CAPÍTULO 2 A expansão marítima europeia

A partir do século quinze, quando os europeus começaram a se aventurar em longas viagens marítimas, teve início um período de expansão marítima, que vários historiadores denominaram Grandes Navegações.

As explorações marítimas

As explorações marítimas tinham como objetivo encontrar riquezas e novas rotas comerciais para o Oriente. Entre as riquezas estavam as especiarias e os metais preciosos, como o ouro e a prata.

Os portugueses foram um dos primeiros a empreender grandes viagens marítimas, descobrindo novas rotas de comércio e conquistando terras distantes antes pouco conhecidas pelos europeus.

Os fatores que propiciaram êsse pioneirismo de Portugal foram: sua posição geográfica privilegiada, com o oceano Atlântico limitando parte de seu território, a centralização do poder nas mãos de um rei e os interêssis comerciais.

Mapa. Destacando a representação da Ásia, Europa, África e parte do Brasil. No mar, há ilustrações de embarcações à vela e, nos continentes, há representações de alguns animais. No centro, há um círculo pequeno com duas pessoas. Na parte inferior, representação da rosa dos ventos. Ao redor do mapa, detalhes em dourado em um fundo azul.
Mapa produzido em 1512 por Jerônimo Marini.

reticências Enquanto a maior parte da Europa se encontrava, no século quinze, dividida em várias pequenas regiões rivais entre si, Portugal já era um reino unificado desde o século doze, o que possibilitou seu crescimento e desenvolvimento. antecedentes do reino português, somados ao aprimoramento dos instrumentos de navegação e ao fato de existir uma população portuária enriquecida e com desejo de expandir seu comércio, permitiram aos portugueses empreender grandes viagens pêlo oceano. reticências

SOUZA, Wanessa de. As Grandes Navegações e o descobrimento do Brasil. Programa Especial de Graduação. Disponível em: https://oeds.link/CwHfOG. Acesso em: 18 março 2022.

Ícone 'Atividade oral'.

Questão 1.

De acordo com o mapa de Jerônimo Marini, quais eram os continentes conhecidos pelos europeus no início do século dezesseis?

As riquezas do Oriente

Na Europa, antes das explorações marítimas, a maior parte das atividades comerciais era feita por rotas terrestres ou por rotas marítimas curtas. Os produtos que geravam mais riquezas para os mercadores eram as especiarias, trazidas do Oriente em grandes caravanas por comerciantes indianos e chineses. Com êsse comércio sendo controlado por mercadores árabes e da Península Itálica, era preciso buscar alternativas para chegar às riquezas do Oriente. Apesar de todos os perigos, as viagens marítimas seriam uma opção mais lucrativa.

Mapa. Destaque de atlas. Centralizado, homens, usando chapéus e túnicas coloridas, estão montados em camelos. Acima e abaixo, há diversas marcações com bandeiras e castelos. Ao fundo, diversas linhas tracejadas.
Detalhe do Atlas Catalão, de Abraham Cresques, publicado em cêrca de 1375, representando comerciantes em caravana pêlo Oriente.

As especiarias

Especiarias são tipos de plantas ou ervas aromáticas, como cravo, noz-moscada, pimenta, canela e açafrão. Além de serem usadas como condimento, elas ajudavam a conservar alguns tipos de alimentos e eram usadas na cura e prevenção de doenças graças às suas propriedades medicinais.

Fotografia. Pimenta-do-reino, vários grãos amontoados.
Pimenta-do-reino.
Fotografia. Cravo-da-índia, algumas pequenas flores.
Cravo-da-índia.
Fotografia. Canela, três lascas marrom.
Canela.

A rota para as Índias

Ao longo do século XV, portugueses e espanhóis realizaram diversas viagens na tentativa de chegar até as Índias, como era chamada a região do Oriente onde se localizam os atuais países da Índia, da China e do Japão. Em 1453, os turco-otomanos conquistaram Constantinopla, capital do Império Bizantino, o que dificultou o comércio dos europeus no Mar Mediterrâneo e impulsionou ainda mais essa busca por novas rotas para as Índias.

