CAPÍTULO 2 As Revoluções Inglesas

Ao longo do século dezessete, ocorreram diversos movimentos na Inglaterra que contribuíram para a crise do absolutismo e proporcionaram condições favoráveis para o início da Revolução Industrial no século seguinte. Esses movimentos ficaram conhecidos como Revoluções Inglesas.

Em 1640, a Inglaterra era governada pêlo rei Carlos um, que sofria severa oposição da burguesia. Essa classe criticava a excessiva centralização do poder e a constante intervenção do Estado na economia.

Os burgueses, junto a comerciantes e pequenos proprietários rurais, formavam o Parlamento inglês, que fazia oposição à monarquia e, nessa época, exerceu um importante papel contra a autoridade do rei. Além disso, os conflitos religiosos entre anglicanos (grupo protestante de Carlos um e de grande parte da nobreza) e puritanosglossário (grupo protestante seguido pêla maioria da burguesia) se acirraram.

A Revolução Puritana

Como fórma de reafirmar sua autoridade e manter os privilégios da nobreza, Carlos um tomou diversas medidas: aumentou os impostos, perseguiu os puritanos e, em 1642, invadiu o Parlamento para neutralizar sua oposição política.

Como reação, o Parlamento, junto a membros da burguesia, organizou um exército liderado pêlo militar puritano Óliver crómuél (15991658) para combater as fôrças do govêrno. Houve um conflito militar que culminou na derrota do poder monárquico e na captura de Carlos um, que foi executado publicamente em 1649.

Gravura em preto e branco. À esquerda, pessoas em um palanque. Ao redor, outras pessoas observam o palanque. No fundo, fachada de uma construção com muitas janelas.
Execução pública de Carlos um, de autor desconhecido. Gravura, século dezessete (detalhe).

Óliver crómuél assumiu o poder na Inglaterra e proclamou a República (que durou de 1649 e 1659). êsse processo, conhecido como Revolução Puritana, abalou o poder monárquico e enfraqueceu o regime absolutista na Inglaterra.

Uma das principais medidas instituídas por crómuél foi o Ato de Navegação, uma legislação que proibia navios estrangeiros de transportar mercadorias para a Inglaterra, favorecendo os interêssis da burguesia mercantil inglesa.

 

A Revolução Gloriosa

Com a morte de crómuél, em 1658, houve a tentativa de restauração do poder monárquico na Inglaterra. Um dos principais governantes nessa época foi Jaime dois, da dinastia Istíuart, que buscou restabelecer o absolutismo entre os ingleses, provocando uma insatisfação geral entre a população.

Para frear o avanço monárquico e evitar que ocorresse outro conflito armado, os opositores de Jaime dois pensaram em uma saída para o impasse: Guilherme de órangi (genro do rei, de origem holandesa) assumiria o poder em troca do estabelecimento de uma relação estável com o Parlamento inglês.

Assim, em 1688, Jaime dois se exilou e Guilherme assumiu o poder durante a Revolução Gloriosa, processo que alterou profundamente a estrutura política inglesa e estabeleceu o sistema de govêrno que até hoje vigora no país: a monarquia constitucional ou monarquia parlamentar. Nesse sistema, o chefe de Estado é o monarca, mas o poder é exercido efetivamente pêlo primeiro-ministro e pêlo Parlamento.

Gravura. À esquerda, um homem com cabelos na altura do ombro, usando um manto com listras. Ele está com os joelhos no chão em uma escada segurando uma almofada com uma coroa. Ao lado, outro homem, com cabelos escuros na altura do ombro, usando um manto com corrente. Ele está sentado em um trono com o braço estendido na direção do homem que segura a coroa. Ao lado, uma mulher usando um vestido e manto. Ela está sentada em um trono. Ao redor, outras pessoas em pé.
Guilherme de órangi e Maria, sua espôsa inglesa, recebem a coroa inglesa do Marquês de Rálifaquis. Gravura de James Parker e Djeimes , 1790.

A Declaração de Direitos de 1689

Para regulamentar a relação entre o rei e o Parlamento, foi aprovada na Inglaterra, em 1689, a Declaração de Direitos. Nesse documento, o Parlamento ganhou autonomia em relação ao monarca, que ficou impedido de executar aumentos fiscais, perseguições políticas e religiosas, bem como de exercer o poder de fórma autoritária.

A Revolução Gloriosa e a aprovação dêsse conjunto de leis marcaram o fim do absolutismo e a ascensão da burguesia como classe detentora do poder político e econômico na Inglaterra. Com isso, desenvolveram-se condições favoráveis ao acúmulo de recursos por essa classe social e para que ocorressem negociações políticas que contribuíram para o desenvolvimento industrial do país.

A Revolução Industrial

Atualmente, grande parte dos bens que as pessoas consomem ou utilizam é produzida de modo industrial. Alimentos, roupas, automóveis, brinquedos, computadores, móveis, eletrodomésticos e muitos outros itens passam por diversas transformações nas fábricas antes de chegarem às casas das pessoas.

As primeiras indústrias surgiram na Inglaterra na segunda metade do século dezoito. O processo de industrialização trouxe profundas mudanças sociais e econômicas e, por isso, foi chamado pelos historiadores de Revolução Industrial.

No século dezoito, as ideias iluministas, assim como as teorias do liberalismo econômico, espalharam-se pela Europa. Na Inglaterra, além da influência dêsses novos ideais, outros fatores contribuíram para iniciar êsse processo.

