CAPÍTULO 16 Os holandeses no Brasil

Como a produção e o comércio do açúcar geravam muitas riquezas para os colonizadores e para o govêrno português, outras nações europeias começaram a investir em projetos de ocupação das colônias ibéricas.

Em 1621, os holandeses fundaram a Companhia das Índias Ocidentais, cujo objetivo era ocupar as colônias espanholas e portuguesas na América e na África e lucrar com a produção de açúcar.

A Companhia das Índias Ocidentais investiu no aprimoramento de sua frota naval, tornando a Holanda uma potência naval militar e comercial. A pintura representa algumas embarcações holandesas dessa época.

Pintura. Diversas embarcações a vela sobre um corpo de água, ao lado, pequeno barco a remo com pessoas dentro.
Visita de Fréderic dois a dordréchiti em 1646, de Sáimon . Óleo sôbre painel, ​60centímetrospor83centímetros, 1649.

O processo de refinamento e de comercialização dêsse produto já era bem conhecido na Holanda, pois era em Amsterdã, capital do país, que o açúcar brasileiro era refinado e distribuído para o mercado europeu.

Até meados do século dezesseis, a Holanda era uma antiga possessão da Espanha. Sua independência foi proclamada em 1581, após um período de guerras contra os espanhóis. Com a criação da União Ibérica (leia o boxe), a Holanda via a conquista de colônias ibéricas, principalmente o Brasil, como um modo de se apossar de territórios da Espanha.

União Ibérica

União Ibérica foi o nome dado à unidade política das coroas de Portugal e da Espanha entre os anos de 1580 e 1640.

Essa união foi resultado de uma crise que teve início em 1578, após a morte do rei português dom Sebastião. Como êle não tinha herdeiros, quem assumiu o trono foi seu tio, dom Henrique, que faleceu em 1580, também sem deixar herdeiros. Houve, então, uma disputa de poder entre sucessores portugueses e espanhóis.

Assim, ainda em 1580, a Espanha invadiu Portugal, dando início à união das coroas. A Espanha passou a dominar o Reino de Portugal e a controlar as colônias portuguesas, entre elas o Brasil.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Compreender as motivações que levaram os holandeses a invadir o nordeste da colônia portuguesa na América.
  • Entender o processo de ocupação holandesa no Brasil.
  • Identificar as principais medidas tomadas pêlo govêrno de Maurício de Nassau.
  • Compreender a expulsão dos holandeses do território colonial e a concorrência do açúcar nas Antilhas.

Justificativas

Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes para que os alunos conheçam a historicidade do período holandês no tempo e no espaço, ao abordar cronologicamente episódios como a Companhia das Índias Ocidentais, a União Ibérica, a ocupação do Nordeste brasileiro pelos holandeses, sua administração como posse holandesa, a produção e comercialização do açúcar na chamada Nova Holanda (colônia holandesa), a elevação de Recife como capital de Pernambuco. Essa abordagem favorece o trabalho com as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito, ê éfe zero sete agá ih um um e ê éfe zero sete agá ih um três, além da Competência específica de História 2.

Além disso, essa análise simultânea dos fenômenos em espaços distintos contempla aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 5.

A ocupação do Nordeste

Os holandeses pretendiam realizar o que chamavam de “conquista duradoura” no Brasil. Com êsse objetivo, em 1623, a Companhia das Índias Ocidentais organizou uma esquadra formada por 26 navios, .3300 homens e 450 canhões.

êles chegaram à Bahia em 1624 e tentaram ocupar Salvador, séde do govêrno-geral do Brasil. Porém, a capitania era muito bem fortificada e resistiu à invasão. Assim, em 1625, tropas portuguesas e espanholas conseguiram expulsar os holandeses da região. No entanto, pouco tempo depois, em 1630, em uma nova tentativa, êles invadiram Pernambuco e dominaram grande parte do litoral do atual Nordeste do Brasil.

O govêrno de Nassau

Entre os anos de 1637 e 1644, a colônia holandesa no Brasil, chamada Nova Holanda, foi administrada pêlo conde Maurício de Nassau (1604-1679). Um dos primeiros desafios do govêrno de Nassau foi reativar a produção de açúcar na região, que estava paralisada por causa dos conflitos desde a invasão.

A maior parte dos engenhos havia sido destruída, e muitas propriedades rurais foram abandonadas. Isso comprometeu a produção do açúcar, pois mesmo com a relevância de outros itens produzidos na Colônia, como o algodão e o tabaco, o açúcar ainda era o principal produto de exportação. Então, a Companhia das Índias Ocidentais financiou muitos colonos portugueses na aquisição de terras, trabalhadores escravizados e equipamentos para retomar a produção do açúcar.

Durante o govêrno de Nassau, Recife, que antes era um pequeno vilarejo, tornou-se a capital de Pernambuco. A cidade transformou-se com a construção de prédios, fortes, hospitais, obras sanitárias, pontes, ruas, jardins e canais.

