UNIDADE 7 O Brasil colonial

Fotografia. No primeiro plano, há um homem, com camisa, chapéu e saia cor-de-rosa, segurando um estandarte decorado com fitas coloridas e flores. No estandarte, há a imagem de um homem usando batina marrom, segurando uma criança no colo e o texto: São Bento. Atrás, várias pessoas com roupas coloridas.
Apresentação do grupo Terno de Congo de Sainha Irmãos Paiva de Santo Antônio da Alegria, durante o Festival da Cultura Paulista Tradicional, na cidade de São Paulo, em 2018.
Respostas e comentários

A foto de abertura desta unidade retrata uma festa de origem afro-brasileira conhecida como Congada. Comente com os alunos que uma das referências históricas da Congada é a encenação da coroação de dois antigos reis: um do Congo e o outro de Angola, por sinal, uma rainha. Normalmente, essas personagens são coroadas ao som de batuques e com danças típicas. A Congada varia conforme a região do país e apresenta influências ibéricas.

As atividades de abertura de unidade permitem trabalhar aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um dois, pois propõem analisar aspectos históricos da formação da população do Brasil levando em consideração as diversidades culturais e étnicas. Além disso, abordar as manifestações artísticas e culturais locais possibilita o trabalho com a Competência geral 3.

Em meados do século dezesseis, os engenhos de açúcar ganharam importância na economia colonial portuguesa desenvolvida na América.

Nesse período, pessoas de diversas etnias começaram a ser trazidas da África para a Colônia a fim de trabalharem na condição de pessoas escravizadas. povos, no entanto, resistiram intensamente à escravidão, e suas contribuições para a formação do povo e da cultura de nosso país são marcantes, como podemos perceber até hoje.

Iniciando a conversa

  1. A Congada é uma festa popular afro-brasileira que surgiu durante o período colonial. Em sua opinião, por que festas da época colonial são realizadas ainda na atualidade?
  2. No lugar onde você mora ocorrem festas ou outras manifestações culturais no espaço público? Quais? Onde? Explique.

Agora vamos estudar...

  • a escravidão colonial;
  • o desenvolvimento dos engenhos de açúcar;
  • a resistência à escravidão;
  • aspectos da sociedade no Brasil colonial;
  • a presença dos holandeses no Brasil e sua expulsão do território.
Respostas e comentários

Questões 1 e 2. Respostas nas orientações ao professor.

Respostas

1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos comentem que essas festas ainda são realizadas em razão da manutenção das tradições culturais de alguns antepassados, no caso da Congada, dos africanos trazidos ao Brasil na época da colonização.

2. Resposta pessoal. Estabeleça uma conversa com os alunos em sala de aula sôbre as festas e as manifestações culturais no espaço público do município onde vivem. Caso sintam dificuldade em identificá-las, oriente-os a citar as que estão presentes em cidades próximas à região deles.

CAPÍTULO 15 A escravidão e a produção de açúcar

Desde o início do século quinze, os portugueses mantinham relações comerciais com povos africanos, negociando pessoas escravizadas e produtos como metais, pedras preciosas, tecidos, joias, ferramentas e armas. Nessa época, êles já utilizavam a mão de obra escravizada africana em várias de suas colônias, como em Açores e na ilha da Madeira.

Na segunda metade do século dezesseis, com a instalação dos engenhos para a produção de açúcar, os portugueses passaram a trazer pessoas de diversas etnias da África, na condição de escravizados, para trabalhar em sua colônia na América.

Uma atividade lucrativa

A utilização da mão de obra escravizada foi altamente lucrativa para a Coroa portuguesa. Além de aumentar a produtividade das colônias, a Coroa lucrava com a cobrança de impostos sôbre o comércio de escravizados.

Os traficantes de escravizados, também conhecidos como negreiros, eram responsáveis por trazer os cativos da África para a América. Na costa africana, os negreiros trocavam pessoas escravizadas por diversas mercadorias, como aguardente, tabaco, armas e produtos têxteis.

Comércio de pessoas escravizadas (séculos XVI-XIX)

Mapa. Comércio de pessoas escravizadas (séculos 16-19). Mapa territorial destacando parte da América do Sul e África. Conforme a legenda: Principais rotas do comércio de pessoas escravizadas para o Brasil, do século 16 ao 19: Linhas vermelhas representando as rotas entre a África e o Brasil: Rota direta de Moçambique (África) em direção ao Rio de Janeiro (Brasil). Rota interligada entre Cassanje, Cabinda, Luanda, São Tomé, Lagos, Ajudá, São Jorge da Mina, Bissau, e ilhas de Cabo Verde, saindo de Benguela (África) em direção ao Rio de Janeiro e Recife. Rota interligada entre Benguela, Cassanje, Cabinda, São Tomé, Lagos, Ajudá, São Jorge da Mina, Bissau e ilhas de Cabo Verde, saindo de Luanda (África) em direção ao Rio de Janeiro e Recife (Brasil). Rota interligada entre Benguela, Cassanje, Luanda, Cabinda, São Tomé, Lagos, Ajudá, Bissau e ilhas de Cabo Verde, saindo de São Jorge de Mina (África) em direção à Salvador e São Luís (Brasil). Rota interligada entre Benguela, Cassanje, Luanda, Cabinda, São Tomé, Lagos, Ajudá e São Jorge da Mina, saindo de Bissau e ilhas de Cabo Verde (África) em direção à Belém (Brasil). Na parte superior, à esquerda, planisfério destacando parte da África e América do Sul. Ao lado, representação da rosa dos ventos e, abaixo, escala de 950 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. página 82.

Ícone 'Atividade oral'.

Questão 1.

Quais eram as cidades de destino das rotas do comércio que saíam do continente africano?

Respostas e comentários

Questão 1. Resposta: Belém, São Luís, Recife, Salvador e Rio de Janeiro.

Objetivos do capítulo

  • Compreender a estrutura social e econômica da colônia portuguesa na América durante os séculos dezesseis e dezessete.
  • Entender como funcionava o tráfico de pessoas escravizadas da África para o Brasil pêlo viés da lógica mercantilista.
  • Analisar os diferentes tipos de resistência empreendidos pêlas pessoas escravizadas.
  • Reconhecer que a luta dos afrodescendentes no Brasil por melhores condições de vida nos dias de hoje ainda é necessária.

Justificativas

Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes para que os alunos compreendam a estrutura social e econômica da colônia portuguesa na América durante os séculos dezesseis e dezessete, bem como o funcionamento do tráfico de escravizados africanos. A análise de aspectos relacionados à ação dos europeus e a suas lógicas mercantis favorece o trabalho com as habilidades ê éfe zero sete agá ih um três e ê éfe zero sete agá ih um seis.

Os alunos, ao conhecerem o funcionamento do tráfico de escravizados africanos, vão trabalhar com assuntos que contemplam aspectos da Competência específica de História 5, uma vez que estes abordam um movimento populacional – a vinda forçada de povos africanos como mão de obra escravizada – e a implantação de um sistema mercantil baseado na troca de escravizados por produtos.

Ao abordar a questão 1 com os alunos, analise com êles o mapa, mostrando as rotas do tráfico negreiro e chamando a atenção para as regiões de origem dos escravizados. Relembre-os de que essas pessoas vinham de grupos étnicos e culturais diversos, portanto, nos navios e no Brasil, encontraram dificuldade de comunicação até mesmo entre si. Explique-lhes que os traficantes e os senhores separavam os escravizados intencionalmente, pois era um modo de dominá-los. A identificação das cidades de destino das rotas do comércio de escravizados também possibilita desenvolver o saber geográfico.

