CAPÍTULO 7 Reinos e impérios da África

Como vimos no capítulo anterior, as sociedades africanas se organizaram de diversas maneiras. Neste capítulo, vamos conhecer um pouco mais sôbre alguns reinos e impérios africanos formados entre os séculos cinco e quinze.

As sociedades do Sael

O Reino de Gana e o Império do Mali desenvolveram-se na região do Sael, entre o deserto do Saara e a África Subsaariana.

Nessas sociedades, houve intenso comércio transaariano, que foi fundamental para a formação e o desenvolvimento de cidades, como Tombuquitú, Jené e Gaô. Além dêsse aspecto, rios como o Senegal e o Níger foram determinantes para o desenvolvimento da agricultura local, pois as cheias propiciavam fertilidade para o solo.

Mapa. Carta náutica representando parte do território africano. Nela, há ilustrações de reis, pessoas montadas em camelos, bandeiras e construções. Na parte superior, oceano. No limite entre o continente e o oceano, há uma linha sinuosa amarela na posição horizontal.
Carta náutica produzida pêlo cartógrafo Mecia de Viladestes em 1413, que apresenta as rotas das caravanas transaarianas no norte do continente africano.

Sociedades sudanesas

Os povos que viviam na região do Sael foram genericamente chamados sudaneses, pois o território era conhecido como Sudan, que na língua árabe significa “negro”, e , que significa “terra dos negros”. Gana, Mali e Songai também são considerados reinos do Sudão.

Muitos especialistas usam o têrmu antigo Sudão, ainda que essa região não corresponda à área dos atuais países Sudão e Sudão do Sul.

Gana

Um dos reinos do Sael foi Gana, localizado ao sul do deserto do Saara. Formado pêla junção de várias comunidades da etnia soninquê, o Reino de Gana consolidou-se a partir do século cinco e atingiu o apogeu a partir do século oito, quando dominou os povos vizinhos e expandiu seu território.

Por meio da tributação, êsse reino controlava economicamente os povos dominados. Assim, grande parte da riqueza do reino vinha dessa cobrança.

Reinos africanos (séculos V-XV)

Mapa. Reinos africanos (séculos 5-15). Mapa territorial do continente africano. Mali (século 13): Faixa de terra localizada na costa oeste do continente, cortada pelo Rio Níger. Cidades destacadas: Koumbi Saleh, Tombuctu e Gaô. Songai (século 15): Porção de terra localizada na região oeste do continente, cortada pelo Rio Níger. Cidades destacadas: Koumbi Saleh, Jené, Tombuctu e Gaô. Gana: Pequena porção de terra na região oeste do continente. Cidade destacada: Koumbi Saleh. Iorubás: Pequena porção de terra na costa oeste do continente com o Oceano Atlântico. Perto do Rio Níger e o Rio Benue. Cidades destacadas: Ifé e Benin. Congo: Pequena porção de terra na  costa oeste do continente com o Oceano Atlântico. Perto do Rio Congo. Cidade destacada: Banza Congo. Zimbábue: Pequena porção de terra na região sudoeste do continente. Cidade destacada: Grande Zimbábue. Na parte inferior, à esquerda, planisfério destacando a África e parte da Ásia e Europa. À direita, representação da rosa dos ventos e, abaixo, escala de 810 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: blék, diéremi. World history atlas. London: dórlin quínderslei, 2005. página 62.

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Questão 1.

Analise o mapa e aponte os reinos cujo litoral pertence ao oceano Atlântico.

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Questão 2.

De acôrdo com o mapa, quais reinos afri­ca­nos estão localizados abaixo da linha do Equador?

De acôrdo com alguns relatos de cronistas e de viajantes da época, o Reino de Gana era chamado “terra do ouro” por causa da grande quantidade dêsse metal extraída das minas da região. O comércio de ouro e de outras mercadorias proporcionou grandes riquezas à êsse reino.

