UNIDADE 3 Os povos da África
Respostas e comentários
- A foto de abertura retrata um grupo de mulheres e alguns músicos , conhecidos como tuaregues, cantando músicas tradicionais durante o festival de música , em Tombuctu, no Mali. êsse festival acontece desde 2001 e reúne milhares de malineses e turistas que vivenciam três dias dedicados às artes, especialmente a música, que é o fator de encontro cultural no país.
- Formado em grande parte por muçulmanos, os são um dos povos com maior número de habitantes da região do deserto do Saara. Um dos costumes dos é de usar véu para se protegerem do sol do Saara e das tempestades de areia muito comuns no deserto.
- Além de valorizar o canto e a dança tradicional de Tombuctu, êsse festival busca consolidar a conservação do patrimônio cultural, distribuir alimentos para famílias pobres, capacitar líderes comunitários em educação para a cultura de paz, entre outros objetivos.
- Analise a foto com os alunos, chamando a atenção deles para os elementos culturais, como as roupas e os instrumentos tradicionais. Pergunte a êles se conhecem os ou outros povos nômades, bem como as características dêsses grupos. Com base nisso, espera-se promover a empatia e o respeito à diversidade cultural.
Entre os séculos cinco e quinze, existiram no continente africano reinos e impérios com diferentes fórmas de organização política, social e econômica.
Estudar a grande diversidade de povos e culturas que formavam reinos e impérios pode contribuir para entendermos também alguns aspectos da nossa história e de nossa cultura.
Iniciando a conversa
- Descreva as pessoas retratadas na foto. Quais elementos indicam que se trata de um grupo de cantoras?
- Em sua opinião, a música é importante para as comunidades tradicionais da África? Justifique.
- Você conhece grupos que, como êsse, buscam preservar suas tradições culturais, como a música? Comente com os colegas.
Agora vamos estudar...
- aspectos da diversidade cultural, religiosa, política e econômica na África;
- os principais reinos e impérios africanos;
- aspectos da música tuaregue;
- a importância dos griôs e da tradição oral.
Respostas e comentários
Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.
- A análise da foto de abertura favorece o desenvolvimento do tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, visto que aborda um grupo de artistas no Mali em um festival, valorizando, assim, a música e as culturas africanas. Além disso, são abordados aspectos da Competência geral 9, uma vez que essa abordagem promove o exercício da empatia, o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e culturas.
- Ao longo da unidade, o aluno vai ampliar o seu conhecimento sôbre a história da África e dos africanos, analisando as dinâmicas anteriores à presença dos europeus no continente e as trocas comerciais estabelecidas. Além disso, serão discutidos conceitos referentes ao período da escravidão, contemplando, assim, as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero três, ê éfe zero sete agá ih um quatro e ê éfe zero sete agá ih um cinco. Também serão contempladas outras competências com recursos cartográficos, textuais e imagéticos, visando desenvolver o senso crítico dos alunos em relação a fontes históricas.
Metodologias ativas
Durante o desenvolvimento das questões da abertura desta unidade, é possível realizar a metodologia ativa do brainstorming, que consiste na exposição espontânea de ideias de um grupo sôbre determinado tema ou problema. Veja mais orientações sôbre essa estratégia no tópico Metodologias e estratégias ativas nas orientações gerais dêste manual. Busque explorar os conhecimentos prévios dos alunos sôbre a história da África e dos africanos. É possível que êles mencionem aspectos que tenham estudado nos anos anteriores ou de que tenham tomado conhecimento com base no contexto cultural em que vivem. Uma das características dessa dinâmica é que os alunos podem falar o que vier à mente, sem julgamentos ou críticas por parte dos colegas, pois uma ideia pode complementar outra ou instigar o engajamento da turma ao longo da discussão.
Respostas
1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos se atenham, por exemplo, às vestimentas das mulheres, com véus e adornos na cabeça, e ao instrumento utilizado pêlo músico.
2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam a importância da música para diversas comunidades tradicionais africanas. êles podem perceber isso com base na própria imagem de abertura, que retrata músicos africanos em um festival de música, usando roupas e instrumentos tradicionais durante a apresentação. Para isso, êles podem observar as vestimentas, aparentemente tradicionais para êsse grupo, e os instrumentos durante a realização de um festival.
3. Resposta pessoal. Instigue os alunos a refletir sôbre as tradições culturais malinesas dedicadas à música, assim como para grupos de outras culturas, seja na África, seja em outras regiões. Além disso, busque promover uma roda de conversa para que êles compartilhem a atuação de grupos tradicionais que êles possivelmente conheçam, apresentando exemplos.
CAPÍTULO 6 Conhecer a história da África
Você sabia que a história do Brasil é intimamente ligada à história do continente africano? Mas de que fórma isso acontece?
De acôrdo com um ponto de vista sociocultural, o Brasil pode ser definido como um país de grande diversidade cultural em têrmus religiosos, artísticos, musicais, culinários etcétera Diversas características físicas e costumes dos brasileiros foram herdados dos africanos. Entre os séculos dezesseis e dezenove, milhões de africanos foram trazidos para o Brasil por meio do tráfico atlântico, como estudaremos mais adiante. Essas pessoas, de diferentes culturas, foram importantes agentes formadores do que chamamos hoje de povo brasileiro.
Muitos alimentos, ritmos musicais, palavras, técnicas e tecnologias, costumes e religiões que estão no cotidiano brasileiro são de origem africana. Portanto, estudar a história dêsses povos é também conhecer mais a história do Brasil.
Além disso, ao saber mais sôbre algumas sociedades africanas do passado e a permanência de muitos de seus costumes no presente, é possível compreender melhor a riqueza étnica e cultural do continente africano. Analise a foto a seguir.
Questão 1.
Você já presenciou ou participou de uma manifestação cultural de origem africana? Converse com seus colegas sôbre isso.
Respostas e comentários
Questão 1. Resposta pessoal. Professor, professora: Incentive os alunos a relatar aos colegas as experiências que tiveram. Caso você já tenha participado de uma manifestação como essa, compartilhe com êles.
Objetivos do capítulo
- Refletir sôbre a importância de estudar a história da África.
- Conhecer a diversidade cultural, religiosa, política e econômica dos povos do continente africano.
- Diferenciar a escravidão moderna das existentes no continente africano, da Antiguidade e da servidão medieval.
Justificativa
Os conteúdos abordados ao longo dêste capítulo são relevantes para que os alunos conheçam algumas sociedades africanas e alguns aspectos de sua história. dêsse modo, possibilitam o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero três e ê éfe zero sete agá ih um cinco, que visam à identificação de aspectos específicos dessas sociedades, bem como à reflexão sôbre o conceito de escravidão moderna.
