Capítulo 4  As sociedades indígenas do Brasil

Os povoadores do território brasileiro

O território que hoje faz parte do Brasil era habitado por diferentes grupos humanos há milhares de anos. Esses grupos viveram em diferentes épocas e lugares, e cada um deles tinha seu próprio modo de vida. Vamos conhecer agora alguns dêsses grupos.

O povo de Lagoa Santa

Os grupos humanos que viviam na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, há cêrca de 10 mil anos eram caçadores-coletores e se deslocavam continuamente. Eles caçavam animais de pequeno porte, como porcos-do-mato e pacas, e coletavam frutos e raízes.

Eles produziam machados e outros instrumentos de pedra polida e se abrigavam próximo a locais com grandes formações rochosas. Costumavam fazer pinturas nas paredes dos locais onde se abrigavam.

Fotografia. Parede rochosa com pinturas rupestres de silhuetas de animais em cor vermelha. Ao lado, 
uma mulher usando chapéu, está inclinada, com as mãos apoiadas na perna, olhando para as pinturas na rocha.
Pintura rupestre do povo de Lagoa Santa no sítio arqueológico Rochedo dos Índios, no Parque Estadual cêrca Grande, em Matozinhos, Minas Gerais, em 2018.

O povo de Umbu

Alguns vestígios humanos encontrados nos atuais estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul apontam para a presença de outros grupos de caçadores-coletores que teriam vivido no território que hoje corresponde ao Brasil há cêrca de 6 mil anos.

Conhecidos como povo de Umbu, ou povo da flecha, esses grupos nômades produziam diversos instrumentos derivados de rochas, como o sílex, o quartzo e o arenito, além de agulhas e anzóis feitos de ossos de animais. Esses grupos habitavam cavernas e caçavam animais de pequeno porte utilizando flechas e boleadeirasglossário . Para se alimentar, também coletavam frutos, raízes e vegetais.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Entender como viviam os primeiros habitantes do território onde hoje é o Brasil, por exemplo, os povos de Lagoa Santa e de Umbu, os povos dos sambaquis e os agricultores e ceramistas.
  • Analisar elementos da pintura rupestre dos povos que habitavam o território que viria a ser o Brasil.

Justificativas

Os temas abordados neste capítulo são relevantes para que os alunos compreendam o processo de ocupação das Américas pêlassociedades indígenas por meio da análise de registros deixados por elas, como as pinturas rupestres, desenvolvendo, assim, a habilidade ê éfe zero seis agá ih zero sete.

Além disso, o assunto relacionado às sociedades indígenas do Brasil é importante para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas 1 ao incentivar os alunos na compreensão de si e do outro como identidades diferentes, promovendo o exercício do respeito às diferenças e à diversidade cultural, bem como aos direitos humanos.


  • Nesta coleção, utilizamos o têrmu indígena, no entanto índio eventualmente aparece em títulos de obras e em textos citados de terceiros. Atualmente, o uso dessa palavra tem sido contestado pêla própria população indígena e por historiadores, que entendem que tais têrmus produzem interpretações errôneas sôbre êsse grupo social. Ao se deparar com essa palavra, explique aos alunos que índio é uma criação dos colonizadores e não representa a pluralidade dos povos indígenas.
  • Explique aos alunos que Lagoa Santa é o nome de um município localizado no estado de Minas Gerais onde há diversos sítios arqueológicos.
  • A fim de auxiliar os alunos na localização dos povoadores do território brasileiro, utilize um mapa político atual do Brasil, apontando para as respectivas regiões abordadas, como a região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, os atuais estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul, onde foram encontrados vestígios do povo de Umbu, e também as regiões onde se localizam os litorais sul e sudeste do Brasil, que foram habitados pelos povos dos sambaquis.

Os povos dos sambaquis

cêrca de 9 mil anos, o litoral sul e sudeste do território brasileiro começou a ser habitado por povos que viviam principalmente da pesca, mas também da coleta de moluscos, raízes, frutas e sementes.