Assim, no ano de 1498, finalmente o navegador português Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia, contornando o continente africano. Foi a primeira de muitas outras expedições realizadas pelos portugueses.

Instrumentos e técnicas de navegação

Para enfrentar os desafios de mares pouco conhecidos, os exploradores se baseavam nos relatos deixados por outros viajantes e em experiências adquiridas em viagens anteriores. Além disso, foram utilizados instrumentos e técnicas de navegação que auxiliavam na orientação até o destino desejado, como a bússola, inventada pelos chineses; o astrolábio, instrumento que permite aos navegadores que se localizem e calculem o espaço percorrido por meio das ; e as cartas náuticas ou de navegação, que mostravam representações cartográficas das áreas costeiras, de modo semelhante a um mapa terrestre.

Fotografia. Bússola do século 16, em forma de um tubo. Dentro, há a representação da rosa dos ventos. Ao lado, uma tampa.
Bússola do século dezesseis.
Fotografia. Astrolábio do século 14, um objeto dourado em formato circular, com detalhes em relevo e ponteiro.
Astrolábio do século catorze.

Além desses equipamentos, as longas viagens marítimas foram possibilitadas pelo uso das caravelas, embarcações resistentes para enfrentar as correntes marítimas e as tempestades em alto-mar. Por serem impulsionadas por velas triangulares, as caravelas eram mais leves e velozes que outras embarcações da época.

Agora, responda à questão a seguir.

Ícone 'Atividade oral'.

Você conhecia algum desses instrumentos de navegação? Atualmente, quais instrumentos podemos utilizar para nos orientar durante a locomoção?

A chegada dos espanhóis à América

Em 1492, uma expedição financiada pêla Coroa espanhola e liderada pelo navegador genovês Cristóvão Colombo chegou ao continente que mais tarde seria chamado de América, até então desconhecido pelos europeus. Influenciado pêlas ideias renascentistas, Colombo acreditava que a Terra fosse redonda e por isso seria possível alcançar as Índias navegando na direção oeste, sentido oposto ao que já havia sido percorrido.

O mapa a seguir mostra as principais rotas marítimas percorridas pelos portugueses e pelos espanhóis no período da expansão marítima europeia.

Principais rotas da expansão marítima europeia (séculos XV-XVI)

Mapa. Principais rotas da expansão marítima europeia (séculos 15-16). Planisférico destacando, conforme a legenda, as principais rotas marítimas de portugueses e espanhóis: 
Rota de Bartolomeu Dias (Portugal): Parte de Lisboa pelo Oceano Atlântico, passa pela costa do continente africano até chegar ao Cabo da Boa Esperança. 
Rota de Vasco da Gama (Portugal): Parte de Lisboa pelo Oceano Atlântico, contorna o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança, passa por Sofala e Melinde até chegar à Calicute, na Ásia.
Rota de Pedro Álvares Cabral (Portugal): Parte de Lisboa pelo Oceano Atlântico até chegar à Porto Seguro, na América do Sul. Em seguida, contorna o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança e passa por Sofala e Melinde, na África, até chegar à Calicute, na Ásia. 
Rota de Cristóvão Colombo (Espanha): Parte de Palos, na Europa, atravessa o Oceano Atlântico até chegar à América do Norte. 
Rota de Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano (Espanha): Parte de Palos, na Europa, pelo Oceano Atlântico, e contorna a América do Sul. Em seguida, atravessa o Oceano Pacífico, até chega às Filipinas, na Ásia. Depois, atravessa o Oceano Índico, contornando a África pelo Cabo da Boa Esperança, em direção à Europa.
No canto superior à direita, representação da rosa dos ventos e, abaixo, escala de 5000 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 2002. página 19.

Ícone 'Atividade oral'.

Questão 2.

De acôrdo com o mapa, qual rota espanhola chegou à América? Qual das rotas levou os portugueses até o território onde hoje é o Brasil?

