CAPÍTULO 12 De império a república

A partir de 1870, o endividamento do Império e o fortalecimento do movimento republicano e abolicionista, além de crises conhecidas como a questão religiosa e militar, formaram uma conjuntura que enfraqueceu o poder imperial e contribuiu para o processo que culminou com a mudança no regime político do país, como veremos a seguir.

A Guerra do Paraguai

Ícone ‘Ciências Humanas em foco’.

Durante o Segundo Reinado, o Império brasileiro envolveu-se em um dos maiores e mais longos conflitos da América Latina, a Guerra do Paraguai, que ocorreu entre os anos de 1864 e 1870.

êsse conflito uniu o Brasil, a Ar­gentina e o Uruguai contra o Para­­guai, em uma disputa política e territorial na bacia do rio da Prata, região importante para os países envolvidos.

Para o Paraguai, que não tem saí­da para o mar, obter o sôbre a região da bacia do rio da Prata garantia o escoamento de suas mercadorias pêlo oceano Atlân­tico. Desde a década de 1810, a Argentina bloqueava o acesso paraguaio pelos rios Paraguai e Paraná. Isolado, o Paraguai desenvolveu uma ­eco­nomia au­tos­suficiente e independen­te da in­fluên­cia europeia.

A bacia do rio da Prata (1864)

Mapa. A bacia do rio da Prata (1864). Mapa territorial destacando o Paraguai, Uruguai e parte do Brasil, Bolívia e Argentina. Os rios Pilcomayo, Paraguai, Iguaçu e Apa se encontram com o Rio Paraná ou o Rio Uruguai. Estes desaguam no Rio da Prata, localizado na divisa entre Uruguai e Argentina, banhando a capital Montevidéu e Buenos Aires. Na parte inferior à esquerda, planisfério destacando parte da América do Sul. Ao lado, rosa dos ventos e escala de 210 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Conflitos na Bacia do Prata (1850-1857). Atlas Histórico do Brasil. Disponível em: https://oeds.link/8Me07n. Acesso em: 17 maio 2022.

Nessa época, teve início também um conflito entre duas facções políticas no Uruguai: os blancos, formados por grandes proprietários rurais, conservadores e de tradição autoritária, e os colorados, compostos, em sua maioria, por comerciantes liberais ligados às potências europeias. O Uruguai enfrentava constan­temente a interferência da Argentina, do Brasil e do Paraguai em suas decisões internas.

O Brasil, nesse período, exercia hegemonia no continente, chegando a interferir na política uruguaia e aliando-se aos colorados. Além disso, os políticos brasileiros temiam que a Argentina se tornasse uma república forte e passasse a competir pêla hegemonia na região.

Os conflitos e o fim da guerra

A constante interferência do Brasil e da Argentina na política do continente preocupava o presidente paraguaio, Francisco Solano López, que acreditava que o expansionismo dos dois países poderia atingir o Paraguai.

Então, em 11 de novembro de 1864, os militares paraguaios apreenderam, no rio Paraguai, a embarcação brasileira Marquês de Olinda. êsse ato levou ao rompimento das relações diplomáticas entre os dois países e preparou as condições que levaram à guerra. Diante do conflito, em maio de 1865, o Brasil, a Argentina e o Uruguai uniram-se e formaram a Tríplice Aliança contra o Paraguai.

As tropas de Solano López, numerosas e bem preparadas, tiveram êxito no início do conflito, acumulando vitórias e avançando por diversos territórios dos países considerados inimigos.

No entanto, a partir de julho de 1865, na Batalha Naval do Riachuelo, houve uma reviravolta. Os paraguaios foram derrotados e a Tríplice Aliança passou a dominar os rios da bacia do Prata até a fronteira com o Paraguai. A partir de então, seguiu-se uma série de derrotas que levou, em 1869, à tomada de Assunção, capital paraguaia. Apesar dos esforços para organizar uma reação, Francisco Solano López foi capturado e morto em março de 1870, o que resultou no fim do conflito com a vitória da Tríplice Aliança.