  • As Revoluções Inglesas do século dezessete resultaram no fim do sistema absolutista e na ascensão da burguesia no país.
  • O desenvolvimento comercial e a exploração de suas colônias na América do Norte e no Caribe geraram um acúmulo de riquezas. Além de fornecer matérias-primas, essas colônias constituíram novos mercados consumidores dos produtos ingleses, principalmente de tecidos de algodão.
  • As abundantes reservas naturais de carvão mineral e de ferro foram utilizadas como fonte de energia e de matéria-prima para as indústrias.
  • Os avanços na agricultura levaram ao aumento da produtividade e, consequentemente, a um crescimento demográfico, culminando na expulsão dos camponeses de suas terras devido à política de cercamentoglossário .
Litogravura. Vista de uma cidade. Diversas moradias e construções com chaminé siando fumaça. Entre as moradias, há algumas pessoas com roupas coloridas. No fundo, relevos e vegetação.
Vista sudeste de chéfild, de Uilian . Litogravura, 1885.

As mudanças no modo de produção

Durante o processo que culminou com a Revolução Industrial, o modo de produção tradicional foi aos poucos substituído, e os trabalhadores, que antes dominavam todo o processo de produção, passaram a operar grandes máquinas.

As manufaturas

Até o século quinze, o modo de produção que predominava era o artesanal. Nesse tipo de produção, o trabalhador (artesão) dominava todas as etapas do trabalho: êle tinha as ferramentas, comprava as matérias-primas necessárias, controlava seu tempo de trabalho, era dono do produto final e depois o comercializava.

Com o aumento da demanda de produtos, o trabalho passou a envolver a participação de mais pessoas, inicialmente em oficinas domésticas, nas quais as tarefas eram divididas para aumentar o ritmo de produção. Os burgueses passaram a encomendar produtos dos artesãos para comercializar e tornaram-se seus empresários. êles forneciam as matérias-primas e combinavam o pagamento com o artesão, podendo revender o produto pronto pêlo valor que desejassem.

O crescimento das oficinas culminou com o desenvolvimento das manufaturas e ampliou o contrôle dos empresários sôbre o trabalhador. Inovações técnicas surgiram e com elas vieram máquinas grandes e pesadas que impulsionavam a produção; no entanto, por serem caras, a maioria dos artesãos não podia adquiri-las. Assim, os trabalhadores passaram a ser reunidos em estabelecimentos, como galpões, onde as ferramentas, as matérias-primas e as máquinas eram de propriedade de outra pessoa.

A produção era dividida em etapas, o que levou os trabalhadores a venderem sua fôrça de trabalho e se especializarem em cada etapa. A divisão da produção em etapas acelerou o processo de produção.

Assim, desenvolveu-se o sistema de fábricas. Nas fábricas, os trabalhadores conseguiam produzir mais com custos cada vez menores, o que gerava mais lucros para os donos de fábrica.

Litogravura. Mulheres, usando avental e roupas coloridas,  estão de pé com as mãos em uma máquina de tecido dispostas em fileiras. À esquerda, um homem as observa enquanto trabalham.
Mulheres trabalhando em uma fábrica de tecidos em manchéster, Inglaterra, de autor desconhecido. Litogravura, século dezenove.

As inovações tecnológicas

O grande impulsionador da Revolução Industrial foi o motor a vapor, que permitiu o desenvolvimento técnico para a transformação de recursos da natureza voltados à produção de energia e à mecanização.

Essa inovação tecnológica só foi possível por causa das invenções anteriores baseadas em experimentos realizados com o vapor d’água para a projeção dos primeiros motores, que eram usados, por exemplo, para bombear a água que se acumulava no interior das minas de carvão.

O êxito da máquina a vapor é atribuído ao engenheiro Djeimes uót (17361819), que na década de 1760 aperfeiçoou o motor a vapor.

Em poucas décadas, várias melhorias foram feitas na máquina a vapor, que passou a utilizar a energia gerada com a queima de carvão mineral em vez da madeira. O uso do carvão barateou o custo com energia utilizada nessas máquinas e impulsionou sua difusão em setores como na indústria, na navegação, nas ferrovias, na imprensa etcétera

Gravura em preto e branco. Uma máquina de madeira. Uma coluna com uma haste presa na horizontal. Na ponta esquerda da haste, há uma peça conectada há uma roda. Na ponta direita da haste, há uma peça conectada a um cone virado para baixo.
Representação da máquina a vapor inventada por Djeimes uót, de autor desconhecido. Gravura, século dezenove.

As mudanças na indústria têxtil

O processo de industrialização na Inglaterra iniciou-se com as transformações tecnológicas na indústria têxtil. O setor têxtil apresentava vários avanços tecnológicos antes do desenvolvimento das máquinas a vapor. Entre avanços, houve a invenção da Spinning jenny em 1764, uma máquina de fiar algodão que possibilitou o aumento da produção, pois permitia que cada artesão produzisse vários fios ao mesmo tempo.

Novas invenções foram criadas ao longo do tempo e outras foram adaptadas, transformando cada vez mais o processo industrial de tecidos na Inglaterra. Além de aumentar a produtividade, essas máquinas produziam fios mais resistentes e de maior qualidade.

Ilustração em preto e branco. Uma mulher com cabelos presos, usando blusa, saia comprida e avental, está de pé com as mãos sobre uma máquina de madeira de tear.
Representação de mulher fiando algodão em uma Spinning jenny, de autor desconhecido, século dezenove.

Os transportes

O setor dos transportes também passou por transformações com o desenvolvimento da máquina a vapor. Ao mesmo tempo que se acelerava a produção fabril, os meios de transporte eram aperfeiçoados. Um dos motivos era a necessidade de transportar as matérias-primas e os produtos industrializados.

Nesse contexto, foi criado o barco a vapor, em 1807, que aos poucos substituiu os barcos a vela. Em 1814, circulou na Inglaterra a primeira locomotiva a vapor, que foi utilizada para transportar produtos e matérias-primas. Em 1825, circulou a primeira locomotiva que transportava passageiros. Nos anos seguintes, a construção de ferrovias se expandiu na Inglaterra, modificando o modo de vida e a paisagem da época.

