CAPÍTULO 6 Globalização, pobreza e desigualdade

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Transcrição do áudio

[Narrador]Reflexos de uma pandemia em um mundo globalizado  [Apresentadora] [tom de voz alegre e tranquilo] Olá, queridas e queridos ouvintes! Aqui é a Bruna! Está começando mais um episódio do nosso podcast.     [Apresentador]  [tom de voz alegre e tranquilo] Olá, pessoal! Sejam todos muito bem-vindos! Eu sou o Paulo, e junto com a Bruna vamos conversar sobre algumas questões que impactam o nosso mundo!   [Apresentadora] [tom de voz tranquilo e sério] Fico impressionada com o nível de conexão a que nossa sociedade chegou. Graças ao avanço das tecnologias, o fluxo de pessoas, produtos, capitais e até mesmo informações ao redor do mundo é muito alto. Sem contar a velocidade. Há 100 anos, ir do Brasil à Europa demorava meses. Nessa época, o transporte era feito principalmente por navios. Hoje, partem do Brasil diariamente vários aviões levando muitos passageiros com destino a cidades europeias. O trajeto entre Rio e Lisboa demora em média 9 horas e meia.   [Apresentador]  Quanta diferença, não? E as informações? Em minutos ficamos sabendo o que aconteceu do outro lado do mundo! Além de termos acesso a bens produzidos em diversas partes do planeta, o que antes não era possível, ou era muito caro e difícil. [Apresentadora] Isso mesmo! Para muitos estudiosos a globalização corresponde à atual fase do sistema econômico capitalista marcado por intensos fluxos de pessoas, informações, mercadorias, capitais...Tudo isso porque o mundo presenciou nos últimos tempos um avanço extraordinário nas tecnologias de comunicação e de transportes. Um exemplo desses intensos fluxos é a possibilidade de grandes empresas dividirem a produção em diversos locais bem distantes entre si e vender seus produtos em qualquer lugar do mundo.   [Apresentador]  Pois é. E tudo isso se reflete também na saúde. Saúde mundial.  [Apresentadora] Explique melhor, Paulo! [Apresentador]  Como pessoas e bens circulam bem rápido atualmente, a possibilidade da disseminação de doenças em escala global também aumenta. Seres humanos e objetos podem transportar alguns tipos de vírus, bactérias e outros agentes infecciosos de um lugar para outro em questão de horas. Ou seja, se uma pessoa estiver doente e viajar para o exterior, ela pode transportar o vírus ou bactéria ao seu local de destino e transmiti-lo a outra pessoa antes mesmo de começar a ter sintomas.   [Apresentadora] [tom de voz sério] Foi isso o que aconteceu na pandemia da Covid-19. Chamamos de pandemia, pois a doença acometeu cidadãos de países do mundo inteiro. A doença se espalhou rapidamente devido ao deslocamento das pessoas que sequer sabiam que estavam infectadas.   [Apresentador]  [tom de voz sério e tranquilo] Assim como as pessoas, as informações também correram velozmente. O que, teoricamente, teria dado aos países mais distantes do foco inicial condições de montar esquemas de proteção à sua população.   [Apresentadora] [tom de voz tranquilo e sério] O alerta dessa doença foi dado pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, que é a agência de saúde da ONU, a Organização das Nações Unidas. Além do alerta, esse órgão foi o responsável por classificar a situação como uma pandemia mundial.  [Apresentador]  O desafio em lidar com a pandemia da Covid-19 trouxe muitas reflexões sobre de que maneira enfrentar esse tipo de situação no mundo em que vivemos. Mostrou-se necessário uma cooperação global. Tanto com relação a informações quanto com a pesquisas. Algumas delas tentaram entender a doença, outras buscaram soluções, como medicamentos ou vacinas. Em consequência de seus estudos, conduzidos ao mesmo tempo em diferentes países, as grandes corporações farmacêuticas, que já vinham atuando em escala global, desenvolveram vacinas.  [Apresentadora] Infelizmente, a vacina não chegou a todas as regiões do planeta ao mesmo tempo. Alguns lugares demoraram mais que outros para vacinar suas populações. Alguns países tinham muitas vacinas, outros não tinham condições nem de adquiri-las nem de aplicá-las. Apesar dos esforços da Organização Mundial da Saúde, vários países, sobretudo os da África, não tiveram acesso às vacinas num primeiro momento. Aprendemos com a situação vivida que o combate à propagação do vírus precisa ser global já que é uma questão comum a todos os países. Além disso, a propagação mundial do vírus está diretamente relacionada à grande circulação de pessoas.  [Apresentador]  É verdade, Bruna. O aprendizado que a pandemia trouxe foi a importância de criarmos dispositivos e normas de detecção precoce de doenças potencialmente perigosas. Doenças com potencial pandêmico.  [Apresentadora] Afinal, pode acontecer uma pandemia novamente. Aliás, acredita-se ser provável que aconteçam outras em razão da intensa e rápida circulação de pessoas e bens. Por isso, é também importante que as autoridades elaborem protocolos sanitários e se antecipem de maneira eficaz para proteger a saúde da população.   [Apresentador]  A resolução de problemas complexos dessa sociedade globalmente conectada só pode ser realizada em âmbito mundial. É preciso haver alinhamento entre as políticas dos países, juntamente com as autoridades internacionais para prevenir, enfrentar e resolver situações de abrangência planetária tão complexas como esta.  [Apresentadora] Estamos chegando ao final de mais um episódio do nosso podcast. Obrigada por nos acompanhar até aqui.  [Apresentador]  Obrigado e até a próxima, pessoal!  [Narrador]A trilha sonora inserida nesse conteúdo é da Incompetech.   