Pintura. Representação de uma batalha. À esquerda, em um corpo de água, uma embarcação a vela com pessoas dentro. De seu interior sai muita fumaça. À direita, no continente, pessoas apontando armas na direção da embarcação.
Batalha do Riachuelo, de Victor Meirelles. Óleo sôbre tela, 420 centímetrospor820 centímetros,​ 1883.

O Paraguai ficou arrasado após o conflito. Quase metade de sua população foi morta nas batalhas ou em decorrência delas, por fome e doenças. Além disso, parte de seu território foi dividido entre o Brasil e a Argentina.

O Brasil, apesar de vitorioso, aumentou sua dívida com os ingleses, de quem obteve altos empréstimos durante a guerra. Por outro lado, o Exército brasileiro se fortaleceu, passando a desempenhar um importante papel na sociedade nos anos seguintes após o fim da guerra, como veremos adiante.

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Interpretações da Guerra do Paraguai

Vimos que a Guerra do Paraguai foi um dos maiores conflitos ocorridos na América Latina. Desde o seu final, foram construídas diferentes interpretações historiográficas para explicá-la. Vamos abordar, a seguir, três linhas de interpretação: a chamada tradicional (ou conservadora), a revisionistaglossário  e a neo-revisionista.

Historiografia tradicional

Primeiro momento da historiografia sôbre o tema, em que foram publicadas as versões ditas “oficiais”. Nelas, personagens militares eram enaltecidas, assim como suas estratégias e atuações. Na versão oficial propagada pêlo Exército brasileiro, entre o final do século dezenove e início do século vinte, o Brasil teria saído como grande vencedor da guerra, sendo o govêrno paraguaio, na figura de Solano lópes, apresentado como o maior responsável pêlo conflito.

Exemplos de obras: Reminiscências da Campanha do Paraguai: 1865-1870, editado em 1910, do general brasileiro Dionísio Cerqueira, que participou do conflito, e Nossa Pátria, do historiador Rocha Pombo (1917).

Os revisionistas

No final da década de 1960, a ação do exército na Guerra do Paraguai começou a ser questionada, assim como o seu papel de herói do Brasil. Os chamados revisionistas se propuseram a apresentar uma versão diferente da tradicional, destacando a influência da Inglaterra como principal “financiador” da guerra, contribuindo para a devastação do Paraguai. Para êles, os interêssis econômicos dos ingleses, que pretendiam manter seus produtos circulando na América do Sul, foram decisivos para a eclosão do conflito.

Exemplos de obras: A Guerra do Paraguai – grande negócio (1981), do historiador argentino lêon , e Genocídio americano: a Guerra do Paraguai (1984), do jornalista brasileiro José Júlio .

O neo-revisionismo

Nas décadas de 1980 e 1990, novas abordagens surgiram e estudiosos começaram a tecer críticas às interpretações anteriores, baseando-se em novas metodologias e abordagens. De acôrdo com o historiador Francisco , por exemplo, um dos principais representantes dessa corrente, tida como a mais aceita entre os historiadores, não devemos atribuir a um país europeu (como a Inglaterra) o principal papel no conflito, como se os países latino-americanos não fossem sujeitos de suas próprias histórias. Assim, essa corrente busca analisar ainda fatores como o contexto histórico de cada nação envolvida e as dinâmicas políticas e sociais da época.

Nesse sentido, cada nação possuía e defendia seus próprios interêssis.

Exemplos de obras: Guerra do Paraguai: escravidão e cidadania na formação do exército (1990), de Ricardo Salles, e Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai (2002), de Francisco .

A crise do Império

Com o fim da Guerra do Paraguai, em 1870, surgiu, no Brasil, o movimento republicano, que, além de defender um novo sistema político, tinha o apôio de diferentes grupos sociais.

Também houve, na época, o fortalecimento do movimento abolicionista. Muitos soldados que lutaram pêlo Brasil na Guerra do Paraguai eram escravizados que se engajaram em troca da alforria. Com o fim do conflito, os soldados libertos, então, passaram a questionar as condições em que viviam os escravizados.

