CAPÍTULO 18 A descoberta do ouro

No final do século dezessete, após diversas expedições empreendidas no interior do território da Colônia, os bandeirantes paulistas descobriram as primeiras minas de ouro nas proximidades das atuais cidades de Caeté e de Sabará, na região central do estado de Minas Gerais, e, posteriormente, no norte do estado, foram descobertas também jazidas de diamantes.

Em busca do ouro

As descobertas de ouro estimularam o deslocamento de pessoas para regiões de minas, partindo de diversos lugares da Colônia, de Portugal e de outros países. O ouro, com seu alto valor comercial, gerava grandes riquezas, e por isso sua extração lógo se tornou uma das principais atividades econômicas da Colônia.

No início do século dezoito, também foram descobertas jazidas de ouro em outras regiões da Colônia, nos atuais estados de Goiás e do Mato Grosso.

Fotografia. Verso de moeda dourada. No centro, detalhe de relevo de uma cruz. Ao redor, o texto: DOMINVS. ANNO.1762. ET.BRASILIAE.
Moeda portuguesa de 1762 cunhada com ouro extraído do Brasil.

A Guerra dos Emboabas

A chegada de grande quantidade de pessoas de diversas localidades à região das minas gerou tensões entre os bandeirantes paulistas e os forasteiros. Por terem descoberto as minas de ouro, os paulistas acreditavam ter privilégios sôbre sua extração. êles hostilizavam os aventureiros que chegavam e os chamavam, pejorativamente, de emboabas (o que é de fóra). Além disso, os bandeirantes procuravam impor sua autoridade sôbre a divisão dos terrenos a serem explorados.

Os frequentes desentendimentos entre paulistas e emboabas levaram à eclosãoglossário do conflito que ficou conhecido como Guerra dos Emboabas, entre 1707 e 1709. O conflito terminou com a vitória dos emboabas, que expulsaram os paulistas da região. Depois dêsse conflito, a Coroa portuguesa, então, interveio e estabeleceu uma estrutura administrativa para controlar a região e impor seus interêssis.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Compreender o contexto da descoberta do ouro na Colônia portuguesa.
  • Conhecer o cotidiano nas vilas e cidades mineradoras.
  • Reconhecer as fórmas de resistência à escravidão.

Justificativas

Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes para que os alunos analisem a descoberta do ouro no Brasil, no século dezessete, e os impactos que a exploração dêsse metal precioso teve na economia e na sociedade brasileiras, mobilizando o trabalho com as habilidades ê éfe zero sete agá ih um zero e ê éfe zero sete agá ih um três.

Os alunos poderão perceber que a economia aurífera no Brasil não pode ser desvinculada da fôrça de trabalho destinada à extração do ouro, em especial, a escravização de africanos e seus descendentes, favorecendo o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero sete agá ih um cinco e ê éfe zero sete agá ih um seis.

Também são apresentadas diversas fontes históricas aos alunos referentes ao período colonial brasileiro. O trabalho com as fontes permite ainda o desenvolvimento da Competência específica de História 3.


sôbre a Guerra dos Emboabas, comente que o conflito mais sangrento ocorreu no ano de 1708, em Ouro Preto, quando os emboabas dominaram a região. Comente também que os principais líderes dessa guerra foram, do lado dos emboabas, Manuel Nunes Viana, e do lado dos bandeirantes, Borba Gato.

O contrôle da extração de metais

À medida que a extração das riquezas minerais foi se intensificando, a Coroa portuguesa criou fórmasde contrôle dessa atividade para reduzir o contrabando, arrecadar tributos e combater uma grave crise econômica pêla qual passava. O órgão responsável por êsse contrôle foi a Intendência das Minas, criada em 1702.

Inicialmente, foram estabelecidos dois sistemas básicos de contrôle: o quinto e a capitação. O quinto era um imposto que determinava que a quinta parte (20porcentagem) de todo o ouro extraído nas minas coloniais pertencia à Coroa. Para controlar a arrecadação do quinto, a Coroa instalou as chamadas Casas de Fundição (criadas em 1719), por onde todo o ouro extraído deveria passar. Nesses locais, o metal era derretido e a quinta parte dele era retirada para, em seguida, o restante ser transformado em barra, ser marcado com o sêlo real e, finalmente, ser devolvido a seu dono.

Fotografia. Três barras de ouro com detalhes em relevo de brasões e números.
Barras de ouro do século dezoito com o sêlo real.

A capitação consistia na cobrança de uma taxa “por cabeça”, ou seja, por pessoa que ingressava nas minas para explorá-las. Dessa fórma, a capitação era cobrada dos mineradores por pessoas que trabalhassem para êles nas minas, escravizadas ou não, acima de 12 anos, tanto homens como mulheres.

Foi nessa época que, para ampliar o contrôle sôbre a extração do ouro e de sua exportação, ocorreu a transferência da capital da Colônia de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763. O Rio de Janeiro ficava mais próximo da região das minas, o que facilitava a fiscalização e o embarque do ouro para a Europa.

A prática do contrabando

A arrecadação do quinto deveria atingir, por ano, uma cota equivalente a 100 arrobas (equivalente a .1474 quilogramas). Por causa da abundância do ouro, principalmente nas primeiras décadas do século dezoito, essa cota era facilmente alcançada. No entanto, grande parte do ouro extraído ainda era contrabandeada.

Respostas e comentários

Comente com os alunos que, como reação à criação das Casas de Fundição, ocorreu, em 1720, uma revolta em Vila Rica (atual Ouro Preto) conhecida como Revolta de Filipe dos Santos. Essa rebelião reuniu cêrca de 2 mil trabalhadores das minas, que, liderados pêlo comerciante Filipe dos Santos, invadiram a residência do ouvidor-mor (responsável pelos assuntos jurídicos da Colônia) e, depois, seguiram para Ribeirão do Carmo (atual cidade de Mariana) para manifestar suas reivindicações ao governador da região, o conde de Assumar. As principais reivindicações dos trabalhadores eram acabar com as Casas de Fundição, a redução do valor de vários impostos e o fim do monopólio comercial exercido pelos portugueses na Colônia. Com a promessa de estudar as propostas dos revoltosos, o conde de Assumar conseguiu ganhar tempo para, lógo em seguida, ordenar uma violenta reação. Muitos trabalhadores foram presos e tiveram suas moradias incendiadas. Filipe dos Santos foi julgado e condenado à morte por enforcamento. Com o fim da rebelião, também conhecida como Revolta de Vila Rica, o govêrno intensificou o contrôle das vias que davam acesso às minas, instalando vários postos alfandegários nos locais. Neles, eram feitas as cobranças de pedágios para aumentar o contrôle sôbre a circulação de mercadorias e impedir o contrabando.

Pepitasglossário de ouro ou ouro em pó costumavam ser escondidos em diversos locais, como nos saltos das botas, nas selas e entre as ferraduras dos cavalos e dentro de imagens de santos. êsse tipo de estatueta ficou conhecido como “santo do pau oco”. Também era comum treinar escravizados para engolir pepitas de ouro para depois expeli-las, ou esconder o ouro em pó debaixo das unhas.

Escultura. Na parte frontal, uma mulher, usando coroa e manto ao redor do corpo, está segurando uma criança com as mãos. No suporte, detalhes em relevo da face de sete anjos. Na parte de trás, um retângulo vazado nas costas da mulher.
Estatueta de santa feita de madeira e oca, século dezessete.

O trabalho nas minas

O trabalho de extração de metais e de pedras preciosas nas minas envolveu grande número de pessoas das mais diversas condições sociais. Comerciantes, padres, antigos proprietários de engenhos e muitos aventureiros foram para as minas em busca de enriquecimento com a obtenção de ouro e de diamante.

Os escravizados

A maior parte dos trabalhadores na região das minas ao longo dos séculos dezessete e dezoito era composta de pessoas escravizadas.

Nas minas de ouro, o dia a dia de trabalho dessas pessoas era extremamente difícil. Sujeitos a longas jornadas de trabalho, frequentemente realizado com os pés dentro da água para a extração do ouro de aluvião, que era encontrado nos leitos e nas margens dos rios, muitos escravizados eram vítimas de doenças respiratórias. De acôrdo com relatos da época, nessas condições era raro que suportassem mais de sete anos de trabalho nas minas.

O ouro era retirado das margens dos rios ou das encostas dos morros com as bateias, um recipiente de madeira ou metal utilizado para separar o ouro do cascalho. Essa técnica foi trazida pelos africanos e ainda costuma ser utilizada.

