UNIDADE 5 AMÉRICA LATINA

Fotografia. Mulher com roupas coloridas com grafismos, usando uma espécie de poncho e um chapéu. Ela está sentada e parece confeccionar um tecido colorido em um tear com duas hastes verticais e outras duas horizontais. Ela está em um campo aberto. Atrás dela há pedras e árvores. Ao lado, outra pessoa em trajes semelhantes.
A foto retrata mulher com vestes que caracterizam a cultura peruana na cidade de Cusco, Peru, em 2022. Uma parte considerável da população latino-americana ainda está fortemente ligada às tradições culturais dos povos ancestrais indígenas, os quais viveram nessa região há milhares de anos.

A América Latina é formada por países cuja população apresenta grande diversidade étnica e cultural, resultado da mistura entre diferentes povos. Outras características marcantes da América Latina são as acentuadas desigualdades sociais, a pobreza de grande parte de suas populações, a intensa urbanização de seus países, que também possuem economias muito dependentes da exportação de produtos primários, como minerais e gêneros agropecuários.

 

Iniciando a conversa

  1. Cite alguns países que formam a América Latina.
  2. A miscigenação de quais povos deu origem à população latino-americana?
  3. Além do contraste social e da elevada urbanização, o que mais você sabe a respeito dos países latino-americanos?

 

Agora vamos estudar...

  • as características populacionais da América Latina;
  • a pluralidade cultural dos povos latino-americanos;
  • as condições de vida da população latino-americana;
  • a urbanização dos países latino-americanos;
  • as atividades econômicas na América Latina;
  • a concentração fundiária e os conflitos pêla terra na América Latina;
  • geopolítica, integração e conflitos na América Latina.

CAPÍTULO 16 População da América Latina

A população latino-americana encontra-se distribuída de maneira irregular pêlo território.

O mapa a seguir mostra que as áreas de grande concentração populacional na América Latina estão si­tuadas, principalmente, nas proximidades das zonas cos­teiras Léste e oeste do continente, em áreas onde se iniciou o processo de colonização europeia.

De modo geral, as ­áreas de menor densidade populacional estão localizadas nas áreas de florestas da Amazônia, no centro-norte da América do Sul, e em terrenos inóspitosglossário para a ocupação humana, como as altas montanhas andinas, as regiões desérti­cas do Atacama, no nor­te do Chile, e da Patagônia, no extremo sul da Argentina e do Chile.

Questão 1.

De acôrdo com o mapa, descreva como a população da América Latina encontra-se distribuída no território. Nessa descrição, destaque as áreas de maior e de menor densidade populacional.

Densidade demográfica da América Latina (2016)

Mapa. Densidade demográfica da América Latina (2016). Habitantes (por quilômetros quadrados). Menos de 1: pequenas áreas no oeste da Bolívia, noroeste e sul da Argentina. 1,1 a 10: norte do México, leste de Belize, norte e sudeste do Peru, norte, leste e sudoeste da Bolívia, oeste do Paraguai, norte e sul da Argentina, centro e norte do Brasil, oeste da Colômbia, sul da Venezuela, Guiana, o Suriname e Guiana Francesa (França). 10,1 a 25: centro e sul do México, oeste da Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, leste de Cuba e oeste da República Dominicana, Venezuela, oeste da Colômbia, Equador, oeste do Peru, sudoeste da Bolívia, Chile, norte e centro da Argentina, todo Uruguai, faixa no norte e porção leste e sul do Brasil. 25,1 a 100: áreas no sul do México, oeste de Cuba, Haiti, leste da República Dominicana. centro da Colômbia, norte da Venezuela, áreas no noroeste e leste da Argentina, áreas no nordeste, sudeste e sul do Brasil. Acima de 100: centro da Colômbia, área ao redor das cidades no sudeste do Brasil e no leste da Argentina. As capitais dos países e as cidades principais estão nomeadas. À esquerda, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita e na parte inferior, a rosa dos ventos e a escala: 935 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2016. página 180.

Fotografia. Grande geleira em meio ao oceano. Ao fundo há montanhas.
Geleiras do glaciar Perito Moreno, localizado na Patagônia, sul da Argentina, em 2021. Com menos de 1 habitante por quilômetro quadrado, essa região está entre as menos povoadas de toda a América Latina.

Observe o quadro a seguir e verifique a diferença entre a densidade populacional de alguns países latino-americanos.

