CAPÍTULO 19 A questão Palestina

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Questão 1.

A manchete e a foto apresentadas a seguir retratam um dos principais focos de tensão mundial. Qual é êle? Conte para os colegas o que você sabe sôbre êsse conflito.

Israel autoriza despejo de mil palestinos na Cisjordânia

Folha de S.Paulo, São Paulo, 6 maio 2022. página. A13.

Fotografia. Pessoas entre destroços de construções. Ao fundo há casas.
Foto de escombros em área devastada por bombardeio israelense na cidade de Gaza, em 2021.

A manchete e a fonte abordam o conflito entre judeus (israelenses) e árabes (palestinos) pêlo contrôle do território da Palestina, no Oriente Médio.

Para entender as origens dêsse conflito, é preciso conhecer a história dêsses povos na região. Dois mil anos antes da Era cristã (2000 antes de Cristo), os judeus, na época chamados de hebreus, fixaram-se nessa região, conhecida hoje como Palestina, que já era ocupada por outros povos.

Séculos mais tarde, êsse território foi dominado por outros impérios, como o babilônico (587 antes de Cristo) e o romano (70 Depois de Cristo), que expulsaram os judeus de suas terras. As migrações forçadas, às quais os judeus foram submetidos, ficaram conhecidas como diásporas. Os judeus, então, se dispersaram por vários países, principalmente os da Europa, onde preservaram sua cultura e mantiveram a esperança de retornar à terra natal, chamada por êles de Sião.

No século sete, a região também foi ocupada por árabes muçulmanos, que, nesse território, ficaram conhecidos como palestinos. No século dezenove, os judeus reacenderam a esperança de retornar à Palestina com a disseminação do sionismo, movimento internacional que convocava os judeus a criar um Estado independente na Palestina, que até então se encontrava sob o domínio do Império Britânico.

Com o sionismo, milhares de judeus migraram para a Palestina nas primeiras décadas do século passado e fundaram inúmeras colônias agrícolas. Essa migração tornou-se ainda mais intensa durante a Segunda Guerra Mundial (19391945), quando os judeus foram perseguidos pêlo nazismoglossário .

Ao término da Segunda Guerra, os judeus já somavam quase um terço da população total da Palestina, fato que contribuiu para acirrar as hostilidades e os conflitos entre a comunidade judaica e a árabe. Na tentativa de encontrar uma solução pacífica para conflitos, os britânicos, que até então mantinham o contrôle da região, transferiram o problema para a ônu.

A partilha dos territórios proposta pêla ônu

Em 1947, a ônu propôs um plano de partilha dividindo o território palestino em dois Estados: um judaico e outro árabe. A divisão dos territórios foi realizada levando-se em consideração a maioria da população de judeus ou árabes neles existentes. O mapa a seguir representa a divisão do território palestino entre judeus e árabes proposta pêla ônu.

O plano de partilha da ônu foi aceito pelos judeus, pois selava os objetivos do movimento sionista de criar um Estado judeu.

A proposta, no entanto, foi imediatamente rejeitada pelos árabes da Palestina e também não recebeu apôio dos países árabes vizinhos, como Egito, Síria e Jordânia (Transjordânia).

Partilha da ônu para a região da Palestina (1947)

Mapa. Partilha da ONU para a região da Palestina (1947). Estado judeu: quase toda a área entre Egito, Transjordânia, Síria e Líbano. Estado palestino: norte, centro e sudoeste da área citada com Hebron onde está a Cisjordânia, Gaza onde está a Faixa de Gaza e Nazaré. Países árabes: Egito, Transjordânia, Síria e Líbano. Zona internacional: área ao redor de Jerusalém. Fronteira de Israel: fronteira do Líbano e Síria, região ao redor da Cisjordânia, Faixa de Gaza, fronteira com Egito e Transjordânia. Capital de país: Jerusalém. À direita, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita. No canto inferior direito, a rosa dos ventos. No canto esquerdo, a escala: 40 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 103.

Questão 2.

Confira o mapa e identifique os territórios que pertenceriam ao Estado de Israel e ao Estado Palestino de acôrdo com a proposta da ônu.

