas para compartilhar com a turma, bem como uma pequena apresentação do contexto em que a imagem foi feita e os pontos importantes envolvidos no problema.
  3. Caso a fotografia não seja um recurso acessível, produzam ilustrações e textos explicativos acerca do tema.
Crimes ambientais sobre muros

Autodenominando-se um “artivista”, Thiago Mundano (1986-) fez uma releitura de grandes dimensões do famoso quadro do pintor Candido Portinari (1903-1962), O lavrador de café, de 1934. A obra foi realizada no centro da cidade de São Paulo, e Mundano substituiu o agricultor por um brigadista florestal voluntário, como modo de representar aqueles que atuam nos impactos dos incêndios e trabalham pela preservação dos biomas brasileiros.

Fotografia. Número um. Destaque da parede de um prédio que apresenta um grafite retratando um homem uniformizado com camisa grossa, luvas presas à cintura, cabeça protegida com lenço, calça, botas e que segura uma ferramenta com cabo longo. No chão, há um megafone e a ossada de um jacaré. Ao fundo, está uma área desértica.
Pintura. Número dois. Em primeiro plano, destaque para um homem negro de corpo inteiro, com mãos e pés exageradamente grandes, usando camiseta rosa e calça branca. Ele está em pé, com a cabeça inclinada para seu lado direito e segura uma enxada com a mão direita. Em segundo plano, há um tronco de árvore cortado. Em terceiro plano, terra vermelha com plantação de café. À esquerda da imagem, cortando a cena na diagonal, um trem passando entre a plantação e soltando fumaça. Em último plano, um céu em tons claros de azul e branco, contrastando com a pele escura do homem retratado.
(1) O Brigadista da floresta, de Thiago Mundano, 2021. Grafite. (2) O lavrador de café, de Candido Portinari, 1934. Óleo sobre tela. 100 centímetros por 81 centímetros por 2,5 centímetros.

O ativista viajou pelo Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal, de onde coletou cinzas de queimadas florestais usadas como pigmento para realizar a obra e denunciar esses crimes ambientais. Na ocasião, Mundano comentou seu sentimento ao finalizar o trabalho:

reticências estou realizado e arrepiado de ver as cinzas da floresta revivendo a obra de Portinari, denunciando crimes ambientais, homenageando heróis e heroínas invisíveis, protestando contra o desmonte ambiental e semeando informação pra milhões de pessoas no Brasil e no mundo”.

NUNES, Mônica. O artivista mundano conclui releitura de Portinari com cinzas da floresta e emociona brigadista que inspirou a obra. Conexão planeta, [sem local], 19 outubro 2021. Disponível em: https://oeds.link/zo1oDb. Acesso em: 26 maio 2022.

O interesse do artivista pelas causas ambientais não é inédito. No início de 2019, o rompimento de uma barragem em Brumadinho, Minas Gerais, inundou a cidade com toneladas de lama e rejeitos de minério de ferro, matando centenas de pessoas. A tragédia mobilizou Mundano, que, em 2020, usou lama tóxica das áreas afetadas pelo desastre de Brumadinho para fazer o painel de outra releitura, dessa vez da obra Operários, de Tarsila do Amaral (1886-1973).

Fotografia. Destaque da parede de um prédio que apresenta um grafite onde há muitos rostos de pessoas de diferentes gêneros e etnias. Entre eles há um rapaz de capacete de proteção e uma mulher que segura um megafone ao alto. Ao fundo, está uma fábrica que solta fumaça escura. Nas imediações do prédio, há carros e estabelecimentos.
Grafite na cidade de São Paulo, do artista Mundano, em homenagem às vítimas da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. São Paulo, 2020.
Ícone de atividade oral.

8. Sabendo da escolha dos materiais e dos processos de produção e inspiração do artista, que sensações essas obras provocam?

Ícone de atividade em grupo.

9. Partindo dos trabalhos de Thiago Mundano, experimentem criar uma pintura ou colagem que denuncie alguma questão ambiental, utilizando materiais como lixo, carvão, terra etcétera. Pesquisem imagens de outras pinturas dos artistas Candido Portinari e Tarsila do Amaral, criando uma releitura das obras.

INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS ECOCONSCIENTES

O que os rios Tietê, na capital São Paulo, e Iguaçu, em Curitiba, capital do Paraná, têm em comum? Os índices mais baixos de qualidade de água, segundo dados dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É).

Além de tornar a água praticamente imprópria para uso, a poluição também afeta os peixes de determinados rios, como o Pintado, espécie que vivia na região da grande São Paulo banhada pelo rio Tietê. Para advertir a população sobre esse fato e desnaturalizar a paisagem poluída, o artista brasileiro Eduardo isrur (1974-) criou uma intervenção urbana com uma enorme escultura inflável do peixe Pintado.

Fotografia. Plano aberto de área urbana que apresenta um peixe gigante artificial e colorido posicionado sobre uma estrutura na superfície de um rio. À margem, há uma ciclovia onde estão dois ciclistas, e, ao fundo, estão alguns prédios e árvores.
Pintado, de Eduardo isrur. Intervenção artística no rio Tietê, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.
  1. A intervenção de Eduardo isrur teria o mesmo impacto em outro rio? Por quê?
  2. Para vocês, quais são as principais causas da poluição de rios no território brasileiro?

Outra intervenção artística também foi realizada sobre alguns dos rios mais poluídos do Brasil. O projeto Ecopoética criou a intervenção Dilúvio Maranhão: Arte sobre as águas do Rio Grande do Sul, que consistia em dois artistas pendurados em uma rede de pesca cheia de detritos e lixo, performando durante horas. A intervenção foi realizada em rios de diversos estados com altos índices de contaminação, entre eles São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

Fotografia. Plano aberto que apresenta uma rede de pesca repleta de lixo pendurada em uma ponte acima de um rio com dejetos. Acima do lixo e dentro da rede, há um casal. Ao fundo, trecho urbano.
Dilúvio Maranhão: Arte sobre as águas do Rio Grande do Sul, do projeto Ecopoética, 2019. Performance e intervenção urbana em uma cidade do Rio Grande do Sul.
Ícone de atividade oral.
  1. Qual é a crítica contida em Dilúvio Maranhão: Arte sobre as águas do Rio Grande do Sul?
  2. Quais medidas a sociedade e os líderes políticos podem tomar para evitar o agravamento da poluição hídrica?

Ambas as intervenções têm como objetivo acender um alerta para a sociedade. Comparado a outros países, o Brasil tem uma reserva de água doce em quantidade significativamente alta. Apesar disso, a poluição hídrica se agrava, ano após ano, o que pode, inclusive, atingir a população mundial, com rios cada vez mais poluídos e secos pelo desenvolvimento industrial e urbano e as crises climáticas.

Ícone de atividade em grupo.

14. Em dupla, elaborem uma poesia usando as seguintes palavras destacadas:

SOLUÇÃO

ÁGUA

EXTINÇÃO

ARTE

Leiam as poesias para a turma e compartilhem suas impressões.
Somos a natureza

Uma “árvore que anda”, é desse modo que Emerson Uíra (1991-) considera sua transformação artística chamada Uíra Sodôma. Coletando elementos orgânicos, como folhas, galhos, flores, Uíra cria uma personagem que é parte da própria natureza. Sua formação em Biologia, sua ancestralidade indígena e a vida em Manaus, capital do Amazonas, compõem as referências de uma arte que se comunica por meio da fotografia e da performance. O interesse de Uíra parte das relações entre natureza e cidade, ser humano, animal e espiritualidade.

Fotografia. Em tons de vermelho e marrom, há o destaque de um homem sem camisa visto do tronco para cima. Ele está com o corpo coberto de cascas de plantas e a parte do rosto coberto com fibra vegetal. Ao fundo, há um trator e montes de terra.
Série A última floresta, de Emerson Uíra. Ensaio na Serra Pelada, Pará, 2018.
Fotografia. Retrato de uma pessoa  com rosto pintado de verde com linhas azuis e que segura um ramo de folhas próximo ao nariz. Os dedos estão sujos de tintas.
Uíra Sodôma se preparando para uma de suas fotoperformances.