Por volta do século onze, o Reino de Gana sofreu invasões dos almorávidas, um povo islamizado do norte da África. A capital de Gana, Cumbí Salé, foi dominada por êles, e aos poucos o reino fragmentou-se, perdendo a posição de destaque que detinha na região. A partir de então, a sociedade do Mali começou a se fortalecer e a dominar as rotas de comércio, de maneira que em pouco tempo sua influência se estendeu por um grande território.

Mali

O Império do Mali foi formado no século treze, com a incorporação de grande parte do Reino de Gana pêlo líder mandinga Sundiata. Outras regiões próximas também passaram a fazer parte dêsse império, que se constituiu em uma faixa territorial entre o oceano Atlântico e o rio Níger (lógo abaixo do Saara).

A agricultura de cereais e o comércio de ouro, de sal e de noz-de-cola eram as principais atividades desenvolvidas no Mali. Já a organização política tinha como base a divisão em províncias, administradas pelos (chefes locais).

O líder supremo do Mali era chamado Mãnsa, e era êle quem chefiava as operações econômicas (como a cobrança de impostos e as trocas comerciais), os rituais religiosos e as campanhas militares. O principal dêsses líderes foi o MãnsaMusa primeiro, que governou durante o auge do império, no período de 1307 até cêrca de 1332. êle é considerado por diversos estudiosos um dos reis mais ricos da história.

Os mandingas

O Império do Mali era formado por grande diversidade de povos, sendo os mandingas (falantes do mandê) o principal deles.

Mapa. Mapa representando parte do continente africano e europeu. À esquerda, em meio ao oceano, várias ilhas e uma embarcação. À direita, dentro do continente africano, ilustrações de tendas coloridas, um homem sobre um camelo, um homem com uma coroa na cabeça e sentado em um trono. Ao redor, diversas construções e bandeiras coloridas.
Detalhe do Atlas catalão, de Êibrarram , que representa o Mãnsa Musa primeiro (no canto direito da imagem), de 1375.

A cultura do Mali

As principais cidades do Império do Mali – como Tombuquitú, Jené e Gaô – situavam-se em regiões estratégicas, por onde passavam as caravanas comerciais. êsse fator também fez com que a maioria das regiões que integravam o império se convertesse ao islamismo.

Por causa das tradições islâmicas que marcaram a formação do Império do Mali, foram construídas diversas mesquitas na região, muitas delas associadas às instituições de ensino, bastante valorizadas naquela época. Locais como a mesquita de sancore, em Tombuquitú, eram pontos de encontro de intelectuais de diversas regiões, que se reuniam para compartilhar conhecimentos.

O ensino era acessível apenas às camadas mais ricas da população e dividido em dois níveis: o elementar, em que se aprendiam a leitura e a recitação do Alcorão; e o superior, em que se aprendiam ciências como Matemática, Astronomia e Lógica, além de aspectos da cultura islâmica.

Assim como outros povos africanos, os mandingas tinham uma tradição marcada pêlas narrativas orais. No território Mali, os chamados griôs narravam histórias por meio de poesias e acompanhadas de música.

Os griôs existem até hoje e são reconhecidos pêlo importante papel de preservar e difundir conhecimentos do passado pêlas novas gerações.

Fotografia. Um homem negro, usando um chapéu de tecido redondo na cabeça, um blusão com botões e mangas compridas, está com a mão direita na direção da boca, fazendo um semicírculo com a palma da mão. Sobre o braço direito, há um tambor pequeno.
Foto de jovem griô, no município de Bamaco, no Mali, em 2016.

Dominação Songai

Ao longo do século quinze, conflitos locais e problemas de sucessão enfraqueceram o Império do Mali e permitiram que o povo Songai estabelecesse domínio na região do rio Níger.

Os Songais eram governados sob um regime monárquico e centralizado. No Império Songai existiam aldeias agrícolas compostas por cêrca de 200 pessoas, que entregavam mercadorias anualmente como fórma de tributo ao govêrno. Mas, com a expansão das atividades comerciais, alguns núcleos urbanos se desenvolveram cada vez mais na região. Tombuquitú, por exemplo, teria alcançado cêrca de 80 mil habitantes no século dezesseis.