- Inicie a abordagem dêste capítulo promovendo uma roda de conversa sôbre a importância da diversidade cultural africana, inclusive na formação da cultura brasileira.
- Explique aos alunos que, de maneira geral, os africanos foram obrigados a vir ao Brasil pelosportugueses no século dezesseis para trabalhar como escravizados. Devido a essa condição, êles foram submetidos a duros castigos, além de enfrentarem longas jornadas de trabalho. Longe de seus locais de origem, muitos expressavam suas culturas e tradições como um meio de resistência às duras condições que enfrentavam diariamente. Informe aos alunos que o tema será estudado com mais profundidade nas unidades 7 e 8 dêste volume.
- Na questão 1, incentive os alunos a pensar nas inúmeras influências que as religiões e as línguas africanas têm na vida cotidiana dos brasileiros.
Sociedades e culturas da África
Ao longo do tempo, os povos africanos desenvolveram uma grande diversidade de culturas e de conhecimentos, como a metalurgia, o artesanato, a música, entre outros.
Muitos dêsses conhecimentos foram trazidos para o Brasil pelos africanos e se transformaram com o passar do tempo, ganhando, por vezes, novos significados de acôrdo com o contexto histórico vivido.
sôbre êsse assunto, leia, a seguir, o texto da historiadora brasileira Marina de Mello e Souza.
reticências Perceber a variedade das sociedades africanas pode nos ensinar a conviver com a pluralidade que nos compõe, sem atribuir hierarquias aos diferentes grupos culturais. Pode nos ajudar a vencer preconceitos herdados de tempos passados e construir um futuro no qual existam condições de vida mais igualitárias.
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2007. página 169.
Por meio do estudo da história da África, podemos aprender a valorizar a diversidade e a riqueza da cultura africana, além de promover valores como o respeito, a tolerância e a solidariedade.
Luanda, na Angola, foi colonizada pelos portugueses a partir do século dezesseis. Nessa região, estava localizado um dos principais pontos de partida de africanos que foram trazidos para o Brasil. Atualmente, essa cidade é um importante centro econômico do país.
Respostas e comentários
• O conteúdo destas páginas busca auxiliar o aluno na compreensão da história africana e da contribuição cultural africana na formação do Brasil. Dessa maneira, contempla a Competência específica de Ciências Humanas 1, possibilitando a compreensão do outro em sua identidade para respeitá-lo e, consequentemente, promover os direitos humanos. Essa mesma competência pode ser desenvolvida por meio do tema apresentado no boxe de competências socioemocionais. Reforce para os alunos a importância dos temas trabalhados no capítulo, que ressaltam a diversidade cultural do continente africano e incentivam o respeito aos diferentes aspectos de suas culturas, muitos deles presentes em nosso cotidiano.
Algo a mais
• Para aprofundar seus conhecimentos sôbre a história da África, são indicados a seguir alguns textos relevantes no cenário historiográfico atual que abordam a importância do ensino da história do continente africano. Leia-os como subsídio para fundamentar as reflexões que serão propostas tanto na unidade quanto em sala de aula.
> , Verena; PEREIRA, Amilcar Araujo. Qual África? Significados da África para o movimento negro no Brasil. Revista Estudos Históricos, éfe gê vê, volume 1, número 39, 2007. Disponível em: https://oeds.link/yC7PpJ. Acesso em: 7 junho 2022.
> MUNANGA, Kabengele (organizador). Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. Disponível em: https://oeds.link/aVkoBj. Acesso em: 7 junho 2022.
> SILVA, Alberto da Costa e. Um rio chamado Atlântico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
> SOUZA, Marina de Mello e. Algumas impressões e sugestões sôbre o ensino de história da África. Revista História Hoje, , volume 1, número 1, 2012. Disponível em: https://oeds.link/WodXDG. Acesso em: 7 junho 2022.
A diversidade do continente africano
A África é o terceiro maior continente do planeta em extensão territorial, com aproximadamente 30 milhões de quilômetros quadrados, o que equivale a cêrca de quatro vezes o tamanho do Brasil. Tem uma grande diversidade de povos, de diferentes etnias, culturas, línguas e religiosidades por todo o seu território.
êsse continente é banhado pelos oceanos Índico e Atlântico e tem enorme diversidade natural.
Vegetação na África (século XXI)
Fonte de pesquisa: blék, diéremi. World history atlas. Londres: dórlin , 2005. página 155.
Questão 2.
Quais rios representados no mapa atravessam a vegetação das estepes?
Questão 3.
Em qual área do continente está concentrada a maior parte do deserto?
Desde a Antiguidade, rios como o Nilo, o Congo e o Níger foram importantes para o desenvolvimento da agricultura, para a formação de cidades e reinos e para a circulação de pessoas e mercadorias.
O deserto do Saara, ao norte do continente, era habitado por diversas sociedades nômades, seminômades e sedentárias, que se dedicavam a atividades agrícolas, pastoris e comerciais.
Há mais de .2500 anos, nas regiões de savanasglossário e florestas, ao sul do Saara, na chamada África Subsaariana, desenvolveram-se sociedades formadas por caçadores, coletores e sedentários que criaram técnicas agrícolas e metalúrgicas.
Respostas e comentários
Questão 2. Resposta: Rio Níger e rio Nilo.
Questão 3. Resposta: No norte da África.
• Para ampliar a análise do mapa, pode-se promover uma integração com o componente curricular de Geografia. Se julgar pertinente, junto ao professor dêsse componente curricular, promova uma atividade de observação do recurso com o intuito de os alunos perceberem algumas das especificidades do continente. Comente que a África é um território predominantemente maciço, cujos litorais não apresentam muitos recortes ou muitas reentrâncias. Um dos mais importantes elementos da geografia africana é o deserto do Saara, por isso mostre a sua localização aos alunos e comente que êle atua como um divisor entre a África Mediterrânica (ao norte) e a África Subsaariana (ao sul). Explique também a importância dos rios nesse território e que, no caso, cêrca de um terço de sua extensão é formada por terras desérticas. Aproveite o momento para mostrar aos alunos que alguns aspectos geográficos, como clima, vegetação e territorialidade, influenciam também nos processos sociais e econômicos desenvolvidos na região.
• O conteúdo desta página está relacionado às Ciências Humanas, envolvendo os componentes curriculares de Geografia e História. Busca-se, com as questões 2 e 3, que os alunos tenham contato com um mapa para compreender a diversidade natural e a extensão do continente africano. Dessa fórma, é favorecida a abordagem de aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7, que visa à utilização das linguagens cartográficas para desenvolver o raciocínio espaço-temporal.