Pintura. Vista aérea de um porto. No corpo de água, várias embarcações a vela. Ao fundo, vegetação.
Vista do Pôrto de Recife a partir de Olinda, de . Óleo sôbre madeira, ​49,8centímetrospor85,1centímetros, 1637.
Respostas e comentários
  • Para iniciar o conteúdo dêste capítulo, use um mapa da Região Nordeste, localizando para os alunos os locais ocupados pelos holandeses.
  • Comente com êles que muitos aspectos da atual cidade do Recife, sobretudo as construções, preservam características da época em que a região foi ocupada pelos holandeses. Uma dessas construções é a ponte Maurício de Nassau – antes chamada ponte do Recife –, inaugurada no ano de 1643. Se julgar conveniente obter mais informações sôbre o assunto, acesse:

> MACHADO, Regina Coeli Vieira. Ponte Maurício de Nassau. Fundação Joaquim Nabuco (Fundáji), 15 junho 2003. Disponível em:  https://oeds.link/D4hFLg.  Acesso em: 17 jun. 2022.

Arte e ciência no Brasil holandês

Você sabia que muitas obras artísticas e pesquisas científicas ocorreram na época da presença holandesa no Brasil?

Em 1637, Maurício de Nassau trouxe em sua comitiva um grupo de 46 pessoas, formado por pintores, cronistas, naturalistas, arquitetos, cartógrafos, médicos, entre outros profissionais, que contribuíram para os avanços nos campos artístico, cultural e científico.

Por ordem de Nassau, foram construídos um jardim botânico com animais e plantas raros, uma grande biblioteca e o primeiro observatório astronômico das Américas, localizado no telhado da casa do próprio Nassau. Também foi criada a primeira sinagoga das Américas, para abrigar a comunidade judaica que havia imigrado para o Brasil.

A pintura a seguir mostra o observatório astronômico de Nassau.

Pintura. Vista aérea de uma construção, em formato retangular. No centro, há um pátio com algumas pessoas. No lado inferior e superior, há uma moradia grande com várias janelas e portas. Ao lado, uma rua com pessoas caminhando.
Residência de S. Excia, de Váguena. Aquarela.

O texto a seguir aborda a preocupação de Nassau com a Arte e a ciência.

reticências êle procurou dotar seu palácio – o de – de espaços apropriados para os estudos de plantas e animais locais e de outros pontos do planeta. Graças ao jardim botânico então construído no palácio, muitas plantas frutíferas puderam ser cultivadas e estudadas e muitas espécies de árvores tropicais foram transplantadas, também com a finalidade de estudo. reticências

SILVA, Luiz Geraldo. O Brasil dos holandeses. São Paulo: Atual, 1997. página 34. (Coleção A Vida no Tempo).

Respostas e comentários

Por meio do questionamento inicial do boxe, é possível explorar conhecimentos prévios dos alunos sôbre as manifestações artísticas, culturais e científicas que se desenvolveram no Brasil durante o período do govêrno de Nassau, permitindo que valorizem e possam apreciar algumas obras do período. dêsse modo, o conteúdo contempla aspectos da Competência geral 3.

Um texto a mais

sôbre os artistas que integraram a comitiva de Maurício de Nassau, leia o trecho a seguir.

Para registrar as realizações do seu govêrno, preservar em tela a paisagem e a topografia da conquista, bem como os feitos militares e a arquitetura militar e civil do Brasil Holandês, o Conde de Nassau contou com os serviços do pintor de rárlem, frãns pôst (1612-1680). Para documentar a natureza, contou com o traço seguro de álbert équirráut (cêrca de 1610-1665), pintor natural de , encarregado de retratar figuras de nativos, habitantes do Brasil e originários da África, vegetais, animais, naturezas-mortas e outros trabalhos destinados mais à divulgação científica do que propriamente à decoração de ambientes.

Em carta dirigida ao Rei Luís catorze, quando da oferta de seus “presentes brasileiros”, iôrram nassáu zíguen afirma ter contado, durante a sua estada em terras brasileiras, com os serviços de seis pintores. Tal lista seria encabeçada pelos pintores pôst e álbert équirráut , seguindo-se de Váguena (alemão de drêsden, servindo no Brasil desde 1634), e do cartógrafo e também astrônomo gueórgi marquigrêive, de mais um outro cartógrafo, ou Ian – este ao que parece nunca veio ao Brasil –, ficando como sexto nome o do aventureiro alemão , cujo Diário de Viagem (1642-1645), reunindo 128 mapas, aquarelas e desenhos do Brasil, hoje se encontra na da cidade de (Alemanha).

reticências

SILVA, Leonardo Dantas. Imagens do Brasil nassoviano. In: , (organizador). álbertéquirráut volta ao Brasil, 1644-2002. Copenhague: , 2002. página 68.

Os artistas da missão holandesa no Brasil, por não serem católicos, dedicaram-se a diversos outros temas. Suas obras não apresentavam o forte caráter religioso predominante até então na Colônia. êles retrataram paisagens e documentaram a fauna e a flora do continente, além de representarem grupos étnicos coloniais e cenas do cotidiano.

Os dois principais pintores désse grupo foram pôst e álbert équirráut , que viveram no Recife entre 1637 e 1644. pôst chegou ao Brasil aos 24 anos, tendo como tarefa principal documentar as paisagens do Brasil holandês, especialmente suas fortificações, pontes e obras públicas. Por êsse motivo, êle é considerado o primeiro paisagista das Américas.

álbert équirráut chegou ao país aos 26 anos, tendo como principal objetivo a realização de um grande levantamento a respeito da flora e da fauna da região. êle também retratou os tipos humanos e os hábitos da população colonial. As obras de équirráut foram oferecidas como presentes para os nobres europeus pêlo conde de Nassau, chegando aos reis da Dinamarca e da França, contribuindo muito para os interêssis das Coroas europeias pelos povos brasileiros.