Os oceanos Atlântico e Pacífico

O tipo de viagem e as condições de navegação dependiam muito do oceano sôbre o qual estava sendo navegado. O oceano Atlântico, com águas agitadas, tem várias ilhas. Os navegantes sabiam da existência de algumas delas e faziam paradas para abastecer os navios com alimentos e água doce. O oceano Pacífico, por sua vez, geralmente tem águas mais calmas, porém havia poucas ilhas nas rotas dos navegantes europeus. Isso dificultava a realização de longas viagens que dependiam do abastecimento das embarcações.

O dia a dia em alto-mar

Havia várias pessoas empenhadas nas viagens marítimas, entre elas aventureiros, religiosos e degredadosglossário . Essas viagens podiam durar meses, anos ou mesmo não chegar ao destino. Conheça a seguir um pouco do dia a dia dessas pessoas nas viagens marítimas.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[Narrador/a]

O dia a dia em alto mar

[Narrador/a]

[tom de voz animado]

Olá! Sejam bem-vindos a mais um episódio do nosso podcast “De olho na História”.

Hoje, vamos conversar sobre o dia a dia em alto mar na época das Grandes Navegações europeias e chinesas.

Vamos lá?

[Narrador/a]

[tom de voz explicativo]

Por muitos anos, quando se falava nas Grandes Navegações europeias, a partir do século XV, era comum se retratar a coragem daqueles homens que se lançavam ao mar em busca de riquezas e de novas terras.

Que esse foi um período grandioso da história, é algo que não se pode negar – principalmente para os reis, que conquistaram muitas riquezas, e para os nobres, que tiveram o privilégio de conhecer novos mundos.

Mas quando paramos para entender como era, de fato, o cotidiano daquelas embarcações, as coisas não se mostram tão atraentes…

[Narrador/a]

[tom de voz explicativo]

Havia basicamente dois tipos de embarcações: a caravela, que comportava cerca de 30 pessoas, e a nau, que era maior e podia alojar mais de 100 passageiros.

O chefe do navio era o capitão, que tomava as principais decisões durante a viagem.

Mas o rumo do navio era reponsabilidade do piloto, que se sentava na popa – a parte traseira do navio – e dava instruções ao homem do leme. Ele observava a cor do mar, as correntes marítimas, a direção dos ventos e recorria a instrumentos como a bússola e o astrolábio.

Havia também o escrivão, que controlava a distribuição dos alimentos e registrava os acontecimentos da viagem.

Mas o maior grupo de tripulantes era formado pelos marinheiros, que executavam as diversas tarefas do barco.

[Narrador/a]

[tom de voz explicativo]

Além do pouco espaço, os navegantes sofriam com a falta de higiene e a escassez de alimentos.

As embarcações começavam a viagem abastecidas com diversos mantimentos. Mas, ao longo do percurso, que podia durar meses, era comum esses víveres estragarem ou acabarem, levando ao racionamento.

A base da alimentação da maioria dos trabalhadores era um pão que parecia biscoito, um pouco de carne salgada, água – muitas vezes contaminada – e uma pequena quantidade de vinho.

À medida que avançavam os dias em alto mar, os problemas se agravavam. Muita gente acabava morrendo, geralmente de escorbuto, doença causada pela falta de vitamina C, mas também de enfermidades como, disenteria, febre tifoide e varíola.

[Narrador/a]

[tom de voz explicativo]

Esses navegadores europeus costumam ser reconhecidos pela história ocidental como pioneiros. Mas, na verdade, antes deles existiram outros marujos. Estou falando dos chineses.

Quase um século antes das navegações europeias, o almirante chinês Zheng He comandou uma imensa frota, durante a dinastia Ming.

De origem muçulmana, aos 35 anos, Zheng He recebeu a missão de montar uma frota para viajar pelos mares, estabelecer rotas comerciais e conquistar novas terras.

[Narrador/a]

[tom de voz explicativo]

Ao contrário das europeias, as navegações chinesas não travaram batalhas ou escravizaram pessoas.

As sete expedições comandadas por Zheng He contavam com uma frota de 317 navios, de tamanhos variados, e até 28 mil homens.