Fotografia. Objeto marrom com formato circular.
Bateia do século dezoito.
Respostas e comentários
  • O assunto abordado nestas páginas, relativo às condições de trabalho dos mineradores livres e dos africanos escravizados, assim como aspectos do cotidiano dos tropeiros naquele contexto, favorece uma articulação com a Competência geral 9, pois propicia que os alunos exercitem sua empatia com grupos e a realidade vivida por êles.
  • O tema da escravidão nas minas possibilita trabalhar o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos. Reforce para os alunos que as péssimas condições de trabalho a que os escravizados eram submetidos nas minas os deixavam vulneráveis ao risco de contrair doenças e de morrer. Além disso, êles eram constantemente fiscalizados pelos feitores, que, a qualquer sinal de desobediê­ncia dêsses trabalhadores, aplicavam-lhes as mais terríveis fórmas de castigos. Explique que os africanos e afrodescendentes foram escravizados por mais de trezentos anos no Brasil, o que gerou graves consequências para essas populações ao longo do tempo. Na atualidade, por exemplo, diversos afro-brasileiros encontram-se em condição de marginalização.

Além disso, os escravizados enfrentavam vários riscos durante a atividade de extração, como afogamento ou soterramento com o rompimento dos suportes de contenção que havia nas represas, nas barragens ou nos túneis escavados nas encostas dos morros.

Os faiscadores

Os mineradores que procuravam faíscas de ouro no leito dos rios eram chamados de faiscadores. êles não possuíam minas e podiam ser homens livres ou escravizados. O texto a seguir trata da situação de muitos faiscadores no período colonial.

exploradores viviam como nômades, deslocando-se conforme o esgotamento dos veios de ouro. Não tinham ferramentas apropriadas e, em vários casos, extraíam o ouro com as próprias mãos. A enxada pequena, chamada de almocafre [...], foi uma ferramenta importante usada para a remoção do cascalho. [...]

GONÇALVES, Andréa Lisly; KANTOR, Iris. O trabalho em Minas colonial. São Paulo: Atual, 1996. página 13. (A Vida no Tempo do Ouro).

Faiscadores livres e escravizados trabalhando na extração de ouro na Colônia. Em primeiro plano, um faiscador aparece usando um almocafre.

Gravura em preto e branco. À esquerda, três pessoas. Uma segura um objeto com as mãos, uma pessoa negra inclinada com uma enxada e a outra em pé, segurando um bastão. No centro, uma pessoa negra, inclinada com uma enxada na mão e, ao lado, um homem, ajoelhado, segurando um objeto. Eles estão perto de um corpo de água. Ao fundo, relevos e vegetação.
Gravura de artista desconhecido, feita no século dezenove.

Comerciantes e tropeiros

O rápido aumento populacional nas regiões das minas causou um grave problema de falta de alimentos. Entre o final do século dezessete e o início do século dezoito, ocorreram várias crises de fome, que resultaram na morte de centenas de mineradores.

A circulação de mercadorias era muito restrita na região das minas, pois os caminhos que eram percorridos até a chegada dos produtos ao local eram longos e precários. Além disso, a Coroa cobrava vários impostos pêlas mercadorias, pelos animais e pelos escravizados que circulavam na Colônia, o que encarecia os produtos vendidos pelos comerciantes.

Respostas e comentários

Atividade a mais

  • O trabalho na mineração, por ser uma atividade pesada e desgastante, exigia grande esfôrço físico. Além disso, comprometia o sistema respiratório dos trabalhadores, principalmente por causa da exposição à poeira que se formava próximo às jazidas. Ao tratar dêsse tema, realize uma articulação com o componente curricular de Ciências. Comente que a silicose é uma das doenças provocadas pêla constante exposição à poeira (pó de sílica, componente principal da areia) resultante da trituração de rochas. Sugira aos alunos que realizem uma pesquisa a respeito dessa doença pulmonar. Se possível, promova essa atividade em parceria com o professor dêsse componente curricular. Para orientar a atividade, proponha os tópicos a seguir. > A silicose no século dezoito. > A silicose na atualidade. > Sintomas e causas da silicose. > Prevenção e tratamento da silicose. > Outras doenças respiratórias que atingem os trabalhadores das minas.
  • Oriente-os a anotar as informações obtidas no caderno para que possam compartilhá-las com os colegas.

Nesse contexto, os tropeiros passaram a desempenhar importante papel na sociedade mineradora. Conduzindo tropas de mulas, êles transportavam diversas mercadorias no lombo dos animais. Da atual Região Nordeste, levavam a carne-sêca (ou charque) e o gado vivo (também chamado de carne-verde); da atual Região Sul, levavam alimentos como farinha de trigo, marmelada, azeite e vinho.

O trabalho dos tropeiros de percorrer os diversos caminhos pêlo interior do território foi um fator importante para a integração das diferentes regiões do Brasil.

reticências [Os] tropeiros estiveram por trás do reticências desenvolvimento das atividades mineiras e do abastecimento do interior do Brasil, principalmente nas regiões em que faltavam rios navegáveis. A circulação interna da Colônia, assim como o transporte de produtos e bens, só podia ser feita em lombo de mula. Funcionando como verdadeira correia transmissora de mercadorias, cartas, recados e informações, tropas e tropeiros durante mais de um século ligaram pessoas nos pontos mais diversos da Colônia. reticências

DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma história da vida rural no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. página 8182.

Os tropeiros e a fundação de cidades

Para abastecer o interior do Brasil, os tropeiros percorriam longos trajetos. Do atual estado do Rio Grande do Sul, tropas de mulas eram conduzidas até a cidade de Sorocaba, em São Paulo, onde eram comercializadas em feiras de muaresglossário . De Sorocaba, as mulas eram levadas para as regiões de mineração carregadas de produtos.

Nos caminhos percorridos pelos tropeiros, a partir dos pontos de parada (acampamentos, pousos, ranchos), surgiram pequenos núcleos populacionais, que cresceram e tornaram-se cidades. Além de Sorocaba, formaram-se diversas outras cidades, como Avaré, Cabreúva e Itapetininga, no atual estado de São Paulo, e Castro, Lapa e Ponta Grossa, no atual estado do Paraná.

Pintura. Uma cabana com colunas de madeira e teto de palha. Dentro dela, vários sacos empilhados. Ao redor, pessoas conversando e cavalos. Ao fundo, vegetação.
Pouso de tropeiros, de Franta Richter. Óleo sôbre tela, 146centímetrospor110centímetros, 1826.
Respostas e comentários
  • Comente a existência de um profissional característico no período colonial, que era o tropeiro, ou seja, o comerciante de alimentos e de gado, que conduzia as tropas por longas distâncias, das fazendas de pecuária até as feiras, nas quais eram vendidos os animais. A influên­cia dos tropeiros na cultura brasileira de certas regiões, como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, é muito grande, podendo ser identificada até a atualidade.
  • Discorra sôbre outras cidades que foram fundadas pelos tropeiros, entre elas: Resende, no estado do Rio de Janeiro; Lapa e Castro, no estado do Paraná; e São João del Rei, em Minas Gerais. Comente as heranças culturais dos tropeiros: na culinária, feijão-tropeiro, vaca atolada e arroz carreteiro; e, quanto às festas, a Festa do Tropeiro, a Folia de Reis e a Folia de São Sebastião, entre outras. Além da herança cotidiana, a cultura dos tropeiros também inspirou a construção de museus, como o Museu do Tropeiro de Boituva e a Casa do Tropeiro, em Sorocaba, ambos no estado de São Paulo; assim como o Museu do Tropeiro em Castro, no Paraná; e o Museu do Tropeiro em Itabira, Minas Gerais.

Atividade a mais

  • Proponha aos alunos a seguinte atividade complementar, que possibilita uma articulação com o componente curricular de Língua Portuguesa. Peça a êles que pesquisem a origem de certos têrmus, expressões e ditos populares que até hoje fazem parte do nosso vocabulário e que têm relação com o tropeirismo. Escreva na lousa uma lista: “Picou a mula” (esporeou o animal para êle correr, significa sair rapidamente, fugir); “caiu do cavalo” (caiu do animal, significa que se frustrou, não conseguiu o que queria); “pêla andadura da besta se conhece o montador” (pêlo ritmo da tropa se sabe como o condutor a leva, significa que se conhece uma pessoa pêlo que ela faz); “deu com os burros n’água” (errou o caminho e acabou caindo em um rio ou área alagada, significa que o que fazia não deu certo, o resultado foi ruim).
  • Sugira aos alunos que encontrem outras expressões e seus significados e construam um painel com as frases para expor em sala de aula.

A vida nas vilas e nas cidades

Nos séculos dezessete e dezoito, formaram-se diversas vilas e cidades nas regiões de mineração. No atual estado de Minas Gerais, foram fundadas Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina; no atual estado de Goiás, as cidades de Jaraguá, Pirenópolis e Corumbá. E no atual estado do Mato Grosso, as cidades de Cuiabá e Diamantino.