O conflito árabe-israelense

Em 1948, líderes políticos judeus proclamaram a independência de seus territórios, criando, assim, o Estado de Israel. Em resposta, os exércitos dos cinco países árabes, Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque, invadiram Israel na tentativa de acabar com o Estado judeu, dando início aos conflitos na região, que se arrastam até os dias atuais.

O exército israelense venceu a primeira guerra contra os países árabes, e o Estado de Israel ampliou suas fronteiras para além dos limites estabelecidos pêla ônu. Com o cessar-fogo, que pôs fim ao conflito, o Egito passou a controlar militarmente a Faixa de Gaza e a Jordânia ficou com o contrôle da Cisjordânia. A cidade de Jerusalém ficou dividida entre Israel e Jordânia.

O Estado palestino jamais foi proclamado e cêrca de 1,5 milhão de palestinos, reprimidos pêla guerra, fugiram das áreas ocupadas por Israel em direção aos países vizinhos, onde passaram a viver como refugiados.

A tomada da Cisjordânia por Israel

Em 1967, temendo uma nova reação dos países árabes, Israel organizou um grande ataque e tomou; a Cisjordânia e Jerusalém da Jordânia; a Faixa de Gaza e a península do Sinai do Egito; e as colinas de Golã da Síria. Confira o mapa.

Sem Estado, a situação do povo palestino motivou o aparecimento de vários grupos de resistência, muitos deles apoiados pelos países árabes. Um dos grupos mais antigos e conhecidos, a chamada Organização para a Libertação da Palestina (), foi criado em meados da década de 1960 pêla iniciativa de países árabes, entre êles o Egito, a Jordânia, a Argélia e a Tunísia. Mas, a partir de 1969, um grupo guerrilheiro passou a controlar a organização e a cometer vários atentados terroristas contra Israel.

No decorrer da década de 1970, novos conflitos bélicos eclodiram entre Israel e os países árabes, e os ataques terroristas também se intensificaram. Israel saiu vencedor de todas as guerras travadas com os árabes nessa década e ampliou bastante seu território.

Israel (1967)

Mapa. Israel (1967). Israel: norte, oeste e centro-sul do território, com as cidades de Haifa, Nazaré e Eilat. Países árabes: Líbano, Síria, Jordânia, Arábia Saudita e Egito. Territórios ocupados por Israel: Faixa de Gaza com Gaza, Península do Sinal (Território egípcio ocupado por Israel entre 1967 a 1982), Cisjordânia, com Jerusalém, Belém e Hebron e Colinas de Golã (Território Sírio anexado por Israel em 1981). Zona internacional: área ao redor de Jerusalém. Fronteira de Israel:  fronteira do Líbano e Síria, região ao redor da Cisjordânia, Faixa de Gaza, fronteira com Egito e Transjordânia. No canto inferior direito, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita, a rosa dos ventos e à esquerda, a escala: 60 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 103.

No fim da década de 1970, Israel e os países vizinhos começaram a negociar e assinaram os primeiros acôrdos que marcaram o início do processo de paz entre árabes e israelenses. Por meio dêsses acôrdos, Israel devolveu parte das colinas de Golã à Síria e a península do Sinai ao Egito, que, em troca, reconheceram formalmente o direito de existência do Estado judeu.

Porém, após a assinatura dos acôrdos de paz com os países vizinhos, Israel passou a promover a ampliação de seus domínios sôbre os territórios palestinos com a construção de assentamentos e colônias de judeus na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

No fim da década de 1980, a renunciou aos conflitos armados e ao terrorismo e passou a ser reconhecida como principal representante do povo palestino, empenhada na construção do Estado palestino e nas negociações de paz com os israelenses. O processo de paz na região, que finalmente poderia culminar com a aceitação do Estado de Israel e a criação de um Estado palestino, no entanto, enfrenta muitos impasses e retrocessos devido à ação de grupos radicais de ambos os lados.

Em defesa dos palestinos, além da , atuam grupos armados que adotam a tática do terrorismo para atacar alvos civis israelenses. Do outro lado, grupos políticos radicais de Israel, apoiados por grande parte dos judeus que vivem nos assentamentos, defendem o uso da fôrça militar contra os palestinos, opondo-se a qualquer acôrdo para devolver os territórios por êles ocupados. Os mapas seguintes mostram a situação atual dos domínios de Israel e da Palestina.