Algumas dessas embarcações chegavam a ter 130 metros de comprimento por 55 de largura, com capacidade para até mil tripulantes. Eram conhecidas como “cidades flutuantes”.

Os chineses já usavam a bússola – que, afinal, tinha sido inventada por eles – e dividiam o casco do navio em gomos, para evitar uma inundação total em caso de acidente.

[Narrador/a]

[tom de voz explicativo]

A dieta dos marinheiros chineses era mais completa que a dos europeus. Porcos e outros animais embarcavam vivos e eram abatidos aos poucos, o que garantia a carne fresca.

Eles também levavam vasos e terra para plantar, o que ajudou a evitar o escorbuto. E havia ainda os navios-pipas, que carregavam água potável para abastecer toda a frota por até um mês.

[Narrador/a]

[tom de voz explicativo]

Apesar da majestade dessas frotas e do grande esforço náutico-comercial empreendido, após a morte do imperador Yong Le, em 1424, os chineses desistiram das expedições.

Os governos seguintes foram marcados por instabilidades, e os chineses se fecharam em seu território.

[Narrador/a]

[tom de voz conclusivo]

Vocês percebem, agora, como é importante conhecer a história das diversas culturas que existem no mundo?

Só assim conseguimos colocar as coisas em uma perspectiva mais próxima da realidade, além de enriquecer nossa visão de mundo e aumentar nossa capacidade de respeitar e compreender os outros.

Por hoje, terminamos aqui.

Até a próxima!

[Narrador/a]

Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Incompetech e da Freesound.

A tripulação

O capitão era o chefe da nauglossário e quem tomava as principais decisões durante a viagem. O escrivão era o encarregado de controlar a distribuição de víveresglossário e de registrar os acontecimentos da viagem. O piloto era encarregado do rumo do navio. êle utilizava vários instrumentos para determinar as rotas em alto-mar, como a bússola e o astrolábio.

Ilustração. Uma embarcação de madeira a vela, sobre um corpo de água. Na parte da frente do casco, há uma âncora. Dentro da embarcação, pessoas limpando o convés, outra olhando o horizonte com uma luneta e algumas segurando cordas esticadas.

Esta ilustração é uma representação artística contemporânea feita com base em estudos históricos.

Fonte de pesquisa: Álan, Tôni (.). Viagens de descobrimento. Tradução: Pedro Maia Soares. Rio de Janeiro: Táime láife: Abril, 1996. página 16-21. (Coleção História em Revista).

Os marinheiros formavam o maior grupo de tripulantes. Eles executavam diferentes tarefas, como manobrar e recolher as velas, limpar o convés, cozinhar e carregar cargas. Havia também os carpinteiros e os calafetadores, responsáveis pêla manutenção e pêla revisão da embarcação. O homem do leme cuidava do manejo do leme de acôrdo com as ordens do capitão e do piloto, e os grumetes eram aprendizes, geralmente com idades entre 12 e 15 anos.

Fome e sêde

No início das viagens, os alimentos disponíveis a bordo das embarcações eram carne vermelha, peixe sêco, lentilha, cebola, azeite, banha, frutas frescas e sêcas, biscoitos, queijo, mel, vinho, água e outros. No entanto, por causa da longa duração das viagens, era comum que alimentos estragassem ou acabassem, levando ao racionamento de víveres.

Em situações assim, geralmente os melhores alimentos, que eram aqueles ricos em vitaminas, eram reservados aos oficiais da embarcação, gerando, muitas vezes, tensões, motins e insubordinação dos marinheiros contra o capitão.

Um perigo constante

Após vários dias em alto-mar, era muito comum que a falta de higiene e a má alimentação fizessem a tripulação e os passageiros serem acometidos por doenças e acabassem morrendo.

A doença mais comum nas embarcações era o escorbuto, ocasionado pêla falta de vitamina C (ou ácido ascórbico) no organismo, cujos principais sintomas são sangramento nas gengivas, perda dos dentes e inchaço e dores nas pernas.

