UNIDADE 1 O público e a arte

As propostas desta unidade do seu livro foram desenvolvidas em quatro etapas, que se completam.

Ilustração. Nove cenas retratando artistas que executam diferentes atividades. Da esquerda para direita e de cima para baixo, na primeira cena, um rapaz pinta com aquarela uma tela sobre um cavalete; na segunda cena, um rapaz toca violão sentado em uma banqueta e, ao lado dele, há  outro rapaz em pé que toca violino; na terceira cena, um casal em pé canta ao microfone; na quarta cena, um homem ajoelhado  fotografa uma jovem à sua frente; na quinta cena, uma mulher manipula um grande vaso de barro; na sexta cena, um rapaz toca piano de cauda; na sétima cena, duas bailarinas realizam um movimento; na oitava cena, um rapaz molda uma escultura retratando uma figura humana; na nona cena, um jovem desenha linhas pretas e retas em num painel em um cavalete.

eu SEI

Como artistas e público se relacionam?

A proposta promove um jogo teatral que busca uma relação interativa entre artistas e espectadores.

Fotografia. Destaque de uma área aberta onde há uma grande escultura de formato curvo com superfície espelhada. No local, transitam algumas pessoas. Ao fundo, há prédios.

eu vou APRENDER

Capítulo 1 – Arte em constante movimento

Relacionar diferentes propostas artísticas ao contexto histórico.

Capítulo 2 – Arte Contemporânea e público

Reconhecer a Arte Contemporânea como proposta de encontro entre obra e público.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê NA UNIDADE

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um), (ê éfe seis nove á érre zero dois), (ê éfe seis nove á érre zero três), (ê éfe seis nove á érre zero cinco), (ê éfe seis nove á érre um um), (ê éfe seis nove á érre um dois), (ê éfe seis nove á érre um três), (ê éfe seis nove á érre um quatro), (ê éfe seis nove á érre um cinco), (ê éfe seis nove á érre um sete), (ê éfe seis nove á érre dois um), (ê éfe seis nove á érre dois quatro), (ê éfe seis nove á érre dois seis), (ê éfe seis nove á érre dois sete), (ê éfe seis nove á érre três um), (ê éfe seis nove á érre três dois), (ê éfe seis nove á érre três três), (ê éfe seis nove á érre três quatro)

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas de Arte: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8 e 9

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Vida Familiar e Social
  • Educação em Direitos Humanos

Objetivos

  • Realizar improvisações que interagem com o público.
  • Analisar obras interativas.
  • Reconhecer o movimento artístico do construtivismo.
  • Analisar o concretismo e a poesia e música concreta, identificando seus elementos principais.
  • Analisar a obra e a importância de Hermeto Paschoal.
  • Reconhecer o Neoconcretismo.
  • Analisar a obra de Lygia Clark e Hélio Oiticica.
  • Construir um bólide.
  • Analisar a obra de bértold Brécht e o papel do público.
  • Analisar historicamente as mudanças no conceito de beleza.
  • Analisar mudanças nas concepções artísticas.
  • Reconhecer diferentes movimentos da arte contemporânea.
  • Produzir instalação de parede de memórias afetivas.
  • Analisar o conceito de instalação artística.
  • Pesquisar sobre obras que utilizam recursos digitais.
  • Refletir sobre a necessidade da acessibilidade para democratização da arte.
  • Analisar as linguagens de performance e happening.
  • Refletir sobre experiência e função do público no teatro de Augusto Boal.
  • Realizar improvisação baseada no Teatro de Augusto Boal.
  • Analisar elementos da dança contemporânea.
  • Analisar propostas artísticas híbridas.
  • Planejar e construir espaço de sala de memórias.
Fotografia. Interior de uma estufa que apresenta mudas plantadas em longos canos avermelhados e colocados na horizontal e em diferentes níveis. Essas mudas aparecem nos cantos e ao fundo.

eu APRENDI

Desenvolver atividades de verificação, sistematização, reflexão e ampliação da aprendizagem.

Ilustração. Destaque de seis jovens de características físicas diferentes que compõem um grupo musical. Eles são vistos de corpo todo e estão em pé. Alguns seguram instrumentos musicais ou microfones; dois deles seguram cartazes.

vamos COMPARTILHAR

Sala de memórias

A turma organizará e desenvolverá propostas que exploram o uso de diversas linguagens e expressões para compartilhar reflexões e sentimentos.

OBJETIVO GERAL

Estabelecer relações entre as diversas linguagens artísticas em que a participação do público é valorizada e identificar como se estreitam os limites entre o artista e o espectador promovendo discussões e práticas no contexto escolar.
Respostas e comentários

Introdução

A unidade apresenta as possíveis relações entre a arte e o público. Para isso, se propõe a trabalhar com os estudantes os aspectos históricos, sociais e políticos das produções artísticas (ê éfe seis nove á érre três três) por meio da análise e da valorização do patrimônio cultural, material e imaterial, de diversas culturas – mas especialmente a brasileira (ê éfe seis nove á érre três quatro).

Por meio de atividades de experimentação e criação de projetos temáticos, os estudantes analisarão e explorarão as diversas práticas artísticas em relação às diferentes dimensões sociais (ê éfe seis nove á érre três um). Nesse caso, as atividades trabalharão não somente a habilidade dos estudantes de pesquisarem e analisarem as fórmasdistintas de arte tradicional ou contemporânea (ê éfe seis nove á érre zero um), mas também das diferentes fórmas de expressão artística (ê éfe seis nove á érre zero cinco), especificamente a análise crítica dos diferentes meios de circulação da música e seu conhecimento (ê éfe seis nove á érre um sete).

Dessa fórma, ao longo da unidade, o estudante também explorará e analisará as diferentes fontes de materiais sonoros, trabalhando a improvisação e a criatividade em práticas de composição e execução musical, além da apreciação de timbres e da identificação dos diferentes instrumentos musicais (ê éfe seis nove á érre dois um).

Por fim, a unidade apresentará ao estudante os diferentes movimentos, artistas e suas propostas, estabelecendo relações com contextos políticos e históricos, mostrando também a arte contemporânea como proposta da relação entre obra e público, por meio de performances, instalações e recursos tecnológicos.

A unidade propõe estabelecer relações entre os conteúdos apresentados e a realidade dos estudantes por meio da análise e da exploração de definições de arte e cultura e suas manifestações.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Leia de maneira compartilhada a estrutura da unidade, explicando cada etapa: Eu sei, Eu vou aprender, Eu aprendi e Vamos compartilhar. Explique que os estudantes percorrerão todo o processo para a construção do conhecimento.

eu SEI

Como artistas e público se relacionam?

Os artistas são criadores de propostas que podem ter como objetivo a expressão de sentimentos, emoções e ideias traduzidas em obras que se manifestam em artes visuais, dança, música e teatro.

O público entra em contato com essas propostas que são compartilhadas e, portanto, só fazem sentido a partir do diálogo que se estabelece entre obra e espectador. Quem assiste não só recebe o que lhe é apresentado, mas é provocado por aquilo que vê, ouve, sente, tornando-se participante dessa dinâmica.

Ilustração. Nove cenas retratando artistas que executam diferentes atividades. Da esquerda para direita e de cima para baixo, na primeira cena, um rapaz pinta com aquarela uma tela sobre um cavalete; na segunda cena, um rapaz toca violão sentado em uma banqueta e, ao lado dele, há  outro rapaz em pé que toca violino; na terceira cena, um casal em pé canta ao microfone; na quarta cena, um homem ajoelhado  fotografa uma jovem à sua frente; na quinta cena, uma mulher manipula um grande vaso de barro; na sexta cena, um rapaz toca piano de cauda; na sétima cena, duas bailarinas realizam um movimento; na oitava cena, um rapaz molda uma escultura retratando uma figura humana; na nona cena, um jovem desenha linhas pretas e retas em num painel em um cavalete.

As obras de arte podem nascer das relações entre os indivíduos e o meio. É um processo que envolve o artista e o espectador.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 3 e 6

Competências específicas de Arte: 1, 8 e 9

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Inicie o capítulo conversando com a turma sobre a interação entre os artistas e o público. Pergunte se já viram alguma peça de teatro e se houve algum momento em que a plateia poderia interagir com os atores. Deixe que a turma responda livremente.

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com os estudantes, descrevendo os elementos visuais presentes na imagem. Nesse caso, converse com a turma sobre como essa interação poderia ser feita em uma peça de teatro, por exemplo.

ARTISTA E ESPECTADOR

A turma realizará uma prática teatral que envolve artista e espectador e consiste na construção de histórias entre os que serão os contadores e os que serão plateia. Sigam as orientações.
  1. Com a orientação do professor, definam os papéis: aqueles que contarão as histórias e aqueles que serão parte do público.
  2. Para iniciar a atividade, organizem a sala de aula selecionando um espaço, preferencialmente em roda, para contadores e espectadores.
  3. O grupo de contadores deverá inicialmente selecionar uma história descrevendo cenário, personagens e enredo. Pode ser um relato pessoal, um conto ou uma história clássica conhecida por todos.
  4. Quando considerar adequado, os contadores deverão fazer perguntas aos espectadores sobre a história ou as personagens. As respostas poderão mudar os rumos do que está sendo contado. Lembrem-se sempre de assumir uma postura respeitosa com os colegas.
  5. Os espectadores também devem interagir respondendo às perguntas de fórma coletiva ou individual, conforme as situações se desenrolarem.
  6. O professor mediará o processo, auxiliando no desenvolvimento da história, fazendo perguntas para artistas e espectadores ou intervindo quando necessário.
  7. Quando julgar conveniente, o professor pode substituir os artistas por um grupo que integra o público durante o desenvolvimento da história.
  8. O jogo termina quando artistas e plateia conseguirem concluir o enredo elaborando um final engraçado, criativo ou inusitado para a história.
  9. Para finalizar, discutam a experiência descrevendo como se sentiram nos papéis durante essa prática.
Ilustração. Vistos de corpo todo, quatro jovens de diferentes características físicas estão em pé e parados lado a lado. Há dois homens e duas mulheres. Eles sorriem e batem palmas.
Respostas e comentários

1. a 9. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após o debate inicial, proponha que pensem em uma fórma de interação entre a plateia e os atores em uma peça de teatro. Para tal, a turma realizará a atividade.

Inicialmente, leia as instruções e as etapas com os estudantes, de modo que todos compreendam como deverão trabalhar. Divida a turma em dois grupos, definindo quem comecará atuando e quem começará assistindo. Em seguida, peça à turma que afaste mesas e cadeiras, além de outros objetos que estejam no caminho, a fim de organizar o espaço.

Oriente os estudantes com relação às outras etapas. Esta proposta busca, na prática, uma investigação sobre como eles podem reconhecer a interação direta entre artista propositor e público. A mediação será sempre requisitada para estimulá-los no desenvolvimento de todo o processo e nos papéis que cada um estabelece na dinâmica artista/público que interage com diálogos que dão rumo às histórias. Enfatize a postura respeitosa da turma, principalmente do público com os estudantes que estarão no papel de artistas. Por se tratar de uma experiência, será importante promover uma discussão sobre o que pode melhorar e aquilo que foi válido.

Para observar e avaliar

Durante a atividade proposta, observe se os estudantes relacionaram as práticas artísticas – nesse caso, a teatral – às diferentes dimensões sociais, entendendo como o público pode se relacionar com a apresentação. Observe se compreenderam a função das práticas teatrais para promover conexão com a plateia e aprofundamento de questões sociais e históricas a serem debatidas. Do contrário, você poderá realizar o atendimento individualizado.

eu vou APRENDER Capítulo 1

Arte em constante movimento

As obras do artista brasileiro Ernesto Neto (1964-) são grandes estruturas de fórmas lúdicasglossário que convidam o público a interagir tocando a obra e até caminhando sob as estruturas de fórmas orgânicas, como se pode observar na fotografia desta página. Essas estruturas têm como base o tecido, o crochê, e são realizadas à mão por meio de um extenso e minucioso trabalho colaborativo na confecção, pois envolve outras pessoas.

Muitas manifestações artísticas permitem aos artistas desenvolver propostas em que o espectador possa ser parte da obra, que já não é mais feita e acabada pelo artista, fechada e imutável, somente para mera contemplação. Isso se dá sobretudo na Arte Contemporâneaglossário , que, por meio da interação e da participação do público, pretende promover novas experiências.

Fotografia. Plano aberto de um local de passagem onde há uma grande estrutura suspensa composta de crochês coloridos firmes formando membros grossos e compridos ligados a um núcleo circular ao centro. Abaixo da obra, há uma pessoa parada.
O bicho SusPenso Na PaisaGen, de Ernesto Neto, 2012.

O artista apresentou uma grande instalação, elaborada à mão a partir de cordas coloridas e tramas de crochê, que permitiu que os visitantes pudessem viver diferentes experiências ao caminhar pela obra.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 3 e 6

Competências específicas de Arte: 1, 2, 8 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Pergunte aos estudantes se já estiveram em alguma exposição de arte com algum tipo de instalação e analise a fotografia pertencente à obra do artista brasileiro Ernesto Neto. Indague se a turma gostaria de visitar uma instalação desse tipo e como se sentem com relação às fórmasorgânicas que se destacam na fotografia.

Leia o texto com a turma de maneira compartilhada, comentando que, nas últimas décadas, o rompimento da fronteira que separa aqueles que produzem arte do público permitiu que o sentido da obra passasse a ser completado mutuamente por espectador e artista propositor.

Observe as fotografias de instalações presentes, conversando com os estudantes sobre os elementos que mais lhes chamam a atenção. Esclareça que os trabalhos desenvolvidos pelo artista Ernesto Neto apresentam algumas possibilidades de interação e participação do público. Uma delas diz respeito à fruição estética, à fórma como o espectador se relaciona com a obra, às experiências advindas desse contato. Explique que a arte contemporânea suscita comentários, reflexões e pensamentos, destrói certezas, constrói novas ideias e ajuda a “desaprender” o óbvio, abrindo espaço para outras possibilidades de ver e compreender o mundo, tornando-nos indivíduos mais críticos.

BNCC NO CAPÍTULO

OBJETOS DE CONHECIMENTO

HABILIDADES

Contextos e práticas

(EF69AR01)

Contextos e práticas

(EF69AR03)

Materialidades

(EF69AR05)

Contextos e práticas

(EF69AR17)

Contextos e práticas

(EF69AR18)

Materialidades

(EF69AR21)

Contextos e práticas

(EF69AR24)

Contextos e práticas

(EF69AR31)

Processos de criação

(EF69AR32)

Matrizes estéticas e culturais

(EF69AR33)

Patrimônio cultural

(EF69AR34)

A criação de uma obra pode vir do desejo do artista de compartilhar coletivamente os processos de criação com o público. É o caso de Vivam os campos livres, obra instalativa do artista espanhol Antonio Ballester Moreno, idealizada para a 33ª Bienal de São Paulo de 2018 e que levava o título Afinidades afetivas. Foram modelados 6000 cogumelos em argila por estudantes de centros educacionais da rede municipal de ensino da capital paulista, que participaram desde a execução até a montagem da obra.

Fotografia. Destaque de pessoas, adultos e crianças, que manipulam argila ao redor de uma extensa bancada em tom terroso. Há algumas peças finalizadas que retratam cogumelos.
Estudantes de escolas paulistanas participam da confecção de obras em argila para instalação do artista Ernesto Neto na cidade de São Paulo. São Paulo, 2018.
Fotografia. Interior de uma ampla sala com pé-direito alto, sustentada por colunas robustas e arredondadas, parede de vidro e que apresenta quadros pendurados. Em destaque, no chão, há um grande círculo composto de cogumelos feitos de argila que conferem aspecto granular à obra.
Vivam os campos livres, obra colaborativa de Antonio Ballester Moreno e estudantes. Instalação para a 33ª Bienal de São Paulo, 2018.
Ícone de atividade oral. Dois balões de fala, um branco e outro rosa.

1. A partir das obras retratadas entre as páginas 14 e 15, expliquem como a participação do público acontece em cada uma.

Ícone de atividade em grupo. Silhueta de três pessoas e dois balões de fala, um branco e outro rosa.

2. Pesquisem em livros ou na internet outras obras e artistas que propõem uma aproximação e interação do espectador com a obra – apenas uma por grupo. Organizem uma apresentação da pesquisa e compartilhem os resultados para a turma.

Para ampliar

BIENAL: Estudantes da rede municipal participam de obra exposta na Bienal de São Paulo. SME Portal Institucional, 12 agosto 2018. Disponível em: https://oeds.link/jncopi. Acesso em: 23junho 2022. Trata-se de um artigo que apresenta a obra produzida pelos estudantes com o artista espanhol Antonio Ballester.

Respostas e comentários

1. e 2. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos e solicite que realizem as atividades. Nesse caso, explique que a obra de Ernesto Neto não é apenas para ser observada e contemplada. É permitido que o público toque e interaja com a obra. Já na obra de Antonio Ballester Moreno, o processo de produção e exibição foi desenvolvido coletivamente e, durante a exposição, as peças em argila já não podiam ser tocadas.

Pergunte aos estudantes como era percebida a relação entre público e obra por eles e se eles já conheciam outras propostas artísticas em que a participação do espectador é solicitada. Evidencie para os estudantes que outra fórma de interação com os trabalhos de Ernesto Neto é aceitar o convite proposto pela estrutura e pelos materiais: caminhar por pontes e labirintos, relaxar em uma piscina de bolinhas, sentir cheiros de especiarias (açafrão, urucum, cominho, pimenta-do-reino moída ou cravo em pó), ouvir sons etcétera. Essas obras pretendem acessar os sentidos e ativar a memória de quem participa delas.

Além disso, mais uma fórma de participação se desenvolve no próprio processo de criação de Ernesto Neto, que pode envolver o trabalho de diversos artesãos e artesãs que, por sua vez, dão corpo às estruturas coloridas de crochê que compõem a obra. Explique aos estudantes que a obra Simples e leve como um sonho... a gravidade não mente... apenas ama o tempo (2006) é um exemplo de instalação em que o artista pendura no teto estruturas orgânicas de malha de poliamida que se assemelham à pele, a órgãos humanos e a gotas, contendo diferentes materiais.

Oriente a turma durante a pesquisa de outras obras e artistas que propõem essa aproximação e interação do espectador. A apresentação poderá ser feita em slidese as referências bibliográficas citadas ao final. Promova um debate entre a turma, após as apresentações, para discutirem os resultados.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam a importância das intervenções para a aproximação do público com a arte e se, durante a leitura, aprimoraram o vocabulário e o repertório relativos às linguagens artísticas.

ARTE NO CONSTRUTIVISMO

Os movimentos artísticos são tendências seguidas por artistas com pensamentos e ideais em comum sobre a arte que produzem. Vamos entender como alguns desses movimentos se modificaram e influenciaram a visão sobre a arte ao longo dos tempos, especialmente aqueles que surgiram a partir da segunda metade do século vinte, até chegarmos à Arte Contemporânea, que busca uma arte mais próxima do espectador.

Cartaz. Na lateral esquerda, dentro de um círculo de contorno branco, há uma foto em preto e branco de uma pessoa que usa bandana e está com a mão ao lado da boca bem aberta. Letras grandes partem dos lábios e compõem um fundo em formato de um megafone. À frente, abaixo e acima da foto também há outras inscrições em letras brancas em fundo azul, preto e vermelho.
Cartaz construtivista para a imprensa de Leningrado, Rússia, de alequissânder rotchênco, 1925. Litografia colorida, 88 centímetros por 63 centímetros.

O Construtivismo foi um movimento artístico surgido na Rússia, por volta de 1914, que valorizou a geometria e o abstracionismo. Ele se conectava diretamente com os ideais modernos representados pelas máquinas, pela engenharia arquitetônica e pela tecnologia da época. Além da visualidade, muitas obras se aproximavam dessas características pelo uso de materiais industriais, como ferro, vidro e plástico. As influências do Construtivismo chegaram à América Latina no período do pós-Segunda Guerra Mundial. No Brasil, podemos identificar a influência do Construtivismo nos movimentos Concreto e Neoconcreto.

Fotografia em preto e branco. Dois homens estão parados próximos de uma plataforma sobre a qual há uma grande estrutura com formato piramidal e parte externa com uma linha espiralar. Acima da disposição, há uma faixa com inscrições.
Modelo para construção do Monumento à Terceira Internacional, de Tatlin, em exibição em Moscou, 1920. Madeira e metal, 4 000 centímetros por 300 centímetros por 80 centímetros.
Escultura. De cor cinza de aspecto firme e curvo nas extremidades e aparência sedosa em seu interior.
Construção linear no 2, de Naum Gabo, 1949. Escultura em plástico e náilon, 40,6 centímetros por 25,5 centímetros por 28 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.

3. Como a ideia de modernidade pode ser identificada nas obras do Construtivismo russo retratadas nesta página?

Ícone de atividade oral.

4. Para vocês, que características são necessárias para algo ser reconhecido como moderno?

Respostas e comentários

3. e 4. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmasdistintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1 e 2

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Apresente a imagem inicial para os estudantes e descreva os principais elementos presentes. Deixe que destaquem o que mais lhes chama a atenção no cartaz e pergunte se conseguem perceber alguns elementos da arte construtivista.

Faça a leitura do texto de maneira compartilhada e comente que a proposta construtivista pode ser reconhecida em várias obras, como o projeto do Monumento à Terceira Internacional, concebido por Vladimir Tatlin (1885-1953). Esse monumento seria construído no centro de Moscou, mas nunca foi erguido. Projetada em ferro e vidro, a gigantesca obra serviria também de antena de transmissão radiofônica.

Observe as imagens seguintes e comente com os estudantes que os irmãos Antoine Pevsner (1884-1962) e Naum Gabo (1890-1977) realizaram pesquisas, estabelecendo diálogo entre arte e ciência, utilizando materiais industriais como o plástico e o vidro. Com a defesa da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (u érre ésse ésse) pela criação de uma arte classificada como realista e socialista, muitos artistas construtivistas foram exilados, disseminando os ideais da vanguarda russa em outros países, como a Alemanha, principalmente na báurraus– importante escola de arte, design e arquitetura do século vinte.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos, de modo que os estudantes realizem as atividades oralmente. Leia os enunciados com a turma e solicite aos estudantes que respondam coletivamente às questões.

Explique que a modernidade pode ser identificada pelo uso de materiais industriais no modelo do Monumento à Terceira Internacional, que possui metal na sua construção; já em Construção linear nº 2, de Naum Gabo, o plástico, o náilon e o vidro. Acompanhe as respostas dos estudantes e destaque que moderno é considerado uma característica de algo novo, do tempo atual, que em muitos casos representa um avanço em relação a algo do passado, muitas vezes associado a algo de cunho tecnológico.

Concretismo no Brasil

A indústria e o progresso eram fortes promessas no Brasil da década de 1950. Naquele contexto, considerava-se que a arte geométrica abstrata estava relacionada à modernidade e às tendências internacionais, como o Construtivismo, e que seria ideal para representar um novo país. Essa visão se relaciona diretamente com o Concretismo, movimento que se iniciou no Brasil em 1952, com a primeira exposição do Grupo Ruptura, em São Paulo, que propôs renovar os valores das artes visuais por meio de pesquisas geométricas e pela proximidade entre arte e produção industrial.