O processo de globalização tem se caracterizado pêlo aumento crescente das desigualdades no mundo. De acôrdo com levantamentos da ônu e do Banco Mundial, dos mais de 7,5 bilhões de habitantes do nosso planeta, 1,8 bilhão de pessoas vive atualmente com uma renda inferior a 3,20 dólares por dia, enquanto 677 milhões de pessoas sobrevivem com menos de 1,90 dólar por dia.

Os números da pobreza são ainda mais alarmantes em alguns países da América Latina, da África e da Ásia, nos quais milhões de pessoas são privadas de seus direitos básicos, como o de ter uma alimentação equilibrada, uma moradia adequada, ter acesso aos serviços de saúde e educação etcétera

A globalização trouxe benefícios a uns poucos países, principalmente aos mais ricos e desenvolvidos, que se mantêm na dianteira econômica e tecnológica, como Estados Unidos, Alemanha e Japão. Porém, para a grande maioria dos países, sobretudo para os mais pobres, a globalização não trouxe os benefícios econômicos esperados. Em muitos dêsses países, ao contrário, o padrão de vida e os indi­cadores socioeconômicos pioraram muito nas últimas décadas, com o aumento das taxas de mortalidade infantil e de analfabetismo, a diminuição da expectativa de vida e a queda da renda per cápita.

Como produto da atual fase do desenvolvimento do capitalismo, a globalização vem acirrando as divergências e ampliando as desigualdades entre os países.

Fotografia. Rio repleto de lixo boiando e preso na margem. Há um duto que passa sobre o rio. Ao fundo, casas com tijolos expostos agrupadas.
Vista da cidade de Nova Délhi, Índia, em 2022.

A pobreza no mundo atual

Ainda que a globalização aumente as disparidades entre os países, os seus efeitos em relação à pobreza variam de uma região para outra. Observe o mapa e compare as informações.

Distribuição da população mundial que vive com menos de US$ 1,90 por dia – em porcentagem (2018)

Mapa. Distribuição da população mundial que vive com menos de 1,90 dólar por dia – em porcentagem (2018). 
Leste da Ásia, Sul da Ásia e Pacífico: 26 por cento.
África Subsaariana: 66 por cento.
América Latina e Caribe: 4 por cento.
Oriente Médio e Norte da África: 3 por cento.  
Europa e Ásia Central: 1 por cento.
Dados não disponíveis: Norte da América do norte. No canto inferior esquerdo, a rosa dos ventos. No canto inferior direito, a escala: 2070 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: THE World Bank. DataBank. Disponível em: https://oeds.link/ok2aMO. Acesso em: 27 maio 2022.

Questão 1.

Quais regiões do mundo concentram a maior quantidade de pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia?

Questão 2.

Qual a porcentagem de pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia na região na qual se localiza o Brasil?

Ao longo das últimas duas décadas, o contingente de pobres aumentou significativamente em certas regiões do mundo, como na América Latina, na África Subsaariana e no sul da Ásia. Fatores como a estagnação econômica, o endividamento externo, a escassez de investimentos ou, ainda, o desvio dos recursos públicos por governos corruptos ou para a compra de armamentos contribuíram para o aumento da pobreza nessas regiões.

Nesse mesmo período, porém, o número de pobres no Léste da Ásia diminuiu consideravelmente. Essa redução da pobreza foi ocasionada por fatores diversos, como o grande investimento em educação, ciência e tecnologia e o crescimento econômico, impulsionado pêla liberalização do comércio e pêlo aumento dos investimentos estrangeiros nessa região.

A desigualdade econômica interna dos países

Além do aumento das disparidades em nível mundial, com a ampliação da distância entre os países ricos e os pobres, a globalização tem aumentado as desigualdades no interior dos próprios países.

êsse fenômeno torna-se ainda mais grave nos países subdesenvolvidos, como ocorre, no Brasil, onde o número de excluídos é bastante elevado, com milhões de pessoas vivendo em condições precárias.

Todavia, a pobreza também vem aumentando mesmo nos países ricos e desenvolvidos, principalmente em razão do desemprêgo crescente, da redução dos benefícios assistenciais (córtes nos gastos previdenciários) e da diminuição das verbas destinadas às questões sociais (habitação, educação, saúde etcétera).

Fotografia. Uma pessoa dormindo em uma calçada. Há um cachorro, bolsas e uma garrafa de água ao lado dela.
Pessoa em situação precária vivendo em rua da cidade de Copenhague, Dinamarca, em 2021.

Estima-se que, nos países mais ricos do mundo, como os Estados Unidos, 8,7% da população esteja vivendo na pobreza, ainda que em condições de vida melhores se comparadas às dos pobres que vivem em países como Brasil, México ou Índia, e muito melhores em relação à população pobre que vive em países da África, como Níger, Burundi e Chade. Isso ocorre porque a assistência social e os serviços de saúde, por exemplo, são mais acessíveis à população dos países ricos, enquanto essas outras áreas são extremamente deficientes nos países mais pobres.

A empatia é a capacidade que temos de compreender sentimentos e emoções de outra pessoa; é como nos imaginarmos no lugar dela. Ao perceber as dificuldades pêlas quais ela está passando, podemos encontrar meios de ajudá-la.