Os principais vestígios deixados por essa população são os sambaquis, palavra de origem tupi que significa “amontoado de conchas”. Construídos por esses habitantes do litoral, alguns sambaquis alcançam até 30 metros de altura e centenas de metros de comprimento.

Veja a imagem a seguir.

Fotografia. No primeiro plano, alguns amontoados de conchas que formam os sambaquis. Ao fundo, vegetação rasteira em meio à areia e o mar.
Sambaqui localizado no sítio arqueológico Santa Marta três, em Laguna, Santa Catarina, em 2021.

Os povos que construíram essas estruturas são chamados sambaquieiros, e os sambaquis são importantes fontes para estudar o modo de vida deles.

Os sambaquis são formados por diversas camadas de materiais como conchas, mariscos, resquícios de animais e instrumentos feitos com rochas. Por muitos anos acreditou-se que tais estruturas eram apenas depósitos de materiais descartados. No entanto, pesquisas mais recentes indicam que eles funcionavam como um elemento importante na cultura dos povos litorâneos. Alguns pesquisadores acreditam que os sambaquis eram utilizados como locais para construir moradias. Para outros estudiosos, eles eram locais de cerimônias ritualísticas nas quais os sambaquieiros sepultavam seus mortos.

Fotografia. Várias camadas diferentes, uma em cima da outra, contendo conchas, pedras e ossos de um esqueleto humano.
Reconstituição das camadas de um sambaqui do litoral paranaense produzida pêla arqueóloga Cláudia Inês Parellada, em Curitiba, Paraná, em 1993.
Respostas e comentários

Atividade a mais

Sugira aos alunos uma atividade de pesquisa sôbre os povos dos sambaquis. Forneça orientações sôbre o melhor procedimento de pesquisa e a escolha de sites confiáveis. Ao final, peça-lhes que compartilhem com os colegas as informações que encontraram e que consideraram mais interessantes. Esta atividade possibilita o desenvolvimento da Competência geral 5 por sugerir um trabalho com tecnologias digitais da informação, de maneira responsável e crítica, e das Competências específicas de História 6 e 7, ao incentivar a compreensão e a problematização de conceitos próprios da historiografia.

Os povos agricultores e ceramistas

No início do século dezenove, naturalistas europeus encontraram cemitérios indígenas às margens de diversos rios da floresta Amazônica. Nesses locais, foram encontrados artefatos de cerâmica que datam de mais de 4 mil anos. Essas descobertas impulsionaram o estudo sôbreos povos ceramistas que habitaram a Região Norte do Brasil.

Hoje se sabe que esses povos ceramistas eram agricultores. Como cultivavam os próprios alimentos, eles eram essencialmente sedentários. Suas moradias eram construídas de acôrdo com as condições geográficas dos lugares que habitavam.

Para evitar que suas aldeias fossem alagadas pêlas águas dos rios nas épocas de cheias, esses povos as construíam em morros artificiais chamados tesos.

Confira a ilustração a seguir, que representa algumas dessas aldeias construídas sôbre tesos.

Ilustração. À esquerda, moradias indígenas em um relevo elevado. Ao lado um rio e pássaros voando no céu. No fundo, outras moradias indígenas em relevo elevado e diversas árvores.

Esta ilustração é uma representação artística contemporânea produzida com base em estudos históricos. Fonte de pesquisa: xãn, Denise Pahl. Cultura marajoara. Rio de Janeiro: Senáqui Nacional, 2009. página 196.

Respostas e comentários

A ilustração desta página possibilita o trabalho com a Competência específica de Ciências Humanas 3 ao representar algumas aldeias construídas sôbre tesos, que evitavam possíveis alagamentos. Leve os alunos a compreender as intervenções do ser humano na natureza e na sociedade de acôrdo com as condições geográficas dêsseslugares.

