Unidade 2  Primeiros seres humanos e os antigos povos da América

Pintura rupestre.  Silhueta de animais quadrúpedes com chifres. À direita, silhueta de pessoas de pé próximas aos animais.
Pintura rupestre produzida em cêrca de 5500 antes de Cristo, localizada no sítio arqueológico de  , na Argélia.
Respostas e comentários
  • A imagem das páginas de abertura da unidade mostra pinturas rupestres no sítio arqueológico de , localizado na província de , Argélia. Explique aos alunos que êsse sítio arqueológico foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pêla unêsco em 1982, em razão da riqueza histórica da região, que apresenta cêrca de 15 mil pinturas rupestres. Essas pinturas representam aspectos do cotidiano dos seres humanos que viveram na região há milhares de anos, como as migrações e as práticas de caça.
  • Incentive os alunos a comentar o que sabem das pinturas rupestres, suas características, o período em que êsse tipo de representação foi feito e de que maneira elas eram produzidas. Depois, solicite que observem a imagem desta página analisando seus elementos de maneira detalhada, a fim de responder às questões propostas na próxima página.
  • A análise das páginas de abertura desta unidade possibilita o trabalho com a habilidade ê éfe zero seis agá ih zero três ao apresentar uma pintura produzida há milhares de anos, com o intuito de dialogar com uma hipótese científica sôbre a origem da espécie humana.
  • Ao longo desta unidade, serão trabalhados temas como a origem dos seres humanos e o povoamento da América, tratando das sociedades maia, asteca e inca, bem como dos povos indígenas do Brasil. Por abordarem a origem do homem americano e as possíveis rotas de povoamento da América, assuntos propiciam o trabalho com as habilidades ê éfe zero seis agá ih zero quatro e ê éfe zero seis agá ih zero seis. A habilidade ê éfe zero seis agá ih zero cinco também será desenvolvida ao se trabalhar o tema das transformações que povos realizaram na natureza. Além disso, a abordagem das fórmas de organização e registros das sociedades andinas e mesoamericanas contempla os aspectos das habilidades e ê éfe zero seis agá ih zero oito.

Qual é a origem do ser humano? Como viviam nossos ancestrais mais antigos?

Questões como essas fazem parte do dia a dia de pesquisadores que buscam respostas sôbre nossa origem, ajudando-nos a compreender parte de nossa história.

Nesta unidade, vamos estudar alguns aspectos da vida de nossos ancestrais e tentar, assim, conhecer um pouco mais a História da humanidade.

Iniciando a conversa

  1. Descreva a imagem da página anterior.
  2. Você sabe em que período histórico os desenhos retratados foram feitos?
  3. Em sua opinião, como era o cotidiano das pessoas nesse período? Converse com os colegas.

Agora vamos estudar...

  • a origem dos seres humanos;
  • as transformações no modo de vida dos primeiros seres humanos;
  • o povoamento do território americano;
  • como viviam os povoadores do território onde hoje é o Brasil;
  • a pintura rupestre de povos que habitavam o território onde hoje é o Brasil.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

Nas questões 2 e 3, converse com os alunos sôbre tirinhas ou histórias em quadrinhos que abordam a chamada Pré­‑História, por exemplo, as histórias de personagens como Piteco e Horácio, criados pêlocartunista Mauricio de Sousa. Ainda que de fórma fantasiosa e anacrônica, há pontos interessantes a serem debatidos sôbre o imaginário do período. Ao explorarem as agá quês, os alunos relacionam seus conhecimentos acêrca dêsse período histórico com as referências visuais das culturas juvenis.

Respostas

1. A imagem mostra uma rocha com pinturas rupestres. Essas pinturas representam tanto animais, como bois, quanto seres humanos.

2. Resposta pessoal. Permita que os alunos levantem hipóteses sôbre o período histórico dessas pinturas. É possível que as associem a épocas históricas longínquas nas quais os seres humanos são denominados “homens das cavernas”, de acôrdo com o senso comum. Portanto, aproveite para desconstruir êsse estereótipo criado em tôrno dos nossos ancestrais. Se necessário, comente com os alunos que essas pinturas foram produzidas por volta de 5500 anos antes de Cristo

3. Resposta pessoal. Incentive os alunos a comentar a maneira como imaginam que era o dia a dia dos seres humanos dêsse período. Com base na representação da pintura rupestre e em seus conhecimentos prévios, provavelmente comentarão que os seres humanos caçavam para se alimentar e que produziam representações de seu cotidiano por meio das pinturas rupestres.

 Capítulo 3  A origem dos seres humanos

“Qual é a origem do ser humano? Quando surgimos?” Essas são perguntas que você e outras pessoas já podem ter feito em algum momento da vida. Para procurar respondê-las, muitos pesquisadores de diversas áreas, entre arqueólogos e historiadores, fizeram e ainda fazem estudos e pesquisas, chegando a algumas hipóteses.

Os primatas

Com base em estudos científicos, os pesquisadores concluíram que os seres humanos são primatas, grupo do qual fazem parte os chimpanzés e os gorilas. Os primatas que deram origem ao ser humano se desenvolveram no continente africano há mais de 70 milhões de anos.

Ao longo do processo de evolução, eles adquiriram características específicas que os diferenciaram dos demais primatas, como o cérebro maior e o modo ereto de andar sôbre duas pernas. Assim, há evidências de que os primeiros humanos também tiveram origem na África.

Conheça agora as principais características de alguns de nossos ancestrais.

Ilustração. Ficha composta por texto e imagem. Na parte superior o texto: Australopitheucus afarensis. Viveu cerca de 4 milhões de anos atrás. Local: África. Tamanho do cérebro: 460 centímetros cúbicos. Principais características: Possuía longos braços, era bípede, ou seja, andava sobre duas pernas. Ao lado, ilustração de um homenídeo com rosto grande, cabeça pequena, corpo peludo e braços longos.
Ilustração. Ficha composta por texto e imagem. Na parte superior o texto: Homo habilis. Viveu cerca de: 2,5 milhões de anos atrás. Local: África. Tamanho do cérebro: 800 centímetros cúbicos. Principais características: Confeccionava ferramentas feitas de pedra lascada, cujas pontas eram afiadas e cortantes. Ao lado, ilustração de um homem, rosto grande, pelos na cabeça e ombros, segurando com as mãos lâminas feitas de pedra.
Ilustração. Ficha composta por texto e imagem. Na parte superior o texto: Homo erectus. Viveu cerca de 2 milhões de anos atrás. Local: África, Ásia, Europa. Tamanho do cérebro: 950 centímetros cúbicos. Principais características: Desenvolveu ferramentas mais complexas e dominou o fogo. Além disso, migrou para outras regiões. Ao lado, ilustração de um homem com cabelos na altura do ombro. Ele está de pé, segurando uma tocha com a mão esquerda.

