CAPÍTULO 2 O tempo
O ano que se inicia, os meses de férias, o dia do aniversário de alguém, a hora de acordar. Esses são apenas alguns exemplos de como o tempo e a passagem dele estão presentes em nosso cotidiano. Você já parou para pensar sôbre isso?
Tempo e cotidiano
Observe as situações a seguir. Elas representam a nossa relação com unidades de medida de tempo.
História e Ciências
O tempo cronológico
O tempo que podemos contar é chamado tempo cronológico. êle é dividido em unidades de medida, como segundo, minuto, hora, dia, semana, e assim por diante. As unidades de medida do tempo cronológico tornam a vida mais prática, pois podemos planejar nossas tarefas e nossos compromissos diários, por exemplo.
Atualmente, os instrumentos mais comuns para marcar a passagem do tempo cronológico são o calendário e o relógio.
Possivelmente, os primeiros marcadores do tempo tiveram origem por meio da observação de fenômenos da natureza e da percepção de que êles se repetiam, como a passagem do dia e da noite, as fases da lua, as estações e as marés. Por estar relacionado aos fenômenos naturais, êsse tempo é chamado tempo da natureza.
Com base nisso, foi possível a elaboração de instrumentos para medir o tempo e a sua passagem, como o calendário. Os calendários estão presentes na cultura de vários povos há milhares de anos.
Com êles, registramos a passagem dos dias, organizamos as atividades diárias, marcamos as datas comemorativas e as festividades religiosas, entre outras atividades.
Tipos de calendário
Dois astros são utilizados como as principais referências para os calendários: a Lua e o Sol.
No calendário lunar, um ano possui 12 meses de 29 ou 30 dias e acompanha as fases da lua. Os meses se iniciam com a lua nova. No calendário solar, um ano corresponde à volta completa que a Terra realiza em tôrno do Sol e à passagem das estações do ano (primavera, verão, outono e inverno).
O calendário usado no Brasil e em muitos países é chamado calendário gregoriano. êle é baseado no movimento da Terra em relação ao Sol, e nele o ano é organizado em meses, semanas e dias.
O calendário chinês
Ao longo da história, diversas sociedades criaram diferentes maneiras de se organizar e de se orientar no tempo. Por isso, o calendário varia de acôrdo com as necessidades e as crenças de cada cultura.
O calendário chinês, por exemplo, é um dos mais antigos do mundo. êle é lunissolar, pois utiliza o Sol e a Lua como referências, além de ser dividido em fases de 12 anos. Nessas fases, cada ano está relacionado ao nome de um animal da astrologiaglossário chinesa. São 12 animais representados: o rato, o boi, o tigre, o coelho, o dragão, a serpente, o cavalo, o carneiro, o macaco, o galo, o cão e o porco.
O relógio
O primeiro relógio a marcar a passagem do tempo com precisão foi o relógio mecânico. Inventado por volta do ano de 1300, foi também o primeiro a marcar o horário por meio do posicionamento dos ponteiros.
Desde aquela época, foram criados diferentes tipos de relógio. Atualmente êles ainda são muito utilizados, porém grande parte das pessoas passou a ver as horas também em aparelhos de celular e smartwatches, dispositivos parecidos com um relógio de pulso e que são conectados ao celular.
O tempo e a História
Um dos aspectos que definem a História é a possibilidade de percebermos as mudanças e as permanências que ocorrem nas sociedades humanas ao longo do tempo.
Quando analisamos historicamente o tempo para perceber essas mudanças e permanências, adotamos o chamado tempo histórico.
No tempo histórico, as mudanças são as alterações que ocorrem em determinado período da História. Já as permanências podem ser consideradas elementos que, apesar das mudanças, conservam características ao longo do tempo.
Confira a foto do cinema Rio Branco. Analisando a imagem, podemos perceber que as pessoas que viviam no início do século vinte se vestiam de modo diferente das pessoas atualmente. A maneira como certas palavras eram escritas também mudou.
Já o hábito de ir ao cinema para ver filmes pode ser considerado uma permanência. Isso porque, apesar de todas as mudanças tecnológicas, êsse hábito continua fazendo parte do cotidiano de muitas pessoas.