O tráfico humano

Com o crescimento da economia açucareira por volta de 1570, na atual Região Nordeste, houve maior necessidade de mão de obra, fato que aumentou o número de pessoas escravizadas trazidas para a Colônia. Acompanhe a seguir a trajetória dessas pessoas até o Brasil.

Os chamados pombeiros capturavam pessoas no interior da África e as levavam até as feitorias, onde ficavam aprisionadas.

Gravura em preto e branco 1. Um grupo de pessoas negras amarradas pelo pescoço por um bastão longo, estão caminhando sobre vegetação. Em volta, pessoas com objetos na mão observando.
Sem título, de adjetivo . Gravura, século dezenove.

Nas feitorias, as pessoas escravizadas eram vendidas e embarcadas nos chamados navios negreiros. As viagens eram feitas em condições insalubres e levavam meses. Muitos escravizados morriam durante o trajeto.

Litografia 2. Vista interna de uma embarcação de madeira com diversas pessoas negras, sentadas no chão e em beliches, uma do lado da outra. Algumas pessoas estão sem vestes e outras com tecidos ao redor da cintura. Ao centro, um homem negro, em pé, com as mãos erguidas segurando um pequeno objeto em direção à uma abertura no convés. Ao lado, dois homens brancos com roupas coloridas. Um deles segura um lampião.
Negros no fundo do porão, de iôrrán Mórits rugêndas. Litografia, 51,3centímetrospor35,5centímetros, 1835.

Ao chegarem à Colônia, os escravizados eram desembarcados e conduzidos até a alfândegaglossário . Depois de registrá-los, os traficantes pagavam os impostos e os levavam aos mercados para serem vendidos.

Litogravura 3. Vista de um porto. Pessoas negras em uma embarcação pequena a remo. À esquerda, uma construção aberta, com homens, vestindo roupas coloridas, sentados em uma mesa com cadeiras. Ao fundo, embarcações a vela na água.
Desembarque, de iôrrán Mórits rugêndas. Litografia, 23,2centímetrospor33centímetros, 1835.

Nos mercados, os escravizados eram exibidos aos compradores. Os preços variavam de acôrdo com a idade, o tipo físico, o sexo e outros fatores. Muitas famílias eram separadas nesse momento.

Litogravura 4. Vista de um cômodo grande. Pessoas negras, com tecido colorido ao redor do corpo, estão sentadas em bancos e no chão. À direita, um homem, usando chapéu, camisa e calça, está de pé, se apoiando em uma bengala. Ao lado, uma pessoa, robusta com camiseta, calça e tecido na cabeça, está sentada em uma cadeira grande de madeira. O cômodo tem detalhes de madeira no teto e portas verdes.
Mercado de escravos do Valongo, de Jean Batísti debrê. Litogravura, 17,5cm×25,5cm, 1835.
Respostas e comentários

Acompanhe os alunos na leitura das reproduções das gravuras apresentadas no boxe O tráfico humano, com a finalidade de reforçar o conhecimento deles sôbre a trajetória dos africanos escravizados até a chegada ao Brasil. Peça-lhes que observem nas imagens detalhes que podem informar sôbre as condições às quais essas pessoas eram submetidas. Chame a atenção dos alunos para as vestimentas dos escravizados, os instrumentos utilizados em sua captura, o modo como chegavam à alfândega, quem os recebia, quais eram as condições do local público onde eram oferecidos como mercadoria, entre outros detalhes.

Uma nova lógica de escravidão

Antes do século dezesseis, já havia escravidão, porém em menor proporção. Na Antiguidade, muitas sociedades, como as dos gregos e dos hebreus, escravizavam pessoas estrangeiras, geralmente prisioneiros de guerra. Nessa época, a diferença de etnia ou de côr de pele não era determinante para a distinção entre pessoas que podiam ou não ser escravizadas.

Durante a Idade Média, na Europa, a escravidão ocorria em menor escala. A maior parte do trabalho era exercida por servos que tinham uma relação de fidelidade com o senhor feudal e trabalhavam em suas terras em troca de proteção.

A partir do século dezesseis, o mercantilismo incentivou as nações europeias a buscar riquezas nas colônias, aumentando a necessidade de mão de obra nesses territórios. Assim, elevou-se consideravelmente a procura por escravizados, tornando a escravização uma atividade altamente lucrativa.

Sítio arqueológico Cais do Valongo

Em 2017, o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, tornou-se um sítio arqueológico reconhecido como Patrimônio Mundial pêla Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (unêsco).

No século dezenove, o Cais do Valongo, localizado na antiga zona portuária do Rio de Janeiro, chegou a receber mais de 900 mil pessoas escravizadas, vindas de diversas regiões da África. De acôrdo com a unêsco:

O Cais do Valongo é um exemplo de sítio histórico sensível, que desperta a memória de eventos traumáticos e dolorosos e que lida com a história de violação de direitos humanos. Portanto, o Cais do Valongo materializa memórias que remetem a aspectos de dor e sobrevivência na história dos antepassados dos afrodescendentes, que hoje totalizam mais da metade da população brasileira e marcam as sociedades de outros países do continente americano.

PATRIMÔNIO Mundial no Brasil. unêsco. Disponível em: https://oeds.link/5wrMAP. Acesso em: 31 março 2022.

Fotografia. No primeiro plano, ruínas de pedra. Ao fundo, monumento em formato cilíndrico com uma esfera no topo.
Cais do Valongo, cidade do Rio de Janeiro, em 2021.
Respostas e comentários
  • Retome com os alunos a diferença entre a escravidão na Antiguidade – em regiões da Europa, da Ásia e da própria África – e aquela praticada na Idade Moderna pelos europeus, no contexto do mercantilismo. A escravidão da Antiguidade não era predominante – exceto em Roma – e não se caracterizava por objetivar lucro: acontecia principalmente com prisioneiros de guerra e era independente de etnia ou cultura. Na África, entre alguns povos, pessoas eram aprisionadas por dívidas. A partir dos séculos dezesseis e dezessete, os europeus passaram a praticar o tráfico de escravizados, atividade altamente lucrativa, o que contribuiu para a manutenção da escravidão de africanos. É importante que os alunos entendam a diferença e percebam a lógica mercantilista implícita na montagem do sistema colonial.
  • Entre os séculos quinze e dezoito, a economia das nações europeias era baseada no mercantilismo, fundamentado no princípio do fortalecimento econômico do Estado. Dessa fórma, as nações europeias buscavam acumular riquezas, garantindo o protecionismo estatal na economia. Com êsse objetivo, a metrópole portuguesa procurou durante o período colonial explorar ao máximo os recursos naturais, assim como a produção agrícola voltada para a exportação, em sua colônia na América.
  • O conteúdo desta página possibilita trabalhar a habilidade ê éfe zero sete agá ih um cinco, pois auxilia os alunos a refletir sôbre o conceito de escravidão na Idade Moderna e suas diferenças em relação a outros períodos, como a Antiguidade e a Idade Média europeia.
  • Ao abordar o sítio arqueológico Cais do Valongo, um dos locais de desembarque de escravizados africanos no Rio de Janeiro, é possível trabalhar a Competência geral 7, pois, com posicionamento ético e respeito aos direitos humanos, os alunos podem argumentar sôbre as consequências do tráfico e do desembarque de escravizados na região.
  • Ao abordar o assunto referente ao Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, retome o conceito de patrimônio histórico da humanidade, um bem que pertence a todos os seres humanos por se constituir de uma herança cultural e de algo que guarda informações importantes para a compreensão do passado.

O engenho açucareiro

Grande parte das pessoas escravizadas que eram compradas nos mercados de escravizados nas cidades costumava ser enviada para trabalhar nas propriedades açucareiras, onde era plantada a cana e produzido o açúcar.

Engenho era o nome dado à unidade produtiva utilizada para o beneficiamento do açúcar. Com o passar do tempo, êsse têrmu passou a ser utilizado para denominar toda a propriedade açucareira.