Estas ilustrações são representações artísticas contemporâneas produzidas com base em estudos históricos.

Fonte de pesquisa: Roberts, Élice. Evolution: the human story. Lôndon: dórlin /ei Pêngüim , 2011.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Compreender aspectos relacionados à origem dos seres humanos.
  • Conhecer as transformações no modo de vida dos primeiros seres humanos.
  • Saber como ocorreu o povoamento do território americano.

Justificativas

Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes, pois abordam a origem dos seres humanos e a teoria da evolução por seleção natural, pautada nos estudos de chárlis Dárvin. Para se compreenderem as transformações no modo de vida dos primeiros seres humanos, serão apresentadas as principais fases de seu desenvolvimento, abrangendo as transformações na natureza e a passagem do nomadismo para o sedentarismo, as quais levaram o ser humano a estabelecer comunidades que, posteriormente, tornaram-se cidades.

Os alunos também conhecerão e analisarão temas referentes ao povoamento da América. temas possibilitam o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero três, ê éfe zero seis agá ih zero quatro, ê éfe zero seis agá ih zero cinco e ê éfe zero seis agá ih zero seis. Além disso, ainda desenvolvem a Competência específica de História 4, ao trabalharem com diversas interpretações do mesmo período histórico, e a Competência geral 2, por instigarem a curiosidade dos alunos sôbre o uso de métodos científicos de investigação de aspectos do nosso passado, como o surgimento e o desenvolvimento de nossos ancestrais.


O assunto desta página trata, notadamente, da questão do desenvolvimento dos primatas no continente africano. Assim, favorece a articulação com alguns aspectos do tema contemporâneo transversal Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras. O momento é oportuno para destacar essa origem aos alunos, comentando que a espécie humana tem ancestrais que se desenvolveram na África. Aproveite também para promover a valorização das manifestações culturais de origem africana e afro-brasileira, que fazem parte da identidade do nosso país.

Ilustração. Ficha composta por texto e imagem. Na parte superior o texto: Homo heidelbergensis. Viveu cerca de: 600 mil anos atrás. Local: África e Europa. Tamanho do cérebro: 1200 centímetros cúbicos. Principais características: Era alto, pesado e tinha ossos salientes. Enterrava os mortos junto com seus pertences. Ao lado, ilustração de um homem com cabelos e barba, corpo robusto. Ele está de pé segurando uma lança pequena.
Ilustração. Ficha composta por texto e imagem. Na parte superior o texto: Homo neanderthalensis. Viveu cerca de: 300 mil anos atrás. Local: Europa e sudeste da Ásia. Tamanho do cérebro: 1400 centímetros cúbicos. Principais características: Vivia em pequenos grupos, dentro de cavernas ou em áreas abertas, e tinha o costume de enterrar seus mortos. Ao lado, ilustração de um homem com cabelos longos e barba, pele de animal ao redor do corpo. Ele está de perfil, caminhando, segurando com uma das mãos um cajado.
Ilustração. Ficha composta por texto e imagem. Na parte superior o texto: Homo sapiens sapiens. Vive desde: 200 mil anos atrás. Local: África e, posteriormente, os outros continentes. Tamanho do cérebro: 1400 centímetros cúbicos. Principais características: Adapta-se facilmente a diferentes ambientes, possui face e dentes menores que os dos outros primatas. Ao lado, ilustração de um homem com cabelos e barba, usando pele de animal ao redor do corpo. Ele está de pé segurando uma lança.

Estas ilustrações são representações artísticas contemporâneas produzidas com base em estudos históricos.

Fonte de pesquisa: Roberts, Élice. Evolution: the human story. Lôndon: dórlin /ei Pêngüim , 2011.

A teoria evolucionista

A teoria mais aceita pelos cientistas para explicar a origem da humanidade é a teoria evolucionista. Essa teoria foi desenvolvida pêlo naturalistaglossário inglês chárlis Dárvin (18091882), que realizou diversos estudos em diferentes lugares do mundo e concluiu que a evolução dos seres vivos ocorre de acôrdo com a seleção natural: os que melhor se adaptam ao ambiente têm mais condições de sobreviver e de transmitir suas características aos descendentes. Por outro lado, os que menos se adaptam não conseguem sobreviver e tendem a ser extintos. Assim, de acôrdo com essa teoria, os seres vivos, entre eles os humanos, passam por transformações ao longo do tempo.

Gravura em preto e branco. Destacando o busto de Charles Darwin, homem calvo, cabelos na lateral da cabeça e barba enrolada na altura do peito, rugas na testa, usando terno. Ele está de perfil.
Representação de chárlis Dárvin em gravura publicada na enciclopédia alemã Meyers Konversations-Lexikon, em 1905.
Respostas e comentários
  • Comente que, além das teorias científicas, existem narrativas de cunho religioso para explicar a origem do ser humano.
  • Explique aos alunos que narrativas de cunho religioso baseiam suas explicações da origem dos seres humanos na crença de que uma divindade criou o Universo e tudo o que nele existe. Na tradição judaico-cristã, por exemplo, um ser único, onipotente e onipresente, denominado Javé ou Deus, foi o responsável pêla criação do Universo e de todas as fórmas de vida. êle teria criado tudo isso em seis dias e descansado no sétimo. Essa narrativa está presente no livro de Gênesis, que faz parte da Bíblia.
  • Comente que atualmente há algumas vertentes religiosas que admitem que os seres vivos evoluíram ao longo do tempo, embora os respectivos seguidores defendam que tal acontecimento teve a intervenção divina, o que os teria conduzido ao aperfeiçoamento biológico. Dessa forma, problematize essa questão com os alunos, comentando que existem outras explicações religiosas cujos argumentos estão de acôrdo com as crenças e as tradições dos respectivos segmentos.
  • Aproveite para reforçar a importância do respeito à diversidade de religiões e às várias fórmas de compreender assuntos como a criação do Universo e a origem dos seres humanos.
  • sôbre o processo de evolução dos nossos ancestrais, explique para os alunos que êsse desenvolvimento não ocorreu de maneira linear, ou seja, uma espécie não necessariamente substituiu a outra cronologicamente. Algumas delas, inclusive, teriam convivido. Um exemplo dessa coexistência sugere que o ômo conviveu com o ômo Sápiens por cêrca de 10 mil anos.

Algo a mais

  • Para compreender o conceito de evolução e conhecer algumas fórmas de abordá-lo com os alunos, visite o site Entendendo a Evolução. Disponível em: https://oeds.link/26sWqa Acesso em: 16 maio 2022.
  • Além disso, para acompanhar reportagens e textos recentes sóbre a evolução das espécies, você pode acessar a seção do site da Revista dedicada ao tema evolução, na qual há conteúdos atualizados que podem ser aplicados em sala de aula. Disponível em: https://oeds.link/YuBSa4. Acesso em: 16 maio 2022.