Domínios de Israel e da Palestina (2018)

Mapa. Domínios de Israel e da Palestina (2018). 
Israel: Território entre Egito, Jordânia, Síria e Líbano, com a capital: Tel-Aviv. 
Território sob controle israelense: sudoeste da Síria com Colinas de Golã e áreas dispersas na região leste na Cisjordânia, com a capital: Jerusalém. 
Território sob controle palestino: áreas dispersas na Cisjordânia e no sudoeste com de Israel, com a Faixa de Gaza. 
Território sob controle israelense e palestino: áreas dispersas na Cisjordânia. 
Países árabes: Egito, Jordânia, Síria e Líbano. 
No canto superior esquerdo, a rosa dos ventos e na parte inferior, a escala: 55 quilômetros por centímetro.
Destaque para a Cisjordânia, com: 
Jerusalém: na área central. 
Território sob controle israelense: ocupando a maior parte do território, principalmente na porção leste. 
Território sob controle palestino: áreas no norte, centro, sul e leste com as cidades: Jenin, Nablus, Ramallah, Jericó, Belém e Hebron. 
Território sob controle israelense e palestino: áreas no norte com Ariel e em menor quantidade no sul. 
País árabe: Jordânia no leste. 
Colônias israelenses: espalhadas por todo território. 
Muro, ou “Linha de segurança”, separando Israel da Cisjordânia: faixa ao redor de todo o território com forma sinuosa no oeste, e contornando Jerusalém. No canto superior direito, mapa de localização, planisfério destacando a região descrita.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e a escala: 15 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa dos mapas: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 103.

Jerusalém: cidade sagrada

Jerusalém ou , “cidade da paz” em hebraico, foi fundada há mais de três mil anos. A cidade, que é uma das mais antigas do mundo, está geograficamente localizada na fronteira entre o Estado de Israel e o território palestino da Cisjordânia, em uma região de planaltos nas montanhas da Judeia, entre o Mar Mediterrâneo (a oeste) e o Mar Morto (a Léste).

Atualmente, a cidade possui cêrca de 952 mil habitantes, sendo considerada sagrada por três grandes religiões monoteístasglossário : o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Ela também está dividida em duas áreas distintas: a cidade velha, a parte mais antiga, e a cidade nova, onde vive a maior a parte da população.

A cidade velha, que se estende por um pequeno espaço com cêrca de apenas 1 quilômetros, reúne templos, igrejas e monumentos considerados sagrados pelos judeus, cristãos e muçulmanos.

Atualmente, a cidade velha está dividida em quatro bairros: o cristão, o muçulmano, o judeu e o armênio. Confira o mapa.

Jerusalém – bairros da cidade velha

Mapa. Jerusalém – bairros da cidade velha. Bairro cristão: porção noroeste com Portão Novo, Mesquita Khanqah, Patriarcado Grego católico, Portão Jaffa, Mesquita de Omar, Igreja Maronita, Igreja do Redentor, Igreja do Santo Sepulcro. Bairro muçulmano: na porção nordeste com Portão de Herodes, Igreja de Santa Ana, Monastério das Flagelações, Portão dos Leões, Igreja católica armênia, Igreja de Santa Verônica, Portão Dourado, Haram Al-Sharif, Domo da Rocha, Mesquita Al-Aqsa, Museu Islâmico com o Portão do Templo. Bairro judeu: no sudeste com Muro das Lamentações, Sinagoga Hurva, Sinagoga Ha Ramban e Sinagoga Serfadita. Bairro armênio: no sudoeste com Cidadela da torre de David, Patriarcado Armênio, Catedral St. James, Museu armênio e o Portão do Sion. Muralha da Cidade Velha: Ao redor de todo território e ao redor de uma área no sudeste. Portões da cidade: encontrados no contorno do muro e já citados. No canto superior esquerdo, mapa de localização destacando a região descrita. No canto inferior direito, a rosa dos ventos e a escala: 1 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: , Djeimes M. The cultural landscape: an introduction to human geography. oitava edição níu Djerzí: pírson eduqueichion, 2005. página 215.