As Grandes Navegações foram tema de diversas pinturas, muitas delas exaltando os feitos dos europeus. A imagem a seguir foi produzida muitos anos após a chegada dos portugueses ao atual território do Brasil. Ela apresenta uma visão heroica dêsse acontecimento e não representa a precariedade de condições de vida nas embarcações. Além disso, seu título revela um pensamento comum no século dezenove, o de que o Brasil teria sido "descoberto" pelos europeus. Atualmente, êsse pensamento não é mais aceito, pois diversos povos, com suas histórias e uma rica diversidade cultural, já habitavam o território antes da chegada dos portugueses.

Pintura. Pessoas dentro de uma embarcação a vela. À esquerda, um homem com o dedo esticado apontando o horizonte. Ao seu redor, outras pessoas olham na direção  onde o dedo está apontado. Ao fundo, o mar, pássaros voando, outras embarcações a vela e a silhueta de alguns morros.
Descobrimento do Brasil, de Aurélio Figueiredo. Óleo sôbre tela, ​52,3 centímetrospor71,3 , 1887.

Os europeus depois da expansão marítima

A expansão marítima contribuiu para que os europeus estabelecessem contato com diferentes regiões do mundo e continentes pouco conhecidos pelos europeus, como a América, a África e a Ásia. Assim, além das riquezas proporcionadas pêla expansão marítima e do contato com terras distantes, o conhecimento de novos povos e de novas culturas proporcionou profundas mudanças no modo de vida e na concepção de mundo dos europeus.

O texto a seguir trata de um dos legados dos indígenas aos europeus.

reticências Além do ouro, da prata e das pedras preciosas, os produtos coloniais também ganharam espaço naquele continente e alteraram a vida da cristandade. A começar pêlo estômago: para se ter uma ideia da contribuição americana, dois dos quatro principais vegetais consumidos no mundo têm suas origens na região. A batata — injustamente chamada de “inglesa” — é originária dos Andes peruanos, onde já era cultivada havia cêrca de .7000 anos para alimentação humana. Foi levada pelos colonizadores europeus primeiramente como curiosidade, mas lógo se espalhou e se tornou uma das bases da alimentação mundial. O milho, por sua vez, era cultivado inicialmente na América Central, e quando os europeus chegaram, entre os séculos quinze e dezesseis, já era consumido em todo o continente americano. Devido à facilidade de adaptação e às muitas variedades, tornou-se elemento indispensável na dieta humana.

ELIAS, Rodrigo. Homem à vista. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Sabin, ano 7, número 8, 1º setembro 2012.

Xilogravura. Indígenas trabalhando em uma plantação. Alguns seguram enxadas e outros carregam cestos com grãos.
Representação de indígenas da América plantando milho e feijão. Xilogravura de , século dezesseis, colorida no século dezenove.
Ícone 'Atividade oral'.

Questão 3.

Por que, segundo o autor, a batata foi injustamente chamada de batata-inglesa?

O Tratado de Tordesilhas

Como vimos, a expedição de Colombo chegou à América em 1492. Assim, a notícia da localização do continente espalhou-se na Europa, dando início a uma disputa entre o rei da Espanha e o de Portugal pêlo domínio delas.

Uma tentativa de resolver essa questão foi por meio do Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 pelos dois reis, estabelecendo uma linha imaginária localizada 370 léguas (cêrca de 2 mil quilômetros) a oeste das ilhas de Cabo Verde. Portugal obteve a soberania das terras situadas a Léste da linha de Tordesilhas, e as terras a oeste seriam da Espanha.

Tratado de Tordesilhas (século XV)

Mapa. Tratado de Tordesilhas (século 15). Mapa destacando parte da América, África e Europa.
Conforme a legenda:
Linha do Tratado de Tordesilhas (7 de junho de 1494): Linha pontilhada, na direção vertical, passa por cima da América do Sul, destacando parte da porção leste, perto do Oceano Atlântico.
No canto inferior, à direita, planisférios destacando a América, parte da África e Europa. À esquerda, representação da rosa dos ventos e escala de 1660 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: GOES FILHO, Synesio Sampaio. Navegantes, bandeirantes, diplomatas: um ensaio sôbre a formação das fronteiras do Brasil. São Paulo: Martins Fontes, 1999. página 45.