Os povos ceramistas e agricultores da Amazônia produziam suas cerâmicas coletivamente, utilizando argila coletada nos rios da região. Com êsse material eles produziam diferentes peças, como estatuetas, vasos e outros utensílios. Eles costumavam decorar esses artefatos com o uso de gravetos e ossos de animais, fazendo marcações na argila ainda úmida. Depois de sêcas ao sol, as peças eram levadas a altas temperaturas para que adquirissem rigidez e resistência.

Os vasos cerâmicos eram utilizados para transportar água, guardar os alimentos e cozinhá-los. Foram encontrados também grandes vasos usados como urnas funerárias, como os retratados na foto a seguir.

Esses artefatos possuíam fórmas e côres que variavam de acôrdo com a sociedade que os produzia.

Fotografia. Artefato de cerâmica, com duas pontas nas laterais, viradas para cima. O centro é ondulado e com detalhes em relevo. Na parte superior, um tubo.
Artefato de cerâmica produzido pelos povos tapajoaras por volta do ano 1300.
Fotografia. Três vasos grandes de cerâmica com algumas partes quebradas. Ao lado de um vaso, há uma mulher com cabelos presos, usando blusa regata e calça. Ela está com os joelhos no chão e as mãos sobre um vaso. Atrás, dois homens, um sentado e outro de joelhos no chão, ambos estão com as mãos sobre outro vaso. Perto deles, diversos pinceis e ferramentas.
Urnas funerárias produzidas por volta do ano 1000 e encontradas por pesquisadores em um sítio arqueológico na ilha de Marajó, Pará. Foto de 2004.
Respostas e comentários

Este tema possibilita o desenvolvimento de uma atividade com o professor do componente curricular de Arte. Com a ajuda dos conhecimentos dele sôbre o trabalho com cerâmica, proponha aos alunos a reprodução da arte das cerâmicas amazonenses. Para isso, eles deverão realizar uma pesquisa exploratória a fim de conhecer profundamente as características dêsse tipo de cerâmica. As reproduções podem ser executadas em argila, mas, se não houver essa possibilidade, eles podem representá-las em desenhos coloridos com materiais diversos, como tinta, giz de cêra, entre outros.

Investigando fontes históricas

A cerâmica marajoara

A região da Amazônia abrigou vários povos no decorrer da ocupação da América. No território do atual Brasil, o grupo que habitou a ilha de Marajó entre os anos 400 e 1300, conhecido como marajoara, produziu diversos artefatos em cerâmica. Analise dois exemplos de objetos cerâmicos elaborados por esses povos.

A. Estatueta marajoara em cerâmica

Elas representavam figuras humanas. Costumavam ser ocas, e os marajoaras colocavam pedras no interior delas, possibilitando um efeito sonoro ao movimentá-las. Por isso, acredita-se que essas estatuetas eram usadas em rituais.

Escultura 'A'. Representação de uma figura humana. Composta por uma cabeça grande com olhos, sobrancelha, boca e nariz. O corpo é ondulado com desenhos geométricos pintados com a cor vermelha.
Cerâmica marajoara produzida por volta do ano 600.

B. Tangas marajoaras em cerâmica

Esses objetos eram usados como vestimenta pêlas mulheres marajoaras. Bastante adornadas e coloridas, as tangas faziam parte de um ritual de passagem para a vida adulta.

Fotografia 'B'. Três objetos com formato triangular. Dois têm coloração amarelada e traços, linhas e formas geométricas desenhadas com a cor preta. O outro não tem estampa e apresenta coloração avermelhada.
Tangas marajoaras produzidas por volta do ano 600.