Fotografia. Uma construção alta com diversas estacas de madeira.
Tumba do ásquia (líder Songai) , que governou entre 1493 e 1528, em Gao, Mali, em 2020.

Os reinos iorubás

Há milhares de anos, os povos da etnia iorubá ocuparam a região onde hoje ficam países como Nigéria, Togo e Benin. A partir do século seis, diversas cidades desenvolveram-se na região, constituindo os principais reinos iorubás, como Benin e ôio .

A cidade de Ifé era uma das mais importantes e representava o centro espiritual e religioso dos iorubás. Em Ifé vivia o oni, rei supremo e chefe de todos os líderes locais, os obás.

Os iorubás, além de realizar atividades comerciais, desenvolveram uma tradição artesanal de manipulação do ferro e de produção de inúmeras esculturas e relevos com metais.

A tradição oral desempenhava um papel de bastante destaque na expressão religiosa dêsse povo. De acôrdo com essa tradição, o mundo e tudo o que existe teria sido criado por Olorum, também conhecido como Olodumaré.

Além de Olorum, os iorubás reconheciam e cultuavam uma grande quantidade de divindades, a quem denominavam orixás. Acredita-se que o culto aos orixás tenha se originado do culto aos ancestrais, de fórma que cada cidade iorubá considerava-se descendente de um orixá. Além disso, cada orixá poderia representar uma fôrça ou um elemento da natureza, como a água, o fogo, os ventos e os relâmpagos.

Escultura. Formato de uma cabeça até o pescoço, decorado com com várias linhas tracejadas.
Escultura em cobre representando um oni, século doze.

Iorubás no Brasil

Muitas pessoas da etnia iorubá foram trazidas ao Brasil a partir do século dezesseis em decorrência da escravidão. No Brasil, os iorubás passaram a ser chamados nagôs. A maioria dos nagôs desembarcou na Região Nordeste, principalmente no estado da Bahia, onde preservaram muitas de suas tradições, de suas crenças e de sua religião.

No século dezenove, a religiosidade iorubá e a crença nos orixás deram origem ao candomblé, religião afro-brasileira que tem inúmeros seguidores.

Agora, responda à questão a seguir.

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Em sua opinião, por que é importante conhecer e valorizar elementos da cultura afro-brasileira, como as tradições e crenças religiosas? Explique.

Escultura. Pessoa ajoelhada sobre uma estrutura. Ela veste um chapéu comprido e vazado na cabeça.
Escultura iorubá de madeira que representa Xangô, orixá relacionado à justiça, aos raios e aos trovões, século dezenove.

Os povos bantos

O têrmu banto refere-se a cêrca de 400 grupos étnicos africanos que se comunicam por meio de línguas de origem comum. Apesar de partilharem dessa mesma origem linguística, a religiosidade e as fórmas de organização política ou social dêsses grupos são bastante distintas.

Acredita-se que a origem do grupo linguístico banto ocorreu na região onde estão localizados os atuais países Camarões e Nigéria. Por motivos ainda desconhecidos, por volta do século um, parte da população dessa região começou a migrar para o Léste e para o sul do continente africano, ocupando territórios desabitados ou dominando outros povos por meio de guerras. Surgiram então, nesses territórios, outras línguas que tinham o banto como estrutura e, assim, são classificadas como línguas de origem banta.

O Reino do Congo

Um dos mais importantes reinos bantos foi o Reino do Congo, fundado entre os séculos treze e catorze. êsse reino ocupava o território onde atualmente se localizam partes de Angola, do Congo e da República Democrática do Congo.

Nesse reino, o poder era fortemente centralizado nas mãos do rei, chamado manicongo, e era dividido em províncias administradas por governadores escolhidos pêlo rei entre os membros das famílias aristocráticas ligadas a êle.

