CAPÍTULO 26 Os conflitos na África

O continente africano tem sido palco de intensos conflitos causados por disputas étnicas e territoriais, que envolvem questões históricas e políticas ligadas ao processo de formação dos Estados nacionais africanos.

Durante aproximadamente três séculos, a partir do século dezesseis, muitos africanos foram escravizados e levados de modo forçado para trabalhar nas colônias europeias. Depois, nas últimas décadas do século dezenove, a África passou a ser efetivamente ocupada e explorada pêlas potências marítimas e industriais europeias. Essas metrópoles tinham interêssis estritamente econômicos e visavam explorar, em grande escala, os recursos naturais da África, como o ouro e o diamante, e utilizar suas terras para o cultivo de lavouras tropicais, como chá, café e cacau. Assim, em 1885, a Conferência de Berlimglossário estabeleceu a partilha do território africano entre as potências europeias.

Como fórma de assegurar o domínio sôbre seus territórios, as potências europeias se apressaram em traçar as fronteiras nos domínios coloniais que começavam a ocupar. O mapa desta página mostra como o território africano ficou dividido entre as potências europeias.

Partilha colonial (1885)

Mapa. Partilha colonial (1885). Colônia. Belga: Congo Belga. Inglesa: Gâmbia, Egito, Anglo-Egípcio, Somália, Serra Leoa, Costa do Ouro, Nigéria, Uganda, África Oriental, Rodésia do Norte, Rodésia do Sul, Bechuanalândia, Suazilândia e Basutolândia. Francesa: Marrocos, IFNI, Argélia, Tunísia, África Ocidental Francesa, África Equatorial Francesa, África Equatorial Francesa, Madagascar. Alemã: Camarões, África Oriental Alemã, África Alemã do Sudoeste. Italiana: Líbia, Eritreia, Somália Italiana. Portuguesa: Angola, Moçambique. Espanhola: Rio de Ouro, Guiné Espanhola. Independente: Abissínia, África do Sul. À esquerda, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita. No canto superior direito, a rosa dos ventos e na parte inferior, a escala: 720 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: éfe tê dê, 2016. página 132.

Questão 1.

Observe o mapa e identifique:

  1. as nações europeias que ficaram com territórios coloniais mais extensos no continente africano.
  2. os territórios que ficaram sob domínio de Portugal.
  3. quais eram os únicos territórios independentes nessa época?
Respostas e comentários

Questão 1. a) Os ingleses e franceses.

Questão 1. b) Angola e Moçambique.

Questão 1. c) África do Sul, Abissínia e Libéria.

Objetivos do capítulo

  • Analisar o processo histórico do imperialismo no continente africano.
  • Relacionar os conflitos atuais existentes nesse continente ao passado colonialista.

Justificativas

O estudo das páginas dêste capítulo é fundamental para compreender os conflitos geopolíticos que ocorrem na África. Também é relevante para que a turma entenda como o processo colonial deixou profundas marcas na sociedade e na economia africanas, sendo, atualmente, causas de muitos conflitos pêlo continente. Nesse sentido, são exploradas as habilidades ê éfe zero oito gê ê zero três, ê éfe zero oito gê ê zero quatro e ê éfe zero oito gê ê um oito da Bê êne cê cê.

Metodologias ativas

Para iniciar o trabalho com os assuntos dêsse tema, proponha a êles a estratégia de metodologia ativa chamada Pensar-conversar-compartilhar (think-pair-share), seguida da estratégia de metodologia ativa chamada Escrever para aprender (writing to learn). Mais in­formações sôbre essas aborda­gens podem ser encontradas no tópico Metodologias ati­vas, na primeira parte dêste Manual do professor. A fim de desenvolver essa estratégia, organize os alunos em um semicírculo e leia o texto a seguir para êles.

Nigéria: conflito entre muçulmanos e cristãos

     Em 1960, a Nigéria, formada em sua maioria pêlo povo Hausa (majoritariamente muçulmano), tornou-se independente.

     Porém, a elite econômica do país era formada por povos da etnia iguibôu (de maioria cristã), que estava concentrada, principalmente, nas porções Léste e sul do país.