Em 1647, Maurício de Nassau mandou publicar uma crônica sóbre todo o período de sua estadia em terras brasileiras. A grande obra, intitulada per ín Brasilia (Das coisas do octênio no Brasil, em português), continha o relato dos feitos de Nassau e uma grande variedade de gravuras, produzidas pelos artistas da missão holandesa.

Pintura. Ao centro, uma pessoa em um barco pequeno a remo, próximo as margens da praia. Na praia, duas pessoas de pé e outras sentadas. Ao fundo,  construção de pedra.
Forte dos Reis Magos, de pôst. Óleo sôbre tela, ​86centímetrospor60centímetros, século dezessete.
Pintura. Um cacto com flores vermelhas.
Natureza-morta de um cacto, de álbert équirráut . Óleo sobre tela, ​108centímetrospor93,4centímetros, século dezessete.
Respostas e comentários
  • Explique aos alunos que âubert équirráut, autor de uma das obras reproduzidas na página, foi um dos principais artistas que vieram ao Brasil durante o govêrno de Maurício de Nassau. équirráut produziu doze obras de natureza-morta, oito retratos etnográficos e uma representação de um conjunto de indígenas tapuias.
  • Analise com os alunos a obra de équirráut reproduzida na página, informando-os sôbre as diferenças entre natureza-morta e retrato etnográfico.

Natureza-morta: tipo de pintura em que são representados objetos inanimados, sem vida. êsse gênero artístico foi utilizado por équirráut para retratar frutas, plantas e flores nativas do território brasileiro. Acredita-se que sua intenção era evidenciar aos europeus a abundância natural do Brasil.

Retrato etnográfico: representação de determinado povo ou etnia, destacando seus aspectos característicos. équirráut pintou indígenas, africanos e mestiços em telas de tamanho quase real (aproximadamente 2,6 métros por 1,6 métros). Muitos dos retratos, mesmo com base nas experiências do pintor na região, apresentam o ponto de vista europeu em relação aos traços da população local.

A expulsão dos holandeses

Em 1640, com o fim da União Ibérica, Portugal restaurou sua monarquia. No entanto, o país passava por um período de crise econômica, o que retardou a tentativa de retomar o contrôle de suas possessões, principalmente as que estavam sob o domínio holandês, o que se efetivou apenas nos anos seguintes.

No Brasil, a situação estava cada vez mais complicada, especialmente para os colonos portugueses. Muitos deles eram senhores de engenho endividados por não conseguirem pagar os altos juros cobrados pelos financiamentos oferecidos pêla Companhia das Índias Ocidentais, no início do govêrno de Nassau.

Quando a Companhia decidiu cobrar dos senhores de engenho as dívidas atrasadas, gerou grande descontentamento entre êles. Isso contribuiu para que êsse grupo se manifestasse contra a presença holandesa no Brasil, aliando-se posteriormente às tropas luso-brasileiras nas batalhas pêla expulsão dos holandeses.

Após uma série de conflitos, os holandeses foram derrotados e obrigados a se retirar do Brasil em 1654, encerrando, assim, o período de dominação holandesa no Nordeste brasileiro.

Esta imagem representa uma das principais batalhas que contribuiu para a expulsão dos holandeses do Brasil.

Pintura. Várias pessoas com uniformes coloridos, alguns são brancos, outros vermelho e cor laranja. Há também muitas pessoas sem uniforme, vestindo roupas coloridas. Algumas pessoas estão montadas em cavalos, com espadas, carregando bandeiras nas cores laranja, branco e azul, e armas. No canto superior, à esquerda, uma mulher, com tecido ao redor do corpo, segurando uma criança. Ela está envolta por nuvens e de suas costas saem raios de luz.
Batalha dos Guararapes, de autor desconhecido. Óleo sôbre tela, ​12,2centímetrospor21,7centímetros, 1758. (Detalhe).

A concorrência com o açúcar das Antilhas

Como vimos, os holandeses já conheciam o processo de refinamento e comercialização do açúcar. Durante o tempo em que permaneceram no Brasil, desenvolveram todas as etapas de produção de açúcar. Depois que foram expulsos, utilizaram êsse conhecimento na produção açucareira em suas colônias nas Antilhas. A oferta do açúcar antilhano no mercado europeu desvalorizou o produto brasileiro, agravando a crise econômica em Portugal.

Respostas e comentários

Explique aos alunos que a Batalha dos Guararapes, ocorrida em Pernambuco, nos Montes Guararapes, insere-se no conjunto de acontecimentos relacionados à Restauração Pernambucana, movimento contra o domínio holandês na Capitania de Pernambuco entre 1648 e 1649. Segundo alguns estudiosos, essas batalhas marcam o início do fim das invasões holandesas no território brasileiro.

História e Geografia

Mapeando a América portuguesa

Os mapas são uma das mais antigas fôrmas de representar os espaços geográficos. Além de serem importantes ferramentas de localização e orientação, neles podem ser representados espaços ocupados, espaços dominados, limites territoriais e visões de mundo.