Ícone 'Atividade oral'.

Questão 4.

Quais são os oceanos que aparecem no mapa?

A contestação do tratado

Nem todas as nações europeias reconheceram a divisão estabelecida no Tratado de Tordesilhas, como a França, a Inglaterra e a Holanda. Leia o texto a seguir.

Corria o ano da Graça de Nosso Senhor de 1494, quando o Tratado de Tordesilhas foi assinado entre o Reino de Portugal e a Coroa de Castela. Ambos os reinos dividiam entre si as terras “descobertas e por descobrir” fóra da Europa. Fato contestado, sobretudo, pêlas nações reformadas Inglaterra e Holanda e também pêla, até então, católica França. A contestação se torna literal na frase atribuída a Francisco um ao Papa Alexandre seis: "Gostaria de ver a cláusula do testamento de Adão que excluiu a França da partilha do mundo".

reticências

CORDEIRO, Jeanne; BUARQUE, Angela; TÁBOAS, Alice. O Sítio Serrado: franceses e tupinambá desconheciam o Testamento de Adão dois. Revista de Arqueologia, volume 32 número 2, 2019, página 227.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Quais eram os principais objetivos dos europeus com a expansão marítima?
  2. Quais dificuldades a tripulação costumava enfrentar durante o período de viagem nas embarcações?
  3. Quais foram as principais consequências das viagens marítimas para o contexto histórico europeu?

Aprofundando os conhecimentos

4. No início da expansão marítima europeia, o oceano Atlântico representava o desconhecido e era visto com temor pelos marinheiros. Para compreender melhor o imaginário europeu dessa época, analise a gravura e leia o texto. Depois, responda às questões.

Ilustração em tom sépia. Mapa destacando algumas porções de terra e um oceano com embarcações e criaturas marinhas. Algumas delas são maiores que as embarcações.
Representação de seres mitológicos e monstros marinhos em detalhe do mapa Carta Marina, produzido por e publicado em 1572.

reticências Espaço do incógnito e da aventura, espaço do medo, [o Atlântico] é também o espaço onde o homem se encontra com êle próprio, na superação do obstáculo, no esfôrço, na viagem. reticências

É neste quadro complexo do imaginário atlântico que o maravilhoso tem lugar. Não tanto o maravilhoso da riqueza (que só se desenvolverá num segundo momento), quanto o maravilhoso do fantástico e do monstruoso. reticências

O relato da viagem de São Brandão faz uma descrição das serpentes atlânticas, apresentando-as como seres temíveis: “Com o fogo que lança, abrasa como a boca de um forno, com uma chama tão alta e tão ardente que os [marinheiros] faz temer pêla morte. O seu corpo é excessivo, e solta mugidos com maior fôrça que quinze [touros] juntos. Só perante a ameaça dos seus dentes, teriam fugido até mil e quinhentos guerreiros. As ondas que desloca são tão altas que não necessita de mais nada para provocar uma tempestade”.

FONSECA, Luís Adão da. O imaginário dos navegantes portugueses dos séculos 15 e 16. Estudos Avançados, volume 6, número 16, 1992. página 45-46.

  1. Explique o sentido que a palavra maravilhoso apresenta no texto.
  2. Como São Brandão descreve a criatura marítima?
  3. Comente sôbre o imaginário europeu da época.

5. Entre os séculos quinze e dezoito, a costa americana foi alvo de piratas, que tinham como objetivo atacar primeiro os navios espanhóis, depois os de outras nações, em busca de tesouros como ouro e prata, que eram explorados das colônias e exportados para as metrópoles. sôbre êsse assunto, leia o texto a seguir e responda às questões.

O auge da pirataria, na fórma como a conhecemos, começou pouco depois da descoberta do Novo Continente, a América. Em 1494, o papa Clemente seis havia dividido o novo continente entre Portugal e Espanha, o que, claro, não agradou às outras nações europeias, que queriam uma parte do ouro que os espanhóis traziam da civilização asteca. Assim a parte da costa americana que ia da América do Sul na altura do Caribe até o norte da Flórida era visada por causa de seus portos, que abrigavam os galeões espanhóis, os mesmos que embarcavam os tesouros encontrados para a Europa. Claro, as nações que visavam tesouros começaram a atacar navios e tomar o prêmio para si mesmas.