     Em 1966, houve uma tentativa de golpe de Estado, em que a maior parte dos envolvidos era iguibôu.       Houve represálias e, em 1967, isolados na porção Léste do país, os declaram sua independência.

     Nesse contexto, teve início a Guerra de Biafra, na qual a Nigéria tinha como objetivo reintegrar o território de Biafra e ter o contrôle das jazidas de petróleo da região.

     O conflito terminou em 1970, com o território reintegrado à Nigéria e grande parte da etnia Igbo abrigada em campos de refugiados.

Segundo a ônu, milhares de pessoas morreram nesse conflito e, atualmente, o principal alicerce dos conflitos na Nigéria envolve muçulmanos e cristãos, bem como a disputa pêla exploração do petróleo no país.

Texto elaborado pelos autores.

As fronteiras estabelecidas pelos europeus, no entanto, foram traçadas arbitrariamente sôbre os territórios, sem levar em consideração as áreas ocupadas pêlaspopulações dos diferentes grupos étnicos e culturais que viviam no continente. dêsse modo, as fronteiras estabelecidas passaram a abrigar povos com culturas muito distintas, e até mesmo povos inimigos; por outro lado, separaram povos culturalmente semelhantes. Veja o mapa.

Divisão étnica da África

Mapa. Divisão étnica da África. O continente está inteiro demarcado com limites territoriais dos grupos étnicos africanos com áreas maiores na região norte e menores no centro-oeste. À esquerda, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita. No canto superior direito, a rosa dos ventos e na parte inferior, a escala: 830 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: éfe tê dê, 2016. página 132.

A divisão da África entre as metrópoles europeias gerou consequências profundas na organização social, política e econômica dos povos africanos. Os colonizadores impuseram sua língua e seus costumes, julgando inferior a cultura dos povos nativos. Ao tentar resistir à invasão dos europeus, os grupos foram violentamente reprimidos e massacrados pêla superioridade bélica e militar dos colonizadores, que provocaram o extermínio de muitos grupos.

Pintura. Homens montados em cavalos correndo em um campo atacando homens negros que estão entre a relva. Os homens nos cavalos usam fardas azuis e brancas. Os homens negros usam adornos nas cabeças e tecidos ao redor da cintura.
A imagem retrata a Batalha de Ulundi, em 4 de julho de 1879. Nessa batalha violenta, o exército britânico com seus canhões e fuzis, venceram a resistência do povo Zulu.
Respostas e comentários

Um texto a mais

     No estudo do tema Os conflitos na África, complemente o assunto com a leitura do texto a seguir sôbre o período de colonização do continente africano.

     No início do século , os únicos estabelecimentos europeus permanentes na África eram: as regiões litorâneas de Angola, Moçambique e Guiné, ocupadas por Portugal desde o século , e a colônia do Cabo, antiga colônia holandesa cedida aos ingleses em 1805.

     O comércio de produtos florestais, do marfim e de milhões de escravos durante trezentos anos não resultara na ocupação do interior, uma vez que êsse comércio se fazia basicamente por meio de intermediários africanos. Para ocupar novas áreas era preciso vencer a resistência local, por vezes dirigida por reinos bem-organizados e fortes, enfrentar a insalubridade do clima e conhecer geográfica e culturalmente a região. O ciclo de exploração da África irá concentrar o entusiasmo e os esforços dos exploradores por mais de meio século, principalmente de 1830 a 1880.

reticências

MESGRAVIS, Laima. A colonização da África e da Ásia. São Paulo: Atual, 1994. página 23.

Após a leitura dos textos, instigue-os a refletir sôbre os assuntos e a comentar o que mais lhes chamou a atenção. Em seguida, peça-lhes que escrevam no caderno um texto sôbre o que foi conversado em sala de aula.

A descolonização e a eclosão dos conflitos

Quando as colônias africanas iniciaram os processos de independência, ao longo do século vinte, muitos dos limites territoriais dessas colônias foram mantidos, enquanto o poder político e militar foi transferido das metrópoles para as elites locais. Em muitos casos, essas elites se mantiveram no poder por meio de governos autoritários e corruptos.