Nas imagens de A última floresta, Uíra se manifesta com a arte de um corpo performático contra a exploração da Amazônia. Esse corpo representa a humanidade, que é parte da natureza, e não externa a ela. “Em cada árvore derrubada, morre um pedaço de nós”, como afirma com as próprias palavras.

reticências Depois de seis anos dentro da ciência, pesquisando a vida, percebo que o bicho e a floresta não são somente objetos de estudo, mas o bicho é meu irmão e a floresta é minha avó. reticências Sempre tive a certeza de que a vida, em suas múltiplas fórmas, é muito sagrada, única e deve ser respeitada.

PONTES, Emerson. Uíra Sodôma: a cobra das águas amazônicas diante da degradação ambiental. [Entrevista cedida a] Nina Raeh. Select, [sem local], 23 fevereiro 2021. Disponível em: https://oeds.link/orGMlQ. Acesso em: 13 junho 2022.

A fala e o posicionamento de Uíra confirmam a necessidade de admirarmos a natureza não só como uma paisagem externa à nossa existência, mas também como parte integrante da humanidade.

Em defesa da natureza, do meio ambiente e da preservação do planeta, diversos artistas têm abordado temas ambientais em suas obras a fim de chamar a atenção e alertar com urgência o grande público para essas questões.

A mensagem central que podemos levar é a de que imagens de destruição e exploração predatória de nossas florestas não podem prevalecer sobre a riqueza e a biodiversidade do planeta.

Fotografia. Vista aérea que apresenta faixas de vegetação banhadas por água.
Vista de drone do Parque Nacional de Anavilhanas, no Rio Negro, em Novo Airão. Amazonas, 2017.
Ícone de atividade em grupo.

15. Como proposta coletiva, reúnam-se em grupos para criarem uma produção artística com o tema “Somos a natureza”. Escolham a expressão artística mais adequada para o que desejam comunicar, seja com a fotografia, pintura, colagem, poesia, música, dança ou performance.

VAMOS FAZER

Produtos conscientes

O aumento populacional e, consequentemente, o consumo exacerbado de produtos resultaram em um dos maiores problemas ambientais das últimas décadas: o descarte de lixo e embalagens poluentes ao meio ambiente, além do gasto de energia de matérias-primas no processo de fabricação.

Essa relação de consumo e descarte havia sido vislumbrada pelo artista éndi uórrrou, que na década de 1960 trouxe para a arte a ideia da produção em série, como os produtos de consumo feitos para atender às demandas da sociedade estadunidense. Surgiram então as Brillo Boxes, caixas de madeira pintadas como se fossem caixas de sabão em pó reais, chamadas pelo artista de esculturas.

Escultura. Três caixas iguais de cores vermelho, branco e azul e que apresentam na embalagem as informações: 24 GIANT SIZE PKGS. NEW! BRILLO. SOAP PADS. SHINES ALUMINUM FAST. À direita, há um caixa isolada. À esquerda, uma sobre  a outra.
Brillo Boxes, de éndi uórrrou, 1964. Esculturas. Serigrafia e tinta sobre madeira. 43,2 centímetros por 43,2 centímetros por 35 centímetros cada uma.

Imaginem como seria se a consciência ambiental fosse um produto que, ao ser consumido, trouxesse como benefício uma transformação ao planeta. Partindo dessa situação imaginária, a proposta é que a turma crie embalagens de produtos fictícios e absurdos que possam engajar as pessoas na causa ambiental.

Material

  • Caixas pequenas de embalagens vazias.
  • Papéis coloridos.
  • Tesoura com pontas arredondadas.
  • Cola.
  • Canetas hidrográficas.