Fotografia. Vista do alto. Casas e construções entre árvores. Ao centro, construção grande com uma cúpula ao centro. Ao fundo, áreas de plantação.
Vista de parte da cidade velha de Jerusalém, em 2021.

A disputa pêlo contrôle político sôbre essa cidade é tão antiga que se confunde com sua própria história. Desde 1967, quando Israel invadiu as terras da Cisjordânia, o govêrno israelense considera Jerusalém a capital do seu Estado, situação essa não reconhecida palestinos, que também reivindicam a cidade como capital de um futuro Estado Palestino.

Na tentativa de conter a eclosão de conflitos intensos pêlo contrôle dessa cidade, a ônu reconhece como capital do estado israelense apenas a cidade de , considerando Jerusalém cidade de domínio internacional.

A esperança em meio aos conflitos

Durante a Segunda Guerra Mundial (19391945), a garota judia én frênqui (19291945), junto com mais sete pessoas, viveu escondida dos soldados nazistas em cômodos de um prédio comercial localizado em Amsterdã, na Holanda. Em seu esconderijo, én frênqui escreveu um diário no qual expôs suas reflexões sôbre viver com a perseguição dos soldados nazistas aos judeus. Ela escreveu acêrca da esperança que tinha de ver a situação que vivia chegar ao fim.

O esconderijo de én frênqui foi descoberto em 1944 e todos acabaram capturados pelos nazistas. Ela morreu em 1945 em um campo de concentração na Alemanha. Leia um trecho do diário de én frênqui .

Fotografia em preto e branco. Anne Frank, menina de cabelos na altura dos ombros, sorrindo com os braços sobre uma mesa, em frente a um livro.
Foto de én frênqui , em 1941.

reticências Em tempos assim fica difícil; ideais, sonhos e esperanças crescem em nós, somente para ser esmagados pêla dura realidade. É um espanto que eu não tenha abandonado todos os meus ideais, já que parecem tão absurdos e pouco práticos. Mas me agarro a êles porque ainda acredito, a despeito de tudo, que no fundo as pessoas são boas. reticências

frênqui , én. O diário de én Tradução: Ivanir Alves Calado. vigésima terceira edição Rio de Janeiro: recór, 2006. página 341.

1. Qual é a mensagem principal dêsse trecho do diário de én frênqui ?

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2. Em qual situação de sua vida você agiu com resiliência e esperança? Conte para os colegas.

Resiliência se refere à capacidade de se adaptar a situações adversas, como ocorre com as pessoas que moram em áreas de guerras e de conflitos, onde convivem diariamente com o medo e o sofrimento.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Ampliando os conhecimentos

  1. Explique o que foi a diáspora judaica.
  2. Com base neste capítulo, explique o que foi o movimento sionista.
  3. O que tem causado retrocessos e impasses no processo de paz na região da Palestina?
  4. O que foi a Partilha da ônu?
  5. Quais territórios foram ocupados por Israel na guerra de 1967?
  6. De que maneira Israel passou a ocupar os territórios palestinos a partir da década de 1970?

Aprofundando os conhecimentos

7. Analise as fotos a seguir.

Fotografia. Uma explosão com fogo e grande nuvem de fumaça preta em meio a uma cidade repleta de casas.
Destruição decorrente da explosão de mísseis lançados pêlo exército israelense contra alvos palestinos na cidade de Gaza, em 2021.
Fotografia. Destroços de uma construção, com uma pessoa entre eles. Ao fundo, árvores.
Escombros de um edifício destruído por bombas lançadas por palestinos na cidade de , Israel, em 2021.

As fotos indicam como o conflito entre judeus e palestinos tem sido uma questão de difícil solução. Pesquise em jornais, revistas ou na internet informações sôbre os últimos acontecimentos ocorridos entre árabes e judeus na disputa pêlo território da Palestina. Escreva no caderno um texto contendo as principais informações de sua pesquisa. Depois, apresente-o em sala de aula.

Glossário

Nazismo
: movimento político alemão que pregava a suposta superioridade da raça ariana sôbre os outros povos. Liderado por Rítler, durante a Segunda Guerra Mundial, o nazismo perseguiu e matou milhões de judeus, grande parte nos chamados campos de concentração.
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Monoteísta
: que crê na existência de apenas um deus.
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