População e densidade demográfica de alguns países da América Latina (2021)

País

População

Área (em km²)

Densidade demográfica (hab./km²)

Brasil*

213.317.639

8.515.759

26

México

130.759.074

1.964.380

66

Colômbia

49.464.683

1.141.750

43

Argentina

44.688.864

2.791.810

16

Venezuela

32.381.221

912.050

35

Paraguai

6.896.908

406.750

17

Jamaica

2.827.695

10.990

257

Fontes de pesquisa: Países. í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/v9mKio Estimativas da população. *í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/9n7wrh UNITED Nations WORLD population prospects 2022. Disponível em: https://oeds.link/aS0gaJ. Acessos em: 25 julho 2022.

Questão 2.

Quais são os dois países mais populosos mostrados no quadro? E quais são os dois países menos populosos?

Questão 3.

Quais são os dois países mais densamente povoados mostrados no quadro? E quais são os dois países menos povoados?

Questão 4.

Embora a Jamaica possua uma população bem menor que a do Brasil, sua densidade demográfica é muito maior que a de nosso país. Como você explica êsse fato?

Crescimento demográfico da América Latina

A partir da metade do século vinte, a população latino-americana cresceu expressivamente, como é possível observar no gráfico a seguir.

Crescimento da população latino-americana (1950-2030*)

Gráfico. Crescimento da população latino-americana (1950-2030 em projeção). População (em milhões). 1950: 168. 1955: 192. 1960: 220. 1965: 253. 1970: 288. 1975: 325. 1980: 364. 1985: 404. 1990: 445. 1995: 486. 2000: 526. 2005: 562. 2010: 596. 2015: 635. 2020: 666. 2025 (em projeção): 693. 2030 (em projeção): 706.

Fonte de pesquisa: United Nations. World population prospects 2022. Disponível em: https://oeds.link/hjLU7z. Acesso em: 25 julho 2022.

Como é possível perceber analisando o gráfico, a população total dos países latino-americanos não alcançava 168 milhões de habitantes em 1950, e, após trinta anos, já contava com mais de 360 milhões de pessoas.

O rápido crescimento populacional dos países latino-americanos pode ser explicado pêla redução das taxas de mortalidade e, especialmente, pêlas elevadas taxas de natalidade registradas na região durante o século vinte.

A diminuição da mortalidade e o aumento da expectativa de vida foram decorrentes de medidas médico-sanitárias que os países, de uma maneira geral, adotaram a partir de 1950, proporcionando assim melhor qualidade de vida à população, como o tratamento de água e esgôto e também a ampliação dos serviços de saúde (campanhas de vacinação em massa da população, construção de hospitais, combate a epidemias etcétera). Enquanto a mortalidade diminuía, a taxa de natalidade permanecia elevada e, com isso, o crescimento da população se acelerava.

Embora, a partir da década de 1970, vários países latino-americanos tenham apresentado uma queda no índice de crescimento natural da população, ainda hoje muitos deles registram um crescimento populacional elevado quando comparado às taxas de países desenvolvidos.

Crescimento demográfico desigual

As taxas de ­crescimento demográfico não são as mesmas entre os países da América Latina. Observe a seguir as pirâmides etárias da Guatemala e do Uruguai, em 2021.

Pirâmide etária da Guatemala (2021)

Gráfico. Pirâmide etária da Guatemala (2021). Idosos: homens e mulheres de 60 a 64 até 80 ou mais anos variando entre 300 e 200 mil habitantes, diminuindo conforme a faixa etária aumenta. Adultos: mostrando homens e mulheres de 20 a 24 até 55 a 59 anos, variando de 800 a 300 mil habitantes, diminuindo conforme a faixa etária aumenta. Crianças e Jovens: com homens e mulheres de 0 a 4 até 15 a 19 anos, se mantendo entre 1000 mil habitantes.

Pirâmide etária do Uruguai (2021)

Gráfico. Pirâmide etária do Uruguai (2021). Idosos: mostrando homens e mulheres de 60 a 64	até 80 ou mais anos variando entre 40 e 120 mil habitantes, sendo o número de mulheres na faixa de 80 ou mais maior do que o número de homens. Adultos: mostrando homens e mulheres de 20 a 24 até 55 a 59 anos, variando de 120 a 80 mil habitantes, sofrendo pouca variação ao longo das idades. Crianças e Jovens: com homens e mulheres de 0 a 4 até 15 a 19 anos, se mantendo próximo a 120 mil habitantes.