O dono da propriedade açucareira era conhecido como senhor de engenho e sua residência era a casa-grande, onde êle, sua família e alguns agregadosglossário moravam.

Após longas e extenuantes jornadas de trabalho, os escravizados alojavam-se na senzala, construção muito simples, geralmente feita de taipa e coberta com um tipo de capim chamado sapê. Na senzala, os escravizados dormiam no chão, sôbre esteiras de palha ou em camas improvisadas com tábuas.

A pintura a seguir representa os principais elementos de um engenho.

Pintura. Vista de uma área rural. À esquerda, uma pequena construção com telhado marrom. Sobreposto à letra 'A'. Ao lado, pátio com diversas pessoas negras. Seguido, um galpão grande, com colunas e arcos. Sobreposto à letra 'B'. Acima e à direita, uma casa de dois andares com muitas janelas e porta. Sobreposto à letra 'C'. Ao lado, fachada de uma construção com uma cruz no topo. Sobreposto à letra 'D'. Ao fundo, um corpo de água, construções e vegetação.
Paisagem com plantação (O engenho), de pôst. Óleo sôbre tela, 71,5centímetrospor91,5centímetros, 1668. (Detalhe).

A. Senzala.

B. Engenho.

C. Casa-grande.

D. Capela.

Respostas e comentários
  • O conteúdo desta página trabalha aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um três, visto que aborda a ação dos europeus na organização dos engenhos no período colonial, estabelecendo seu domínio sôbre o território.
  • Explore a imagem do engenho com os alunos, auxiliando-os a localizar as principais partes que compunham a fazenda. Chame a atenção para algumas representações de construções mais afastadas, que podem ser de outro engenho ou da vila próxima. Comente que no período colonial as atividades mais importantes ocorriam no campo e a ida aos vilarejos e às cidades se dava apenas em ocasiões especiais, como as festas religiosas.

O valioso açúcar

Você sabia que, antes do período colonial, o açúcar era um produto tão valioso que era vendido em gramas e dado de presente em datas especiais? êle era considerado um artigo de luxo na sociedade europeia. Por que será que isso mudou?

No século dezesseis, com o aumento da produção na Colônia, êle passou a ser um produto amplamente consumido na Europa. No Brasil, o início do plantio de mudas de cana-de-açúcar e a construção dos primeiros engenhos ocorreram em 1532. O solo fértil de massapêglossário da região litorânea do nordeste da Colônia contribuiu para o aumento da produção. No início do século dezessete, já havia aproximadamente 230 engenhos instalados no Brasil.

Nas grandes propriedades rurais, as plantações de cana foram organizadas sob o sistema de monocultura, isto é, voltavam-se para a produção em larga escala e exportação de um único produto. Para garantir os altos lucros com a produção colonial do açúcar, os portugueses exerciam o monopólio comercial, ou seja, tinham exclusividade de realizar negócios na Colônia. Veja a seguir as principais etapas de produção do açúcar.

Após o plantio e a colheita, a cana era levada até as moendas em carros de boi. Na moenda, era feita a extração do caldo da cana.

Ilustração 1. Destacando as mãos de uma pessoa negra, segurando vários caules de cana-de-açúcar em direção à duas engrenagens.

O caldo da cana era cozido na fornalha sob a supervisão do mestre do açúcar. Depois de horas no fogo, formava-se o melaço.

Ilustração 2. Destacando as mãos de uma pessoa negra segurando uma escumadeira em um tacho com caldo da cana. Está saindo fumaça do caldo.

O melaço era depositado em fórmas de barro para a purgação (purificação) até que se solidificasse.

Ilustração. 3. Destacando as mãos de uma pessoa negra segurando uma concha grande, despejando o caldo da cana-de-açúcar na direção de um pote. Ao lado, uma pessoa negra observando.
Respostas e comentários
  • O tema das etapas da produção de açúcar e, posteriormente, do seu transporte para ser vendido na Europa permite abordar aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 3, pois identifica e explica uma intervenção do ser humano na natureza e na sociedade.
  • As indagações do primeiro parágrafo da página, que introduzem o tema do açúcar enquanto um produto valioso antes do período colonial, têm como objetivo proporcionar uma reflexão inicial a respeito do assunto, buscando explorar os conhecimentos prévios do aluno sôbre as plantações de cana no Brasil colonial.

O açúcar era retirado das fórmas e separado. No processo de purgação, formava-se um açúcar com purezas diferentes: o claro, o mascavo e o escuro.

Ilustração 4. Destacando as mãos de duas pessoas negras segurando  martelos em direção à pedras de açúcar sobre a mesa.

Depois de sêco ao sol e embalado, o açúcar era transportado até o Pôrto, de onde era embarcado para a Europa.

Ilustração 5. Destacando uma pessoa negra carregando caixotes para uma carroça de madeira.

As ilustrações sôbre as etapas de produção do açúcar são representações artísticas contemporâneas produzidas com base em estudos históricos. Fonte de pesquisa: ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982. página 107-135. (Coleção Reconquista do Brasil).

Ícone 'Atividade oral'.

Questão 2.

Atualmente, em quais situações o açúcar é utilizado no dia a dia das pessoas?

Ícone 'Atividade oral'.

Questão 3.

Quais foram as suas impressões sôbre o processo de produção de açúcar representado nas ilustrações?

A mão de obra no engenho

O bom funcionamento de um engenho exigia a participação de muitas pessoas para a execução de diversas atividades.

No processo de produção do açúcar, os escravizados ficavam responsáveis pelos trabalhos mais pesados, para os quais eram necessários grandes esforços físicos. Assim, êles geralmente se dedicavam ao trabalho nas lavouras de cana, nas moendas e nas fornalhas.

Além dos escravizados, que constituíam a principal e mais numerosa mão de obra nos engenhos, havia também a participação dos trabalhadores livres, que exerciam funções especializadas no processo de produção do açúcar.

Respostas e comentários

Questão 2. Resposta pessoal. Os alunos podem citar diversas utilizações do açúcar no dia a dia, como sua importância na cozinha. Além disso, questione-os sôbre o uso da cana-de-açúcar na produção brasileira de etanol, combustível de grande utilização no país.

Questão 3. Resposta pessoal. Ao apresentarem suas impressões acêrca do processo estudado, os alunos poderão fazer comparações com o modo que êles imaginavam que o açúcar era produzido na época.

As questões 2 e 3 permitem que os alunos percebam que a cana-de-açúcar movimenta a economia brasileira há mais de 500 anos. Ressalte para a turma, nesse momento, que é a partir da cana que são feitos dois produtos essenciais para a economia atual: o açúcar e o álcool, sendo o último utilizado na fabricação de combustível de automóveis, de bebidas alcoólicas, entre outros produtos.

Atividade a mais

  • Para abordar o conteúdo sôbre as etapas de produção do açúcar, solicite a alguns alunos que se alternem lendo em voz alta as legendas das ilustrações. Em seguida, pergunte o que entenderam a respeito de como o açúcar era feito nos engenhos. Depois, questione-os: “Será que o açúcar que consumimos atualmente ainda é fabricado dessa maneira?”; “O que você sabe sôbre isso?”. Para ajudá-los a responder às perguntas, proponha a atividade complementar apresentada a seguir.
  • Solicite aos alunos que comparem a produção açucareira em duas épocas distintas. Para isso, peça-lhes que pesquisem na biblioteca da escola ou do município, em livros ou na internet sôbre o processo de produção açucareira na atualidade. As informações podem ser coletadas de acôrdo com o seguinte roteiro de perguntas:

> Em que local ocorre a produção de açúcar?

> Quais são os instrumentos utilizados?

> Qual é a quantidade de açúcar produzida por dia?