Um texto a mais
Leia a seguir um texto de caráter metodológico que como conduzir uma análise de mapas.
reticências
Há uma referência constante à importância da leitura de mapas. No entanto, há poucos detalhes concretos sôbre como realizar essa leitura. Não se trata de um simples processo de fixar o ôlho na representação cartográfica. A leitura de mapas não é uma analogia à leitura de um livro. Os elementos cartográficos e suas posições relativas no mapa não seguem uma sequência linear (da esquerda para a direita), mas sim exigem um olhar múltiplo que perambula pêla folha de papel para localizar e analisar, correlacionar e sintetizar. Neste sentido, o mapa vira um espaço que representa o espaço. No entanto, essa leitura não deve se restringir ao mapa reticências [por si só], mas também deve incluir o contexto da sua produção, circulação e significação.
reticências
, . O ensino de cartografia que não está no currículo: olhares cartográficos, “carto-fatos” e “cultura cartográfica”. ín: NUNES, Flaviana Gasparotti (organizador). Ensino de geografia: novos olhares e práticas. Dourados: ú éfe gê dê, 2011. página 44.
Formas de organização social e política
As sociedades africanas adotaram, ao longo de sua história, diversas fórmas de organização social e política, com a existência desde pequenas comunidades reunidas em aldeias até grandes impérios formados por vários reinos.
Em diversas sociedades africanas, como a dos zulus, o membro mais experiente da aldeia era considerado o chefe da comunidade. A êle eram atribuídas responsabilidades como julgar crimes, distribuir terras às famílias e liderar os guerreiros em épocas de guerra. A maioria das sociedades africanas baseava-se na fidelidade a êsse chefe e nas relações de parentesco. Por meio dos casamentos, por exemplo, determinada aldeia poderia aliar-se a outra.
Quando ocorriam guerras, era comum que as aldeias se aliassem, formando confederaçõesglossário . Nessa fórma de organização, as decisões eram tomadas por um grupo de representantes das aldeias que se reuniam em um conselho.
Algumas sociedades constituíam reinos, sob a responsabilidade de um chefe com mais poder (o rei) e com autoridade sôbre os demais chefes. Nos reinos, havia uma capital onde se concentravam a administração e o centro comercial, com grande circulação de pessoas e de mercadorias.
Respostas e comentários
- O estudo das fórmas de organização tanto social quanto política das sociedades africanas ao longo de sua história favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três quanto ao modo como se organizam socialmente.
- Com relação à cidade de Tombuctu, representada na gravura, comente com os alunos que ela se localiza no centro do Mali e teve sua “época de ouro” no século catorze.No entanto, apesar de estar sendo tomada pêlo deserto do Saara, ela continua sendo uma importante cidade na região, que inclusive foi inscrita como Patrimônio Mundial pêla Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco).
O comércio e a relação entre os povos
As trocas comerciais foram muito importantes no cotidiano dos povos africanos desde a Antiguidade, pois possibilitavam acesso a diversos tipos de mercadorias, mesmo as que só eram produzidas em regiões mais distantes. As comunidades ribeirinhas, que viviam próximas às margens de rios, podiam trocar peixes por grãos produzidos nas savanas; os habitantes das florestas, por sua vez, podiam oferecer tubérculosglossário e receber animais criados nos planaltosglossário . Produtos como ouro, noz-de-colaglossário e marfim podiam ser trocados por sal, tecidos, escravizados, entre outras mercadorias.
O comércio era feito tanto a curta como a longa distância. No comércio a curta distância, geralmente eram realizadas trocas nas regiões vizinhas entre aldeias e cidades próximas. O transporte das mercadorias era feito a pé ou no lombo de burros e camelos.
O comércio a longa distância era realizado por meio das rotas fluviais, ou seja, por rios, ou pêlo deserto, em caravanas de camelos, introduzidos na África a partir do século três. As rotas de comércio que atravessavam o Saara ficaram conhecidas como rotas transaarianas.
Respostas e comentários
- O conteúdo desta página favorece o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro, que trata das relações comerciais da sociedade africana e do contato que tem com outras sociedades. Além disso, são abordados aspectos da Competência específica de História 5, auxiliando o aluno na análise e na compreensão do movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço, além de seus respectivos significados históricos.
- Pergunte aos alunos se êles conhecem os produtos de troca descritos nesta página, como os grãos produzidos nas savanas, os tubérculos da floresta, os animais criados em planaltos, a noz-de-cola e o marfim. Caso não conheçam, leve-os à sala de informática ou à biblioteca da escola ou do município para pesquisar produtos de troca, especificamente do continente africano. Para isso, êles devem conferir as seguintes informações: quais regiões produzem, quais seriam os produtos, entre outras questões que podem ser levantadas.
As rotas transaarianas
O deserto do Saara não limitou o comércio dos povos africanos. Diferentes regiões da África foram conectadas por meio de caravanas que cruzavam o deserto. As rotas transaarianas interligavam as economias locais e regionais do Sahelglossário à costa mediterrânea no norte da África. No auge das caravanas, milhares de camelos carregando mercadorias atravessavam o Saara, em viagens que podiam demorar meses.
Rotas transaarianas (século XIV)
Fonte de pesquisa: COSTA E SILVA, Alberto da. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. página 269.
Questão 4.
Quais cidades da região do Sahel foram representadas no mapa?
As caravanas eram compostas de dezenas, ou até mesmo centenas, de cameleiros, que eram quem conduziam os camelos. Os tuaregues, povos que se dedicavam a essa atividade, tornaram-se grandes conhecedores do deserto; eram hábeis no carregamento dos camelos, na proteção das mercadorias e dos cameleiros, na busca por água etcétera
O sal era o principal produto transportado pêlas caravanas, mas êsse tipo de comércio chegava a ser realizado até mesmo em regiões da Europa e da Ásia, onde havia portos nos quais os produtos chegavam e partiam, como joias, seda, perfumes e artefatos de porcelana. A atividade comercial, assim como as caravanas, foi essencial para a disseminação do islamismo por toda a África, como estudaremos mais adiante.
Respostas e comentários
Questão 4. Resposta: Sila, Salé, Tombuquitú, Jené, Gaô e Kano.
• Na questão 4, ao analisar o mapa da página, chame a atenção dos alunos para os traçados que representam as rotas transaarianas e as cidades interligadas por meio dessas rotas. Além disso, é relevante que os alunos identifiquem as regiões em destaque no mapa, especialmente áreas de deserto e a região do Sahel. dêsse modo, a atividade auxilia no desenvolvimento do saber geográfico e possibilita o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro, visto que propõe uma análise das dinâmicas comerciais das sociedades africanas.