A capital do reino era Mubanza Congo, que entre os séculos quinze e dezesseis tinha aproximadamente 100 mil habitantes. A cidade situava-se na confluência de várias rotas comerciais, de maneira que o comércio era sua principal atividade econômica. Nela, diversos produtos, como tecidos, metais, sal e marfim, eram comercializados nos mercados.

Os portugueses e o Reino do Congo

Durante o século quinze, os portugueses estabeleceram uma forte relação comercial com o Reino do Congo. Essa relação com os portugueses influenciou diversos aspectos da sociedade congolesa. Em 1489, o rei do Congo converteu-se ao catolicismo, difundindo o cristianismo em todo o reino.

Como vimos, a partir do século dezesseis, os portugueses trouxeram para o Brasil milhões de africanos escravizados, muitos deles de origem banta. Assim, várias manifestações culturais brasileiras têm origem africana, como o desfile do Congado, retratado na foto a seguir.

Fotografia. Várias pessoas, vestindo roupas brancas e chapéus com diversas fitas coloridas. Algumas estão segurando tambores e outras estão carregando cartazes. Elas estão de pé em uma praça, perto de diversas moradias brancas com detalhes coloridos. Ao fundo, vegetação.
Congado de Santa Efigênia, em Ouro Preto, Minas Gerais, em 2021.

Investigando fontes históricas

A arte iorubá: os relevos de Benin

A tradição de fabricar artefatos com metais, como bronze e latão, existe há milhares de anos no território africano. As placas em relêvo são um exemplo tipo de arte e eram muito utilizadas pelos reinos iorubás. No entanto, como essas fontes históricas podem nos ajudar a conhecer mais sôbre a história dos diversos povos africanos?

No Reino de Benin, ao longo dos séculos dezesseis e dezessete, diversas placas em relêvo foram produzidas para adornar o palácio do obá e para demonstrar seu poder. Analise o relêvo a seguir e leia as informações relacionadas a êle.

Relevo “A”. Centralizado, um homem grande, usando chapéu com uma máscara sobre a boca. Ele está montado em um pequeno cavalo, segurando as mãos de duas crianças. Sobreposto ao número '1'. Nas laterais, duas pessoas com tecido ao redor da cintura. Elas estão segurando com as mãos um suporte acima da cabeça da pessoa montada à cavalo. Sobreposto ao número '2'. Na parte inferior, há uma pessoa pequena. Sobreposto ao número '3'. Na parte superior, fundo decorativo, com desenhos e esculturas. Sobreposto ao número '4'.
Rei a cavalo com séquito, relêvo produzido no século dezessete, na região do Reino de Benin (atual Nigéria), que apresenta o obá acompanhado de dois escudeiros e um criado.

1. O obá é a figura maior e em destaque no relêvo. êle se encontra sentado de lado sôbre um cavalo. Sua vestimenta tradicional apresenta adornos e êle usa um colar de contas característico dos membros da elite iorubá.

2. Os dois escudeiros do obá foram representados em tamanho intermediário, pois não têm a importância do obá, mas apresentam um status mais elevado que o dos criados.

3. Um criado, representado em tamanho menor que o das outras figuras, está conduzindo o cavalo do obá. Sua posição subalterna fica evidente, pois êle aparece abaixo dos pés do obá.

4. O fundo dos relevos produzidos em Benin apresentava diversos elementos decorativos. Nesse caso, notam-se os adornos em formatos florais.

Leia a análise de outro relêvo do Reino de Benin.

Perceba que o relêvo da imagem B está em bom estado de conservação e completo. É comum encontrar peças como essa desgastadas com o passar do tempo, com rachaduras e lascadas.

A figura central do relevo representa um guerreiro, com vestimenta típica e portando uma arma.

Relevo 'B'. Um homem com tecido ao redor da cintura, segurando com a mão esquerda, uma espada.
Placa de relêvo do Reino de Benin, produzida entre os séculos dezesseis e dezessete e que fazia parte dos adornos do palácio do obá.