> Quem são os trabalhadores da produção açucareira atual?

> Como são suas condições de trabalho?

> Todo o trabalho ainda é feito manualmente?

> O que mudou nos procedimentos desde a época colonial?

  • Com base nessas temáticas, êles deverão levar o material pesquisado para a sala de aula a fim de compartilhá-lo com os colegas.
  • Os sites sugeridos a seguir poderão auxiliá-los.

> União da indústria de cana-de-açúcar (). Disponível em: https://oeds.link/NcrOSc. Acesso em: 31 maio 2022.

> Usina Santa Adélia – Fabricação do açúcar. Disponível em: https://oeds.link/CF2z0C. Acesso em: 31 maio 2022.

Confira a seguir as funções de alguns trabalhadores livres nos engenhos.

  • Os purgadores eram responsáveis pêlo processo de clareamento do açúcar.
  • Os mestres do açúcar verificavam a qualidade e o ponto adequado do melaço.
  • Os feitores eram os que supervisionavam o trabalho dos escravizados e conduziam a organização das etapas de produção do açúcar. êles eram responsáveis também, em grande parte, por aplicar os castigos nos escravizados considerados insubmissos.
  • Para dar suporte à produção açucareira, o engenho tinha ainda o trabalho dos artesãos, que desempenhavam funções como as de carpinteiros e de ferreiros, garantindo a manutenção das ferramentas e dos instrumentos de trabalho.

Uma parte das terras do engenho costumava ser destinada às roças de mandioca. A farinha de mandioca era obtida por meio de técnicas indígenas e constituía a base da alimentação dos trabalhadores do engenho.

Litografia. À esquerda, três mulheres negras, com tecido colorido ao redor do corpo, em pé e ao lado de um objeto cilíndrico que está no chão.  Ao lado, uma mulher negra, segurando com as mãos um cesto. À direita, pessoas e crianças negras, sentadas e cortando raízes. Perto delas, há um homem, usando chapéu, blusa e calça, observando as pessoas trabalhando. Ao fundo, pessoas negras ao redor de uma fornalha com fumaça
Preparo da raiz de mandioca, de iôrrán Mórits rugêndas. Litografia, 16centímetrospor20centímetros, 1835.

Os lavradores

Nem todas as plantações de cana-de-açúcar na Colônia pertenciam aos senhores de engenho. Havia ainda trabalhadores conhecidos como lavradores livres, que tinham plantações, mas não os equipamentos para produzir o açúcar. Nesses casos, êles podiam negociar com os senhores de engenho para vender a cana que cultivavam ou utilizar a estrutura do engenho para produzir açúcar. Havia também os lavradores obrigados, que viviam em terras arrendadasglossário e só tinham condições de cultivar a cana naquele local.

Respostas e comentários

Os conteúdos desta página traçam um panorama da divisão do trabalho na colônia e mostram que, além dos escravizados, que eram a maioria, havia os trabalhadores livres, não proprietários, cujas atividades dependiam das grandes propriedades rurais. Ao abordar êsse conteúdo, é possível realizar uma articulação com o tema contemporâneo transversal Trabalho.

A resistência à escravidão

Os diversos povos africanos trazidos ao Brasil como escravizados e seus descendentes resistiram de várias maneiras ao regime de escravidão e às péssimas condições a que foram submetidos. êles procuraram manter, ao longo do tempo, sua dignidade, suas culturas e seus modos de vida.

A resistência era realizada de fórma individual ou coletiva. Individualmente, os escravizados podiam fugir, quebrar ferramentas, trabalhar em ritmo mais lento que o de costume, entre outras práticas. Quando agiam de modo coletivo, promoviam rebeliões, boicotes, sabotavam o engenho, queimavam plantações, planejavam grandes fugas etcétera

Além disso, os africanos escravizados resistiam preservando as tradições culturais de seu lugar de origem, como danças, cantos e rituais religiosos, mesmo quando eram proibidos de praticá-los.

Pintura. Pessoas negras enfileiradas. À esquerda, uma mulher, usando coroa, vestido rodado amarelo estampado, está segurando um objeto na mão. Ao lado, duas mulheres, com adereço com penas na cabeça, estão segurando um guarda-sol em direção à mulher com a coroa. À direita, um grupo de mulheres com roupas brancas e azuis, adereço com penas na cabeça, estão segurando com as mãos instrumentos musicais.
Coroação de uma rainha negra na Festa de Reis, de Carlos Julião. Aquarela, 45,5centímetrospor35centímetros, 1775.

As fugas de escravizados

As fugas foram um dos principais modos de resistência à escravidão. Dois tipos de fuga se destacaram durante o período colonial: as fugas de rompimento e as fugas reivindicatórias.

As fugas de rompimento consistiam no questionamento da prática escravista. Por meio delas, os escravizados burlavam a fiscalização dos feitores e dos funcionários dos engenhos, entrando nas matas ou passando a viver nas cidades. escravizados eram abrigados nos quilombos e recebiam ajuda das irmandades.

Pintura. À esquerda, mulheres negras, usando vestidos brancos, estão caminhando com trouxas na cabeça. Uma delas está segurando a mão de uma criança. À direita, um homem, usando chapéu, camisa e calça, está puxando pelo braço crianças negras com roupas brancas.
Fuga de escravos, de . Óleo sôbre madeira, 52centímetrospor33centímetros, 1859.
Respostas e comentários
  • Explique aos alunos que as fórmas de resistência à escravidão foram múltiplas e constantes ao longo dos séculos nos quais essa fórma de exploração foi predominante no Brasil. Nem sempre os movimentos eram de luta armada, rebeliões ou fugas para os quilombos. A resistência cultural foi um modo de enfrentamento que marcou a vida dos africanos e de seus descendentes no Brasil: proibidos de falar suas línguas de origem, de praticar suas crenças e de preservar suas tradições, escravizados resistiram, ensinando às novas gerações como era a vida na África, transmitindo-lhes hábitos, conhecimentos, valores e crenças. Para escapar às punições, “disfarçavam” suas culturas, fingindo adotar práticas religiosas e culturais dos senhores, mas, na verdade, estavam lutando para preservar suas identidades originais.
  • Ao compreender que as fórmas de resistência à escravidão abrangeram também aspectos culturais e religiosos, os alunos poderão identificar a origem de muitas características da cultura brasileira. Essa compreensão de acontecimentos históricos possibilita a êles se posicionarem perante a realidade em que vivem, contemplando aspectos da Competência específica de História 1.

Já as fugas reivindicatórias eram as mais comuns. Os escravizados fugiam de seus espaços de trabalho como uma fórma de luta por melhores condições de trabalho ou redução dos castigos físicos. Um dos casos mais famosos dêsse tipo de fuga ocorreu no Engenho Santana, em Ilhéus, na Bahia, quando os escravizados fugidos apresentaram um conjunto de reivindicações aos senhores para que retornassem ao trabalho, como a troca dos feitores, as folgas aos finais de semana e a possibilidade de fazerem festas sem punições. Essas fugas também ocorriam quando os escravizados eram vendidos para outros senhores, mas queriam retornar para a rede de sociabilidade do antigo engenho.

A capoeira

A capoeira era uma fórma de luta e resistência física dos escravizados no período colonial. Ela era usada como modo de defesa e resistência contra a violência imposta pelos feitores e capitães do mato e também auxiliava nos processos de fuga.

Em 2014, a capoeira foi eleita Patrimônio Imaterial da Humanidade pêla unêsco, representando a identidade e a memória dos povos africanos e afrodescendentes.

Os quilombos

Outro modo importante de resistência foi a formação de agrupamentos que ficaram conhecidos como quilombos. locais chegaram a abrigar também indígenas e brancos pobres.