Vários desenhos que adornam essas peças representam elementos da mitologia marajoara. Leia o texto a seguir sôbre um mito característico da Região Amazônica.

reticências

O índio mergulhou no rio e achou a escama de uma cobra. reticências Então muitas cobras, de diferentes tipos, apareceram, cobras que êle nunca tinha visto. O pajé lhe disse que as cobras vieram atrás de alguma coisa reticências e que êle tinha que se livrar daquilo. O homem então jogou a escama no rio, mas a água estava muito rasa reticências. À noite o igarapé encheu e muitas cobras vieram, seguidas pelos peixes. O lugar onde êle tinha atirado a escama virou uma lagoa tão cheia de peixes que se tornou o melhor lugar para pescar.

reticências

xãn, Denise Pahl. Cultura marajoara. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2009. página 252.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Compreender a complexidade das cerâmicas produzidas pelos povos marajoaras entre os anos 400 e 1300.
  • Analisar as representações dos objetos de cerâmica marajoara, identificando, assim, alguns aspectos da cultura e dos costumes dêsses povos.

Um texto a mais

Os grafismos de origem marajoara inspiram grande parte do artesanato típico da Região Norte do país. O texto a seguir traz mais informações sôbre essa arte.

Atualmente, a “arte” marajoara não está mais restrita aos museus ou aos gabinetes de pesquisa, mas ganha espaço nas ruas através do artesanato, em que motivos decorativos são reproduzidos com uma grande variedade de suportes. Seu grande apêlo popular e sua rápida disseminação em contextos de produção e venda dentro do mercado capitalista têm chamado a atenção dos cientistas sociais. O público leigo tende a confundir a arte marajoara atual com a pré-colonial, e assiste-se à apropriação de um estilo estético e de símbolos visuais do passado em contextos contemporâneos, travestidos de novos significados. Essa revivescência do passado passa a servir como fórma de valorizar produtos artesanais que, a partir dessa nova identidade, tornam-se mais atrativos ao mercado, possibilitando o sustento de dezenas senão de centenas de famílias no estado do Pará.

A arte marajoara contemporânea começou a emergir na década de 1970, capitaneada por dois artesãos populares: mestre Cardoso e mestre Cabeludo. reticências Mestre Cardoso conta que, ao visitar uma exposição de arqueologia no Museu Guêldi, ficou fascinado com a cerâmica arqueológica, especialmente a marajoara. Nascido de mãe ceramista e vindo de uma comunidade em que havia muitas olarias, Cardoso interessou-se em reproduzir as peças que viu. Partiu então para o estudo das técnicas de produção indígenas e solicitou permissão para ver as peças e copiá-las dentro do museu. A partir de então começou a produzir réplicas de cerâmica marajoara e a comercializá-las. Sua produção fez escola e surgiu, dentro do bairro do Paracuri, em Icoaraci, estado do Pará, um polo de produção cerâmica cujos diversos estilos, hoje, são livremente inspirados na cerâmica arqueológica. reticências

xãn, Denise Pahl. A arte da cerâmica marajoara: encontros entre o passado e o presente. ábitus, Goiânia, volume 5, número 1, janeiro/junho 2007. página 112. Disponível em: https://oeds.link/uMQ7wp em: 2 abril 2022.

Analise o vaso a seguir e leia as informações.

Fotografia. Vaso de cerâmica com a parte inferior arredondada. Detalhes em relevo que representam uma cobra e linhas em espirais.
Vaso de cerâmica marajoara produzido por volta do ano 600.
  • Nessa peça está representada uma cobra, um dos animais mais importantes da mitologia marajoara. êsse animal costumava ser representado de diversas maneiras, como em fórma de espiral ou por linhas onduladas.
  • Podemos perceber também desenhos e padrões geométricos. Muitos dêsses formatos foram inspirados na vegetação e nos animais do local, como essas ondulações que lembram cipós.
  • Alguns dos símbolos inscritos nos vasos tinham funções práticas, pois podiam ajudar a identificar, por exemplo, os produtos armazenados.

Agora, converse com os colegas sôbre as questões a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Qual, provavelmente, foi a matéria-prima utilizada na produção das peças marajoaras? Como elas teriam sido fabricadas?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Compare o texto que apresenta um mito da Região Amazônica com o vaso. Qual é o mito tratado no texto? Qual é a relação entre êsse mito e o vaso?