Pintura. Apresenta fundo azul com uma longa parte branca que aparece da lateral esquerda e termina na lateral direita com um círculo grande ao final. Acima dessa forma, há um círculo vermelho à esquerda e outro menor e preto à direita.
fórmas, de Ivan Serpa, 1951. Óleo sobre tela, 97 centímetros por 130,2 centímetros.
Pintura. Composição com fundo branco e oito linhas horizontais com pequenos triângulos pretos. As linhas alternam entre nove e oito triângulos lado a lado sucessivamente. Em diferentes ângulos, os pequenos triângulos compõem triângulos maiores.
Concreção 5629, de Luiz Sacilotto, 1956. Esmalte sintético sobre alumínio, 80 centímetros por 60 centímetros.

5. As obras concretas têm forte apelo abstrato e geométrico, racionalidade e medidas matemáticas. Diante disso, siga as orientações.

Versão adaptada acessível

Atividade 5, item a.

Inspire-se e faça uma colagem com materiais com diferentes texturas valorizando esses critérios.

a. Inspire-se e faça uma colagem com papéis coloridos valorizando esses critérios. Se necessário, utilize régua para medidas mais precisas.

Ícone de atividade em grupo.

b. Com a orientação do professor, organizem um painel para expor os trabalhos.

Respostas e comentários

5. Oriente os estudantes a criar padrões geométricos cujas fórmas assumam um ritmo na organização da colagem.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmasdistintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1 e 4

Tema Contemporâneo Transversal

Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Durante a leitura da página, comente como a criação de museus, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (mân/ésse pê) e o Museu de Arte de São Paulo Assis chatôbrian (maspi), e de galerias de arte impulsionou e legitimou o desenvolvimento e a propagação dessas tendências no Brasil.

Explique que a arte concreta pretendia duas transformações: a incorporação radical de processos matemáticos à produção artística e a integração da arte na sociedade industrial. O Concretismo pretendia intervir diretamente na produção industrial brasileira, de modo que a visualidade alcançada pelas leis matemáticas pudesse ser reproduzida pelos vários segmentos da indústria. As obras concretas eram construídas exclusivamente por fórmas e cores, regidas pelos princípios da Gestalt, e não tinham significação senão elas próprias não apresentavam tema nem se relacionavam aos objetos do mundo, como a pintura de uma paisagem ou um retrato.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após o debate com a turma, oriente-os com relação às etapas da atividade. Leia cada uma com a turma, de modo que compreendam os passos a serem seguidos. Distribua folhas de papel para que os estudantes realizem as colagens.

Oriente-os a criar padrões geométricos, fazendo com que as fórmas assumam um ritmo de organização.

Ao final, proponha que apresentem as obras feitas uns aos outros. Converse com a direção da escola sobre a possibilidade de uma exposição em um espaço específico. Pode ser interessante registrar as obras de modo a serem compartilhadas virtualmente em site, blog ou rede social da turma.

Para observar e avaliar

Durante a atividade, observe a fórma como os estudantes analisam e exploram as relações entre as obras apresentadas e o público. É interessante avaliar se a turma entendeu os conceitos envolvidos na arte construtivista e como esteve presente nas obras brasileiras. Caso algum estudante não tenha alcançado os objetivos, proponha que realize uma breve pesquisa sobre os principais artistas do Concretismo brasileiro, fazendo uma apresentação de slides sobre o tema para o restante da turma.

Poesia concreta

O que acontece quando a poesia encontra as artes visuais, o designglossário e a música? A poesia concreta é resultado do encontro de linguagens. Consequência das influências do Concretismo no Brasil, o poema concreto tem como característica principal a exploração dos aspectos gráficos da palavra, buscando estabelecer relações entre a palavra e o texto, a sonoridade e a imagem. Por esse motivo, eles são chamados de poemas-objetos. Veja exemplo de como as palavras ganham maior visualidade na poesia concreta.

Poema concreto. Com letras nas cores azul, vermelho e amarelo, há uma composição que forma um losango a partir da junção de pequenas frases em cada linha: ABRE; AMAZUL; VERMRELO; FECHA ENTRE; AZUL VERMELHO; ENTREVE TREABRE; AZUL FECHVERMELHO; REENTRE AZUL AMARELO; VERMELHO FECH AZUL; ENTREABRE FECHA; VERMEL REABRE; ENTRE FECHA; AMARELHO AZULRE; ABRE.
Poemóbiles, livro com poemas-objetos tridimensionais que se movimentam sendo manipulados. Augusto de Campos e Julio Plaza, 1969.

Os poetas concretos buscavam novas fórmas de expressão verbal, em um diálogo com a pintura, a escultura e a música. Priorizando os aspectos visuais e sonoros, o poema concreto desconstrói a fórma tradicional do verso, decompõe e inverte as palavras, apropria-se de neologismosglossário e termos estrangeiros, repete palavras e frases, preocupa-se com a visualidade da letra impressa e propõe múltiplas possibilidades de leituras.

O grupo Noigandres, de São Paulo, formado originalmente pelos poetas Haroldo de Campos (1929-2003), Augusto de Campos (1931-) e Décio Pignatari (1927-2012), destacou-se com suas publicações de poesia concreta a partir da década de 1950. Em 1956, a poesia concreta consolidou-se como uma nova vertente da literatura brasileira com a Exposição Nacional de Arte Concreta, ocorrida em São Paulo. É possível reconhecer influências da poesia concreta na obra de Paulo Leminski (1944-1989) e Ronaldo Azeredo (1937-2006). Veja a seguir.

Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 2 e 3

Competências específicas de Arte: 4, 7 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Leia o texto presente na página com a turma de maneira compartilhada, bem como a descrição da palavra grifada no texto. Faça algumas perguntas norteadoras com relação à poesia concreta, questionando os estudantes se já ouviram alguma ou se apenas se interessam por poesia, de maneira geral.

Apresente os poetas Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de Campos. Comente que, em 1953, o escritor Augusto de Campos publicou a série Poetamenos, um conjunto de seis poemas coloridos elaborados com base na audição e no estudo da música do compositor austríaco Enton Veban (1883-1945). O poeta transpôs a experiência musical para o campo poético, unindo e decompondo palavras. Esse é considerado o primeiro conjunto de poemas propriamente concretos.

 Para ampliar 

AGUILAR, Gonzalo. Poesia concreta brasileira: as vanguardas na encruzilhada modernista. São Paulo: Edusp, 2005.

Essa obra contempla o movimento da poesia concreta no Brasil, especialmente seus principais expoentes e obras, analisando, inclusive, a produção poética de Décio Pignatari e Augusto e Haroldo de Campos.

Poema concreto. Composição quadrada que apresenta dez linhas horizontais e dez linhas verticais. Na primeira linha apresenta dez letras V. Na segunda, apresenta nove letras V e a última é a letra E. Na terceira, apresenta oito letras V seguidas por E e L. Na quarta, apresenta sete letras V seguidas de E, L e O. Na quinta, apresenta seis letras V seguidas de E, L, O e C. Na sexta, apresenta cinco letras V seguidas de E, L, O, C e I. Na sétima, apresenta quatro letras V seguidas de E, L, O C, I e D. Na oitava linha, apresenta três letras V seguidas de E, L, O, C, I, D e A. Na nona, apresenta duas letras VV seguidas por E, L, O, C, I, D, A e D. Na décima e última linha, está composta a palavra VELOCIDADE.
Velocidade, de Ronaldo Azeredo, 1958.
Poema concreto. Composição de letras cinzas espessas e soltas que formam um poema que: ATÉ ELA. DE PÉ. EM PÉTALA. DE PÉTALA. EM PÉTALA. ATÉ. DESPETALÁ-LA. A cada verso as letras finais ficam gradativamente mais espaçadas e desniveladas.
Sem título, de Paulo Leminski, 1983.
Ícone de atividade oral.

6. Observem as obras retratadas na página 18 e nesta e expliquem por que podem ser consideradas poemas concretos.

Ícone de atividade em grupo.
  1. Agora é a vez de vocês criarem uma poesia concreta explorando a visualidade (cores, fonte e disposição das letras no papel). Sigam os passos.
    1. Cada um será responsável pela criação de uma poesia concreta. Elas farão parte de um livro. Façam testes e rascunhos em folhas avulsas, explorando o potencial visual dos textos.
    2. Dobrem de três a quatro folhas sulfite ao meio e encaixem uma dentro da outra, formando um livro. Fixem as páginas com o auxílio de um grampeador na lombada. Elaborem um título que deverá estar na capa.
    3. Cada integrante do grupo terá uma dupla de páginas para incluir sua poesia concreta usando a criatividade. Lembrem-se de que o mais importante é utilizar o espaço das páginas para mostrar sua poesia.
    4. Ao final, compartilhem os livros com as turmas para apreciação de todos.
Respostas e comentários

6. e 7. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Analise com a turma as poesias concretas presentes nas páginas 18 e 19. Pergunte se já conheciam algum tipo de poesia concreta.

Peça para que respondam às questões de maneira coletiva, por meio de debate. Na primeira questão, explique que Poemóbiles são poemas impressos em páginas com recortes e dobras que permitem a tridimensionalidade no papel. Já os poetas Ronaldo Azeredo e Paulo Leminski utilizam recursos como repetição ou desconstrução de palavras, compondo uma fórma visual com elas.

Leia com os estudantes os passos presentes na segunda atividade, orientando-os com relação à poesia concreta que deverão criar. Apresente outras referências para que a turma adote como inspiração. A escolha do formato em livro serve para que explorem a dinâmica de descobrir uma poesia nova a cada virada de página. Se possível, disponha de um papel de maior gramatura para a capa

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes se conectaram com a poesia concreta, compreendendo ser uma prática artístico-visual diferente, de modo a ampliar a percepção, o imaginário e a capacidade de simbolismo. Com base na atividade presente, avalie a habilidade do estudante de pesquisa, apreciação e análise das distintas fórmas de artes visuais. Caso algum estudante não atinja os objetivos esperados, proponha que realize uma breve pesquisa sobre as obras de um dos três autores citados no texto.

Música concreta

Sons cotidianos e produzidos por diferentes objetos, emitidos por fontes sonoras diversas, como utensílios domésticos, serras elétricas, apitos de trem, cantos de passarinho, entre outros, são incorporados à técnica experimental de composição chamada de Música Concreta, que é considerada precursora de métodos e técnicas que hoje são parte do processo de composição da música pop, do rock progressivo e da música eletrônica.

Na década de 1940, o compositor francês piérr anrrí (1927-2017) uniu-se ao também compositor e teórico da música francês Piérrchéfer (1910-1995), que vinha experimentando sonoridades reproduzidas por meio de fitas magnéticas, aparelhos elétricos e equipamentos de áudio. Em 1951, chéfer batizou essa nova abordagem criativa de Música Concreta.

Fotografia em preto e branco. Um homem de nariz fino comprido, lábios finos, cabelos curtos, pretos e ondulados está vestindo camisa xadrez e óculos de grau preto. Ele está sentado manipulando um conjunto de aparelhos eletrônicos com muitos botões.
Compositor piérr anrrí trabalhando na gravação de sons em estúdio. França, 1950.

O gênero desenvolvido por Enri e chéfer foi possível graças à fita magnética, invenção alemã do final da década de 1920, armazenada em grandes rolos. A fita magnética propiciava grande versatilidade, pois as gravações de sons de instrumentos, do ambiente ou de qualquer outra fonte sonora podiam ser utilizadas de diversas maneiras, como editar e remover trechos de lugar. Também era possível uma reprodução mais rápida ou mais lenta, ou tocar um trecho da fita ao contrário, criando diferentes efeitos. A matéria-prima da Música Concreta eram as gravações em áudio.

Ícone de atividade oral.

8. Os sons e os ruídos ao nosso redor podem ser material para a criação musical. Traga como referência uma música em que foram incorporados sons cotidianos como os citados no texto. Compartilhe com a turma para que os colegas possam identificar esses sons.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Música concreta: do ralador de coco aos sons da natureza

Locutor: Música concreta: do ralador de coco aos sons da natureza.

Na infância, a maioria de nós explorou o músico que há dentro de cada um. Batíamos com tampas ou com colher de pau na panela, criávamos chocalhos de arroz, assoprávamos pedaços de sacos plásticos.

Pois bem, se juntarmos todos esses elementos e conseguirmos compor um som que cause algum estranhamento, estaremos fazendo um experimento parecido com música concreta. O termo foi criado em 1948 pelo engenheiro e pesquisador francês Pierre Schaeffer.

A origem da música concreta vem da Revolução Industrial, quando o aparecimento de novas máquinas, dos motores, das buzinas que tomavam as cidades grandes, produziram uma gama de novos ruídos e sons. Um novo cenário auditivo passou a fazer parte da vida das pessoas, e graças às técnicas de captação, manipulação e reprodução eletrônicas, Schaeffer pôde criar um novo estilo musical. Vamos ouvir um trecho de uma obra de Pierre Schaeffer.

Música

Locutor: E então? O que achou? A essa altura, você já percebeu que a música concreta deu origem à música eletrônica, modalidade que pode ser tocada sem a presença de instrumentos ou músicos. Como é uma expressão artística, não precisa ser harmoniosa e melódica nem evocar sentimentos românticos, de alegria ou tristeza. Obras de arte também podem despertar em nós confusão, estranhamento, impaciência e até dor. Grandes grupos foram influenciados pela música concreta, entre eles Pink Floyd, The Beatles e Genesis. Músicos de jazz também fazem parte dessa lista. No Brasil, a primeira obra concreta foi criada por Jorge Antunes, em 1961. Depois, outro compositor, Rodolfo Cesar, aprimorou o estilo. O músico brasileiro contemporâneo que mais sofreu a influência da música concreta é Hermeto Pascoal, o versátil e respeitado pesquisador de novos timbres, que também toca diversos instrumentos musicais. Com seu estilo único, o alagoano de barba e longos cabelos brancos traz nas suas criações instrumentos não convencionais, como canos, chaleiras, raladores de alimentos e até ruídos e gritos que ele produz com a própria voz e sons de animais. Faz uso também do samples, gravações que podem ser modificadas eletronicamente. Ouça este trecho de uma música de Hermeto.

Sons de panela e balde com água, sons de gansos e galinhas, flauta, baixo e piano

Locutor: Interessante, não? Os sons que você ouviu foram feitos com panela e balde com água, além de sons de gansos e galinhas, e de flauta, baixo e piano. Como a música concreta e as experimentações desse nosso grande músico não dependem de registro em partituras, ouça nossa reprodução do que disse Hermeto Pascoal, que consta do livro O Menino Sinhô: Vida e Música de Hermeto Pascoal para crianças, escrito por Edmiriam Mólodo Villaça:

Narrador: “Música não é para ver. Música é para sentir. Se eu deixar de tocar só porque não consigo ler as notas no papel, eu tô é frito!”

Vinheta musical

Locutor: Agora é sua vez. Que tal criar poesia concreta com objetos do cotidiano ou da natureza? Quem sabe não nasce uma poesia concreta?

Locutor: Créditos. Neste Podcast ouvimos pequenos trechos da música Baroque (Second Interlude), de Pierre Schaeffer, e da música “Para Miles Davis”, de Hermeto Pascoal. O trecho sobre Hermeto Pascoal citado é do livro O Menino Sinhô: Vida e Música de Hermeto Pascoal para crianças, escrito por Edmiriam Mólodo Villaça e publicado em 2007 pela editora Ática.

Respostas e comentários

8. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre dois um) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 3

Competências específicas de Arte: 1 e 4

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Retome o que foi estudado sobre a poesia concreta e pergunte à turma se outros campos da arte também poderiam ter sido afetados por esse tipo de manifestação artística. Depois que eles responderem, comente que a música concreta é considerada precursora de métodos que compõem o pop, o rock progressivo e até a música eletrônica. Pergunte se eles conhecem alguma música desses gêneros em que sons cotidianos foram incorporados na produção.

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com os estudantes e, durante esse momento, comente que piér chéfer e piérr anrrí começaram a trabalhar juntos em composições e, em 1949, criaram a “Symphoniepourunhommeseul” (tradução do francês: “Sinfonia para um homem só”) por meio da montagem de sons aleatórios.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Antes de ler o enunciado, divida a turma em trios ou duplas e peça-lhes que realizem a atividade. Os estudantes poderão pesquisar sobre a música “Bad Guy”, utilizada como exemplo, mas deverão trazer mais músicas para compartilharem em sala de aula. As músicas poderão ter ruídos, sons da natureza, de animais ou qualquer sonoridade que não seja de instrumentos musicais convencionais.

Combine com os estudantes a melhor fórma de compartilhar essas músicas. Se possível, acesse plataformas de compartilhamento de vídeo e áudio para executar a música na sala de aula.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Proponha que os estudantes ouçam a música Bad Guy, da cantora estadunidense . Em seguida, peça-lhes que ouçam a música Serearei, de Hermeto Pascoal. Comente que as duas músicas utilizam sons cotidianos, como os citados no texto.

VAMOS CONHECER MAIS

A música experimental de Hermeto Pascoal

No Brasil, um dos artistas mais influenciados pela Música Concreta é Hermeto Pascoal (1936-), compositor e multi-instrumentista alagoano. O músico é conhecido por suas experimentações sonoras que transformam objetos inusitados em instrumentos musicais: raladores, chaleiras, máquinas de costura, entre tantos outros objetos impensáveis para criar música. Outro recurso utilizado é o sample, que consiste em gravações que podem ser modificadas e remontadas eletronicamente. Além desses artefatos e engenhosidades, Hermeto também toca diversos instrumentos convencionais.

Fotografia. Vista lateral e do cotovelo para cima de um homem de cabelo grisalho liso e longo preso em rabo de cavalo. Ele usa óculos de grau, veste camisa florida, chapéu preto com detalhes em laranja e assopra o bico de uma chaleira diante do microfone.
Hermeto Pascoal utilizando uma chaleira como fonte sonora em show na cidade de São Paulo. São Paulo, 2022.
Fotografia. Vista frontal e da cintura para cima de um homem grisalho, de camisa florida, óculos de grau e barba volumosa. Ele está segurando um chapéu e diante de uma mesa com diversos objetos e instrumentos.
Mesa com objetos e instrumentos usados por Hermeto Pascoal em show na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.

Ao extrairmos sons por meio de gestos cotidianos, podemos desenvolver uma musicalidade. Isso acontece com gestos simples, como ao ouvirmos o ritmo de uma canção e acompanhá-la batendo os pés no chão etcétera.

Ícone de atividade em grupo.
Com inspiração no músico Hermeto Pascoal, a proposta é que experimentemos maneiras mais desafiadoras de extrair sons dos objetos.
  1. Cada grupo levará para a aula um objeto inusitado do qual seja possível extrair algum som.
  2. Reservem um momento para explorar a potência musical desses objetos com improvisações. Experimentem bater, friccionar ou soprar.
  3. Em roda, organizem-se e apresentem os resultados obtidos.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre um sete) Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical.

(ê éfe seis nove á érre um oito) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de fórmase gêneros musicais.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 2 e 4

Competências específicas de Arte: 3 e 4

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Relembre com a turma a música “Serearei”, que ouviram em atividade anterior, e pergunte se já ouviram falar sobre Hermeto Pascoal. Comente que o artista tem mais de 35 álbuns lançados ao longo da carreira e que já se apresentou em território nacional e internacional, sendo reconhecido mundialmente pela sua contribuição à música.

Em seguida, faça a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma, analisando os elementos presentes na imagem.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Pergunte aos estudantes o que acharam da música de Hermeto Pascoal e se gostariam de tentar fazer algo semelhante. Nesse caso, divida a turma em grupos e proponha que realizem a atividade.

Leia as etapas a serem seguidas e incentive a busca por objetos de diferentes materialidades, como metal (talheres e ferramentas), madeira (tábuas de carne, colheres de pau), plástico (brinquedos, canudos e copos) etcétera.

Como sugestão, a turma poderá acompanhar o ritmo de uma música ao “tocar” os objetos-instrumentos. Para isso, disponibilize algum tocador de música. A sugestão é que ela esteja com um volume mais baixo para deixar mais evidente os sons criados pelos grupos.

Amplie a conversa para que os estudantes possam explicar quais ações realizaram para encontrar sons curiosos de suas fontes sonoras. Pode ser interessante propor que apresentem seus materiais na internet, em site, blog ou rede social da turma. Converse com a direção da escola sobre a possibilidade de os estudantes mostrarem seus resultados em um dia específico para apresentação musical.

Para observar e avaliar

Com base na atividade, avalie a capacidade dos estudantes de explorar e analisar criticamente os diferentes meios de produção musical, conectando-se com as técnicas concretistas utilizadas por Hermeto Pascoal, por exemplo. Nesse caso, observe também se a turma compreendeu o que significam as técnicas mencionadas. Caso algum estudante não tenha alcançado os objetivos, proponha que realize uma pequena busca sobre as técnicas concretistas para aprofundar seus conhecimentos. Os resultados poderão ser apresentados para o restante da turma.

INOVAÇÕES DO NEOCONCRETISMO

Novos rumos são tomados desde o impacto do Concretismo para os artistas cariocas e paulistas. Em março de 1959, os artistas do Grupo Frente, do Rio de Janeiro, romperam com o Concretismo ao publicar o Manifesto Neoconcreto e realizar a 1ª Exposição de Arte Neoconcreta no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (mân/érre jóta).

Nesse Manifesto, os artistas defenderam maior liberdade por meio de uma renovação das propostas do Construtivismo, negando o racionalismo extremo e valorizando a participação efetiva do espectador, que, ao manipular e interagir com as proposições artísticas, tornava-se parte da obra.

Pintura. Uma barra retangular verticalizada com a parte superior pintada de azul e a parte inferior pintada de branco com uma pequena barra horizontal em cor azul na extremidade inferior.
Objeto Ativo (2ª versão), de Uílis de Castro, 1960. Óleo sobre tela colada sobre madeira, 11,3 centímetros por 69,8 cm por 2,2 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 2 e 3

Competências específicas de Arte: 3 e 4

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Converse com a turma sobre o que foi discutido anteriormente sobre as características do Concretismo na arte. Pergunte o que se lembram do movimento e comente que, segundo Ronaldo Brito, o Concretismo repetiu, até certo ponto, o que foi feito em outros movimentos culturais e artísticos no Brasil: tomou o cuidado de, ao importar o modelo estético, apenas adaptá-lo às circunstâncias locais, sem um questionamento propriamente crítico. Dessa fórma, no final dos anos 1950, o projeto construtivo entrou em crise.

Em seguida, inicie a leitura do texto de maneira compartilhada com os estudantes. Cite os artistas que assinaram o manifesto: Ferreira Gullar (1930-2016), Amílcar de Castro (1920-2002), Franz váismam(1911-2005), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004), entre outros.

Texto complementar

reticências os concretos-racionalistas ainda veem o homem como uma máquina entre máquinas e procuram limitar a arte à expressão dessa realidade teórica. reticências o artista concreto racionalista, com seus quadros, apenas solicita de si e do espectador uma reação de estímulo e reflexo: fala ao olho como instrumento e não ao olho como um modo humano de ter o mundo e se dar a ele; fala ao olho-máquina e não ao olho-corpo. reticências.

A arte neoconcreta funda um novo “espaço” expressivo. reticências É assim que, na pintura como na poesia, na prosa como na escultura, e na gravura, a arte neoconcreta reafirma a independência da criação artística em face do conhecimento objetivo (ciência) e do conhecimento prático (moral, política, indústria, etcétera.).”