Fonte de pesquisa dos gráficos: UNITED Nations World population prospects 2022. Disponível em: https://oeds.link/0gubhz. Acesso em: 25 julho 2022.

Grande parte dos países latino-americanos apresenta a pirâmide etária com a fórma semelhante à da pirâmide da Guatemala. A base larga dessa pirâmide indica elevadas taxas de natalidade, resultantes da ausência ou ainda da ineficiência de políticas de planejamento familiar. Já o ápice estreito é um indicador de que a população apresenta elevada taxa de mortalidade e baixa expectativa de vida, decorrentes das precárias condições em que vive grande parte da população.

Na pirâmide etária do Uruguai, o leve alargamento do tôpo corresponde ao aumento na expectativa de vida, em consequência dos maiores investimentos na área de saúde. Já o estreitamento da base do gráfico representa uma tendência de queda na taxa de natalidade. De modo geral, essa redução da taxa de natalidade está relacionada a fatores como o ingresso da mulher no mercado de trabalho, o acesso a métodos contraceptivos e também ao aumento nos custos de criação dos filhos.

Os países da América Latina que possuem maiores desenvolvimentos econômico e social, como Argentina, Chile, Uruguai e Brasil, vêm apresentando mudanças em sua estrutura etária nas últimas décadas. Nesses países, em virtude da diminuição gradativa da taxa de natalidade, o formato da pirâmide etária vem se aproximando da configuração da pirâmide de países desenvolvidos (base estreita e ápice largo).

Fluxos migratórios na América Latina

Na América Latina, os fluxos migratórios contemporâneos ocorrem com menos intensidade quando comparados aos de outras regiões do globo, como na Europa, América do Norte, Ásia e África.

Durante as últimas décadas do século vinte, em decorrência de crises econômicas, o aumento do desemprêgo e da pobreza, as migrações de latino-americanos se dirigiam principalmente em direção aos países desenvolvidos, sobretudo para os Estados Unidos e o continente europeu.

No início do século atual, entretanto, os fluxos migratórios de latino-americanos também se intensificaram no interior da própria região, ou seja, êles passaram a se deslocar também para os países vizinhos. Entre 2009 e 2015, por exemplo, o fluxo migratório entre os países da região aumentou em 50%.

Entre as razões que vêm contribuindo para o aumento das migrações na região destacam-se:

  • a adoção de regras mais rígidas para a entrada dos imigrantes latinos nos países desenvolvidos;
  • as características históricas e culturais comuns entre os países da região;
  • as oportunidades no mercado de trabalho, sobretudo nos países de maior economia da região, como o Brasil, a Argentina e o Chile.

Fluxos migratórios na América Latina (1990-2017)

Mapa. Fluxos migratórios na América Latina (1990-2017). Países de imigração mais intensa: Argentina. Países de emigração mais intensa: México e países da América Central e do noroeste da América do Sul. Movimento migratório equilibrado: Brasil e Chile. Direção do fluxo migratório: Do México e países da América Central e América do Sul para os Estados Unidos. Venezuela para Equador e Colômbia, Brasil, Argentina Chile. Da América do Sul para o Japão e Europa. No canto inferior esquerdo, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita. No canto inferior direito, a rosa dos ventos e a escala: 1235 quilômetros por centímetro.

Fontes de pesquisa: SIMIELLI, Maria Elena Ramos. Geoatlas. trigésima quinta edição São Paulo: Ática, 2019. página 38. ô ê cê dê. Migration flows in latin américa and the caribbean. página 29. Disponível em: https://oeds.link/XWl7ah. Acesso em: 25 julho 2022

Questão 5.

Identifique no mapa:

  1. três países com emigração mais intensa;
  2. o país latino-americano mais procurado pelos imigrantes.

Em geral, os latinos encontram certa facilidade para deixar seu país de origem e entrar em outros países da região. A maioria dos governos da região adota políticas migratórias pouco restritivas, permitindo a entrada dos imigrantes. Por outro lado, pêla falta de fiscalização e de contrôle nas zonas de fronteiras, muitos imigrantes conseguem chegar clandestinamente aos países de destino.