Ícone ‘Atividade oral’.

3. Descreva os desenhos e os padrões geométricos que podem ser identificados no vaso. Em sua opinião, o que eles representam?

Ícone ‘Atividade oral’.

4. Você conhece alguma pessoa de sua família ou de sua comunidade que produza algum tipo de objeto feito de modo artesanal, como vasos de cerâmica, cestos de palha ou objetos de madeira? Procure saber como esses artefatos são produzidos e quais são suas características. Caso consiga obter essas informações, compartilhe-as com os colegas.

Respostas e comentários

Questões 1 a 4. Respostas nas orientações ao professor.

As questões 1 a 4 desta página exploram aspectos da Competência específica das Ciências Humanas 6, pois promovem o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades.

Respostas

1. A matéria-prima utilizada para produzir esses objetos de cerâmica possivelmente foi argila, coletada no fundo dos rios da Região Norte do país. As peças eram decoradas e depois deixadas para secar ao sol. Por fim, eram levadas a altas temperaturas para adquirir rigidez e resistência.

2. O mito refere-se à cobra, um animal muito importante na cultura dos povos tradicionais da Amazônia. A relação que pode ser estabelecida entre o mito e o vaso é a representação dêsse animal (cobra) na peça de cerâmica, o que demonstra sua importância na mitologia dêsse povo.

3. Espera-se que os alunos identifiquem principalmente a cobra, representada no centro da peça, além das figuras espirais.

4. Resposta pessoal. Caso os alunos não conheçam objetos produzidos de modo artesanal na região, incentive-os a buscar essas informações conversando com seus familiares ou pesquisando em sites, jornais e revistas locais.

História e Arte

Pintura rupestre

Os antigos habitantes do território onde hoje é o Brasil também deixaram vestígios de pinturas rupestres, que são desenhos ou pinturas feitos em rochas ou paredes de cavernas.

Essas pinturas rupestres eram feitas com diferentes tipos de materiais, como urucumglossário , carvão e jenipapoglossário . Já os instrumentos utilizados para produzir essas pinturas dependiam do estilo de representação de cada grupo. Podiam ser usados, por exemplo, o que pareciam ser pincéis feitos com pelos e fibras, espinhos de plantas e folhas. Algumas pinturas eram feitas somente com as mãos.

Os pesquisadores costumam estabelecer uma classificação para facilitar o estudo da pintura rupestre. Os tipos de marcação rupestre são classificados de acôrdo com as chamadas tradições artísticas. Conheça algumas delas.

Tradição Nordeste (10000 antes de Cristo-4000 antes de Cristo)

É composta de figuras humanas e de animais, geralmente representadas em movimento, e de plantas e objetos. As cenas mais comuns são as de caça e de rituais. As côres usadas nessa tradição são bastante diversificadas, predominando as diferentes tonalidades de vermelho.

Pintura rupestre. Silhuetas de três animais quadrúpedes e algumas pessoas. Ao lado algumas linhas tracejadas na vertical. Todos ilustrados na cor vermelha.
Detalhe de pinturas rupestres da tradição Nordeste, no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Piauí, em 2019.

Tradição Agreste (4000 antes de Cristo-1000 antes de Cristo)

Dificilmente apresenta cenas de movimento ou com narrativas. Quando há representações de humanos, eles aparecem de fórma paralisada e isolada. Os traços são espessosglossário , e as figuras têm poucos detalhes.