Assim, as viagens, que antes eram feitas a cavalo ou com veículos movidos por tração animal, passaram a ser bem mais rápidas após a introdução do motor a vapor.

O impacto ambiental

Além das mudanças sociais e econômicas, a Revolução Industrial provocou grande impacto ambiental na Inglaterra e em outros países industrializados. A tecnologia e o progresso eram vistos na época com entusiasmo pêla população em geral. Assim, não havia muitas preocupações com a questão ambiental.

Na Inglaterra, o enorme desmatamento decorrente da necessidade de matéria-prima para as indústrias causou a destruição da fauna e da flora locais.

Da maneira como foi implantado, o desenvolvimento industrial na Inglaterra resultou em enormes danos ambientais ao país. Do mesmo modo, em outros países industrializados, o uso desenfreado dos recursos naturais causou desmatamentos, poluição da água, do ar e do solo e a destruição de ecossistemas. impactos ambientais podem ser percebidos até os dias atuais e afetam a população mundial como um todo.

Gravura. Vista de cidade com várias moradias e construções com chaminés por onde sai muita fumaça escura. Ao redor, vegetação.
Vista de área industrial em Borgonha, na França. Gravura de autor desconhecido, século dezenove.

A sociedade industrial

A Revolução Industrial consolidou a burguesia como uma das classes de maior poder na sociedade europeia. Os setores mais ricos dessa camada eram formados por proprietários de fábricas, de minas e de redes de transporte; por banqueiros e comerciantes e por grandes empresários agrícolas, por exemplo.

A industrialização, a concentração populacional nas cidades e a urbanização também permitiram a formação de uma classe média composta por diversos trabalhadores, como profissionais autônomos, pequenos comerciantes, funcionários públicos, funcionários do setor de serviços, advogados e médicos.

Além disso, a Revolução Industrial marcou o crescimento da população trabalhadora assalariada, principalmente urbana que formou a classe social chamada também de proletariado. Para sobreviver nas cidades em rápido processo de industrialização e urbanização, os trabalhadores passaram a vender seu tempo e sua fôrça de trabalho em troca de salário. Dessa fórma, com a Revolução Industrial, surgiu um novo grupo expressivo na sociedade que formava a classe proletária, os trabalhadores das fábricas, os operários.

O crescimento das cidades

O grande fluxo de pessoas que migraram para as cidades industriais fez com que elas crescessem rapidamente, de modo desorganizado. Nessas cidades, as fábricas geravam enorme poluição.

Por causa da poluição do ar, casos de doenças respiratórias eram comuns. Enfermidades como a cólera também eram frequentes entre os trabalhadores, pois nos bairros por êles habitados, geralmente em regiões da periferia da cidade, não havia sistema de saneamento: eram comuns esgotos a céu aberto e a água não era tratada. Além disso, várias famílias costumavam dividir habitações precárias, úmidas e com poucas instalações sanitárias.

Gravura em preto e branco. Diversas moradias semelhantes, uma do lado da outra, com um pequeno quintal, chaminé, porta e janela. Ao fundo, muita fumaça saindo de uma chaminé.
Bairro operário em Londres, na Inglaterra, de Dorrê. Gravura, século dezenove.
Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

Você já reparou na organização urbana da sua cidade? Os bairros e as regiões seguem uma divisão de classes sociais? Converse com os colegas.

Trabalho e cotidiano nas fábricas

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

Em sua opinião, as condições de trabalho nas fábricas durante a Revolução Industrial são as mesmas dos dias atuais?


No início da Revolução Industrial, as jornadas de trabalho eram extensas e chegavam a dezesseis horas diárias. Os ambientes das fábricas eram insalubres, com o ar poluído, muito calor, barulho e sujeira.

Além disso, os acidentes eram comuns, já que as máquinas não ofereciam nenhuma segurança aos operários. As poucas horas de descanso e a alimentação pobre em nutrientes contribuíam para deixar os trabalhadores fragilizados, aumentando o número de acidentes de trabalho.

Nesses acidentes, muitos operários tinham partes do corpo amputadas, como dedos, mãos ou braços. Em casos como , se o acidente não fosse fatal, os operários podiam sofrer penalidades, como castigos físicos, desconto salarial ou demissão. Isso também ocorria aos trabalhadores que causassem qualquer tipo de dano às máquinas ou desobedecessem às regras da fábrica, como chegar atrasado, conversar durante o expediente ou executar as tarefas lentamente.

O salário das mulheres era menor do que o dos homens e, além disso, elas estavam constantemente sujeitas ao assédio de capatazes e patrões. Muitas crianças trabalhavam nas fábricas e elas recebiam ainda menos. No início da Revolução Industrial, não havia uma idade mínima para que as pessoas começassem a trabalhar, e castigos violentos contra crianças e adolescentes eram comuns. A maioria das crianças operárias não estudava e passava o dia todo na fábrica.

Gravura. Crianças, usando chapéu, camisa e calças, estão enfileiradas, uma do lado da outra, com as mãos sobre uma grande máquina com rodas, cordas e engrenagens.
Crianças trabalhando em uma fábrica de papéis em , na Alemanha. Gravura de autor desconhecido, século dezenove.

A formação do capitalismo

A formação do capitalismo ocorreu com o fortalecimento da burguesia, gerando o enfraquecimento das relações feudais na Europa, entre os séculos catorze e dezoito. Nesse período, houve a transição do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista.

Diversos pensadores escreveram sôbre a formação do capitalismo, entre êles o cientista social e historiador alemão carl márks (18181883), que acompanhou o período inicial da industrialização na Europa e o crescimento do proletariado urbano. O texto a seguir aborda algumas de suas ideias sôbre o capitalismo.

Essa iluminura representa o cotidiano em um banco durante o final da Idade Média com a ascensão da burguesia.