Cada mapa representa, direta ou indiretamente, as intenções de quem o produziu ou o encomendou.

reticências

A cartografia nunca foi uma ciência neutra, que representa exatamente o espaço ou a realidade. Por trás de todo mapa, há um interêsse (político, econômico, pessoal), um objetivo (ampliar o território, melhorar a área agrícola etcétera) e um conceito (o direito sôbre determinada região, o uso do solo etcétera). “O mapa é uma representação adaptada da realidade. Por isso, nunca é isento”, diz Carla Gimenes de Sena, doutora em Pesquisa em Geografia e Cartografia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unésp), campus de Ourinhos.

reticências

MOÇO, Anderson. A história dos mapas e sua função social. Nova Escola, São Paulo, 1º junho 2011. Disponível em: https://oeds.link/yPyHlK. Acesso em: 2 abril 2022.

Mapa. Representação de parte do atual território da América do Sul e Antilhas. No continente, há ilustrações de bandeiras, árvores, pessoas, relevos geográficos e uma linha sinuosa atravessando o norte do continente, da direção leste à oeste. No oceano, há embarcações a vela e representação da rosa dos ventos.
Mapa de Diogo Homem, de 1558. Representa a América do Sul e as Antilhas com detalhes, como costumes indígenas, caravelas, o rio Amazonas e alguns animais.

Além dos mapas já trabalhados anteriormente, conheça, a seguir, outros mapas históricos que representam a colônia portuguesa. Repare nas semelhanças e diferenças entre êles.

Respostas e comentários
  • Ao analisar a formação histórico-geográfica do território da América portuguesa por meio de mapas históricos, estas páginas possibilitam abordar a habilidade ê éfe zero sete agá ih um um.
  • As páginas apresentam diversos mapas históricos que representavam diferentes visões sôbre a colônia portuguesa, proporcionando ao aluno a utilização de seus conhecimentos cartográficos para compreender e interpretar os mapas. dêsse modo, são trabalhados aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7.
Mapa. Representação de parte do atual território da América do Sul. À esquerda, delimitação do atual litoral do Brasil. No continente, há vários brasões e detalhes representando rios e seus afluentes. No oceano, há vários círculos de onde saem linhas tracejadas e representações de rosas dos ventos.
Mapa do século dezesseis representando detalhes da costa litorânea colonial e informações para navegação no oceano Atlântico. Reprodução do fác símile da mapoteca do Ministério das Relações Exteriores, no Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Mapa. Representação dos atuais territórios da América do Sul, América Central e América do Norte. Na parte superior, há a inscrição: America. Em volta do continente, nos oceanos, há ilustrações de embarcações a vela e a remo e alguns animais marinhos. Na parte inferior à esquerda, dentro de um retângulo, ilustrações de pessoas, com adereços no corpo. Elas estão sentadas no chão, conversando, comendo e bebendo.
Mapa do continente americano do início do século dezessete, com detalhes de toda a costa litorânea da América do Sul e demais continentes. Reprodução do mapa publicado em Atlas sive , em 1606.

Os mapas, como podemos observar, mostram-nos diversas visões que os europeus tinham sôbre os territórios coloniais. Cada elemento que compõe os mapas evidenciou seus interêssis, suas preocupações, sua visão de mundo, entre outros fatores na época em que foram produzidos ou publicados.

É possível perceber também que, com o passar dos anos, os mapas foram se tornando, de modo geral, mais detalhados e precisos, indicando o desenvolvimento das noções cartográficas e do conhecimento sôbre os territórios coloniais.

Respostas e comentários

Em parceria com o professor do componente curricular de Geografia, promova uma ampliação do conceito de cartografia dos alunos, ao mostrar elementos importantes na confecção de um mapa como a rosa dos ventos e a escala. Comente com êles que essas informações são convenções criadas para melhor uso dos mapas, e que sua criação e difusão têm temporalidade distinta da cartografia do século dezesseis. Peça aos alunos que observem se há ou não a presença dêsses elementos nos mapas históricos, mostrando um mapa político atual da América do Sul para identificarem a região nos dias de hoje.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Explique o que foi a União Ibérica.
  2. Comente a principal consequência da União Ibérica para o Brasil.
  3. Quais foram as principais transformações ocorridas em Recife com o govêrno holandês?
  4. Como era a produção açucareira no período de dominação holandesa no Nordeste brasileiro?

Aprofundando os conhecimentos

5. Analise a pintura a seguir, que representa algumas etapas da produção do açúcar. Depois, responda às questões.

Pintura. À esquerda, um homem, em pé sobre uma carroça puxada por bois, segurando caules de cana-de-açúcar. Ao lado, construção com telha. Dentro dela, há diversas pessoas negras carregando caules de cana-de-açúcar. No centro, pessoas negras moendo a cana-de-açúcar em uma máquina com engrenagens grandes. À direita, um moinho composto por dois círculos grandes interligados às engrenagens.
Usina de açúcar no Brasil, de pôst. Aquarela sôbre papel, ​14,3centímetrospor28,2centímetros, 1640.
  1. Identifique a data e o autor da pintura.
  2. Descreva os diferentes elementos representados nessa pintura.
  3. O autor dessa obra fazia parte da comitiva que veio ao Brasil com Maurício de Nassau em 1637. Que outros profissionais participaram dessa comitiva? Qual era seu objetivo?
  4. Quais relações podem ser estabelecidas entre a pintura e os assuntos que você estudou nesta unidade?
Respostas e comentários

1. Resposta: União Ibérica foi o têrmu utilizado para referir-se à união política das coroas de Portugal e da Espanha, ocorrida entre 1580 e 1640.

