UNIDADE 7 África: aspectos naturais e população
A África é o berço da história da humanidade. De acôrdo com vários estudos científicos, foi nesse continente que surgiram os primeiros ancestrais humanos, há cêrca de 2 milhões de anos. Ela apresenta grande diversidade de aspectos naturais, sociais, culturais e econômicos. Na imagem da página anterior, podemos observar uma paisagem com os imponentes baobás, árvores típicas de certas regiões do continente africano.
Iniciando a conversa
- Na foto da página anterior, vemos uma paisagem com baobás, árvore muito comum no continente africano. O que você sabe sôbre os aspectos naturais da África? Conte aos colegas.
- O que você sabe sôbre os conflitos no continente africano? Converse com seus colegas sobre êsse assunto.
Agora vamos estudar...
- a divisão regional geográfica do continente africano;
- as características naturais da África;
- a desertificação do
- a divisão étnico-cultural do continente africano;
- os aspectos que caracterizam a população africana;
- a urbanização do continente africano;
- a questão da fome na África.
CAPÍTULO 23 Aspectos naturais da África
Com cêrca de 30,3 milhões de quilômetros, a África é o terceiro continente mais extenso da superfície terrestre, menor apenas que a Ásia e a América.
O continente africano apresenta uma extensa área costeira e é banhado pêlo oceano Atlântico (a oeste), pêlo oceano Índico (a Léste), pêlo mar Mediterrâneo (a norte) e pêlo mar Vermelho (a nordeste). êle é atravessado pela linha do Equador em sua área central e pelos trópicos de Câncer (a norte) e de Capricórnio (a sul).
Levando-se em consideração o critério da localização geográfica, os países africanos podem ser agrupados em cinco grandes regiões, como podemos observar no mapa a seguir.
Divisão regional da África
Fonte de pesquisa: raesbér, Rogério ( organizador). Globalização e fragmentação do mundo contemporâneo. Niterói: edúfi, 2001. página 286.
Questão 1.
Identifique, no mapa, o nome de dois países situados em cada uma das regiões africanas.
O relêvo africano
No relêvo do continente africano, predominam planaltos, que apresentam formas e altitudes variadas, formados por rochas muito antigas, datadas da era Pré-Cambriana (com mais de 2 bilhões de anos). Devido à origem antiga dêsses terrenos, os planaltos apresentam-se desgastados e aplainados por longos processos erosivos, fato que explica o predomínio de altitudes modestas (abaixo de .1000 metros) na maior parte do continente.
As regiões montanhosas mais elevadas do relêvo africano são:
- Cadeia do Atlas: situada no noroeste do continente, chega a atingir mais de 4 mil metros de altitude; seu soerguimento iniciou-se há cêrca de 300 milhões de anos, na era Paleozoica.
- Maciços montanhosos na região centro-oriental: formados por movimentos orogênicosglossário antigos, ocorridos na era Paleozoica. Há cêrca de 70 milhões de anos, novos movimentos tectônicos provocaram falhas geológicas e grandes derrames de lavas sôbre essas antigas formações. Essas falhas originaram o chamado , uma região marcada por grandes montanhas e profundas depressões. Nesse maciço, estão as mais elevadas altitudes do continente (como o rífiti véli , ponto mais alto da África, com 5 quilimanjáro.895 metros de altitude, mostrado na foto a seguir). Nas depressões, formaram-se alguns dos maiores lagos africanos, como o Tanganica e o Vitória, onde estão as nascentes do rio Nilo.
As partes mais baixas do relêvo são formadas principalmente pêlas estreitas planícies costeiras, que apresentam altitudes reduzidas (abaixo de 200 metros) ao longo de praticamente todo o litoral africano.
rífiti válêi
O rífiti válêi é um conjunto de falhas tectônicas na área oriental do continente africano. Nessa área, a placa tectônica africana se divide em duas menores que se movimentam em sentido contrário, produzindo uma intensa atividade vulcânica. Isso deu origem a elevações e falhas, que, por sua vez, originaram os grandes lagos da África: o Vitória e o Tanganica.
Se o movimento das placas continuar, é provável que em alguns milhões de anos as placas se separem, originando uma enorme depressão inundada pêlas águas oceânicas.
O mapa mostra a localização do rífiti válêi na costa Léste do continente africano.
As placas tectônicas e o rífiti válêi
Fontes de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 57. TEIXEIRA, Wilson et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000. página 364. REFERENCE World Atlas. décima primeira edição Londres: dórlin , 2021. página 7879.
Rede hidrográfica
A rede hidrográfica africana está distribuída de maneira irregular pêlo território, fato que se explica principalmente pêla existência dos diferentes domínios climáticos do continente.