Iluminura. À esquerda, uma pessoa, usando chapéu e batina vermelha, está sentada em uma plataforma elevada. Ao lado, uma pessoa, usando chapéu e casaco cinza, está com um braço estendido na direção da pessoa com túnica vermelha. Ao lado, pessoa com chapéu e túnica cinza, está inclinada sobre a plataforma e segurando um saco de tecido nas mãos. À direita, três pessoas, usando chapéu e casaco, estão ao redor de uma mesa com moedas
Detalhe de iluminura produzida por Cibo, monge de , no século catorze, publicada na obra Tratado sôbre os vícios, de de Gênova.

reticências

Para márks, o Capitalismo é um modo de produção que surgiu no interior do Feudalismo, modo anterior, uma vez que a exploração feudal se metamorfoseou em exploração capitalista. Para êle, no século dezesseis ainda predominavam estruturas ditas feudais na Europa, e aos poucos foi se iniciando um processo de intensificação do comércio mundial, cujo eixo central foi a Europa, e um processo de “fabricação” do que viria a ser o proletário — definido como o trabalhador livre, desprovido dos meios de produção —, típico da indústria capitalista. Um dos elementos centrais da tese de márks é a constatação de que o sistema capitalista pressupõe uma dissociaçãoglossário entre os trabalhadores e a propriedade dos meios de produção. No Feudalismo não havia essa dissociação, mas no Capitalismo o antigo servo foi desprovido de todos os meios de produção, desvinculado da terra e teve de, em troca de um salário, vender sua fôrça de trabalho, transformada em mercadoria pêlo novo sistema capitalista. Assim, a base de todo o processo que forjou o trabalhador assalariado e o capitalista foi a expropriaçãoglossário dos camponeses de suas terras.

reticências

SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. segunda edição São Paulo: Contexto, 2006. página 44.

Para márks, o capitalismo passou a dividir o mundo em duas classes sociais fundamentais, a burguesia, dona dos meios de produção, e o proletariado, que só dispõe de sua fôrça de trabalho. Segundo êle, existe um conflito de interêssis entre essas duas classes, que seria superado na luta dos trabalhadores contra a exploração e a divisão de classes.

O pensamento de márks trouxe contribuições importantes para a compreensão do sistema capitalista, de sua estrutura e dos seus mecanismos de exploração do trabalho. Muitos movimentos de trabalhadores começaram a organizar-se com base em suas ideias, visando a melhoria da condição de vida dos trabalhadores e a transformação da sociedade.

O sistema capitalista e a mais-valia

Com o passar do tempo, o sistema capitalista se expandiu, interligando o comércio e as relações econômicas dos diversos países do mundo. Mesmo havendo diferenças entre o capitalismo aplicado em cada país, podemos considerar algumas características comuns dêsse sistema, como o contrôle privado dos meios de produção pêla burguesia. Os meios de produção são o conjunto dos recursos utilizados para produzir mercadorias, como os instrumentos de trabalho, as máquinas, a terra, a energia e a matéria-prima, entre outros. O objetivo fundamental dos proprietários dos meios de produção é obter lucro através do comércio de mercadorias.

O lucro no sistema capitalista baseia-se na diferença entre os valores gastos na produção de mercadorias e o valor final obtido com sua venda. O valor gasto inicialmente com os meios de produção e os salários pagos aos trabalhadores são sempre inferiores ao valor total recebido com a venda de mercadorias. A diferença entre valores foi denominada por carl márks como mais-valia.

Gravura em preto e branco. Homens, usando avental, estão com as mãos sobre máquinas com engrenagens, um do lado do outro.
Representação de proletários trabalhando em uma fábrica de relógios na Suíça. Gravura de autor desconhecido, século dezenove.

A organização dos operários

A rotina de longas jornadas de trabalho, com baixos salários e condições precárias de segurança e higiene nas fábricas, estimulou os trabalhadores a se organizarem para reivindicar seus direitos.

A formação de sindicatos

As associações e as corporações de trabalhadores, formadas principalmente por artesãos, existiam desde a Idade Média, na Europa. Com a Revolução Industrial, novas associações foram formadas na Inglaterra e, depois, em outros países, com o intuito de reivindicar melhores condições de trabalho para os operários. O fortalecimento dessas associações deu início aos primeiros sindicatos.

Um dos primeiros sindicatos formados na Inglaterra foi o Sindicato Patriota de manchéster. Em 1819, seus líderes organizaram uma manifestação pêlo aumento da participação política dos operários no Parlamento, com a participação de milhares de pessoas, reprimidas com violência pêla cavalaria de manchéster. Depois dêsse evento, conhecido como Massacre de , o govêrno local decretou leis que restringiam o direito de reunião dos trabalhadores.

Caricatura. Homens, usando fardas, chapéus e espadas, estão montados em cavalos com as espadas apontadas para diversas pessoas que estão caídas no chão ou correndo. Na parte superior, uma figura humana e uma balança de dois pesos. À direita, pessoas em um palanque segurando bandeiras.
Manchester Heroes, caricatura de Robert Cruikshank, feita no século dezenove, representando o Massacre de Peterloo.

Aos poucos, as associações e os sindicatos operários se difundiram, mas foram reprimidos tanto por leis que proibiam os trabalhadores de se associar, fazer greve e protestar quanto pêla violência exercida principalmente pêla polícia.

Assim, a primeira metade do século dezenove foi marcada por uma série de conflitos entre proletários e burgueses, com avanços e recuos na conquista de direitos dos trabalhadores. Diferentes movimentos, como o ludismo e o cartismo, foram organizados nesse período por operários que lutavam para melhorar suas condições de vida.

Uma das conquistas do operariado nesse período foi a aprovação, em 1824, da primeira lei na Inglaterra que permitia a livre associação de trabalhadores, o que fortaleceu a luta por direitos.

O movimento ludista

No início do século dezenove, na Inglaterra, grupos de trabalhadores conhecidos como ludistas realizaram diversos ataques a fábricas, quebrando máquinas e ferramentas, pois acreditavam que elas eram a causa do desemprêgo.