A desorganização étnico-cultural herdada do traçado dessas fronteiras é uma das principais causas dos inúmeros conflitos e guerras civis que, historicamente, assolam muitos países africanos. Entre conflitos, podemos destacar os ocorridos em Ruanda, Angola, Nigéria e República Democrática do Congo.

Veja, no mapa, a atual di­visão política da ­África e compare-a com o mapa da página 282, que mostra o traçado das fronteiras definidas de acôrdo com os interêssis dos colonizadores. Observe a permanência de algumas das fronteiras.

Divisão política da África na atualidade

Mapa. Divisão política da África na atualidade. Saara Ocidental (parte do território do Saara Ocidental está sob controle de Marrocos), capital: El Aaiún, Marrocos, capital: Rabat, Argélia, capital: Argel, Tunísia, capital: Túnis, Líbia, capital: Trípoli, Egito, capital: Cairo, Senegal, capital: Dacar, Gâmbia, capital: Banjul, Guiné Bissau, capital: Bissau, Serra Leoa, capital: Freetown, Libéria, capital: Monróvia, Guiné, capital: Conacri, Costa do Marfim, capital: Abidjan, Mali, capital: Bamako, Mauritânia, capital: Nouakchott, Níger, capital: Niamel, Burkina Faso, capital: Ouagadougou, Gana, capital: Acra, Togo, capital: Lomé, Benin, capital: Porto Novo, Nigéria, capital: Abuja, Camarões, capital: Iaundê, Chade, capital: N’djamena, Sudão, capital: Cartum, Sudão do Sul, capital: Juba, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe, capital: São Tomé, Gabão, capital: Libreville, Congo, capital: Brazaville, Cabinda (território pertencente à Angola), República Centro-Africana, capital: Bangui, República Democrática do Congo, capital: Kinshasa, Angola, capital: Luanda, Zâmbia, capital: Lusaca, Malauí, capital: Lilongue, Tanzânia, capital: Dodoma, Ruanda, capital: Quigali, Burundi, capital: Bujumbura, Uganda, capital: Campala, Quênia, capital: Nairóbi, Namíbia, capital: Windhoek, Botsuana, capital: Gaborone, Zimbábue, capital: Harare, Moçambique, capital: Maputo, Suazilândia, capital: Mbabane, África do Sul, capital: Bloemfontein, Lesoto e Pretória, capital: Maseru, Madagascar, capital: Antananarivo, Comores, capital: Moroni, Eritreia, capital: Asmara, Djibuti, capital: Djibuti, Etiópia, capital: Adis Abeba, Somália, capital: Mogadíscio. À esquerda, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita. No canto superior direito, a rosa dos ventos e na parte inferior, a escala: 640 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 45.

A elite africana

Ao longo do processo de dominação da África por países da Europa, os europeus contaram com o apôio de determinados grupos africanos, beneficiados durante a dominação. grupos, mais tarde, deram origem a uma elite africana que, em muitos casos, assumiu o poder após a independência de seus países e se manteve nele por meio de governos ditatoriais e corruptos.

Respostas e comentários

Atividade a mais

  • Oriente os alunos na pesquisa acêrca dos conflitos que estão, ainda hoje, ocorrendo nos países citados no texto. Organize a turma em cinco grupos, de fórma que cada grupo fique responsável pêla pesquisa de um dos países a seguir: Ruanda, Angola, Nigéria e República Democrática do Congo. Se necessário, outros grupos também podem ser formados para pesquisarem conflitos em outros países do continente.
  • Oriente os grupos nos tópicos a serem pesquisados: mapas com a localização do conflito; etnias envolvidas; histórico do conflito (como se originou, o desenvolvimento e se está perto de acabar). Peça-lhes que pesquisem imagens e bandeiras para complementar o trabalho.
  • Instrua-os a sistematizar os dados pesquisados em um cartaz e a expô-los no mural da escola.
  • Aproveite a proposta de pesquisa e desenvolva com os alunos noções introdutórias de prática de pesquisa em revisão bibliográfica. Explique que para essa pesquisa é importante seguir procedimentos como: definição do tema ou assunto que será pesquisado; buscar informações sôbre o tema por palavras-chave, autores, assuntos etcétera; pesquisar em fontes importantes, fidedignas e variadas; selecionar informações relevantes, de acôrdo com o objetivo da pesquisa; realizar uma leitura atenta do material encontrado; elaborar uma síntese baseada no material pesquisado. Antes de produzirem o cartaz, questione-os sôbre os seguintes elementos: A pesquisa possui informações necessárias para a atividade proposta? A pesquisa contemplou diversas fonte de pesquisas, como livros, sites e jornais? A pesquisa apresenta informações recentes sôbre o tema?