GULLAR, Ferreira. Manifesto Neoconcreto. In: BRITO, Ronaldo. Neoconcretismo: vértice e ruptura do projeto construtivo brasileiro. São Paulo: Cosac & naíf, 1999. página 55.

Como pode ser observado nas obras retratadas na página 22 e nesta, ainda com forte geometrização e abstração, artistas como Aluísio Carvão (1920-2001), Hélio Oiticica (1937-1980) e Hércules Barsotti (1914-2010) exploravam a intensidade das cores. O destaque na escultura são Amílcar de Castro, Franz váismam e Uílis de Castro (1926-1988).

Pintura. Losango que apresenta subdivisões em linhas coloridas e espelhadas horizontalmente. Ao centro, as cores são rosa e amarelo-claro que escurecem e chegam à borda em cor lilás e amarelo-escuro.
Conexões cruzadas um, de Hércules Barsotti, 1973. Acrílico-vinílica sobre tela, 74,6 centímetros por 100,3 centímetros.
Pintura. Uma barra retangular verticalizada pintada de verde com a lateral branca.
Objeto Ativo (fino, verde e branco), de Uílis de Castro, 1961. Óleo sobre tela colada sobre madeira, 68,8 centímetros por 2,2 centímetros por 11,3 centímetros.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em dupla.
  1. Franz váismam, Lygia Pape, Amílcar de Castro e Uílis de Castro trouxeram importantes contribuições para o Neoconcretismo. Para conhecer mais o trabalho deles:
    1. pesquisem em livros ou na internet e escolham a obra de um deles para inspirar a criação de uma pequena escultura com bases neoconcretas;
    2. foquem na geometria e no uso de cores quentes e intensas. Utilizem papel-cartão ou papelão para criar propostas tridimensionais com dobras e recortes;
    3. Sob a orientação do professor, exponham os trabalhos e conversem sobre as produções. Não se esqueçam de criar legendas para as obras produzidas.
Respostas e comentários

1. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto, divida a turma em duplas e solicite que realizem as atividades. Nesse caso, os estudantes deverão pesquisar sobre o trabalho dos artistas citados. Oriente-os com relação à pesquisa, solicitando que busquem fontes confiáveis e que apresentem essas bibliografias ao final da apresentação.

Leia os passos com os estudantes, de modo que todos tenham compreendido o que deverão fazer na atividade. A exposição poderá ser feita em um espaço da escola. Converse com a direção sobre a possibilidade de convidarem outros membros da comunidade local. Pode ser interessante também registrar as atividades em fotografias ou vídeo, e compartilhar o material em site, blog ou rede social da turma.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes entenderam o que significa o Neoconcretismo e como se separa do Concretismo, além dos passos históricos para a criação desse movimento. Durante a atividade, avalie a habilidade de pesquisa e análise crítica dos estudantes em relação às fórmas distintas das artes visuais. Caso algum estudante não alcance os objetivos, proponha à turma que se divida novamente em duplas, de modo que os estudantes se auxiliem no processo de aprendizagem.

A participação na obra de Lygia Clark

Entre as várias limitações do público que visita um espaço expositivo, o alerta para não tocar nas obras expostas é uma das advertências mais frequentes. Essa relação de distanciamento entre obra e espectador inquietava a artista mineira Lygia Clark, que criou proposições que convidam o espectador a ser participante, possibilitando experiências sensoriais.

Caminhando, proposição criada em 1964, é a ação de cortar uma fita de Moebius (Möbius, no original), uma estrutura tridimensional obtida pela colagem das duas extremidades de uma fita de papel torcida. De acordo com a artista, Caminhando oferece ao participante a capacidade de, pela experimentação, recuperar o lúdico e a presença com uma simples ação. Após o participante cortar a fita, ela é descartada. Caminhando é um marco na trajetória da artista, pois corresponde à passagem do objeto permanente, como no caso dos Bichos, que veremos na sequência, para uma arte efêmeraglossário .

Fotografia em preto e branco. Uma mulher vista do tronco até os joelhos está sentada  com as pernas cruzadas e usando vestido largo. Ela recorta uma fita grossa branca.
Lygia Clark manipula sua obra Caminhando, em 1964.
Fotografia. Destaque das mãos de uma pessoa que recorta o centro de uma fita grossa de papel.
Exemplo de córte em uma fita de Moebius feita com papel.
Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

2. Em Caminhando, Lygia Clark realiza uma ação com a fita de Moebius e, em seguida, a descarta. Se a fita, única materialidade presente na obra, é descartada, o que pode ser considerado mais importante em Caminhando?

Respostas e comentários

2. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1, 2 e 3

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Convide os estudantes a conhecerem ainda mais os trabalhos do Neoconcretismo e pergunte o que acharam das obras de artistas pesquisados anteriormente. Em seguida, promova a leitura do texto de maneira compartilhada.

Analise as fotografias e pergunte o que mais lhes chama a atenção nas imagens. Deixe que a turma responda e comente que esse é o mais conhecido dos trabalhos de topologia realizados pelo matemático alemão August Ferdinand Möbius, desenvolvido em 1858, que diz respeito à flexibilidade do material e à passagem do plano bidimensional para o tridimensional. A escolha de Lygia Clark pela fita de Moebius não é aleatória – cortá-la é percorrer um espaço contínuo em frente e verso. De acordo com a artista, Caminhando oferece ao participante a capacidade de, pela experimentação, recuperar o lúdico e o prazer do ato.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Proponha aos estudantes que realizem as atividades. Espera-se que eles considerem a ação e participação do público como o ato mais importante da proposição em Caminhando. A arte efêmera é um acontecimento, sendo possível apenas registros daquilo que existiu em determinado tempo.

As obras de Lygia Clark foram idealizadas para serem tocadas e manipuladas. Sem essa interação do público, a obra perderia seu sentido original, estando distante dessa ação contínua e sendo um mero objeto que perderia suas funções quando apenas observado.

Lygia Clark e as experiências sensoriais

Lygia propõe que o corpo seja ativado por uma arte que possa promover experiências sensoriais que ativem a memória e estimulem sensações e conexões, visando à descoberta de novas percepções que vão além apenas do visual.

Entre 1976 e 1981, ela se dedicou à prática terapêutica por meio dos Objetos relacionais, com materiais que exercem uma ação terapêutica no participante, como pedras; conchas; sacos plásticos com sementes, ar ou água; meias-calças com esferas etcétera. O participante se relaciona com os objetos ativando sentidos táteis e olfativos por meio de textura, peso, sonoridade, movimento, tamanho ou temperatura de cada um.

Fotografia em preto e branco. Destaque do rosto de um homem de nariz largo, lábios grossos e barba rala. Ele está deitado e de perfil com os olhos cobertos por um pano claro e uma grande concha ao lado da orelha.
Estruturação do Self com os Objetos relacionais, que consistia na experiência sensorial com objetos comuns, de Lygia Clark, 1976.

Interessada na participação do espectador na criação artística, Lygia reuniu experimentos sensoriais que acessam memórias afetivas e provocam reações de diversas ordens no espectador.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

3. Expliquem por que podemos afirmar que as proposições de Lygia Clark não existem sem a participação do público.

Para ampliar

LYGIA Clark. Disponível em: https://oeds.link/NiDN3h. Acesso em: 23 junho 2022. Portal sobre a vida e a obra de Lygia Clark, o qual reúne imagens e documentos da produção artística e terapêutica da artista.

Respostas e comentários

3. As obras de Lygia Clark foram idealizadas para serem tocadas e manipuladas. Sem essa interação do público, a obra perderia seu sentido original, sendo um mero objeto sem função.

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Você também pode fazer com os estudantes a proposição Caminhando. Para isso, oriente-os a construir uma fita de Moebius a partir de uma faixa de papel sulfite de cêrca de 30 centímetros por 5 centímetros. Dê meia volta em uma das pontas e cole-a à outra extremidade, com cola ou fita adesiva. Com auxílio de uma tesoura de pontas arredondadas, córte a fita de Moebius livremente. Depois, proponha que conversem sobre:

  • a passagem do plano bidimensional para o tridimensional, no processo de construção da fita de Moebius;
  • a experiência de cortar a fita de Moebius.

Organize uma roda de conversa e pergunte-lhes em que momento, ao confeccionarem a fita, perceberam que o papel passou do plano bidimensional para o tridimensional. Peça que compartilhem a experiência de cortar uma superfície não usualmente explorada por eles e quais foram as dificuldades e as ideias que surgiram.

Para observar e avaliar

Durante as atividades, verifique a fórma como os estudantes experimentam e analisam as diferentes expressões artísticas e seus principais elementos. É interessante observar se eles compreendem a importância da obra Möbius para a criação de Caminhando, de Lygia Clark, e a fórmacomo se relacionam com os elementos do Neoconcretismo já aprendidos anteriormente. Caso algum estudante não alcance os objetivos, é interessante propor que realize uma breve pesquisa sobre Möbius e como se relaciona com a obra de Lygia Clark. Peça ao estudante que apresente os resultados em uma breve apresentação para a turma. Pode ser interessante disponibilizar textos e imagens das pesquisas em site, blog ou rede social da turma.

Bichos

Em 1959, Lygia Clark criou a série Bichos, objetos escultóricos que, manipulados pelo espectador, resultavam em novos formatos. Constituídos por dobradiças e por chapas de metal maleáveis com diferentes córtes, Bichos revolucionou alguns conceitos sobre arte, pois, pela primeira vez, o público podia manipular e alterar a obra, até então mantida intocada em museus e galerias. Desse modo, espectador e obra desenvolvem uma relação mútua: um não existe sem o outro. Sobre essa série, Lygia escreveu em 1960:

“Bichos” É esse o nome que dei às minhas obras desse período, pois seu caráter é fundamentalmente orgânico. Além disso, a dobradiça que une os planos me faz pensar em uma espinha dorsal. A disposição das placas de metal determina as posições do “Bicho”, que à primeira vista parecem ilimitadas. Quando me perguntam quantos movimentos o “Bicho” pode fazer, respondo: “Eu não sei, você não sabe, mas ele sabe...”

reticências

CLARK, Lygia. Os Bichos. Portal Lygia Clark, 2021. Disponível em: https://oeds.link/MKIAET. Acesso em: 12 maio 2022.

Escultura. Metálica, que apresenta forma circular e fina com partes compostas de chapas dobradas para baixo, criando uma base de sustentação.
Bicho, de Lygia Clark, 1960. Alumínio, 35,5 centímetros por 57 centímetros por 60 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

4. Expliquem por que Bichos é uma escultura que pode ser alterada e remontada.

Respostas e comentários

4. Em Bichos, Lygia cria placas de metal com dobradiças. Cada vez que a escultura é manipulada e dobrada, ela assume uma nova fórma. Assim que outra pessoa se propõe à mesma ação, a obra ganha outro formato e aparência.

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1, 2 e 3

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Prossiga com a leitura e a exploração das obras e do trabalho de Lygia Clark e convide a turma a ler o texto de maneira compartilhada, conhecendo mais sobre a artista. Nesse caso, pode ser interessante convidar algum estudante para ler o trecho destacado sobre a série Bichos.

Convide-os a analisar as fotografias, que mostram elementos da série de Lygia Clark. Novamente, peça-lhes que analisem os elementos que mais chamam a atenção e que os comparem com a exposição feita anteriormente, Caminhando, e com características do Neoconcretismo já aprendidas.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após o debate e a análise das imagens, convide a turma a realizar a atividade. Nesse caso, divida os estudantes em grupos de modo que pensem em uma resposta juntos e apresentem suas considerações após debate. É interessante promover uma conversa com a turma sobre a manipulação das esculturas da série Bichos.

Em 2013, em uma feira de arte na Suíça, a obra Bicho ganhou uma versão monumental de 7 métros de altura. A ideia já era um projeto de Lygia dos anos de 1960, em que as obras originalmente em menor escala ocupariam espaços em maior escala, trazendo outra relação do público comparada com a proposta inicial.

Lygia é uma artista reconhecida mundialmente, tendo participações em exposições nacionais e internacionais. Em 2021, foi homenageada com a exposição Lygia Clark (1920-1988) 100 anos por suas contribuições para a arte brasileira.

Ícone de atividade em dupla.
  1. Para experimentar a criação de um objeto manipulável como Bichos, de Lygia Clark, siga os passos.
    1. Sobre um papel-cartão colorido, desenhem triângulos irregulares, sem uma medida exata, com o auxílio de uma régua. Depois, recorte as figuras, como no modelo 1.
    2. Unam os triângulos pelas laterais e, para fixá-los, utilizem fita adesiva, como no modelo 2.
    3. O objeto estará pronto assim que for possível mantê-lo apoiado ao ganhar uma fórma tridimensional, como no modelo 3.
    4. Manipulem as esculturas testando diferentes posições e formatos.
Ilustração. Conjunto de cinco tipos de triângulos azuis. Ilustração. Diversos triângulos azuis colados por pequenos pedaços de fita. Ilustração. Triângulos azuis colados por fita e dispostos formando uma figura tridimensional.
Respostas e comentários

5. A atividade é uma prática que visa aproximar os estudantes da experiência com um objeto manipulável semelhante à obra Bichos. Enfatize que as peças triangulares não têm uma medida certa e precisam ser encaixadas pelas laterais. Se possível, sugira uma troca dos objetos entre a turma para que todos possam manipular diferentes esculturas.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Dê continuidade ao que foi debatido sobre Bichos e apresente a fotografia. Mencione que Arquitetura fantástica foi inspirada em Bichos, de Lygia Clark. Se possível, pesquise a imagem da escultura e apresente-a para a turma e peça que comentem o que mais lhes chama a atenção.

Leia o texto de maneira compartilhada com a turma, analisando a ilustração em seguida.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Para a atividade, divida a turma em duplas. Leia os passos a serem realizados e explique que a atividade é uma prática que visa à aproximação dos estudantes com a experiência com um objeto manipulável semelhante a Bichos.

Após a leitura das etapas, quando todos tiverem entendido os passos a serem seguidos, oriente-os durante a atividade. Enfatize que as peças triangulares não têm uma medida precisa e que precisam ser encaixadas pelas laterais. Se possível, sugira uma troca dos objetos entre a turma para que todos possam manipular diferentes esculturas.

Para observar e avaliar

Com base na atividade proposta, analise se os estudantes compreenderam a estrutura e o conceito por trás da criação de Bichos, de Lygia Clark, e como as esculturas se relacionam com as características do Neoconcretismo. Observe se conseguiram analisar os aspectos relacionais presentes na produção da artista e, caso algum estudante não alcance os objetivos propostos, sugira que realize uma breve pesquisa sobre Bichos, de Lygia Clark, e produza um infográfico sobre a obra. Deixe que levante os dados que achar interessantes e insira no infográfico características da escultura presentes no Neoconcretismo. É interessante solicitar que ele apresente seus resultados para o restante da turma e disponibilize o material, com seus créditos, em site, blog ou rede social da turma.

O experimental em Hélio Oiticica

O artista carioca Hélio Oiticica (1937-1980) destacou-se no cenário artístico brasileiro pelo caráter inovador e experimental de suas propostas. Suas obras e seu pensamento sobre a arte influenciam diversos artistas, por gerações. Assim como Lygia Clark, ele apostou nas ampliações de possibilidades vindas com o Neoconcretismo.

A partir de 1960, Oiticica criou as obras que compõem a série Penetráveis, labirintos nos quais o público é convidado a adentrar e interagir no ambiente (veja na fotografia). Com os Penetráveis, Oiticica enfatizou a participação do espectador na obra. A ação do público é tão importante quanto a proposta do artista. Sem a possibilidade do caminhar do espectador entre os espaços da obra, os Penetráveis seriam apenas esculturas convencionais.

Fotografia. Interior de uma ampla sala com objetos luminosos no teto e com uma figura laranja tridimensional suspensa em destaque ao centro. A obra apresenta conjunto de retângulos e quadrados que estão próximos e articulados uns aos outros.
Penetrável, de Hélio Oiticica, 1960. Acrílica sobre placas de madeiras e fios de náilon.

Sobre a necessidade de expansão do espaço em suas obras, Oiticica declarou:

Sinto que o quadro não satisfaz de fórma alguma as necessidades de expressão de nosso tempo. reticências Dado o quadro, temos um suporte para a figuração. No quadro, o sentido de espaço, está limitado ao retângulo reticências.

PELAES, M. L. W.; MASINI, E. A. F. S. As obras do artista Hélio Oiticica no espelho da fenomenologia da percepção. Revista Extraprensa, [sem local], volume 12, número 2, página 258-277, 2019. Disponível em: https://oeds.link/s9el0n. Acesso em: 15 abril 2022.

Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

6. Explique o que Oiticica quis dizer com o fato de o quadro limitar o espaço a um retângulo.

Respostas e comentários

6. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 2

Competência específica de Arte: 9

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Vida Familiar e Social
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Comente que, além de Lygia Clark, outros artistas também apostaram em ampliações presentes no Neoconcretismo, como fez Hélio Oiticica no final da década de 1950. Sua obra foi marcada pela transição da tela para o espaço, abandonando os trabalhos bidimensionais para criar objetos e estruturas que necessitavam da participação do público, ao que o artista chamou de ordens ambientais. A reunião dessas ordens é chamada de Manifestações Ambientais. Após essa transição, a experiência com a cor e a participação do público tornaram-se essenciais para o artista.

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma, convidando os estudantes a analisarem os elementos presentes na fotografia.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos para que aprofundem seus conhecimentos com relação às obras de Hélio Oiticica. Para responderem à questão, convide os estudantes a pesquisarem fotografias de duas outras obras: Bilaterais e Relevos espaciais.

Convide o grupo a analisar o que foi observado nas fotos e, coletivamente, comente que Bilaterais é a primeira experiência do artista em que a cor ocupa o espaço por meio da construção de placas de madeira pintadas com têmpera ou tinta a óleo de uma única cor e que são presas ao teto por fios de náilon, dando a ideia de que estão flutuando. Os Relevos espaciais são placas de madeira que apresentam diferentes dobras, pintadas em tinta acrílica e presas ao teto por fios de náilon, assim como os Bilaterais.

Em seguida, após essa análise das obras, convide os grupos a responderem à questão. Comente que, ao serem penduradas no teto, é possível que o público as veja por inteiro: cor, fórma, estrutura, dobras e lugar que ocupam no espaço. Para apreciá-las por completo, é necessário caminhar por entre as placas “flutuantes”, que podem ser tocadas, sentidas e empurradas. Dessa fórma, Hélio Oiticica, dentro das premissas do movimento neoconcreto, via no formato do quadro exposto na parede uma limitação, em que o objeto apenas receberia o olhar de contemplação do espectador, sem a interação direta entre espectador e obra.

Outra criação do artista são os Bólides, caixas compostas de objetos diversificados em seus interiores. As primeiras peças dessa série foram chamadas de Bólides-Caixa, como o B30 Bólide-Caixa 17, contendo em seu interior um saco plástico com o seguinte poema: “do meu sangue/ do meu suor/ este amor viverá”. É necessário que o espectador manipule a caixa e manuseie os objetos para interagir com as peças.

Fotografia. Um homem de cabelo curto preto, nariz comprido fino, lábios grossos entreabertos está ajoelhado e manipula gavetas de uma estrutura retangular vermelha e laranja com elementos vazados. Ao fundo, há plantas e vista parcial de uma cidade.
Hélio Oiticica manipula a obra B11 Bólide-Caixa 9, de 1964. Madeira e vidro com acetato de polivinila e pigmento, 49,8 centímetros por 50 centímetros por 34 centímetros.
Escultura. Caixa retangular clara com uma das partes abertas e pela qual há um elemento plástico transparente alongado disposto para fora. Na extremidade inferior do plástico, há algo azul dentro.
B30 Bólide-Caixa 17, de Hélio Oiticica, 1965-1966, com poema “Bólide 1”: “do meu sangue / do meu suor / este amor viverá”. Madeira e vidro com acetato de polivinila e pigmento, 32 centímetros por 23 centímetros por 21,5 centímetros.

A instalação Tropicália é formada por uma estrutura labiríntica, criando um ambiente que mistura o tropical com o tecnológico e proporciona experiências visuais, táteis, sonoras, olfativas. Na Tropicália, o participante caminha sobre diferentes texturas, areia, pedras, tapetes, lê poemas colocados entre as folhagens, brinca com as araras, sente o cheiro de raízes, assiste às imagens transmitidas por um televisor etcétera.

Fotografia. Ampla sala com pé-direito alto e que apresenta em primeiro plano uma estrutura quadrada com vigas de madeira e com duas cortinhas lado a lado: uma laranja e outra de chita que cobrem toda superfície. Em segundo plano, há uma saleta aberta com vigas de madeiras e tecido cobrindo as paredes laterais. Há vasos de plantas dispostos pelo espaço.
Tropicália, Penetráveis PN2 e PN3, instalação de Hélio Oiticica, 1966-1967.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

7. Lygia Clark e Hélio Oiticica se destacaram nas novas propostas de um movimento que, a partir do Concretismo, mudou os rumos da arte para o que foi chamado de Neoconcretismo. Apontem as semelhanças entre os dois artistas.

Respostas e comentários

7. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Pergunte aos estudantes o que acharam das obras anteriores que foram analisadas na atividade de desenvolvimento, por exemplo. Depois que responderem, convide-os a analisar elementos da obra B11 Bólide-Caixa 9, de Hélio Oiticica.

Leia o texto com a turma de maneira compartilhada, comentando que, entre 1963 e 1980, Oiticica realizou aproximadamente 70 bólides. Além disso, o autor também criou outros tipos de bólides, como os Bólides-Vidro, formados por recipientes de vidro com substâncias que podem ser manipuladas, como terra, plástico, conchas, tecidos transparentes, entre outros, convidando o participante a ter uma experiência tátil, ou substâncias que chamam a atenção pela cor, como pigmentos em pó e líquidos coloridos.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Analise os elementos das obras de Oiticica com a turma e, em seguida, pergunte se os estudantes viram alguma semelhança com as obras analisadas anteriormente feitas por Lygia Clark. Deixe que respondam livremente e, depois, proponha que realizem a atividade.

Para tal, divida a turma em grupos e leia a atividade. Os grupos deverão escrever a resposta a que chegaram em consenso e debate entre si. Peça aos estudantes que compartilhem essas respostas coletivamente, gerando um debate entre a turma. Nesse caso, comente que ambos buscaram incentivar o espectador a ser aquele que age com a obra, seja pelo toque, seja pela manipulação de objetos. Assim como nos últimos experimentos de Lygia Clark, Hélio Oiticica buscou a relação do público com a obra por meio da interação do corpo com a obra e do estímulo dos sentidos.

Para observar e avaliar

Observe, com base na atividade, se os estudantes compreenderam os elementos que formam as artes de Lygia Clark e Hélio Oiticica, como os artistas se relacionam entre si, pertencendo, ambos, ao Neoconcretismo e como esse movimento artístico compõe a história da arte brasileira, integrando completamente o histórico artístico, social e cultural nacional. Caso algum estudante não tenha alcançado os objetivos, convide-o a montar um painel on-line que compare Lygia Clark e Hélio Oiticica. Para tal, o estudante deverá ler e analisar o que os grupos apresentaram de diferença entre os artistas e montar o painel virtualmente, utilizando site ou programa que o faça. É interessante propor que o estudante apresente o resultado para a turma e compartilhe-o em site, blog ou rede social da turma.