Agora, realize as atividades a seguir.

Relevo 'C'. Um homem, vestindo chapéu e adorno cobrindo a boca, com tecido ao redor do corpo e colar no pescoço. Na mão direita, uma espada.
Placa de relêvo do Reino de Benin, produzida entre os séculos dezesseis e dezessete, que representa um guerreiro.
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1. Descreva a imagem C.

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2. Compare o guerreiro representado na imagem C com o representado na B e cite semelhanças e diferenças entre êles.

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3. Verifique a vestimenta e os adornos corporais do obá representado na imagem C. Qual elemento em comum há entre essa figura e o guerreiro da imagem a? O que isso significa?

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4. Em sua opinião, qual é a importância dos relevos do Reino de Benin como fontes históricas? Que informações podemos obter sôbre o passado da sociedade que os produziu? Explique.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Qual é a importância dos rios Senegal e Níger para as sociedades do Sael?
  2. O que eram as sociedades sudanesas?
  3. Onde era a “terra do ouro”? Por que ela recebia êsse nome?
  4. sôbre o Império Mali, copie no caderno somente a alternativa correta.
    1. O Império Mali foi governado por um rei muçulmano conhecido como griô.
    2. Desde a sua fundação, o Império Mali era integrado às tradições islâmicas e diversas mesquitas foram construídas na região.
    3. O Império Mali dominou diversos povos do norte da África, principalmente os songais, que foram submetidos durante o govêrno de Mansa Musa.
    4. A principal religião do Império Mali era o cristianismo, introduzido pelos etíopes na região por volta do século sete.

Aprofundando os conhecimentos

5. O culto aos ancestrais é um elemento muito importante em diversas religiões africanas. Muitos contos e diversas narrativas orais abordam aspectos. Leia e interprete o trecho de um conto da região de Gana que narra a história da princesa e a relação de seu povo com o mundo sobrenatural. Depois, realize as atividades.

reticências

era uma princesa do reino reticências de Gana. Seu povo acredita que os mortos habitam um mundo que é a imagem espelhada do mundo dos vivos. Por isso, os antepassados não estão exatamente mortos, mas, sim, invisíveis. O país ao lado de lá é igual ao do lado de cá. A diferença é que em um deles não se consegue acender a fogueira.

Sentada à margem do rio Níger, a jovem pensava em invocar a poderosa avó, a rainha-mãe, que se tornara invisível. Ela, certamente, apareceria em seu sonho, “território” onde vivos e ancestrais podem se encontrar e falar.

LIMA, Heloisa Pires. O espêlho dourado. São Paulo: Peirópolis, 2003. página 9. (Coleção O Pescador de Histórias).

  1. De que maneira a avó de atenderia ao seu chamado?
  2. Em que sentido a palavra “território” foi utilizada no conto?
  3. Qual é a crença do povo de em relação aos mortos?

6. Analise a foto a seguir e responda às questões.

Fotografia. Um grupo de pessoas carregando na cabeça bacia com flores. Eles estão de costas em uma fila.
Festa dedicada a Iemanjá, orixá considerada rainha dos mares e mãe de todos os orixás, em Salvador, Bahia, em 2022.
  1. A tradição de celebrar orixás e da festa de Iemanjá se relaciona de que maneira com os iorubás?
  2. Escreva um pequeno texto no caderno comentando a presença e a influência da cultura iorubá no Brasil.

7. Em grupo, pesquisem exemplos de elementos africanos presentes na cultura brasileira. Depois, selecionem um deles e busquem descobrir suas principais características e o povo ou a cultura de que são originários.

Ao final da atividade, apresentem as informações obtidas na pesquisa para os colegas. Se julgarem interessante, utilizem imagens de livros, revistas ou da internet na apresentação.

8. Os orixás exercem um importante papel na religiosidade iorubá e no candomblé, no Brasil. Cada orixá representa um elemento da natureza, um sentimento ou uma característica humana. Conheça a seguir alguns orixás e, no caderno, relacione cada descrição com a imagem correspondente.