Pintura rupestre. Silhueta de pessoas e linhas tracejadas.
Detalhe de pinturas rupestres da tradição Agreste em rochas no sítio arqueológico Alcobaça, em Buíque, Pernambuco, em 2022.
Respostas e comentários
  • As pinturas rupestres indicam costumes e práticas cotidianas dos primeiros habitantes do país. Utilize as informações a seguir para analisar as pinturas destas páginas com os alunos.
  • sôbre a imagem da Tradição Nordeste, mostre aos alunos que essa é provavelmente uma cena de caça, pois há animais em destaque.
  • sôbre a imagem da Tradição Agreste, aponte que, nessa pintura, as figuras são pouco definidas e aparecem com traços bem espessos.
  • As imagens de pinturas rupestres reproduzidas nestas páginas possibilitam o trabalho com a Competência específica de História 5 ao favorecerem a compreensão do movimento dessas populações em diferentes espaços e temporalidades, além de seus significados históricos.
  • Do mesmo modo, as pinturas também favorecem o desenvolvimento da Competência geral 3 ao permitirem que os alunos conheçam estilos artísticos diferentes, de maneira a incentivar a valorização e a fruição das diversas manifestações artísticas e culturais.

Tradição São Francisco (5000 antes de Cristo-800 antes de Cristo)

É rara a presença de imagens humanas nessa tradição, que faz uso de padrões geométricos, com pontilhados, traços e sequências paralelas e entrecruzadas.

Pintura rupestre. Composta por formas geométricas, pontos e linhas nas cores vermelha e amarela.
Detalhe de pinturas rupestres da tradição São Francisco, no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Januária, Minas Gerais, em 2019.

Tradição Planalto (6000 antes de Cristo-2000 antes de Cristo)

A maior parte das pinturas dessa tradição apresenta figuras de animais, que são representados em tamanho grande, sem proporção e com poucos detalhes. Os animais que mais aparecem nas pinturas são cervosglossário e peixes.

Pintura rupestre. Silhueta de um animal quadrúpede grande com chifres, atrás, em proporção menor, silhueta de pessoas nas cores amarela e vermelha.
Detalhe de pinturas rupestres da tradição Planalto, na Serra do Cipó, em Santana do Riacho, Minas Gerais, em 2016.

Petróglifos

Nos sítios arqueológicos brasileiros, além de imagens pintadas e desenhadas, são encontrados petróglifos, marcações feitas com incisões nas rochas. Os petróglifos eram gravados com instrumentos pontiagudos, cortantes ou de raspagem.

Um dos casos mais interessantes é a Pedra do Ingá, localizada na Paraíba. Com 24 metros de extensão e 3 metros de altura, êsse painel apresenta inscrições e símbolos que ainda são estudados pelos pesquisadores. Acredita-se que esses petróglifos tenham sido feitos há cêrca de 6 mil anos.

Petróglifos. Marcações em rochas composto por linhas e pontos, formando figuras e dispostas lateralmente.
Detalhe de petróglifos feitos por volta de 4000 antes de Cristo e encontrados no sítio arqueológico Pedra do Ingá, em Ingá, Paraíba, em 2019.
Respostas e comentários
  • sôbre a imagem da Tradição São Francisco, indique os padrões geométricos e destaque as repetições de figuras, com variação no formato, podendo ser circulares, triangulares etcétera
  • E, por fim, sôbre a imagem da Tradição Planalto, pergunte aos alunos se conseguem reconhecer as figuras representadas. Mostre ainda que elas provavelmente se referem a animais.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Qual é a importância das descobertas feitas em Lagoa Santa?
  2. O que são os sambaquis? O que eles podem nos dizer sôbre os antigos povos indígenas do Brasil?
  3. Leia novamente o tópico Os povos agricultores e ceramistas e escreva um texto explicando como era o modo de vida deles.

Aprofundando os conhecimentos

4. Leia o texto a seguir e responda às questões no caderno.

Os antigos habitantes viviam da caça, da pesca e da coleta de frutos. [...] Considerando que, além da caça, comiam peixes, moluscos, frutos e raízes, sua comida era variada. Nas caçadas usavam lanças com pontas de pedra. Quase sempre viviam em grutas. Muitas pinturas que encontramos hoje foram feitas naquela época.

reticências

FUNARI, Pedro Paulo A. Os antigos habitantes do Brasil. São Paulo: ed. da Unesp: Imprensa Oficial do Estado, 2001. pê ponto 30.