O crescimento das cidades proporcionou o aumento populacional e a proliferação de atividades profissionais. Além dos mineradores, havia barbeiros, religiosos, militares, alfaiates, pedreiros, comerciantes, advogados, médicos, entre outros.

Conheça a seguir alguns aspectos do cotidiano urbano nesses lugares.

A moradia

As moradias nas cidades coloniais costumavam ser bastante simples, feitas de taipa e pilares de madeira. Os telhados das moradias mais simples podiam ser de palha ou sapé, enquanto os das moradias mais ricas eram cobertos com telhas de barro.

Muitas casas, mesmo as que pertenciam aos mais ricos, tinham o piso de terra batida. Algumas construções, chamadas de sobrados, eram feitas com materiais mais resistentes e possuíam dois andares, cujo piso superior era feito de madeira.

Fotografia. Duas moradias, uma do lado da outra. Á esquerda, casa branca com detalhes em vermelho com três janelas e uma porta amarela. Ao lado, casa verde com quatro janelas e portas, também verdes.
Casario colonial construído no século dezoito, no distrito de Lavras Novas, Ouro Preto, Minas Gerais, em 2021.
Respostas e comentários
  • Explique aos alunos que, com o aumento da população e a urbanização das vilas coloniais mineradoras, ocorreram algumas modificações. A população era muito diversificada, vinda de várias partes do território e, com a riqueza gerada pêla mineração, começou a construir casarões e igrejas, passando a proporcionar desenvolvimento artístico na região. Vale ressaltar que a urbanização e a modernização não ocorreram de fórma igual em todo o território, sendo essas vilas mineradoras os principais exemplos.
  • O estudo da movimentação populacional e das mudanças promovidas favorece o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih um dois, que aborda a distribuição da população brasileira em diferentes épocas, neste caso, no período colonial.

Algo a mais

Para conhecer mais fotos e outras imagens da cidade de Ouro Preto, acesse o documento indicado a seguir.

> MACHADO, Érika P.; QUEIROZ, Maria da Graça Soto. Ouro Preto: imagens. Brasília, Distrito Federal: ifãn/Programa Monumenta, 2008. Disponível em: https://oeds.link/XwRf3V. Acesso em: 18 junho 2022.

A alimentação

Os principais alimentos consumidos nas cidades eram a farinha de milho, o feijão e o charque. A carne fresca era difícil de ser conservada, por isso era pouco consumida. O sal era usado tanto para temperar como para conservar os alimentos. Costumava-se almoçar pêla manhã, quando o Sol raiava, e o jantar ocorria entre o meio-dia e as 14 horas, havendo, ainda, uma ceia à noite.

Os hábitos de higiene

Muitos hábitos de higiene nas cidades coloniais eram diferentes dos que costumamos praticar hoje em dia, como tomar banho, usar o banheiro, entre outros.

Algumas práticas eram realizadas fóra de casa, como o banho diário, hábito aprendido com os indígenas e que era feito em rios, riachos ou lagoas. Nesses locais também lavavam-se roupas e outros objetos. Somente nas casas das pessoas mais ricas havia uma sala específica, a chamada “casa de banho”, onde se tomava banho em bacias.

As necessidades fisiológicas eram feitas geralmente fóra de casa, nos quintais ou no mato. Em alguns casos, eram feitas em urinóisglossário , para depois serem jogadas na rua ou nos rios.

Fotografia. Objeto, em formato cilíndrico e detalhes em relevo, com alça e tampa.
Urinol do século dezenove feito de louça.

O estilo barroco e a religião católica

A religião católica estava muito presente no dia a dia dos habitantes da Colônia. Acontecimentos da vida de uma pessoa, como o nascimento, o batismo ou o matrimônio, eram celebrados com rituais religiosos.

Nas cidades coloniais, a presença marcante da religião católica podia ser observada na grande quantidade de igrejas e de santuários. A maioria dêsses edifícios era construída com muita exuberância e com a utilização de materiais nobres, como o ouro, e decorada com esculturas e pinturas de estilo barroco.

Respostas e comentários

O estilo Barroco foi um contraponto à arte renascentista, que valorizava a harmonia e a racionalidade. No cenário europeu, com a ascensão das ideias protestantes e das propostas da Contrarreforma, as monarquias e a Igreja católica viram nesse estilo artístico uma possibilidade de influenciar as pessoas de fórma mais marcante. Nesse contexto, foi desenvolvido o movimento Barroco, propondo dualismo e ezagêru nos contrastes, dramaticidade e emoções em suas composições.

Um texto a mais

Para conhecer mais a respeito do tema da transição entre Renascimento e Barroco, leia o texto a seguir.

Por volta de 1520, todos os amantes de arte nas cidades italianas pareciam concordar em que a pintura atingira o auge da perfeição. Homens como Miguel Ângelo e Rafael, Ticiano e Leonardo, tinham realmente feito tudo o que gerações anteriores haviam tentado fazer. reticências Tinham mostrado como combinar beleza e harmonia com inexcedível correção, e – conforme se dizia – tinham até superado as mais célebres estátuas da Antiguidade grega e romana. reticências Mas nem todos os moços artistas dêsse período eram tão néscios ao ponto de acreditarem que tudo o que se pedia da arte era uma coleção de nus em posturas difíceis. Na verdade, muitos duvidaram de que a arte pudesse ter chegado a um ponto morto, de que fosse impossível suplantar os mestres famosos das gerações anteriores, se não em seu tratamento das fórmas humanas, então, quem sabe, em algum outro aspecto. Vários artistas quiseram excedê-los em matéria de invenção. Empenharam-se em uma pintura plena de significação e sabedoria – tanta sabedoria, de fato, que ela se tornasse obscura, exceto para os mais doutos. reticências Ainda outros queriam atrair a atenção fazendo suas obras menos naturais, menos óbvias, menos simples e harmoniosas do que as criações dos grandes mestres. Pareciam argumentar que essas criações eram realmente perfeitas – mas a perfeição não é eternamente interessante. Uma vez familiarizados com ela, deixa de causar qualquer excitação estética. Assim, visava-se agora o surpreendente, o inesperado, o insólito. reticências

Gâmbritch, E. H. A História da Arte. Tradução: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1985. página 277278.

História e Arte

O barroco no Brasil

O barroco foi um movimento artístico que surgiu na Europa no final do século dezesseis e caracterizou-se pêla dramaticidade das representações humanas, dos sentimentos e das emoções; pêlo uso de contrastes de luz e sombra nas pinturas; pêla exuberância das decorações e ornamentações arquitetônicas; entre outros elementos. estilo de arte se manifestou na pintura, na escultura, na arquitetura, na literatura e na música.

Fotografia. Fachada de uma construção, branca e detalhes em marrom, com duas torres laterais com sino. Na parte superior central, uma cruz. Na frente, portão e várias esculturas de figuras humanas.
Fachada da basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, Minas Gerais, construída em estilo barroco no século dezoito, em 2020.

Por suas características, o barroco era usado pelos reis europeus como fórma de ostentar sua riqueza, com a presença de elementos arquitetônicos excessivamente ornamentados. Além disso, a arte barroca foi usada pêla Igreja católica na exaltação de sua doutrina. Leia sôbre êsse assunto no texto a seguir.

reticências A arte barroca europeia também influenciou a decoração e a arquitetura das igrejas. Os padres católicos achavam importante que suas igrejas fossem belas, enormes e que impressionassem seus fiéis, assim como os reis faziam em seus palácios. A arte barroca criava uma atmosfera que transportava as pessoas que entravam nas igrejas para um mundo de encantamento e beleza, ao mesmo tempo em que impunha respeito e humildade.

No século dezoito, este jeito europeu de pintar e decorar igrejas foi trazido para o Brasil pelos portugueses e pelos padres jesuítas. reticências Enquanto o Barroco na Europa já entrava em decadência, a arte barroca no Brasil estava começando a florescer. reticências

ROSA, Nereide Santa. Relevos e curvas: o Barroco no Brasil: séculos dezessete a dezenove. Rio de Janeiro: , 2006. página 1011. (Coleção História da Arte Brasileira para Crianças).

Fotografia. Fachada de construção, marrom com detalhes em relevo e duas torres laterais. Na parte superior central, uma cruz. Na parte inferior, uma porta grande e central e escadaria. Há várias pessoas em volta da construção.
Fachada da igreja San Carlo Borromeo, em Noto, Itália, construída em estilo barroco no século dezoito, em 2021.
Respostas e comentários

O trabalho com diferentes expressões artísticas e estilos estéticos favorece o desenvolvimento da Competência geral 3 da Bê êne cê cê.

Atividade a mais

Como abordado na página, o estilo Barroco desenvolveu-se na Europa e influenciou o Barroco brasileiro. Isso pode ser percebido nas fotos das duas igrejas. Promova uma integração com o componente curricular de Arte, analisando, junto ao professor dêsse componente, as características da arquitetura barroca, o estilo retratado. Ressalte a fachada bem elaborada e a presença das torres laterais. Para auxiliar na caracterização da arquitetura barroca, acesse o texto indicado a seguir.

