UNIDADE 5 A dinâmica interna da Terra

Fotografia. Destaque para um vulcão em erupção. Há lava sendo expelida e no solo onde está esfriando, em uma coloração acinzentada.
Vulcão em atividade na Islândia, em 2021.

Quando observamos uma paisagem em que se destaca uma fórma de relêvo, geralmente, ficamos intrigados para compreender como terá sido sua formação e transformação. Algumas marcas nas paisagens nos auxiliam a compreender como transcorreu êsse processo. A presença do vulcão ativo na foto da página anterior é um exemplo disso.

Iniciando a conversa

  1. A foto mostra um vulcão em erupção. O que são vulcões?
  2. O que você sabe sôbre o interior do planeta Terra? Conte para seus colegas.
  3. Recentemente, você e seus colegas da sala tiveram conhecimento sôbre a ocorrência de algum terremoto? Conversem sôbre questões como: onde êle aconteceu, as modificações que provocou na paisagem e também sôbre a situação das pessoas que foram atingidas por êle.

Agora vamos estudar...

  • a estrutura interna da Terra;
  • a Teoria da Deriva Continental e das Placas Tectônicas;
  • o que são dobras, falhas, terremotos e vulcanismo;
  • a representação de falhas e dobras geológicas;
  • o tectonismo no território brasileiro.

CAPÍTULO 14 Estrutura interna da Terra

As paisagens terrestres são continuamente transformadas pêla ação de fenômenos e processos oriundos da dinâmica natural da Terra, que ocorrem tanto no interior, chamada dinâmica interna, quanto na superfície do planeta, conhecida por dinâmica externa.

Para compreendermos como a dinâmica interna da Terra atua na formação e transformação do relêvo terrestre, vamos estudar como está estruturada a porção interna do nosso planeta.

De acôrdo com estudos geológicosglossário , há evidências de que a estrutura interna da Terra é formada, basicamente, por três camadas, que se diferenciam quanto à espessura, à temperatura e à composição química. O esquema desta página representa essa estrutura interna.

Estrutura interna da Terra

Esquema. O globo terrestre com um recorte mostrando suas camadas internas indicadas por letras. Letra A, camada externa, seguido por letra B, uma camada larga abaixo da superfície; em seguida letra C, na região central do planeta.

Fonte de pesquisa: leins, ; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. décima quarta edição São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. página 1719.

A.

A crosta é a camada de rochas sólidas que envolve o manto, com aproximadamente 40 quilômetros de espessura. A parte mais externa da crosta fórma a superfície terrestre.

B.

O manto é composto de magma, material formado por minerais fundidos, em estado pastoso, e apresenta temperatura muito alta, de aproximadamente .2000graus Célsius​. O manto tem cêrca de .3000 quilômetros de espessura.

C.

O núcleo é o centro do planeta, com temperaturas ainda mais altas que a do manto, acima de .5000graus Célsius​. O núcleo divide-se em duas partes: núcleo externo, com minerais fundidos e cêrca de .2150 quilômetros de espessura, e núcleo interno, em estado sólido, com aproximadamente .1215 quilômetros de espessura.

Questão 1.

Em qual parte da estrutura interna da Terra nós, seres humanos, vivemos?

A maioria dos fenômenos provenientes do interior da Terra é causada por fôrças que atuam no manto, abaixo da crosta terrestre. Por ser muito quente, o manto constantemente libera calor e energia para a superfície. Essa liberação ocorre, sobretudo, por meio do extravasamento de lavaglossário e de gases nas erupções vulcânicas, por terremotos, também chamados abalos sísmicos, ou, ainda, pêlo enrugamento contínuo da crosta terrestre, fenômeno responsável pêla formação das grandes cadeias montanhosas do nosso planeta.

Vamos conhecer cada um dêsses fenômenos, mas antes é preciso saber um pouco mais sôbre a dinâmica interna da Terra.

O interior da Terra

Ainda hoje, o interior do nosso planeta continua pouco conhecido pelos cientistas, pois, afinal, como é possível estudar o que existe nas camadas mais profundas da Terra?