Um texto a mais
O comércio transaariano foi fundamental para integrar algumas regiões da África. Além disso, contribuiu para a troca de mercadorias e o intercâmbio cultural. Leia o trecho a seguir para aprofundar os conhecimentos da turma sôbre o assunto.
reticências
O carro de rodas, puxado a boi, asno ou cavalo, não pôde resistir, onde a encontrou, à competição do camelo. Este, nas regiões áridas e semiáridas, era mais resistente às grandes caminhadas, com seus largos cascos que não sofriam nas areias do deserto, e à carência de água e de alimento. Levava no dorso pesadas cargas – até geralmente 150 quilos –, pelos terrenos mais difíceis e a uma velocidade que não podiam cumprir os carros a tração animal. Enquanto um carro de um par de bois, transportando uns quinhentos quilos, só podia vencer por jornada entre 12 e 15 quilômetros, uma cáfila alcançava trinta ou até mesmo quarenta. Cada carro tinha de ter condutor próprio; um só cameleiro era capaz de conduzir de três a seis dromedários. O carro exigia boas estradas; ao camelo elas eram indiferentes. O carreiro tinha de cuidar não apenas de seus animais, mas manter-se também constantemente atento ao estado do veículo, cujos eixos, rodas e varais com frequência se partiam.
reticências
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. terceira edição Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. página 246247.
A escravidão na África antes do século quinze
A escravidão é uma prática muito antiga na história da humanidade e foi praticada de diversas maneiras por vários povos em lugares e épocas diferentes.
Leia o texto a seguir, que aborda a escravidão na África até o século quinze.
reticências Na África, os escravos eram obtidos de várias maneiras: através do aprisionamento de “estrangeiros”, em guerras, sequestros ou compra, tanto de indivíduos expulsos de suas comunidades reticências quanto de membros de comunidades cuja sobrevivência estava ameaçada pêla fome; ou através de sanções aplicadas a membros da própria comunidade de origem por crimes cometidos, como adultério e assassinato, e pêlo não pagamento de dívidas. De qualquer fórma, não importando qual fosse a fórma de escravidão, os cativos sempre eram transformados em estrangeiros, sendo excluídos de seus grupos de parentesco originais e sendo incorporados à sua nova condição de dependentes. Embora os escravos não tivessem estabilidade nas comunidades que os aprisionaram, podiam tornar-se parte das comunidades nas quais eram inseridos, podendo participar da estrutura familiar e exercer funções econômicas.
reticências
MATTOS, Hebe Maria; grínberg, Keila. As relações Brasil-África no contexto do Atlântico Sul. ín: , (coordenação). Introdução à história da África e da cultura afro-brasileira. Rio de Janeiro: Ucâm: : cê cê bê bê, 2003. página 3233.
De modo geral, nas sociedades africanas, a escravização de pessoas era também uma fórma de aumentar o número de súditos de um reino, disponibilizando, assim, mão de obra para obras públicas, ou para fortalecer os exércitos, por exemplo.
Ao ser escravizada, a pessoa era obrigada a se sujeitar ao seu senhor, podendo também ser vendida ou trocada.
Os escravizados costumavam trabalhar na agricultura, na mineração ou prestar serviços domésticos. Alguns chegavam a se tornar militares, funcionários públicos ou comerciantes, conseguindo, em certos casos, acumular riquezas.
Respostas e comentários
• Ao abordar o tema escravidão na África, é necessário que os alunos compreendam as diferenças entre êsse tipo de escravidão e o que foi realizado pelos portugueses no contexto da colonização do território que atualmente corresponde ao Brasil. Mesmo que êles ainda não tenham estudado êsse tema, é possível que já apresentem algum conhecimento prévio sôbre os africanos que viveram em território brasileiro para trabalhar como escravizados. Assim, esclareça que a escravidão praticada pêlas sociedades tradicionais da África não envolvia mecanismos de acumulação de riquezas nem mesmo de tráfico mercantil. No caso, as relações nessas comunidades eram variadas, envolvendo práticas de sujeição – e não um efetivo sistema de tráfico escravista. Os escravizados podiam ser castigados ou vendidos e tinham de obedecer às ordens de seu senhor. Porém, em muitas sociedades africanas, como entre os os escravizados podiam exercer funções variadas, como a de chefe militar ou condutor de caravanas. Além disso, era comum que os escravizados se integrassem gradualmente à família de seus senhores.
O conceito de escravidão
A prática da escravidão é histórica, portanto, sofreu mudanças ao longo do tempo e de acôrdo com o lugar onde era praticada.
No entanto, de modo geral, a escravidão pode ser definida como uma condição em que um indivíduo, ao ser escravizado, se torna propriedade de outra pessoa, perdendo o direito de controlar a própria vida e, consequentemente, sendo privado de sua liberdade e dignidade.
Leia algumas características sôbre a escravidão ao longo da história.
A escravidão antiga
Em antigos reinos africanos, como o do Egito e o de Cuxe, era comum que prisioneiros de guerra fossem escravizados e obrigados a trabalhar na agricultura, na construção, no exército ou em atividades em que eram necessários conhecimentos mais técnicos, como na administração de cidades ou na produção artesanal.
Grécia e Roma, civilizações consideradas fundadoras da cultura ocidental, também tinham escravizados. Nessas duas sociedades, por exemplo, um indivíduo era escravizado se fosse prisioneiro de guerra ou se tivesse contraído uma dívida e não tivesse como pagá-la.
A escravidão e a servidão medieval
Durante a Idade Média na Europa Ocidental (século cinco ao século quinze), já havia bem menos escravizados que durante a Antiguidade. êles moravam em áreas mais afastadas dos castelos dos nobres a quem pertenciam e exerciam diversas atividades. Essa prática, no entanto, era pouco difundida.
Os principais trabalhadores rurais eram os servos, que prestavam serviços e pagavam tributos aos nobres em troca de proteção e de terras para trabalhar. Para os senhores feudais, o sistema servil era mais vantajoso que o escravista, pois havia menos revoltas.
Respostas e comentários
- Ao tratar do conceito de escravidão, abrangendo as fórmas praticadas em diferentes espaços e temporalidades, abordam-se aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 5, que trata da comparação de eventos ocorridos simultaneamente, nesse caso, em espaços variados.
- O conteúdo destas páginas possibilita o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih um cinco, ao abordar o conceito de escravidão moderna, diferenciando-a de outros tipos de escravidão praticados na Idade Antiga e na Idade Média.