Os mitos de origem

Desde os tempos mais remotos, diferentes povos buscam explicar os fenômenos ao seu redor por meio dos mitos. Os mitos são narrativas que contam histórias de um passado distante para esclarecer o porquê da vida presente, procurando explicar o mundo e tudo o que há nele.

Leia a seguir o mito de surgimento dos seres humanos criado pêlo povo camaiurá, que vive na Região Norte do Brasil.

Dizem que tudo começou no início dos tempos, quando só existia . êle foi o primeiro homem e tinha o mundo todo só para êle. Porém não tinha espôsa, nem filhos, nem família nenhuma. Um dia, sentindo-se cansado de viver sozinho, desejou ter companhia.

Então foi até uma lagoa, pegou uma concha e a transformou em mulher. casou-se com ela. Os dois viveram juntos até que nasceu o primeiro filho. reticências

Quando quis criar um povo, êle foi para a mata e cortou várias toras de madeira. Fincou as toras no chão de uma praia do , a Terra da Lenda. êle as enfeitou com penas, colares e fios de algodão. Em algumas delas, que seriam os homens, desenhou uma cobra sucuri. Nas que se transformariam em mulheres, desenhou peixes.

êle iniciou um ritual para fazer acontecer o que desejava. Acendeu uma fogueira diante de cada tora e ficou ali pêlo resto do dia e parte da noite, cantando uma canção encantada. reticências

Durante o encantamento, muitos peixes saltaram das águas dos rios, festejando; e várias onças vieram da mata, para lutar com os peixes. Foi de todos eles que fez seu povo. As toras transformadas em gente deram origem às pessoas importantes da tribo. Os peixes se transformaram nos indivíduos mais simples da aldeia. E as onças, essas viraram os povos vizinhos, que de vez em quando aparecem para guerrear.

reticências

Ilustração. À esquerda, duas onças pintadas, saltando sobre um mar com peixes. À direita, três toras de madeira, cortadas, enterradas na areia e enfeitadas com grafismo indígena.

RIOS, Rosana. e o Cuarúpi: um mito camaiurá. São Paulo: ésse eme, 2008. página 811. (Coleção Cantos do Mundo).

Agora, responda à questão a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

Você conhece outras explicações sôbre a origem dos seres humanos? Quais?

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[Narrador]

Mitos de origem brasileiros

[Narradora]

[tom de voz animado, explicativo]

Olá, pessoal!

Todas as sociedades têm histórias para explicar a origem do mundo, dos seres vivos e dos elementos da natureza. Essas narrativas são chamadas de mitos.

Vocês já devem ter ouvido falar dos mitos gregos ou romanos, não é?

Pois então, todos os povos, antigos ou modernos, têm suas próprias mitologias, que procuram dar um sentido à existência das coisas.

Com os milhares de povos indígenas espalhados pelo mundo não é diferente. Só no Brasil, são mais de 240 etnias, cada uma com sua cultura e sua visão de mundo.

E os mitos são fundamentais para esses povos. Transmitidos oralmente de geração em geração, eles servem para retratar sua organização social e suas crenças, além de explicar a passagem do tempo e os ciclos naturais.

É também por meio dos mitos que os indígenas buscam compreender a origem de tudo na natureza, como as plantas, os animais, os rios e os astros celestes.

A história que vocês vão ouvir agora é sobre como surgiu a mandioca, um alimento importante para várias etnias indígenas. É um mito comum entre diversos povos, como os Pataxós, que vivem, especialmente, nos estados da Bahia e de Minas Gerais. Vamos ouvir?

[Narradora]

[tom de contação de história]

Certa noite, durante o sono mais profundo, o cacique de uma grande aldeia indígena sonhou com sua filha, que estava grávida. Em seu sonho, uma voz imponente e misteriosa lhe fez uma importante revelação:

[tom profético, fazendo uma voz mais grossa]

“Pode ficar feliz, poderoso e sábio cacique. Sua filha espera uma menina muito especial, que trará felicidade e fartura para todo o seu povo, por gerações e gerações”.

[Narradora]

[tom de contação de história]

Com o passar dos dias, o amor do cacique pela neta, que ainda nem tinha vindo ao mundo, aumentava cada vez mais.

Quando chegou a hora, a filha do cacique deu à luz uma menina delicada, que recebeu o nome de Mani.

[Narradora]

[tom de contação de história]

O tempo passou. Mani cresceu e se tornou uma criança esperta e alegre, muito amada por todos na aldeia.

Certa manhã, porém, a menina não se levantou cedo como de costume. Sua mãe estranhou e foi ver o que tinha acontecido. Ao se aproximar da filha, teve um grande choque: a menina estava morta.

Aquela mãe desesperada lançou um terrível grito de dor, que foi ouvido em cada canto da floresta.

[Narradora]

[tom de contação de história]

O cacique não se abateu, pois seguia acreditando no destino que estava reservado para a neta. Ele consolou sua filha, e a menina foi enterrada dentro da própria oca.

Todos os dias, aquela mãe desconsolada derramava suas lágrimas sobre a cova de Mani.

Depois de algum tempo, ela notou que uma planta diferente, vistosa, tinha nascido no local onde a menina havia sido enterrada.

A filha do cacique, então, passou a cuidar da planta com carinho, até perceber que a terra à sua volta começou a rachar. A jovem logo imaginou que sua filha pudesse estar voltando à vida.

Cheia de esperanças, começou a cavar a terra. Mas, em vez da filha amada, encontrou uma raiz muito grossa.

Aquela planta era desconhecida na aldeia. Mas, assim que provaram seu sabor, todos ficaram alegres e empolgados.

Os indígenas, então, espalharam pedaços da raiz por toda a floresta, e em pouco tempo ela se tornou o principal alimento da aldeia.

Em homenagem à menina, a raiz recebeu o nome de manioca, que significa casa de Mani. Com o passar do tempo, passou a ser chamada de mandioca.

[Narradora]

[tom de voz conclusivo]

Bem, essa é a história da origem da mandioca conforme a mitologia. Espero que vocês tenham gostado.

Por que vocês não aproveitam para pesquisar outros mitos indígenas?

Até a próxima!

[Narrador]

Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound e da Incompetech.  

Respostas e comentários

Resposta da questão nas orientações ao professor.