Antes dos ataques, os proprietários das fábricas recebiam cartas assinadas por Lud, suposto líder que deu nome ao movimento, dando ordens para que se livrassem de suas máquinas.

O govêrno inglês, formado principalmente por representantes da burguesia, reagiu duramente aos ataques, chegando a condenar à forca alguns de seus participantes. Dessa maneira, em 1816, pôs fim a êsse movimento.

O movimento ludista contribuiu para ampliar a organização dos trabalhadores contra a exploração que sofriam.

Gravura em preto e branco. À esquerda, um homem usando camisa e calça, está direcionando uma marreta para uma máquina Ao lado, um homem, usando camisa e calça, está segurando com as mãos um objeto na direção de uma máquina.
Ludistas quebrando um tear, de mórgan. Gravura, 1812.

O movimento cartista

Na década de 1830, um movimento iniciado pêla Associação dos Trabalhadores de Londres começou a ganhar fórma: o cartismo. O nome surgiu com a Carta do Povo, enviada ao Parlamento, em 1838. Nela, milhares de trabalhadores reivindicavam a realização de uma reforma que garantisse maior participação na política do país. As reivindicações não foram aceitas, gerando diversas manifestações, que foram duramente reprimidas pêla polícia.

Nos anos seguintes, o movimento voltou a enviar cartas ao Parlamento, incluindo novas reivindicações, como a criação de uma legislação trabalhista.

Após anos de luta, a partir de 1842, os trabalhadores conquistaram algumas melhorias, como a redução da jornada de trabalho para dez horas diárias e a proibição da limpeza de máquinas enquanto estivessem ligadas, fato que causava muitos acidentes.

Caricatura em preto e branco. Um homem, com grandes proporções, usando camisa e calça, está segurando com as mãos um grande rolo de papel com o texto: THE CHARTER. À direita, um homem, com pequenas proporções, usando terno e gravata, está de pé, olhando para o homem que segura o rolo de papel. Na parte inferior, há o texto: NOT SO VERY UNREASONABLE!!! EH!
Representação de trabalhador entregando a Carta do Povo ao chefe do Parlamento inglês. Caricatura de John Leech publicada na revista pântch, em 1848.

A união por direitos

Após a Revolução Industrial, a burguesia ampliou seu poder econômico e político e procurou fazer uso do Estado para garantir seus interêssis.

Por outro lado, os trabalhadores passaram a reivindicar seus direitos e a lutar por melhores condições de vida e de trabalho.

Iniciativas como a criação de sindicatos, a formação de associações, a realização de greves e protestos representam algumas das fórmas de organização, mobilização e união dos trabalhadores após o advento da Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo.

A partir de então, o movimento operário se difundiu, mobilizando trabalhadores em diversas partes do mundo.

A luta das mulheres

Na Revolução Industrial, as mulheres também se uniram e lutaram por melhores condições de trabalho. As operárias eram vistas por muitos como pessoas menos capazes, que deviam submissão aos homens. Dessa fórma, elas recebiam salários menores e não tinham os mesmos direitos que os homens.

Assim, surgiram as primeiras organizações de mulheres para reivindicar igualdade de salários e de direitos. Um exemplo dessa mobilização é a luta da costureira e líder operária jêâne (18051894), que atuou na França e na Inglaterra. Ela publicou jornais e organizou uma associação de operárias para discutir a questão salarial e para promover a participação política das mulheres. jêâne foi perseguida e os membros dessa associação foram acusados de conspiração.

Em 1849, mesmo não sendo permitido, ela concorreu a uma cadeira no Parlamento francês, o que gerou intensa reação dos parlamentares, que argumentaram que uma mulher não seria capaz de legislar por causa de suas condições biológicas, ou seja, por ser uma mulher. jêâne, no entanto, continuou sua luta pêla cidadania plena para as mulheres.

Gravura em preto e branco. Um grupo de mulheres, usando vestido, carrega uma mulher que segura com as mãos um troféu com o seguinte texto: SUFRAGE UNIVERSAL DES FEMMES.
Representação de mulheres carregando jêâne . Gravura de autor desconhecido, publicada na obra Les femmes celebres, de 1848.

União e mobilização

Mas, afinal, por que as pessoas se unem? Você já parou para pensar sôbre isso? A união é importante na busca de um objetivo coletivo. Manter vínculos com pessoas que vivem em condições semelhantes, ou com experiências e ideias em comum, pode ser uma fórma de conquistar determinados propósitos. Por exemplo, quando reunidas, as pessoas são capazes de mobilizar recursos, de elaborar projetos e soluções diferentes para algo que beneficia o grupo.

Leia a seguir algumas iniciativas que podem ser realizadas com a união de várias pessoas.

Realização de greves e manifestações.

Promoção de eventos, discursos e palestras.

Formação de associações e organizações.

Execução de debates e consultas públicas.

Publicação de cartazes, jornais ou folhetos informativos.

Organização de campanhas relacionadas à saúde, à higiene, às causas sociais, entre outras.

Fotografia. Um grupo de pessoas em uma rua, segurando bandeiras e um cartaz com o texto: EM DEFESA DO MEIO PASSE! EM DEFESA DO SERVIDOR PÚBLICO!
Protesto de estudantes em defesa de seus direitos e em defesa do servidor público, em Pôrto Alegre, Rio Grande do Sul, em 2019.

Com organização, união e persistência, podemos nos mobilizar para manter ou conquistar direitos, superando diversos obstáculos e dificuldades.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Quais foram as fórmas de união utilizadas pelos operários no século dezenove? O que êles reivindicavam?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. E na atualidade, os trabalhadores costumam lutar por seus direitos? Como?

Ícone ‘Atividade oral’.

3. Você já realizou alguma das iniciativas listadas? Quais?

Ícone ‘Atividade oral’.