Na publicação original desta charge consta a seguinte legenda: “Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado um povo da escravidão, o voluntário volta ao seu país natal para ver sua mãe amarrada a um tronco! Horrível realidade!”.

Ilustração em preto e branco. No primeiro plano, um militar negro, usando farda com medalhas, está de pé, com as mãos na cabeça e olhando para a esquerda. À esquerda, um homem negro está preso em uma haste de madeira enquanto outro homem negro segura um chicote. Ao lado, um homem, usando chapéu e terno, está de costas, com as mãos para trás, olhando para os dois homens negros
De volta do Paraguai, de Angelo Agostini, publicada na revista A vida fluminense, em 1870.

O movimento abolicionista

A partir de 1850, com a instituição da Lei Eusébio de Queiroz, que proibia o tráfico de pessoas escravizadas para o Brasil, a questão da abolição tornou-se um assunto cada vez mais discutido no país, não somente entre as camadas populares, mas também entre as elites intelectuais e políticas.

Até então, as elites latifundiárias haviam defendido a manutenção da escravidão, que, durante séculos, sustentou a produção econômica brasileira. No entanto, a partir de 1880, as ideias abolicionistas ganharam fôrça e a adesão de pessoas de diversas camadas sociais, entre elas jornalistas, advogados, escritores e políticos.

Com a organização do movimento abolicionista, surgiram jornais e foram fundadas associações que tiveram a participa­ção de intelectuais defensores da causa, como ­Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças e Luiz Gama.

Charge de Angelo Agostini que representa um senhor escravista assustado com a chegada da emancipação das pessoas escravizadas.

Capa. Na parte superior, o texto: REVISTA ILUSTRADA. Abaixo e à esquerda, charge com a silhueta de uma mulher com asas. Ao lado, um homem branco, usando chapéu e terno, está  segurando um guarda-chuva com uma mão e, com a outra, sobre a cabeça de um homem negro que está ajoelhado..
Reprodução da primeira página da Revista Illustrada, publicada em 1880.

Assim, a resistência de muitos escravizados tinha, agora, amplo apôio do movimento abolicionista. Leia o texto a seguir, que trata dessa questão.

reticências

Entre 1885 e 1888, reticências a campanha abolicionista ganhou ímpeto. O fato mais importante agora era a desorganização do trabalho nas fazendas paulistas, provocada pêla fuga em massa de escravos. Ativistas reticências partiam para as fazendas e cidades do interior, incentivando os atos de rebeldia. Em pouco tempo, Santos converteu-se no centro onde se abrigavam os escravos fugidos. Nesse ínterim reticências a elite cafeeira paulista apressou o funcionamento do plano de imigração, percebendo que o sistema escravista se desagregava rapidamente.

reticências

FAUSTO, Boris. História do Brasil. 14. edição São Paulo: , 2012. página 187-188. (Didática, 1).

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

De acôrdo com o texto, como o movimento abolicionista auxiliou os escravizados em sua resistência?

Outras leis abolicionistas

Lei do Ventre Livre (1871): ou Lei Rio Branco, estabelecia a liberdade para filhos de escravizadas nascidos a partir de 1871. No entanto, o proprietário da mãe da criança liberta poderia optar por receber uma indenização do govêrno ou ter a criança prestando-lhe serviços até que ela completasse 21 anos.

Lei dos Sexagenários (1885): também conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe, estabelecia a liberdade para pessoas escravizadas com mais de 60 anos de idade, embora o ex-escravizado ainda pudesse prestar serviços por mais três anos ou até os 65 anos, como fórma de indenização ao senhor.

A abolição da escravidão no Brasil

Após séculos de escravidão e resistência, em 13 de maio de 1888 a escravidão foi abolida no Brasil, com a assinatura da Lei Áurea pêla princesa regente, Isabel, filha de dom Pedro dois. Com isso, o Brasil tornou-se uma das últimas nações do mundo a abolir oficialmente a escravidão.

