CAPÍTULO 20 A Baixa Idade Média
A passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade Média (século onze ao século quinze) foi um período marcado por diversas transformações.
As transformações na Europa
Com o fim das invasões estrangeiras, por volta do século dez, iniciou-se uma fase de estabilidade na Europa, em que não havia a necessidade constante de dedicar esforços à defesa territorial. Além disso, durante a Baixa Idade Média, desenvolveram-se técnicas agrícolas que ampliaram a produção de alimentos. Assim, a população cresceu, desfrutando de melhorias na qualidade de vida proporcionadas pêlo momento de relativa paz e pêla maior disponibilidade de alimentos. fatores contribuíram para o renascimento comercial e urbano.
As inovações técnicas
O aumento da produção agrícola foi possível por causa do desenvolvimento de novas técnicas. O arado, instrumento utilizado para preparar o antes do plantio, passou a ser feito de metal, e não de madeira, que exigia mais fórça e quebrava facilmente. Com o arado de metal, o solo podia ser revolvido com maior profundidade e seus nutrientes eram mais bem aproveitados.
Outra inovação que tornou o trabalho no campo mais ágil e produtivo foi a utilização do cavalo no lugar do boi para puxar o arado, já que êsse animal é mais forte e rápido.
Além disso, houve melhoria no processo de moer grãos, usados para fazer pães, sopas e mingaus. O trabalho que antes era realizado principalmente com a fôrçahumana foi facilitado pêla introdução dos moinhos movidos pêla fôrça do vento e da água.
Nesse período, a agricultura passou a ser realizada em campos de rotação trienal, nos quais a terça parte de toda a área produtiva ficava em descanso, enquanto os outros dois terços eram cultivados (com variação dos gêneros em cada terço). Anteriormente, a metade dos campos ficava em descanso e, assim, uma área menor poderia ficar disponível para a agricultura.
O comércio e as feiras
As melhorias nas técnicas de produção agrícola contribuíram para gerar excedentes de alimentos, que podiam ser comercializados. Nas proximidades dos castelos, existiam áreas fortificadas denominadas burgos, onde viviam pessoas que se dedicavam à produção de artigos artesanais e ao comércio. A partir do século onze, com o crescimento do comércio nos burgos, surgiram feiras que, de tempos em tempos, reuniam comerciantes vindos de vários lugares.
Nessas feiras, promovidas em diversas cidades e ao longo de algumas estradas, eram comercializados alimentos, tecidos, utensílios domésticos, ferramentas, entre outros produtos. Essas feiras contribuíram para a ampliação do comércio e também para o desenvolvimento econômico das cidades.
Os banqueiros
Nas feiras medievais, circulavam muitas moedas diferentes. Para facilitar as negociações, surgiu a figura do cambista, que trocava moedas de diferentes regiões e ficava com uma parte delas como pagamento por seus serviços. No decorrer do tempo, os cambistas passaram a oferecer outros serviços financeiros e ficaram conhecidos como banqueiros.
As corporações de ofício
O renascimento comercial e urbano do período possibilitou que parte dos trabalhadores camponeses se deslocasse para as cidades, passando a exercer atividades artesanais e comerciais. Assim, com o aumento do fluxo de pessoas nas cidades, novas ocupações surgiram e outras se desenvolveram.
O trabalho artesanal era produzido nas oficinas pelos mestres de ofícios, donos das oficinas e dos instrumentos de trabalho, e por seus aprendizes, geralmente jovens que recebiam em troca moradia e comida.
Com o aumento do número de oficinas nas cidades, os artesãos que exerciam a mesma profissão, por exemplo, sapateiros, alfaiates ou ferreiros, começaram a se organizar e a formar as chamadas corporações de ofícios, que tinham como objetivo proteger os interêssis dos artesãos, regulamentar o ofício e controlar o fornecimento e os preços dos produtos.
Os burgueses
Com o crescimento das atividades econômicas nas cidades, os habitantes dos burgos, conhecidos como burgueses, começaram a prosperar.