4. Em sua opinião, quando a luta por direitos é empreendida em conjunto, ela pode ser mais bem-sucedida? Explique.

Ícone ‘Em grupo’.

5. Agora, com a turma, reflitam sôbre o cotidiano escolar. Existe algum problema que afete sua escola e que seja reconhecido pêla maioria dos colegas? Pensem em algumas fórmas de união que possam ser úteis para resolver êsse problema. Busquem planejar suas ações em conjunto, em prol dêsse determinado propósito coletivo, e coloquem-nas em prática.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. De que fórmas as transformações causadas pêla Revolução Industrial estão presentes em seu dia a dia?
  2. Copie o quadro a seguir em seu caderno, descrevendo cada uma das fórmas de produção indicadas.
'Ícone.Modelo'

Artesanal

Manufatura

Maquinofatura

  1. O capitalismo e a Revolução Industrial contribuíram para a consolidação de duas classes sociais, que se tornaram fundamentais a partir de então: a burguesia e o proletariado. Faça um registro das principais características dessas duas classes sociais.
  2. Explique como ocorreu a formação do capitalismo.
  3. De quais maneiras os trabalhadores se organizaram no período inicial da Revolução Industrial para combater as precárias condições de trabalho às quais estavam submetidos?

Aprofundando os conhecimentos

6. Com o desenfreado crescimento urbano e industrial, iniciado no final do século dezoito, as águas dos rios que passavam pêlas grandes cidades europeias tornaram-se bastante poluídas. Para ironizar essa situação, a revista pântch publicou a caricatura a seguir. Observe-a e realize as atividades.

Caricatura. Um círculo. Dentro dele, centralizado, há uma figura humana  de perfil. Ao redor, várias bactérias, vírus e criaturas disformes que se assemelham à uma caveira,  um palhaço e uma tartaruga, por exemplo. Na parte de baixo, há o texto: A DROP OF LONDON WATER.
Caricatura de 1850, publicada na revista pântch, na Inglaterra. Na legenda, traduzida do inglês, lê-se a frase: “Uma gota da água de Londres”.
  1. Quais figuras estão representadas na caricatura?
  2. Ao observar essa imagem, qual é a impressão que você tem sôbre a água de Londres?
  3. Explique a crítica que a revista pântch buscou fazer ao publicar essa caricatura.

7. Analise as fontes a seguir e depois responda às questões.

reticências

O trabalho infantil não era uma novidade. A criança era uma parte intrínseca da economia industrial e agrícola reticências.

reticências conforme declarou uma das testemunhas do Comitê de ,

reticências “Vi algumas crianças correndo para a fábrica, com lágrimas nos olhos, levando um pedaço de pão nas mãos, seu único alimento até o meio-dia; chorando por medo de estarem muito atrasadas”.

reticências o dia realmente começava desta fórma para muitas crianças, e o trabalho não terminava antes das sete ou oito horas da noite. No final da jornada, elas já estavam chorando ou adormecidas em pé reticências. Seus pais davam-lhe palmadas para mantê-las acordadas, enquanto os contramestres rondavam com correias. Nas fábricas rurais, dependentes da energia hidráulica, eram comuns os turnos à noite ou as jornadas de quatorze a dezesseis horas diá­rias, em épocas de muito trabalho. reticências

tompison, éduard . A formação da classe operária inglesa. Tradução: Renato Neto e Cláudia Rocha de Almeida. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. volume 2. página 203, 209210.

Gravura em tons de sépia. À esquerda, mulher, usando vestido, está inclinada sobre uma máquina. Ao lado, há duas crianças de pé, uma do lado da outra. À direita, duas mulheres, usando vestido, estão de costas com as mãos na cintura e olhando na direção das crianças. Ao fundo, homens, vestindo terno e chapéu, estão caminhando pela fábrica.
A vida e as aventuras de máikol armstrông, o garoto da fábrica representa a vida de crianças em uma fábrica de manchéster, Inglaterra. Ilustração de Oguíste , publicada em 1840.
  1. sôbre o que trata o texto produzido pêlo historiador inglês éduard tompison?
  2. Qual é o ambiente representado na ilustração?
  3. Qual é a relação entre o texto do historiador e a ilustração?
  4. Quais eram as condições de trabalho das crianças nas fábricas?

8. Em seu caderno, identifique o ano em que ocorreu cada um dos fatos históricos a seguir. Depois, organize-os em uma linha do tempo, do fato mais antigo ao mais recente.

Ocorreu o Massacre de Peterloo.

Jeanne Deroin concorreu a uma vaga no parlamento francês.

Iniciou-se a Revolução Puritana.

Invenção da Spinning jenny, máquina de fiar.

Começou a circular a primeira locomotiva a vapor na Inglaterra.

Iniciou-se a Revolução Gloriosa.

Versão adaptada acessível

8. Identifique o ano em que ocorreu cada um dos fatos históricos a seguir. Depois, organize-os em uma lista, do mais antigo ao mais recente.

9. Durante o século dezessete, a Inglaterra passou por uma série de transformações políticas. acêrca dêsse processo, analise a imagem a seguir e responda às questões com base no conteúdo estudado.

Selo. Na parte superior, ilustração de um homem, usando armadura e capacete, segurando uma lança. Atrás, um exército de homens usando armadura, capacete e lança. Na parte superior, à direita, silhueta do busto de uma mulher de perfil e, ao lado, o número vinte e quatro. Na parte inferior, há o texto: THE CIVIL WAR 1642-51 FOUGHT BETWEEN THE FORCES OF KING AND PARLIAMENTE: PIKEMAN.
sêlo de um piqueiro que comemora os 350 anos da Guerra Civil inglesa, que opôs fôrças do rei e do Parlamento. Reino Unido, 1992.
  1. Como é retratado a personagem do sêlo? A que movimento ocorrido na Inglaterra êle está vinculado?
  2. Por que é possível afirmar que este movimento foi uma guerra civil?
  3. Por que o Parlamento e o rei Carlos um opuseram suas fôrças nesse conflito?
  4. Qual foi o papel de Óliver crómuél nessa revolução?
  5. Quais foram as principais consequências dêsse movimento?