O que se sabe sôbre a dinâmica interna do nosso planeta tem base nas perfurações da crosta e na observação dos fenômenos provenientes de seu interior. A mais profunda perfuração já feita na crosta terrestre chegou a aproximadamente 12 quilômetros de profundidade, ou seja, menos da metade da espessura média da crosta.

A observação de alguns fenômenos geológicos, como as erupções vulcânicas, que lançam lavas incandescentes, e os gêiseres, que soltam jatos quentes de água, leva a deduzir que o interior do planeta é muito quente.

Fotografia. Um gêiser, jato de água e vapor do solo plano e rochoso. Ao fundo há pessoas e árvores.
Erupção do gêiser , na Islândia, em 2019.

A Teoria da Deriva Continental

Quando os continentes e oceanos se formaram, êles apresentavam configuração e distribuição bem diferentes das que têm atualmente. Até atingir a distribuição e a configuração atuais, os continentes e oceanos foram mudando de posição lentamente e alterando suas fórmas ao longo das diferentes eras geológicas.

A existência dêsse movimento foi inicialmente defendida pêlo cientista alemão Véguenar, em seu livro A origem dos continentes e oceanos, publicado em 1915. Na época, acreditava-se que a crosta terrestre fosse uma camada rochosa inteiriça e que, segundo Véguenar, os continentes estariam à deriva, ou seja, “flutuando” sôbre uma massa pastosa e quente do interior do planeta, assim como um pedaço de isopor ou madeira flutua sôbre a água. Por isso sua teoria é conhecida como Teoria da Deriva Continental.

Para comprovar essa teoria, Véguenar apoiou-se em evidências de que os continentes já estiveram unidos em uma época muito remota. Entre essas evidências, destacam-se:

  • a fórma do litoral da América do Sul, que se encaixa no contôrno do continente africano;
  • a existência de fósseis de animais e de plantas semelhantes em ambos os continentes;
  • a ocorrência de alguns tipos de rochas e formações geológicas também semelhantes em certas regiões da América do Sul e da África.

Representação com elementos não proporcionais entre si. côres-fantasia.

Evidências da Deriva Continental

Esquema. Mapa com a América do Norte posicionada a oeste da Europa e unida ao norte da África. A América do Sul também está unida à porção oeste da África. Há a ilustração de um animal quadrúpede no nordeste da América do Sul e no oeste da África, indicada pela letra A. Na região sul de ambos há uma planta com folhas finas e compridas, indicada pela letra B.

Fontes de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson êti áli (organizador). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. página 98.

, rid; Mônrou,Djeimes sem Fundamentos de Geologia. Tradução: . São Paulo: Cêngueij lãrnin, 2009. página 29.

A.

Fotografia. Fóssil da cabeça de um animal com focinho comprido e presas.
Fóssil de Cinognatus, quadrúpede encontrado tanto no Léste da América do Sul quanto no oeste da África.

B.

Fotografia. Fóssil de folhas alaranjadas e finas.
Fóssil de uma planta chamada Glossópterís, encontrada nesses dois continentes.

Teoria das Placas Tectônicas

Apesar das evidências encontradas por Véguenar, sua teoria foi combatida e rejeitada pêla grande maioria dos cientistas da época. Afinal, faltava resposta para uma questão fundamental: que fôrças seriam capazes de mover os continentes? Somente no final da década de 1950, trinta anos após a morte de Véguenar, é que essa teoria foi finalmente compreendida e aceita, mas com algumas modificações.

Hoje, acredita-se que movimentos não são realizados apenas pelos continentes, mas também pelos oceanos, de acôrdo com a Teoria das Placas Tectônicas. Segundo essa teoria, a crosta terrestre não é formada por uma camada rochosa inteiriça, mas por várias placas tectônicas que se estendem tanto pelos continentes quanto pêlo fundo dos oceanos. São essas placas que se movimentam de maneira muito lenta sôbre o manto terrestre, aproximando-se ou distanciando-se umas em relação às outras.

movimentos podem ser comprovados por estudos e técnicas avançadas de pesquisa, como a utilização de satélites artificiais equipados com raios laserglossário capazes de medir com precisão o deslocamento das placas tectônicas e o consequente movimento dos continentes.