No entanto, mesmo após essa conquista, a luta dos africanos e afrodescendentes continuou, pois não houve no período pós-abolição uma política que lhes garantisse uma vida digna. Sem acesso à terra, à educação, à saúde ou à assistência econômica, muitos ex-escravizados ficaram sem trabalho e sem meios de subsistência, e outros passaram a trabalhar em troca de salários baixíssimos e em condições não muito diferentes às da época da escravidão.

Além disso, continuaram a sofrer com o preconceito e com a discriminação, o que dificultou muito a inserção deles na sociedade, a participação na vida política do país e a garantia de direitos igualitários como cidadãos.

Fotografia em tom sépia. Um homem negro, usando chapéu, camisa e calça, está de pé segurando uma sacola com as mãos.
Ex-escravizado em rua na cidade de São Paulo, ésse pê, por volta de 1900.

A abolição da escravidão no Ceará

A Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, não foi o primeiro documento a decretar a abolição da escravidão no território brasileiro. Quatro anos antes, em 25 de março de 1884, o Ceará foi a primeira província a abolir a escravidão.

Assim como em outras regiões do país, no Ceará, o movimento abolicionista era bastante atuante, incentivando o fim do tráfico de pessoas e a compra de alforrias. Leia o texto a seguir.

reticências Em um período difícil para os escravizados e para toda sociedade cearense, devido às sêcas (1877-1880), a escravidão passa a ser atacada, já que a utilização da mão de obra escrava parece ser uma contradição em conjunto com a miséria de todos. reticências

No dia 27 de janeiro de 1881, os “libertadores” resolvem trancar o Pôrto de Fortaleza ao tráfico negreiro. Os navios “Espírito Santo” e “Pará” foram impedidos de transportar escravizados pelos jangadeiros, que eram responsáveis pêlo acompanhamento dos navios até o início das águas profundas. O primeiro líder do movimento grevista foi o pescador Antônio Napoleão e, depois, Francisco José do Nascimento. Segundo Edmar Morel (1967), influenciado pelos líderes da [Sociedade Cearense Libertadora], Nascimento assumiu a liderança dos grevistas. Concomitantemente à greve dos jangadeiros, os “libertadores” arrebatavam carruagens com escravizados destinados aos navios atracados no Pôrto. reticências

[José do] Patrocínio fez visitas à região para participar dos eventos relacionados às libertações dos escravizados de algumas localidades do Ceará, em especial na cidade de Acarape (Redenção), primeira a libertar “em massa” essas populações – simultaneamente, em tôrno de 116 cartas de alforria. Em 25 de março de 1884, a província do Ceará decreta a abolição da Escravidão.

reticências

GOMES, Arilson dos Santos. Escravidão e Abolição no Ceará: memórias e trajetórias das populações libertas na cidade de Redenção. Crítica Histórica, ano doze, número 23, julho 2021. página 197-198.

Capa. Na parte superior, o texto: REVISTA ILUSTRADA. Abaixo, charge do busto de um homem com barba entre as nuvens. Na parte inferior, duas embarcações pequenas a vela com pessoa dentro.
Charge de Angelo Agostini representando a festa dos jangadeiros cearenses, publicada na Revista Illustrada, em 1884.

Dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra

Vimos que, em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea abolindo oficialmente a escravidão no Brasil. Durante muito tempo, essa data foi praticamente a única a ser lembrada e celebrada em relação à história dos africanos e afrodescendentes no país. Porém, a data passou a ser questionada pêlo movimento negro por não considerar a luta e a resistência dêsses povos durante todo o período em que houve escravidão no Brasil.

Por meio do respeito somos capazes de reconhecer a luta e a resistência de africanos e afrodescendentes contra a violência e as injustiças ao longo da história.

De acôrdo com essa visão, o 13 de maio de 1888 relembra o fim da escravidão como se fosse um ato isolado da princesa Isabel e não dos próprios escravizados, que por séculos resistiram à violência do cativeiro. Assim, a data é apenas simbólica, devido à inexistência de políticas de inclusão dos libertos na sociedade, o que provocou sua imediata marginalização e exclusão social, política e econômica. Essa situação derivou do preconceito histórico contra as populações negras do país, que não foram valorizadas nem respeitadas como sujeitos importantes que ajudaram a construir o Brasil.