Atividade a mais

Se julgar conveniente explorar o conteúdo do texto com os alunos, faça-lhes algumas perguntas sôbre o recurso, como:

1. De acôrdo com o mito camaiurá, qual foi o primeiro homem a existir no mundo?

2. Descreva o que fez ao criar um povo.

3. De que maneira o ritual de organizou socialmente seu povo?

Respostas

1. Espera-se que os alunos comentem que foi .

2. êle foi para a mata a fim de cortar várias toras de madeira. Depois, fincou-as no chão de uma praia do e as enfeitou com penas, colares e fios de algodão. Naquelas que seriam os homens, desenhou uma cobra sucuri; nas que seriam as mulheres, desenhou peixes. Depois, iniciou um ritual para finalizar o que desejava.

3. transformou os peixes nos indivíduos mais simples da aldeia; as onças foram transformadas em povos vizinhos que, de vez em quando, apareciam para guerrear; e as toras de madeira foram transformadas nas pessoas mais importantes da tribo.

Resposta

Resposta pessoal. Incentive os alunos a contar as explicações que conhecem. Se necessário, diga a eles que existem mitos de diversas origens e épocas sôbre o surgimento do mundo, como o dos povos astecas, dos povos africanos da etnia iorubá, dos antigos egípcios e persas, entre outros.

Um texto a mais

Os mitos são comuns na história de diversas civilizações. O texto a seguir defende a importância dessas narrativas. Se julgar conveniente, apresente-o aos alunos.

O que são mitos?

Mitos são narrativas que falam das origens do universo, da humanidade e da fórma como uma sociedade pode se organizar.

Muitas pessoas, por não entenderem a importância dos mitos, costumam considerá-los como “histórias da Carochinha” ou invenções criadas pelos índios para amedrontar crianças. No entanto, ao contrário disso, os mitos nos remetem para nossas origens e nos lembram permanentemente quem somos nós, de onde viemos e para onde vamos. Lembram-nos ainda como devemos nos comportar durante nossa passagem péla vida e nos dizem, inclusive, quais os castigos que sofreremos caso não sigamos as regras da sociedade.

[...]

mundurukú, Daniel. Coisas de índio. São Paulo: cállis, 2000. pê ponto 70-71.

A história antes da escrita

O longo período da História conhecido como Pré-História costuma ser dividido em duas partes. O período mais antigo recebe o nome de Paleolítico (“pedra antiga” ou “pedra lascada”) e começou há cêrca de 2,5 milhões de anos. O segundo período se chama Neolítico (“pedra nova” ou “pedra polida”) e se iniciou quando os seres humanos passaram a praticar a agricultura, por volta de aproximadamente 12 mil anos atrás, e terminou há cêrca de 5 500 anos, com a invenção da escrita cuneiforme.

Período Paleolítico

No período Paleolítico, diferentes espécies de hominídeosglossário existiram simultaneamente. Entretanto, ao longo do tempo, algumas espécies foram extintas. Nessa época, viveu o ômo , que produzia utensílios com lascas de rochas.

Durante o Paleolítico, nossos ancestrais eram caçadores e coletores. Faziam armadilhas, pescavam e coletavam moluscos, ovos, frutas, raízes e vegetais comestíveis. Eles eram nômades, ou seja, mudavam-se com frequência de um local para outro em busca de alimentos, principalmente.

O conhecimento de como produzir fogo, dominado pêlo ômo , foi uma importante conquista. Ao dominar essa técnica, nossos ancestrais puderam usar fogueiras para se aquecerem, assar alimentos e afastar os animais que os ameaçavam. O aprimoramento de técnicas para a produção de ferramentas e o domínio do fogo permitiram aos nossos ancestrais que habitassem outros continentes além da África.

No final do período Paleolítico, alguns povos passaram a produzir utensílios mais elaborados, lixando pedaços de rochas para moldá-los e afiá-los. Essa técnica contribuiu para tornar mais eficientes a coleta, a caça e a pesca.

Fotografia. À esquerda, uma pedra pontiaguda na parte superior e arredondada na parte inferior. Ao lado, uma pedra com formato oval. À direita, uma pedra pontiaguda na parte superior e inferior.
Instrumentos de pedra produzidos no final do período Paleolítico, cêrca de 20 mil anos atrás.
Respostas e comentários

Acredita-se que inicialmente os nossos ancestrais utilizavam o fogo apenas quando êle era encontrado por acaso na natureza, pois entendiam que se tratava de uma descarga de raios, por exemplo. No entanto, com o tempo, foram desenvolvidas técnicas para produzi-lo e dominá-lo. Provavelmente, procedimentos correspondiam à raspagem entre rochas ou ao atrito entre uma vareta e uma base. mecanismos produziam faíscas que, em contato com materiais como a palha, geravam chamas.

Atividade a mais

Aproveite o momento para produzir uma breve peça de teatro com os alunos. Para conduzi-los, siga as orientações.

a ) Peça-lhes que busquem em livros na biblioteca e na internet outros mitos que narrem a criação dos seres humanos.

b ) Com base no material reunido, cada grupo deverá escolher um mito diferente.

c ) Em seguida, deverão produzir um breve texto resumindo o mito escolhido.

d ) Por fim, cada grupo fará uma apresentação teatral dele, o que deverá ser breve e encenado na própria sala de aula. Portanto, os alunos precisam se programar para não se estenderem por muito tempo. Explique que eles podem utilizar objetos como fantoches e bonecos ou fazer pinturas corporais com tintas laváveis e não tóxicas para interpretar as personagens da narrativa. Incentive-os a explorar a imaginação e comente que qualquer aderêço pode ser útil nas encenações, como pedaços de tecido, galhos ou folhas de árvores.

e ) Se não for possível apresentar as peças, oriente-os a expor oralmente o mito que pesquisaram.

Período Neolítico

No período Neolítico, com o desenvolvimento da agricultura, a necessidade de os seres humanos se deslocarem em busca de alimentos diminuiu. Muitos povos adotaram moradias fixas, ou seja, tornaram-se sedentários. Assim, os seres humanos passaram a se organizar em pequenas aldeias dedicadas à agricultura e à criação de animais.

Instrumentos foram aprimorados, como foices, machados e enxadas, que, produzidos com metais como cobre, bronze e ferro, eram mais resistentes e eficientes. Novas técnicas agrícolas foram desenvolvidas, como a adubação das terras para o cultivo de plantações, a irrigação do solo e o uso de aradoglossário puxado por animais. fatores possibilitaram o aumento da produção de alimentos.

No Neolítico, alguns grupos também passaram a utilizar recipientes de cerâmica para armazenar e transportar cereais e água, para cozinhar alimentos, entre outros usos.

Além disso, as moradias se tornaram cada vez mais resistentes, pois passaram a ser construídas com rochas ou tijolos secos ao sol.

Fotografia. Um vaso de cerâmica marrom com a ilustração de listras e formas geométricas na parte exterior. Há uma pequena rachadura na peça.
Pote de cerâmica do período Neolítico, produzido há cêrca de 6.500 anos e encontrado no sítio arqueológico de Dimini, na Grécia.