Algo a mais

Para complementar os conhecimentos sôbre a África, conheça os livros indicados a seguir.

> HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: sêlo Negro, 2005.

> SERRANO, Carlos; MUNANGA, Kabengele. A revolta dos colonizados: o processo de descolonização e as independências da África e da Ásia. São Paulo: Atual, 1995. (História Geral em Documentos).

O Apartháide

Ícone 'Ciências Humanas em foco'.

O Apartháide foi uma política de segregação racial que existiu na África do Sul, na segunda metade do século vinte. A política do Apartháide dividia a população sul-africana em quatro grupos: brancos, bantos (negros), mestiços e asiáticos.

Embora a população branca, de origem europeia, fosse a minoria, era ela que governava o país e estabelecia as leis do Apartháide, que discriminavam as pessoas pêla côr da pele. Entre as várias proibições que marcaram a política do Apartháide na África do Sul à população não branca, ou seja, negros, mestiços e asiáticos, estava de não poder ser proprietários de seus próprios negócios e de não circular fora de áreas que não eram destinadas a êles. Para tanto, era necessário ter um documento especial permitindo o seu acesso.

O regime de segregação racial do Apartháide chegou ao fim no início da década de 1990, depois que diversos países, com o apôio da o êne u, pressionaram o govêrno sul-africano a realizar eleições nas quais os não brancos pudessem participar como eleitores e como candidatos. Na primeira eleição multirracial, em 1994, Nelson Mandela foi eleito o primeiro presidente negro do país.

Atualmente, mais de vinte anos após o fim do Apartháide, o país ainda enfrenta sérias consequências daquele período, principalmente relacionadas às questões sociais que foram agravadas pêla concentração de renda proporcionada pêlo regime político. A maior parte dos negros continua morando nos mesmos bairros pobres em que viviam durante o Apartháide, e a grande maioria das crianças negras continua frequentando escolas segregadas.

Fotografia. Mandela, homem negro de cabelos curtos, brancos, sorrindo. Ele usa uma camisa estampada.
Mandela foi um jovem militante que lutou pêla igualdade racial na África do Sul durante o regime do Apartháide e, por êsse motivo, ficou 27 anos preso. A fôrça dos movimentos contrários ao regime de segregação tomou fôrça quando a prisão perpétua de Mandela foi revogada, e êle foi solto em 1990. O reconhecimento de sua incansável luta antissegregação racial foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Mandela faleceu em dezembro de 2013, aos 95 anos de idade. Na foto de 2006, o ativista, também conhecido como “madiba”.
Respostas e comentários

Algo a mais

  • Aproveite o tema abordado nesta página e faça a articulação com o componente curricular de História. Para isso, assistam ao filme indicado a seguir, que retrata um cenário pós-Apartháide na África do Sul. > inviquitus . Direção de clínt ístiud. Estados Unidos, 2009 (134 minutos).
  • Antes de assistir ao filme, promova uma conversa com o professor do componente curricular de História para contextualizar o Apartháide. Após assistir ao filme, faça uma roda de conversa, para que os alunos possam expor suas percepções a respeito do filme.
  • O conteúdo proposto na página 285 está relacionado às Ciências Humanas, envolvendo os componentes curriculares de Geografia e História. Explora aspectos das Competências específicas das Ciências Humanas 1 e 4, pois possibilita refletir a respeito do convívio em uma sociedade plural, acolhendo as diferenças e respeitando-as.
  • O tema abordado também promove o desenvolvimento da Competência geral 6 da Bê êne cê cê ao valorizar a consciência crítica e a responsabilidade.