2. Resposta: A principal consequência da União Ibérica para o Brasil foi a invasão holandesa ao Nordeste.

3. Resposta: A cidade tornou-se a capital de Pernambuco e nela foram construídos prédios, fortes, hospitais, obras sanitárias, pontes, ruas, jardins e canais.

4. Resposta: A produção açucareira durante o período holandês foi incentivada por meio de empréstimos concedidos pêla Companhia das Índias Ocidentais; assim, muitos colonos portugueses puderam adquirir terras, trabalhadores escravizados e equipamentos para reestabelecer a produção de açúcar na região.

5. a) Resposta: A pintura é de 1640 e o autor é o holandês pôst.

5. b) Resposta: A pintura mostra diversas pessoas em determinadas etapas da produção do açúcar em um engenho, como o descarregamento da carga e a moagem.

5. c) Resposta: Os outros profissionais que participaram dessa comitiva eram cartógrafos, cronistas, médicos, naturalistas, arquitetos, entre outros. O objetivo dessa comitiva de profissionais era reproduzir paisagens, fazer mapas, catalogar espécies de plantas e de animais e retratar a população local.

5. d) Resposta: A pintura representa uma grande propriedade rural brasileira em que aparecem pessoas escravizadas trabalhando em um engenho de açúcar. Conforme estudado nesta unidade, essa atividade econômica foi a mais importante dos séculos dezesseis e dezessete no Brasil.

  • As atividades 1 a 4 desta página abordam aspectos das habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih um três ao possibilitar que os alunos discorram sôbre a União Ibérica e suas consequências para a dinâmica da colônia. Além disso, é possível que observem as características da produção açucareira no período holandês e sua lógica mercantil visando ao monopólio comercial.
  • A atividade 5 propõe aos alunos a análise de uma pintura sôbre a produção de açúcar no engenho, o que possibilita contemplar aspectos da Competência específica de História 3.

6. Durante o período em que ocuparam parte do atual Nordeste brasileiro, os holandeses enviaram diversos relatórios para a Holanda. Em um deles, datado de 1638 e intitulado Breve discurso sôbre o estado das quatro capitanias conquistadas no Brasil, êles relataram aspectos dos costumes e da população da Colônia. Leia, a seguir, um trecho dêsse relatório e, depois, responda às questões.

reticências

Os portugueses são em geral pouco curiosos com relação às suas casas e à direção doméstica, contentando-se com uma casa de barro, contanto que vá bem o seu engenho ou a sua cultura.

Possuem poucos móveis além daqueles que são necessários para a cozinha, cama e mesa e não podem ser dispensados. O seu maior luxo consiste em servirem-se à mesa de baixela de prata. Os homens usam pouco de vestidos custosos, vestem-se de estofos ordinários ou ainda de pano, trazendo os calções e o gibão golpeados com grandes córtes por onde se deixa ver um pouco de tafetáglossário . As mulheres, porém, vestem-se custosamente e se cobrem de ouro, trazem poucos diamantes ou nenhum, e poucas pérolas boas, e se ataviamglossário muito com joias falsas. Só saem cobertas e são carregadas em uma rede sôbre a qual se lança um tapete, ou encerradas em uma cadeira de preço, de modo que elas se enfeitam para serem vistas somente pêlas suas amigas e comadres.

reticências Não há profusãoglossário nos seus alimentos, pois podem sustentar-se muito bem com um pouco de farinha e um peixinho sêco, conquanto tenham galinhas, perus, porcos, carneiros e outros animais, de que também usam de mistura com aqueles mantimentos, sobretudo quando comem em casa de algum amigo. reticências

, . Breve discurso sôbre o estado das quatro capitanias conquistadas no Brasil. ín: MELLO, Evaldo Cabral de (organizador). O Brasil holandês: (1630-1653). São Paulo: Pêngüim , 2010. página 258259.

  1. Segundo o relatório, como eram as casas dos portugueses no Brasil?
  2. Como era a alimentação dos colonos portugueses?
  3. Qual era a diferença entre as maneiras de se vestir dos homens e das mulheres?
  4. Qual trecho do relato chamou mais a sua atenção? Explique sua resposta.
Respostas e comentários

6. a) Resposta: As casas dos portugueses eram simples, feitas de barro e possuíam poucos móveis, além daqueles indispensáveis.

6. b) Resposta: Segundo o relato, a alimentação dos colonos portugueses era pouco variada e consistia basicamente em farinha acompanhada de peixe sêco ou de algum outro tipo de carne.

6. c) Resposta: Os homens vestiam-se com tecidos simples. Já as mulheres usavam roupas caras e cobriam-se de ouro, mas com poucos diamantes; costumavam sair às ruas cobertas.

6. d) Resposta pessoal. Peça aos alunos que comentem sôbre aquilo que mais lhes chamou a atenção no relato. É fundamental que êles sejam capazes de relacionar o assunto dêsse documento histórico com o conteúdo estudado nesta unidade.

Ao trabalhar a atividade 6 com os alunos, se julgar conveniente explorar o documento de maneira mais aprofundada, peça a êles que o reescrevam com linguagem atual e lhe atribuam um título.