  1. Com base no texto e nas informações do capítulo, escreva um texto sôbre o modo de vida dos antigos habitantes do Brasil.
  2. De acordo com o que estudamos até aqui, descreva quais são as principais características das pinturas rupestres produzidas no território que atual­mente pertence ao Brasil.

5. Analise as duas fotos a seguir. Depois, responda às questões no caderno.

Pintura Rupestre 'A'. Silhueta de pessoas e animais quadrúpedes em vermelho.
Detalhe de pintura rupestre no sítio arqueológico Xique-Xique, em Carnaúba dos Dantas, Rio Grande do Norte, em 2019.
Pintura rupestre 'B'. Composta por formas geométricas, pontos e linhas nas cores amarela e vermelha.
Detalhe de pintura rupestre no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Januária, Minas Gerais, em 2019.
Respostas e comentários

1. Resposta: As descobertas feitas em Lagoa Santa, principalmente do achado arqueológico batizado como Luzia, propiciaram a elaboração de novas hipóteses acêrca do povoamento da América. Isso aconteceu porque se verificou uma semelhança entre Luzia e nativos da Oceania e atuais africanos.

2. Resposta: Os sambaquis são estruturas produzidas por seres humanos utilizando diversos materiais, como conchas, mariscos, resquícios de animais e instrumentos feitos com rochas.asterisco

asteriscoPor meio da análise dêsses materiais encontrados nos sambaquieiros, podemos obter informações sôbre o seu modo de vida.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos incluam no texto produzido por eles informações referentes ao modo de vida dos povos agricultores e ceramistas. Além da atividade de produção de artefatos de cerâmicas, é interessante que os alunos destaquem a influência do meio (florestas, rios) para esses povos.

4. a) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos elaborem um texto ressaltando as principais características do modo de vida dos antigos habitantes do Brasil mencionadas no capítulo, como o fato de serem caçadores e coletores seminômades.

4. b) Resposta: Entre as principais características das pinturas rupestres produzidas no atual território brasileiro podemos citar o uso de materiais como o urucum e o jenipapo e de instrumentos como pincéis feitos com pelos e fibras, espinhos de plantas e folhas. Essas pinturas também podiam ser feitas com as mãos.

  • As atividades desta página abordam as habilidades ê éfe zero seis agá ih zero sete e ê éfe zero seis agá ih zero oito, pois os alunos perceberão as características da ocupação e da cultura das sociedades que habitavam o território brasileiro antes da chegada dos europeus por meio da análise de registros humanos, como as pinturas rupestres e os sambaquis.
  • A atividade 1, especificamente, permite o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero quatro, pois, por meio da análise de vestígios arqueológicos, como os fósseis descobertos em Lagoa Santa, torna-se possível estabelecer hipóteses sôbre o povoamento e a origem do homem americano.
  • A atividade 5 leva os alunos a comparar eventos ocorridos em espaços variados e em tempos diferentes – nesse caso, analisando as diferenças entre dois tipos de pinturas rupestres ao identificar os tipos de materiais, as côres dessas produções artísticas e as tradições a que elas pertencem –, de modo a desenvolver a Competência específica de Ciências Humanas 5.
  1. Identifique as diferenças entre as côres das pinturas A e B.
  2. Que tipos de material eram utilizados para produzir as tintas?
  3. Que instrumentos podiam ser utilizados para fazer os desenhos?
  4. A que tradição pertence cada uma das pinturas? Que informações você utilizou para chegar à sua resposta?

6. Existem diversos tipos de vestígio arqueológico, como pinturas rupestres, objetos, utensílios domésticos e os fósseis, que podem auxiliar no estudo acêrca dos povoadores do território brasileiro. Analise as fotos a seguir e responda às questões em seu caderno.