O crescimento populacional e a especialização do trabalho

O aumento da produção de alimentos contribuiu para que a população crescesse cada vez mais, assim alguns grupos passaram a produzir mais alimentos do que consumiam.

Nesses casos, não era mais necessário que todos os seus membros se dedicassem exclusivamente à produção de alimentos. Algumas pessoas, então, puderam se especializar em outras atividades, como a confecção de ferramentas e de tecidos e a construção de moradias.

Fotografia. Uma pedra lisa em forma retangular com uma ponta arredondada. Acima, uma pedra com tons de azul em forma de um quadrado e com uma das pontas levemente arredondadas. Ao lado, uma pedra com tons em branco em formato de triangulo.
Ferramentas de pedra polida produzidas no período Neolítico, cêrca de 10 mil anos atrás.
Respostas e comentários

Estudar as transformações ocorridas na transição do período Paleolítico para o Neolítico é fundamental para compreendermos o cotidiano dos grupos humanos que viveram naquela época. Analise a tabela a seguir e a reproduza na lousa. Depois, de acôrdo com os exemplos apresentados, complete com a ajuda da turma os espaços referentes às alterações e às consequências na transição dos períodos.

Alteração

Consequência

Produção de utensílios e ferramentas mais elaboradas.

Tornou a caça e a coleta mais eficientes e facilitou o cultivo de alimentos.

Prática da agricultura e criação de algumas espécies de animais.

Contribuiu para o processo de sedentarização.

As primeiras cidades

Ao longo do tempo, as aldeias neolíticas cresceram e se desenvolveram, dando origem às primeiras cidades. Uma das mais antigas de que se tem notícia é , localizada na atual Turquia.

Çatal Huyuk (cerca de 7000 a.C.)

Mapa. Çatal Huyuk (cerca de 7000 antes de Cristo). Mapa territorial, destacando a Turquia e a cidade de Çatal Huyuk, entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo. Segundo a legenda: Limite internacional: Linhas onduladas brancas. Destaca as fronteiras entre os países da região na atualidade. Rios Perenes: Linhas onduladas azuis. Destaca o Rio Tigre. Na parte superior à esquerda, planisfério destacando parte da África, Ásia e Europa. À direita, na parte superior, a representação da rosa dos ventos e, na parte inferior, escala de 300 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: blék, diéremi (edição). World history atlas. Lôndon: dórlin , 2005. página 19.

Baseados em estudos arqueológicos, historiadores, arqueólogos e outros pesquisadores afirmam que ela foi formada há cérca de 9 mil anos. A ilustração a seguir representa essa cidade.

Ilustração. Vista de uma cidade antiga. Atrás, uma plantação, um rio e alguns morros elevados. Sobreposto a letra 'A'. Afrente, uma cidade com várias moradias com telhado reto. No meio de algumas moradias, uma pessoa cuidando de ovelhas. Sobreposto a letra 'B'. À direita, moradia com telhado reto e abertura quadrada no telhado, escada e estrutura feita de madeira e uma espécie de tecido para a proteção da entrada. Sobreposto a letra 'C'. Em primeiro plano, pessoas em pé vestindo pele de animais ao redor do corpo e estacas de madeiras com peles de animais penduradas. No chão, diversos vasos de barro. As pessoas caminham entre os telhados das moradias.

Esta ilustração é uma representação artística contemporânea produzida com base em estudos históricos. Fonte de pesquisa: BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo: Perspectiva, 2003.

A. Ao redor da cidade eram cultivados diversos produtos, entre eles cereais, como trigo e cevada. Alguns habitantes dessa cidade eram artesãos, fabricavam tecidos, cestos, cerâmicas e outros utensílios domésticos.

B. Os habitantes da cidade criavam bois e ovelhas, que forneciam matérias-primas como carne, para alimentação, e couro, para produção de peças de vestuário.

C. As moradias eram construídas uma ao lado da outra, bem próximas, por isso não havia espaço para ruas. A entrada de cada moradia era uma abertura no telhado.

Respostas e comentários

A ilustração sôbre a formação das primeiras cidades no período Neolítico aborda aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 3, pois leva os alunos a compreender as ações dos seres humanos na natureza e na sociedade ao longo do tempo.

Sugestão de avaliação

Para avaliar a compreensão dos alunos a respeito dos conteúdos trabalhados nestas páginas e o estabelecimento de relações com sua realidade próxima, peça-lhes que observem a ilustração e verifiquem se existe algum aspecto dessa cidade que se pareça com o local onde eles vivem. Incentive-os a analisar os detalhes da imagem de modo a estabelecer essas comparações. Oriente-os a observar as moradias, as atividades desen- volvidas, o da cidade, entre outros aspectos, comentando as semelhanças e as diferenças.

Além de trabalhar a Competência específica de Ciências Humanas 3, já citada, esta atividade favorece o desenvolvimento da Competência geral 1 ao incentivar os alunos a fazer comparações entre espaços e tempos distintos, com base nos conhecimentos historicamente construídos.

Verifique se todos os alunos conseguiram estabelecer essas relações e se identificaram semelhanças entre a cidade representada e o lugar onde vivem. Caso note alguma dificuldade entre eles, procure conduzir a análise da imagem com a turma, lendo os boxes explicativos e, se necessário, interpretando-os com os alunos. Posteriormente, faça comentários sôbre a cidade onde vivem, estabelecendo comparações.

A presença humana na América

Vimos que os seres humanos têm suas origens na África, e de lá se espalharam para outras regiões do planeta. Mas como eles chegaram até a América? E quando isso ocorreu? Você já parou para pensar sôbre isso? Há várias explicações ou hipóteses que buscam esclarecer essas questões. Analise o mapa a seguir e leia as legendas para conhecer algumas delas.

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Hipóteses de povoamento da América

Mapa. Hipóteses de povoamento da América. Mapa mundo destacando todos os continentes com os seguintes trajetos: 1. Partindo da Ásia por solo, passando pelo Estreito de Bering, chegando a América do Norte, descendo por terra, pela América Central, até a América do Sul. 2. Partindo do sudeste da Ásia pelo Oceano Pacífico, até chegar na América do Sul. 3. Partindo pela Europa, pelo Oceano Atlântico até a América do Norte. 4. Pelo leste da Ásia pelo oceano Pacífico chegando na América do Norte e América do Sul. Na parte superior à direita, apresentação da rosa dos ventos e escala de 4200 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: , máikol. O enigma dos primeiros ancestrais. néchional geogréfiqui, São Paulo, Abril, ano 1, número 8, novembro 2010. página 8283.