Os maiores e mais importantes rios africanos concentram-se na área central do continente, área dominada pelos climas equatorial e tropical, tipicamente chuvosos. Essas chuvas abastecem as nascentes e o curso dos grandes rios, como o Nilo, o Congo e o Níger, além de seus respectivos afluentes.
Nas áreas com predomínio de climas secos (áridos e semiáridos), os rios são escassos e, em geral, apresentam regimes temporários, secando completamente durante certos períodos do ano. A população dessas áreas sofre os efeitos da escassez de água, tanto para o abastecimento quanto para o desenvolvimento de diversas atividades, sobretudo agrícolas.
A exceção é o rio Nilo, que, apesar de grande parte de seu curso percorrer área de deserto, mantém-se perene, pois sua nascente e as nascentes de alguns de seus afluentes se encontram em áreas em que ocorrem chuvas frequentes.
Observe o mapa que mostra as altitudes do relêvo africano e a distribuição da rede hidrográfica no continente.
relêvo e hidrografia da África
Fontes de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 33.
FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 82.
Clima e formações vegetais
A maior parte das terras do continente africano está localizada na zona intertropical da Terra, ou seja, entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio. Apenas os extremos norte e sul estendem-se pêlas zonas temperadas. Em razão dessa posição geográfica, a África recebe grande radiação solar, o que explica o predomínio de climas com temperaturas elevadas na maior parte de seu território.
climas, no entanto, apresentam diferenças quanto aos índices de precipitações: enquanto o clima equatorial é chuvoso, o clima desértico é extremamente sêco. As diferenças climáticas existentes no território explicam, por sua vez, a grande diversidade de formações vegetais que caracteriza as paisagens africanas. Observe os mapas a seguir que mostram a distribuição dos tipos de clima e de vegetação no continente. Em seguida, conheça suas principais características.
Climas da África
Fonte de pesquisa: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 20.
Vegetação original da África
Fonte de pesquisa: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 22.
Questão 2.
Com base na observação dos diversos tipos de clima e de vegetação do continente africano apresentados nos mapas, você acha que é possível estabelecer uma relação entre êles? Justifique sua resposta escrevendo um texto em uma folha avulsa.
Clima equatorial
O clima equatorial predomina na região central do continente africano. As temperaturas são elevadas ao longo de todo o ano, mantendo-se geralmente acima de 25 ºC. As chuvas também são abundantes, com totais pluviométricos variando entre 2 mil e 3 mil milímetros por ano.
êsse clima favorece o desenvolvimento da floresta equatorial, densa e com grande diversidade de espécies animais e vegetais, assim como da floresta do Congo, segunda maior floresta tropical do mundo, superada apenas pêla Amazônia. Ela se estende por seis países da África, ocupando a porção centro-ocidental do continente.
Clima tropical
Ocorre em grande parte do continente, caracterizado pêla ocorrência de temperaturas elevadas durante o ano todo (médias entre 22 ºC e 25 ºC) e duas estações bem definidas: verão chuvoso e inverno sêco. As precipitações atingem cêrca de .1400 milímetros por ano.
Nesse clima, predominam as savanas, vegetação formada por árvores e arbustos geralmente dispersos na paisagem, com capim e gramíneas que cobrem os solos. Na savana, vivem os grandes mamíferos, como leões, zebras, elefantes e girafas.
Clima mediterrâneo
No extremo norte e no extremo sul do continente africano, atua o clima mediterrâneo, caracterizado por duas estações distintas: verão mais sêco e quente (com temperaturas que podem atingir 30 ºC) e inverno chuvoso e frio (com temperaturas que podem chegar a 0 ºC). Os índices pluviométricos variam entre 500 milímetros e .1000 milímetros anuais.
Nessas áreas, em geral, desenvolvem-se plantas arbustivas. São chamadas de garrigues quando apresentam pequeno porte e aparecem mais esparsas na paisagem, ou de maquis quando são mais densas e fechadas.
Clima temperado
O clima temperado ocorre em pequenas áreas da parte oriental do continente, onde se encontram altitudes mais elevadas, e no extremo sul, onde atuam os ventos vindos do litoral. êsse clima é caracterizado pêlas quatro estações bem definidas ao longo do ano: verão relativamente quente e mais sêco que o inverno, outono com temperaturas que vão diminuindo com o passar dos dias, inverno frio e primavera com temperaturas em elevação.
Nas áreas menos frias, desenvolvem-se as savanas. Já nas áreas de maior altitude, onde as médias de temperatura tendem a diminuir, desenvolve-se a vegetação de altitude, com predomínio de vegetação de pequeno porte, como as gramíneas e os arbustos esparsos.