Parangolés

Como seria uma obra que se torna um acontecimento ao ser usada pelo espectador ou participante ao se movimentar e dançar? Dança e música também são linguagens que integram a obra de Hélio Oiticica.

Os parangolés são capas, estandartes, tendas ou bandeiras para serem vestidos. São feitos com camadas de tecidos coloridos interligados que podem carregar palavras e imagens, revelando-se quando o participante se movimenta. O Parangolé torna-se uma espécie de extensão do corpo de quem o veste. De acordo com Oiticica, o Parangolé nasceu da ideia de unir cor, dança, palavra e imagem. A cor se expande no espaço com o ritmo da música e o movimento da dança. Nessa ação, o participante revela sua criatividade e capacidade de improvisação. Os parangolés exigem que todo o corpo participe da ação.

A primeira apresentação pública do Parangolé ocorreu em 1965 na abertura da mostra Opinião 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (mân/érre jóta). Essa apresentação contou com a participação de um grupo de passistas e ritmistas da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, do Rio de Janeiro, e do próprio artista. Entre outras razões, essa exposição ficou marcada pela expulsão de Oiticica e dos representantes da Mangueira do interior do museu, pois a performance do grupo foi considerada perigosa às outras obras da exposição. Oiticica e os demais participantes continuaram a performance nos jardins do museu.

Fotografia. Em primeiro plano, vista de corpo todo de um homem em pé segurando à frente do corpo um saco de estopa, um objeto de palha e uma almofada vermelha com a inscrição INCORPORO A REVOLTA. Seu tronco está levemente inclinado para trás e sua perna esquerda um pouco mais à frente. O homem está sobre um chão de paralelepípedo. Em segundo plano, há árvores e, ao fundo, vista de uma cidade à beira-mar.
Nildo da Mangueira veste Parangolé P15 capa11 – Incorporo a revolta, de Hélio Oiticica, 1967.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera.), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 2 e 3

Competências específicas de Arte: 1, 3 e 4

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Continue explorando a arte de Hélio Oiticica com os estudantes e comente que, em 1970, enquanto morava em Nova iórque, o artista propôs o uso de parangolés nos metrôs da cidade, com ênfase não mais no samba, e sim no rock. Para ele, dançar o rock seria mais fácil para os estrangeiros, pois o samba exige um aprendizado inicial.

Realize a leitura do texto com os estudantes, enquanto analisa os elementos visuais mais marcantes da fotografia, e destaque a imagem em que o artista desfila na Mangueira, no Rio de Janeiro.

 Para ampliar 

Hélio Oiticica, corpo e carnaval. Disponível em: https://oeds.link/vft9Rs. Acesso em: 23 junho 2022.

O texto apresenta como Hélio Oiticica conectava suas vivências com o carnaval à sua produção artística.

Fotografia. Em primeiro plano, destaque de um homem vestindo figurino verde e rosa que dança em uma via. Em segundo plano, outras pessoas com figurino diferente, mas da mesma cor, desfilam. Ao fundo, uma multidão as assiste.
Hélio Oiticica desfilando na escola de samba Estação Primeira de Mangueira na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Califórnia. 1965-1966.

Hélio Oiticica teve seu primeiro contato com a Estação Primeira de Mangueira por intermédio de Amílcar de Castro, artista pertencente aos neoconcretistas do Grupo Frente e que trabalhava em alegorias de carnaval no ano de 1964. A partir dali, a paixão pelo samba e a forte conexão com a escola verde-rosa moveram a vida de Hélio, que se tornou passista em seus desfiles.

  1. Os parangolés de Oiticica integram artes visuais, dança e música, convidando o público a participar da obra, que só acontece pelo movimento do corpo e das peças que a integram. Crie seu próprio parangolé e coloque o corpo em ação.
    1. Para a criação do seu parangolé, providencie pedaços de tecido, papel, fitas, sacos plásticos, papel de seda colorido, entre outros materiais maleáveis.
    2. Una-os com cola ou com o auxílio de um grampeador. Verifique se essa junção de diferentes peças se encaixa no seu corpo como se fosse um tipo de capa.
    3. Com a peça pronta, a turma performará movimentos criados a partir de uma música que deverá ser selecionada por todos, com a orientação do professor. Perceba que, enquanto dança, as camadas do parangolé também se movimentam. É nesse momento que a obra acontece.
Ícone de atividade oral.

d. Ao final da proposta, compartilhe as sensações com os colegas.

Respostas e comentários

8. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto e a análise das fotografias, convide os estudantes a realizarem a atividade: a criação do parangolé. Nesse caso, leia as etapas a serem seguidas com a turma, de modo que todos entendam os passos da atividade.

Oriente os estudantes a construírem o Parangolé. Enfatize que a criação é livre e que a cor é muito importante na proposta. Instrua-os a escolher uma música para dançar com o Parangolé. Eles devem dançar acompanhando a música escolhida, deixando as cores se movimentarem no espaço. Se possível, filme a performance, o que pode ser feito com um celular, e depois mostre o resultado. Chame a atenção para o efeito dos tecidos de diferentes cores sendo movimentados em conjunto. Ao final, promova uma roda de conversa para compartilhamento das sensações de cada um. Pode ser interessante registrar as apresentações, para divulgação em site, blog ou rede social da turma.

Para observar e avaliar

Observe, com base na atividade, se os estudantes compreenderam do que se tratam os parangolés de Oiticica. Nesse caso, analise também a conexão que fizeram com a arte e como expressam as sensações na roda de conversa. Caso algum não alcance os objetivos, proponha que pesquise sobre a história da escola de samba da Mangueira e sua relação com a arte de Oiticica. Pode ser interessante que o estudante apresente os resultados em slides e compartilhe-os em site, blog ou rede social da turma.

VAMOS FAZER

Bólide

Hélio Oiticica explorava o sensorial nos bólides, que não foram feitos apenas para serem apreciados pela visão, mas também por outros sentidos do espectador, que se torna ativo ao manipular esse objeto.

Essas obras consistem em caixas de madeira, geralmente pintadas com cores intensas, como amarelo e vermelho, fazendo com que a cor assuma uma fórma palpável e manipulável.

Oiticica produziu diferentes tipos de bólides, alguns com um sistema de abrir e fechar, como gavetas de um armário. Nesses espaços compartimentados podiam ser encontrados materiais como tecido, areia, terra, plástico, espelhos, e até frases, criando uma experiência de múltiplas experiências pelo toque, pela visão e pelo cheiro. Como proposta de uma obra multissensorial, siga as etapas para criar um bólide.

Escultura. Sobre um suporte retangular branco, há uma caixa retangular laranja da qual sai uma outra caixa nas cores amarela e rosa que apresenta uma parte frontal vazada, por onde se vê uma espécie de tecido colorido dentro.
Bólide-Caixa 12, de Hélio Oiticica, 1964. Acrílica com terra sobre estrutura de madeira, malha de náilon, papelão corrugado, espelho, vidro, pedra, terra e lâmpadas fluorescentes.

Material

  • Caixa de sapatos.
  • Caixas de fósforo (ou outras menores que a caixa de sapatos).
  • Papéis e tecidos coloridos.
  • Pedaços de tecido de diferentes estampas e cores.
  • Tecidos embebidos em perfume, saquinhos com aromas etcétera.
  • Terra ou areia.
  • Imagens e objetos que sejam significativos para o grupo: fotografias de familiares, amigos, lugares que conhecem ou gostariam de conhecer, recortes de revistas e jornais, adesivos etcétera.
  • Textos: poemas, letras de música, histórias etcétera.
  • Tinta guache.
  • Pincéis.
  • Cola.
  • Tesoura com pontas arredondadas.

Continua

Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero três) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etcétera.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etcétera.), cenográficas, coreográficas, musicais etcétera.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 2 e 7

Competências específicas de Arte: 4 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Relembre com os estudantes os bólides de Hélio Oiticica e pergunte o que entenderam sobre a interação do espectador com essas obras. Deixe que a turma compartilhe seus sentimentos e impressões, propondo que façam bólides também. Solicite aos estudantes que formem grupos e compartilhem as ideias sobre a construção do bólide com os demais integrantes. Acompanhe as discussões e ajude-os a chegarem a um consenso em relação ao que será executado. Inicie a atividade lendo o texto introdutório e converse com a turma sobre os processos de criação dos bólides de Oiticica.

Continuação

Como fazer

Etapa 1 – Preparação

  1. Organizem os materiais, especialmente aqueles que podem trazer o aspecto sensorial para o trabalho, como o tato e o olfato.
  2. Comecem preparando as caixas que serão os suportes principais para armazenar os outros objetos. Antes da pintura artística, verifiquem se será necessária uma demão de tinta branca sobre as caixas, caso sejam muito estampadas ou de cor escura.
  3. Pintem as caixas com tinta guache. Privilegiem as cores mais intensas, assim como os bólides de Oiticica.
  4. Após a secagem das caixas, cole-as umas sobre as outras, criando um único objeto com diferentes partes para serem manipuladas e abertas. Tomem a caixa maior como base e as menores para serem fixadas sobre ela.

Etapa 2 – Montagem

  1. A partir dos materiais coletados pelo grupo, façam uma seleção daqueles que melhor comporão o bólide e os espaços onde serão dispostos.
  2. Tomem cuidado com o excesso de materiais e verifiquem a resistência e o tamanho dos espaços das caixas para armazenar cada objeto.

Etapa 3 – Experiência sensorial

  1. Organizem os bólides sobre o chão ou sobre as mesas da sala. Os grupos manipularão os bólides de toda a turma e farão dessa ação uma experiência sensorial.
  2. Com a orientação do professor, façam um tipo de circuito pelos bólides até que todos possam ter manipulado as obras.
    Ícone de atividade oral.
  3. Reservem um momento para conversar sobre a experiência.
Respostas e comentários

Como fazer. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Inicialmente, leia a lista de materiais com a turma e as etapas da atividade, de modo que todos os estudantes compreendam os passos envolvidos. Dessa fórma, permita que a turma comece a atividade.

Oriente a turma durante a fase de preparação, estimulando os estudantes a escolherem materiais que sejam significativos para o grupo criador da obra. A seleção de imagens, textos e cheiros deve ser importante para os integrantes dos grupos, uma vez que a obra também pode ativar memórias afetivas. Faça a mediação da conversa sobre as experiências com os bólides, enfatizando a relação do espectador ativo para que a obra ganhe sentido.

Na etapa de montagem, enfatize a importância do cuidado com os materiais, de modo que os estudantes visem à integridade física de todos os envolvidos no processo de aprendizagem.

Ao final, permita que os estudantes organizem os bólides na sala, afastando mesas e cadeiras, além de outros objetos que podem estar no centro da sala. Em seguida, faça o circuito de modo que todos tenham interagido com as obras – e peça a todos que expliquem os processos de criação das artes.

Pode ser interessante conversar com a turma sobre uma exposição interativa dos bólides. Para tal, discuta com a direção da escola sobre a possibilidade de usarem uma sala disponível ou outro espaço escolar, de maneira a convidarem também outros membros da comunidade local.

Para observar e avaliar

Observe a interação entre os estudantes e o processo de criação por parte de cada um da turma. Avalie, durante esse momento, as possíveis inspirações a partir de outras obras estudadas anteriormente pela turma. Com base na atividade proposta, note se colocaram em prática as características aprendidas antes do Neoconcretismo. Caso contrário, é possível realizar o atendimento personalizado ao estudante ou propor que ele faça o registro das obras criadas pelos colegas. Ele deverá registrar a exposição – por fotografias ou vídeos –, criando uma composição artística de mídia visual que contenha a explicação por trás das obras criadas pela turma, além de compartilhar o que foi criado em site, blog ou rede social da turma.

O PÚBLICO NO TEATRO DE BRECHT

Se a arte imita a vida, no sentido de representá-la e criar uma ilusão entre arte e realidade, no teatro épico de bréche o espectador é um observador que se posiciona de maneira ativa frente à cena e aos atores, estando consciente de que o teatro é apenas uma representação da realidade.

bértold Brécht (1898-1956) foi poeta, novelista e um dos teatrólogos mais encenados no mundo, além de um dos mais importantes autores do século vinte. Questões sociais, políticas e conflitos vividos entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial eram temas que atravessavam sua obra, convidando o espectador a refletir criticamente sobre eles.

No teatro épico de bréche, não era o bastante apenas retratar as desigualdades sociais, por exemplo; era fundamental que o espectador, de fórma analítica e crítica, pudesse se conscientizar dessas questões e formular o próprio ponto de vista. bréche convocava a participação do espectador, que deveria, além de interpretar e compreender a cena diante dele, atuar na sociedade ao seu redor.

Fotografia em preto e branco. Quatro pessoas estão paradas diante de uma carroceria coberta por tecido. Ao centro, um homem de blusa comprida e calça preta e uma mulher de casaco e saias longas estão sentados um de frente para o outro e conversam. Uma senhora de lenço na cabeça, saias longas e blusa comprida e um senhor de paletó escuro estão de pé nas laterais e os observam.
bértold Brécht (sentado ao centro) ensaiando Mãe coragem e seus filhos. Alemanha, 1951.
Fotografia. Em um local com iluminação difusa, há o boneco de uma criança vestindo roupas brancas e sentado ao centro. À esquerda, uma mulher com chapéu de bruxa e roupas pretas segura o braço estendido do boneco. À direita, uma senhora  com roupas em tons de bege e amarelo e com trança no cabelo segura o outro braço do boneco. As mulheres estão agachadas e com o tronco inclinado para a frente. Agachado atrás do boneco, um homem de roupa escura o observa atentamente. Ao fundo, há pessoas sentadas.
Encenação da peça O círculo de giz caucasiano, de bértold Brécht. Alemanha, 2010.
Respostas e comentários

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Relembre com os estudantes o que foi feito logo no começo do capítulo, com relação à prática teatral e à interação com o público. Mostre a eles a fotografia, destacando bértold Brécht, e comente que Mãe coragem e seus filhos foi a primeira produção da Berlin Ensemble, a companhia de teatro de bréche, fundada com a esposa, vêiguel.

Leia o texto de maneira compartilhada com a turma, comentando que, para bréche, o teatro épico era aquele que se comunica com o público abrindo espaço para uma análise crítica, e não apenas conduzindo emoções e conclusões de um acontecimento. É comum que os atores se comuniquem diretamente com a plateia, alterando o ritmo e a sensação de que o que está sendo contado no palco é a realidade. Suas peças mais conhecidas incluem Mãe coragem e seus filhos (1941), O bom homem de Sezuan (1943) e O círculo de giz caucasiano (1944).

Após a leitura do texto, converse com os estudantes, perguntando se já assistiram a uma peça, filme ou série em que esse tipo de abordagem é empregado. Deixe que a turma compartilhe as experiências entre si.

Inicialmente, comente que as obras de bréche chegaram ao Brasil por três diferentes caminhos: primeiro por traduções francesas a partir de 1940; segundo, por alemães exilados em São Paulo; e terceiro, pelo contato direto de vários profissionais de teatro e críticos brasileiros com peças de bréche em suas viagens à Europa.

A partir de então, faça a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma. Analise os elementos presentes nas fotografias, destacando a linha presente. Observe os elementos da linha do tempo e comente que, em 1978, o cantor e compositor Chico Buarque (1944-) escreveu a peça musical Ópera do malandro, adaptação da obra A ópera dos três vinténs, de bréche, porém voltada ao contexto da cultura brasileira.

Texto complementar

O trabalho teatral da Companhia do Latão, fundada em 1996, é um exemplo de inspiração direta no pensamento artístico de bértold Brécht pelo viés didático, político, épico, e na busca por uma reflexão crítica da sociedade. O grupo partiu de estudos da obra teórica de bréche para lançar um olhar à nossa realidade brasileira.

Leia um trecho da entrevista com Sérgio de Carvalho, diretor teatral da Companhia do Latão, sobre as influências de bréche em seu trabalho:

A Companhia do Latão começou como qualquer outro jovem grupo de teatro interessado em pesquisa de linguagem. Aproximamo-nos do teatro de bréche quando percebemos que não existe linguagem neutra e que as fórmas da arte traduzem visões de mundo. Quer dizer, percebemos que um grupo artístico interessado em assuntos sociais deve ser também grupo de trabalho interessado em fórmas críticas novas de representar a sociedade. reticências bréche precisa ser reinventado. No Latão nós sempre tivemos esse cuidado teórico de usá-lo como modelo, como inspiração. reticências

CARVALHO, Sérgio de. bréche: interesse social, político e experimentação formal (entrevista, 2006). Dramaturgia dialética. [sem local], 3 abril 2020. Disponível em: https://oeds.link/2FIBlU. Acesso em: 16 abril 2022.

Brecht no Brasil

As adaptações das peças teatrais de brécheno Brasil tiveram início a partir da montagem de A exceção e a regra, em 1954, pelo ator e dramaturgo Alfredo Mesquita (1907-1986), em São Paulo, com alunos da Escola de Arte Dramática.

A obra de bréche foi ganhando notoriedade pela crítica, pelo público, e desde então continua sendo fonte de inspiração para inúmeras outras companhias. Observe na linha do tempo, entre as décadas 1950 a 1970, importantes peças de bréche adaptadas no Brasil.

Linha do tempo. Sobre uma folha envelhecida, há uma linha do tempo das PEÇAS DO BRECHT NO BRASIL. 1954: A exceção e a regra. 1958: A alma noa de Setsuan. 1968: Aquele que diz sim, aquele que diz não; A ópera dos três vinténs; Mãe coragem e seus filhos. 1961: Os fuzis da senhora Carrar. 1963: O círculo de giz caucasiano. 1968: Galileu Galileu. 1969: Na selva das cidades. Ao fim da linha do tempo, no canto inferior esquerdo, há uma fotografia preto e branco do busto de um homem de cabelo liso, curto e preto, nariz comprido e lábios finos. Ele usa  óculos de grau redondo e preto.
Fotografia em preto e branco. Em uma ampla sala com pé-direito alto e vários pontos de iluminação no teto, há três duplas que dançam juntas: uma ao centro e duas nas laterais. Na dupla do centro, uma mulher posa deitada sobre as mãos de homem que a segura pela cintura. Nas laterais, as duplas estão abraçadas. Ao fundo, uma pessoa está parada de pé sobre um pequeno altar e entre uma estrutura que forma uma pequena cabine.
A ópera dos três vinténs, de bértold Brécht, dirigida por José Renato, com cenário de Flávio Império, na cidade de São Paulo. São Paulo, 1964.

Para ampliar

Brécht, Bértold. Poemas 1913-1956. São Paulo: Editora 34, 2000. Os poemas de bréche são bastante interessantes – baladas, sátiras, canções – e tratam de temas variados: relações humanas, teatro, política etcétera.

Para conhecerem mais sobre a obra de bréche, sigam os passos.
Ícone de atividade em dupla.
  1. Pesquisem a sinopse de uma das adaptações de bréche no Brasil, assim como o enredo e as principais personagens.
  2. A partir dessas informações, criem um cartaz fictício para divulgar a peça utilizando desenhos ou colagens.
  3. Compartilhem os cartazes com a turma, expondo-os em algum local de maior circulação na escola.
Respostas e comentários

1. a 3. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre dois quatro) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 3 e 6

Competências específicas de Arte: 1, 3 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto complementar e a análise das fotografias e da linha do tempo, convide os estudantes a realizarem a atividade, a fim de conhecerem mais sobre as obras de bréche. Para tal, leia os passos da atividade até que todos compreendam as etapas envolvidas.

Oriente-os a colocar no cartaz informações fundamentais, como título da peça, data e local das apresentações. Solicite que façam referência a locais em teatros da cidade ou do Brasil, ou mesmo que pesquisem o local onde a peça foi apresentada originalmente.

Ao final, promova uma discussão com a turma sobre os aspectos sociais presentes na obra de bréche. Peça que identifiquem a crítica feita e, por fim, discutam: quais problemas sociais na atualidade podem ser representados em peças como as de bréche? Como seria essa encenação?

Para observar e avaliar

Com base na atividade de desenvolvimento proposta, observe se os estudantes compreenderam as questões sociais envolvidas nas obras de bréche e como elas podem ser utilizadas para entender melhor a interação entre plateia e obra. Analise também a capacidade dos estudantes de relacionar o que foi aprendido anteriormente – com relação ao Neoconcretismo, por exemplo – ao que foi abordado sobre bréche. Do contrário, proponha que façam um painel do panorama sobre o teatro interativo e como bréchefoi fundamental para isso no Brasil. Deixe que aprofundem temas que acharem interessante, desde que citem as fontes utilizadas. O material poderá ser compartilhado em site, blog ou rede social da turma.

eu vou APRENDER Capítulo 2

Arte Contemporânea e público

Observe as imagens de Cloudgate, uma escultura monumental feita em aço, criação do artista britânico-indiano ênichi capúre localizada em Chicago, nos Estados Unidos. Os visitantes podem andar ao redor ou embaixo da escultura e observar as imagens refletidas e distorcidas de si mesmos e do espaço urbano ao redor.

Fotografia. Destaque de uma área aberta onde há uma grande escultura de formato curvo com superfície espelhada. No local, transitam algumas pessoas. Ao fundo, há prédios.
Fotografia. Destaque de uma obra com superfície espelhada refletindo as pessoas que tiram fotos diante dela e os prédios da cidade.
Fotografia. Destaque da obra com superfície espelhada e que apresenta uma parte inferior cavada onde estão algumas pessoas observando-a de baixo.
Cloudgate, de ênichi capúr, 2004. Escultura gigante em aço com efeito espelhado exposta em Chicago. Estados Unidos, 2011.

Essa obra pode ser considerada “bela” para os padrões de uma escultura clássica? Afinal, isso é arte? São algumas perguntas que o espectador pode fazer ao observar uma obra tão instigante. Entretanto, as reflexões geradas a partir de uma obra como essa, ou o que sentimos e como nos relacionamos com ela, são provocações trazidas pela Arte Contemporânea.

Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 3 e 6

Competências específicas de Arte: 1, 3 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Inicie a leitura do texto convidando os estudantes a analisarem as fotografias da escultura Cloudgate, de ênichi capúr, nos Estados Unidos. Realize a descrição dos elementos visuais da imagem com a turma e, durante a leitura, promova o debate acerca da “beleza” e do padrão estético envolvido na escultura.

Prossiga com a leitura da abertura ao capítulo, discutindo o senso de “belo” clássico e como ele não mais é essencial. Em seguida, promova a análise da obra de Nuno Ramos e a realização da atividade.

BNCC NO CAPÍTULO

OBJETOS DE CONHECIMENTO

HABILIDADES

Contextos e práticas

(EF69AR01)

Contextos e práticas

(EF69AR02)

Materialidades

(EF69AR05)

Processos de criação

(EF69AR12)

Processos de criação

(EF69AR13)

Processos de criação

(EF69AR15)

Contextos e práticas

(EF69AR16)

Contextos e práticas

(EF69AR17)

Contextos e práticas

(EF69AR24)

Contextos e práticas

(EF69AR25)

Processos de criação

(EF69AR27)

Contextos e práticas

(EF69AR31)

Processos de criação

(EF69AR32)

Matrizes estéticas e culturais

(EF69AR33)

Patrimônio cultural

(EF69AR34)

A Arte Contemporânea não tem um período demarcado, mas pode ser percebida desde a segunda metade do século vinte até a atualidade. Apesar de estarmos inseridos nesse período de tempo, é comum que, à primeira vista, esse tipo de arte gere um estranhamento, uma vez que a referência clássica do belo ainda faz parte do nosso imaginário. Por ser provocativa ou mesmo contestadora, o público é solicitado a refletir e encontrar respostas mais abertas para interpretá-la.