Visando mudar essa imagem, o movimento negro reivindicou que o 20 de novembro fosse escolhido para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra. êsse é o dia da morte de Zumbi dos Palmares, principal líder do Quilombo dos Palmares. A data foi criada apenas em 2011. Além de reconhecer os africanos e afrodescendentes como sujeitos de sua própria história e promover uma reflexão sôbre a importância de se combater o racismo, essa data também valoriza a grandeza, a diversidade e a beleza da cultura afro-brasileira e suas raízes africanas.

Fotografia. Mulheres negras usando turbante, vestidos rodados, carregando bandeiras e cartazes em uma rua de uma cidade. Ao redor, prédios altos. Em um dos cartazes, há o texto: OCUPAÇÃO CULTURAL JEHOLU. AS MATRIZES AFRICANAS NA LUTA ANTIRRACISTA.
Pessoas se manifestando durante o Dia da Consciência Negra, na cidade de São Paulo, ésse pê, em 2021.

O movimento republicano

Em 1870, foi fundado o Partido Republicano do Rio de Janeiro, que reunia diversos políticos, intelectuais, jornalistas e membros da elite comercial.

êsse partido considerava a monarquia um sistema decadente e ultrapassado, que estava desalinhado com os ideais de progresso e de liberdade em voga na maioria dos países industrializados na época, principalmente da Europa.

O movimento republicano defendia um sistema político federativo, em que cada província teria autonomia para determinar suas próprias leis, porém unidas pêlo vínculo de solidariedade e de unidade nacional, formando uma república.

e outros preceitos foram difundidos no Manifesto Republicano, publicado em 3 de dezembro de 1870, no jornal A República. O manifesto influenciou a fundação de outros partidos semelhantes, como o Partido Republicano Paulista (pê érre pê), em 1873, que tinha a participação de membros da elite cafeicultora paulista, principalmente após a abolição da escravidão.

Capa. Na parte superior, o texto: A REPÚBLICA. Abaixo, textos dispostos em colunas.
Reprodução da primeira página (detalhe) do jornal A República, de 1882.

O apôio da elite cafeeira

Com a abolição da escravidão em 1888, membros das elites cafeeiras sentiram-se prejudicados, pois a Lei Áurea não previa nenhum tipo de indenização aos senhores que perderam trabalhadores escravizados.

Assim, o govêrno imperial perdeu uma de suas principais bases de apôio. Muitos cafeicultores passaram a fazer oposição ao regime monárquico, engajando-se no movimento republicano.

Charge. Homens, usando chapéu e casacos, estão em semicírculo segurando com as mãos um jornal.
Charge de Angelo Agostini representando a insatisfação dos escravocratas ao lerem a notícia sôbre abolição da escravidão, publicada na Revista Illustrada, em 1888.
A questão religiosa

Desde a promulgação da Constituição de 1824, o catolicismo foi afirmado como religião oficial do Estado, sendo, assim, reservado ao govêrno o direito de interferir nos assuntos da Igreja católica, como validar ou invalidar decretos.

A partir de 1870, por decisão do papa, no Vaticano, a Igreja adotou uma postura mais rígida com relação às interferências do govêrno brasileiro, reivindicando maior autonomia. Os bispos da província da Bahia, dom Vital, de Olinda, e dom Macedo, de Belém, chegaram até a ser presos pêlas fôrças imperiais, por seguirem as determinações do papa.

êsse fato aumentou as tensões entre a Igreja e o Estado, que também contribuíram para desestabilizar a ordem do Império.

A questão militar

Ao longo da segunda metade do século dezenove, diversos militares questionavam o govêrno imperial. Os critérios de promoção de cargos oficiais, a baixa remuneração e a necessidade de autorização para casamento, por exemplo, já eram assuntos criticados internamente no Exército. Além disso, havia militares que defendiam o fim da escravidão e projetos de modernização do país, como o incentivo à industrialização e à educação pública.

Após a Guerra do Paraguai, o Exército se fortaleceu como instituição, e seus oficiais passaram a desfrutar de grande prestígio na sociedade. A partir de então, êles começaram a exigir também maior participação política e melhores soldos (salários) para seus membros.