> TIRAPELI, Percival. Igrejas barrocas do Brasil: regiões Nordeste e Norte. Disponível em: https://oeds.link/42kdmq. Acesso em: 18 junho 2022.


Algo a mais

êsse livro trabalha a arte do período colonial brasileiro por meio de uma abordagem atraente para o universo infantil.

> , mérilin . Arte barroca para crianças. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Investigando fontes históricas

A riqueza do barroco brasileiro

No Brasil, a arte barroca desenvolveu-se principalmente nos atuais estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. De modo geral, os atributos do barroco europeu foram preservados no Brasil. Porém, aqui, êsse estilo ganhou traços singulares, entre êles o amplo uso de materiais como a madeira, a pedra-sabão e o ouro na composição de esculturas e nas decorações.

As características do barroco podiam ser percebidas por meio da grande expressividade das representações humanas e dos santos, da dramaticidade, da preocupação com os detalhes e com as ornamentações no interior das igrejas e dos edifícios públicos. A influência barroca estava presente na arquitetura, na decoração das construções, nas artes plásticas e também na música dêsse período.

Um dos principais artistas do barroco brasileiro foi Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), mais conhecido como Aleijadinho, o qual produziu estátuas e desenvolveu projetos arquitetônicos, principalmente de igrejas, que estão preservados até hoje em cidades mineiras como Ouro Preto, Tiradentes e Sabará. Outro importante artista do barroco foi Manuel da Costa Ataíde (1762-1830), cujas pinturas ainda podem ser vistas no interior de diversas igrejas de Minas Gerais.

Observe a seguir algumas obras em estilo barroco produzidas no Brasil, durante os séculos XVIII e XIX.

Essa escultura feita por Aleijadinho é composta de dois blocos de pedra-sabão, unidos na altura do pescoço. Ela encontra-se no adroglossário da basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, Minas Gerais.

Escultura. Homem, com barba e usando um manto cobrindo os cabelos, está de pé segurando um pergaminho aberto. No pergaminho há detalhes em relevo.
Profeta Isaías, de Aleijadinho. Pedra-sabão, 2,01 medida do de altura, 1800. Foto de 2021.
Respostas e comentários

Objetivos

  • Conhecer o Barroco brasileiro.
  • Identificar as características do Barroco brasileiro em obras de arte.
  • Relacionar a arte barroca brasileira à sociedade colonial.

  • O trabalho com o tema destas páginas favorece uma abordagem de aspectos da Competência geral 3, pois incentiva a valorização e a fruição de manifestações artísticas e culturais, no caso, as obras do estilo Barroco.
  • sôbre Aleijadinho, comente com os alunos que o artista nasceu em Vila Rica, em 1738. Filho de um português com uma escravizada, êle era, portanto, considerado escravizado, mas foi liberto por seu pai. Destacou-se por suas esculturas em pedra-sabão, sendo o Barroco seu principal estilo. Apesar de ter executado obras grandiosas e de grande valor artístico, morreu pobre em Ouro Preto, e suas obras foram reconhecidas como importantes muito tempo depois.

Algo a mais

No site do Museu Aleijadinho é possível ter acesso a uma linha do tempo com diversas informações acêrca das produções dêsse artista brasileiro.

> Museu Aleijadinho. Disponível em: https://oeds.link/dtGJX7. Acesso em: 18 junho 2022.


As pinturas barrocas decoravam as paredes e os tetos das igrejas. As côres fortes, como vermelho e azul, eram comuns, e os temas faziam referência à religião católica. Em alguns casos, é possível perceber personagens afrodescendentes, traço singular do barroco brasileiro.

Pintura. Centralizado, uma mulher, usando um vestido azul, está com as mãos juntas na frente do corpo. Ao redor, diversos anjos entre as nuvens. Nas margens, contornos de azul e vermelho com quatro colunas.
Assunção da Virgem, de Manuel da Costa Ataíde. Óleo sôbre madeira, 1804. Teto da igreja São Francisco de Assis, na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais.

Agora, analise a obra a seguir e faça o que se pede.

Pintura. Centralizado, homem, com barba e cabelos na altura do ombro, usando túnica vermelha e um tecido azul ao redor do corpo, está sentado em frente a uma mesa com alimentos.  Ele olha para cima, com os olhos abertos e raios de luz saem de sua cabeça.  Ao redor, homens, usando túnicas coloridas, estão sentados em volta da mesa. Alguns estão olhando para o homem no centro e outros conversado. Nas laterais, há pessoas em pé. Algumas estão segurando bandejas com alimentos.
A última ceia, de Manuel da Costa Ataíde. Óleo sôbre tela, 467centímetrospor273centímetros, 1828. Acervo do Santuário do Caraça, Catas Altas, Minas Gerais.
Ícone ‘Atividade oral’.

1. Descreva a cena representada na pintura.

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Identifique algumas características do estilo barroco na pintura, como no uso de côres, na expressão das pessoas representadas e no tema da obra.

Ícone ‘Atividade oral’.

3. Em sua opinião, o que as características do estilo barroco podem nos dizer sôbre a sociedade colonial do século dezoito? A arte pode representar o modo de viver e de pensar de determinada sociedade e determinado tempo? Explique.

Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

Auxilie os alunos na observação das fotografias das páginas, instigando-os a procurar e a identificar nelas as características do Barroco brasileiro, o que favorece o trabalho com a Competência geral 3.

Respostas

1. A pintura aborda um tema religioso: a última ceia de Jesus antes de sua crucificação. A cena mostra Cristo representado no centro e com destaque, e os apóstolos sentados à mesa. Há também outras pessoas, algumas servindo.

2. A obra de Manuel da Costa Ataíde apresenta côres fortes e vibrantes, principalmente em tons de azul e vermelho; a expressão das pessoas representadas é de dramaticidade; e o tema da obra é religioso. Portanto, todos elementos estão presentes no estilo Barroco.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que o estilo Barroco, com a opulência e o rebuscamento das obras, relaciona-se à atividade mineradora desenvolvida principalmente onde se localiza atualmente o estado de Minas Gerais. É esperado também que os alunos compreendam a arte como expressão cultural e como vestígio histórico por excelência, capaz de nos fornecer diversas ideias e noções da época em que foi produzida.

Resistência, cultura e identidade

Durante o desenvolvimento da atividade mineradora, as fórmas de resistência à escravidão ampliaram-se e outras manifestações foram surgindo, passando a fazer parte do cotidiano das pessoas escravizadas.

Irmandades

A partir do século dezessete, em diversas regiões da Colônia, desenvolveram-se associações religiosas vinculadas às práticas católicas. grupos formavam as chamadas irmandades e uniam as pessoas de acôrdo com sua posição social.

Os africanos e os afrodescendentes, escravizados e livres, também constituíam irmandades. Para êles, grupos eram uma fórma de representação social, de assistência e auxílio mútuos, além de um ambiente de convívio.

As irmandades eram espaços de sociabilidade nos quais se promoviam celebrações e missas e onde seus membros se encarregavam da manutenção das igrejas e das sepulturas. No caso dos escravizados, as irmandades podiam contribuir para a conquista da alforriaglossário de seus membros.

Para entrar em uma irmandade, era necessário o pagamento de um valor de entrada e outro anual, chamado de esmola. Nesta imagem, vemos a representação de pessoas pagando a esmola da irmandade.

Pintura. Dividida em três partes. Na parte superior, uma pessoa negra segurando uma corda presa a um poste de luz. Ao lado, um homem negro segurando um objeto em forma de funil sobre a cabeça. Centralizado, uma mulher negra, com vestido e tecido sobre a cabeça, está inclinada segurando uma bengala. Ao lado, um homem, usando batina, está com a mão estendida na direção da mulher. Atrás, um homem, usando casaco, está de costas com a mão estendida na direção de uma janela. Na parte inferior à esquerda, um homem de batina amarela carregando um saco vermelho. Ao lado, uma pessoa com uma bacia sobre a cabeça leva a mão em direção ao saco vermelho. Por perto, um homem negro, com roupas pretas, segura um bastão e um saco vermelho. Na parte inferior à direita, uma mulher, com lenço branco na cabeça, segura um saco branco na direção de uma pessoa. Ao lado,  pessoas negras com roupas azuis e vermelhas.
Coleta de esmolas para as irmandades, de Jan- debrê. Aquarela, 69,65centímetrospor93,27centímetros, 1820.

Nas irmandades, as pessoas buscavam maior autonomia e contavam com a solidariedade para garantir melhores condições de vida em comunidade. Com autonomia, as pessoas se tornam mais participativas e protagonistas, tomando suas próprias decisões.