Fotografia A. Vaso de cerâmica vermelho com pequenos detalhes em relevo na parte externa. Na parte inferior, forma arredondada.
Fotografia B. Pintura feita em uma parede de rocha. Na parte superior, silhueta de um animal quadrúpede grande. Abaixo, silhueta de um animal quadrúpede menor. Na parte de baixo, silhueta de uma figura humana.
Fotografia C. Uma ponta de flecha branca feita de pedra.
  1. Identifique o tipo de cada vestígio representado anteriormente.
  2. Ao analisar o tipo de fonte retratado na foto a, que informações podemos descobrir sôbre os antigos habitantes do Brasil?
  3. Que informações podemos deduzir sôbre os antigos habitantes do Brasil ao analisar o tipo de fonte retratado na foto B?
  4. E na foto da fonte C, que informações podemos descobrir sôbre os antigos habitantes do Brasil ao analisar êsse tipo de fonte?
Respostas e comentários

5. a) Resposta: A pintura a apresenta tonalidades de vermelho. Já a pintura B é composta basicamente das côres vermelha e amarela.

5. b) Resposta: Eram usados materiais como o urucum e o jenipapo, por exemplo.

5. c) Resposta: Eram utilizados pincéis feitos com pelos e fibras, espinhos de plantas, ou os desenhos poderiam ser feitos até mesmo com as mãos.

5. d) Resposta: a – Tradição Nordeste. B – Tradição São Francisco. Espera-se que os alunos utilizem as informações da seção História e Arte dêste capítulo para identificar as pinturas rupestres.

6. a) Resposta: a – Cerâmica marajoara. B – Pintura rupestre. C – Artefato lítico ou ponta de flecha.

6. b) Resposta: Os objetos cerâmicos nos permitem analisar como eram armazenados os alimentos, como eram feitos os sepultamentos, como eram as técnicas artísticas dessa população e conhecer parte de seu senso estético.

6. c) Resposta: Podemos deduzir que os antigos habitantes do Brasil realizavam pinturas em rochas, representavam diferentes cenas e animais e utilizavam diferentes técnicas para produzi-las.

6. d) Resposta: As pontas de flechas podem indicar como era realizada a caça, como eram as técnicas de fabricação lítica, além de poderem indicar os tipos de animal que eram caçados.

  • As legendas das fotos da atividade 6 não foram inseridas para não prejudicar o desenvolvimento dela. São elas: foto a – Urna funerária, cerâmica marajoara arqueológica. Acervo do Museu do Forte, Belém (Pará). Foto de 2018; foto B – Pintura rupestre do Parque Nacional Serra da Capivara, São Raimundo Nonato (Piauí). Foto de 2016; foto C – Ponta de flecha de tradição Umbu. Acervo do Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (Santa Catarina). Foto de 2016.
  • A atividade 6 desenvolve aspectos da Competência específica de História 3 ao incentivar os alunos a construir hipóteses e argumentos por meio dos questionamentos nos itens da atividade e da análise das imagens das fontes apresentadas.
  • Além disso, possibilita o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero quatro, pois, por meio da análise de vestígios arqueológicos, como cerâmicas e pontas de flecha, é possível que os alunos estabeleçam hipóteses e argumentos sôbre o modo de organização e o aporte cultural dos povos originários brasileiros.

Glossário

Boleadeira
: objeto composto de três tiras de couro com esferas nas pontas, usado para caçar animais.
Voltar para o texto
Urucum
: substância vermelha extraída da semente de uma árvore de mesmo nome.
Voltar para o texto
Jenipapo
: fruto cujas sementes escuras podem ser utilizadas para colorir superfícies.
Voltar para o texto
Espesso
: grosso.
Voltar para o texto
Cervo
: animal comum no Centro-Oeste do Brasil que pertence à família dos veados.
Voltar para o texto