De maneira geral, a busca por trabalho e melhores condições de vida são os principais fatores que levam os latino-americanos a deixar seus países de origem. Nos últimos anos, por exemplo, milhares de venezuelanos têm migrado para os países vizinhos, inclusive para o Brasil, em decorrência da grave crise econômica que afeta a economia daquele país. Mas, além dos problemas socioeconômicos, as migrações na região também têm outras causas. Em 2010, o forte terremoto que atingiu o Haiti, um dos países latino-americanos mais pobres, localizado no mar do Caribe, causou milhares de mortes e deixou milhões de desabrigados, muitos dos quais migraram para outros países, inclusive para o Brasil.

O Brasil também participa das migrações que ocorrem na América Latina, tanto recebendo imigrantes latino-americanos quanto tendo a saída de brasileiros para outros países da região. De acôrdo com dados de 2020, entre os imigrantes latinos em maior número no Brasil estão os venezuelanos (172 mil), os haitianos (149 mil), os bolivianos (56 mil) e os argentinos (25 mil). Os emigrantes brasileiros, por sua vez, também são numericamente expressivos em vários países do continente. cêrca de 240 mil brasileiros vivem no Paraguai, 89 mil na Argentina, 72 mil na Guiana Francesa e 43 mil no Uruguai.

Fotografia. Uma extensa fila de pessoas em frente a uma construção amarela. Ao lado há uma tenda com mais pessoas. Ao redor há árvores.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (), mais de um milhão de venezuelanos fugiu da situação de miséria e também da perseguição política promovida pêlo govêrno daquele país. dêsse total, estima-se que entre 40 mil e 60 mil vieram para o Brasil, a maioria entrando pêla fronteira com Roraima. Podemos observar êsse processo de migração com base na foto, que mostra o desembarque de venezuelanos na fronteira entre Brasil e Venezuela, no município de Boa Vista, Roraima, em 2018.

O tema é reticências

Direitos Humanos e Vida familiar

As mulheres na América Latina

Assim como em outros lugares do mundo, na América Latina, a mulher enfrenta vários desafios em busca da igualdade de direitos, em diferentes setores. Recentemente, muitas conquistas foram alcançadas, mas isso não foi suficiente para equiparar as condições econômicas, políticas e sociais da mulher frente aos homens. Por isso, ainda há muito pêlo que lutar.

Conhecer as reais condições da mulher, refletir e conversar sôbre elas pode ser o primeiro passo para modificar êsse cenário. Por isso, observe com atenção as informações a seguir, que tratam da situação da mulher na América Latina.

Ilustração. Uma mulher de cabelos compridos, usando camisa, saia e sapatos de salto. Ela caminha falando ao celular e carregando uma maleta.

A.

Segundo um estudo do Banco Mundial, divulgado em janeiro de 2021, vivem, na América Latina, 23 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos que não estudam ou trabalham, conhecidos como “nem-nem”. dêsse contingente, a maioria é mulher. Um dos principais motivos para essa situação é a gravidez na adolescência, que inicialmente conduz ao abandono escolar e, consequentemente, à dificuldade de acesso ao mercado de trabalho.

Esquema. Uma mulher grávida com expressão desanimada. Em frente a ela, uma placa de proibição com um capelo. Há uma linha que os liga a uma moeda dourada com um cifrão, com a indicação de 51,6 por cento. Ao lado há cédulas e mais moedas.

B.

Segundo estudos realizados pêla Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (cepál), na América Latina, uma em cada quatro mulheres não tem renda própria. dêsse total, 51% das mulheres afirmaram que isso ocorre por terem de cuidar das tarefas domésticas.

Adotar ações voltadas para a valorização da mulher na sociedade significa agir com respeito, sendo esta uma fórma de lutar para a construção de uma sociedade mais igualitária, sem discriminação.

Esquema. Mulher de cabelo black power, sorrindo, segurando uma carteira de trabalho. Uma linha liga a um caderno ao lado de uma caneta. Outra linha o liga a um martelo de juiz sobre uma bancada.

C.

Nas ocupações ou empregos que exigem ensino superior, ainda persiste a desigualdade entre a remuneração das mulheres e dos homens. No Chile, Brasil, México e Peru, houve até o aumento dessa disparidade, principalmente nas ocupações que exigem maior qualificação, de acôrdo com dados do Banco Mundial.

D.