O tema é reticências

Educação para valorização do multicultura­lismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

As comunidades quilombolas

Grande parte das comunidades quilombolas da atualidade descende de comunidades de africanos e seus descendentes que se formaram entre os séculos dezessete e dezenove. Você conhece ou pertence a alguma delas? Sabe se existem comunidades como essas no estado onde você mora?

Atualmente, o Brasil tem mais de 3 mil dessas comunidades espalhadas pelos diversos estados, com milhares de pessoas. Para constituir-se oficialmente como comunidade quilombola, é preciso que as pessoas que vivem nela, primeiro, autodefinam-se de acôrdo com determinada identidade étnica e cultural. Somente dessa fórma elas se tornam aptas a pleitear reconhecimento oficial do govêrno, podendo requisitar seus direitos e também investimentos para manter as necessidades básicas de seu dia a dia, como saneamento básico e educação, garantindo, assim, o direito à cidadania.

A educação escolar quilombola

No Brasil, cêrca de .1900 escolas estão localizadas em comunidades quilombolas. Um dos direitos reivindicados por grupos é que as escolas contribuam para uma educação adequada aos costumes e às tradições locais.

Assim, em 2012, foram criadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola, legislação que tem como objetivo garantir que as instituições escolares quilombolas promovam o respeito aos valores culturais dessas comunidades, propondo, por exemplo, o estudo de temas ligados à cultura e à história locais.

Ilustração. À esquerda, uma escola com paredes amarelas e com janelas e portas grandes. Nas janelas, há crianças negras com roupas coloridas. Na porta, há duas mulheres adultas e algumas crianças negras. Ao fundo, algumas moradias de madeira.
Respostas e comentários

Objetivos

  • Caracterizar a origem histórica dos quilombos.
  • Apresentar aos alunos o conceito de comunidade quilombola e os critérios necessários para ela ser reconhecida.
  • Compreender o necessário compromisso do Estado com a garantia da cidadania aos quilombolas.
  • Propiciar uma reflexão sôbre a questão educacional nesses povoados, abordando aspectos como história local e tradições culturais.
  • Identificar e valorizar a luta por direitos dos afrodescendentes no Brasil.

  • O estudo sôbre a formação histórica dos quilombos e o seu reconhecimento como um direito dos quilombolas permitem o trabalho com o tema contemporâneo transversal Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras. A abordagem proposta pretende aproximar os alunos do contexto vivido em uma comunidade quilombola, mostrando as origens dêsse tipo de povoado e sua importância histórica.
  • Ao longo do trabalho com esta seção, é indispensável que os alunos reconheçam a importância de tais comunidades. A valorização dêsses povos se dá por meio do reconhecimento de seus direitos fundamentais e da garantia para formar cooperativas, organizar eventos, conseguir recursos, participar de programas assistenciais e promover ações para a manutenção da cultura local.

A luta por direitos

Muitas comunidades quilombolas formaram-se há mais de 130 anos, ou seja, desde a época em que havia escravidão no Brasil. Os quilombolas buscam regularizar a posse de suas terras e querem ser reconhecidos pêla sociedade.

Em 1988, a Constituição brasileira estabeleceu que as comunidades quilombolas têm o direito de posse das terras que ocupam, além do direito de preservar suas tradições culturais. Em 2003, o Decreto número .4887/2003 estabeleceu uma política sistematizada de regulamentação e demarcação das terras quilombolas. Porém, mesmo amparadas pêla legislação, a maioria das comunidades quilombolas ainda não conseguiu ter seus direitos garantidos no Brasil.

Ilustração. Vários homens negros trabalhando. À esquerda, um homem, usando chapéu, camisa e calça, está segurando um rastelo com a mão sobre uma plantação de hortaliças. Seguido, um homem usando chapéu, blusa de mangas compridas e calça, está segurando com as mãos um pedaço de madeira. Centralizado, um homem, usando chapéu, camisa e uma calça, está caminhando, com as mãos sobre o chapéu. À direita, outro homem, usando chapéu, camisa e calça, segurando uma enxada com as mãos sobre uma plantação de hortaliças. No fundo, diversas moradias de madeira.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone 'Atividade oral'.

1. Qual é a primeira condição necessária para que uma comunidade quilombola seja reconhecida oficialmente como tal?

Ícone 'Atividade oral'.

2. O que são as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola? Por que documento é importante?

Ícone 'Atividade oral'.

3. Quais direitos a Constituição de 1988 garantiu aos quilombolas? E o Decreto número 4.887/2003, o que estabeleceu?

Ícone 'Atividade oral'.

4. Essas legislações garantiram de fato os direitos dos quilombolas?

Ícone 'Atividade oral'.

5. Em sua opinião, por que é importante que as comunidades quilombolas sejam reconhecidas?

Respostas e comentários

Questões 1 a 5. Respostas nas orientações ao professor.

As questões 1 a 5 da página possibilitam o trabalho com a Competência geral 10, uma vez que proporcionam ao aluno agir com autonomia na busca pêlo reconhecimento das comunidades quilombolas, assim como de seus direitos, colaborando para que as vivências, histórias e culturas dêsses povos recebam visibilidade e sejam respeitadas por todos.

Respostas

1. A primeira condição é que o grupo de pessoas que habita um quilombo se autodefina de acôrdo com determinada identidade étnica e cultural.

2. Trata-se de uma legislação, e sua importância se dá em razão do fato de que ela busca garantir que as instituições escolares quilombolas promovam o respeito aos valores culturais dessas comunidades.