A. Xangô: deus dos trovões, dos raios e da justiça. Possui um instrumento chamado oxê, um machado com duas lâminas.

B. Iemanjá: deusa dos mares, da limpeza e da fertilidade. Geralmente, é representada com vestimentas nas côres azul e branca e ornamentos com pedras do mar e conchas.

C. Oxóssi: deus da caça e da fartura. Seu símbolo é o ofá (arco e flecha).

D. Oyá ou Iansã: deusa dos ventos, das tempestades e das paixões. Seu símbolo é o iruqueré, instrumento feito da cauda do boi usado em rituais para afastar maus espíritos.

Ilustração 1. Uma mulher negra, usando um vestido rodado azul e branco, adorno azul na cabeça, está de pé, segurando com as mãos um objeto em formato circular.
Ilustração 2. Um homem negro, usando um chapéu vermelho, uma calça e pano amarelo sobre o peito,  está de pé com os braços abertos, segurando com as mãos dois machados.
Ilustração 3. Um homem negro, usando uma saia de folhas verdes, está de pé segurando com as mãos um arco e flecha.
Ilustração 4. Uma mulher negra, usando um vestido vermelho, adorno vermelho no cabelo, está de pé segurando com as mãos dois objetos.

O tema é ...

Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

Os griôs e a tradição oral

Há muito tempo, a história e as tradições de diferentes povos africanos são transmitidas oralmente de geração em geração por meio de contos, cantigas, poemas e lendas. Em muitas sociedades africanas, a memória era o principal recurso das pessoas para preservar e transmitir o conhecimento para as gerações futuras.

Assim, a tradição oral tornou-se uma das maneiras de estabelecer a conexão entre passado e presente em diversos países africanos, como Mali, Nigéria, Gana, Guiné e Senegal. Ao ajudar a preservar a história e a cultura de seu povo, os griôs auxiliam no processo de formação da identidade e dos valores de uma sociedade. Mesmo atualmente, êles continuam exercendo seu papel em diversas sociedades africanas.

Ilustração. Um homem negro, usando um chapéu redondo na cabeça e uma túnica azul, está sentado em uma pedra, segurando com as mãos um instrumento de corda. Ao lado, três crianças negras ajoelhadas no chão olhando para o homem. Atrás, árvores e o sol.

Leia o texto a seguir e conheça um pouco mais sôbre os griôs.

reticências Em muitas culturas, especialmente as tradicionais africanas, os guardiões da história em diversas regiões da África desenvolvem grande capacidade de memorizar o maior número de informações a respeito da linhagem de uma família, da organização política de um grupo, das funções de determinadas ervas utilizadas para a cura de doenças, da preservação das tradições: são os [griôs], contadores de história, guardiões da memória. reticências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais. Brasília: secádi, 2006. página 44.

Os griôs no Brasil

A tradição oral foi muito importante para a preservação da cultura de diferentes grupos afrodescendentes. No Brasil, os griôs tiveram papel fundamental nesse processo.

Para preservar, incentivar e divulgar o conhecimento dos griôs, alguns projetos vêm sendo desenvolvidos em nosso país, como o projeto Ação Griô, que atua na formação de jovens griôs, assim como no desenvolvimento de projetos pedagógicos que promovem o contato entre mestres da tradição oral e alunos e professores de diversas escolas. Atualmente, o projeto é desenvolvido em diversas regiões do Brasil.

Outra importante questão relacionada aos griôs no país é a Lei Griô, projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional que tem como objetivo promover a valorização dos mestres griôs e estimular a transmissão de seus conhecimentos. Assim, o projeto prevê a oferta de bolsas de incentivo destinadas aos griôs para que êles possam divulgar seus saberes entre os alunos de escolas de todo o Brasil.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone 'Atividade oral'.

1. Qual é a importância do trabalho de um griô? Que tipo de conhecimento êle pode transmitir aos membros de sua comunidade?

Ícone 'Atividade oral'.