Geralmente, os quilombos situavam-se em locais de difícil acesso para dificultar as buscas pelos foragidos. Os quilombolas, como foram chamados os moradores de quilombos, cultivavam os próprios alimentos e criavam animais. Muitas vezes, o excedente era comercializado com as comunidades vizinhas.

Representação de moradores de um quilombo no período colonial. Ao fundo, vemos uma tôrre que possivelmente era usada para vigiar os arredores e proteger o quilombo.

Gravura. Ao centro, uma estrutura alta de madeira com uma escada. Abaixo, na margem de um corpo de água, há pessoas negras, usando tecido colorido ao redor da cintura, puxando uma corda para fora do corpo de água.
, de djêordji e . Gravura, 45centímetrospor55,5centímetros, 1647. (Detalhe).
Respostas e comentários

Um texto a mais

Leia a seguir um texto sôbre fórmas de resistência dos escravizados no Brasil colonial e imperial.

reticências Por toda a parte, e não sem polêmicas, abre-se um leque de questões que vão das fórmas explícitas de resistência física (fugas, quilombos e revoltas), passando pêla chamada resistência do dia a dia roubos, sarcasmos, sabotagens, assassinatos, suicídios, abortos –, até aspectos menos visíveis, porém profundos, de uma ampla resistência sociocultural.

A unidade básica de resistência no sistema escravista, seu aspecto típico, foram as fugas. Para um produtor direto definido como “cativo”, o abandono do trabalho é um desafio radical, um ataque frontal e deliberado ao direito de propriedade. Quilombos pressupõem fugas, tanto individuais quanto coletivas; o mesmo se dá com insurreições urbanas, embora aqui, encontrem-se ocultas, embutidas na própria possibilidade da ação contestatória. reticências

reticências poucos escravos, em termos relativos, fugiram. Os que fizeram, contudo, impuseram grandes prejuízos a seus senhores e afrontaram um sistema poderoso, includente, total. Sua importância, como a de revoltas e quilombos, não deve ser medida em têrmus puramente quantitativos. A fuga, como a insurgência, não pode ser banalizada: é um ato extremo e sua simples possibilidade marca os limites da dominação, mesmo para o mais acomodado dos escravos e o mais terrível dos senhores, garantindo-lhes espaço para a negociação no conflito. reticências

EDUARDO, Silva; REIS, João José. Negociação e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. página 62-63.

Quilombo dos Palmares

Um dos maiores quilombos no Brasil foi o de Palmares, localizado no interior do atual estado de Alagoas. Estima-se que mais de 20 mil pessoas tenham vivido em Palmares, sob a liderança de Zumbi e sua espôsa, Dandara dos Palmares. Após resistir por anos aos ataques organizados pêla Coroa portuguesa, o quilombo foi destruído no final do século dezessete.

Zumbi dos Palmares morreu em 1695. A data de sua morte, 20 de novembro, foi instituída posteriormente como o Dia da Consciência Negra.

Ícone 'Atividade oral'.

Questão 4.

O que você sabe sôbre o Dia da Consciência Negra? Converse com os colegas a respeito do significado dessa data.

Escultura. Zumbi dos Palmares, homem negro usando short, está descalço com uma perna flexionada e segurando com a mão esquerda uma lança.
Monumento a Zumbi dos Palmares, de Márcia Magno, escultora ligada à Universidade Federal da Bahia. Escultura em bronze, 2,2 medida do de altura, 2008.

Quilombo do Quarterê

O Quilombo do Quarterê, localizado no Vale do Guaporé, atual estado do Mato Grosso, abrigava tanto escravizados foragidos como indígenas que buscavam se proteger dos ataques dos colonos, além de mestiços e brancos pobres. Liderados por José Piolho e depois por sua espôsa, Tereza de Benguela, êsse quilombo era bem organizado politicamente. Havia um conselho formado por representantes que ajudavam a deliberar diversos assuntos de interêsse da comunidade.

A líder Tereza de Benguela lutou bravamente contra os ataques dos exércitos coloniais até ser morta, em 25 de julho de 1770. Tereza de Benguela é lembrada até hoje por sua luta e sua coragem. A data de sua morte é reconhecida atualmente como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Nesse dia, em diversas cidades, são realizadas ações com o objetivo de promover a conscientização da importância da luta das mulheres negras como modo de combate ao racismo, ao preconceito, ao sexismo e às demais fórmas de opressão.

Fotografia. À esquerda, uma mulher segurando uma placa com a frase: Grumap Poder do Povo Negro. Ao lado, mulheres segurando uma faixa com a frase: Grumap em marcha contra o racismo, machismo e genocídio. Há duas flores desenhadas no cartaz.
Manifestação da Marcha Julho das Pretas em Salvador, Bahia, em 2019.
Respostas e comentários

Questão 4. Resposta pessoal. Se necessário, auxilie os alunos explicando, por exemplo, que a data rememora a resistência dos africanos e de seus descendentes à escravidão. Ela ainda celebra as manifestações de origem africana, como as danças, os rituais, a religiosidade, a capoeira, a culinária, entre outras, procurando valorizá-las.

  • Ao abordar a questão 4 com os alunos, ressalte a importância do Dia da Consciência Negra como um avanço na luta do povo negro, bem como a importância da data para as discussões e ações de combate ao racismo e à desigualdade social no país.
  • Acrescente outras informações sôbre a líder quilombola Tereza de Benguela para os alunos. Comente que Tereza de Benguela era responsável por cêrca de cem pessoas que habitavam o quilombo de Quarterê, entre êles, homens e mulheres indígenas. Tereza liderou o quilombo por mais de trinta anos e, junto aos companheiros de sua comunidade, resistiu bravamente a diversos ataques sofridos. Além disso, foram desenvolvidas diversas atividades econômicas no quilombo, como a produção de tecidos e o cultivo de algodão. Para obter mais informações sôbre o assunto, acesse:

RODRIGUES, Victória. 25 de julho – Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (). Disponível em: https://oeds.link/DlxU0l. Acesso em: 31 maio 2022.

Trabalho e dignidade no período colonial

No período colonial, a população escravizada de origem africana era submetida a péssimas condições de vida e de trabalho. As jornadas diárias nos engenhos eram extensas e desgastantes. Em casos de insubordinação, as punições aplicadas aos escravizados eram violentas e desconsideravam a condição humana dessa população.

Mas, afinal, de que maneira os escravizados podiam lutar para manter sua dignidade diante das imposições às quais eram submetidos?

De acôrdo com o antropólogo kabenguelê e a pedagoga Nilma Lino Gomes, no livro O negro no Brasil hoje, de 2006, além das diferentes fórmasde resistência individual e coletiva, os grupos escravizados passaram, cada vez mais, a pressionar os senhores por condições dignas de vida, cobrando o fim de abusos, como castigos físicos e longas jornadas de trabalho. Os trabalhadores escravizados exigiam também melhoria na alimentação e no vestuário, remuneração pêlo trabalho realizado na terra dos senhores e independência para a manutenção das próprias roças e do comércio do que produziam.

Mesmo nessas circunstâncias, os escravizados agiam com persistência e lutavam diariamente por sua dignidade. êsse valor está ligado à fórma como somos tratados. É muito importante que todas as pessoas possam ser valorizadas e ter sua integridade física, sua cultura, sua personalidade e outras características tratadas com respeito.