Como fazer

Etapa 1 – Organização de ideias

  1. A turma vai se organizar em trios para planejar um produto revolucionário para o planeta. Imaginem um produto milagroso que contenha como princípio ativo a consciência ambiental. Cada produto pode ter um benefício específico, como fazer com que as pessoas economizem água, reciclem o lixo, evitem o desperdício, façam mutirões para plantar árvores, cobrem os líderes políticos por ações e projetos ambientais etcétera.
  2. Analisem o rótulo de alguns produtos existentes no mercado e como as informações aparecem nas embalagens. Esse modelo deverá ser seguido para a criação do produto. Planejem o logotipo, formulem a composição dos ingredientes, descrevam as informações sobre como preparar, usar ou aplicar o produto etcétera.
  3. Façam rascunhos e esboços de como será o rótulo do produto, a marca, as cores, os ingredientes e componentes descritos etcétera. Os produtos do grupo podem ser cremes, pílulas, alimentos e bebidas etcétera. Se possível, partam de marcas já conhecidas, fazendo uma releitura delas.

Etapa 2 – Execução e produção

  1. Cubram a embalagem vazia com papel colorido, fixando todas as suas laterais. Se a embalagem for uma garrafa, por exemplo, colem apenas uma faixa para o rótulo.
  2. Façam esses detalhes com as canetas hidrográficas. Lembrem-se que um logotipo bem planejado serve para chamar a atenção dos consumidores.
  3. Compartilhem as produções com os colegas, explicando como surgiram as ideias e quais soluções eles prometem.

eu APRENDI

  1. O que o naturalista Carr Friedrich Filip von Martius e o fotógrafo Marc Ferrez têm em comum?
    1. A pintura da degradação do meio ambiente.
    2. O registro das paisagens brasileiras.
    3. O uso da fotografia como denúncia do desmatamento.
    4. A pintura de retratos de grandes ativistas da causa ambiental.
  2. As obras do artista polonês Frans krachbérg têm uma relação direta com a natureza brasileira ao mesmo tempo que denunciam crimes ambientais. Analise as alternativas que melhor descrevem as propostas de krachbérg.
    1. Pinturas sobre o desmatamento com o objetivo de conscientizar o espectador.
    2. Esculturas de madeira com troncos e galhos queimados são apresentadas como um alerta para as causas ambientais.
    3. As esculturas foram queimadas pelo próprio artista para nos lembrarmos das queimadas na Floresta Amazônica.
    4. Além da fórma e da cor, as esculturas afetam os sentidos do espectador, tanto pela textura como pelo cheiro da madeira calcinada.
    1. Somente um está correta.
    2. Somente um e três estão corretas.
    3. Somente dois e quatro estão corretas.
    4. Somente três e quatro estão corretas.
  3. A pop art foi um movimento artístico surgido na década de 1960, nos Estados Unidos, que reproduzia os valores de uma sociedade baseada no consumo.

Com base no que foi estudado, faça uma análise textual que:

  1. explique o que foi esse movimento artístico;
  2. contextualize a época em que o movimento surgiu;
  3. compare o contexto da época com a atualidade, apontando como o consumismo vem afetando a crise do meio ambiente.

4. A Orquestra de Reciclados de Cateura, no Paraguai, é um exemplo de como a arte pode ser transformadora em meio às adversidades e ainda promover a consciência sobre o problema do lixo.

Fotografia. Retrato de uma menina vista da cintura para cima. Ela tem nariz largo, olhos pequenos, lábios grossos e cabelo liso e longo penteado para o lado; a menina sorri e segura um violino feito de material reciclável apoiado no ombro esquerdo. Ao fundo, há quadros e um sofá cinza.
Integrante da Orquestra de Reciclados de Cateura. Paraguai, 2016.
Explique como surgiu esse projeto e como são os instrumentos da orquestra.

5. O plástico é uma das maiores ameaças para os rios e oceanos. Leia o texto a seguir, sobre uma pesquisa que explica como o lixo plástico chega aos oceanos.

reticências Os cientistas descobriram que 80% dos resíduos plásticos são distribuídos por mais de mil rios, e não apenas por 10 ou 20. E também descobriram que a maior parte destes resíduos é transportada por rios pequenos que correm através de áreas urbanas densamente povoadas, não pelos rios maiores.