Tempo histórico e sociedade
À medida que estudamos a história de diferentes sociedades, percebemos que as mudanças e as permanências não ocorrem no mesmo ritmo em todas elas. Cada sociedade, grupo social ou mesmo indivíduo possui a própria história e vive uma realidade particular.
reticências É só olharmos à nossa volta, para perceber que na sociedade brasileira existem pessoas e grupos diferentes, vivendo histórias diferentes: nem todos se vestem de modo igual, moram em tipos de casa iguais, brincam com brinquedos iguais, fazem o mesmo tipo de trabalho, acreditam nos mesmos deuses, compartilham os mesmos sonhos e memórias ou dançam a mesma música. Existem diferenças e desigualdades que marcam e marcaram a nossa sociedade desde que ela começou a se formar.
reticências
TURAZZI, Maria Inez; GABRIEL, Carmen Teresa. Tempo e História. São Paulo: Moderna, 2000. página 36-37.
Utilizar a perspectiva do tempo histórico para estudar as sociedades ao longo dos anos nos ajuda a compreender por que uma sociedade pode ser tão diferente de outra. Essa perspectiva nos torna também mais capazes de valorizar a grande diversidade de culturas que existe no mundo.
O modo como levamos os alimentos à boca faz parte de nossa história. No Brasil, é comum utilizarmos talheres, como colhér e garfo. Em países orientais, como China e Japão, o mais comum é utilizar hashi (pauzinhos) para se alimentar.
O tempo que orienta
Para facilitar a compreensão da história de determinada sociedade, o tempo pode ser organizado de diferentes maneiras. Um dos primeiros passos para a organização do tempo é o estabelecimento de uma cronologia.
A cronologia indica o início e o fim do período estudado. Por meio da cronologia, é possível situar os acontecimentos ou os fatos históricos de acôrdo com a ordem em que ocorreram no tempo.
O tempo dividido
Ao estudar História, é importante compreendermos algumas medidas de tempo. As mais utilizadas são:
- década: período equivalente a dez anos. Exemplo: a década de 1990 se iniciou no ano de 1991 e terminou no ano 2000;
- século: período equivalente a 100 anos. Os séculos geralmente são representados em números romanos. Exemplo: o século vinte (ou seja, século 20) teve início no ano de 1901 e terminou no ano 2000;
- milênio: período equivalente a 1.000 anos. Exemplo: o segundo milênio começou no ano 1001 e terminou no ano 2000.
Confira duas regras para identificar o século ao qual cada ano pertence.
Para anos terminados em 00, elimine os dois últimos zeros. Exemplos: 1900 = século dezenove; 2000 = século vinte.
Para anos não terminados em 00, córte os dois últimos algarismos e some 1. Exemplos: 1453 = 14 + 1 (século quinze); 1889 = 18 + 1 (século dezenove).
A linha do tempo
Uma das ferramentas utilizadas para a organização e a orientação temporal é a linha do tempo. Ela nos ajuda a organizar as informações históricas dentro de uma cronologia. Com ela, podemos perceber o que aconteceu antes ou depois de determinado fato ou qual foi a sua duração.
A cronologia europeia e outras cronologias
Essa cronologia foi elaborada de acôrdo com acontecimentos e referências da história do continente europeu. Ela é organizada em cinco períodos: Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
Porém, a cronologia europeia não é a única que existe. Em países orientais, como o Japão, os períodos históricos são diferentes. Existe, por exemplo, o período Yayoi (300 antes de Cristo a 300 no calendário gregoriano), caracterizado pêla expansão da agricultura e pêlo uso de metais no território japonês.
Confira a seguir um exemplo de linha do tempo baseada na cronologia da história europeia.
Gire o seu dispositivo para a posição vertical
Atividades
Faça as atividades no caderno.
Organizando os conhecimentos
- Explique o que são as unidades de medida de tempo.
- Como podemos perceber a passagem do tempo observando a natureza? Cite exemplos.
- Como a observação das fases da lua e do movimento da Terra em relação ao Sol serviu de base para a criação de calendários?
Aprofundando os conhecimentos
4. Com base na observação dos fenômenos da natureza, os indígenas Guarani criaram um tipo de observatório solar. A ilustração a seguir representa êsse observatório, conhecido também como relógio solar vertical. Analise-a.
1. No centro do observatório há uma haste cuja sombra é projetada no chão. A peça aponta para o zênite, a região mais alta do céu, que representa nhanderú, um de seus principais deuses.