  • Aproveite a proposta de filme apresentada na página e desenvolva com os alunos noções introdutórias de prática de pesquisa estudo de recepção. Para isso, oriente-os a seguir procedimentos como: definição do recurso artístico-cultural escolhido (iconografia, filme etcétera); conversa a respeito do tema apresentado no recurso; análise da recepção pelos alunos diante da temática escolhida; questionamentos por meio de perguntas previamente estabelecidas; reflexão a respeito das percepções acêrca do assunto; produção de relatório com as informações identificadas no estudo de recepção.
  • Comente com os alunos que Nelson Mandela é tido como herói para algumas pessoas. Em 1994, tornou-se o primeiro presidente negro da África do Sul.
  • Explique aos alunos que, Apartháide, em sua acepção mais genérica, significa “vidas separadas”.

O tema é reticências

Educação em direitos humanos

Diamantes africanos: entre a beleza, a tristeza

O diamante encanta o ser humano há milhares de anos. Há indícios de que na Índia e na Mesopotâmiaglossário , há cêrca de 5 mil anos, os diamantes já eram usados em artefatos empregados em rituais.

Atualmente, o diamante é considerado um dos minerais de mais alto valor comercial no mercado internacional e, por isso, êsse comércio é acessível a apenas uma pequena parcela da população mundial.

Embora êsse mineral encante nossos olhos com sua beleza, sua extração da natureza, em alguns casos, envolve tristezas e a morte de muitas pessoas. Nas últimas décadas do século vinte, muitas minas diamantíferas africanas ficaram sob o domínio de ditadores ou de líderes guerrilheiros que tornaram a exploração de diamantes uma fonte financiadora de guerras e armamento.

Ilustração. Homens trabalhando. Eles repassam bateias um a um, partindo de um ponto no solo, subindo escadas até o topo de uma área elevada. Há alguns homens na parte baixa, um está analisando o conteúdo da bateia, outro caminha e o terceiro está abaixado coletando solo. Há uma pá à direita.
Imagem retratando de modo esquemático como é feita a exploração manual de diamantes.
Respostas e comentários

Objetivos

  • Conhecer a expressão “diamante de sangue”.
  • Perceber o impacto da exploração de diamantes para o financiamento de conflitos armados nos países africanos.
  • Conhecer sôbre a implantação do Sistema de Certificação do Processo de químberli.

  • O tema abordado nessa seção desenvolve o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos, pois destaca as condições precárias em que adultos e crianças realizam a exploração de diamantes nas minas africanas.
  • Leia os textos das páginas com os alunos e verifique se êles compreenderam o significado e o uso da expressão “diamante de sangue”.
  • Explique que o Sistema de Certificação do Processo de químberli, implantado em vários países, colabora para evitar que a venda ou contrabando de diamantes financie conflitos armados.
  • Comente com os alunos a situação de trabalho dos indivíduos nas minas.
  • Explique aos estudantes que no Brasil o trabalho infantil é considerado crime. As normas que protegem as crianças e os adolescentes estão no Estatuto da Criança e do Adolescente (éca) (Lei norteº 8.069/1990).

Diamantes de sangue

Diamantes de sangue ou diamantes de conflitos foram as denominações atribuídas pêla ônu aos diamantes extraídos em áreas controladas por grupos guerrilheiros que se rebelam contra governos reconhecidos pêla comunidade internacional.

No final da década de 1990, a exploração de diamantes para o financiamento de conflitos armados ganhou fôrça na África com a guerra civil em Serra Leoa. Nesse caso, tanto o uso dos diamantes para financiamento da guerrilha quanto as condições desumanas em que as pessoas trabalhavam nas minas diamantíferas no país chamaram a atenção do mundo.

O que se constatou ao longo do tempo é que, além de Serra Leoa, vários outros países africanos, como Zimbábue, Angola, Costa do Marfim e República Democrática do Congo, também utilizavam os diamantes como financiadores de conflitos.

Fotografia. Um diamante transparente e brilhante sobre uma superfície preta.
O diamante é composto por átomos de carbono, formados a aproximadamente 150 quilômetros de profundidade da superfície terrestre em condições de elevadas temperaturas e pressão. Tem a maior dureza encontrada na natureza.