3. A Constituição de 1988 garantiu o direito de posse das terras que os quilombolas ocupam, além do direito de preservar suas tradições culturais. O Decreto número 4887/2003 estabeleceu uma política sistematizada de regulamentação e demarcação das terras quilombolas.

4. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam que, embora a legislação preveja direitos importantes para as comunidades quilombolas, seus direitos são constantemente ameaçados, resultando em retrocessos para essas populações.

5. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam com base nos conhecimentos adquiridos ao longo do estudo da unidade e desta seção. êles podem comentar, por exemplo, que o reconhecimento dessas comunidades é uma maneira de garantir que os quilombolas tenham suas tradições culturais preservadas.

Algo a mais

O livro indicado aborda aspectos da história da África e dos povos africanos e a sua relação com o nosso país.

> , kabenguelê; GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006. (Coleção Para Entender).

O que eu estudei?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

  1. Analise as frases a seguir e, em uma folha de papel avulsa, reescreva as que estão incorretas, corrigindo-as.
    1. A resistência à escravidão se deu de várias fórmas, entre elas, pode-se considerar as rebeliões, os boicotes, as fugas, o estabelecimento de quilombos, a preservação das culturas e a compra de alforrias.
    2. A produção de açúcar era a única atividade econômica presente no perío- do colonial, e os senhores de engenho eram os detentores do maior prestígio social.
    3. As religiões de origem africana tinham sua prática proibida na Colônia, o que fez com que suas manifestações desaparecessem no Brasil.
    4. A União Ibérica favoreceu a presença holandesa no Brasil, pois ela instigou a rivalidade entre holandeses e espanhóis, assim como afrouxou parte da defesa do território.
    5. A presença holandesa no Brasil foi bastante desastrosa para região, que se estagnou econômica e socialmente por causa das guerras de resistência.
  2. Leia o texto a seguir e debata com os colegas de turma sôbre as questões propostas.

reticências A escravidão imposta pelos europeus aos povos africanos operou de fórma bastante diferente. A regularidade e a intensidade do comércio escravocrata atlântico impedem a comparação com outros modelos de escravidão anteriormente praticados, mesmo na própria Europa. O volume de pessoas que foi deslocado de seus locais de origem reticências criou uma categoria social na América, que, completamente privada de direitos e liberdades, compunha a base econômica da sociedade. Para evitar que êsse grupo viesse a se tornar uma ameaça, o desenraizamento cultural e social das pessoas que o compunham se fez de extrema importância. reticências

CHUEIRE, Lúcia. Religiosidades africanas e ameríndias. Curitiba: InterSaberes, 2021. página 7576.

  1. Quais foram os diferentes modelos de escravidão praticados anteriormente pelos europeus?
  2. De acôrdo com a leitura do texto e com seus conhecimentos, o que diferencia êsse modêlo dos demais?
  3. Ao que o texto se refere quando menciona o desenraizamento cultural e social dos povos africanos escravizados?
Respostas e comentários

1. a) Resposta: Correta.

1. b) Resposta: Incorreta. Na Colônia, também havia a prática de outras atividades, realizadas por comerciários, professores, ferreiros, escrivães, alfaiates etcétera, mas estes tinham menor prestígio que os senhores de engenho.

1. c) Resposta: Incorreta. A proibição da prática de seus rituais religiosos fez com que os africanos e seus descendentes buscassem fórmas de manifestar seus credos, sendo, em muitos casos, incorporados às práticas cristãs.

1. d) Resposta: Correta.

1. e) Resposta: Incorreta. A presença holandesa no Brasil incentivou a reativação da produção açucareira da região, a urbanização da cidade de Recife e a produção artística e científica.

2. a) Resposta nas orientações ao professor.

2. b) Resposta nas orientações ao professor.

2. c) Resposta nas orientações ao professor.

1. Objetivos

Esta atividade permite avaliar se os alunos compreenderam os principais aspectos de dominação e ação dos europeus e suas lógicas mercantis, bem como a resistência dos escravizados no Brasil colonial, conhecimentos necessários para desenvolver as habilidades ê éfe zero sete agá ih zero oito e ê éfe zero sete agá ih um três.

Como proceder

Caso algum aluno não identifique os erros das alternativas incorretas, ajude-o a relembrar as dinâmicas dos engenhos e da produção açucareira brasileira no período colonial, ressaltando as fórmas de resistência dos escravizados e o papel de financiadores e intermediários dos holandeses nos engenhos de açúcar.

2. Objetivos

Esta atividade permite avaliar se os alunos compreenderam a diferenciação entre a escravidão moderna e suas distinções em relação ao escravismo antigo e à servidão medieval, conhecimentos necessários para desenvolver a habilidade ê éfe zero sete agá ih um cinco.

Como proceder

Caso algum aluno tenha dificuldade em desenvolver a atividade 2, oriente-o a retomar o estudo sôbre as diferentes fórmas de escravidão na página 214. Ao relembrar a escravidão na Antiguidade e durante a Idade Média, o aluno vai perceber que elas não se assemelham à escravidão moderna, que tem sua dinâmica própria.

Respostas

2. a) Os alunos podem fazer menção às práticas gregas e romanas.

b) A regularidade e a intensidade do comércio, o volume de pessoas deslocadas, a quebra de vínculos culturais e o perfil lucrativo da prática (tráfico).

c) Espera-se que os alunos relacionem o distanciamento da terra de origem e a separação dos africanos de suas famílias e grupos de origem na hora da venda.