Na Arte Contemporânea, o conceito de beleza se expande. O “belo” clássico – traduzido por técnica, harmonia e equilíbrio – não é mais essencial, tornando o julgamento do que é “bonito” algo bastante impreciso, tanto pelas escolhas do artista quanto pelo que agrada ou não ao espectador.

A Arte Contemporânea também se desprende do uso de materiais convencionais como única fórma de pintar ou criar esculturas, por exemplo. É incontável a diversidade de materiais utilizados como industriais, naturais, sintéticos, entre outros. A obra pode estar exposta sobre a parede, sobre o chão, ou suspensa.

Escultura.  Um painel horizontal que apresenta cores em tons escuros de diversos itens de aço, madeira e plástico sobrepostos em relevo formando aspecto irregular e suspenso na parede.
Sem título, de Nuno Ramos, 1994-2006. Técnica mista sobre madeira, 321 centímetros por 663 centímetros por 235 centímetros.
Ícone de atividade em dupla.
  1. Observem a obra de Nuno Ramos e respondam no caderno:
    1. Quais materiais não convencionais foram utilizados?
    2. Por que essa obra rompe com a ideia do belo clássico na arte?
Respostas e comentários

1. a) Aparentemente vemos aço, madeira e plástico utilizados na composição da obra.

1. b) Espera-se que os estudantes identifiquem que a obra não se compromete com o belo clássico e com padrões como harmonia, equilíbrio e proporção, o que pode causar um estranhamento no espectador.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em duplas e convide os estudantes a analisarem a obra de Nuno Ramos, conversando sobre os materiais utilizados e a relação dela com o belo clássico na arte. Deixe que as duplas debatam entre si e promova uma conversa com a turma a fim de que compartilhem suas impressões e pensamentos com relação à escultura apresentada.

Para observar e avaliar

Observe, durante a atividade, como os estudantes interagem entre si e debatem as respostas. Note se utilizam termos, expressões ou vocabulários já aprendidos sobre a arte. Avalie a capacidade deles de relacionar o que foi aprendido durante a leitura do texto, sobre o belo clássico, com o que é observado na arte. Caso algum não alcance os objetivos propostos, solicite-lhe que faça a análise de uma obra que tenha características do belo clássico e como a arte contemporânea faz um rompimento com esse padrão estético. Pode ser interessante buscar referências de exposições e esculturas relacionadas.

ARTE E HISTÓRIA

Beleza em diferentes épocas

No decorrer da história da arte europeia, é possível encontrar a representação de diferentes padrões de beleza que se modificam ao longo do tempo. Veja alguns marcos da representação do belo na arte.

Antiguidade

Na Antiguidade grega (oito antes de Cristo até vôlts Depois de Cristo), o filósofo e matemático Platão (cêrca dê 427 antes de Cristo- cêrca dê 347 antes de Cristo) associou a beleza às virtudes do ser humano. Uma pessoa que mente, por exemplo, era considerada feia pelos gregos. Já seu discípulo Aristóteles (384 antes de Cristo-322 antes de Cristo) compreendia que o belo estava na simetria das fórmas, dadas suas proporções e harmonia. Uma obra que simboliza esses ideais é Apolo de Belvedere. Apolo era a divindade grega da beleza, da perfeição, da harmonia, do equilíbrio e da razão. A escultura representaria o ideal de beleza masculina.

Escultura. Apresenta um homem nu em pé e olhando para o lado com o braço esquerdo estendido para a lateral. Ele tem cabelo cacheado curto e usa um tecido longo envolto no pescoço e braços. Do lado esquerdo, há um pilar com uma escultura esculpida, no qual ele apoia o antebraço direito.
Apolo de Belvedere, atribuída a Leocares, século quatro antes de CristoEscultura, 224 centímetros (altura).

Renascimento

Durante o Renascimento, movimento cultural, intelectual e científico que ocorreu na Europa entre os séculos catorze e dezesseis, buscou-se tomar por base os conceitos de beleza da Antiguidade Clássica greco-romana ressignificando-os. Leonardo da vinti é uma referência do período em relação a proporção, equilíbrio e beleza.

Pintura. Em primeiro plano, retrato de uma mulher de  cabelos escuros longos. Ela veste uma roupa escura de manga longa. Seus braços estão apoiados um sobre o outro no encosto de uma cadeira. Além dos tons predominante de amarelo, marrom e verde-escuro, há  gradações não bruscas de luz e sombra ao redor, especialmente, dos olhos e da boca. Ao fundo, há paisagens montanhosas em tons de marrom e o céu em tons de verde e amarelo.
Mona Lisa, de Leonardo da vinti, 1503-1506. Óleo sobre madeira de álamo, 77 centímetros por 53 centímetros.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 6

Competências específicas de Arte: 1 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Retome o que foi conversado anteriormente sobre o belo clássico na arte e pergunte aos estudantes onde já viram esses termos e, especialmente, de onde imaginam que o belo clássico tenha surgido. Deixe que a turma debata livremente e, então, prossiga com a leitura do texto de maneira compartilhada.

Ao longo da leitura, faça a análise dos elementos visuais das imagens, debatendo como se relacionam com o conceito do belo clássico e convidando-os a apontar o que mais lhes chama a atenção nas obras.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Ao final da leitura, proponha que os estudantes realizem a atividade. Peça-lhes que registrem o belo, de seus pontos de vista, e compartilhem com a turma em outro momento.

Nesse caso, promova um debate com a turma sobre como o belo muda de acordo com as concepções pessoais. Deixe que compartilhem suas experiências e pontos de vista diferentes.

Contemporaneidade

A partir do século vinte, no período entre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os artistas não se preocupavam em representar o “belo” clássico, pois os horrores e os conflitos vividos pela humanidade geraram novas fórmas de ver o mundo e pensar a arte. A obra de Salvador Dalí é um exemplo de como a arte, na Europa, passou por modificações na representação do belo.

Pintura. Em primeiro plano, vista frontal de uma forma humana alongada verticalmente. Ela está em pé, com a cabeça voltada para trás e os braços levantados à frente do corpo. Seu rosto é composto de uma massa homogênea avermelhada, sem apresentar traços físicos definidos. Do seu peito e da sua perna esquerda, saem gavetas abertas em tons amarelados. Da parte traseira de seu corpo saem hastes horizontais conectadas por outra vertical. Em segundo plano, em cenário desértico, à direita há uma figura humana com características semelhantes, mas vista de perfil e, à esquerda, uma girafa em chamas. Na obra, predomina a cor azul, presente no céu que predomina o fundo da cena e na colorização do corpo das figuras humanas representadas.
Girafa em chamas, de Salvador Dalí, 1935. Óleo sobre tela, 35 centímetros por 27 centímetros.

1. Observe atentamente, em suas atividades cotidianas, detalhes que você considera belos ou interessantes. Anote, fotografe e traga para a sala de aula para mostrar aos colegas. Conversem a respeito dos diferentes pontos de vista sobre o que é belo ou feio para cada um.

Como entendemos ou identificamos o que é “belo” ou “feio”? Em uma obra de arte, esse julgamento é relativo. Algo que é belo para determinada cultura e época pode parecer estranho ou mesmo feio para outra, pois o conceito de beleza depende do contexto de tempo, lugar, bem como de valores e gostos de uma sociedade ou de cada indivíduo. Observe as obras e reflita sobre essas questões.

Pintura. Em tons escuros e com pinceladas livres e rápidas, a obra mostra duas pessoas idosas sentadas diante de uma mesa. Uma delas está com os olhos bem abertos e sorrindo, sem mostrar os dentes, e segura uma colher dentro de um prato. O outro apresenta fisionomia cadavérica, com os olhos sem forma, apenas um oco em preto.
Dois velhos comendo sopa, Francisco de Goya, 1819-1823. Óleo sobre tela, 53 centímetros por 85 centímetros.
Pintura. Em cores vivas, traços que delineiam três pessoas lado a lado. Em destaque, estão os olhos arregalados e as bocas sorridentes. Há alternância de linhas finas e grossas coloridas e sobrepostas.
Philistines, de jan michêl basquiá, 1982. Acrílico e pastel oleoso sobre tela, 183 centímetros por 312,5 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

2. Quais sensações cada pintura provoca? Considerando as diferentes épocas e contextos em que foram criadas, como podemos refletir sobre o conceito de “belo” e “feio” nessas obras?

Versão adaptada acessível

Atividade 1.

Observe atentamente, em suas atividades cotidianas, detalhes que você considera belos ou interessantes. Registre e traga para a sala de aula para mostrar aos colegas. Conversem a respeito dos diferentes pontos de vista sobre o que é belo ou feio para cada um.

Respostas e comentários

1. Conduza essa discussão de fórma que os estudantes ajam de modo respeitoso com relação às referências de cada um. A partir da ideia flexível do que é belo, provoque a turma para que possam ampliar essa ideia sobre a arte e o mundo.

2. Resposta pessoal. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

A partir do que foi discutido anteriormente, convide os estudantes a lerem o texto de maneira compartilhada, discutindo como a percepção de “belo” e “feio” muda de acordo com as percepções pessoais.

Durante a leitura, aproveite para analisar as pinturas, pedindo a eles que destaquem o que mais lhes chama a atenção entre os elementos visuais presentes nas imagens.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos e solicite que realizem a atividade. Peça-lhes que revisitem as pinturas demonstradas anteriormente e que debatem entre si suas percepções.

Espera-se que o os estudantes compreendam que o conceito de belo ou feio é mutável e está relacionado a diversas questões culturais e dentro de um recorte temporal. Explique que, na série de pinturas negras de Francisco de Goya, eram retratados temas sombrios com cores e pinceladas que enfatizavam um sentimento de horror. Já em basquiá, identifica-se uma pincelada solta com cores mais vivas, porém rompendo com os padrões estabelecidos sobre o que era considerado belo, mas em um momento em que a arte era desenvolvida com muito mais liberdade pelos artistas.

Para observar e avaliar

Durante a atividade, observe a interação entre os estudantes do grupo, de modo que se percebam as relações e como chegam aos debates internos. É interessante notar os termos utilizados pela turma, observando se estão se valendo de linguagens técnicas, artísticas, e vocabulários de arte aprendidos anteriormente. Observe se compreenderam o conceito de belo clássico e como a arte contemporânea rompe com esses valores. É interessante notar também, com base na atividade, se compreenderam como as obras de Goya e basquiá atuam dentro da cena contemporânea e o debate do belo. Se algum estudante não atingir os objetivos pretendidos, convide-o a realizar uma pesquisa sobre as obras dos dois autores, formando um painel com elas, de modo a promover o questionamento do público sobre o que é o belo. Ele poderá fazer o painel da fórma como achar mais interessante e chamativa, aplicando um conceito artístico escolhido para montá-lo. O material poderá ser compartilhado em site, blog ou rede social da turma.

DA ARTE CONCEITUAL À ARTE CONTEMPORÂNEA

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

Roda de bicicleta é considerada uma obra polêmica, pois rompe com os padrões da arte da época. Ao trazer objetos utilitários que perdem sua função pois estão no contexto de objeto artístico, a obra nos desafia a refletir sobre o sentido e os suportes da arte.

Escultura. Sobre uma banqueta branca, há uma roda de bicicleta preta apoiada num suporte sobre o assento.
Roda de bicicleta, de Marcél Diuchomp, 1913. Roda de bicicleta sobre banco de madeira.

1. Diante disso, junto aos colegas, conversem e respondam: tudo pode se tornar arte?

Uma das significativas contribuições para a Arte Contemporânea veio da Arte Conceitual, movimento artístico surgido nos Estados Unidos e na Europa entre os anos 1960 e 1970. A ideia e o pensamento são primordiais para os artistas conceituais, como o francês Marcél Diuchomp(1887-1968), que revolucionou o cenário artístico da época ao colocar a obra em segundo plano e a ideia em primeiro. O uso de materiais industriais fez com que a excelência da técnica desse lugar às reflexões envolvidas na obra, para que o público também fizesse perguntas sobre o que estava sendo colocado como arte.

Para ampliar

cláin, . O que é arte contemporânea. São Paulo: Claro Enigma, 2019. A obra apresenta os principais temas da arte contemporânea a partir das obras de artistas originários de diferentes partes do planeta.

Respostas e comentários

1. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero dois) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 3

Competências específicas de Arte: 1 e 2

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Convide a turma a analisar a fotografia contendo a obra Roda de bicicleta, de Marcél Diuchomp. Pergunte aos estudantes o que pensam da obra de arte e quais são suas impressões.

Após a atividade, faça a leitura do texto e comente que outros movimentos e tendências continuaram a surgir, ligados diretamente à vida contemporânea e com o interesse pelo rompimento dos padrões estabelecidos. As pinturas do estadunidense Djéksôn Póloqui (1912-1956) registravam o movimento expressivo do corpo do artista no gotejamento da tinta sobre a superfície de grandes telas. Na pop art, éndi uórrrou (1928-1987) replicava com serigrafia rostos de celebridades midiáticas e produtos de consumo das prateleiras de supermercados.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Realize a atividade após a observação da imagem. Para tal, analise com os estudantes a Roda de bicicleta e promova o debate sobre “tudo virar arte”.

Deixe-os opinar livremente sobre o tema. Faça perguntas norteadoras com relação ao papel da arte de perturbar o moralismo ou mesmo romper com o belo clássico.

2. Com base na observação das releituras de Mona Lisa, por que podemos afirmar que o modo de fazer arte passou por mudanças?

Pintura. Em primeiro plano, retrato de uma mulher de  cabelos escuros longos. Ela veste uma roupa escura de manga longa. Seus braços estão apoiados um sobre o outro no encosto de uma cadeira. Além dos tons predominante de marrom e verde-escuro, há  gradações não bruscas de luz e sombra ao redor, especialmente, dos olhos e da boca, sobre a qual há um bigode e um cavanhaque. Ao fundo, há paisagens montanhosas em tons de marrom e o céu em tons de verde e amarelo.
L.H.O.O.Q, Mona Lisa com bigode, de Marcél Diuchomp, 1919. Litografia, 19,7 centímetros por 12,4 centímetros.
Fotografia. Grafite que apresenta uma mulher de cabelo escuro que usa roupa preta e colete de segurança cor laranja com faixas brancas. Ela segura um tecido azul preso à cintura, um esfregão numa mão e uma pá na outra.
Grafite em muro da cidade de São pétersbúrgo. Rússia, 2016.
Pintura. Busto de uma mulher com os lábios fechados. Ela apresenta o contorno dos cabelos composto de elemento pastoso e brilhante.
Mona Lisa dupla, de Vik Muniz, 1999. Manteiga de amendoim e geleia. Duas cópias fotográficas por oxidação de corantes, 100 centímetros por 80 centímetros cada uma. (detalhe)

Outros movimentos e tendências continuaram a surgir, ligados diretamente à vida contemporânea e com o interesse pelo rompimento dos padrões estabelecidos. As pinturas do estadunidense Djéksôn Póloqui (1912-1956) registravam o movimento expressivo do corpo do artista no gotejamento da tinta sobre a superfície de grandes telas.

“Afinal, isso é arte?” é a pergunta que o espectador ainda pode fazer. Entretanto, outras indagações surgem na Arte Contemporânea, sobre o que sentimos e refletimos ao deparar com uma obra que dialoga com nosso pensamento e com nosso tempo.

3. No caderno, explique como alguns padrões clássicos foram rompidos na maneira de produzir arte. Escolha uma das obras presentes entre a página 40 e esta para embasar sua reflexão.

Fotografia em preto e branco. Um homem calvo está parado em pé segurando um pequeno balde de tinta diante de um painel pintado atrás de si e outro no chão. As pinturas apresentam linhas curvas emaranhadas feitas com cotejamento de tinta.
Djéksôn Póloqui pintando em seu estúdio em Nova iórque. Estados Unidos, 1950.
Respostas e comentários

2. e 3. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Promova a análise das artes da Mona Lisa e pergunte aos estudantes o que pensam sobre as pinturas. Questione se, de acordo com o que foi debatido anteriormente, isso também é considerado “arte” e como se associa ao movimento contemporâneo. Enfatize que a obra de Leonardo da vinti, Mona Lisa, evidenciada em outros momentos da coleção, é vista aqui como possibilidades de releituras no contexto da arte conceitual e contemporânea.

Convide-os a pesquisar sobre o termo “action painting”. Esclareça o que é o Expressionismo abstrato e como se relaciona com as pinturas da Mona Lisa.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a observação dos quadros da Mona Lisa, leia a questão para a turma e questione os estudantes com relação ao modo de fazer arte. Espera-se que eles identifiquem de que modo as três obras revelam como a arte se modificou ao longo dos tempos e o uso da ironia sobre imagens muito conhecidas na cultura visual. Na contemporaneidade, é comum que os artistas se apropriem de imagens que fazem parte do nosso imaginário, criando propostas que vão além da pintura.

Na segunda pergunta, pergunte-lhes sobre os padrões clássicos. Espera-se que identifiquem que a expressão e a liberdade do artista ganham muito mais fôrça, sobretudo a partir da arte conceitual. diuchomp utiliza materiais industriais, Póloqui prioriza o gesto e Uár Rol utiliza técnicas que permitem a reprodução em maior escala quando o objeto artístico era visto como único.

Para observar e avaliar

Durante a leitura, observe se os estudantes compreenderam o papel da arte contemporânea e da action painting como fórma de romper com o clássico. É interessante avaliar, com base nas atividades, a fórma como interpretam e contextualizam as artes estudadas com o que foi debatido anteriormente. Caso algum deles não alcance os objetivos pretendidos, é possível propor que realize uma pesquisa mais aprofundada sobre o Expressionismo abstrato e a fórma como se relaciona com a arte contemporânea.

Arte Contemporânea: artistas e obras

Vamos identificar como a Arte Contemporânea se manifesta a partir de alguns exemplos de artistas e propostas que têm em comum a investigação de temas e questões bastante relevantes para o contexto atual, que orientam e motivam a produção contemporânea.

A arte pode despertar nossa curiosidade? Para refletir sobre a pergunta, imaginem uma situação em que, ao caminhar por uma rua ou avenida de uma grande cidade, deparemos com um enorme sorvete derretendo sobre o topo de um prédio. Certamente teremos alguma impressão ou curiosidade sobre ela.

Fotografia. Plano aberto da fachada de um prédio com janelas envidraçadas e que apresenta no topo a escultura de um sorvete de casquinha um pouco derretido e virado sobre o canto do prédio. Na via, muitas pessoas caminham. Fotografia. Destaque de uma escultura de sorvete de casquinha um pouco derretido e virado sobre o canto do prédio.
Cone caído, de Claes Oldenburg, em shopping center na Alemanha, 2001. Aços inoxidáveis e galvanizados, plástico reforçado com fibra, madeira balsa; pintado com gelcoat de poliéster, 12,1 métros de altura por 5,8 métros de diâmetro.

Claes Oldenburg (1929-), artista sueco-americano, amplia a escala de objetos banais do cotidiano – como alimentos, roupas, ferramentas etcétera. – que são retirados de seu local habitual e inseridos como esculturas em espaços públicos ou museus e galerias. Sobre suas esculturas, Claes explica:

Não se trata de uma escultura para ser vista apenas por si mesma, isolada; há uma lógica na relação com o espaço no qual ela é colocada.

FARIA, Oscar. Claes Oldenburg e Coosje Van Bruggen: metáforas do quotidiano. Público, 19 maio 2001. Disponível em: https://oeds.link/1nHiMd. Acesso em: 13 maio 2022.

Ícone de atividade oral.
Ícone de atividade em grupo.

4. Qual é a relação da escultura de Claes Oldenburg com o local onde foi instalada?

Respostas e comentários

4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes estabeleçam relações entre o sorvete e o fato de o prédio ser um shopping center.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 6

Competência específica de Arte: 4

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma, comentando sobre como os artistas da geração 1990/2000 ampliaram suas fórmas de expressão para além da pintura e da escultura, incorporando às produções uma variedade complexa e sofisticada de suportes e possibilidades de criação, como objetos, textos, recursos digitais, uso da internet e mídias sociais.

A geração de artistas a partir dos anos de 1990 e 2000 buscou restabelecer na arte uma mensagem, uma conexão com o espectador, para nele provocar algum tipo de postura diante do mundo e da vida. O contato com um objeto artístico deveria provocar, instigar e estimular os sentidos, sugerindo possibilidades amplas de viver e de se organizar no mundo.

Sem ser impulsionada por um projeto social ou político específico por parte dos artistas, como a arte conceitual, ou girar em torno de movimentos, como a arte moderna – Cubismo, Expressionismo, Futurismo, Surrealismo, Dadaísmo, Construtivismo, entre outros –, a arte contemporânea baseia-se em fórmas de expressão pessoais e íntimas.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto, convide os estudantes a lerem em voz alta o trecho destacado e proponha que realizem a atividade em grupo e coletivamente.

Leia o enunciado, questionando-os sobre o local da instalação da escultura de Claes Oldenburg. Deixe que respondam, de acordo com suas próprias interpretações. Aproveite para debater com a turma a fórma como o local e o cenário da instalação também podem ser utilizados como parte da própria obra.

A arte pode nos causar estranhamento?

Cada indivíduo estabelece relações com o que percebe na arte a partir de suas experiências. A representação de uma aranha, por exemplo, pode ter um significado diferente para o artista ou para cada espectador.

Fotografia. Plano aberto de uma via urbana e, ao centro, uma grande escultura de uma aranha em bronze com patas longas. Ao fundo, prédios baixos, carros e pessoas caminhando.
Maman, Louíse Bourjoá, 1999. Bronze, aço inoxidável e mármore, 927 centímetros por 891 centímetros por 1 024 centímetros.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

5. Quais reações e impressões a escultura de uma aranha gigante como essa causaria em vocês?

A aranha, para a artista franco-americana Louíse Bourjoá(1911-2010), tem significados que remetem à proteção da figura materna e ao trabalho de tecelagem dos pais. Bourjoá tem outras esculturas, como a retratada na fotografia desta página, instaladas em diversos museus pelo mundo, as quais são vistas pelo público que caminha sob a escultura. Segundo a própria artista, todos os seus temas encontraram inspiração na infância.

A minha mãe era a minha melhor amiga. Ela era inteligente, paciente, tranquilizadora, delicada, trabalhadora, indispensável e, sobretudo, ela era tecelã – como a aranha. Para mim, as aranhas não são aterradoras.

Louíse Bourjoá: uma vida que entrou para história da arte. Fundação Iberê, 17 maio 2019. Disponível em: https://oeds.link/SpNM02. Acesso em: 13 maio 2022.

Para ampliar

Louíse Bourjoá: uma vida que entrou para a história da arte. Fundação Iberê, Porto Alegre, 17 maio 2019. Disponível em: https://oeds.link/SpNM02. Acesso em: 13 maio 2022. Matéria que considera Louíse Bourjoá uma das artistas mais emblemáticas da história da arte.