Observe, no mapa, as principais placas tectônicas da crosta terrestre.

Principais placas tectônicas (2018)

Mapa-múndi. Principais placas tectônicas (2018). 
Placa do Pacífico, no oeste; Placa Norte-Americana na América do Norte; Placa de Nazca no oeste da América do Sul; Placa Sul-Americana na América do Sul; Placa Africada na região da África; Placa Eurasiática ocupando norte da Europa e a Ásia; Placa Indo-Australiana na região da Oceania; e a Placa Antártica na região da Antártida. Há setas indicando o movimento entre as placas que se empurram e/ou se afastam. No canto superior direito, a rosa dos ventos e na parte inferior, a escala: 2070 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 12.

A movimentação dos continentes

Com a compreensão da ocorrência dos movimentos tectônicos, ficou comprovado que, ao longo de milhões de anos, os continentes e oceanos foram lentamente mudando de posição até chegar à configuração em que se encontram atualmente.

As imagens apresentadas ilustram, de acôrdo com as teorias científicas, a provável movimentação dos continentes nos últimos milhões de anos. Observe-as atentamente.

Provável movimentação dos continentes

Mapa 1. Com os continentes atuais unidos ao centro do globo, compondo a Pangeia; no leste, o Mar de Tethys. Acima, a indicação: Panthalassa. 
Mapa 2. Na região norte, a Laurásia composta pela América do Norte e Eurásia, no centro-sul, Gondwana composto pela América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártida. 
Mapa 3. Na porção norte, América do Norte e Eurásia, no centro-sul, América do Sul, África e separados: Índia, Austrália e Antártida unidas. 
Mapa 4. Os continentes nas posições atuais, América do Norte na região noroeste, e América do Sul no oeste, África na região central, Eurásia no norte, Austrália no sudeste e Antártida no sul.

Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson êti áli (organizador). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. página 98, 269.

1.

Há aproximadamente 230 milhões de anos, no final da Era Paleozoica, existia apenas um supercontinente, chamado de Pangea (Pem = todo e géa = terra), rodeado por um único oceano denominado Panthalassa, nome grego que significa “todos os mares”.

2.

Há aproximadamente 200 milhões de anos, no início da Era Mesozoica, o continente Pangea começou a se separar em dois: Laurásia, ao norte, e gôndwãna, ao sul.

3.

cêrca de 65 milhões de anos, na Era Cenozoica, os continentes continuaram dividindo-se e separando-se.

4.

Há 2 milhões de anos, os continentes e oceanos chegaram à configuração que apresentam atualmente.

Correntes de convecção

O deslocamento das placas tectônicas é bastante lento e quase imperceptível. De acôrdo com as medições já realizadas, foi possível descobrir, por exemplo, que a cada ano a América do Sul fica cêrca de quatro centímetros mais distante da África, e a América do Norte fica dois centímetros mais distante da Europa.

Segundo os cientistas, a explicação mais recente para os movimentos das placas tectônicas está no intenso calor existente no interior do planeta. êsse calor movimenta grandes quantidades de magma, em movimentos denominados correntes de convecção, que circulam de maneira ascendente e descendente no manto. O movimento dessas correntes de convecção, em contato com a crosta, acaba deslocando as placas tectônicas, como mostra o esquema.

Representação com elementos não proporcionais entre si. côres-fantasia.

As correntes de convecção

Esquema. As correntes de convecção. Ao centro, o núcleo, indicado pela letra D, acima, uma camada vermelha indicada como manto, letra C, onde há setas indicando: correntes de convecção, formando ciclos, letra B. Acima, camada na superfície indicada como: placas tectônicas, letra A.

Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson êti áli (organizador). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. página 104.

Questão 2.

Qual a consequência do movimento das correntes de convecção do manto?

Contato entre placas tectônicas

A imagem dessa página mostra, de maneira esquemática, como as placas tectônicas se movimentam, impulsionadas pêlas correntes de convecção, e a dinâmica resultante dêsses movimentos.

Representação com elementos não proporcionais entre si. côres-fantasia.