Metodologias ativas

Como proposta para a realização da atividade 2, é possível utilizar a metodologia ativa Debate. Para isso, organize os alunos em grupos e proponha um debate sôbre a escravidão após a leitura do texto. êles também poderão reunir outras informações e argumentos sôbre o tema. Veja mais orientações sôbre essa estratégia no tópico Metodologias e estratégias ativas nas orientações gerais dêste manual.

3. Leia o texto a seguir e, depois, responda às questões.

reticências O cultivo, a colheita e o beneficiamento exigiam muitos braços e equipamento caro, tornando a produção do açúcar lucrativa apenas quando feita em grande escala. Daí o predomínio da grande propriedade, pois os pequenos produtores só conseguiam sobreviver transferindo a etapa da transformação da cana em açúcar a um grande senhor de engenho, ao qual pagavam uma porcentagem variável da produção. reticências

MESGRAVIS, Laima. História do Brasil Colônia. São Paulo: Contexto, 2015. página 62.

  1. De acôrdo com o texto, quem eram os sujeitos que tinham o maior contrôle do engenho?
  2. Explique por que os pequenos produtores livres dependiam dos senhores de engenho.

4. Leia o texto a seguir e, depois, responda às questões.

Ainda nos séculos dezesseis e dezessete, a Mata Atlântica, que abastecia os engenhos de madeira, parecia inextinguível. Como qualquer colônia de exploração, o Brasil sofreu a dilapidação brutal de seus recursos naturais. O impacto direto das atividades coloniais sôbre os ecossistemasglossário existentes causou imediatos prejuízos reticências. Animais, vegetais, ervas daninhas e micro-organismos patológicos se disseminaram de fórma voluntária ou não, interferindo na paisagem.

O território não possuía fronteiras limitadas; nele, uma lavoura desgastada era imediatamente substituída por outra. Os conhecimentos agronômicos eram precários e não ajudavam a combater o modêlo usado. Pior, a concessão fácil de terras, sobretudo à elite, estimulava a prática de explorá-las de fórma pouco cuidadosa. reticências

DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma história da vida rural no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. página 4546.

  1. De acôrdo com o texto, quais foram os principais problemas ambientais causados aos ecossistemas no Brasil?
  2. Por quais motivos problemas ambientais ocorreram?
  3. Atualmente, mesmo com conhecimentos agronômicos mais avançados, problemas como a devastação das matas nativas ainda persistem. Por que isso ocorre? Converse com seus familiares e dê sua opinião sôbre isso.
Respostas e comentários

3. a) Resposta: Os grandes senhores de engenho.

3. b) Resposta: Porque a fabricação do açúcar para ser lucrativa demandava a produção em grande escala e altos investimentos, favorecendo a monocultura latifundiária e os senhores de engenho, donos dos latifúndios.

4. a) Resposta nas orientações ao professor.

4. b) Resposta nas orientações ao professor.

4. c) Resposta nas orientações ao professor.

3. Objetivos

Esta atividade permite que os alunos reflitam sôbre a distribuição territorial da população brasileira no período colonial, considerando a diversidade étnico-racial e étnico-cultural dos trabalhadores que atuavam nos engenhos, favorecendo a habilidade ê éfe zero sete agá ih um dois.

Como proceder

Caso algum aluno tenha dificuldade em citar quem eram os sujeitos que tinham o maior contrôle do engenho, bem como a dependência dos pequenos produtores livres em relação a êles, sugira à turma uma resposta coletiva, escrevendo na lousa a dinâmica da estrutura açucareira colonial como os latifúndios e a predominância da mão de obra escravagista.

4. Objetivos

Esta atividade permite que os alunos, ao refletirem sôbre os problemas ambientais causados pêla exploração da Mata Atlântica no território brasileiro, desenvolvam aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 3, pois vão identificar e explicar uma intervenção do ser humano na natureza e na sociedade.

Como proceder

Nesta atividade, leve para a sala de aula imagens que demonstram como a Mata Atlântica passou por um processo de devastação ao longo de sua história, processo que vem se intensificando ao longo das décadas. Imagens com fotos de queimadas estão disponíveis na internet e podem ser usadas para problematizar a intervenção do ser humano na natureza.

Respostas

4. a) Segundo o texto, os principais problemas foram a dilapidação dos recursos naturais do território e a proliferação descontrolada de animais e ervas daninhas que não faziam parte do ecossistema brasileiro, interferindo, assim, na paisagem.

b) Por causa do uso da terra para abastecer os engenhos, com o tempo, os recursos naturais foram se esgotando, causando diversos prejuízos, entre êles a mudança na paisagem com a introdução de espécies não nativas. Além disso, por conta dos conhecimentos precários da agronomia e da facilidade em obter novas extensões de terra, pessoas da elite exploravam o solo descuidadamente, com a finalidade de abastecer os engenhos.

c) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos relacionem os problemas ambientais do passado aos da atualidade.

Glossário

Tafetá
: tecido de fios de seda trançado.
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Ataviar
: enfeitar, embelezar.
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Profusão
: grande quantidade, abundância.
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Ecossistema
: sistema que inclui o conjunto de seres vivos e o ambiente, assim como a relação estabelecida entre eles.
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