Charge. Ao centro, um homem com barba e cabelos brancos, usando coroa, adereço no pescoço e manto, está caindo de um trono. À esquerda, um homem com farda está empurrando o trono. Ao redor, algumas pessoas estão sorrindo.
Donaponto Pedro dois e a Monarquia desequilibrados, de Angelo Agostini, publicada na Revista Illustrada, em janeiro de 1882.

A Proclamação da República

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[Narrador]

O processo de Proclamação da República

[Renata]

[tom de voz animado]

Olá! Está começando mais um episódio do podcast “De olho na História”. Eu sou a Renata.

[Miguel]

[tom de voz animado]

E eu sou o Miguel. Sejam bem-vindos!

[Renata]

[tom de voz animado]

Hoje vamos conversar sobre a Proclamação da República no Brasil.

[Miguel]

[tom de voz animado]

Vamos entender que interesses estavam em jogo nesse momento decisivo da nossa história.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

Como todos os processos históricos, a Proclamação da República foi consequência de uma crise anterior, que já vinha avançando ao longo do Segundo Reinado.

[Miguel]

[tom de voz explicativo]

A partir da década de 1870, logo após a Guerra do Paraguai, o Brasil enfrentou uma séria crise econômica por causa das dívidas agrícolas e da grande campanha militar.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

A Guerra do Paraguai fortaleceu os militares como grupo social. Com uma influência crescente no cenário nacional, eles almejavam maior participação política e exigiam melhores salários.

[Miguel]

[tom de voz explicativo]

Mas a monarquia brasileira ainda tinha dificuldade em confiar no exército. Mesmo assim, a Guarda Nacional era a instituição que tinha o maior orçamento e recebia mais investimentos.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

É bom lembrar que o Exército tinha sido formado por uma pequena elite e uma grande quantidade de assalariados e ex-escravizados, que buscavam algum reconhecimento econômico-social como recompensa pela guerra.

[Miguel]

[tom de voz explicativo]

Apesar de o Brasil ter saído vitorioso da guerra, a monarquia, representada por Dom Pedro II, se viu enfraquecida. Os novos rearranjos políticos, que já estavam em curso desde a década de 1860, seguiram avançando no cenário nacional.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

Além disso, a elite cafeicultora decidiu apoiar o movimento republicano. Ela estava insatisfeita com a abolição da escravidão e reivindicava uma indenização do governo pelos prejuízos sofridos.

[Miguel]

[tom de voz explicativo]

Antes apoiadora do Império, a Igreja também passou a reivindicar maior autonomia, pois estava descontente com a interferência do Estado nos decretos religiosos, uma das medidas instituídas pela Constituição de 1824.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

Mas os principais responsáveis pelo fortalecimento do movimento republicano e pelo consequente fim da monarquia foram mesmo os militares.

[Miguel]

[tom de voz explicativo]

Os jornais mostravam o Exército e seus representantes como protagonistas do cenário nacional. Dom Pedro II, debilitado e com a imagem cada vez mais abalada, era retratado como inimigo da nação e representante do atraso.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

Benjamin Constant presidia o Clube Militar, que ele mesmo havia fundado. Esse clube se tornou um centro divulgador do pensamento positivista e de ideias republicanas, que se espalharam entre as forças armadas e a população em geral.

[Miguel]

[tom de voz explicativo]

Juntando tudo isso – interesses da elite, descontentamento do Exército e oposição da Igreja –, estava formado um cenário favorável para a Proclamação da República.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

Proclamação que na verdade foi um golpe, que destituiu a monarquia constitucional sem qualquer participação popular.

[Miguel]

[tom de voz explicativo]

Isso mesmo, Renata. No dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca liderou um grupo de militares e civis republicanos, que invadiu o Ministério da Guerra para declarar o fim da monarquia.

[Renata]

[tom de voz explicativo]

A população brasileira foi informada da mudança de governo somente na manhã seguinte, pelas manchetes de jornais, e a maioria não sabia o que significava a Proclamação da República.