Respostas e comentários

O tema da resistência das pessoas escravizadas permite a articulação com o tema contemporâneo transversal Educação para a valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras. Ressalte que, mesmo após a alforria, a população africana e afrodescendente da Colônia continuou a sofrer racismo e discriminação, ficando à margem da sociedade da época. Para enfrentar essa situação adversa, os africanos e afrodescendentes, livres e escravizados, formaram grupos de apôio mútuo e solidariedade, como as irmandades. Nesses espaços, essas populações podiam desfrutar de liberdade para vivenciar a própria identidade.

Um texto a mais

Leia a seguir um texto sôbre o desenvolvimento das irmandades religiosas no Brasil.

reticências

Desde o inicio do século XVII, multiplicaram-se na América as irmandades negras, ou confrarias, como espaços de sociabilidade e de construção de identidade dos cativos. No Brasil, as lideranças dêsses grupos, que desempenhavam papel não apenas religioso, mas também de intermediação política dos cativos com os senhores e com as autoridades, ficaram conhecidos como reis Congo. Eram eleitos pêlas irmandades de Nossa Senhora do Rosário ou de São Benedito. Não eram os continuadores dos antigos reis do Congo, mas lideranças novas, cuja autoridade adaptava-se às condições impostas pêlo cativeiro.

Ocorreu um processo de ressignificação dos cultos e práticas das religiões tradicionais africanas, entre si e com o catolicismo oficial. No Brasil, a origem dos “terreiros” encontra-se nas fórmas de convivência criadas nas senzalas, a habitação coletiva dos escravos. Ali seriam juntadas num mesmo espaço divindades e entidades de proveniência diversa na África. Daí as profundas correspondências entre o candomblé brasileiro, a santeria de Cuba e o vodu do Haiti, onde são cultuadas as entidades sagradas, designadas orixás, ou voduns. Suas raízes encontram-se entrelaçadas aos cultos realizados nos antigos reinos de Benin e Daomé, através dos quais se projeta no além o culto aos preexistentes, aos ancestrais.

reticências

MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013. página 118119.

Religiosidade e celebrações

Muitas irmandades de afrodescendentes mantinham vivos os traços da religiosidade africana. Assim, práticas católicas e práticas religiosas originadas na África acabaram convivendo nos ritos e nas crenças cotidianas no Brasil.

A religiosidade e as celebrações que se desenvolveram no período colonial ainda estão presentes em diversas manifestações culturais do Brasil na atualidade. As congadas, por exemplo, eram celebrações em que se coroavam representantes da região do Congo. No Brasil, essa manifestação cultural é celebrada em diferentes regiões e passou por várias mudanças e adaptações no decorrer dos anos, embora preserve muitas de suas características tradicionais.

Em todo o país, são realizados, até os dias de hoje, rituais, festas e manifestações de origem africana, os quais expressam a resistência da cultura e da identidade afrodescendente. São exemplos disso o jongo, a capoeira, o maracatu e o samba de roda.

Atualmente, essas manifestações culturais citadas são consideradas Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pêlo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (ifãn). Como tal, essas manifestações são protegidas, preservadas e valorizadas por serem elementos importantes da cultura e da identidade das comunidades afrodescendentes, formadoras do atual povo brasileiro.

Fotografia. Mulheres e crianças negras, com saias estampadas e coloridas, dançando. Ao fundo, um homem sentado sobre um tambor.
Quilombolas durante apresentação de jongo no Quilombo Boa Esperança, em Presidente kenedí, Espírito Santo, em 2019.
Respostas e comentários

Sugestão de avaliação

Leia para os alunos o texto a seguir, que trata da celebração do Triunfo Eucarístico em homenagem à inauguração da igreja de Nossa Senhora do Pilar. Depois, peça -lhes que realizem a atividade sugerida.

reticências

cêrca de um mês antes da data marcada para a consagração da nova matriz, arautos mascarados saíram às ruas para anunciar o acontecimento. Bandeiras coloridas estampando a imagem de Nossa Senhora do Rosário e a custódia do sacramento foram a seguir expostas à veneração pública reticências.

Os festejos iniciaram-se com a apresentação de dançarinos mascarados e luxuosamente vestidos, bailando ao som de harmoniosa música. A vila estava toda enfeitada com luminárias, pequenas tigelinhas de barro cheias de óleo de baleia e com uma mecha de algodão acesa. Várias danças se sucediam: a dos mouros e de cristãos, a dos deuses pagãos, com a presença de ninfas, ventos e planetas, a dos romeiros, a dos músicos. reticências

A diversidade de instrumentos musicais não ficava atrás da pompa coreográfica dos cortejos. Os ritmos profanos e marciais se mesclavam a alegorias mitológicas, à sonoridade de instrumentos africanos e à interpretação das peças sacras. Entre negros vestidos de seda e cobertos de plumas, tocando címbalos, pífanos e trombetas, encontrava-se um músico alemão que tocava clarim. Uma imensa variedade de sons rasgava o ar, enquanto os fiéis, piedosamente, desfilavam os estandartes e as imagens religiosas.

DEL PRIORE, Mary. Religião e religiosidade no Brasil colonial. São Paulo: Ática, 1994. página 4243. (História em movimento).

  • Peça aos alunos que produzam um texto explicando o conceito de sincretismo religioso e como êle se manifestava na cultura brasileira do século dezoito. Eles devem comentar também os aspectos atuais relacionados a êsse fenômeno, utilizando informações do capítulo, do texto apresentado e, se necessário, de materiais pesquisados na biblioteca ou na internet.
  • Ao final da atividade, verifique se compreenderam o conceito abordado e se o relacionaram com os conteúdos da unidade. Se necessário, retome o texto com êles, fazendo uma leitura oral, a fim de esclarecer possíveis dúvidas.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Com a descoberta de ouro e de diamantes, ocorreram transformações econômicas, na ocupação do território e na demografia colonial. Explique essas transformações.
  2. Quais eram os objetivos da Coroa portuguesa ao aumentar as medidas de contrôle e fiscalização sôbre a atividade mineradora na Colônia?
  3. Explique a importância do trabalho dos tropeiros para o contexto da mineração.
  4. Como atuavam as irmandades religiosas formadas por afrodescendentes no período colonial?

Aprofundando os conhecimentos

Ícone 'Ciências Humanas em foco'.

5. A extração e a exportação do ouro para a Europa representaram, a partir do século dezessete, umas das principais atividades econômicas da Colônia e conviveram com as outras fórmas de exploração de recursos naturais. Analise o gráfico, relacione as informações com o que você estudou e faça o que se pede.

Exportações da Colônia (1550-1800)

Gráfico. Exportações da Colônia (1550-1800). Gráfico em barra, Milhões de libras esterlinas por ano. Ano: 1550: Açúcar: aproximadamente 0,3 Milhões de libras esterlinas. 1600: Açúcar: 2,3 Milhões de libras esterlinas. 1650: Açúcar: aproximadamente 3,7 Milhões de libras esterlinas. Outros (pau-brasil, couro, tabaco, algodão etcetera): aproximadamente 0,2 Milhões de libras esterlinas. 1700: Açúcar: aproximadamente 1,7 Milhões de libras esterlinas. Ouro: aproximadamente 0,4 Milhões de libras esterlinas. Outros (pau-brasil, couro, tabaco, algodão etcetera): aproximadamente 0,3 Milhões de libras esterlinas. 1750: Açúcar: aproximadamente 2,3 Milhões de libras esterlinas. Ouro: aproximadamente 1,8 Milhões de libras esterlinas. Outros (pau-brasil, couro, tabaco, algodão etcetera): aproximadamente 0,4 Milhões de libras esterlinas. 1760: Açúcar: aproximadamente 2,4 Milhões de libras esterlinas. Ouro: aproximadamente 2,2 Milhões de libras esterlinas. Outros (pau-brasil, couro, tabaco, algodão etcetera): aproximadamente 0,5 Milhões de libras esterlinas. 1800: Açúcar: aproximadamente 1,2 Milhões de libras esterlinas. Ouro: aproximadamente 0,7 Milhões de libras esterlinas. Outros (pau-brasil, couro, tabaco, algodão etcetera): aproximadamente 1,5 Milhões de libras esterlinas.

Fonte de pesquisa: FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (éfe gê vê). Atlas histórico do Brasil. Disponível em: https://oeds.link/03EXWw. Acesso em: 4 abril 2022.

Respostas e comentários

1. Resposta nas orientações ao professor.

2. Resposta: A Coroa portuguesa pretendia controlar melhor a atividade de extração do ouro para diminuir os casos de contrabando, arrecadar tributos e combater a crise econômica pêla qual vinha passando.

3. Resposta: Os tropeiros transportavam diversos tipos de mercadorias, sobretudo alimentos, para as regiões das minas, suprindo as localidades mais afastadas e auxiliando na integração dos territórios coloniais.