Sistema de Certificação do Processo de químberli ()

Em 2000, vários países produtores de diamantes assinaram um acôrdo com a ônu concordando em suspender o comércio de diamantes provenientes de áreas em que essa exploração financia guerrilhas. êsse é um sistema que visa proteger o comércio ilegal de diamantes, minimizando os problemas socioeconômicos, o sustento de grupos guerrilheiros e a manutenção de conflitos.

Nesse sentido, todos os diamantes comercializados internacionalmente devem ter um certificado fornecido pêlo govêrno do país explorador, contendo pêso, côr, volume e valor. O Brasil assinou êsse acôrdo em 2003.

Converse com os colegas sôbre as questões a seguir.

  1. Você tinha conhecimento dos chamados diamantes de sangue?
  2. Converse com seus colegas sôbre a importância do Sistema de Certificação do Processo de químberli ().
  3. Embora nos dias atuais o trabalho infantil não seja permitido em nosso país, muitas crianças ainda trabalham exercendo atividades que trazem malefícios para suas vidas. Converse com seus colegas sôbre o que poderia ser feito para conscientizar as pessoas de que o trabalho infantil não deve existir.
Respostas e comentários

Respostas 1 a 3 da seção O tema é nas orientações ao professor.

As questões de 1 a 3 permitem aos alunos a prática da argumentação ao explorar o conhecimento prévio e os conhecimentos adquiridos na leitura do texto como fórma de se posicionarem diante da discussão proposta, expondo pontos de vista e trocando ideias e opiniões entre si.

Respostas

1. Resposta pessoal. Peça aos alunos que pesquisem o uso dêsse têrmu e sua ligação com os diversos conflitos existentes na África.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que o Sistema de Certificação do Processo de químberli () contribui para diminuir o financiamento de guerras com dinheiro originado do comércio de diamantes.

3. Resposta pessoal. Promova uma conversa com os alunos a respeito do trabalho infantil. Incentive-os a expor suas ideias sôbre o tema. Oriente que todos respeitem a opinião dos colegas. Essa atividade explora as Competências gerais 9 e 10 da Bê êne cê cê, pois promove o diálogo com base em atitudes de conscientização. êle também contribui para que seja explorado o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Nas últimas décadas do século dezenove, a África passou a ser colonizada pêlas potências marítimas e comerciais europeias. De acôrdo com o que você estudou, explique quais eram os interêssis econômicos das potências europeias.
  2. O que foi e quando ocorreu a Conferência de Berlim?
  3. Quais consequências os povos nativos africanos sofreram em sua organização social e política quando seu território foi partilhado entre as metrópoles europeias no século dezenove?
  4. Durante a exploração colonial, o que ocorria com os povos africanos quando tentavam resistir à invasão dos europeus?
  5. Explique por que, tempos após o processo de dominação da África por países da Europa, determinados grupos africanos foram beneficiados.

Aprofundando os conhecimentos

6. Observe a foto a seguir, que retrata uma situação vivida na África do Sul, em 1985.

Fotografia em preto e branco. Duas escadas paralelas. Há homens negros passando por uma à esquerda e um senhor branco na escada à direita.
Respostas e comentários

1. Resposta: As potências europeias visavam explorar em grande escala os recursos naturais existentes, como ouro e diamante, e utilizar as terras para o cultivo de lavouras tropicais, como chá, café e cacau.

2. Resposta: A Conferência de Berlim foi uma reunião realizada na cidade de Berlim em que as potências europeias estabeleceram entre si a partilha do território africano. Ela ocorreu em 1885.

3. Resposta: Os colonizadores escravizaram a população e impuseram sua língua e seus costumes. Além disso, foram traçadas fronteiras sôbre os territórios sem levar em consideração as áreas ocupadas pêla população dos diferentes grupos étnicos e culturais africanos.

4. Resposta: Os grupos que tentavam resistir à invasão dos europeus eram violentamente reprimidos e massacrados pêla superioridade bélica e militar dos colonizadores.

5. Resposta: êles foram beneficiados por darem apôio ao processo de colonização realizado pelos países da Europa. grupos, mais tarde, deram origem a uma elite africana que, em muitos casos, assumiu o poder após a independência de seus países e se manteve nele por meio de governos ditatoriais e corruptos.