2. Direção que marca o pôr do sol no início do verão.
3. Oeste: representa Tupã, deus das águas. É também a região que marca o pôr do sol no início da primavera e do outono.
4. Direção que marca o pôr do sol no início do inverno.
5. Norte: representa Jakaira, deus da neblina.
6. Direção que marca o nascer do sol no início do inverno.
7. Léste: representa Karai, deus do fogo. É também a região que marca o nascer do sol no início da primavera e do outono.
8. Direção que marca o nascer do sol no início do verão.
9. Sul: representa Nhamandu, deus do sol e das palavras.
Fonte de pesquisa: AFONSO, Germano. Mitos e estações no céu tupi-guarani. saientifiqui Américan Brasil, São Paulo, Segmento, número 14, página 48, 2009.
- Por que o observatório solar anterior é importante para o povo Guarani?
- Quais deuses estão relacionados ao observatório? Comente a relação entre esses deuses e os pontos cardeais (Norte, Sul, Léste e Oeste).
- E você, costuma observar o Sol? De que maneira a observação do Sol e de seu movimento aparente pode orientar suas atividades diárias?
5. Analise as imagens a seguir, que mostram trabalhadores do campo em diferentes épocas e lugares. Depois, responda às questões no caderno.
- Com base na cronologia europeia apresentada na linha do tempo das páginas anteriores, identifique o período histórico a que se refere cada uma das imagens.
- Que atividade as pessoas representadas nas imagens estão realizando?
- Em sua opinião, essa atividade ainda é importante na atualidade? Por quê?
- Com base na concepção de tempo histórico, analise as duas imagens e escreva as mudanças e as permanências.
O tema é reticências
Diversidade cultural
Constelações indígenas
Se você olhar para o céu em uma noite sem nuvens, em um lugar com poucas luzes, verá inúmeras estrelas. Há muito tempo elas despertam curiosidade e interêsse nas pessoas.
Como vimos nesta unidade, acredita-se que por meio da observação dos fenômenos da natureza os seres humanos tenham elaborado as primeiras maneiras de medir a passagem do tempo. A observação das constelaçõesglossário no céu, por exemplo, cujas posições mudam ao longo do ano, contribuiu para a elaboração dos mais antigos calendários.
Os desenhos das constelações são muito variados e geralmente estão associados a pessoas, animais ou objetos da história e da cultura de um povo.
Para os Guarani Êmibiá, povo indígena que vive em diferentes regiões do Brasil, o céu não é muito diferente do observado por outras pessoas. No entanto, algumas constelações têm diferentes nomes e significados para êsse povo. A constelação de Kuruxu, por exemplo, que corresponde à constelação do Cruzeiro do Sul, fórma para os Guarani Êmibiá o desenho de uma cruz. Porém, êles não consideram a estrela que fica fóra do desenho da cruz, que é conhecida como Intrometida.
Esta ilustração é uma representação artística contemporânea produzida com base em estudos históricos.
Fonte de pesquisa: AFONSO, Germano. Mitos e estações no céu tupi-guarani. saientifiqui Américan Brasil, São Paulo, Segmento, número 14, 2009.
Analise outra constelação importante para os Guarani Êmibiá, chamada constelação da Ema (Guyra nhandu). Para os Guarani Êmibiá que vivem na Região Sul do país, o aparecimento dessa constelação, no mês de junho, indica o início do inverno. Já para os Guarani Êmibiá que vivem no Norte, a mesma constelação indica o início do período de sêca.
Esta ilustração é uma representação artística contemporânea produzida com base em estudos históricos.
Fonte de pesquisa: AFONSO, Germano. Mitos e estações no céu tupi-guarani. Scientific American Brasil, São Paulo, Segmento, número 14, 2009.
Agora, responda às questões a seguir.
1. Por que a constelação da Ema é importante para os Guarani Êmibiá que vivem no Sul e no Norte do Brasil?
2. Você já parou para observar os desenhos formados pêlas constelações? Conseguiu identificar alguma? Com o que ela se parecia? Faça um desenho e mostre para os colegas.
Versão adaptada acessível
2. Você já ouviu falar em alguma constelação além das citadas anteriormente? Descreva-a aos colegas.
3. Em sua opinião, por que é importante manter o conhecimento tradicional dos povos indígenas? Explique sua opinião aos colegas.
4. Pergunte aos seus familiares se êles costumavam ou se costumam observar o céu e as constelações. Em caso afirmativo, procure saber o que êles perceberam nessa observação. Anote a resposta no caderno e, em sala de aula, conte aos colegas o que você descobriu.