- Aproveite o conteúdo estudado para retomar com os alunos os temas estudados no volume do 6º ano, como a escravidão no Reino de Cuxe, na Grécia e Roma antigas, e a servidão do medievo. Lembre-os de que no Reino de Cuxe muitos trabalhos eram executados por pessoas escravizadas, que eram predominantemente prisioneiros de guerra, por exemplo. Já na Idade Média os escravizados exerciam atividades diversificadas nos castelos dos nobres, lugar onde viviam. No entanto, era um número muito reduzido de pessoas nessas condições, visto que o regime de servidão era mais comum. Além disso, relembre aspectos da escravidão praticada em outras regiões e em outros períodos, chamando a atenção para as respectivas semelhanças e diferenças, incluindo localização espacial e temporal.
A escravidão moderna
No final da Idade Média, algumas nações europeias estavam expandindo seus territórios, buscando novos locais onde conseguissem tanto matéria-prima como mão de obra. Por isso, nesse período, os escravizados se tornaram mercadorias bastante lucrativas e instaurou-se uma grande rede de tráfico de pessoas que vigorou entre os séculos quinze e dezenove, marcando profundamente a história da humanidade.
Durante a escravidão moderna, como costuma ser chamada a escravidão praticada nesse período, milhões de africanos foram capturados e transportados para lugares distantes, em porões de embarcações (conhecidas como navios negreiros) que cruzavam o oceano Atlântico.
Apesar de atualmente ser ilegal e não apresentar mais as mesmas características de séculos ou milênios atrás, o trabalho escravo ainda existe. A luta para impedir que pessoas sejam exploradas ou submetidas a condições de trabalho forçado ou degradante no Brasil e no mundo é constante.
Agora, responda às questões a seguir.
1. De acôrdo com a imagem apresentada, onde as pessoas escravizadas eram alojadas? Quais são suas impressões sôbre êsse tipo de transporte e acomodação?
2. Você se lembra de algum caso ou de alguma denúncia recente, no Brasil, sôbre trabalhadores em situação semelhante à escravidão? Se sim, onde isso ocorreu? Em sua opinião, o que podemos fazer para combater êsse tipo de crime?
Respostas e comentários
Questões 1 e 2. Respostas nas orientações ao professor.
Respostas
Questão 1. O navio negreiro representado na gravura era organizado da seguinte maneira: uma cabine na proa, um convés de armazenamento, dois conveses com armamentos de guerra e um pavimento no qual as pessoas capturadas eram transportadas. No caso, os escravizados estão alocados em um pequeno convés lógo abaixo do deque do navio. Resposta pessoal. Incentive os alunos a compartilhar suas impressões sôbre a acomodação e a maneira como as pessoas eram transportadas. Chame a atenção deles para que façam isso de modo respeitoso e crítico, reconhecendo, assim, que a viagem dos escravizados nas embarcações era difícil, visto que ficavam alojados em condições sub-humanas.
Questão 2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos comentem os casos recentes divulgados na mídia sôbre trabalhadores em situação análoga à escravidão. Se os alunos não se recordarem de nenhum caso, leve-os à sala de informática para que façam uma pesquisa a respeito. Comente com êles que ainda existem diversos casos de trabalhadores em condições análogas à escravidão, geralmente em indústrias têxteis, carvoarias, madeireiras ou em grandes fazendas. Explique aos alunos que a prática é considerada crime, devendo ser combatida e fiscalizada pêlas autoridades públicas e por toda a sociedade.
Atividade a mais
• Proponha uma atividade em que os alunos comparem as semelhanças e as diferenças entre as fórmas de escravidão praticadas em sociedades da Antiguidade e da Idade Média com a escravidão moderna. Os alunos podem apresentar as respostas em fórma de tabela ou de um pequeno texto discursivo. O importante é que eles compreendam que a escravidão moderna se diferencia, sobretudo, péla quantidade de pessoas escravizadas e péla transformação da escravidão em um negócio mercantil, ou seja, voltado para o lucro, o que se refere às nações europeias.
As religiões africanas
Assim como as línguas e as etniasglossário , as religiões do continente africano são diversas. Em algumas regiões, o islamismo é predominante e o cristianismo, em outras. Mas há várias outras crenças e religiões antigas, que são chamadas de “tradicionais”.
Essa variedade demonstra a importância da religião, da divindade e do sagrado no modo de vida das sociedades africanas. Uma característica que aproxima as chamadas religiões tradicionais é a relação que diferentes grupos africanos estabelecem entre o mundo natural (concreto, no qual vivemos) e o sobrenatural (das divindades, do sagrado).
O mundo sobrenatural era habitado pelos espíritos dos antepassados e por uma grande diversidade de deuses. seres sobrenaturais controlavam as fôrças da natureza e outros aspectos que interferiam no mundo dos seres humanos.
Assim, do ponto de vista religioso, diversos acontecimentos do cotidiano, como doenças, colheitas ruins e desastres naturais, eram considerados consequências de algum desequilíbrio causado por ações humanas, como desrespeitar as leis divinas e não fazer oferendas aos deuses.
Para retomar o equilíbrio, o sacerdote era o responsável pêla mediação entre os dois mundos, pois conseguia se comunicar com o sobrenatural por meio de rituais específicos. Em muitos rituais, eram utilizadas máscaras, que podiam variar conforme o povo e a cultura.
Respostas e comentários
• Com base no conteúdo das religiosidades africanas, desenvolve-se o tema contemporâneo transversal Diversidade cultural. Chame a atenção dos alunos para o fato de que a diversidade religiosa do continente africano também interfere na maneira como as crenças podem ser manifestadas. No caso, as máscaras especificam algumas dessas crenças, notadamente, as politeístas, simbolizando o culto aos deuses e à manutenção da ordem da vida terrena.
O islamismo na África
O islamismo (também conhecido como islã ou islão) é uma religião monoteísta, criada e difundida pêlo profeta Maomé, e se baseia na crença de um único deus, Alá. O islamismo teve origem no século sete, na Península Arábica, Oriente Médio, e atualmente é a segunda maior religião do mundo em número de seguidores, que são chamados muçulmanos.
Ainda no século sete, principalmente por meio das conquistas do Império Islâmico, o islamismo expandiu para regiões da Ásia e da África, chegando até a Europa por volta do século oito. Analise o mapa a seguir.
Expansão do Império Islâmico (século VIII)
Fonte de pesquisa: quínder, rrérman; ríguelmân, vérner. The Penguin atlas of world history. Londres: Pêngüim búks, 2003. página 134.
Questão 5.
De acôrdo com o mapa, o Império Islâmico se expandiu por quais continentes até o século VIII?
Intercâmbio comercial e cultural
Na África, essa religião foi introduzida pelos árabes durante a expansão islâmica no norte do continente, nos séculos sete e oito. O islamismo se difundiu e influenciou diversos povos, principalmente por causa da circulação e das trocas de mercadorias que ocorriam nas rotas transaarianas.