10. A Revolução Gloriosa foi um dos principais acontecimentos políticos da história da Inglaterra. acêrca dêsse movimento, leia o texto a seguir e depois, com base nele e em seus conhecimentos, responda às questões.

Uma tríade reformista exitosa no longo prazo tem sido aquela que costuma incorporar um Estado forte, direitos de propriedade assegurados e responsabilização adequada reticências de pessoas e instituições.

reticências A Inglaterra após 1688, na sequência da Revolução Gloriosa, talvez possa ser vista como uma primeira aproximação razoável da tríade. Não por acaso, a Revolução Industrial emergiu posteriormente nesse país.

reticências

CYSNE, Rubens Penha. Reformas fortes em Estados fracos. O Globo, Rio de Janeiro, 26 novembro 2019. Opinião, página 3.

  1. Quais foram os objetivos da Revolução Gloriosa?
  2. Por que o autor afirma que a revolução ofereceu a “tríade reformista” de sucesso para a Inglaterra?
  3. Como as conquistas da Revolução Gloriosa influenciaram no desenvolvimento da Revolução Industrial inglesa, como afirma o autor?

11. No contexto da Revolução Industrial inglesa, surgiram diversos movimentos pêla luta dos operários. Identifique os movimentos de contestação a seguir e relacione cada um deles com a definição correspondente.

A. Ludismo

B. Cartismo

C. Formação de sindicatos

1. Movimento de trabalhadores que defendia que as máquinas eram as responsáveis pêlo desemprêgo, dêsse modo, atacavam e quebravam ferramentas de trabalho das fábricas.

2. Movimento fortalecido durante a Revolução Industrial que levou à criação de instituições de associação de trabalhadores que lutavam pelos direitos dêsses sujeitos.

3. Movimento de reivindicação dos direitos dos trabalhadores, que se manifestavam por meio do envio de cartas com reivindicações ao Parlamento, como a Carta do Povo.

12. A obra A Revolta, de , tem como figura central a operária . Analise a obra e responda às questões.

Pintura. Uma mulher, com cabelos brancos e blusa branca,  está à frente de uma multidão de pessoas com o braço direito levantado. Atrás, pessoas estão a seguindo. No fundo, construção com várias janelas.
A Revolta, de Onorrê Domiê. Óleo sôbre tela, 87,6centímetrospor113centímetros, 1848.
  1. Quem foi jêâne ?
  2. O que as personagens estão fazendo na imagem? Como essa ação se relaciona com o título da obra?
  3. Quais eram as condições de trabalho das mulheres durante a Revolução Industrial? E suas condições políticas?
  4. Por que jêâne se destacou no contexto da Revolução Industrial inglesa?
  5. Em sua opinião, quais conquistas as mulheres alcançaram no ambiente de trabalho desde a Revolução Industrial? E quais desafios elas ainda precisam enfrentar?

O tema é reticências

Ciência e tecnologia

As inovações tecnológicas na produção de energia

Você sabe de que fórma é produzida a energia elétrica que chega à sua residência ou à sua escola? Sabe quais fontes de energia são utilizadas atualmente?

A princípio, as máquinas e os instrumentos de trabalho utilizados pelos seres humanos eram movidos por fôrça humana ou animal. Mas, no século dezoito, o desenvolvimento da máquina a vapor – que utilizava como fonte energética a queima de carvão mineral – transformou o modo de vida de muitas sociedades. Foi durante a Revolução Industrial que os seres humanos passaram a desenvolver tecnologias cada vez mais avançadas para a produção de energia.

Nos últimos anos, diversas pesquisas têm sido realizadas nessa área. A implementação de medidas para a utilização de recursos renováveis e pouco poluentes vem estimulando novas descobertas. Veja a seguir como funcionam as principais fontes de energia utilizadas atualmente.

Energia termoelétrica

As máquinas a vapor desenvolvidas na Revolução Industrial utilizavam êsse princípio de funcionamento. O carvão mineral é queimado para aquecer um reservatório com água, produzindo o vapor, que move a turbina, para gerar energia. A queima do carvão (assim como de outros combustíveis fósseis) é extremamente poluente.

Ilustração. Uma máquina com válvulas e engrenagens. Atrás, chaminés saindo fumaça.

Energia hidrelétrica

Nas hidrelétricas, a fôrça da água em movimento, ao rodar as turbinas, gera energia sem que ocorra a combustão de nenhum material. Contudo, a instalação de usinas hidrelétricas pode alagar áreas próximas e afetar as populações que ali vivem.

Ilustração. À esquerda, uma barreira represando um corpo de água. Há uma abertura na parte de baixo que permite que a água passe de um lado para o outro. Ao lado, uma máquina com engrenagens. No fundo, postes com fios de energia elétrica.

Energia eólica

As hélices são movimentadas pêla fôrça do vento, que gira a turbina, produzindo energia. É uma tecnologia cara, que depende de determinadas condições climáticas e de extensas para sua instalação, bem como pode prejudicar as rotas de pássaros.

Ilustração. Um poste com uma hélice. Dentro da hélice, há engrenagens e válvulas arredondadas. Ao fundo, postes com fios de energia elétrica.

Energia solar

As radiações do Sol, ao atingirem os painéis, são transformadas em energia elétrica. Essa tecnologia exige elevados investimentos, no entanto resulta em menor impacto ambiental.

Ilustração. Uma moradia. No telhado, placas capitando a luz do sol. Dentro da moradia, uma televisão e um computador, todos conectados por fios vermelhos que saem das placas e vão em direção à postes com fios de energia elétrica.