De acôrdo com dados da ônu, as mulheres estão mais representadas na política da América Latina do que em outras regiões do mundo, com um número maior de parlamentares femininas e chefes de Estado.

E.

De acôrdo com o relatório Mulheres, Empresas e o Direito 2016, do Banco Mundial, quase todas as economias da América Latina e do Caribe possuem leis de proteção da mulher contra a violência doméstica. No entanto, implementá-las continua a ser um grande desafio.

Converse com os colegas sôbre as questões a seguir.

  1. Por que é importante discutir desigualdade de gênero em relação à remuneração e às oportunidades de emprêgo?
  2. O empenho governamental é relevante para aumentar a participação das mulheres no mercado de trabalho? Ou essas são questões pessoais que dependem das características familiares e dos interêssis individuais?
  3. Em sua opinião, quais fatores contribuem para que as mulheres enfrentem dificuldades para conquistar a igualdade de remuneração nas ocupações que exigem maior qualificação? O que poderia ser feito para reduzir essa desigualdade?
  4. Escolha uma mulher do seu convívio social e converse com ela sôbre sua atividade profissional. Procure saber se ela enfrentou dificuldades na carreira pêlo fato de ser mulher. Em caso afirmativo, peça a ela que descreva essa situação e como lidou com ela, destacando as consequências dêsse acontecimento para a vida dela. Em caso negativo, peça-lhe que comente como a igualdade de condições reflete em sua experiência pessoal. Leve relatos para a sala de aula e os compartilhe com os colegas. Depois, produza um texto com as suas impressões sôbre o assunto e disponibilize-o para leitura em um mural da escola.

A riqueza cultural dos povos latino-americanos

A América Latina apresenta uma grande diversidade étnico-cultural, resultado da miscigenação entre os diferentes povos que deram origem à sua população.

No entanto, essa miscigenação não ocorreu da mesma maneira em toda a América Latina. Em alguns lugares, houve o predomínio de indígenas; em outros, de europeus ou, ainda, de negros africanos.

Em países da América Central, como Haiti e Jamaica, foi intensa a influência das culturas e tradições dos negros africanos. Muitos deles foram escravizados e obrigados a sair de seu país de origem para trabalhos forçados nas monoculturas de exportação, como a da cana-de-açúcar.

Fotografia. Pessoas sentadas em uma rua com verduras expostas no chão. Há pessoas caminhando entre elas e guarda-sóis abertos.
Na foto, pessoas circulando em uma rua de Pôrto Príncipe, capital do Haiti, em 2021.

Já em países como Peru e Bolívia, por exemplo, a influência das culturas e tradições dos povos indígenas americanos está bastante presente. Neles e em vários outros da região, os descendentes de povos indígenas chegam a compor cêrca de 37% da população.

Fotografia. Pessoas sentadas ao lado de uma construção expondo ervas e coloridas em uma lona em frente a eles. As pessoas usam chapéus e xales.
Na foto de 2020 na Bolívia, é possível perceber a influência indígena nas culturas e tradições de parte da população.

É forte a influência dos povos europeus sôbre a formação étnico-cultural da América Latina. Em praticamente todos os países dessa região verifica-se o uso oficial de línguas latinas (português e espanhol), o predomínio da religião católica, adotada pelos colonizadores europeus, além da arquitetura de muitas construções.

Fotografia. Muitas pessoas em meio a uma praça. Há mesas, cadeiras e comércio ao fundo. Há pessoas sentadas e caminhando. À direita, barracas. Nas laterais há árvores.
Na foto, movimento de pessoas em Buenos Aires, capital da Argentina, em 2022.

A pluralidade cultural brasileira

Assim como os demais países da América Latina, o Brasil também apresenta uma grande diversidade étnico-cultural, cuja origem está no encontro de diferentes povos que participaram da formação da nossa população, ou seja, indígenas, europeus (sobretudo portugueses), africanos e asiáticos, como os japoneses, libaneses, sírios, entre outros.

Talvez você não perceba, mas vários costumes do nosso dia a dia, como alguns hábitos alimentares e vestimentas, são influências dos povos que formaram a população brasileira. A língua portuguesa e a religião católica, predominantes no Brasil, por exemplo, são heranças da colonização europeia, especificamente de Portugal.