Clima semiárido
O clima semiárido ocorre principalmente nas áreas de transição entre climas mais chuvosos e os desertos. Apresenta poucas chuvas, com índices pluviométricos que não ultrapassam 500 milímetros anuais, e temperaturas elevadas na maior parte do ano.
Nessas áreas, a vegetação são as estepes, compostas principalmente de gramíneas, arbustos e árvores dispersas na paisagem.
Clima desértico
Ocorre em uma extensa faixa mais ao norte do continente, no deserto do Saara, e no sudoeste, nos desertos da Namíbia e do kalarrári. Nesse clima, as chuvas são extremamente escassas (abaixo de 250 milímetros anuais) e a amplitude térmica varia muito ao longo do dia (as temperaturas podem chegar aos 50 graus Célsius durante o dia e cair para abaixo de 0 graus Célsius à noite).
A superfície dos desertos, em geral, é coberta por dunas de areia e solos pedregosos. A vegetação é escassa e adaptada aos rigores do clima, a exemplo dos cactos e de certas espécies de palmeiras e plantas rasteiras. Onde afloram os lençóis de água do subsolo desenvolvem-se os oásis, áreas geralmente férteis, devido à presença de água.
Nos desertos, podemos encontrar também alguns animais adaptados à escassez de água e à variação de temperatura, como o camelo.
A desertificação do Sael
Na borda sul do Saara, encontra-se o Sael, uma região de transição entre as terras mais úmidas ao sul e o deserto extremamente árido ao norte. Ocupa uma faixa de terras que se estende do litoral Atlântico (oeste) ao mar Vermelho ( Léste), com largura de 5 500 quilômetros (ver mapa). Nessa região semiárida, as chuvas são relativamente reduzidas (pluviosidade média anual entre 200 e 600 milímetros) e a vegetação é composta de domínios intercalados de savanas e estepes.
Nas últimas décadas, a região do Sael tem sido afetada pêlo avanço da desertificação, processo que se inicia com a degradação das terras, causando o empobrecimento de solos produtivos. Isso os torna completamente estéreis, semelhantes aos solos dos desertos.
A principal causa dessa desertificação está relacionada a uma ação antrópica (humana): o desmatamento. Extensas áreas de vegetação nativa do Sael vêm sendo desmatadas e ocupadas por agricultores e pastores para o desenvolvimento da agricultura e de pastagens para o gado. Além disso, também se derruba a vegetação para a obtenção de lenha, utilizada para produzir carvão, fazer moradias, cêrcas, currais etcétera
Com a retirada da vegetação, o solo, já arenoso, fica totalmente desprotegido e muito suscetível à ação erosiva dos ventos e das chuvas, e se torna mais pobre em nutrientes, fatores que levam à desertificação.
Região do Sael
Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: éfe tê dê, 2016. página 130.
O avanço da desertificação também está ligado a fatores de ordem natural. A região do Sael foi atingida por grandes sêcas nas últimas décadas, contribuindo para intensificar êsse processo. Durante as grandes estiagens, as queimadas aumentam, destruindo ainda mais a vegetação, e, com os ventos, as dunas do deserto do Saara avançam em direção ao Sael, acelerando a desertificação.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
Organizando os conhecimentos
- Você estudou que os países africanos podem ser agrupados por sua localização geográfica. Escreva as cinco grandes regiões nas quais países podem ser agrupados.
- Em que área da África se localiza o rífiti válêi? Descreva as características geológicas dessa região.
- A existência de diferentes domínios climáticos interfere na dinâmica da rede hidrográfica do continente africano? Justifique e exemplifique, em uma folha avulsa, sua resposta.
- Por que há o predomínio de climas quentes, com temperaturas médias elevadas, no continente africano?
Aprofundando os conhecimentos
5. Os climogramas a seguir referem-se a duas cidades localizadas na África. Observe-os.
Climograma - Assuã, Egito
Fonte de pesquisa: . Disponível em: https://oeds.link/YfXWML. Acesso em: 28 julho 2022.
Climograma - Toamasina, Madagascar
Fonte de pesquisa: . Disponível em: https://oeds.link/W01SGn. Acesso em: 28 julho 2022.
Com base nos climogramas, identifique qual tipo de clima cada um deles representa. Explique a sua resposta.
- Responda às questões a seguir.
- Observe os mapas das páginas 248 e 256. Em uma folha avulsa, escreva qual a relação entre a Mauritânia, o Sael e o fenômeno da desertificação.
- Quais são os fatores antrópicos e naturais que contribuem para a ocorrência dêsse fenômeno?
Glossário
- Movimento orogênico
- : movimento da crosta terrestre que provoca a elevação do relêvo e origina as cadeias de montanhas.
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