Respostas e comentários

5. Resposta pessoal. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Faça a pergunta do título para os estudantes, questionando-os sobre o sentimento de estranhamento que alguns deles podem ter apresentado durante o contato com alguma obra de arte.

Em seguida, leia o texto de maneira compartilhada com a turma e, durante esse momento, aproveite para analisar Maman, de Louíse Bourjoá, debatendo acerca da sensação de estranhamento presente em esculturas como essa.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura e a análise da fotografia da escultura, promova a atividade em grupo e oralmente. Leia o enunciado e converse sobre impressões e reações da escultura da aranha gigante. Deixe que a turma responda livremente.

Em seguida, retome a escultura de Claes Oldenburg e a de Louíse Bourjoá. Convide-os a refletir sobre como uma obra instalada em locais inusitados pode afetar a percepção do público.

Para observar e avaliar

Observe o comportamento dos estudantes durante a análise da escultura e a relação da turma com o sentimento de estranhamento provocado pela arte. Além disso, durante a atividade, avalie a percepção e o pensamento crítico deles quanto à própria arte, bem como se conseguem contextualizar o que é aprendido teoricamente com elementos práticos. Do contrário, proponha que façam uma breve pesquisa sobre a influência do local de instalação da escultura e sua própria percepção do público.

A arte traduz quem somos?

O bordado é tradicionalmente associado ao ambiente doméstico e às mulheres. Na obra El Puerto, o artista Leonilson (1957-1993) utiliza a técnica para registrar seus dados biográficos – nome, idade, peso e altura – sobre um pedaço de sua camisa que cobre um espelho.

Fotografia. Um tecido com listras verticais em verde e branco está sobreposto a uma base de um pequeno espelho com moldura laranja. No tecido, há cinco trechos bordados na vertical com as informações: LEO, 35, 60, 179, EL PYERTO.
El Puerto, de Leonilson, 1992. Bordado sobre tecido de algodão e espelho emoldurado, 16 centímetros por 23 centímetros.

A única coisa que afirma quem sou eu neste trabalho são meus dados aqui bordados. De resto, qualquer um que levantar a cortina pode achar que está se vendo nesse trabalho, e que ele é seu...

LEONILSON apud D‘ÁVILA, Caroline Maria Gurgel. Presente ausência: escrevendo o corpo com Leonilson. Dissertação (Mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes) — Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2014, página 36.

Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

6. Nosso rosto está diretamente associado à nossa identidade, como nas fotografias de documentos, retratos e autorretratos de grandes pintores e fotógrafos. Explique de que maneira podemos identificar o artista retratado na obra e quais sensações ela pode nos passar.

Respostas e comentários

6. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.).

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 2 e 7

Competências específicas de Arte: 1 e 3

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Vida Familiar e Social
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Leia a pergunta de título da seção e deixe que a turma responda livremente antes de dar início à leitura e à interpretação. Em seguida, analise com a turma a fotografia de El Puerto, debatendo sobre o fato de que o artista, que na época passava por problemas de saúde decorrentes de complicações do agá í vê/aidis, deixava mais um trabalho que refletia seus anseios, desejos, dores e sonhos. Promova uma conversa sobre como a iminência da morte pode ter afetado o artista, que deu vazão ao que sentia em sua obra.

Convide um estudante da turma a ler o trecho destacado em voz alta e a discutirem a respeito da ideia de que o espelho da obra pode refletir a imagem do espectador, fazendo com que, de certa fórma, façamos parte da obra.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura, divida a turma em grupos e proponha que realizem a atividade oralmente. Leia o enunciado e peça aos grupos que conversem entre si para chegarem a uma resposta em consenso. Ao final do tempo, promova um compartilhamento de opiniões e debate com relação à obra e à identificação do artista.

Espera-se que os estudantes identifiquem que os dados biográficos do artista, o tecido de sua camisa e o reflexo “escondido” no espelho já revelam quem Leonilson era naquele momento. Provoque-os sobre o motivo de o artista cobrir o espelho que revelaria sua imagem refletida.

A arte ativa nossas memórias?

Em Parede da memória, somos apresentados a fotografias que podem nos fazer relacionar às nossas próprias lembranças e aos retratos de familiares e de pessoas que fazem parte da nossa história. Cada peça quadrada de tecido pode ser vista individual ou coletivamente, conectando indivíduos por um laço afetivo. Rosana Paulino (1967-) buscou referências em retratos de antepassados que foram impressos nos saquinhos, semelhantes a patuás, que são amuletos carregados para proteção. No trabalho, a artista demonstra interesse pela memória, pela representatividade e pelas questões raciais.

Fotografia. Destaque de um painel que apresenta pequenos retratos quadriculados, em sua maioria em preto e branco, com pessoas diversas. Eles estão sobrepostos em tecido e dispostos lado a lado em seis linhas e nove colunas.
Parede da memória, de Rosana Paulino, 1994. Instalação. Microfibra, tecidos, imagem digital sobre papel, linha e aquarela, aproximadamente 8 centímetros por 8 centímetros por 3 centímetros cada elemento, dimensão total variável. (detalhe)

Sempre lidei com linhas e agulhas, desde pequena. Minha mãe foi bordadeira para ajudar nas despesas da casa. Ver as mulheres trocando pontos, conversando, costurando foi algo muito natural para mim reticências Ligar as histórias de pessoas, principalmente mulheres que não são valorizadas, é um modo de sobreviver em um meio que nos tira a humanidade, é falsear o esquecimento. É trazer esta mão negra no que ela tem de mais forte, de criação, é a mão de quem assentou esta terra em diversos sentidos.

CARVALHO, N. dos S.; TVARDOVSKAS, L. S.; FUREGATTI, S. H. Entrevista com Rosana Paulino. Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura, Campinas, São Paulo, volume 26, número 2, 2018, página 151. Disponível em: https://oeds.link/yi6xFx. Acesso em: 13 maio 2022.

Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

7. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (í bê gê É), mais da metade da população brasileira se identifica como parda ou negra. Com base nessa informação, estabeleça relações entre a obra de Rosana Paulino e as questões de identidade racial no Brasil.

Respostas e comentários

7. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Novamente, questione a turma com a pergunta de abertura da página e deixe que os estudantes expressem suas opiniões e pontos de vista. Em seguida, convide-os a analisar os aspectos da obra de Rosana Paulino, Parede da memória.

Pergunte se já viram fotografias antigas como as que aparecem na obra e o que pensam a respeito. Em seguida, faça a leitura do texto e compartilhe com a turma o link do site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística sobre cor e raça. Convide a turma a ler o texto por um breve momento, antes de iniciar a atividade de desenvolvimento. Pode ser interessante debater com os estudantes sobre o conteúdo.

 Para ampliar 

Para iniciar uma discussão sobre questões étnico-raciais, acesse o texto Cor ou raça. Disponível em: https://oeds.link/ogVBbbpopulacao/18319-cor-ou-raca.html. Acesso em: 23 junho 2022.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos e proponha que realizem a atividade oral e coletivamente. Leia o enunciado da pergunta e peça aos estudantes que exponham o que pensam sobre a relação entre a obra e a identidade étnico-racial brasileira. Pode ser interessante deixá-los confortáveis para se autodeclararem em sala de aula, expressando seus pontos de vista e vivências, como uma troca de experiências.

Espera-se que relacionem a obra de Rosana Paulino à busca por referências de memórias pessoais em sua família, além de reconhecer suas origens étnicas e culturais ligadas às questões de identidade étnico-racial na constituição da população brasileira.

Para observar e avaliar

Durante a atividade, observe a interação entre os estudantes e a fórma como se expressam, além de como relacionam suas próprias vivências e experiências com o que foi apresentado pela artista Rosana Paulino em sua obra de arte. Observe também se compreenderam, nessa atividade, a importância da arte para a expressão social. Do contrário, convide-os a pesquisar sobre a importância da artista. Pode ser interessante propor que montem um painel em site, blog ou rede social da turma sobre Rosana Paulino, contendo seus principais trabalhos.

VAMOS FAZER

Memórias afetivas

A investigação das nossas origens passa por nossas experiências de vida, como percebemos o mundo e também nossa família. Além dos nossos parentes, as relações afetivas que estabelecemos constituem uma família.

Com base na obra Parede da memória, da artista Rosana Paulino, a proposta é que a turma crie uma obra que retrate laços de afeto.

Ilustração. Ao centro, vista fragmentada de uma mulher morena de blusa vermelha segurando as duas mãos na altura do peito e com olhos fechados. Ao redor dela, formando um círculo, há  bustos, feitos em linhas pretas e sem colorização, de cinco pessoas de diferentes idades e gêneros. Todas sorriem.

Material

  • Quadrados de tecido de algodão, sem estampa, de até 8 centímetros por 8 centímetros.
  • Cola líquida.
  • Sementes, ervas secas diversas, folhas e algodão.
  • Canetas hidrocor.
  • Fita dupla face.

Como fazer

Etapa 1 – Organização

  1. Cada estudante escolherá até quatro pessoas importantes por quem nutrem um sentimento de amor, carinho, respeito etcétera. Podem ser familiares ou não.
  2. Essas pessoas serão representadas por um saquinho contendo sementes, ervas, folhas e algodão. Para cada pessoa representada serão necessários dois quadrados de tecido. Cada estudante será responsável pelo seu material.

Continua

Respostas e comentários

Como fazer. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.).

(ê éfe seis nove á érre um sete) Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 2, 3 e 6

Competências específicas de Arte: 1, 2 e 4

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Vida Familiar e Social
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Retome o que foi conversado sobre a Parede da memória, de Rosana Paulino, e pergunte aos estudantes o que acharam da obra de arte. Proponha que façam suas próprias paredes de memórias afetivas e leia o texto para que realizem a atividade.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Leia o enunciado com os estudantes, assim como a lista de materiais a serem utilizados e os passos da atividade. Converse com a turma a fim de que todos compreendam as etapas da atividade proposta e oriente-os durante os passos.

Inicialmente, oriente-os com relação aos materiais a serem utilizados e a fórma como poderão simbolizar e retratar as pessoas queridas. Uma palavra ou imagem pode ter um significado simbólico sobre quem se deseja representar. Permita que a turma compartilhe suas memórias livremente, destacando a importância dessas pessoas em suas vidas. Esse trabalho será retomado na seção Vamos Compartilhar, em que a obra será instalada em uma sala de experimentações artísticas e memórias afetivas.

Oriente a turma durante a fase de córtee colagem do material, cuidando da integridade física de todos os envolvidos no processo de aprendizagem e realização da atividade proposta.

Promova uma roda de conversa entre os estudantes para que debatam sobre o processo de criação da parede de memórias e as emoções sentidas.

Continuação

Etapa 2 – Confecção

Ilustração. Quatro crianças com características diversas estão sentadas ao redor de uma mesa quadriculada e realizam em grupo uma atividade com papéis, cola, grãos, lápis coloridos e caneta.
  1. Sobre um quadrado de tecido, cada estudante representará a pessoa querida pelo nome, por uma palavra que defina um sentimento ou por um desenho que a retrate.
  2. Em seguida, passem cola nas três laterais do tecido e unam as duas partes. Assim que secar, preencham o saquinho com ervas e demais itens. Fixem a última lateral com cola. Repitam o processo caso desejem representar mais pessoas.

Etapa 3 – Compartilhamento

  1. O professor definirá um momento para que a turma possa compartilhar suas produções com os colegas.
  2. Formem uma roda e expliquem quem cada saquinho representa, qual importância aquela pessoa tem para você e como ela foi representada – a escolha do desenho ou da palavra, do cheiro etcétera.
  3. Reservem esses trabalhos para uma próxima proposta na qual eles serão compartilhadas em uma exposição.
Respostas e comentários

Para observar e avaliar

Com base na atividade, observe se os estudantes compreenderam do que se trata a Parede da memória, de Rosana Paulino, e as técnicas envolvidas na criação da obra de arte. Além disso, note se colocaram em prática o que aprenderam sobre a fórma como a arte possibilita refletir o interior do artista. Se algum estudante não atingir os objetivos pretendidos, realize o atendimento individualizado.

INSTALAÇÃO

Na Arte Contemporânea, a instalação é um recurso em que o objeto artístico é planejado e organizado para ocupar um local ou ambiente. Os materiais que compõem a obra constroem um cenário que permeia o ambiente, permitindo que o público interaja, observe e se movimente em relação à obra por ângulos variados. Nas instalações, podem ser ocupadas paredes, chão, teto, tornando-se suportes que ampliam a potência espacial da proposta artística.

Fotografia. Uma ampla sala onde há uma instalação composta de barco de madeira inclinado e, sobre ele, 180 mil chaves penduradas por um emaranhado de linhas vermelhas, cuja cor predomina na foto. Do lado direito, uma pessoa observa.
A chave na mão, de Chirráru Chiota. Instalação exibida na 56ª Bienal de Veneza, Itália, 2015.

A artista japonesa Chirráru Chiota (1972-) é conhecida por suas instalações empregando fotografia, vídeo, gravuras, desenhos e objetos que contribuem para investigações sobre memória e identidade. Em A chave na mão, Chirráru traz dois barcos de madeira onde são presas cêrca de 180 mil chaves por um emaranhado de linhas vermelhas, criando uma rede que ocupa o ambiente.

Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. Expliquem de que maneiras pode ser observada pelo espectador a instalação de Chirráru Chiota.
  2. Quais interpretações podemos atribuir à conexão entre as chaves e os barcos em A chave na mão?
Respostas e comentários

1. Espera-se que os estudantes identifiquem que o espectador pode caminhar ao redor da obra, além de observá-la sob o emaranhado de fios.

2. Resposta pessoal. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 6

Competências específicas de Arte: 1 e 2

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Relembre com a turma o que leram sobre a arte de Ernesto Neto e suas instalações feitas de crochê contendo fórmas orgânicas para interação com o público. Pergunte o que lembram desse artista e suas obras, permitindo que retornem ao começo dessa unidade para ler sobre ele.

Em seguida, faça a leitura do texto de maneira compartilhada com os estudantes, analisando os elementos da imagem. Comente que a obra se relaciona com o espaço de modo a ocupar uma área específica, ultrapassando os limites da moldura ou do pedestal.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto e a análise das imagens, convide a turma a realizar a atividade em grupo e oralmente. Nesse caso, leia o texto do enunciado para todos e permita que compartilhem as respostas, corrigindo se necessário.

Na segunda questão, estimule-os a relacionar suas interpretações à memória afetiva e à identidade, atribuindo significados possíveis à chave (objeto que abre e fecha portas), aos barcos (que permitem navegar, viajar) e aos fios (conectores e/ou condutores).

Fotografia. Uma pessoa está parada no interior de uma sala que apresenta o chão em preto e branco com aspecto em perspectiva de profundidade com contornos de múltiplas janelas. As paredes laterais apresentam cor preta e várias janelas arqueadas e com moldura branca, uma ao lado da outra.
abissal, de Regina Silveira, 2010. Vinil adesivo, paredes pintadas e filtros de luz. 10,41 métros por 13,57 métros.
Ilustração. Destaque do projeto de uma instalação. À direita, dois trechos desenhados em perspectiva que apresenta paredes e repetidas reproduções de janelas arqueadas. Ao lado, há uma terceira reprodução do mesmo espaço em perspectiva e com laterais de paredes pretas e janelas com contorno branco e arqueadas e lado a lado.
Projeto gráfico da obra abissal, 2010.

A palavra abissal, em sua concepção, é relativa a abismo e correspondente às profundidades oceânicas ou terrestres. A instalação Abyssal, da artista brasileira Regina Silveira, cria uma ilusão de óptica pelo uso da perspectiva de desenhos matematicamente calculados e instalados sobre o chão. O público é convidado a caminhar pelo espaço e sobre as imagens que distorcem a realidade. Em seus trabalhos, a artista cria projetos que brincam com a percepção do espectador pelo contraste entre luz e sombra e por um jogo de ilusionismo.

reticências eu acho que o que caracteriza meu trabalho é a minha relação com a arquitetura, por exemplo. Que eu tenho revestido muitas vezes com narrativas de imagens com a intenção de modificar a experiência daquele lugar.

NACCA, Giovana. Regina Silveira ainda é o nome do momento. Artequeacontece, 9 março 2022. Disponível em: https://oeds.link/SxeGns. Acesso em: 13 maio 2022.

Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. Observem o projeto de Regina Silveira para a instalação Abyssale expliquem o efeito óptico causado pela sensação de profundidade na superfície plana do chão.
  2. Para ampliar as referências, pesquisem outras instalações em livros ou na internet, anotando nome do artista, nome da obra e como ela ocupa determinado espaço.
Respostas e comentários

3. Espera-se que os estudantes identifiquem que os desenhos das janelas foram alongados para criar a ilusão óptica de profundidade que é percebida de acordo com o ângulo de visão de quem a observa.

4. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Inicie o estudo analisando com a turma os elementos das imagens que contêm a obra abissal, de Regina Silveira. Peça aos estudantes que destaquem os elementos que mais lhes chamam a atenção e, então, faça a leitura do texto de maneira compartilhada. Além disso, destaque o projeto gráfico da obra explicando como o desenho alongado induz à ilusão de óptica experienciada.

Leia também o trecho de Giovana Nacca.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos e solicite que realizem a atividade coletiva e oralmente. Inicialmente, peça-lhes que expliquem o efeito óptico na obra de Regina Silveira. Deixe que a turma dê suas respostas, corrigindo se necessário.

Na segunda atividade, oriente os estudantes durante a fase de pesquisa. Peça que utilizem fontes confiáveis, como sites e livros, e que façam uma apresentação de modo a interpretar e explicar o motivo da escolha da instalação. É interessante pedir a eles que expliquem o significado da instalação e o que sentiram analisando a obra.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes entenderam o que significa uma instalação e como ela se relaciona com tudo o que foi debatido sobre a relação público e arte. Além disso, com base na atividade, é possível observar se compreenderam o conceito de instalação ao realizar pesquisa. Do contrário, convide o estudante que não alcançar os objetivos a realizar uma pesquisa sobre instalações famosas pelo mundo. É interessante que ele apresente seus resultados que podem ser compartilhados em site, blog ou rede social da turma.

ARTE, TECNOLOGIA E INTERATIVIDADE

As novas tecnologias empregadas em propostas artísticas permitem outras fórmas de interação entre o público. Recursos digitais, computadores, telas sensíveis ao toque, softwares, internet, técnicas multimídia etcétera. são ferramentas, materiais e suportes cada vez mais presentes na atualidade e na Arte Contemporânea.

Os artistas da arte digital passam a colaborar com outros profissionais e técnicos, como engenheiros, programadores e animadores. Vídeos e projeções digitais, em duas ou três dimensões, podem proporcionar uma imersão em obras interativas que aguçam o visual, o auditivo e o tátil. Esses recursos não são exclusivos das exposições de arte, sendo utilizados em apresentações teatrais, musicais e de dança.

Fotografia. Plano aberto de uma ampla sala escura com iluminação difusa. As paredes e o chão apresentam iluminação com pontos brilhantes coloridos em tons de rosa, lilás, vermelho e laranja e riscos luminosos brancos sobre fundo azul escuro. Algumas pessoas estão paradas em pé no interior do espaço. No teto, há alguns projetores de luz.
Artes Digitais sendo exibidas no TeamLabBorderless, Museu de Arte Digital Mori, Tóquio. Japão, 2022. É considerado o primeiro museu completamente digital do mundo.
Fotografia. Interior de uma sala com paredes cinzas e quadros expostos com respectivas legendas. Ao centro da sala, um pequeno grupo de crianças e três adultos estão sentados em pufes claros com bases luminosas. Algumas das crianças usam óculos grossos, pretos e ligados por um fio.
Realidade virtual em uma exposição de arte, em Turim. Itália, 2019.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 2

Competências específicas de Arte: 1 e 2

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Ciência e tecnologia

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Comece o estudo analisando com os estudantes a imagem presente na abertura. Pergunte como a arte e a tecnologia se relacionam com o público no que é visto do Museu de Arte Digital Mori, em Tóquio, no Japão. Deixe que respondam e, em seguida, inicie a leitura do texto de maneira compartilhada.

Analise as imagens e prossiga com a leitura do texto, falando sobre o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica e como a obra Into the Wind poderia ser um tipo de instalação que une tecnologia, arte e público.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a análise das fotografias e a leitura do texto, convide os estudantes a se dividirem em duplas para realizar a atividade. Nesse caso, oriente a turma durante a fase de pesquisa, reforçando a importância de utilizarem fontes confiáveis.

Oriente-os também a classificar quais obras utilizam recursos digitais e como a interatividade é acionada com a obra. Ressalte que nem toda obra digital é interativa e que nem toda obra interativa é digital.

Fotografia. Destaque das mãos de pessoas que manipulam objetos geométricos sobre uma superfície redonda circular e luminosa em tom de azul. Na extremidade, há outras peças com formas geométricas e desenhos inscritos na superfície.
A reactable é uma mesa digital que permite a criação de som e música. Objetos geométricos são manipulados e, em contato com a mesa, ativam recursos sonoros que formam desenhos digitais que ilustram som e movimento. Festival Espaço Mídia, stutgart. Alemanha, 2011.

O Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (fáiol) é realizado na América do Sul desde os anos 2000. O evento conta com diversas obras e propostas de artistas nacionais e internacionais que envolvem arte e tecnologia. Em 2019, a instalação interativa Into the Wind era ativada pela interação do espectador. Programas de computador faziam uma leitura da intensidade do sopro dos participantes para criar bolhas de sabão de diversos formatos e tamanhos. Todo o processo e mecanismo para que as bolhas fossem criadas era observado por meio de uma estrutura transparente.

Fotografia. No interior de uma ampla sala, há uma mulher olhando de perto um objeto em forma quadriculada e vazado sobre uma coluna. Ao lado, há um grande objeto quadriculado com lados transparentes e um círculo ao centro de um dos lados; dentro dele, um losango de onde sai uma longa bolha de sabão.
Into the Wind do artista tailandês Witaya Junma. File, na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
Ícone de atividade em dupla.

5. Pesquisem uma obra que utilize recursos digitais e interatividade. Ao compartilharem os resultados com a turma, anotem e classifiquem recursos e tipos de interatividade identificados nas pesquisas.

Respostas e comentários

5. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam como a tecnologia pode estar associada às artes para cumprir a função de arte interativa, estreitando a relação entre público e obra. É interessante observar, com base na atividade proposta, se eles compreenderam os tipos de interatividade identificados e seus recursos. Do contrário, realize o atendimento individualizado.

 Para ampliar 

Assista ao vídeo com demonstração do funcionamento da reactable. Disponível em: https://oeds.link/H4gNFw. Acesso em: 16 agosto 2022.

Arte e acessibilidade

Algumas exposições buscam democratizar o contato do público com a obra por meio de audiodescrições, tradução e escrita em libras, a Língua Brasileira de Sinais. Instituições e artistas têm dado a devida atenção à diversidade de público, especialmente às pessoas com algum tipo de deficiência.

Fotografia. Destaque das mãos de uma pessoa que passa os dedos sobre uma superfície metálica com inscrições em relevo e em braile. Ao lado dessa obra, há outras dispostas lado a lado sobre uma bancada marrom que cruza a imagem na diagonal.
Obra de arte e legenda em Braille no Centro Cultural Banco do Brasil (cê cê bê bê), na cidade de São Paulo. São Paulo, 2019.