Além das trocas comerciais, houve intenso intercâmbio cultural. Assim, muitos reinos e impérios africanos passaram a seguir o islamismo.
Respostas e comentários
Questão 5. Resposta: Ásia, África e Europa.
- Com base nos conteúdos abordados nas páginas 87 a 91, em relação às religiosidades africanas, à influência islâmica na África e à música , são desenvolvidos aspectos da Competência geral 3, propiciando a valorização e a reflexão sôbre as diferentes manifestações artísticas e culturais, nesse caso, relacionadas ao continente africano.
- Busca-se com a questão 5 que os alunos identifiquem, por meio do mapa, que a expansão do Império Islâmico em diversos continentes até o século oito contribuiu para a difusão do islamismo. Essa questão, favorece o desenvolvimento do saber geográfico.
Impérios como o do Mali (que será estudado no próximo capítulo) formaram grandes centros de difusão muçulmana, com mesquitas, bibliotecas e universidades.
Sociedades nômades do deserto, como a dos (tuaregues), também foram islamizadas. êles desempenharam um papel significativo no comércio da região e foram um dos principais difusores do islamismo na região do Sael. Com o tempo, a cultura islâmica das sociedades africanas foi transformando-se e adquirindo características próprias.
Resistência ao Império Islâmico
O islamismo não se difundiu na África apenas por meio do comércio. As primeiras incursões dos muçulmanos foram militares, contra tribos berberes localizadas no Magreb.
As duas primeiras incursões, que ocorreram entre os anos de 643 e 699, tiveram grande resistência dos povos berberes. Foi só a partir da terceira tentativa que os muçulmanos começaram a se instalar na região. O texto a seguir aborda a resistência ao Império Islâmico entre os berberes.
reticências
Durante o processo de instalação dos muçulmanos, a tribo berbere mais poderosa, aquela que resistiu de armas nas mãos com maior tenacidade, denominava-se e era liderada por uma mulher chamada . Na passagem do século oito, a liderança dela era reconhecida por todo o Magreb, até sua derrota e execução no ano de 704, que pôs fim à resistência e garantiu a vitória aos muçulmanos.
reticências
MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013. página 48.
Respostas e comentários
• Ao abordar o tema da resistência de povos africanos ao Império Islâmico, comente com os alunos que os berberes são povos autóctones que habitam o norte da África, principalmente a região onde se localiza a Argélia e o Marrocos. São considerados um dos povos mais antigos da região e falam a língua berbere. Se julgar necessário, convide-os a consultar um mapa-múndi e a procurar a região onde os berberes habitam. Peça aos alunos que observem com atenção essa região e a comparem com a extensão total do continente africano, de modo que percebam que essa é apenas uma das várias outras regiões onde ocorreram movimentos de resistência ao Império Islâmico.
Um texto a mais
O texto a seguir serve de subsídio para ampliar a discussão sôbre a resistência ao Império Islâmico no norte da África.
reticências
Não dispomos de informações suficientes para indicar com precisão por que e como as diferentes “tribos berberes” – embora elas fossem várias dezenas – converteram-se ao islã. Contudo, podemos discernir certas tendências gerais características das sucessivas etapas dêste processo.
A primeira etapa foi marcada pêla submissão e pêla conversão de numerosas “tribos berberes” que haviam oposto uma resistência selvagem frente aos exércitos árabes. As conversões alcançadas em tais circunstâncias possuíam um caráter puramente formal e provavelmente não concerniam senão aos chefes e aos anciões dos diferentes clãs que assim reconheciam a soberania dos vencedores. Entretanto, lógo que as fôrças árabes se retiravam ou eram expulsas – cenário frequente ao longo do século um da hégira – os berberes retornavam às suas políticas tradicionais, considerando-se livres de qualquer fidelidade política ou religiosa. Trata-se justamente do que justifica a famosa observação de Êbnú , ao constatar que os berberes apostaram bem uma dúzia de vezes durante os primeiros setenta anos do seu contato com o islã. reticências.
reticências muito pouco tempo após o esmagamento do seu último grande movimento de resistência aos árabes e ao islã, foram aos milhares que os berberes juntaram-se às fileiras dos exércitos dos seus inimigos de ontem e abraçaram a sua religião. Todavia, estas conversões não afetaram senão uma minoria da população; vastas zonas dos atuais Argélia e Marrocos permaneceram fóra do contrôle dos árabes. Na realidade, foi necessário muito tempo antes que o islã penetrasse nas regiões montanhosas.
[...]
Él fássi, morramédi; Rrbéc, Ivan. Etapas do desenvolvimento do Islã e da sua difusão na África. ín: Él Fasi, morramédi. África do Século sete ao onze. 2. edição São Paulo: Cortez; Brasília: unêsco, 2011. página 77-78.
Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.
Transcrição do áudio
[Narrador]
África e música
[Rodrigo]
[tom de voz animado]
Olá, pessoal! Eu sou o Rodrigo, e está começando mais um episódio do podcast “De olho na História”.
[Paula]
[tom de voz animado]
E eu sou a Paula. Sejam muito bem-vindos!
[Rodrigo]
[tom de voz animado]
O assunto de hoje é música africana.
[Paula]
[tom de voz animado]
Sim, vamos conhecer o som de alguns instrumentos tradicionais da África.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Para começar, é importante lembrar que a África é um continente imenso, com uma diversidade incrível de nações, povos e culturas.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
E é justamente toda essa pluralidade que torna a música africana tão rica.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Na África, a música é frequentemente relacionada a rituais religiosos e eventos sociais, sendo acompanhada por instrumentos variados, canto e dança. Em geral, essa musicalidade é transmitida de geração em geração.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
A música africana é muito rítmica, com uma grande variedade de instrumentos de percussão. Mas instrumentos de cordas e de sopro também são bastante presentes no continente.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Esses instrumentos podem ter finalidades muito específicas. Por exemplo, alguns só podem ser tocados em certos rituais, outros podem ser tocados apenas por homens. Vamos conhecer alguns deles?