1. Uma das explicações mais aceitas defende que os primeiros povoadores do continente americano migraramglossário da Ásia em direção ao Alasca, na América do Norte. êsse deslocamento teria sido realizado por uma ponte de gêlo formada sôbre o estreito de Béring em um período de glaciaçãoglossário .

2. Outros estudos defendem que os primeiros povoadores teriam se deslocado da Ásia até a América pêla costa do oceano Pacífico, navegando em pequenas embarcações.

3. Há também a hipótese que afirma que os grupos humanos teriam navegado pêlo oceano Atlântico, cruzando da Europa para a América do Norte em pequenas embarcações.

4. Outra explicação para a chegada dêsses grupos à América seria a navegação da costa da Ásia até a América do Norte e, depois, em direção ao Sul pêla costa do continente.

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Questão 1.

Qual rota atravessa o Estreito de Béring?

Respostas e comentários

Questão 1. Resposta: Rota 1.

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  • O mapa referente às hipóteses de povoamento da América trabalha assuntos relacionados aos componentes de História e de Geografia ao abarcar o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas 7, pois leva os alunos a compreender hipóteses e visões sôbre o assunto abordado pêla análise do recurso, desenvolvendo, assim, o raciocínio relacionado à localização, à distância, à conexão e às ações dos sujeitos no tempo-espaço. Além disso, propicia o trabalho com as habilidades ê éfe zero seis agá ih zero quatro e ê éfe zero seis agá ih zero seis.
  • As teorias sôbre o povoamento da América ainda são muito discutidas no meio científico. Com a divulgação de descobertas mais recentes, novas hipóteses têm sido formuladas pelos estudiosos. O texto da seção Um texto a mais, apresentado a seguir, traz mais detalhes sôbre as pesquisas do arqueólogo brasileiro Uálter Neves. Trata-se de alguns trechos de uma entrevista concedida por êle à Revista de História da Biblioteca Nacional.

Um texto a mais

reticências a “grande descoberta” de que os primeiros americanos se pareciam mais com australianos e africanos do que com os índios e os asiáticos atuais se deu em 1989, quando e eu publicamos nosso primeiro artigo com base nos crânios de . Luzia só surgiu dez anos depois. Mas o fato de ela ter grande antiguidade e de confirmar nossas descobertas anteriores deu, finalmente, grande visibilidade ao nosso trabalho e as nossas ideias sôbre a ocupação do Novo Mundo. reticências

reticências Assim como os ancestrais dos índios atuais, os ancestrais dos primeiros americanos (o povo de Luzia) também vieram do nordeste da Ásia e chegaram ao Novo Mundo pêlo Estreito de béringui. Como sabemos isso? Muito simples: populações humanas com a mesma morfologia craniana dos primeiros americanos, chamada tecnicamente de morfologia paleoamericana, também estavam presentes no Léste da Ásia no final do Pleistoceno. reticências Se eu e meus associados estamos corretos, duas levas distintas de humanos deixaram a Ásia em direção à América no final do Pleistoceno: uma primeira, com morfologia craniana paleoamericana e uma segunda, lógo depois, com morfologia craniana mongoloide ou ameríndia. De qualquer fórma, quero enfatizar mais uma vez: o povo de Luzia veio da Ásia e não da África ou da Oceania.

reticências

FERRO, Carolina. Uálter Neves: “Luzia é apenas a ponta do iceberg”. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Sabin, número 71, primeiro agosto 2011. página 3233.

Muitos arqueólogos discordam sôbre a época em que os primeiros povoadores chegaram à América. De acôrdo com as diferentes interpretações, essas datas variam entre cêrca de 11 mil e 50 mil anos.

Outro tema que divide os estudiosos é a questão das rotas percorridas por grupos humanos para chegar à América, como as apresentadas no mapa da página anterior.

Novas hipóteses

A cada novo vestígio encontrado, novas hipóteses podem ser elaboradas, ampliando os conhecimentos e incentivando novos estudos.

Em 1999, o estudo de um crânio feminino de cêrca de 11 mil anos, feito a pedido do arqueólogo brasileiro Uálter Neves, revelou características físicas muito próximas às dos atuais africanos e de povos nativos da Oceania.

êsse achado arqueológico, batizado como Luzia, foi encontrado na região de Lagoa Santa, no estado de Minas Gerais, e favoreceu a elaboração de novas hipóteses sôbre o povoamento da América.

Fotografia. Destacando o busto de Walter Neves, homem com cabelos e barba branca, usando camiseta e colete. Ele está sentado, os braços sobre a mesa, segurando os ossos de um crânio com as mãos.
Uálter Neves, arqueólogo, em 2017.
Fotografia. À esquerda, três ossos de crânios humanos. O primeiro apresenta coloração mais clara e apenas a parte de cima do crânio. O segundo apresenta coloração mais escura e alguns pontos na parte superior do crânio. O terceiro apresenta parte da reconstituição facial de um crânio, produzido com alguma espécie de massa. À direita, a reconstituição completa da face de uma mulher.
Reconstituição do rosto de Luzia feita por especialistas ingleses, na cidade do Rio de Janeiro, em 1999.
Respostas e comentários

O assunto desenvolvido nestas páginas, acêrca do povoamento do continente americano, tem o objetivo de identificar as diferentes teorias sôbre o assunto. Nessa sequência, os alunos compreendem que existem diferentes hipóteses sôbre o povoamento e que as teorias científicas estão em constante transformação, pois as descobertas arqueológicas favorecem essas reformulações.

Muitos pesquisadores sugeriram que diversas levas de migrações humanas teriam percorrido diferentes rotas até chegarem à América. Eles também propuseram que essas levas seriam formadas por grupos étnicos distintos, e não só por asiáticos, como até então se acreditava.

Outras hipóteses foram elaboradas com base nas descobertas da arqueóloga brasileira niêde . Ela encontrou, no estado do Piauí, vestígios de fogueiras datados de aproximadamente 50 mil anos.

Ainda não há consenso se os vestígios encontrados pêla arqueóloga são ou não humanos, porém essa datação sugere que os grupos humanos teriam chegado à América muito antes do que os estudiosos acreditavam.

Segundo niêde, os primeiros povoadores da América podem ter percorrido diferentes caminhos, passando por várias ilhas, em pequenas embarcações, até chegarem ao continente.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Fotografia. Destacando o busto de Niède Guidon, mulher com cabelos brancos e rugas, usando blusa preta com camisa vermelha. Ela sorri.
Niède Guidon durante evento de instituto cultural em que foi homenageada, em 2017.
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Questão 2.

Com base no que você estudou, é possível afirmar que a história do povoamento da América está em constante construção? Por quê? Converse com os colegas.

Parque Nacional Serra da Capivara

Os vestígios arqueológicos estudados pêla arqueóloga niêde foram encontrados no território que passou a pertencer ao Parque Nacional Serra da Capivara, inaugurado em 1979 no estado do Piauí.