Além do Braille, um recurso para os deficientes visuais são os mapas táteis, que permitem que o público perceba como são as fórmas e as figuras em uma pintura ao tocar em um protótipo com relevo. Algumas esculturas também são adaptadas ou criadas para que o toque proporcione aos visitantes uma experiência com as obras.

Fotografia. Destaque das mãos de duas pessoas que passam os dedos sobre um desenho em relevo que retrata a fachada de uma construção repleta de ornamentos.
Exemplo de mapa tátil sendo tocado por um visitante de museu. Os relevos permitem que a obra seja mais bem compreendida pelo espectador com deficiência visual. Rússia, 2018.
Fotografia. Destaque de um homem de cabelos pretos e curtos penteados para frente. Ele é visto de lado, veste camisa azul clara com colete azul escuro e está tateando uma escultura de uma ave com as asas abertas.
Exemplo de obra tátil para deficientes visuais ou não deficientes que permitem uma experiência sensorial e tátil. Rússia, 2017.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

6. Pesquisem exemplos de museus no Brasil e no exterior com obras e propostas adaptadas às pessoas com deficiência.

Respostas e comentários

6. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre um seis) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 3, 5 e 9

Competência específica de Arte: 9

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Ciência e tecnologia

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Novamente, converse com os estudantes sobre como a tecnologia pode ser utilizada não somente para aproximar o público geral da obra, mas também as pessoas com deficiência. Debata com eles o fato de que absolutamente todos os museus de arte são capazes de ter políticas de inclusão, com guias treinados para atender o público com deficiência, por exemplo.

Nesse caso, reforce o fato de que não apenas pessoas com deficiências físicas devem ter acesso a museus ou outros espaços de exposição; existem pessoas com diferentes deficiências, além de algumas com transtornos globais de desenvolvimento (como autismo, altas habilidades e superdotação ou tê dê á agá), que também devem ter recursos de adaptação e inclusão para o acesso a esses espaços.

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Como sugestão, divida a turma em grupos de modo que cada um fique responsável por um tipo de deficiência: motora, auditiva, visual, deficiência mental e transtornos globais de neurodesenvolvimento (autismo, á agá ésse dê e tê dê á agá).

Cada um deverá pesquisar adaptações em museus no Brasil e no exterior com obras adaptadas para pê cê dês. Além da adaptação das obras para pê cê dê, promova uma discussão sobre a acessibilidade das instituições com relação à infraestrutura do espaço, como rampas, sanitários acessíveis, elevadores adaptados, altura acessível das obras, entre outras questões.

Som, uma coreografia para surdos é a proposta interativa da artista, dançarina e cineasta carioca Clara Kutner (1976-). O projeto – que contou com a parceria de diversos profissionais, incluindo bailarinos surdos e artistas da música – consiste em uma tecnologia interativa e inclusiva que permite que pessoas surdas também possam ter uma experiência com a música. Sobre uma plataforma de madeira, o público sente os estímulos vibratórios dos sons graves da música flamenca enquanto assiste, em vídeo, a uma coreografia de um bailarino surdo que também acompanhou as vibrações para dançar.

A música flamenca, assim como a dança, é muito percussiva. Escolhi esse ritmo pela minha experiência profissional. Eu estou muito feliz em ver esse projeto pronto e receber o feedback das pessoas surdas. É uma experiência para todos. Poder estabelecer essa comunicação com a cultura surda, através do som e das vibrações, é gratificante.

TOLIPAN, Heloisa. Unindo arte e acessibilidade, Clara Kutner estreia o projeto “Som, uma coreografia para surdos” na mostra ArtSonica. Heloisa Tolipan/Arte e Literatura, 10 agosto. 2013. Disponível em: https://oeds.link/xnMLW6. Acesso em: 13 maio 2022.

Fotografia. Destaque de duas pessoas, um homem e uma mulher, vistas do tronco para cima e posicionados lado a lado. À esquerda, o homem veste blusa cinza, tem cabelos pretos crespos e armado, barba rala e lábios cerrados; está com a palma da mão esquerda virada para cima e a mão direita estendida para a frente. À direita, a mulher veste blusa de mangas compridas sobre uma blusa sem mangas, ambas pretas. Ela está os lábios entreabertos, o rosto inclinado para o lado e o braço direito erguido para cima e segurando um leque preto aberto.
Still do vídeo que integra a obra Som, uma coreografia para surdos, de Clara Kutner, 2019.
Ícone de atividade em grupo.

7. Com a orientação do professor, façam os experimentos em sala de aula. Experimento 1: Todos deverão ouvir músicas que destaquem os instrumentos percussivos. O objetivo é que a vibração sonora possa ser sentida. Para isso, tentem focar ao máximo nas sensações causadas pelas vibrações do som. Experimento 2: O professor combinará com a turma para que levem uma pequena escultura de casa. Pode ser um objeto de decoração ou mesmo um brinquedo. Com os estudantes de olhos vendados, esses objetos passarão de mão em mão. A ideia é que todos tentem, ao final, descobrir quais objetos tatearam. Ao final, compartilhem as impressões das experiências.

Respostas e comentários

7. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Prossiga com a análise sobre o tema da adaptação da arte para pessoas com deficiência e realize a leitura do texto de maneira compartilhada, conversando com os estudantes sobre a proposta interativa de Som, uma coreografia para surdos. Pode ser interessante compartilhar o link presente na seção Para ampliar, a seguir.

Descreva os elementos visuais e converse com os estudantes sobre as adaptações realizadas para pessoas surdas.

 Para ampliar 

Para saber mais, acesse o site do ArtSonica Residência, que explora as relações entre arte e tecnologia. Disponível em: https://oeds.link/aRXLto. Acesso em: 23 junho 2022.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Organize a turma em uma roda e providencie, para o experimento 1, uma caixa de som ou fone de ouvido e uma venda, além dos objetos trazidos pelos estudantes para o experimento tátil 2.

No primeiro experimento, permita que todos possam compartilhar o fone e que permaneçam de olhos fechados para haver maior concentração no que ouvem. Já no segundo experimento, solicite que usem vendas ou combine que permaneçam de olhos fechados. Passe a caixa com objetos pelos estudantes para realizar a atividade.

Ao final, promova uma roda de conversa para que troquem experiências e impressões.

Para observar e avaliar

Observe, durante a atividade promovida, a integração e o desenvolvimento da avaliação e do pensamento crítico dos estudantes. É interessante avaliar se eles compreenderam o papel da adaptação na arte e a fórmacomo as pessoas com deficiência podem – e devem – ser incluídas no processo artístico, assim como na interação obra-público. É interessante também avaliar se compreenderam que as adaptações e os processos de inclusão muitas vezes vão além do que pensamos inicialmente, como somente rampas ou adaptações de fones de ouvido. Solicite ao estudante que não alcançar os objetivos que reúna o que foi pesquisado anteriormente pelos grupos sobre a adaptação dos museus no Brasil e crie um painel, como um infográfico, com as informações em síntese. O material poderá ser disponibilizado e divulgado em site, blog ou rede social da turma.

Performance

Como linguagem, a performance investiga os modos de agir do ser humano em sociedade, como nos comunicamos, nos expressamos e até como usamos a mecânica do corpo para realizar ações banais no cotidiano. Na Arte Contemporânea, a performance é uma proposta artística que busca desnaturalizar esses gestos habituais da rotina, a fim de que ganhem novos significados e alcancem uma dimensão poética e crítica.

Fotografia em preto e branco. Sequência de nove quadros distribuídos em três linhas e três colunas mostrando retratos de uma mulher de cabelo curto escuro penteado para o lado. Ela escova os dentes em todos os quadros, mas cada um deles há mais e mais espumas que progressivamente cobrem o corpo da mulher até ela ficar, no último quadro, totalmente coberta pela substância branca.
Em Homenagem a djórdji sígâl, a artista Lenora de Barros realiza o que ela chama de "performances fotográficas", sequências de registros em fotos de uma ação performática, 1990.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.

8. A brasileira Lenora de Barros (1953-) usa fotografia e vídeo como registro para suas ações performáticas. Expliquem de que maneira a artista aciona o gestual do cotidiano para criar uma proposta que alcance novos significados e interpretações.

A performance utiliza-se do corpo como suporte para a arte, como objeto de arte e como procedimento para fazer arte. Nela, não cabe a definição de personagem, uma vez que o artista propositor não interpreta, e, sim, usa seu próprio corpo para ser agente de uma ação. Também não há uma narrativa ou história a ser contada. O artista-performer cria e vive um programa, um roteiro, com ou sem a participação do público.

Respostas e comentários

8. Espera-se que os estudantes identifiquem que a artista explora o movimento mecânico de escovar os dentes para criar novas possiblidades artísticas do corpo como suporte, transformando-se em uma espécie de escultura na sequência das fotos.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 2

Competências específicas de Arte: 1 e 2

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma, explicando que, no início do século vinte, quando a arte passou a provocar o espectador a se relacionar com o objeto artístico de modo novo, rompendo com tradições da história da arte, a performance surge como prática artística.

A partir das décadas de 1960 e 1970, foram retomados aspectos dos experimentos realizados pelas vanguardas europeias, em razão de modificações no contexto social, que pediam soluções artísticas compatíveis com as alterações da percepção do espectador. Na arte contemporânea, o objeto artístico requer a colaboração do espectador para realizar-se como obra – não é mais concebido como algo pronto, acabado e fechado para a interpretação. Assim, a performance ultrapassa as fronteiras de diversas linguagens artísticas.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Analise a fotografia, debatendo com os estudantes os aspectos que cercam os elementos visuais da obra de Lenora de Barros. Se possível, apresente algumas esculturas do artista estadunidense George Segal (1924-2000), artista homenageado na obra da artista.

Em seguida, divida a turma em grupos e proponha que realizem a atividade oral e coletivamente.

A performer sérvia Marina Abramović (1946-) fez da performance um experimento constante, um espaço de investigação dos limites e das possibilidades do corpo. Em Energia de repouso, de 1980, Abramović e o artista Úlai (1943-2020) distendem ao máximo um arco com uma flecha. Porém, em função do equilíbrio dinâmico dos corpos dos performers, esse disparo é anulado.

Na performance A artista está presente, Abramović ficava sentada por várias horas em uma cadeira, à espera do público. Uma pessoa de cada vez podia se sentar em frente à artista para que houvesse algum tipo de contato, sem palavras e a certa distância. Em seguida, a performer abaixava os olhos e era a vez de outra pessoa do público sentar-se diante dela.

Fotografia em preto e branco. Um homem e uma mulher estão em pé e parados frente a frente, olhando um nos olhos do outro. Ambos vestem camisa clara e sapatos pretos, mas a mulher usa saia preta e o homem calça de mesma cor. A mulher segura a base de um arco e está o com o corpo inclinado para trás e o homem segura a flecha presa ao arco e também inclina o corpo para trás.
Energia de repouso, performance de Marina Abramović, 1980.
Fotografia. Em uma ampla sala, duas mulheres estão frente a frente sentadas diante de uma mesa. Os móveis são de madeira marrom. A mulher à esquerda veste um longo vestido vermelho; à da direita, usa um traje formal preto. Ao fundo, diante de uma parede acinzentada, há uma pessoa agachada e fotografando as mulheres.
A artista está presente, performance de Marina Abramović realizada na retrospectiva de sua carreira no Môma, Nova iórque. Estados Unidos, 2010.
Ícone de atividade em dupla.

9. Em A artista está presente, as ações da artista e do público foram resumidas à comunicação visual. Sob orientação do professor, experimentem reproduzir a mesma performance em duplas.

Respostas e comentários

9. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Prossiga com o estudo sobre as performances e convide os estudantes a lerem de maneira compartilhada o texto. Debata sobre a obra de Abramović e explique à turma que nessa performance vemos a identidade dos artistas que, na época, eram casados e retratavam, em impactantes performances, seus conflitos diante do público.

Analise as fotografias e peça aos estudantes que expressem os sentimentos envolvidos quando observam as obras. Deixe que a turma debata livremente.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em duplas e proponha que realizem a atividade. Para tal, faça a mediação desse exercício prático em um ambiente silencioso e tranquilo.

Informe que a comunicação verbal não faz parte desse momento. Observe as reações de cada um. Promova uma conversa sobre as sensações da experiência.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam o que significam as performances e como elas podem, ou não, atuar para promover a interação com o público. Nesse caso, é interessante avaliar se eles entenderam que a performance é apenas mais uma fórma de interação obra-público, além de ser um modo de gerar estranhamento, desconforto, identificação ou apenas expressão da identidade do artista – como já debatido anteriormente. Do contrário, solicite que realizem uma pesquisa sobre performances marcantes na cena artística brasileira. Peça-lhes que façam um infográfico ou painel contendo seus resultados de maneira sintetizada. Sugira que compartilhem o material em site, blog ou rede social da turma.

 Para ampliar 

Assista ao vídeo com registro da performance A artista está presente, no Môma. Disponível em: https://oeds.link/cqQL55. Acesso em: 16 agosto 2022.

Happening

O happening é uma fórma de Arte Contemporânea que combina elementos de várias linguagens artísticas, especialmente a do teatro, porém com a participação do espectador na proposta do artista. Não se trata de um espetáculo nem de uma representação; é um acontecimento real, passageiro, que só acontece de determinada fórma uma vez. Mesmo que seja reproduzido, os participantes poderão reagir de outro modo, e o evento terá um desdobramento diferente.

O termo happening foi criado no fim dos anos 1950 pelo artista visual e performer estadunidense Álan Cáprou (1927-2006). Fluidos, seu happening realizado em 1967, consistia em construir muros com blocos de gelo. Moradores voluntários da Califórnia, Estados Unidos, levantaram uma enorme estrutura deixada para que a ação do tempo e do estado próprio do material fizesse com que tudo acabasse ao derreter. Esse “acontecimento” nos põe em reflexão sobre a permanência do objeto da arte, além do empenho de fôrça, energia e tempo para construir algo sem o objetivo de trazer qualquer benefício, resultado concreto ou lucro.

Fotografia. Plano aberto de uma área externa onde um grupo de pessoas trabalha em conjunto numa composição de blocos grandes de gelo formando um grande retângulo com o interior vazado. Ao fundo, o horizonte com pôr do sol e árvores.
Fluidos, de Álan Cáprou, Califórnia. Estados Unidos, 1967.
Ícone de atividade em grupo.

10. cáprou detalhava em textos como seriam as etapas para a realização de seus happenings. Elaborem um cartaz com as eta­pas da execução de um happening. Destaquem todos as etapas e os procedimentos e utilizem desenhos e ilustrações, se julgarem necessário.

Respostas e comentários

10. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre zero cinco) Experimentar e analisar diferentes fórmas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etcétera.).

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 2

Competência específica de Arte: 2

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Pergunte se os estudantes já ouviram falar em happening e, depois que responderem, faça a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma. Realize a análise dos elementos da imagem.

Converse sobre a arte de Álan Cáproue explique que, em alguns de seus happenings, ele se inspirou em atividades rotineiras. Preparava, com outros participantes, ações para serem realizadas em contextos diferentes daqueles do cotidiano, o que possibilitaria novas percepções por parte do público.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Converse com a turma sobre o que pensaram sobre o happening e deixe que respondam livremente. Em seguida, proponha que realizem a atividade e divida a turma em grupos.

Leia o enunciado de modo que todos entendam o que deverá ser feito e deixe que criem livremente suas propostas, estimulando a criatividade a partir de ações cotidianas que possam ser incorporadas aos happenings. Instigue os grupos a pensarem em ações realizadas no dia a dia, como escovar os dentes, escrever, caminhar etcétera. Partindo do conjunto de movimentos envolvidos nessas ações, desafie-os a pensarem como isso seria descrito na proposta de um happening coletivo.

VAMOS CONHECER MAIS

Performance ou happening? Flávio de Carvalho

Flávio de Carvalho (1899-1973) é considerado, por alguns estudiosos, o precursor da performance e do happening no Brasil. O artista usou o próprio corpo como suporte para ações artísticas, partindo de elementos da vida cotidiana, criando propostas artísticas provocativas de grande repercussão.

Em 1956, em São Paulo, o artista realizou Experiência nº 3, que consistia em uma passeata nas ruas onde desfilou vestindo saia e blusa de mangas curtas e bufantes – uma crítica ao vestuário de modelo europeu adotado, na época, em países de clima tropical, como o Brasil. A ideia era, além de provocar, propor um novo modelo de roupas masculinas à frente daquele tempo.

Fotografia em preto e branco. Vista de baixo para cima de um grupo de homens que caminha em uma via pública cercada por prédios. A maioria está de terno e gravata mas, ao centro, em destaque, um senhor de camisa fina com listras verticais, saia curta clara e tênis.
Experiência nº 3, Flávio de Carvalho andando com seu traje pelas ruas da cidade de São Paulo acompanhado pela multidão. São Paulo, 1956.
Ícone de atividade em grupo.
Ícone de atividade oral.
  1. Por que em Experiência nº 3, de Flávio de Carvalho, as definições entre performance e happening se confundem?
  2. Façam uma análise da fotografia e compare os trajes dos transeuntes com o de Flávio de Carvalho. Em seguida, discutam como essa performance/happening promove uma discussão sobre como o que vestimos define e limita a maneira como podemos nos expressar.
Respostas e comentários

1. e 2. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 6

Competências específicas de Arte: 1 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma, comentando sobre o trabalho de Flávio de Carvalho, um artista que, segundo muitos, foi precursor do happening no Brasil.

Pergunte aos estudantes se já viram algo semelhante na mídia e como pensam que isso se daria: qual seria a reação das pessoas, de maneira geral? Deixe que a turma responda.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após o debate, divida a turma em grupos e proponha que realizem as atividades. Na primeira, espera-se que tenham compreendido o conceito de performance, happening, e que os limites entre os dois gêneros artísticos podem se confundir. Na performance, o artista usa o próprio corpo para promover uma ação, com ou sem a participação do público. No happening, o artista-propositor pode ou não estar presente e a ação é única, podendo ser reproduzida, mas com resultados diferentes.

Faça a mediação dessa discussão destacando o tipo de vestimenta da época, na década de 1950. Na foto, é possível ver homens usando terno, gravata e sapatos sociais no dia a dia. Flávio de Carvalho faz uma crítica ao uso desses trajes em um país tropical e propõe uma vestimenta mais confortável, além de discutir a divisão entre roupas femininas e masculinas.

Em seguida, convide-os para uma performance de happening – proponha que a turma combine de ir à escola usando um acessório que destoe muito do convencional. Pode ser um chapéu, um grande colar, luvas, um sapato social. Os estudantes deverão permanecer com esses acessórios até o fim do dia na escola. Na aula seguinte, você conduzirá uma conversa sobre como foram as reações dos outros estudantes da escola ao verem os colegas usando acessórios fórado contexto social estabelecido.

Para observar e avaliar

Observe os estudantes durante a atividade e a proposta de happening. Nesse caso, note se compreenderam o significado de happening e sua importância para a construção artística, bem como do processo artístico como fórma de causar uma ruptura no cotidiano. Do contrário, realize o atendimento individualizado.

ATORES E ESPECTADORES EM CENA

As inovações e o rompimento com o tradicional também marcam o teatro na contemporaneidade. Apresentações em diferentes espaços extrapolam a delimitação entre artista e público, como as realizadas em espaços abertos ou fóra dos palcos tradicionais. Também são bastante comuns outros formatos mais intimistas e com a participação do espectador.

Fotografia. Interior de uma sala escura com pontos de luzes espalhados no teto. No ambiente, há uma roda de pessoas sentadas e observando ao centro um pequeno grupo de atores que manipula papéis entre estruturas de madeira com retratos expostos.
Naquele instante, peça em que os atores se comunicam diretamente com o público compartilhando histórias e memórias. Companhia Código de Artes Cênicas, Japeri. Rio de Janeiro, 2016.

Naquele instante, da Companhia Código de Artes Cênicas de Japeri, do Rio de Janeiro, é um exemplo de peça que o público participa do andamento da narrativa posta em cena. Com um público reduzido e ao redor de um pequeno espaço reservado para o palco, os atores compartilham memórias da adolescência e da infância. A prática é resultado de técnicas em que as experiências biográficas dos atores são materiais para criação.

Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre dois quatro) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro.

(ê éfe seis nove á érre dois cinco) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

(ê éfe seis nove á érre dois sete) Pesquisar e criar fórmas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 2 e 3

Competências específicas de Arte: 4, 7 e 8

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Vida Familiar e Social
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Retome o que já foi conversado sobre a relação dos espectadores com uma apresentação teatral, por exemplo. Pergunte aos estudantes o que já conversaram sobre o tema e convide-os a ler o texto de maneira compartilhada.

 Para ampliar 

Conheça mais da peça Naquele instante acessando a matéria indicada a seguir:

Peça “Naquele instante” é baseada nas memórias reais dos atores em cena. Disponível em: https://oeds.link/zrmBX9. Acesso em: 5 maio 2022.

Público atuante no teatro de Augusto Boal

Como dramaturgo e diretor teatral nas décadas de 1950 e 1960 no Brasil, Augusto Boal (1931-2009) buscava um teatro de denúncia social, discutindo questões próprias da cultura brasileira. Espect-ator é um neologismo criado por Boal para definir aquele espectador que deixa de ser passivo e pode se tornar um investigador ativo dos problemas dramatizados em cena.

O espect-ator é convidado a entrar em cena, intervindo nas ações da narrativa para propor alternativas que solucionem determinado conflito. Boal acreditava que essa prática era uma experiência para que o ser humano deixasse de ser espectador na vida e passasse a ser um agente de transformação, um ator do próprio espetáculo. Boal também desenvolveu uma diversidade de técnicas e ações dramáticas, sendo uma delas o Teatro-Jornal.

Fotografia em preto e branco. Um homem de cabelos volumosos escuros e na altura do ombro está parado de pé, gesticulando com as mãos abertas na altura dos ombros e os lábios abertos. Ele veste uma camisa xadrez em tons claros e um relógio preto no braço esquerdo. Ao redor, pessoas o observam.
Augusto Boal, São Paulo. São Paulo, 1981.
Ícone de atividade em grupo.

Fazendo leitura cruzada

Com base na proposta de Boal, a turma se reunirá em grupos para realizar um exercício teatral chamado leitura cruzada.

Como fazer

  1. Cada grupo pesquisará a mesma notícia em jornais ou na internet. É necessário que duas fontes sejam escolhidas para que haja cruzamento entre mais de um ponto de vista sobre o mesmo acontecimento.
  2. Cada grupo improvisa duas cenas, dramatizando as informações das duas fontes das notícias.
  3. Enquanto um grupo se apresenta, os demais assistem e participam como espect-atores ao serem convidados a dar os próprios pontos de vista sobre os fatos apresentados e encenados.
  4. Ao final de todas as apresentações, compartilhem as impressões com a turma, dando destaque para as diferentes opiniões que o público desenvolveu.
Respostas e comentários

Como fazer. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Faça a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma. Nesse caso, converse sobre o papel de Augusto Boal e seu neologismo, espect-ator, que define o espectador ativo na cena.

Pergunte se os estudantes gostariam de participar de algo do tipo e deixe que a turma responda livremente.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Divida a turma em grupos e solicite que realizem a atividade.