Biomassa

Nessa tecnologia, materiais orgânicos de origem animal ou vegetal (biomassa) passam pêlo processo de combustão, gerando vapor e movimentando turbinas. É uma fonte energética renovável e pouco poluente.

Ilustração. À esquerda, um recipiente com água sobre uma fornalha com fogo aceso. A água está borbulhando. Acima, um encanamento que sai da tampa em direção à dois recipiente em formato retangular com engrenagens. No recipiente superior, há uma flecha indicando que a engrenagem gira para à direita. No recipiente inferior, há dois fios conectados.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Por que a Revolução Industrial é considerada um marco no desenvolvimento tecnológico?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Qual das tecnologias representadas nas ilustrações é menos nociva para o ambiente? Explique.

Ícone ‘Em grupo’.
  1. Reúna-se com sua turma e realizem uma pesquisa sôbre as tecnologias energéticas empregadas no Brasil. Com base no material que vocês coletarem, elaborem em uma cartolina um gráfico que mostre a porcentagem de energia produzida por tecnologia (matriz energética brasileira).

Depois, reflita com os colegas: ainda utilizamos a fonte de energia típica dos tempos da Revolução Industrial? Quais foram as inovações dos últimos anos? Em quais aspectos elas se diferenciam entre si?

O que eu estudei?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

1. Durante o século dezessete, surgiu na Europa um movimento de contestação ao absolutismo: o Iluminismo. acêrca dêsse movimento, identifique alguns de seus principais teóricos a seguir e relacione cada um deles com suas propostas.

A. Djón lóqui

B. Decárte

C. jeãn jác russô

D. voltér

E. Barão de Montesquiê

1. Acreditou que o dever do Estado era promover a liberdade de imprensa e religiosa, a justiça e a aplicação de leis iguais para todos.

2. Estabeleceu as bases do liberalismo político, defendendo a criação de limites para o poder real e criticando o poder divino dos reis.

3. Defendeu que a divisão do Estado entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário garantiria liberdade e equilíbrio ao povo.

4. Publicou que os seres humanos nascem bons, mas são corrompidos pela sociedade e reconquistam sua liberdade por meio do contrato social, que privilegia o coletivo.

 5. Comparou o universo material às máquinas, sendo regido por leis mecânicas. Defendeu que a experimentação e a observação eram as fontes para o conhecimento científico.

  1. sôbre o conceito de despotismo esclarecido, copie a alternativa correta.
    1. O despotismo esclarecido foi um sistema de govêrno liberal que garantiu a democracia na Inglaterra após a Revolução Puritana.
    2. Foi um sistema de govêrno defendido por intelectuais como carl márks e Frídric ênguels na famosa obra Manifesto Comunista, de 1848.
    3. O despotismo esclarecido foi um sistema de govêrno elaborado por representantes da burguesia francesa para acabar com o absolutismo e a centralização do poder na mão dos reis.
    4. Os monarcas europeus que realizaram reformas políticas influenciados pêlas ideias iluministas ficaram conhecidos como déspotas esclarecidos.

3. O século dezessete foi um período de grandes mudanças na sociedade inglesa. A respeito dêsse contexto, analise a obra e responda ao que se pede.

Pintura. Um homem, usando chapéu com pena, casaco, calça, colete e botas, está de pé segurando a tampa de um caixão e, com a outra mão, uma espada. No caixão, um homem deitado com os olhos fechados.
crómuél e o cadáver de Carlos um, de Pôl Delarróche. Óleo sôbre tela, 30,5 centímetrospor39,5 centímetros, 1831.
  1. Quem são as personalidades históricas retratadas na imagem? Como elas se relacionam?
  2. Como se organizava a sociedade inglesa durante o século dezessete?
  3. Como as revoluções inglesas do século dezessete transformaram a economia, a política e a sociedade do país? Qual foi o papel das personalidades representadas no quadro nesse processo?

4. A Revolução Industrial transformou por completo a sociedade europeia. acêrca dêsse movimento, leia o texto a seguir e responda às questões.

A Revolução Industrial não deve ser entendida só como um conjunto de inovações técnicas, novas máquinas e novos procedimentos de produção, mas como uma alteração estrutural da sociedade, determinada pêla substituição da ferramenta pêla máquina, em um processo que concluiu na consolidação do capitalismo como modo de produção dominante. Foi responsável pêla separação definitiva entre o capital e o trabalho, pêla consolidação do trabalho assalariado, pêlo contrôle da burguesia capitalista sôbre a produção e pêla formação de uma nova classe social, o proletariado reticências.

COGGIOLA, Osvaldo. Da revolução industrial ao movimento operário: as origens do mundo contemporâneo. Pôrto Alegre: Editora Pradense, 2010. página 1.

  1. Por que o texto afirma que a Revolução Industrial foi além de um conjunto de transformações técnicas e tecnológicas?
  2. O autor do texto afirma que a Revolução Industrial foi responsável pêla separação definitiva entre o capital e o trabalho, referindo-se aos dois grupos sociais que passaram a caracterizar a sociedade capitalista. Quem tinha o contrôle do capital e quem oferecia a fôrça de trabalho?
  3. Por que é possível afirmar que a Revolução Industrial realizou a separação definitiva entre o capital e o trabalho, como afirma o autor?

Glossário

Puritano
: neste sentido, grupo de protestantes de influência calvinista que pregava a realização de reformas na Igreja anglicana inglesa.
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Cercamento
: ocorreu na Inglaterra a partir do século dezesseis, quando grandes proprietários cercaram as terras comuns para a criação de ovelhas, que forneciam a lã necessária para abastecer o comércio de tecidos. Expulsos dessas terras, muitos camponeses migraram para a cidade. Essa população forneceu mão de obra barata para as indústrias.
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Dissociação
: desunião, separação.
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Expropriação
: retirada da posse.
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