Fotografia. Pessoas com uniformes brancos com fitas coloridas e chapéus tocando instrumentos e formando um corredor em frente a uma igreja, que está ao fundo. Em frente à igreja uma pessoa de vestido branco desfila segurando um estandarte verde. Há mais pessoas ao redor dela.
Na foto, Congada do Divino Espírito Santo, na cidade de São Paulo, em 2022.

Questão 6.

Pense nos seus hábitos diários. Em algum deles você identifica aspectos da cultura dos povos formadores da população brasileira? Caso seja necessário, faça uma pesquisa para responder a essa questão.

Capoeira

A capoeira é definida como uma expressão cultural que mistura dança, luta e música. Em geral, a capoeira se caracteriza pêla espontaneidade dos movimentos, realizados naturalmente e com base no reflexo e na agilidade do praticante, que segue o ritmo dos instrumentos e da música.

Com o passar dos anos, foi criado um novo estilo, denominado capoeira regional. Este, distinto da capoeira de Angola, valoriza a técnica dos movimentos, que deveriam ser praticados e estudados visando aumentar sua velocidade e fôrça. Assim, a capoeira tornou-se uma prática desportiva.

Mesmo depois de séculos, a capoeira é disseminada em várias regiões do ­Brasil, comprovando que a influência da cultura negra é muito forte e presente em nosso país.

Fotografia. Algumas pessoas em uma roda de capoeira. Há duas pessoas ao centro, uma delas ginga e  outra está com as mãos apoiadas no chão e as pernas para o alto. As outras pessoas batem palmas e um homem, toca berimbau. Ao fundo, árvores.
Roda de capoeira em Salvador, Bahia, em 2019.

Geografia e Arte

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A arte dos povos indígenas da América Latina

Os povos pré-colombianos, que habitavam a América antes da chegada dos colonizadores, possuíam uma rica expressão artística.

Era por meio da arte que, de modo geral, povos retratavam sua vida em sociedade, suas crenças e, sobretudo, a relação que estabeleciam com a natureza.

Embora as danças, as músicas e também os diversos contos fizessem parte da expressão artística dos povos indígenas, foram os objetos como artefatos cerâmicos e de pedra, cestarias, tecelagens e também a arte plumáriaglossário que se tornaram representativos e conhecidos como expressão artística indígena na atualidade.

As imagens a seguir retratam algumas expressões artísticas produzidas por povos indígenas do continente americano. Observe atentamente cada uma delas.

Fotografia. Cesto feito com linhas grossas em tons alaranjados. Há desenhos com uma linha sinuosa à esquerda e à direita.
Cestos feitos pêlo povo indígena Yanomami, no município de Barcelos, Amazonas, foto de 2017.
Fotografia. Uma ânfora de cerâmica com diversos desenhos irregulares em todo seu corpo.
Cerâmica de cultura inca, produzida entre 1438 antes de Cristo e 1572 antes de Cristo, na cidade de Lima, Peru, em 2019.
Fotografia. Um cocar composto por penas azuis e vermelhas.
Cocar feito com penas de animais pêlo povo indígena , no município de Manaus, Amazônia, foto de 2022.
Fotografia. Escultura com figura humana com corpo pequeno, olhos grandes e adornos no pescoço, cintura e cabeça.
Escultura produzida pêlo povo maia, entre os anos 250 e 450, na Guatemala.
Fotografia. Indígenas caminhando em círculo, em uma área aberta sem pavimentação. Há crianças entre eles, e todos usam uma espécie de saia de palha, pinturas corporais e cocares coloridos. Ao fundo há moradias e árvores.
Indígenas da etnia Kamayura, durante o ritual Tawarawanã, no Parque Indígena do Xingu, Mato Grosso, em 2019.

Grande parte da arte indígena foi destruída durante o processo de colonização. Por isso, hoje, existe um intenso movimento de valorização e preservação da arte indígena atual e também da arte remanescente do período de colonização do continente americano.

Atualmente, vivem no Brasil diversos povos indígenas, como Ticuna, Tembé, Yanomami, Tupari, Apurinã, Munduruku, Kayapó, entre outros.

Ícone 'Atividade em grupo'.
  1. Com um colega, realize uma pesquisa na internet sôbre a expressão artística de um povo indígena do Brasil. Durante a pesquisa, procurem informações como:
  • onde vivem;
  • de que maneira costumam realizar suas expressões artísticas – danças, cerâmicas, cestarias, pinturas corporais, tecelagem, entre outras;
  • o que procuram representar nessas expressões.
    Ícone 'Atividade em grupo'.