2. De que maneira um griô poderia auxiliar no ensino da escola em que você estuda? Reflita sôbre essa questão e converse com os colegas.

Ícone 'Em grupo'.

3. Junte-se a um colega e imaginem que vocês sejam griôs da comunidade onde vivem. Pensem nos ensinamentos mais importantes que vocês adquiriram com seus pais, tios, avós e façam uma lista. Depois, pensem em maneiras criativas de transmitir conhecimentos aos colegas de turma, seja elaborando contos e poemas, seja compondo músicas.

O que eu estudei?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

1. sôbre o tráfico de africanos escravizados, leia um trecho do poema do escritor baiano Castro Alves (1847-1871) e, em uma folha de papel avulsa, responda às questões a seguir.

reticências Hoje... o porão negro, fundo,

Infecto, apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar...

E o sono sempre cortado

pêlo arranco de um finado,

E o baque de um corpo no mar...

reticências

ALVES, Castro. O navio negreiro. Disponível em: https://oeds.link/2ktuvl =&co_obra=1786. Acesso em: 24 março 2022.

  1. Com base em seus conhecimentos sôbre a escravidão e pêla fórma como Castro Alves descreveu os navios negreiros, você acredita que as condições a bordo dêsse navio eram boas ou ruins? Justifique sua resposta.
  2. Em sua opinião, por que os traficantes de pessoas escravizadas superlotavam os navios negreiros, como o poema retrata, ainda que as chances de morte fossem altas?
  3. Após a viagem de navio, como eram tratados os africanos escravizados que chegavam às terras brasileiras?
  1. Analise a gravura feita pêlo pintor iôrrán Mórits rugêndas e responda às questões a seguir.
    1. Descreva a gravura.
    2. Qual é a relação entre a gravura e a afirmação de que a cultura africana é vasta e diversificada?
Litografia. Na parte superior, à esquerda, destacando o busto de um jovem negro. Abaixo, o texto: BENGUELA. Ao lado, destacando o busto de um homem negro com bigode. Abaixo, o texto: ANGOLA. Na parte inferior, à esquerda, destacando o busto de um homem negro usando camisa e um lenço no pescoço. Abaixo, o texto: CONGO. À direita, destacando o rosto de uma mulher negra, usando brincos e colar. Abaixo, o texto: MONJOLO.
Negros Benguela – Angola – Congo – Monjolo, de iôrrán Mórits rugêndas. Litografia, 38centímetrospor54centímetros. 1835.

c . sóbre os povos bantos, copie a resposta correta.

A. É possível afirmar que os povos bantos, representados na imagem anterior, partilham da mesma religiosidade e organização política ou social em razão de se comunicarem por meio de línguas com a mesma origem.

B. Acredita-se que a origem do grupo linguístico banto ocorreu na região onde estão localizados os atuais países Camarões e Nigéria.

C. Acredita-se que a origem do grupo linguístico banto ocorreu na região onde estão localizados os atuais países Etiópia e Somália.

 D. Por volta do século onze, parte da população dessa região começou a migrar para o Léste e para o sul do continente africano, ocupando territórios desabitados ou dominando outros povos por meio de guerras.

  1. A respeito das expressões religiosas africanas, escreva um texto em uma folha de papel avulsa em, no máximo, cinco minutos, sintetizando quais são essas expressões e suas principais características. Não se esqueça de comentar as diferenças que os grupos africanos estabelecem entre o mundo natural e o sobrenatural, além da importância das máscaras para a religiosidade africana.
  2. Na África Centro-Ocidental, entre os países que hoje compreendem Angola, Congo e República Popular do Congo, localizava-se o antigo Reino do Congo, fundado por volta do século catorze. Responda às questões a seguir.
    1. Qual é o nome do título do governante do Reino do Congo, equivalente a um rei? Qual era o seu papel?
    2. Como era o comércio em Mubanza Congo, capital do reino?
    3. Qual é a relação dos portugueses com o Reino do Congo?