Faça a mediação das apresentações dos espect-atores com o público, incentivando com perguntas abertas sobre os dois pontos de vista das cenas. Incentive-os a realizar uma leitura dramática das notícias, caso haja resistência para uma encenação.

Para observar e avaliar

Observe, durante a atividade, se os estudantes compreenderam o conceito envolvido no espect-ator de Augusto Boal. É interessante avaliar se a turma compreendeu o papel desse tipo de proposta e como ela pode aproximar o público da cena, de modo geral. Caso contrário, proponha à turma que se divida em grupos para que os estudantes se auxiliem no processo de aprendizado e troquem informações.

DANÇA CONTEMPORÂNEA

Desde a década de 1960, após as mudanças ocorridas na arte pelo impacto dos movimentos de vanguarda e modernistas, a dança, assim como outras linguagens artísticas, também foi desenvolvendo e ampliando as possibilidades da expressão pelo corpo. Explorando peso, fluxo, níveis espaciais e os diferentes tempos no ritmo, os artistas propuseram outras maneiras de se relacionar com o próprio corpo e com o público pela experiência e pela expressão de sentimentos traduzidos na dança. A investigação do gesto e do movimento expressivo, o caráter experimental e o distanciamento de técnicas rígidas marcam a dança contemporânea, que pode se mesclar a outras linguagens, como o teatro e as artes visuais.

Fotografia. Destaque de um palco onde há um grupo de nove pessoas com figurinos tribais semelhantes, com rosto pintado, faixas cruzadas no peito, saia de tecido com palhas e mesmo material preso aos tornozelos. Essas pessoas formam  três fileiras compostas por três pessoas uma apoiada com os pés nos troncos da outra. A fileira ao centro apresenta uma pessoa de ponta cabeça no topo. Ao fundo, há uma estrutura amarelada e, ao centro dela, uma entrada circular vermelha com desenhos geométricos em preto e  branco.
A companhia Georges Momboye, em Paris, França, foi criada em 1992 e mescla influências da dança clássica, contemporânea, de danças africanas, entre outros estilos. Alemanha, 2005.
Fotografia. Ambiente com pouca iluminação onde um grupo de pessoas apresenta-se em um palco. Os homens usam calças pretas e blusas pretas ou brancas; as mulheres vestem vestidos em tons de rosa e verde. Ao centro, há uma grande estrutura de formato irregular sobre a qual algumas pessoas estão paradas. Ao lado, no chão, outro grupo faz passos de balé.
Espetáculo de dança contemporânea Tatyana, da Companhia de Dança Deborah Colker. Teatro Castro Alves, Salvador. Bahia, 2013.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre um dois) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.

(ê éfe seis nove á érre um três) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo.

(ê éfe seis nove á érre um cinco) Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1 e 2

Competências específicas de Arte: 6 e 9

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Realize a leitura do texto de maneira compartilhada com a turma, apresentando os elementos. Pergunte se os estudantes já ouviram falar ou já viram alguma apresentação de dança contemporânea. Nesse caso, permita que pesquisem na internet algumas apresentações. Deixe que compartilhem os resultados entre si.

Prossiga a leitura conversando sobre como o gesto, o movimento e a expressividade fazem parte da dança contemporânea.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Proponha a realização da atividade, orientando a turma durante a fase de pesquisa. Incentive os estudantes a pesquisarem em sites e livros confiáveis, bem como a citarem as referências bibliográficas ao final de suas apresentações.

Incentive a turma a realizar a prática apenas como um exercício. Para os desenhos, diga que não há o compromisso com os detalhes, e sim com o registro do movimento e das articulações do corpo.

A bailarina, coreógrafa e professora Angel Vianna (1928-) é referência na dança moderna e contemporânea no Brasil. Angel desenvolveu métodos para a conscientização do movimento, entre outras práticas e técnicas que buscavam o respeito à individualidade corporal de cada indivíduo.

Fotografia. Vista da cintura para cima de uma senhora de cabelo grisalho ondulado, nariz comprido, sobrancelhas finas e lábios bem vermelhos. Ela veste roupa vermelha com lenço de mesma cor e estampa florida e faz uma pose com as costas eretas, o braço esquerdo cruzando o corpo para a direita e o braço direito estendido para o alto, acima da cabeça.
Angel Vianna no espetáculo solo Amanhã é outro dia!, com coreografia de sua autoria e direção de Norberto Presta, 2018.
Pesquisem em sites, vídeos com apresentações de dança dos artistas citados no texto. Como exercício prático, improvisem movimentos com base no que foi descrito. Registrem com fotos ou desenhos os movimentos de outro colega e compartilhem as impressões dos resultados.
Respostas e comentários

Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam o papel da dança contemporânea dentro do cenário da arte performática e fóra do cotidiano. É interessante avaliar, com base na atividade proposta, se compreenderam como a dança se dá por meio dos movimentos descritos e como estes podem ser livres, para retratar a arte e a expressão corporal. Caso algum estudante não atinja os objetivos, proponha que busque na internet uma apresentação de dança contemporânea que ache interessante e teça comentários sobre como são os movimentos e a coreografia dos bailarinos.

Fotografia em preto e branco. Em um ambiente claro, um homem sem camisa e calça estampada segura uma mulher com um dos braços. Ela veste figurino também estampado e está com o corpo horizontalizado no ar, na altura da cintura do rapaz.
Trícha Bráun e Stiven Petronio em Set and Reset, 1985.

Entre os grandes nomes que contribuíram para a cena da dança contemporânea está a estadunidense Trisha bróun (1936-2017). A coreógrafa e bailarina iniciou no balé clássico e logo se interessou por desenvolver a própria expressão na dança, distanciando-se dos padrões técnicos clássicos e modernos.

Em It's a Drawn, uma série de apresentações iniciada em 1999, Trisha bróun usava o corpo como ferramenta para o desenho, imprimindo sobre o papel as marcas expressivas dos seus movimentos. O giz traçava os rastros e vestígios do seu corpo que dançava e se movimentava em saltos, giros e coreografias espontâneas.

Trisha se dedicou ao uso da improvisação, incorporou movimentos cotidianos à dança, usou a fala e a voz para a composição de suas propostas, além de sair dos espaços habituais das apresentações para ocupar locais públicos e urbanos.

Pintura. Destaque de um fundo branco sobre o qual há um emaranhado de linhas finas curvas e irregulares em cor escura.
Sem título, desenho de Trícha Bráun, da série It's a Drawn, 2002.
Respostas e comentários

HABILIDADE

(ê éfe seis nove á érre um dois) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 5 e 10

Competência específica de Arte: 8

Tema Contemporâneo Transversal

Diversidade cultural

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Converse com os estudantes a respeito da performance It's a Drawn, de Trícha Brown. Essa proposta artística não se limita somente à linguagem da dança, já que os gestos do corpo de Trisha deixam marcas sobre a superfície do papel como um registro de seus movimentos.

Peça que os estudantes façam uma análise do desenho resultante dessa performance e que tentem imaginar que tipo de gestos geraram esse registro gráfico – se eram rápidos, lentos, intensos, suaves, ritmados etcétera.

Se possível, promova um exercício em que os estudantes possam dançar próximos ao chão, explorando o plano baixo. O ideal é que possam estar em um ambiente espaçoso da escola. Disponibilize giz de lousa para cada um para que registrem livremente o gesto no chão, ou mesmo sobre um papel de maiores dimensões.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Após a leitura do texto, convide os estudantes a pesquisarem sobre outras propostas compostas por várias linguagens artísticas. Sugira, por exemplo, clipes musicais.

Antes da atividade, discuta as propostas do texto, investigando mais a fundo a fórma como as linguagens são incorporadas em cada uma delas. Permita que identifiquem as linguagens, mas que compreendam o conjunto da obra como algo mais complexo para ser definido.

Ao final, proponha que apresentem para a turma as propostas encontradas, explicando seus significados e o motivo para terem sido escolhidas. Pode ser interessante conversar com a turma sobre a realização de um painel contendo essas informações e a divulgação em site, blog ou rede social da turma.

PROPOSTAS ARTÍSTICAS HÍBRIDAS

Fotografia em preto e branco. Um grupo de atores em pé vestindo figurinos diversos. Entre eles, há vestidos rodados com comprimento firme em formato de disco, calça volumosa bicolor, calça com listras horizontais e camisa com franjas longas.
Figurinos de Óscar Chilêmer para Balé Triádico, no teatro Metropol em Berlim. Alemanha, 1926.
Ilustração. Cartela com conjunto de retângulos que emolduram diferentes figurinos, como vestidos rodados com comprimento firme em formato de disco, calça volumosa bicolor, calça com listras horizontais e camisa com franjas longas, entre outros. A maioria dos figurinos está colorizada com diferentes cores. Ao centro da cartela, está escrito: DAS TRIADISCHE BALLET.
Desenhos dos figurinos do Balé Triádico, 1926.

Óscar Chilêmer (1888-1943) foi um professor de teatro da Bauhaus, escola de artes fundada em 1919, na Alemanha. Idealizou em 1926 o Balé Triádico, espetáculo em que bailarinos usavam figurinos geométricos, com estética construtivista, para performar danças estilizadas. A proposta era uma junção de teatro, dança, música e artes visuais.

Na contemporaneidade, também é recorrente que as linguagens artísticas sejam fluidas e se inter-relacionem de maneira híbridaglossário .

Ícone de atividade em grupo.
Pesquisem, na internet ou em livros, outras propostas compostas de várias linguagens artísticas ao mesmo tempo. Ao final, compartilhem com os colegas os resultados e discutam sobre as possibilidades que se ampliam nessas combinações.
Respostas e comentários

Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Continue na análise da dança contemporânea e comente sobre o Balé Triádico. Pergunte se os estudantes já ouviram falar sobre esse tipo de balé e realize a análise das fotografias.

Comente que ele foi planejado para três pessoas, dois bailarinos e uma bailarina, sendo também dividido em três atos. São 12 danças e 18 figurinos, números múltiplos de três. Há também várias tríades, como fórma, cor e espaço; altura, profundidade e largura; esfera, quadrado e triângulo; e magenta (rosa), ciano (escurecido, que se torna o preto) e amarelo. Os três atos que formam o espetáculo são compostos por cenas de dança estilizadas realizadas sob três fundos que marcam cada ato e transformam o humor da dança.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam que a arte pode ser composta de várias linguagens artísticas ao mesmo tempo, de modo a passar a mensagem que o artista idealizou. É interessante avaliar, com base na atividade feita, se contextualizaram e colocaram em prática o que foi aprendido de maneira teórica ao realizar as análises. Da mesma fórma, note se a turma trabalhou habilidades de pesquisa e análise crítica do conteúdo artístico, de modo a selecionar o que cabia dentro da questão. Do contrário, proponha que se dividam em grupos, de modo que se auxiliem no processo de aprendizado.

eu APRENDI

Faça as atividades desta seção no caderno.

  1. Na Arte Contemporânea e Conceitual, os artistas recorrem à diversidade de materiais para a produção de suas obras. Com base no que você aprendeu nesta unidade, descreva:
    1. materiais e suportes comuns na arte;
    2. diferentes tipos de material e suporte utilizados na Arte Contemporânea.
  2. Analise as informações a respeito da música e da poesia concreta.
    1. Sons e ruídos ao nosso redor podem ser material para a criação da música concreta.
    2. É considerado poeta concreto aquele que valoriza o pensamento racional.
    3. A música concreta é aquela percebida pelos fenômenos da natureza e que são captados por fitas magnéticas.
    4. O poema concreto desconstrói a fórma tradicional do verso.
    1. Somente dois está correta.
    2. Somente um e três estão corretas.
    3. Somente dois e quatro estão corretas.
  3. Lygia Clark e Hélio Oiticica foram importantes artistas do movimento Neoconcreto. Explique quais as semelhanças entre eles.
  4. Analise as alternativas. Identifique aquelas com informações falsas e reescreve-as no caderno.
    1. A performance utiliza-se do corpo como suporte para a arte.
    2. No Brasil, todos os espaços expositivos da arte estão acessíveis para o público que apresenta alguma deficiência.
    3. É comum o uso de recursos digitais e tecnológicos em obras interativas.
    4. Na performance e no happening pode haver participação do público.
    5. Na Arte Contemporânea, os artistas abordam diversas temáticas.
Respostas e comentários

1. a) Na pintura: tintas, pincéis, telas. Na escultura: pedra, madeira, gesso, pedestal etcétera.

1. b) Materiais industrializados de metal, plástico, resina etcétera. Os suportes também são variados, desde a parede e o chão até o digital.

2. Resposta: item c)

3. Lygia e Hélio criaram propostas artísticas que visavam à participação do espectador e à ativação dos sentidos. Em Bichos, Lygia convidava o espectador a manipular esculturas com chapas móveis de metal. Com os parangolés, Hélio propunha que o público dançasse com a vestimenta para que a obra fosse ativada.

4. Respostas: itens b); d); e).

5. No teatro de bréche, o público é um observador que se posiciona de maneira ativa frente à cena e aos atores, estando consciente de que o teatro é apenas uma representação da realidade. Para Boal, o espectador passa a ser um espec-ator e é convidado a entrar em cena, intervindo nas ações da narrativa para propor alternativas que solucionem determinado conflito.

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmasdistintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três três) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etcétera.).

(ê éfe seis nove á érre três quatro) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competências gerais: 1, 3 e 6

Competências específicas de Arte: 1, 2, 6 e 7

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Vida Familiar e Social
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Na primeira atividade, o estudante será cobrado quanto aos conceitos envolvidos na arte contemporânea e na sua criação: materiais e suportes geralmente presentes na arte, em relação aos materiais e suportes presentes na arte contemporânea.

Na segunda é preciso que o estudante se lembre do que foi aprendido com relação à música e à poesia concretas.

A terceira atividade exige que o estudante se lembre do que já foi aprendido com relação às obras de Lygia Clark, Hélio Oiticica, e como elas têm semelhanças e diferenças.

A quarta atividade cobra do estudante diversos aprendizados diferentes da unidade, de modo que relembre as principais características e pontos estudados sobre performances, usos de recursos tecnológicos, arte contemporânea e happening.

  1. O alemão bértoldbréche e o brasileiro Augusto Boal foram importantes nomes do teatro, cada qual em seu contexto e época. Em ambos, a posição ativa e crítica do público é fundamental. Explique a relação do espectador com a obra de ambos os artistas.
  2. Transcreva a alternativa com os artistas de referência na dança contemporânea.
    1. Angel Vianna e Trícha Bráun.
    2. Trícha Brown e Marina Abramović.
    3. Regina Silveira e Djéksôn Póloqui.
    4. Angel Vianna e Flávio de Carvalho.
  3. A obra retratada na imagem foi planejada e organizada para um ambiente. Diferentemente de um quadro sobre a parede, ela se relaciona com o espaço de modo a ocupar uma área específica. Cite a alternativa que corresponde a obra retratada.
    1. Happening.
    2. Bólide.
    3. Instalação.
    4. Ready-made.
Fotografia. Interior de uma estufa que apresenta mudas plantadas em longos canos avermelhados e colocados na horizontal e em diferentes níveis. Essas mudas aparecem nos cantos e ao fundo.
Insurgencias botanicas: Phaseolus Lunatus, de Ximena Garrido-Lecca, na 34ª Bienal de São Paulo. São Paulo, 2021. 

8. Observe as duas manifestações artísticas propostas nas imagens e descreva o que se pede.

Fotografia. Durante a noite, em ambiente aberto, um grupo de pessoas está ao redor de um grande cubo composto por painéis com imagens luminosas.
Exposição organizada em parque na cidade de Atenas. Grécia, 2022.
Fotografia. Durante a noite, em um ambiente aberto, um grupo de pessoas está ao redor de um conjunto de cubos com superfície transparente com projeção de linhas coloridas. Ao fundo, prédios com luzes acesas.
Instalação do Islandês Marcos Zotes, intitulada Amaze, um labirinto de luzes e sons, provocando sensações multissensoriais no público, em Toronto. Canadá, 2014.
  1. O que elas apresentam em comum.
  2. Cite o tipo de recurso proposto nas obras para permitir a interação com o público.
Respostas e comentários

6. Resposta: alternativa a).

7. Resposta: item c).

8. a) Espera-se que os estudantes citem que são instalações em propostas em espaços públicos como parque e rua.

8. b) Recursos digitais ou novas tecnologias foram utilizados para provocar a interação com o público.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Na quinta atividade, o estudante deverá se lembrar do que foi aprendido com relação a bréche e ao teatro, de modo a explicar o vínculo entre o alemão e o brasileiro Augusto Boal e suas performances artísticas.

A sexta atividade exige que o estudante se lembre dos principais nomes do balé contemporâneo, citados no texto de estudo.

Na sétima atividade, o estudante deverá ler e interpretar a afirmação, identificando por meio dela as características presentes na instalação.

A última atividade requer a atenção para o que cada manifestação artística tem em comum, além dos recursos tecnológicos que se destacam nas imagens.

Para observar e avaliar

Observe se os estudantes compreenderam os temas explorados ao longo da unidade, abordando as principais diferenças artísticas entre o que foi abordado. É interessante avaliar, com base na atividade, a fórma como interpretam e correlacionam temas já estudados. Se algum estudante não atingir os objetivos pretendidos, realize o atendimento individualizado.

vamos COMPARTILHAR

Sala de memórias

Ao encerrar esta unidade, entendemos que na Arte Contemporânea existe uma amplitude de linguagens para expressar diversas questões ligadas ao cotidiano e à vida, como a performance, a dança, a música, a instalação, o vídeo, entre outras, desde que relacionadas ao tema.

Ilustração. Destaque de seis jovens de características físicas diferentes que compõem um grupo musical. Eles são vistos de corpo todo e estão em pé. Alguns seguram instrumentos musicais ou microfones; dois deles seguram cartazes.

A proposta é que a turma, utilizando uma das linguagens da Arte Contemporânea, organize uma exposição coletiva com o tema “memórias”, refletindo sobre como nossas memórias afetivas fazem parte da nossa história e sobre a importância desses sentimentos que envolvem experiências de vida, lugares e pessoas.

Etapa 1 – Definição e organização das propostas

Ícone de atividade em grupo.
  1. Com a orientação do professor, cada grupo escolherá um tipo de obra diferente para expressar o tema “memórias”.
  2. As obras poderão ser desenvolvidas em diferentes linguagens e expressões, como performance, dança, música, instalação, vídeo etcétera., desde que relacionadas ao tema.
Respostas e comentários

HABILIDADES

(ê éfe seis nove á érre zero um) Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético.

(ê éfe seis nove á érre um um) Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que, combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.

(ê éfe seis nove á érre um quatro) Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora etcétera.) e espaços (convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica.

(ê éfe seis nove á érre dois seis) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

(ê éfe seis nove á érre três um) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

(ê éfe seis nove á érre três dois) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

COMPETÊNCIAS

Competência geral: 9

Competências específicas de Arte: 4 e 6

Temas Contemporâneos Transversais

  • Diversidade cultural
  • Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
  • Vida Familiar e Social
  • Educação em Direitos Humanos

ATIVIDADES PREPARATÓRIAS

Relembre a atividade das paredes de memórias afetivas feita com os estudantes anteriormente. Proponha a eles que reflitam sobre as memórias como parte das nossas vidas e que realizem outra atividade com o tema “memórias afetivas”. Dessa vez, eles poderão escolher as expressões artísticas a serem utilizadas.

Para tal, leia o enunciado e siga para a atividade complementar.

Etapa 2 – Ensaio e preparo

De acordo com o tipo de proposta escolhida, preparem-se para o ensaio e os ajustes. Por exemplo, se for uma apresentação de dança, definam a coreografia, os figurinos, o cenário, a música. Se houver registro em vídeo, testem as possibilidades de gravação. Lembrem-se de que esse tipo de proposta deve ser curta, não devendo ultrapassar o limite de 5 minutos para cada grupo.
Fotografia. Em primeiro plano, duas meninas estão sentadas frente a frente diante de uma mesa. À da esquerda veste blusa de manga comprida azul; a da direita usa camiseta verde. Em segundo plano, vista desfocada de pessoas sentadas em cadeiras observando as meninas.

Etapa 3 – Organização do espaço e montagem

  1. Organizem a melhor maneira para expor os trabalhos: caixas de som ou fones de ouvido para a música, a exibição de um vídeo de dança realizado pela turma ou performance, desenhos e pinturas, entre outras possibilidades. Explorem e ocupem esse espaço.
  2. Retomem o trabalho de memórias afetivas feitas nos saquinhos de tecido. Com a fita dupla face, fixem os saquinhos sobre uma parede ou mural. Planejem como ficará a disposição de cada um sobre a parede, se estarão enfileirados ou organizados de modo mais orgânico.

Etapa 4 – Evento

  1. Com a orientação do professor, combinem o melhor dia e horário para que a família e a comunidade possam prestigiar o evento.
  2. Permitam que os espectadores possam interagir com a obra de algum modo, principalmente pela reflexão. Se possível, reservem um momento ao final para que haja uma conversa sobre as sensações que as propostas provocaram no público.
Respostas e comentários

Etapa 4. Ver orientações em Atividades de desenvolvimento.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

Leia as etapas da atividade com a turma, de modo que todos compreendam o que deverá ser feito. Em seguida, divida a turma em grupos e peça que definam um tipo de obra para expressar o tema “memórias”. Oriente os melhores direcionamentos para chegarem a uma proposta interessante tendo em mente o tema “memórias”, que pode ser expresso pelo corpo, pelo gesto e por outros recursos visuais e sonoros.

Em seguida, oriente a turma durante o momento de ensaio e preparo. Defina um momento para preparar propostas e obras, assim como a organização dos materiais necessários.

Antes de dar início à atividade, verifique a possibilidade de usar recursos tecnológicos e se a escola ou os estudantes poderão providenciar esses equipamentos. Lembre-se de sempre adaptar as propostas de acordo com sua realidade local.

Esses trabalhos foram um ponto de partida para esta proposta e se conectam diretamente com o tema. Se possível, oriente a turma a dar destaque à obra, que será vista pelas famílias.

Converse com a direção da escola sobre a possibilidade de os estudantes apresentarem seus trabalhos finais para famílias e outros membros de fóra da comunidade escolar. Pode ser interessante combinar com a turma que realizem o registro das performances em fotografias ou vídeos.

Para observar e avaliar

Observe, durante a atividade, se os estudantes compreenderam as diferentes expressões artísticas abordadas ao longo da unidade. É interessante observar se a turma compreendeu que a memória afetiva pode ser expressa por meio de diversas linguagens artísticas, seja isoladamente ou de fórma híbrida. Avalie também a habilidade de idealização, síntese e organização dos estudantes com relação à apresentação dos trabalhos. Se algum deles não atingir o objetivo pretendido, realize o atendimento individualizado.

Glossário

lúdico
: que estimula o divertimento.
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Arte Contemporânea
: de fórma geral, refere-se à arte produzida na atualidade e que se manifesta nas diferentes linguagens artísticas, com propostas, expressões e técnicas inovadoras.
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: conceito relacionado à criação de um projeto, objeto ou produto que valorize o funcional e o estético.
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neologismo
: criação de novos termos e expressões ou novo significado para uma palavra já existente.
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efêmero
: aquilo que dura pouco. Temporário, passageiro.
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híbrido
: junção de elementos diferentes na sua composição.
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