4. Resposta: As irmandades religiosas eram espaços de sociabilidade, nos quais os africanos e os afrodescendentes podiam preservar traços de sua cultura e de sua religiosidade. Elas formavam associações que promoviam ajuda mútua, com a arrecadação de recursos para a compra de alforrias entre os associados.

  • As atividades desta página abordam a habilidade ê éfe zero sete agá ih um três ao permitir aos alunos caracterizar as atividades econômicas na Colônia a contar da descoberta de ouro e diamante nas regiões do interior.
  • Por meio de gráfico proposto na atividade 5, é possível analisar o lucro proveniente do fluxo de exportação de recursos naturais brasileiros, segundo a lógica mercantil europeia, desenvolvendo a Competência geral 4. Essa atividade também contempla aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7, ao mobilizar conhecimentos dos componentes curriculares de História e de Geografia na análise do gráfico apresentado.
Ícone 'Ciências Humanas em foco'.

Resposta

1. A descoberta de ouro e de diamantes proporcionou um crescimento do fluxo de pessoas para as regiões das minas, aumentando também o povoamento do interior do território brasileiro. Muitas pessoas vieram de Portugal e de outros países com o objetivo de explorar os minérios. Além disso, a economia do Brasil colonial dinamizou-se, pois formaram-se várias vilas e cidades, que passaram a necessitar de produtos e serviços diversos.

  1. Identifique o período em que ocorreu maior aumento da exportação de ouro em comparação com outros períodos.
  2. Podemos afirmar que a exploração do ouro era a única atividade econômica da Colônia entre 1550 e 1800? Justifique com as informações do gráfico.
  3. Nesse mesmo período, como eram as exportações dos outros produtos? Comente.

6. Os participantes de uma irmandade religiosa deviam seguir alguns compromissos ao ingressar na instituição. Leia e interprete a seguir algumas das obrigações assumidas pelos integrantes da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, que foi criada no século dezoito. Depois, responda às questões.

reticências

capítulo 14 – Os corpos dos nossos irmãos falecidos serão sepultados na nossa igreja.

capítulo 21 – O irmão enfermeiro terá a seu cargo saber se falta algum irmão à sua obrigação, e se é por causa de alguma enfermidade dará parte ao irmão juiz e aos demais irmãos para que o visitem reticências. Dar-lhe-ão alguma esmola em dinheiro e, se morrer, uma mortalhaglossário .

capítulo 22 – Se algum irmão não satisfizer seus anuais por cair em conhecida pobreza, nem por isso será privado dos benefícios desta. Antes a irmandade se haverá com ele [...] e o socorrerá naquilo que puder.

capítulo 24 – Todas as vezes que qualquer irmão desta irmandade alcançar título de alforria e liberdade [...] e se valer da irmandade, esta será obrigada a dar-lhe todo o adjutórioglossário que para tal liberdade for necessário.

reticências

QUINTÃO, Antonia Aparecida. O significado das irmandades de pretos e pardos: o papel das mulheres. ín: SIMPÓSIO INTERNACIONAL O DESAFIO DA DIFERENÇA, 1., 2000, Salvador. Anais... Salvador: úfiba, 9-12 abril 2000. Disponível em: https://oeds.link/uBIpvr. Acesso em: 4 abril 2022.

  1. Com base no conteúdo estudado no capítulo e no texto anterior, quais eram as principais atividades religiosas realizadas pêlas irmandades?
  2. Além de atividades relacionadas à religiosidade, que outros serviços eram prestados pêlas irmandades?
  3. Qual era a importância das irmandades para os escravizados? Reflita sôbre o tema e converse com os colegas.
Respostas e comentários

5. a) Resposta: O período em que houve maior aumento da exportação de ouro foi entre 1700 e 1750.

5. b) Resposta: Não podemos fazer essa afirmação, pois o gráfico mostra que havia exportação de outros produtos, como açúcar, tabaco e algodão.

5. c) Resposta: A exportação do açúcar passou por um período de auge, em cêrca de 1650, e depois teve uma queda. No entanto, a taxa sempre se manteve acima da exportação do ouro. Já a exportação de outros produtos (como tabaco e algodão) teve uma taxa crescente a partir de 1650.

6. a) Resposta: As irmandades realizavam eventos, festas e celebrações e se encarregavam da manutenção das igrejas e dos sepultamentos.

6. b) Resposta: As irmandades auxiliavam na compra da alforria dos escravizados, na verificação das condições de saúde de seus membros e em caso de problemas financeiros.

6. c) Resposta nas orientações ao professor.

Por meio da atividade 6, é possível que os alunos trabalhem aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito, ao analisar o papel que as irmandades desempenhavam em relação aos escravizados, sobretudo no tocante à questão da resistência à imposição católica, favorecendo o sincretismo religioso e, assim, mantendo vivas muitas crenças de origem africana.

Resposta

6. c ) É importante que os alunos reconheçam o papel desempenhado pêlas irmandades nas práticas religiosas e sociais dos escravizados e dos afrodescendentes. Além disso, eles devem perceber que as irmandades serviram como uma fórma de resistência à imposição católica, mantendo vivas muitas crenças de origem africana.

O tema é reticências

Educação ambiental

Os povos tradicionais e os recursos naturais

Como vimos, uma importante atividade que contribuiu para a expansão do território brasileiro a partir do século dezessete foi a coleta das drogas do sertão, principalmente na atual Região Norte. A extração e a comercialização de produtos naturais, como o urucum, as castanhas, o cacau, o cravo e o látex (substância extraída da seringueira e utilizada na produção da borracha), possibilitaram a ocupação dessa região, atraindo pessoas para habitá-la.

Ao longo dos séculos, a extração de produtos naturais tem sido uma atividade essencial no cotidiano de muitas populações tradicionais, como ribeirinhos, quilombolas, seringueiros, quebradeiras de coco-babaçu, pescadores artesanais e comunidades indígenas. Profundamente ligadas à natureza e a seus ciclos, essas pessoas formaram comunidades onde a extração de recursos da floresta é o principal meio de sobrevivência, muitas vezes partilhado por gerações.

O trabalho nas comunidades costuma reunir diversas pessoas, que realizam grande parte das atividades em conjunto. Por isso, a integração é parte importante do modo de vida dessas populações.

Ilustração. À esquerda, um homem, usando boné, camiseta e calça, está agachado. Ao lado, uma criança usando blusa e calça, está sentada no chão. À direita, uma mulher agachada segurando grãos marrons e um homem agachado  com uma faca e um grão marrom nas mãos. Na frente, diversos cestos com os grãos marrons.

No entanto, a partir dos anos 1970, diante de ameaças de desmatamento e de exploração desenfreada dos recursos, essas comunidades começaram a se organizar e a lutar pêla proteção legal de suas terras, assim como pêla conservação de seus modos de vida.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Reconhecer e valorizar as comunidades que trabalham com o extrativismo.
  • Conhecer o modo de vida dêsses grupos, suas particularidades e seus aspectos culturais.
  • Compreender o processo de luta por direitos e pêla legalização das terras envolvendo essas populações.

  • O estudo dos povos tradicionais permite o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero sete agá ih um dois, pois aborda a distribuição da população brasileira a partir do século dezessete.
  • O tema contemporâneo transversal Educação ambiental pode ser trabalhado durante as reflexões propostas nesta seção. É importante que os alunos reconheçam como a sustentabilidade é praticada no modo de vida de determinadas comunidades brasileiras e como se estabelece a relação dêsses povos com os recursos naturais.

Nos últimos anos, a legislação brasileira passou a regulamentar as áreas caracterizadas pêla ocupação de comunidades tradicionais e pêlo desenvolvimento de atividades extrativistas. Foram criadas, então, as Reservas Extrativistas (rêsécs), áreas definidas pêla legislação como de proteção ambiental, assim como de preservação dos meios de vida e da cultura das populações tradicionais, que apresentam uma economia sustentável da extração dos recursos naturais.

Hoje em dia, existem mais de 80 rêsécs regulamentadas e espalhadas por diversos estados brasileiros.

Uma rêsécs normalmente apresenta uma economia de subsistência, ou seja, além de realizar a coleta de produtos naturais, também cria pequenos animais e pratica a agricultura para o próprio sustento.

Ilustração. Uma mulher usando chapéu, camisa, saia e calça. Ao lado, um homem usando boné, camisa e calça. Eles estão segurando enxadas sobre uma plantação. No fundo, moradias e vegetação.

A criação das reservas tem como objetivo incentivar o uso sustentável dos recursos naturais da região. Por isso, as práticas abusivas e de caráter exploratório que podem prejudicar o ambiente são proibidas.

Ilustração. Um homem e uma criança estão dentro de uma embarcação a remo. Atrás, duas pessoas inclinadas segurando peneiras nas margens de um corpo de água.