Litografia. À esquerda, uma mulher e um homem negro sentados no chão. Seguido, uma mulher negra, com lenço no cabelo e usando vestido azul, está segurando uma criança no colo. Ao lado, uma moradia branca, com telhado feito com folhagens. Na porta, há uma mulher inclinada na direção de uma pessoa sentada em um tronco caído, encostada na parede da moradia. À direita, crianças, uma mulher sentada e um homem ajoelhado em uma esteira. Atrás, uma mulher carregando um vaso e uma criança segurando frutos de uma árvore. Ao redor, árvores frutíferas e vegetação.
Habitação de negros, de iôrrán Mórits rugêndas. Litografia, ​17,1centímetrospor25,4centímetros, 1835.
Respostas e comentários
  • Ao trabalhar com o conteúdo do boxe, ressalte com os alunos a importância do respeito, ou seja, relacionar-se de maneira educada com outras pessoas, sabendo respeitar ideias divergentes. Essa competência é essencial para valorizar a diversidade e combater o bullying nas escolas. Ainda, ao destacar a resistência da população negra escravizada, é possível trabalhar a persistência, ou seja, a habilidade de perseverar para atingir um objetivo desejado, necessária para todo o percurso escolar.
  • É importante auxiliar os alunos a refletir sôbre a questão da dignidade dos afrodescendentes, suas lutas e seus empenhos para obter e manter determinados direitos reconhecidos desde os tempos coloniais.
  • Para uma abordagem inicial destas páginas, pergunte aos alunos o que êles sabem a respeito do conceito de dignidade. Questione também se já presenciaram alguma situação em que a dignidade de alguém tenha sido desrespeitada ou prejudicada. Peça a quem já presenciou essa situação que a relate aos colegas.
  • Conforme os alunos forem narrando suas experiências, procure construir com êles a definição de dignidade, problematizando, assim, a questão da escravidão, mostrando que o desrespeito e a opressão não foram aceitos passivamente pêla população escravizada.

Atividade a mais

  • Verifique a possibilidade de levar os alunos até a sala de informática da escola para conhecerem o site Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Disponível em: https://oeds.link/cB1ai3. Acesso em: 18 junho 2022.
  • Nessa página, êles farão uma visita virtual ao Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga (Alagoas), fundado em 2007, e vão conhecer a reconstrução de edificações do quilombo. Ao retornarem para a sala de aula, peça aos alunos que escrevam um texto contando o que aprenderam a respeito da história do quilombo e o que mais lhes chamou a atenção.

A questão afrodescendente nos dias atuais

Após a abolição da escravidão, ocorrida em 1888, não houve nenhuma política que visasse à integração da população negra à dinâmica da sociedade, de fórma que a maioria da população de ex-escravizados permaneceu às margens da sociedade, sem os mesmos benefícios e oportunidades oferecidos às demais pessoas. Com isso, a luta dos afrodescendentes pêla dignidade ampliou-se. Muito mais que melhores condições de vida, atualmente essa luta envolve a busca pêla igualdade de direitos e de oportunidades, em uma reivindicação permanente contra o racismo.

No Brasil, grande parte dos afrodescendentes recebe salários menores quando comparados aos da população que se autodenomina branca. De acôrdo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (pê nádi Contínua), realizada pêlo í bê gê É, em 2020, a média salarial de pessoas negras correspondiam a 53,36% da média salarial de pessoas brancas. Analise o gráfico a seguir.

Média salarial dos negros em relação aos brancos (2012-2020)

Gráfico. Média salarial dos negros em relação aos brancos (2012-2020). Gráfico em linha de Rendimento médio em reais por ano. Os dados são: 2012: Brancos: 1785, Negros: 943. 2013: Brancos: 1837, Negros: 993. 2014: Brancos: 1884, Negros: 1020. 2015: Brancos: 1818, Negros: 992. 2016: Brancos: 1849, Negros: 957. 2017: Brancos: 1843, Negros: 955. 2018: Brancos: 1921, Negros: 1002. 2019: Brancos: 1958, Negros: 1009. 2020: Brancos: 1842, Negros: 983.

Fonte de pesquisa: í bê gê É. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, 2020.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone 'Atividade oral'.

1. Em 2012, de quanto era a diferença de renda dos negros em relação aos brancos?

Ícone 'Atividade oral'.

2. É possível afirmar que a desigualdade de renda entre brancos e negros tem diminuído, aumentado ou permanece praticamente estável ao longo dos últimos anos? Como você chegou a essa conclusão?

Ícone 'Atividade oral'.

3. Em sua opinião, como é possível combater a desigualdade salarial entre negros e brancos no Brasil? Converse com os colegas.

Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

  • O conteúdo trabalhado na página contempla aspectos da Competência geral 9, uma vez que divulga a luta dos afrodescendentes pêla dignidade humana e pêla igualdade de direitos, levando os alunos a refletir sôbre o tema para exercitar a empatia e o respeito pêla diversidade, sem preconceitos de qualquer tipo. Além disso, contempla também a Competência geral 10, pois incentiva os alunos a tomar decisões inclusivas, éticas e democráticas.
  • Ao abordar as questões 1, 2 e 3, explore o gráfico com os alunos, ajudando-os a refletir sôbre a situação atual que envolve a população afrodescendente e suas condições socioeconômicas. Associe êsse conteúdo ao tema da unidade, para que possam buscar as origens históricas da realidade contemporânea. Comente também que a população negra equivale à soma das populações preta e parda.

Respostas

1. Em 2012, a diferença da média salarial dos negros em relação aos brancos era de R$ 842.

2. De acôrdo com o gráfico, a desigualdade de renda entre brancos e negros permaneceu praticamente estável ao longo dos últimos anos.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos compreendam que entre as principais maneiras de diminuir a desigualdade salarial entre negros e brancos está o combate ao racismo estrutural, que ainda persiste em nosso pais.


A interpretação do gráfico possibilita desenvolver o pensamento computacional, pois, para responder às questões da página e chegar aos resultados, os alunos precisam decompor as informações, considerando a média salarial de negros e brancos em cada ano.

A sociedade colonial

A sociedade colonial estava dividida em categorias bem definidas, principalmente entre os séculos dezesseis e dezessete, período em que a produção açucareira representou a atividade econômica mais lucrativa e importante da Colônia.

Nesse período, a economia baseava-se, sobretudo, na produção agrícola voltada para a exportação, organizada em grandes propriedades rurais, chamadas latifúndios, e na utilização de mão de obra escravizada. Dessa maneira, os grandes proprietários rurais descendentes de portugueses estavam entre os membros mais poderosos da sociedade, e somente êles podiam ocupar cargos públicos.

Os grandes comerciantes, que se dedicavam em especial às exportações, não possuíam o mesmo prestígio que os latifundiários, por isso, muitos deles, após enriquecer, compraram terras e engenhos.

Ocupando posição social de menor destaque, havia os trabalhadores livres, como professores, escrivães, pequenos comerciantes, ferreiros, alfaiates, pequenos lavradores e sapateiros.

Os escravizados, por sua vez, estavam na base da sociedade. Se no início da colo­nização suas atividades estavam essencialmente ligadas ao engenho de açúcar, ao longo do tempo, êles passaram a realizar trabalhos cada vez mais diversificados.

A Igreja católica teve papel de destaque nessa sociedade, sendo uma das grandes responsáveis por difundir os valores morais que deveriam ser seguidos pelos colonos. Seus membros desfrutavam de respeito e exerciam forte influência sôbre toda a sociedade.

Pintura. À esquerda, pátio de terra com pessoas negras e animais quadrúpedes puxando carroças. À direita, um galpão com moinho e fornalha. Acima, uma construção branca com várias janelas. Ao fundo, um corpo de água e vegetação.
Engenho de açúcar no Brasil, de pôst. Óleo sôbre tela, 117centímetrospor167centímetros, 1650. (Detalhe).
Respostas e comentários

O conteúdo sôbre a sociedade colonial açucareira trabalha a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito, porque aborda as fórmas de organização social impostas pelos colonizadores no Brasil colonial.