PARKER, Laura. O plástico chega aos oceanos através de mais de mil rios. Náchional Geográfique, [sem local], 6 maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/GYPWnU. Acesso em: 28 maio 2022.

  1. Quais são os problemas causados pelo plástico ao meio ambiente marinho?
  2. Cite alguns dos artistas estudados nesta unidade que abordam o problema do lixo plástico descartado no meio ambiente.

vamos COMPARTILHAR

Propaganda de consciência ecológica

A luta coletiva pelas causas ambientais é a mudança necessária para que vislumbremos um futuro em que a humanidade esteja engajada no processo de recuperação dos danos causados ao planeta.

Ao abordar essas temáticas, o fechamento desta unidade e deste ciclo intenciona a reflexão crítica pela arte, provocando e questionando nosso papel como cidadãos mais responsáveis, conscientes e integrados com o meio ambiente.

A diversidade de artistas e obras aqui apresentados foi um disparador para que a criatividade estivesse conectada a ações práticas e possíveis para as mudanças que desejamos. Essa discussão segue em curso e não deve parar por aqui. Devemos exercer nossa consciência no cotidiano e mobilizar o nosso entorno.

Para dar início a esta proposta, retomem o produto elaborado na seção Vamos fazer, das páginas 214 e 215. Esse produto, que promete a consciência ambiental, já tem uma marca, um logotipo e as informações nos rótulos. Agora só falta criar uma publicidade para alcançar o público com arte, reflexão e humor!

Como fazer

Etapa 1 – Planejamento e roteiro

  1. O professor vai organizar a turma por afinidades temáticas, de acordo com os produtos já criados, ou manter os trios que já trabalharam juntos na criação do produto anteriormente.
  2. Cada grupo vai pensar em um roteiro, como os de comerciais para TV e internet, promovendo os produtos com um anúncio rápido, bem-humorado e eficaz.
  3. Para isso, criem um roteiro a ser seguido, com o detalhamento das falas e como serão apresentadas as promessas que o produto se compromete a realizar. Planejem se haverá cenário e figurino.

Continua

Continuação

4. Pensem no seguinte exemplo: “Que tal um creme facial que lhe traga mais consciência ambiental? Pois esse produto foi feito para você, que vai ficar com a pele macia, sedosa e saudável quando se conscientizar de que precisamos acabar com a poluição do planeta!”. Não se esqueçam de sempre enfatizar a marca do produto.

Etapa 2 – Preparação

  1. Façam alguns ensaios e, se possível, criem um jingle para o anúncio, que pode ser feito com efeitos sonoros como assobios, estalos de dedos ou o início de uma música ao fundo.
  2. A propaganda será gravada com o auxílio de uma filmadora ou celular. Aprimorem o vídeo se houver recursos para edição.

Etapa 3 – Exibição

Convidem a família e a comunidade para a apreciação dos vídeos, bem como para uma conversa sobre o tema. Se a gravação não for possível, organizem uma dramatização do anúncio.
Ilustração. Tela de televisão que apresenta um menino sorridente de camiseta amarela que segura uma embalagem na qual está escrito: SEJA CONSCIENTE. Abaixo, há a informação LIGUE AGORA (00)12345432X. Do lado direito, está um balão de grito com a exclamação NOVO!

Glossário

ecossistema
: conjunto de comunidades, como plantas, animais, elementos químicos e físicos etcétera., que compartilham um determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente.
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naturalista
: adepto ao movimento artístico e cultural do naturalismo, caracterizado pelo uso da ciência como instrumento de análise e compreensão da sociedade.
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autodidata
: pessoa que busca a própria instrução, sem o auxílio de professores ou uma formação técnica formal.
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onírico
: relativo ao sonho.
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morfológico
: relativo à Morfologia, ciência que se destina a estudar a fórma e a estrutura dos organismos, considerando suas partes internas e externas etcétera.
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calcinado
: queimado, transformado em cinzas.
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monocultura
: cultivo de um único produto agrícola, tendo como desvantagens o desequilíbrio ecológico e a perda da biodiversidade.
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