Os burgueses eram trabalhadores livres, portanto não possuíam nenhum tipo de obrigação para com o senhor feudal, não pagavam taxas e não tinham laços de fidelidade. êles trabalhavam nas cidades, chamadas de burgos. Como comerciantes, mercadores e banqueiros, por exemplo, muitos burgueses enriqueceram.
Essa pintura representa um casal burguês em sua residência e demonstra a ascensão da burguesia no final da Idade Média.
A mentalidade medieval
Durante a Idade Média, a Igreja católica exerceu forte influência nas crenças e nos valores da sociedade. Assim, podemos dizer que o cristianismo foi a principal doutrinaglossário formadora das mentalidades do período Medieval.
Os preceitos religiosos estavam presentes em vários aspectos da sociedade, e a religião cristã oferecia muitas explicações para os fatos da vida na Terra. Quem contrariasse as verdades afirmadas pêla Igreja, a qual assegurava que todos os acontecimentos eram vontade de Deus, podia sofrer perseguições.
O fato de a sociedade medieval ser predominantemente agrária tornava-a muito dependente dos recursos da natureza e, portanto, de fenômenos que não podiam ser controlados pelos seres humanos. O medo e a insegurança eram sentimentos constantes no cotidiano das pessoas. Temiam-se as más colheitas e a ocorrência de epidemias, que eram consideradas castigos divinos aos pecados cometidos. Assim, para evitar problemas, as pessoas acreditavam que era necessário seguir os dogmas da Igreja católica.
Questão 1.
Analise a pintura e depois responda: quais aspectos da mentalidade medieval podem ser observados nela? Converse com os colegas.
As mulheres no mundo medieval
Questão 2.
Imagine como era o cotidiano da maioria das mulheres na sociedade medieval. Em sua opinião, elas tinham liberdade para fazer as próprias escolhas?
De modo geral, a sociedade medieval era dominada pelos homens. Cargos políticos, cargos eclesiásticos, ocupações de grande prestígio social e diversas atividades profissionais eram, preferencialmente, ocupados por homens.
A vida de muitas mulheres ficava geralmente restrita ao âmbito do lar e da família e, ainda assim, sob a dependência dos homens, do pai, do marido, do sogro, entre outros. Sua atuação, no caso das famílias mais ricas, era a de administrar os serviços domésticos, comandando os serviçais da casa ou cuidando da educação e do desenvolvimento dos filhos.
Atuação política e militar das mulheres
No entanto, durante a Idade Média, as mulheres conquistaram cargos de destaque na política e também no exército, exercendo seu papel como rainhas, regentes e guerreiras, como foi o caso da francesa Joana Dárc.
No século quinze, Joana Dárc se destacou no exército francês contra a dominação inglesa, motivando os soldados com seus discursos religiosos. Por isso, Santa Joana Dárc foi canonizada pêla Igreja católica em 1920 e é considerada padroeira da França.
Leonor da Aquitânia
Outro exemplo de mulher que se destacou em de comando é Leonor da Aquitânia, que foi rainha da França e da Inglaterra no século doze e exerceu um papel fundamental nas guerras que ficaram conhecidas como Cruzadas (assunto que será tratado mais adiante).
Na ocasião, Leonor da Aquitânia liderou cêrca de 300 mulheres para lutar ao lado dos homens e prestar cuidados aos feridos nas batalhas. A rainha também usou sua influência política para financiar diversos artistas e músicos, além de fundar várias instituições educacionais.
As mulheres e o trabalho
Muitas mulheres exerciam atividades rurais, nas quais, além de se empenharem à preparação do solo, ao plantio e à colheita, dedicavam-se aos cuidados dos filhos e às atividades domésticas.
Nas cidades, muitas mulheres exerciam atividades no artesanato e no comércio, chegando a constituir a própria loja ou oficina. Analise as fontes históricas a seguir, que mostram algumas atividades exercidas por mulheres.
Glossário
- Doutrina
- : conjunto de ideias, teorias ou conceitos de determinado sistema, nesse caso religioso.
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