O que eu estudei?
Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.
1. Leia com atenção o texto a seguir e responda ao que se pede.
reticências
Quando se diz que “a História é o estudo do homem no tempo”, rompe-se com a ideia de que a História deve examinar apenas e necessariamente o Passado. O que ela estuda, na verdade, são as ações e transformações humanas (ou permanências) que se desenvolvem ou se estabelecem em um determinado período de tempo, mais longo ou mais curto. reticências
BARROS, José dassunção. História, espaço e tempo: interações necessárias. Varia História, Belo Horizonte, volume 22, número 36, julho/ dezembro 2006. página 461.
- De acôrdo com o texto, por que a História não estuda somente o passado?
- Para o autor, qual é o objetivo principal do estudo da História?
2. Os iorubás são uma das maiores etnias do continente africano. Um dos calendários utilizados por êles é o calendário gregoriano, como o nosso. Porém, os nomes dos dias da semana e seus significados são diferentes. Confira.
Dia da semana |
Significado |
Equivalente no calendário gregoriano |
---|---|---|
Ojô-Aicu |
Dia da Imortalidade |
Domingo |
Ojô-Ajé |
Dia dos Ganhos e dos Lucros |
Segunda-feira |
Ojô-Ixegum |
Dia da Vitória |
Terça-feira |
Ojô-Riru |
Dia do Sacrifício |
Quarta-feira |
Ojô-Rubó |
Dia da Criação |
Quinta-feira |
Ojô-Eti |
Dia dos Impasses |
Sexta-feira |
Ojô-Abametá |
Dia das Sugestões |
Sábado |
- No calendário iorubá, quais são os dias da semana correspondentes aos sábados e aos domingos?
- Você conhece o significado dos dias da semana no calendário gregoriano? Faça uma pesquisa e escreva o significado de cada um em uma folha de papel avulsa.
- Quais são as semelhanças e as diferenças entre os dias da semana dos iorubás e os do calendário gregoriano?
- Os calendários podem ser considerados fontes históricas? Quais informações podemos obter ao analisá-los?
3. A ciência histórica é construída por meio da união de vários elementos, como a memória, o tempo, o espaço e o diálogo com outras ciências. Considerando isso, copie na folha de papel avulsa somente a alternativa correta.
- O estudo da História permite que cada um de nós se reconheça no contexto em que vivemos, identificando apenas as culturas semelhantes à nossa.
- A maior contribuição do estudo da História é que ela nos possibilita conhecer a cultura e a sociedade dos povos do passado, mas não nos ajuda a compreender situações do presente.
- Estudar a História leva ao conhecimento das tradições, dos costumes, dos hábitos e das crenças de diferentes sociedades, possibilitando uma percepção melhor sôbre as diferenças e semelhanças entre as pessoas.
- O estudo da História não interfere no modo como percebemos o mundo ao redor, sendo importante apenas para os historiadores.
4. Leia os conceitos a seguir e relacione, em uma folha de papel avulsa, cada um deles com a definição correspondente.
1. Tempo cronológico
2. Tempo da natureza
3. Tempo histórico
A. fórma de medida do tempo que se relaciona às mudanças e às permanências ocorridas em um determinado contexto.
B. Concepção de tempo que se baseia na observação dos astros e da repetição dos fenômenos naturais.
C. Tipo de tempo que pode ser contado por meio de unidades de medida, como os minutos e os segundos.
5. Leia as afirmativas a seguir. Depois, escolha os conceitos do quadro para completar cada uma delas em uma folha de papel avulsa.
Fontes históricas • imateriais • sujeitos históricos • tolerância • materiais
- Conhecer outras culturas permite que cada um de nós se coloque no lugar do outro, transformando-nos em indivíduos com mais ■.
- ■ são vestígios produzidos pelos seres humanos e que podem fornecer informações sôbre sua passagem pêla Terra. Aqueles que agem na construção do conhecimento histórico são chamados de ■.
- É possível dividir as fontes históricas em duas grandes categorias: as fontes ■, como os monumentos, as esculturas e as cartas, e as fontes ■, como as festas, as danças e os modos de fazer de um povo.
Glossário
- Astrologia
- : estudo da suposta influência dos corpos celestes na vida das pessoas.
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- Constelação
- : desenho formado por linhas imaginárias que ligam estrelas visíveis no céu.
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