O parque tem uma área de aproximadamente 130 mil hectares, cuja maior parte se encontra no município de São Raimundo Nonato. êle abriga mais de 500 sítios arqueológicos e é considerado um patrimônio cultural e natural pêlo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn). Como tal, os recursos naturais e culturais do parque devem ser protegidos. Contudo, nos últimos anos, os administradores do parque têm encontrado dificuldades para realizar a manutenção e a proteção dêsses recursos por falta de verbas e de fiscalização ambiental.

Respostas e comentários

Questão 2. Resposta nas orientações ao professor.

O trabalho com as hipóteses de povoamento da América desenvolvido na questão 2 possibilita o desenvolvimento da Competência específica de História 4, pois apresenta aos alunos diversas versões e argumentos sôbre um mesmo contexto histórico, incentivando o questionamento e a metodologia de investigação científica.

Resposta

Questão 2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam que a história do povoamento da América está em constante construção, pois, ao longo dos anos, novos vestígios arqueológicos são encontrados e novas explicações são elaboradas, colocando em dúvida ou até mesmo modificando as teorias até então aceitas sôbre as migrações humanas para o continente americano.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Explique o que você compreendeu sôbre a evolução dos seres humanos e a teoria evolucionista.
  2. Por que dominar o fogo foi importante para os seres humanos?
  3. Cite uma consequência decorrente das melhorias na produção de instrumentos e nas técnicas agrícolas. Quando elas ocorreram?

Aprofundando os conhecimentos

4. Leia o texto a seguir e, depois, responda às questões.

reticências O poder de um mito não está em êle ser falso ou verdadeiro, mas em ser efetivo. Isso não pode ser mais verdade do que quando nos deparamos com os mitos de criação (ou cosmogônicos – do grego ), que abordam o problema da origem do Universo. É claro que, quando diferentes culturas tentam formular uma explicação para a origem de “tudo”, elas têm de usar uma linguagem essencialmente metafórica, baseada em símbolos que têm significado dentro da cultura geradora do mito. reticências

Isso explica por que mitos de determinadas culturas podem parecer completamente sem sentido em outras. De fato, um êrro bastante comum é usarmos valores ou símbolos da nossa cultura na interpretação de mitos de outras culturas. Outro êrro grave é interpretar um mito cientificamente, ou tentar prover mitos com um conteúdo científico. Os mitos têm que ser entendidos dentro do contexto cultural do qual fazem parte. reticências

Devido ao seu profundo significado, os mitos de criação nos fornecem um retrato fundamental de como determinada cultura percebe e organiza a realidade à sua volta. reticências

, Marcelo. A dança do universo: dos mitos de criação ao big-bang. São Paulo: Companhia de Bolso, 2006. página 2324.

  1. De acôrdo com o texto, qual é o tipo de linguagem que costuma ser utilizado para compor os mitos? Essa linguagem se baseia em quê?
  2. Quais erros considerados comuns pêlo autor são abordados no texto? Explique-os.
  3. Segundo o autor, por que é importante compreendermos o significado dos mitos?
  4. Reúnam-se em grupos para pesquisar um mito de criação de uma cultura diferente das suas. Vocês podem fazer essa pesquisa consultando diferentes fontes de informação, inclusive seus familiares. Anotem no caderno o que encontrarem e, depois, compartilhem o resultado com o restante da turma.
Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos apontem a teoria evolucionista como a mais aceita entre os cientistas para explicar as origens dos seres humanos e de outros seres vivos.

2. Resposta: O domínio do fogo foi importante para os seres humanos porque eles passaram a assar os alimentos, a se aquecerem melhor nos climas mais frios e a espantar animais perigosos, por exemplo.

3. Resposta: Uma das consequências foi o aumento na produção de alimentos. Essas melhorias ocorreram no Neolítico.

4. a) Resposta nas orientações ao professor.

4. b) Resposta nas orientações ao professor.

4. c) Resposta nas orientações ao professor.

4. d) Resposta nas orientações ao professor.

Respostas

4. a ) O tipo de linguagem que costuma ser utilizado é a metafórica, a qual se baseia em símbolos com algum significado para a cultura que criou determinado mito.

b ) O autor considera um êrro usarmos nossos valores ou símbolos culturais na interpretação de mitos de outras culturas, pois, desta maneira, eles ficariam sem sentido para nós. Outro êrro abordado pêlo autor é o de interpretar um mito de maneira científica, já que este deve ser compreendido dentro do contexto cultural do qual êlefaz parte.

c ) Porque, por meio do entendimento dos mitos, podemos compreender como determinada cultura se percebe e organiza sua realidade.

d ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos pesquisem diferentes culturas e compartilhem o resultado com os colegas de maneira respeitosa.

  • As atividades apresentadas nas páginas 53, 54 e 55 possibilitam o trabalho com a Competência geral 2 ao permitirem que os alunos exercitem a curiosidade, a habilidade de questionar, refletir e elaborar hipóteses e argumentos sôbre os assuntos abordados.
  • Quanto às atividades 1 a 3, as diferentes visões sôbre a evolução dos seres humanos e a importância do domínio do fogo pelos nossos ancestrais ajudam os alunos a refletir criticamente sôbre as consequentes melhorias, ao longo do tempo, na produção de instrumentos e nas técnicas agrícolas.
  • As atividades 4 e 5 contribuem para o desenvolvimento da Competência específica de História 2 da Bê êne cê cê, pois levam os alunos a relacionar acontecimentos e processos de transformação das estruturas sociais e culturais.

5. Mesmo não tratando especificamente sôbre o tema, os estudos de Chárles Dárvin indicavam que humanos e chimpanzés tiveram ancestrais em comum. êsse pensamento, contudo, gerou críticas na época, pois muitas pessoas não aceitavam essa origem da espécie humana.

Analise a charge a seguir, que tem como personagem principal o naturalista chárlis Dárvin. Depois, responda às questões.

Charge. Na parte superior o texto: La Petite Lune. Junto do texto, a ilustração de uma face redonda com olhos grandes e sorriso largo. Abaixo, ilustração de Charles Darwin, homem calvo, com cabelos e barba branca. Ele foi desenhado com o corpo de um macaco e pendurado por uma mão em uma árvore com frutas vermelhas. No tronco da árvore há a inscrição: Abre de la science.
Reprodução de charge de André , publicada em 1878, na capa da revista francesa .
  1. As charges, geralmente, são recursos que exploram algum aspecto cô­mico a respeito dos acontecimentos cotidianos. Como chárlis Dárvin foi retratado?
  2. Por que Dárvin foi representado dessa fórma?
  3. Em que meio de comunicação essa charge foi publicada? Em que país êle circulava?
  4. Qual é o ano de publicação?
  5. Qual é a importância de Dárvin para os estudos a respeito da evolução das espécies? Discuta o assunto com os colegas.
Respostas e comentários

5. a) Resposta: O autor ressaltou o aspecto cômico ao representar Dárvin como se fôsse um macaco, com rabo e membros característicos dêsse animal.