É nesse momento que surgem os corsários, que podem ser considerados os primeiros piratas legais da História (pêlo menos para os govêrnos que queriam dividir o botim). reticências

COUTO, Sérgio Pereira. A história secreta dos piratas. São Paulo: Universo dos Livros, 2006.

  1. O que motivou a pirataria na época das Grandes Navegações?
  2. O que os piratas buscavam e por qual motivo?

O tema é ...

Educação para o consumo

O consumo e a obsolescência programada

Nos dias atuais, a busca por novos caminhos e maneiras de realizar o comércio entre as diferentes partes do mundo continua.

Desde a invenção das primeiras máquinas industriais, entre os séculos dezoito e dezenove, a fabricação de bens de consumo aumentou consideravelmente, criando a necessidade de um mercado consumidor cada vez maior.

Graças ao desenvolvimento dos meios de comunicação em massa e da publicidade, atualmente se produz e se comercializa uma grande quantidade de produtos e serviços dos mais diversos tipos, sejam êles de primeira necessidade, sejam supérfluos. Confira a seguir algumas características do ciclo de produção de eletrônicos.

Ilustração 1. Uma escavadeira amarela sobre um monte cinza.

1. Na atividade mineradora, muitas árvores são derrubadas para a escavação e a extração de minérios usados na fabricação de equipamentos eletrônicos.

Ilustração 2. Duas pessoas uniformizadas com as mãos sobre uma esteira com produtos.

2. O crescimento da produção gera maior gasto de energia para produzir e para transportar os produtos, assim como pode gerar aumento da poluição.

Ilustração 3. Diversos celulares sobrepostos.

3. Ao adquirir um aparêlhu novo, muitas vezes não sabemos o que fazer com o antigo, descartando-o incorretamente. Essa atitude é nociva ao meio ambiente e à saúde das pessoas, pois os produtos eletrônicos possuem substâncias químicas tóxicas.

Obsolescência programada

Um dos fenômenos dessa lógica de consumo é chamado de obsolescênciaglossário programada (ou obsolescência planejada).

Ela consiste na obsolescência já estabelecida durante a fabricação do produto. Isso significa que um produto que poderia ser feito para durar dez anos é fabricado para ter uma vida útil de apenas dois anos, por exemplo. Assim, ao fim de dois anos, o consumidor é “obrigado” a adquirir um novo produto. Isso acontece principalmente em produtos eletrônicos, como celulares e computadores. Assim, as indústrias continuam ampliando sua produção e seus lucros.

Ilustração. Um homem negro, usando camisa de mangas compridas e calça azul, observa com atenção um celular que está na sua mão direita e, com a mão esquerda, descarta um celular na lixeira.

Tipos de obsolescência programada

  • Obsolescência de função: ocorre quando um produto se torna ultrapassado e é superado por outro, que aparentemente funciona melhor.
  • Obsolescência de qualidade: quando um produto se desgasta ou quebra em determinado período não muito longo.
  • Obsolescência de desejabilidade: quando um produto ainda está em perfeito funcionamento, mas seu estilo, aparência ou design parecem ultrapassados para o consumidor, que passa a se desinteressar pêlo produto que possui e busca adquirir um novo, mais moderno e atual.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone 'Atividade oral'.

1. Você já substituiu algum produto que ainda tinha um bom funcionamento? Que produto foi êsse? O que levou à substituição? O que você fez com o “antigo”?

Ícone 'Atividade oral'.
  1. Em sua opinião, os produtos que você usa cotidianamente têm uma vida útil satisfatória? O que você poderia fazer para prolongar o tempo de uso dêsses produtos?
  2. O que cada um pode fazer para reduzir a quantidade de lixo eletrônico? Faça uma pesquisa em sites e escolha um produto (celulares, lâmpadas, de tê vê, componentes de computador, impressoras etcétera). Depois, apresente aos colegas o modo adequado de descartar êsse produto e, juntos, reflitam se cotidianamente vocês contribuem ou não para a redução de resíduos e o que podem fazer para melhorar suas atitudes.