[Paula]
[tom de voz explicativo]
O primeiro é o anzad, instrumento usado pelos imuhagh, também conhecidos como tuaregues. Esse povo é nômade e vive na região do deserto do Saara.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
O anzad possui uma única corda, que é presa a uma caixa de ressonância, geralmente feita com uma cabaça e madeira, recoberta com pele animal. A corda é feita de crina de cavalo, assim como o arco que a faz vibrar. É como um violino.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
O anzad é tradicionalmente tocado apenas por mulheres, para acompanhar canções, em geral, durante cerimônias noturnas. Ouçam um pouco o som do anzad.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
O próximo é o tende, instrumento de percussão também usado pelos tuaregues. É uma espécie de tambor, coberto com pele animal, tocado para acompanhar outros instrumentos.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
O tende é tocado com as mãos, como forma de entretenimento de grupos nômades. Mas também é presente em casamentos e outras celebrações.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Vamos ouvir o som do tende.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
Ainda falando da musicalidade dos tuaregues, temos o téhardent, instrumento de três cordas, semelhante ao violão, originário do Mali.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
É tocado por homens e mulheres, em geral como entretenimento, acompanhando canções populares. Não é usado em cerimônias religiosas.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
Ouçam um pouco o som do téhardent.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Além dos tuaregues, existem muitos outros povos africanos, cada um com seus instrumentos típicos.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
Muitos desses instrumentos acabaram se tornando bastante populares fora da África, inclusive aqui no Brasil. Vamos agora conhecer alguns deles.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Este é o som do afoxé ou agbê.
É um instrumento de percussão, formado por uma cabaça redonda, coberta por uma rede de sementes ou contas, presa a um cabo.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
O som é produzido ao girar a rede com as contas em um sentido, e a cabaça no sentido oposto.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Outro instrumento de origem africana bastante conhecido aqui no Brasil, por causa da capoeira, é o berimbau.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
O berimbau é feito com um arco de madeira e um fio de arame preso nas extremidades. O som é produzido ao percutir uma pedra, moeda ou vareta no arame.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
O berimbau tem ainda uma cabaça presa em uma das extremidades, que funciona como caixa de ressonância.
[Paula]
[tom de voz explicativo]
Este som familiar é feito com o djembê, um tipo de tambor. Na verdade, os tambores são os instrumentos mais característicos da música africana.
[Rodrigo]
[tom de voz explicativo]
Feito de bambu ou madeira, o djembê possui o corpo em forma de cálice, coberto por pele animal. É usado em eventos festivos ou religiosos.
[Paula]
[tom de encerramento]
Bem, chegamos ao final do episódio. Aproveitem para pesquisar e descobrir outros sons africanos.
[Rodrigo]
[tom de encerramento]
Boa ideia! Até a próxima, pessoal!
[Paula]
[tom de encerramento]
Até mais!
[Narrador]
Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Incompetech e da Freesound.
Sons de anzad, tende, téhardent: Heyheymymy.
A música
Assim como para outros povos, entre os tuaregues, a música está bastante presente no cotidiano e em diversas comemorações, como festas de aniversário, casamentos e celebrações religiosas. A música tuaregue tradicional é, em grande parte, apenas vocal, cantada na língua tamaxequeglossário e passada de geração para geração. No entanto, há também músicas executadas por meio de instrumentos típicos da cultura tuaregue, como o , o e o .
Espécie de tambor tocado para acompanhar outros instrumentos. Em algumas celebrações e cerimônias, mulheres e homens dançam ao som do e acompanham seu ritmo batendo palmas e cantando.
Instrumento formado por uma única corda presa a uma caixa de ressonância, geralmente feita com uma cabaçaglossário e com madeira. A maneira de tocar é semelhante à de um violino, utilizando um arco de madeira com fios de crina de cavalo presos nas extremidades. O instrumento é tradicionalmente tocado apenas por mulheres.
Respostas e comentários
- Promova uma conversa com os alunos sôbre a língua , chamando a atenção para o fato de que ela é passada de geração em geração. Por uma questão de unidade nacional, os países do continente africano adotaram línguas oficiais na contemporaneidade, as quais são aprendidas pêlo ensino formal. No entanto, isso não significou o fim das línguas tradicionais, que são ensinadas pêla família e usadas em suas comunidades. Sugira aos alunos que acessem o siteindicado a seguir, que aborda a diversidade linguística africana e suas influências na língua portuguesa falada no Brasil.
- A DIVERSIDADE linguística africana e suas heranças na formação do português no Brasil. afreáca. Disponível em: https://oeds.link/xQeqdR. Acesso em: 27 maio 2022.
O é um instrumento de três cordas. Não é utilizado em cerimônias religiosas, mas sim para tocar canções populares, cantadas por mulheres ou homens como fórma de entretenimento.
Agora, responda à questão a seguir.
• Qual dos três instrumentos musicais mais chamou sua atenção? Por quê?
Música e política
A partir do final da década de 1970, surgiram grupos musicais que passaram a utilizar a música para reivindicar melhores condições de vida para seu povo. Um dos grupos mais conhecidos é o (traduzido do tamaxeque, “desertos”).
êsse grupo está em atividade até os dias atuais e, por meio de suas composições, reivindica maior autonomia e liberdade para os , por causa das perseguições e da repressão ainda sofridas na África.
Um dos diferenciais do é a utilização de instrumentos tradicionais misturados a instrumentos modernos, como a guitarra e o contrabaixo elétricos. O grupo mescla ainda diversos gêneros musicais, como o blues e o jazz, à música tradicional .
Respostas e comentários
Resposta da questão: Resposta pessoal. Peça aos alunos que expliquem por que um dos instrumentos mais chamou a atenção deles e incentive a participação de todos.
Atividade a mais
• A fim de que o tema desta página seja abordado de maneira diferente, verifique a possibilidade de acessar com os alunos o site a seguir, para que assistam à apresentação de uma das bandas mencionadas no boxe. No decorrer da reprodução, peça a êles que observem elementos da música tradicional e aspectos ocidentais, por exemplo, nos instrumentos utilizados.
> . Disponível em: https://oeds.link/tpYOBL. Acesso em: 27 maio 2022.
Atividades
Faça as atividades no caderno.
Organizando os conhecimentos
- Em seu caderno, produza um texto explicando a importância de estudar a história da África.
- De que fórma a herança étnica e cultural africana está presente na sociedade brasileira atual?
- Descreva alguns aspectos geográficos do continente africano.
- Quais foram os tipos de organização das sociedades africanas desenvolvidos ao longo do período estudado neste capítulo?
- Explique as principais diferenças entre os conceitos de escravidão antiga, servidão medieval e escravidão moderna.
- O que eram as rotas transaarianas e qual era a sua importância para a economia africana?
Aprofundando os conhecimentos
7. Analise a imagem e, com base no que você estudou, responda às questões.
- Você consegue identificar essa paisagem? Comente sôbre ela.
- Qual era a importância do comércio realizado nas rotas transaarianas?
- Qual religião teve sua difusão diretamente influenciada pêlo comércio estabelecido na região representada na obra? Explique.
Respostas e comentários
1. Resposta pessoal. Professor, professora: Oriente os alunos a respeito da produção do texto, auxiliando-os no reconhecimento da importância de estudar a história da África.