As correntes de convecção e o movimento das placas tectônicas

Esquema. Destaque para duas porções de terra, na união de montanhas com solo submerso no mar. Com o destaque, letra A, onde na junção das placas há o número 1, abaixo dela, camada com magma, número 2, e na base das montanhas, número 3. À direita, no oceano uma fenda, indicada com o número 5, parcialmente submersa com o destaque, letra B, com magma passando por um duto em seu interior, número 4. Da fenda partem elevações no solo abaixo do mar, número 6. Abaixo do destaque A há setas vermelhas indicando ciclos e o movimento em direção a união das placas. Abaixo do destaque B há setas verdes indicando ciclos e setas que indicam o movimento de separação das placas.
Ilustração de uma seta vermelha.

Quando as placas tectônicas, impulsionadas pêlas correntes de convecção, realizam movimentos convergentes (1), elas se chocam umas contra as outras. Nesse caso, a placa oceânica mais fina (2) é empurrada para baixo, em direção ao manto, fundindo-se ou “derretendo” por causa das altas temperaturas. Já a placa continental mais , ao contrário, é pressionada para cima formando montanhas, como os Andes, na América do Sul (3).

Ilustração de uma seta verde.

Quando as placas tectônicas, impulsionadas pêlas correntes de convecção, realizam movimentos divergentes (4), elas se afastam umas das outras. Nesse caso, formam-se grandes rachaduras ou fendas na crosta (5), que são preenchidas pêlas atividades vulcânicasglossário . A Islândia, por exemplo, localizada entre a Europa e a América do Norte, é o cume de uma grande cadeia de montanhas que emerge do fundo do oceano Atlântico (6).

Fonte de pesquisa: TEIXEIRA, Wilson êti áli (organizador). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. página 107, 109.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. De acôrdo com o que você estudou, qual a principal causa dos fenômenos provenientes do interior da Terra que provocam transformações em sua superfície?
  2. De acôrdo com a Teoria das Placas Tectônicas, Véguenar estava certo? Qual é a principal diferença entre a Teoria das Placas Tectônicas e a Teoria da Deriva Continental?
  3. Como os cientistas explicam, atualmente, o movimento das placas tectônicas?

Aprofundando os conhecimentos

4. Observe a imagem e escreva o nome e as principais características de cada uma das camadas internas da Terra.

Estrutura interna da Terra

Esquema. Estrutura interna da Terra. indicações com letras. Letra A, camada superficial com montanhas, vegetação e o mar, abaixo. Letra B, camada abaixo da superfície e letra C, camada ao centro.

Fonte de pesquisa: prés, frênqui êti áli Para entender a Terra. Tradução: Rualdo Menegat êti áli quarta edição Pôrto Alegre: búkman, 2006. página 69.

5. Observe a imagem e, depois, responda às questões a seguir.

Placas tectônicas em movimento

Esquema. Placas tectônicas em movimento. 
Setas indicando o movimento das placas indo de encontro uma a outra. Uma delas, abaixo do mar segue para baixo da outra, onde há montanhas e vegetação. Abaixo das duas camadas há magma.

Fonte de pesquisa: prés, frênqui êti áli Para entender a Terra. Tradução: Rualdo Menegat êti áli quarta edição Pôrto Alegre: búkman, 2006. página 52.

  1. Identifique o movimento representado na imagem.
  2. Explique as consequências dêsse movimento no relêvo da superfície terrestre.

Glossário

Geológico
: referente à Geologia, ciência que estuda a origem, a formação e as sucessivas transformações pêlas quais o planeta Terra vem passando desde a sua constituição.
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Lava
: magma que extravasa para a superfície da Terra. Ao entrar em contato com o ar na superfície terrestre, resfria-se e solidifica-se dando origem a rochas.
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Raio laser
: feixe de luz de grande intensidade que se propaga em uma mesma direção e com frequência constante. O raio leiser pode ser utilizado com diversas finalidades, como em tratamentos médicos, nos meios de comunicação e na Astronomia.
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Atividade vulcânica
: fenômeno procedente do interior da Terra, no qual o magma é expelido para a superfície por meio de cones vulcânicos ou fissuras da crosta terrestre.
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