Um texto a mais

Leia o texto a seguir, que apresenta mais detalhes sôbre as relações de poder na sociedade brasileira durante o século dezessete.

reticências O familismo político vicejava nas cidades litorâneas, unindo prósperos senhores de engenho e funcionários metropolitanos. Ao longo do século dezessete, os primeiros ocuparam postos de comando nas câmaras, e suas ações arbitrárias caíam sob as costas dos arrendatários, meeiros e lavradores, interferindo nos resultados dos julgamentos e das ações que corriam na justiça colonial. Os casamentos dentro de pequeno grupo de famílias permitiam que estas se revezassem em postos de prestígio. Nesses grupos era constante a manipulação de alianças de família para resolver, na esfera pública, problemas domésticos. reticências Em qualquer parte da Colônia, moças que se casavam sem consentimento ou bênção eram excluídas das redes de sociabilidade familiar, já que isso era considerado grave afronta ao grupo.

Uma segunda camada de colonos, constituída por plebeus, lavradores, “homens de qualidades” reticências, fixava-se silenciosamente com seus gados e escravos no interior. Vagava pelos ermos sertões toda uma população desajustada e apartada do trabalho regular, a princípio remediada. Tais camponeses volantes eram considerados pêlas autoridades “facinorosos e bravos”. Muitos viviam com suas famílias, isolados e solitários, nos roçados que cultivavam. Outros podiam ser ladrões de gado ou formigueiros, nome que se dava aos que roubavam coisas de pouco valor. reticências

Contudo, não somente a população pobre proliferava. Por todo o sertão surgiram chefes locais abastados, que haviam criado fortuna e zonas de poder local e pessoal. Tais potentados não hesitavam em medir fôrças com autoridades e vizinhos. Confrontos sanguinários lavavam a honra de famílias inteiras e seus agregados durante gerações. reticências

DEL PRIORE, Mary; VENANCIO, Renato. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010. página 4445.

As mulheres na Colônia

A família patriarcalglossário era predominante nas camadas mais ricas da sociedade. As mulheres dessas famílias, de modo geral, eram educadas para casar, desempenhar o papel de mãe e cuidar dos afazeres do lar. Em algumas ocasiões, na ausência do marido, elas assumiam a administração da casa e dos bens.

As mulheres pobres costumavam realizar diversas tarefas e começavam a trabalhar ainda crianças. Além de cuidar dos serviços domésticos, muitas auxiliavam seus familiares na lavoura. Em geral, também estavam subordinadas a alguma figura masculina, como um membro da família ou um companheiro.

As mulheres escravizadas exerciam diversas atividades no campo e nas cidades. Muitas se dedicavam às atividades domésticas, como cozinhar, limpar, fiar, fazer renda e cuidar dos filhos dos senhores. Assim como as mulheres de outras camadas sociais, elas não recebiam qualquer tipo de educação formal.

A religiosidade

Os africanos escravizados trazidos para o Brasil tinham suas próprias religiões e divindades. Em nosso país, era comum que parte da comunidade católica interpretasse as religiões africanas como um tipo de feitiçaria, pois entendia que somente o seu deus e sua religião eram verdadeiros. Dessa maneira, as manifestações religiosas de origem africana costumavam ser reprimidas pêla Igreja.

Para manter suas tradições religiosas e evitar que fossem perseguidos, os escravizados passaram a associar as diferentes divindades de origem africana a santos católicos. dêsse modo, êles se convertiam à religião cristã, mas não deixavam de seguir suas crenças de origem.

Ao longo do tempo, a prática simultânea dessas diferentes crenças deu origem a novas religiosidades com elementos de culturas distintas, como a africana, a indígena e a cristã.

Fotografia. Escultura de uma mulher com manto branco, tecido vermelho ao redor do corpo e flores coloridas na base. Há uma pessoa carregando a escultura sobre a cabeça. Ao redor, há outras pessoas com os braços esticados tocando na escultura.
Celebração em homenagem a Santa Bárbara, em Salvador, Bahia, em 2021.
Respostas e comentários
  • Os conteúdos sôbre a vivência da mulher na colônia e as tradições africanas, que perduram até a atualidade, possibilitam trabalhar aspectos da Competência geral 1, uma vez que fazem o aluno refletir sôbre uma sociedade mais justa e inclusiva, com igualdade entre os gêneros e respeito às religiosidades africanas.
  • O assunto sôbre as mulheres na colônia possibilita trabalhar o tema contemporâneo transversal Vida familiar e social. Reforce para os alunos que o cotidiano das mulheres nesse período variava de acôrdo com a sua condição social. Mulheres pobres tinham uma mobilidade maior em relação ao ambiente privado, pois, além de se dedicarem aos afazeres domésticos, trabalhavam nas lavouras. Destaque o papel exercido pêlas mulheres ricas, quando da ausência do marido, sendo responsáveis pêla administração dos bens da família. Apesar disso, essas mulheres não tinham acesso à educação formal, sendo submetidas às imposições da sociedade patriarcal. Comente com os alunos que essa situação foi se modificando no decorrer dos anos, em razão das lutas de diversas mulheres ao longo da história. Na atualidade, muitas mulheres ainda enfrentam desigualdades em relação aos homens, como acesso menor ao mercado de trabalho, além de salários menores.

Algo a mais

A fim de ampliar conhecimentos sôbre a cultura e a história afro-brasileira e africana, acesse os sites a seguir:

> Educação para as relações étnico-raciais. Disponível em: https://oeds.link/IscdAY. Acesso em: 17 junho. 2022.

> Museu Afro Brasil. Disponível em: https://oeds.link/mUWvcv. Acesso em: 17 junho. 2022.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. As frases a seguir apresentam etapas do tráfico humano na época da escravidão no Brasil. Copie-as no caderno, colocando-as na ordem dos acontecimentos.
    1. Ao chegar à Colônia, os escravizados eram desembarcados e conduzidos até a alfândega, local onde eram feitos os registros e os pagamentos de impostos devidos. Depois, eram levados para os locais de venda, como os mercados.
    2. Os pombeiros capturavam e escravizavam as pessoas no interior da África e as levavam até as feitorias, onde eram trocadas por mercadorias de pouco valor.
    3. Nos mercados, os escravizados eram exibidos aos compradores, e, quando algum deles era vendido, geralmente acabava separado de sua família.
    4. Nas feitorias, as pessoas escravizadas eram vendidas e embarcadas nos navios negreiros destinados à Colônia.
  2. Imagine que você é um viajante que visitou um engenho no Brasil no século dezessete. Escreva uma carta para um amigo explicando como era e como funcionava um engenho de açúcar nessa época.
  3. A respeito da vida das mulheres na sociedade colonial, copie em seu caderno a alternativa correta.
    1. As mulheres pobres costumavam realizar diversas tarefas e começavam a trabalhar ainda crianças. Além de cuidar dos serviços domésticos, muitas auxiliavam seus familiares na lavoura.
    2. Todas as mulheres das famílias ricas recebiam educação formal e sempre assumiam os negócios da família após a morte do pai ou do marido.
    3. No período colonial, as mulheres raramente se subordinavam à autoridade masculina, pois as famílias coloniais seguiam uma linhagem matriarcal.
    4. As mulheres escravizadas exerciam exclusivamente o trabalho nas lavouras de cana no córte, quando era época de colheita, e na moenda, para preparar a matéria-prima do açúcar.
Respostas e comentários

1. Resposta: A ordem correta é: b, d, a, c.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos sejam capazes de escrever um texto no estilo epistolar relatando os principais aspectos estruturais e cotidianos no engenho.

3. Resposta: Alternativa a.

As atividades 1 a 3 desta página reforçam as habilidades ê éfe zero sete agá ih um três e ê éfe zero sete agá ih um seis, pois, a partir do seu desenvolvimento, é possível que os alunos façam uma análise e discorram sôbre as dinâmicas do comércio de escravizados no período colonial e caracterizem a atividade mercantil açucareira desenvolvida nos engenhos.

