Usinas nucleares no Brasil

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[Locutora]

Usinas nucleares no Brasil

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Em nosso país, 65,2% da energia elétrica é produzida por meio das hidrelétricas. O restante é produzido por outras matrizes energéticas, como a energia nuclear.

De acordo com o Balanço Energético Nacional, 2,2% do total de energia produzida no Brasil em 2020 foi gerado por essa matriz energética. Há duas usinas nucleares em atividade no país, Angra 1 e Angra 2, localizadas na região de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Juntas, elas produziram, no período, cerca de 14 milhões de megawatts de energia elétrica por hora. Estima-se que essa quantia atenda cerca de 6 milhões de habitantes, o que corresponde a um pouco mais do que um terço da população do estado do Rio de Janeiro.

A primeira usina nuclear construída no país foi Angra 1, fruto do Programa Nuclear Brasileiro, implementado na década de 1950, que previa o estímulo à pesquisa nuclear.

A usina de fato só começou a ser desenvolvida na década de 1970, em parceria com a empresa estadunidense Westinghouse Electric Corporation, e entrou em operação somente em 1985.

Nos primeiros anos, ocorreram problemas de funcionamento que foram sanados apenas ao longo da década de 1990, quando a usina passou, então, a produzir de forma plena. Atualmente, Angra 1 tem capacidade de gerar 640 megawatts de eletricidade.

A usina foi projetada para funcionar durante quarenta anos, o que indicava o término das operações em 2024, mas um acordo está sendo estudado para que seu funcionamento seja prorrogado por mais vinte anos.

Em 2001, entrou em operação a segunda usina nuclear brasileira, Angra 2, construída ao lado de Angra 1. Foi a primeira usina resultante do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha, uma parceria firmada em 1975 entre os dois países.

Embora tenham se iniciado no começo da década de 1980, as obras de Angra 2 foram paralisadas depois de poucos anos por falta de recursos financeiros. Foram retomadas só no final de 1994 e concluídas em 2000.

Angra 2 tem potencial maior do que Angra 1, com capacidade para geração de 1.350 megawatts de eletricidade.

A terceira usina nuclear brasileira, Angra 3, está em fase de instalação ao lado das duas primeiras. Ela é fruto do mesmo acordo feito com a Alemanha, que implementou Angra 2. Angra 3 teve sua construção iniciada e paralisada nos anos 1980. A retomada se deu em 2008, mas houve nova paralisação em 2015, após denúncias de corrupção e superfaturamento.

Em fevereiro de 2022, o reinício da obra foi autorizado pela Eletrobras, empresa que coordena o setor elétrico no Brasil. Nessa ocasião, a previsão dada pelo governo federal para a conclusão de Angra 3 foi o final de 2026. Estima-se que Angra 3 seja capaz de produzir 1.405 gigawatts de eletricidade.

Angra 1, 2 e 3 foram construídas perto do litoral — em uma área bastante frequentada por turistas e reconhecida pelas belezas naturais —, por conta da abundância de água do mar, necessária para os processos da usina.

Outro fator importante relacionado à localização é o fácil escoamento da energia elétrica produzida para as cidades mais populosas do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, por exemplo.

Para produzir eletricidade, as usinas nucleares provocam quebras no núcleo dos átomos de certos elementos químicos, como o urânio. Essa técnica é chamada de fissão nuclear.

Essas reações são realizadas dentro dos reatores instalados nas usinas e liberam grande quantidade de energia em forma de calor. Essa energia térmica é então resfriada pela água, gerando vapor, que faz girar as turbinas, o que, por sua vez, aciona os geradores de energia elétrica.

A principal vantagem da energia nuclear é a abundância, na natureza, de sua matéria-prima, o urânio. Além disso, em comparação com usinas hidrelétricas de grande porte, a usina nuclear requer uma área relativamente pequena de instalação, com custos de operação menores. Essas usinas também produzem poucos rejeitos e não emitem gases poluentes.

Por outro lado, as desvantagens do uso de energia nuclear são consideráveis. A primeira delas é o alto custo de instalação das usinas. Também há o risco de acidentes nucleares. O material radioativo utilizado nas fissões é altamente tóxico. O vazamento dessas substâncias pode ter consequências graves, com a contaminação de pessoas, animais e alimentos em grandes áreas, como ocorreu em Chernobyl, na região da Ucrânia, em 1989, e em Fukushima, no Japão, em 2011. Outro fator a ser mencionado é a dificuldade de descarte do lixo radioativo. Este precisa ser armazenado em condições especiais, de modo a evitar vazamentos e a contaminação do meio ambiente.

Além disso, por mais que seja um recurso natural e abundante, o urânio não é reposto pela natureza na mesma proporção e velocidade com que é consumido em uma usina nuclear. Ele é, portanto, um combustível proveniente de uma fonte de energia não renovável.

Em outros países, como os Estados Unidos, o Japão e a França, as usinas nucleares representam uma parcela bem significativa do total de energia produzido. Na França, por exemplo, cerca de 80% da energia elétrica é produzida em reatores nucleares.

No Brasil, a expectativa é de que essa matriz energética ocupe um papel ainda mais importante. Alguns setores do governo cogitam a instalação de uma quarta usina em território nacional ainda na próxima década.

[Locutora]

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