O que eu estudei?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

1. Escreva um breve texto caracterizando a Idade Moderna. Para essa reflexão, considere os seguintes aspectos.

política • economia • ciência e cultura • religião • sociedade

2. Relacione as colunas a seguir a respeito do conceito de mercantilismo.

A. Intervenção do Estado

B. Monopólio comercial

C. Balança comercial favorável

D. Metalismo

1. Exportações maiores que importações.

2. Todas as regras comerciais definidas pêlo Estado.

3. Acúmulo de metais preciosos.

4. A metrópole controlava as relações comerciais das colônias, obrigando-as a comprar seus produtos a altos preços e a vender os produtos coloniais a preços baixos.

  1. sôbre a expansão marítima europeia, copie apenas a alternativa correta.
    1. Devido à sua localização geográfica e ao domínio das tecnologias de navegação, o Reino da França foi o pioneiro nas grandes viagens marítimas.
    2. As especiarias eram mercadorias muito comuns, produzidas em grande escala na Europa, porém muito raras na Ásia e na África, onde os navegadores lucravam muito com a venda dêsses produtos.
    3. Os reinos europeus buscaram novas rotas marítimas para o comércio e travaram contato com povos e lugares até então desconhecidos por êles, onde estabeleceram colônias e exploraram as riquezas naturais.
    4. As rotas marítimas descobertas pelos europeus eram curtas e, por isso, não exigiam muitos tripulantes nas embarcações. Assim, eram raros os relatos de dificuldades vividas a bordo das embarcações durante as viagens.
  2. Os textos a seguir foram escritos por importantes teóricos do absolutismo. Leia os trechos e, depois, responda às questões.

reticências Nada havendo de maior sôbre a terra, depois de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por êle estabelecidos como seus representantes para governarem os outros homens, é necessário lembrar-se de sua qualidade a fim de respeitar-lhes e reverenciar-lhes a majestade com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles com toda a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano despreza Deus, de Quem é a imagem na terra.

budâ, 1976 ápud . ín: MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2010. página 6263.

reticências O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deusreticências Os reisreticências são deuses e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e deve oberdecer-se-lhe sem murmurar, pois o murmúrio é uma disposição para sedição.

bossuê, 1976 ápud FREITAS. ín: MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2010. página 62.

  1. Qual característica do pensamento de budâ é expressa no texto?
  2. Qual característica do pensamento de bossuê é expressa no texto?
  3. De que fórma as teorias dêsses dois pensadores se assemelham?
  1. A respeito de seus conhecimentos sôbre o Tratado de Tordesilhas, identifique a alternativa incorreta e corrija-a em seu caderno.
    1. O Tratado de Tordesilhas garantiu direitos de posse sôbre novos territórios apenas a portugueses e espanhóis.
    2. Os monarcas ibéricos reivindicaram o direito de posse por terem sido pioneiros nas expedições de descobrimento.
    3. Os têrmus do Tratado de Tordesilhas foram respeitados pelos reinos que exploraram tardiamente os novos espaços.
    4. O Tratado de Tordesilhas foi um dos muitos acôrdos travados entre as potências europeias com relação ao chamado Novo Mundo.
  2. Considerando a mentalidade que se construía no período moderno, debata com os seus colegas sôbre quais motivos levaram os monarcas ibéricos a acreditar que tinham direito sôbre as terras do Novo Mundo.

Glossário

Degredado
: pessoa que sofreu a pena de degredo, exílio, expulsão, como punição por ter cometido um crime grave.
Voltar para o texto
Nau
: tipo de embarcação de grande porte, muito utilizada até o século quinze.
Voltar para o texto
Víveres
: mantimentos destinados à alimentação.
Voltar para o texto
Obsolescência
: processo que torna algo obsoleto, sem uso, inadequado.
Voltar para o texto