Aprofundando os conhecimentos

4. Analise o gráfico a seguir e, depois, responda às questões.

Preço do açúcar produzido no Brasil (1550-1750)

Gráfico. Preço do açúcar produzido no Brasil (1550-1750). Gráfico em linhas, de Arroba (em réis) por ano. Os dados são: Ano 1550: 480 réis a arroba. Ano 1575: 756 réis a arroba. Ano 1600: 1092 réis a arroba. Ano 1625: 629 réis a arroba. Ano 1650: 1376 réis a arroba. Ano 1675: 1220 réis a arroba. Ano 1700: 1980 réis a arroba. Ano 1725: 1692 réis a arroba. Ano 1750: 1273 réis a arroba.

Fonte de pesquisa: DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma história da vida rural no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. página 35.

Arrobaglossário

  1. Qual foi o maior preço do açúcar registrado entre os anos de 1550 e 1625?
  2. Quantos anos se passaram entre o menor e o maior registro de preço apresentado nesse gráfico?
  3. De acôrdo com o gráfico e os conteúdos estudados no tópico O valioso açúcar, quantos anos se passaram desde que as primeiras mudas de cana foram plantadas no território até o açúcar atingir seu preço mais alto?

5. Leia o texto a seguir, que trata de aspectos da resistência dos escravizados no Brasil, e, depois, responda às questões.

reticências

Sobretudo depois de chegarem da África, os escravos começavam a sofrer um processo de destruição da sua antiga cultura. Eram batizados de fórma compulsória, passando a ser membros da Igreja católica. reticências Dessa maneira, desapareceram línguas, deuses e crenças religiosas, laços familiares, festas, usos e costumes, fórmas de organização social e política, e outras manifestações da cultura original dos cativos. Estes, no entanto, conseguiram preservar inúmeros de seus traços culturais, muitas vezes africanizando elementos da cultura dos brancos. É fato conhecido, por exemplo, que, para continuar no Brasil o culto das divindades africanas, os negros as identificaram a santos católicos, como São Jorge, São Benedito ou a Virgem Maria.

Um exemplo de prática cultural quase sempre proibida, mas mantida clandestinamente, foi a capoeira, misto de dança e luta reticências.

CAMPOS, Raymundo Carlos Bandeira. Debret: cenas de uma sociedade escravista. São Paulo: Atual, 2001. página 65.

  1. Como os colonizadores europeus procuravam controlar os povos dominados?
  2. De qual fórma de resistência dos africanos escravizados o autor trata no texto? Como ela ocorria?
Respostas e comentários

4. a) Resposta: .1092 réis.

4. b) Resposta: 150 anos.

4. c) Resposta: 168 anos.

5. a) Os europeus procuravam controlar os povos dominados impondo sua cultura e proibindo os escravizados de expressarem a própria cultura, o que envolvia suas crenças religiosas e os respectivos deuses, os laços familiares, as festas, os usos e costumes e as fórmas de organização social e política.

5. b) O autor aborda a resistência cultural. Os africanos escravizados e seus descendentes procuravam preservar seus traços culturais, africanizando elementos da cultura dos brancos, e o autor cita como exemplo de prática cultural a capoeira.

  • A atividade 4 possibilita abordar a Competência específica de Ciências Humanas 7, pois, para responder às questões, serão necessárias a leitura e a interpretação de um gráfico sôbre as variações de preço do açúcar produzido no Brasil entre 1550 e 1750.
  • Comente com os alunos que a unidade monetária indicada no gráfico da atividade 4 é o Real, cujo plural era réis. Essa foi a primeira moeda do Brasil e vigorou até 1942, quando foi substituída pêlo cruzeiro.
  • A atividade 5 contempla a Competência específica de História 3, uma vez que os alunos precisarão analisar, interpretar e desenvolver questionamentos, hipóteses e argumentos com base em um documento textual sôbre a resistência dos escravizados no Brasil.

6. Durante o período colonial, os escravizados desenvolveram diversas fórmas de resistência no Brasil. Analise a imagem a seguir e, depois, responda às questões.

Litografia. Ao centro dois homens negros, com roupas coloridas, um de frente para o outro. O homem da esquerda está com as pernas abertas e o corpo levemente inclinado para frente. O homem da direita está com um pé no chão, a outra perna flexionada e os braços levemente levantados. Ao redor, pessoas negras observando os dois homens. Entre elas, há uma mulher com um cesto de abacaxis sobre a cabeça, um homem sentado com um tambor e uma mulher, com uma panela, servindo um homem com uma tigela. Ao fundo, construções e vegetação.
Capoeira ou dança de guerra, de iôrrán Mórits rugêndas. Litografia, 16,7centímetrospor24,4centímetros, 1835.
  1. Qual é a atividade realizada pelos escravizados na imagem?
  2. De que modo essa atividade pode ser vista como uma fórma de resistência?
  3. Quais outros tipos de resistência dos escravizados podem ser identificados durante o Brasil colonial?
  4. Como os escravizados passaram a lutar por melhores condições de vida e de trabalho nesse contexto?
  1. Quanto à resistência dos escravizados no Brasil, copie no caderno a alternativa correta.
    1. Para evitar que fossem perseguidos, após chegarem ao Brasil, os escravizados passaram a praticar somente a religião cristã católica.
    2. A capoeira era um tipo de dança apresentada somente em rituais religiosos.
    3. Entre as principais fórmas de resistência à escravidão estavam a fuga de escravizados e a formação de agrupamentos, que ficaram conhecidos como quilombos.
    4. O Quilombo dos Palmares foi um dos menores quilombos do Brasil, sendo destruído poucos meses após sua construção, no século dezessete.
Respostas e comentários

6. a) Resposta nas orientações ao professor.

6. b) Resposta nas orientações ao professor.

6. c) Resposta nas orientações ao professor.

6. d) Resposta nas orientações ao professor.

7. Resposta: Alternativa c.

As atividades 6 e 7 articulam-se às habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih um seis ao tratar de aspectos da resistência dos escravizados no Brasil colonial.

Respostas

6. a) A imagem mostra dois escravizados jogando capoeira, rodeados por vários outros indivíduos.

b) A capoeira pode ser vista como um modo de resistência porque era a principal ferramenta de luta dos escravizados contra os castigos dos feitores e capitães do mato, além de uma fórma de proteção militar nos quilombos.

c) Os escravizados realizavam fugas individuais e coletivas, formavam quilombos, sabotavam os engenhos, queimavam as plantações, organizavam rebeliões e mantinham suas tradições culturais e religiosas.

d) Os escravizados passaram a pressionar os senhores por condições mais dignas de trabalho e de vida, com a luta por jornadas de trabalho menores, pêlo fim dos castigos físicos, por melhorias no vestuário e na alimentação, por condições para manter a própria roça e para realizar o comércio, além da busca por remuneração. movimentos ocorreram por meio de fugas e rebeliões.

Glossário

Alfândega
: local geralmente situado em região de fronteira, onde é feito o contrôle de entrada e de saída de mercadorias, além da cobrança de taxas referentes a essa movimentação.
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Agregado
: nesse sentido, é uma pessoa que mora com a família do senhor de engenho.
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Massapê
: tipo de solo argiloso, escuro e muito fértil.
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Terra arrendada
: porção de terra cujo direito de uso e de permanência podia ser obtido provisoriamente, mediante o pagamento de uma taxa ao proprietário da terra.
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Patriarcal
: relativo à autoridade do patriarca, isto é, do homem chefe de família.
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Arroba
: unidade de medida de pêso que corresponde a cêrca de 14,7 quilogramas.
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