2. Depois, produzam um cartaz com as informações pesquisadas e apresentem-no aos demais colegas da sala.

Ícone 'Ciências Humanas em foco'.

Preservando os elementos culturais nas paisagens

Em diversos lugares do mundo, há paisagens nas quais podemos observar elementos culturais construídos por sociedades que ali viveram em diferentes períodos históricos.

Na América Latina, por exemplo, existem várias paisagens que possuem construções feitas por povos indígenas, que habitavam essa região há milhares de anos, ou então pelos colonizadores que aqui chegaram a partir do final do século quinze. Paisagens como essas são consideradas bens culturais, pois geralmente configuram patrimônio histórico ou artístico de determinado local e se mantêm conservadas devido aos cuidados dedicados à sua preservação.

Preservar paisagens históricas é importante, pois a partir de sua observação e análise podemos conhecer elementos culturais que revelam informações sôbre determinado período, sociedade ou local, e nos fazem refletir mais sôbre êles.

Ao preservarmos algo, cuidamos para que êsse elemento não seja destruído. Quando exercitamos essa prática com os elementos históricos de uma paisagem, por exemplo, evitamos que a ação humana destrua ou cause algum dano a êles, possibilitando que as gerações futuras também os conheçam.

1. No município onde você mora, existe algum elemento cultural e histórico na paisagem que seja preservado?

Ícone 'Em grupo'.
  1. Junto com os colegas da sala, pense em alguns elementos históricos existentes no município onde moram que poderiam ser preservados. Por que vocês consideram importante preservá-los?
  2. Faça uma pesquisa em livros ou na internet e descubra quais atitudes os cidadãos de um município devem adotar para preservar bens culturais.
Fotografia. Ruínas de uma cidade no alto de uma montanha. Há muitos muros paralelos e ao fundo, montanha rochosa entre nuvens. No primeiro plano há um animal deitado na grama.
Esta foto de 2020 mostra as ruínas de Machu Picchu, cidade construída pêlo povo Inca, no século quinze, antes da chegada dos colonizadores europeus. Machu Picchu está localizada no Peru, em meio às montanhas.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. De acôrdo com o que você estudou, explique o que provocou:
    1. o rápido crescimento da população latino-americana a partir da segunda metade do século vinte.
    2. a diminuição da taxa de mortalidade em países latino-americanos ao longo do século passado.
  2. Os fluxos migratórios têm aumentado entre os países da América Latina. Cite dois fatores que contribuem para êsse fenômeno.
  3. O que explica a redução da taxa de natalidade em países latino-americanos nas últimas décadas?
  4. Explique por que a população da América Latina apresenta uma grande diversidade étnico-cultural.

Aprofundando os conhecimentos

5. Com base no mapa de densidade demográfica da América Latina, responda às questões a seguir no seu caderno.

Densidade demográfica da América Latina (2018)

Mapa. Densidade demográfica da América Latina (2018). Habitantes (por quilômetros quadrados). Menos de 5: Guiana, Suriname e Guiana Francesa (França). 5,1 a 15: Bolívia. 15,1 a 45: Belize, Porto Rico (território pertencente aos Estados Unidos), Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Paraguai, Chile, Uruguai e Argentina. 45,1 a 120: Equador, México, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Cuba e Jamaica. 120,1 a 270:  República Dominicana e Guatemala. Acima de 270: El Salvador e Haiti. À esquerda, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita. No canto inferior direito, a rosa dos ventos e a escala: 1535 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 71.

  1. Quais são os países da América Latina com maior densidade demográfica?
  2. E quais são os países com menor densidade demográfica?
  3. Caracterize o Brasil de acôrdo com a densidade demográfica apresentada no mapa. Faça comparações dos dados do Brasil com os de outros países representados.
  4. Sabendo que a Nicarágua conta com uma área de 130.370 quilômetros com 6 milhões de habitantes e que o Brasil apresenta uma área de 8.510 759 quilômetros com 213 milhões de habitantes, explique por que a Nicarágua possui uma densidade demográfica maior que a do Brasil.

Glossário

Inóspito
: lugar onde não se pode viver ou onde a sobrevivência é limitada.
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Arte plumária
: referente aos objetos feitos com penas de aves.
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