2. Resposta: Em alimentos, ritmos musicais, palavras, costumes, religiões, entre outras influências.
3. Resposta: O continente africano possui grande extensão territorial e grande diversidade de climas e vegetações. Alguns aspectos foram fundamentais no desenvolvimento das populações no continente, como os rios Nilo, Congo e Níger.
4. Resposta: Nesse período, formaram-se no território subsaariano sociedades compostas de caçadores, coletores e sedentários que criaram técnicas agrícolas e metalúrgicas. Contudo, as fórmas de organização eram bastante variadas, constituindo pequenas aldeias, reinos ou até grandes impérios.
5. Resposta nas orientações ao professor.
6. Resposta: Eram os caminhos feitos por caravanas com camelos que cruzavam o deserto do Saara para a venda de mercadorias. Essas rotas interligavam as economias locais à costa mediterrânea no norte da África, contribuindo para o desenvolvimento regional.
7. a) Resposta nas orientações ao professor.
7. b) Resposta nas orientações ao professor.
7. c) Resposta nas orientações ao professor.
- As atividades destas páginas, em especial as atividades 4 a 8, contemplam a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero três, ao possibilitar aos alunos que identifiquem aspectos das sociedades africanas ao longo de sua história, com ênfase na religiosidade e na organização social.
- Na atividade 1, chame a atenção dos alunos para a importância dos estudos africanos quanto à construção histórica do Brasil como nação, valorizando a riqueza da cultura afro-brasileira e problematizando temas sensíveis como a escravidão e o racismo.
- A atividade 5, em especial, possibilita desenvolver a habilidade ê éfe zero sete agá ih um cinco, favorecendo a discussão de conceitos referentes à escravização africana e a elementos de diferenciação entre a escravidão moderna, a antiga e a medieval.
- Busca-se com a atividade 7 que os alunos, com base na análise de fonte iconográfica, observem elementos e características do comércio estabelecido entre o continente africano e as regiões provenientes da América e da Ásia. Comente com êles que essa atividade comercial era estimulada em grande parte pêla comercialização dos produtos como a seda (rota transaariana) e o marfim. Ao seguir essa abordagem, contempla-se a habilidade ê éfe zero sete agá ih um quatro.
Respostas
5. Espera-se que os alunos escrevam em seus textos que na escravidão antiga as pessoas eram comumente prisioneiras de guerra ou por dívidas. Na servidão medieval, as pessoas eram de senhores nobres, para os quais prestavam serviços e moravam longe de sua propriedade. Já na escravidão moderna os escravizados eram tratados como mercadorias, capturados na África, separados da família e transportados em condições desumanas para diferentes lugares.
7. a ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que a imagem representa o deserto do Saara. Busca-se com isso capacitá-los a compreender fontes iconográficas, relacionando-as com o conteúdo do capítulo, o que ajudará a consolidar seus conhecimentos.
b ) As caravanas de comerciantes nas rotas transaarianas foram fundamentais para a comunicação e o contato entre as regiões ao norte e ao sul do deserto do Saara. Elas promoviam relações de trocas culturais e de mercadorias entre diferentes povos do continente.
c ) A religião que teve sua difusão influenciada pêlas rotas de comércio foi o islamismo, que se expandiu a partir do século sete, principalmente por meio das caravanas comerciais que percorriam o Saara.
8. As máscaras africanas são manifestações artísticas que apresentam diversos significados relacionados ao contexto cultural da sociedade que as produziu. sôbre o tema, leia o texto a seguir e analise as imagens apresentadas. Depois, responda às questões.
reticências Para nós, máscara é coisa de bandido ou é parte da fantasia de carnaval, numa festa, num espetáculo teatral. Para muitos povos africanos, no entanto, as máscaras têm uma função quase sagrada, pois êles as veem como intermediárias entre o mundo dos vivos e o mundo dos deuses e dos mortos.
Com frequência as máscaras representam uma divindade, um ancestral (legendário ou histórico), um animal (mítico ou real), um herói, um espírito. reticências
FEIST, rrildegard. Arte africana. São Paulo: Moderna, 2010. página 2425.
- Descreva as duas máscaras apresentadas.
- Com base no texto e nos conteúdos estudados no capítulo, como as máscaras estão relacionadas às expressões religiosas dos povos africanos?
- Você conhece ou já participou de algum evento que utilize algum tipo de máscara? Se sim, descreva o tipo de máscara e comente com os colegas como foi sua experiência.
Respostas e comentários
8. a) Resposta: Espera-se que os alunos descrevam as máscaras escolhidas, indicando formato, tamanho, material utilizado, entre outras características.
8. b) Resposta: De acordo com tradições religiosas de povos africanos, as máscaras permitiam que os seres humanos pudessem se comunicar com os deuses e seus ancestrais. Além disso, elas representam deuses, espíritos, animais ou outros elementos importantes de sua religiosidade.
8. c) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos apontem o uso das máscaras na atualidade, dissertando sôbre sua finalidade e a ocasião em que foram utilizadas.
- Aproveite as atividades das páginas para verificar se os alunos estão compreendendo os temas e, com base nas discussões, construindo seus conhecimentos. Por meio dessa reflexão, desenvolve-se a Competência geral 1, que aborda os conhecimentos historicamente construídos e sua relação com a sociedade atual.
- As atividades propostas nestas páginas abrangem aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 6. Ao apresentar recursos imagéticos e textuais para a elaboração de respostas acêrca dos temas estudados no capítulo, os alunos fazem uso de instrumentos de investigação das Ciências Humanas para, então, defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos.
Glossário
- Savana
- : tipo de vegetação composta basicamente de plantas rasteiras, árvores de portes variados e pequenos arbustos.
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- Confederação
- : associação ou união de pessoas ou grupos em defesa de interesses comuns.
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- Tubérculo
- : neste sentido, tipo de caule arredondado ou alongado que se desenvolve abaixo da superfície do solo, como a batata e a cenoura.
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- Planalto
- : fórma de relêvo que apresenta superfícies elevadas e planas, com poucas ondulações.
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- Noz-de-cola
- : fruto de uma planta nativa da África com gôsto amargo que provoca sensação de bem-estar por causa de sua ação estimulante. No Brasil, é conhecida como ou orobó.
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- Sahel
- : região situada ao sul do deserto do Saara que tem vegetação conhecida como estepe ou de transição, por estar entre as regiões áridas do deserto e a região de floresta tropical, com terras mais férteis.
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- Etnia
- : grupo de pessoas que compartilham elementos culturais e acreditam ter uma origem cultural comum.
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- Tamaxeque
- : língua falada pelos .
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- Cabaça
- : fruto que, pela presença de uma casca firme e resistente, é utilizado para produzir diversos utensílios.
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