  • Aproveite a seção Organizando os conhecimentos e verifique se os alunos conseguiram compreender o conteúdo. Questione-os sôbre o assunto e sane as dúvidas existentes. Caso necessite, retome algum conteúdo que considerar importante.
  • As atividades de 1 a 5 exploram as Competências específicas de Ciências Humanas 2 e 3, pois permitem aos alunos compreender a colonização do continente africano por meio do reconhecimento da importância dos objetos técnicos para entender como os seres humanos usaram os recursos da natureza ao longo da história, desenvolvendo, assim, o raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e da produção do espaço.
  • A atividade 6 explora a Competência específica de Ciências Humanas 4 ao desenvolver o pensamento geográfico por meio da análise de diferentes gêneros textuais.
  1. Explique o que a foto representa.
  2. Comente quem foi Nelson Mandela e qual sua relação com a situação mostrada na foto.
  3. Quais as principais heranças deixadas pêla situação mostrada na foto?

7. O mapa mostra a distribuição territorial dos grupos étnicos na África e a atual divisão política dêsse continente. Observe os limites indicados pêlas linhas traçadas no mapa. Analise-o atentamente e escreva um texto comentando a afirmação a seguir.

   

    Muitos conflitos territoriais ocorridos no continente africano são herança do colonialismo europeu.

Divisão política atual e limites territoriais dos grupos étnicos africanos

Mapa. Divisão política atual e limites territoriais dos grupos étnicos africanos. Mostrando a divisão atual com os Limites territoriais dos grupos étnicos africanos sobrepostos a ele. À esquerda, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita. No canto inferior direito, a rosa dos ventos e a escala: 530 quilômetros por centímetro.

Fontes de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2018. página 45. , Djeimes M. The cultural landscape a introduction to human geography. oitava edição níu Djerzí: pírson eduqueichion, 2005. página 257.

Respostas e comentários

6. a) Resposta: O regime político do Apartháide, que segregava brancos e negros.

6. b) Resposta: Nelson Mandela foi o primeiro presidente negro da África do Sul e lutou pêlo fim do sistema do Apartháide.

6. c) Resposta: Problemas sociais, como a concentração de renda proporcionada pêlo regime político, levando um grande número de negros a viver na pobreza.

7. Resposta: Verifique se os alunos compreenderam que muitos dos conflitos atuais da África são heranças dessa divisão do continente, que levou em conta apenas o interêsse dos colonizadores. Por isso, etnias rivais foram obrigadas a conviver em um mesmo território criado após a partilha, gerando conflitos; em outros casos, a mesma etnia teve seu território dividido em mais de um país.

  • Organize os alunos em uma roda de conversa para levantar alguns dos principais aspectos estudados sôbre a população e a economia africanas.
  • Verifique se os alunos têm alguma dúvida sôbre os conteúdos abordados ao longo da unidade. Caso considere necessário, retome algum tema trabalhado. êsse é um momento importante para avaliar o processo de ensino-aprendizagem.
  • A atividade 7 explora a Competência específica de Ciências Humanas 4, ao desenvolver o pensamento geográfico por meio de análise da linguagem cartográfica.
  • O desenvolvimento da atividade 7 também explora a prática de argumentação, uma vez que os alunos precisam produzir um texto com base em conhecimentos geográficos consistentes e, assim, defender suas ideias sôbre a questão proposta.

Metodologias ativas

Para finalizar o trabalho com os assuntos da unidade, proponha a êles a estratégia de metodologia ativa chamada Papel de minuto (one-minute paper). Mais in­formações sôbre essa aborda­gem podem ser encontradas no tópico Metodologias ati­vas, na primeira parte dêste Manual do professor. A fim de desenvolver essa estratégia, disponibilize um papel em branco (metade de uma folha de sulfite) a cada aluno. A turma terá um minuto para responder à questão proposta e entregá-la a você. Após todos os alunos entregarem as respostas, cole-as na lousa para confirmá-las ou refutá-las.

Glossário

Conferência de Berlim
: reunião diplomática realizada na cidade alemã de Berlim, em que se estabeleceu a divisão territorial do continente africano entre as potências europeias.
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Mesopotâmia
: antiga região localizada no atual Iraque, entre os rios Tigre e Eufrates.
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