Agora, responda às questões a seguir.

  1. Por que as comunidades tradicionais passaram a exigir a regulamentação de suas terras?
  2. Explique a importância da criação das Reservas Extrativistas.
  3. Em grupo, realizem uma pesquisa sôbre as comunidades extrativistas da região onde vocês vivem. Caso vocês vivam em uma comunidade extrativista, utilizem-na como exemplo. Em seguida, elaborem propostas para defender e justificar a criação e regulamentação de Reservas Extrativistas nos locais habitados por essas comunidades.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

  • A primeira rêsécs regulamentada pêla legislação brasileira foi a Reserva Alto Juruá, em 1990. Localizada no estado do Acre, ela é caracterizada pêla atividade de extração do látex e pêla agricultura familiar.
  • No entanto, mesmo com a delimitação legal, atualmente alguns problemas ameaçam a reserva, como o desmatamento e a mineração ilegais.
  • A abordagem que valoriza comunidades sustentáveis possibilita uma integração com o componente curricular de Ciências. Busque enumerar com os alunos algumas atitudes das comunidades extrativistas consideradas sustentáveis e benéficas ao meio ambiente. O uso das sementes de andiroba, por exemplo, pode ser citado nessa abordagem. Essa árvore produz frutos que chegam a ter cêrca de 4 a 16 sementes. Quando frutos caem naturalmente, são recolhidos e, de suas sementes, é extraído um tipo de óleo utilizado na fabricação de cosméticos, tanto na produção medicinal como na artesanal.

Respostas

1. As comunidades tradicionais passaram a exigir a regulamentação de suas terras, principalmente por causa das ameaças de desmatamento e de exploração desenfreada dos recursos naturais.

2. A criação das reservas extrativistas permite o desenvolvimento de uma economia sustentável, com base na exploração controlada de recursos e nas atividades de subsistência. Também possibilita a preservação da cultura dessas sociedades.

3. Respostas pessoais. Oriente os alunos na realização da pesquisa, ressaltando a importância de consultar fontes oficiais e confiáveis para a obtenção dos dados solicitados. Se julgar conveniente, com a ajuda da turma, crie uma lista de pontos positivos sôbre as reservas extrativistas (sua importância para o meio ambiente e para as pessoas que vivem nessas áreas, por exemplo), com o objetivo de auxiliar a elaboração das propostas sôbre espaços.

Algo a mais

Para mais informações a respeito da produção de óleo de andiroba, acesse o link a seguir.

> MENDONÇA, Andreza P.; FERRAZ, Isolde Dorothea . Óleo de andiroba: processo tradicional da extração, uso e aspectos sociais no estado do Amazonas, Brasil. Acta Amazonica. volume 37, número 3, página 353364, 2007. Disponível em: https://oeds.link/sWCJC2. Acesso em: 18 junho 2022.

O que eu estudei?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

1. Registre em uma folha avulsa a conexão entre as colunas a seguir, relacionando a região do Brasil com uma ou duas atividades econômicas que incentivaram a expansão para êsse território.

A. Norte

B. Nordeste

C. Centro-Oeste

D. Sul

1. Drogas do Sertão

2. Pecuária

3. Apresamento de indígenas

4. Mineração

2. Leia o texto a seguir e responda às questões.

reticências Outro ponto de atrito entre os jesuítas e colonos ou bandeirantes era a oposição dos padres à escravização de indígenas. êles se colocam contra ela, em primeiro lugar, para obedecer à bula papal de 1537, que a proibia, e em segundo lugar (talvez o mais importante), para poder levar adiante o plano que conceberam de forjar na América uma nação cristã pura, sem os defeitos e crueldades da Europa. Isso criou muitos atritos e disputas em que se alternavam como vencedores ora os jesuítas, ora os colonos, conforme o apôio eventual da metrópole à qual as duas partes recorriam por meio de cartas ou emissários pessoais, cada uma defendendo seu ponto de vista. reticências

MESGRAVIS, Laima. História do Brasil Colônia. São Paulo: Contexto, 2015. página 25.

  1. Por que os colonos escravizavam os indígenas?
  2. O texto apresenta as motivações dos jesuítas em defender os indígenas da escravidão. Cite cada uma delas.
  3. Partindo dos seus estudos, a conduta jesuíta no Brasil esteve em acôrdocom a sua missão?
  4. De que fórma os jesuítas lidavam com os indígenas nos aldeamentos? Como isso alterou o modo de vida indígena?
Respostas e comentários

Resposta: 1. A – 1 e 3; B – 2; C – 2 e 4; D – 2 e 3.

2. a) Resposta: A mão de obra indígena era utilizada nas atividades econômicas, e os indígenas também eram forçados a contribuir na exploração territorial, por conhecerem o território, os trajetos, os perigos, e os locais onde poderiam ser encontradas as drogas do sertão.

2. b) Resposta: Cumprimento da bula papal de 1537, ampliação da nação cristã pura e proteção dos indígenas contra as crueldades da Europa.

2. c) Resposta: Espera-se que os alunos identifiquem os pontos de alinhamento à missão, assim como aqueles que foram contra, como a exploração da mão de obra dentro dos aldeamentos, e as rotinas exaustivas destinadas à conversão forçada.

2. d) Resposta: Os jesuítas exploravam a mão de obra indígena na coleta de recursos naturais. Além disso, catequizavam os indígenas nos aldeamentos, ensinando-lhes os dogmas cristãos, a língua, a leitura e a escrita do idioma europeu, além de mudar-lhes os hábitos, obrigando-os a usar roupas que cobriam boa parte do corpo, por exemplo.

1. Objetivo

Compreender de que fórma as atividades econômicas impactaram na ocupação do território brasileiro, favorecendo o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih um dois.

Como proceder

Caso observe dificuldade de algum aluno para a resolução da atividade, leve para a sala de aula um mapa do país e peça aos alunos que localizem nele as atividades econômicas mencionadas na atividade.

2. Objetivo

Analisar as relações entre jesuítas, colonos e bandeirantes por meio da leitura do texto proposto, favorecendo o trabalho com a habilidade ê éfe zero sete agá ih um zero.

Como proceder

Ao identificar dificuldade dos alunos na resolução da atividade, sugere-se uma leitura conjunta do texto, parágrafo a parágrafo, sendo cada um seguido de uma explicação da ideia principal. Após essa leitura analítica, solicite aos alunos uma nova tentativa de responder às questões propostas.

3. Leia o texto a seguir do historiador brasileiro Boris Fausto.

A. A exploração de metais preciosos teve importantes efeitos na Metrópole e na Colônia. A corrida do ouro provocou em Portugal a primeira grande corrente imigratória para o Brasil. Durante os primeiros sessenta anos do século dezoito, chegaram de Portugal e das ilhas do Atlântico cêrca de 600 mil pessoas, em média anual de 8 a 10 mil, gente da mais variada condição reticências.

FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. São Paulo: êduspi/Imprensa Oficial do Estado, 2002. página 52.

Agora, analise a pintura a seguir, do artista Carlos Julião, feita na segunda metade do século dezoito e que representa a mineração em busca de pedras e metais preciosos. Depois, responda às questões:

Pintura 'B'. Homens negros inclinados sobre a terra com as mãos em uma mina de água. Eles estão em fileiras e debaixo de um estrutura de madeira com teto de palha. À direita, uma fileira de homens, com roupas coloridas, sentados e olhando na direção dos homens negros.
Serro Frio: trabalho de lavagem do cascalho, feito por escravos, de Carlos Julião. Aquarela, 45,5centímetrospor35centímetros, século dezoito.
  1. Faça uma breve descrição de cada uma das fontes apresentadas.
  2. Quais são as principais diferenças entre as fontes A e B?
  3. Quais são as principais semelhanças entre as fontes A e B? Como uma pode complementar a outra?
  4. Com base em seus conhecimentos sôbre o Brasil do século dezoito e a história da atividade mineradora na Colônia, assim como na análise das fontes A e B, escreva um pequeno texto resumindo os seus conhecimentos.
Respostas e comentários

3. a) Resposta: A fonte A é um texto do historiador Boris Fausto que trata do contingente populacional que chegou ao Brasil na época da exploração do ouro, no século dezoito. A fonte B é uma pintura feita pêlo artista Carlos Julião, que representa a lavagem de diamantes, também no século dezoito.

3. b) Resposta: A fonte A é um texto escrito, produzido por um historiador contemporâneo. A fonte B é uma imagem, produzida na época dos acontecimentos.

3. c) Resposta: As duas fontes tratam de aspectos da economia mineradora no Brasil no século dezoito. Elas se complementam à medida que a fonte A trata da chegada dos exploradores e trabalhadores das minas, enquanto a fonte B apresenta aspectos do cotidiano de trabalho braçal ao qual muitas pessoas escravizadas estavam sujeitas.