5. b) Resposta: Dárvin foi representado dessa fórma por causa da polêmica que sua teoria sôbre o desenvolvimento das espécies causou. Muitas pessoas refutaram suas ideias, pois acreditavam que os humanos estariam em uma posição de superioridade em relação aos demais seres vivos, até mesmo em relação ao processo evolutivo.

5. c) Resposta: A charge foi publicada na capa da revista . Na França.

5. d) Resposta: O ano de publicação é 1878.

5. e) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que, ao descrever o mecanismo da seleção natural, Dárvin demonstrou a importância da adaptação dos seres vivos ao ambiente em que vivem.

Um texto a mais

Se julgar conveniente aprofundar seus conhecimentos sôbre a teoria de Dárvin no que diz respeito ao processo de seleção natural, leia o texto a seguir.

Quando um organismo possui um traço herdado que lhe confere uma vantagem em determinado ambiente, o processo de seleção natural começa. Tal organismo provavelmente sobreviverá por mais tempo e produzirá mais descendentes do que os outros de sua espécie e a descendência herdará as características vantajosas. Dessa fórma, a espécie irá mudando gradualmente, durante gerações, à medida que mais indivíduos possuírem aquele traço.

A seleção natural explica por que muitas espécies possuem colorações que as ajudam a se confundir com o ambiente. Indivíduos com marcas que chamam a atenção são alvo mais fácil para predadores e assim têm menores chances de se reproduzir. As criaturas que conseguem se esconder têm maior oportunidade de se acasalar e passar seus genes de camuflagem para as gerações futuras.

reticências

galan , marqui. Evolução da vida. Tradução: ­Noêmia de Arantes Ramos; Leo de Arantes Ramos. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1996. página 14. (Ciência e Natureza).

6. O texto a seguir trata da importância da preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara, local onde a arqueóloga brasileira niêde fez suas descobertas acêrca da chegada dos seres humanos à América. Por seu valor cultural, êsse parque foi reconhecido pêla Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco) como Patrimônio Mundial.

reticências

Nos paredões do semiárido brasileiro, homens pré-históricos registravam suas vidas para a posteridade. E num pedaço da caatinga do tamanho da cidade de São Paulo que fica a maior concentração de pinturas rupestres do planeta. reticências essa região foi transformada no Parque Nacional Serra da Capivara.

reticências

Em 1978, niêde começou a escavar o sítio do Boqueirão da Pedra Furada, aquele que guarda 1200 figuras rupestres. Lá, ela encontrou dois dos artefatos mais controversos de sua carreira: pedras que aparentavam ter sido lascadas por Homo sapiens e pedaços de carvão que pareciam vir de fogueiras feitas por humanos. reticências

O projeto era tornar o parque um bem público, que atraísse turistas e movimentasse a economia da região. Para isso, e sua equipe receberam apôio do antigo Banco Internacional de Desenvolvimento e receberam doações da Petrobrás para manter o parque de pé.

Não foi suficiente, porém, para fazer deslanchar o paraíso arqueológico escondido reticências.

A situação só piorou quando as verbas públicas secaram. Os repasses da Petrobrás foram a zero com a crise da empresa. Dos 270 funcionários que o parque já teve, só foi possível manter 40. reticências

LUISA, Ingrid. Serra da Capivara: um paraíso (quase) escondido. Superinteressante, São Paulo, Editora Abril, número 400, março 2019. página 6061, 6465.

Fotografia. Uma grande parede rochosa com algumas pinturas rupestres. Ao lado, uma passarela. Há duas pessoas sobre a passarela observando e tirando fotografias da parede rochosa.
Pessoas observando pinturas rupestres do sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, no Parque Nacional Serra da Capivara, em 2021.

Agora, responda às questões a seguir.

  1. Quais vestígios arqueológicos encontrados no parque são citados no texto?
  2. Qual é a dificuldade enfrentada pêlo parque apresentada no texto?
  3. Escreva um pequeno texto explicando a importância de áreas de preservação como o Parque Nacional Serra da Capivara e da Arqueologia nos dias atuais.
  4. Em sua opinião, o que poderíamos fazer para divulgar o trabalho de niêd guidôn e ajudar a mudar a situação do Parque Nacional da Serra da Capivara? Converse com os colegas e proponha uma solução.
Respostas e comentários

6. a) Resposta nas orientações ao professor.

6. b) Resposta nas orientações ao professor.

6. c) Resposta nas orientações ao professor.

6. d) Resposta nas orientações ao professor.

  • A atividade 6 contribui para o desenvolvimento da Competência específica de História 3, pois incentiva os alunos a elaborar argumentos e proposições sôbre a importância da preservação de um parque nacional com resquícios arqueológicos o que exercita a cooperação e o respeito.
  • Ao desenvolver essa mesma atividade, destaque para os alunos que os sítios arqueológicos brasileiros têm contribuído para construir a história do povoamento do continente americano, pois neles são encontrados vestígios fundamentais que viabilizam o trabalho historiográfico. Comente ainda que os sítios arqueológicos são protegidos legalmente e que a destruição deles é considerada um crime contra o Patrimônio Nacional.

Respostas

6. a ) Em 1978, a arqueóloga niêde encontrou pedras que aparentavam ter sido lascadas por ômo Sápiens e pedaços de carvão que pareciam vir de fogueiras produzidas por humanos.

b ) De acôrdo com o texto, há falta de funcionários e de verbas públicas para a manutenção do parque.

c ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos apliquem os conhecimentos adquiridos na leitura do texto e também no estudo da unidade para responder à questão. Nos textos deles, verifique se compreendem que os estudos arqueológicos favorecem a construção do conhecimento histórico, especialmente sôbre sociedades e povos ágrafos.

d ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reflitam sôbre o caso e proponham maneiras de divulgar os estudos arqueológicos realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara. Se for viável, organize a turma para colocar em prática uma das sugestões levantadas, que pode ser exposta em cartazes.

Glossário

Naturalista
: pesquisador que estuda os animais e a vegetação de uma região.
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Hominídeo
: grupo de primatas que incluem os seres humanos e seus ancestrais diretos e indiretos.
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Arado
: instrumento utilizado para arar, revolver a terra.
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Migrar
: mudar, deslocar-se de uma região a outra.
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Glaciação
: período de resfriamento da Terra, com a formação de densas camadas de gelo sôbre sua superfície.
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