3. d) Resposta: Espera-se que os alunos escrevam um texto apontando os principais aspectos estudados na unidade, como a descoberta e o da extração do ouro, o trabalho e a vida nas cidades e nas minas, a arte barroca, a resistência e a cultura negra no Brasil, entre outros.

3. Objetivo

Analisar um texto historiográfico e uma fonte histórica com o objetivo de compreender a relação entre o trabalho escravo e a exploração de pedras e metais preciosos no período colonial. Essa atividade favorece a abordagem das habilidades ê éfe zero sete agá ih um zero e ê éfe zero sete agá ih um seis e da Competência específica de História 3.

Como proceder

  • No caso de dificuldade dos alunos para responder às questões propostas, propõe-se uma leitura em separado de cada um dos recursos apresentados. Ao ler o texto de Boris Fausto, peça aos alunos que identifiquem as ideias principais. No caso da leitura da imagem, solicite-lhes que identifiquem a atividade representada.
  • Na sequência, peça aos alunos que conversem entre si sôbre como se relacionam as informações presentes em cada um dos recursos da atividade para, então, realizarem uma nova tentativa de resolução.

O que eu aprendi?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

1. Leia o texto a seguir e responda às questões.

reticências Podemos definir a modernidade como um conjunto amplo de modificações nas estruturas sociais do Ocidente, a partir de um processo longo de racionalização da vida. Nesse sentido, como afirma Jác él í , modernidade é um conceito estritamente vinculado ao pensamento ocidental, sendo um processo de racionalização que atinge as esferas da economia, da política e da cultura. reticências

A racionalização política, por sua vez, apareceu com a substituição da autoridade descentralizada medieval pêlo Estado moderno reticências

Outra mudança que caracterizou a modernidade foi a separação e a autonomia entre ciência, a moral e a arte. Antes, essas esferas de valor estavam embutidas na religião. [...]

MODERNIDADE. ín: SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006, página 297298.

  1. Por que o conceito de modernidade deve ser vinculado ao mundo ocidental?
  2. Explique por que se entende que ocorreu uma racionalização política durante o processo de formação da modernidade.
  3. Quais características da ciência e da arte moderna evidenciam a autonomia citada no texto?
  1. Antes da chegada dos europeus à América, o território era ocupado por diferentes povos e culturas. Em um breve texto, apresente dois dêsses povos e destaque algumas de suas características culturais.
  2. Leia o texto e, em seguida, avalie as afirmativas identificando a correta e copiando-a em uma folha avulsa.

reticências A migração forçada de africanos através do Atlântico ganhou contornos expressivos com o início da colonização das Américas no século dezesseis. Na sua base, esteve a necessidade do colonialismo europeu de alavancar a mineração e a agricultura comercial nas colônias espanholas e portuguesas. Não há, portanto, como dissociar o tráfico atlântico da demanda por mão de obra, sobretudo depois do declínio demográfico dos povos indígenas americanos.

FERREIRA, Roquinaldo. África durante o comércio negreiro. ín: Chuárquis, Lilia M.; GOMES, Flávio dos Santos (organizador). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. página 52.

Respostas e comentários

1. a) Resposta: As mudanças econômicas e políticas ocorreram no espaço europeu, e suas consequências se desdobraram a espaços tocados pelos europeus (a exemplo das colônias americanas e do comércio com a África). O contexto político e econômico do Oriente, durante o período moderno europeu, se estruturou de fórma diferente.

1. b) Resposta: Ocorreu por conta da centralização política, que permitiu o fortalecimento do Estado, e então condições para o desenvolvimento econômico, para a exploração de novos espaços etcétera

1. c) Resposta: Podem ser destacadas as características do Renascimento – como o humanismo e o antropocentrismo –, o incentivo ao questionamento e à busca pêla verdade.

2. Resposta: Para o texto, os alunos podem escolher entre os povos pré-colombianos, assim como os indígenas residentes no território que veio a ser o Brasil. É importante que, entre as características culturais, sejam explorados modos de vida (como alimentação, moradias etcétera), economia e tecnologia (a exemplo dos sistemas de irrigação andinos), e aspectos de suas religiosidades.

1. Objetivo

Esta atividade tem como objetivo avaliar se os alunos compreenderam o conceito de modernidade e a relação entre as esferas política e religiosa nesse período, propiciando o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero sete agá ih zero um.

Como proceder

Ao identificar dificuldade dos alunos na realização da atividade, sugira-lhes que a realizem em duplas e, na sequência, troquem suas respostas com a dupla ao lado para correção entre pares. Dessa fórma, os próprios alunos poderão identificar, por meio da leitura das respostas dos colegas, o que acertaram e o que não entenderam e, pedindo aos colegas que expliquem pontos de dúvida, poderão ampliar sua compreensão a respeito do tema.

2. Objetivo

Esta atividade possibilita aos alunos refletir a respeito das populações tradicionais da América, de fórma a desenvolver a habilidade ê éfe zero sete agá ih zero oito.

Como proceder

Peça aos alunos que, antes de produzirem o texto, retomem os conteúdos referentes aos povos americanos e suas organizações sociais, registrando em seus cadernos os principais aspectos de cada cultura, para que, então, sistematizem as informações e redijam o texto proposto.

  1. O processo de migração dos africanos, apesar de forçado, garantia um translado seguro para a América, uma vez que os escravizados deveriam chegar em condições para o trabalho.
  2. A extinção da população nativa americana por parte dos europeus foi um dos motivos que incentivaram a compra de escravizados africanos para trabalhar na América.
  3. O tráfico de pessoas escravizadas africanas para a América vivenciou alta significativa com a descoberta de metais preciosos no Brasil, sendo a mão de obra destinada às minas.
  4. A escravidão africana no Brasil atingiu altos números e durou por um longo período, pois os africanos, uma vez afastados de suas origens, aceitavam a submissão.

4. Analise a pintura a seguir, do artista Carlos Julião, intitulada Festa de Reis, que celebra as raízes culturais africanas no Brasil. A festa representada, conhecida como Congada, encena a coroação do Rei do Congo ou da Rainha da Angola. Nela, há a presença de elementos africanos e brasileiros.

Pintura. Pessoas negras enfileiradas. À esquerda, uma mulher, usando coroa, vestido rodado amarelo estampado, está segurando um objeto na mão. Ao lado, duas mulheres, com adereço com penas na cabeça, estão segurando um guarda-sol em direção à mulher com a coroa. À direita, um grupo de mulheres com roupas brancas e azuis, adereço com penas na cabeça, estão segurando com as mãos instrumentos musicais.
Festa de Reis, de Carlos Julião. Aquarela, século dezoito.

Faça uma breve descrição da imagem e, em seguida, responda à questão: De que maneira a festa retratada nesta imagem representa o conceito de resistência cultural à escravidão no Brasil?

Respostas e comentários

3. Resposta: Alternativa c.

4. Resposta nas orientações ao professor.

3. Objetivo

Esta atividade permite, por meio da leitura de um texto historiográfico, avaliar se os alunos compreenderam a fórma como foi organizado o comércio de pessoas escravizadas e qual é a relação dessa prática com a economia colonial brasileira, mobilizando a habilidade ê éfe zero sete agá ih um seis.

Como proceder

Ao observar dificuldades dos alunos na realização da atividade, leia com a turma cada uma das alternativas. Feita a leitura, peça a êles que debatam entre si o que pode estar correto e o que pode estar incorreto em cada alternativa. Dessa maneira, os alunos poderão auxiliar uns aos outros para a identificação da alternativa a ser copiada.

4. Objetivo

Esta atividade possibilita aos alunos analisar uma fonte histórica a respeito do período colonial e da cultura existente no Brasil, trabalhando a habilidade ê éfe zero sete agá ih um dois e a Competência específica de História 3.

Como proceder

Caso observe dificuldade dos alunos na resolução da atividade, explique a êles o que é uma Congada e quais são suas principais características.

Resposta

4. Os alunos devem descrever os detalhes da imagem, destacando as vestimentas, os adornos, as côres, os instrumentos musicais e, o mais importante, a presença negra na festividade. Espera-se que êles identifiquem a Congada como uma tradição que preserva os costumes e a identidade afro-brasileira mesmo no contexto violento e opressivo da escravidão, vivida ao longo dos séculos dezessete ao dezenove.

Glossário

Eclodir
: surgir, aparecer.
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Pepita
: fragmento bruto de metal.
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Muar
: referente a burro ou mula.
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Urinol
: tipo de vaso utilizado para atender às necessidades fisiológicas; penico.
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Adro
: área em frente ou ao redor de uma igreja.
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Alforria
: liberdade concedida ao escravizado por meio de pagamento ou da vontade do senhor.
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Mortalha
: neste caso, sepultura.
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Adjutório
: auxílio.
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