[Miguel]

[tom de voz explicativo, com certa indignação]

Assim, a elite começou a desenvolver um projeto de nação conforme seus próprios interesses, privilegiando uma economia especialmente ligada ao comércio do açúcar e do café.

[Renata]

[tom de voz explicativo, com certa indignação]

É importante dizer que a transição entre monarquia e república aconteceu sem discussões sobre condições de trabalho ou melhorias sociais. A organização social permaneceu praticamente a mesma.

[Miguel]

[tom de voz explicativo, com certa indignação]

Além de não participar da tomada de poder, o povo brasileiro ficou de fora das resoluções políticas posteriores. Nada foi feito para melhorar a vida nas cidades, o saneamento ou a desigualdade social.

[Renata]

[tom de voz explicativo, com certa indignação]

Lembrando ainda que a abolição da escravidão, em 1888, deixou a população liberta totalmente desamparada, sem acesso às condições mínimas de sobrevivência.

[Miguel]

[tom de voz reflexivo]

Pois é, o golpe da proclamação da república reorganizou o poder entre as elites, mas pouco serviu para resolver os problemas sociais.

[Renata]

[tom de voz de encerramento]

Com certeza, Miguel. Bem, chegamos ao final deste episódio.

[Miguel]

[tom de voz de encerramento]

Deixo aqui uma sugestão: pesquisem sobre outros golpes que ocorreram ao longo da história do nosso país.

[Renata]

[tom de voz de encerramento]

Aproveitem para conversar a respeito com os colegas. Até a próxima!

[Miguel]

[tom de voz de encerramento]

Tchau, pessoal! Até mais!

[Narrador]

O áudio inserido neste conteúdo é da Incompetech.

No final do século dezenove, o govêrno monárquico encontrava-se bastante fragilizado com a perda do apôio das elites latifundiárias após a abolição e do apôio da Igreja após os conflitos que envolveram as questões religiosas. A situação agravou-se ainda mais com a ativa atuação do movimento republicano e com a crescente insatisfação dos militares.

Na tentativa de amenizar a crise, o govêrno imperial formou um novo gabinete, em junho de 1889, que propôs diversas reformas políticas. Muitos militares, temendo que algumas dessas mudanças ameaçassem seus interêssis e levassem à desagregação do Exército, organizaram-se em um movimento contra o govêrno.

Em 15 de novembro de 1889, um grupo de militares, liderados pêlo marechal Deodoro da Fonseca e acompanhados por civis republicanos, invadiu o Ministério da Guerra e declarou o fim da monarquia, estabelecendo a República como novo sistema de govêrno.

A Proclamação da República foi um movimento do qual participaram militares e civis republicanos.

Gravura. Centralizado, dois homens montados em cavalos. Um deles está usando farda com ombreiras e o outro usando terno. Ao redor, diversas pessoas.
Detalhe da gravura de artista desconhecido, feita no século dezenove.

Poucos dias depois da Proclamação da República, o imperador deposto, Pedro de Alcântara, e sua família partiram para o exílio na França.

Gravura. Pessoas no convés de uma embarcação. No primeiro plano à esquerda, um homem com barba e cabelos brancos, usando uma cartola e um terno, está de pé com as mãos nas costas. Ao fundo, um homem de farda azul e outro com farda verde, estão do lado de duas mulheres se abraçando.
Gravura de artista desconhecido, feita no século dezenove.
Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

Quais foram os principais fatores que contribuíram para a conjuntura de crise do Império e favoreceu a Proclamação da República, em 1889?

Justiça social

A expressão justiça social refere-se ao pensamento de que o Estado deve promover políticas públicas que tenham como objetivo compensar algumas injustiças existentes em uma sociedade. Segundo êsse pensamento, o Estado deve realizar ações afirmativas que visem reparar injustiças cometidas contra determinados grupos sociais, buscando garantir igualdade de oportunidades.

No Brasil, o sistema escravista deixou um legado bastante negativo para a nossa sociedade, especialmente para a população afrodescendente. No final dêsse longo período, os afrodescendentes constituíam a maior parte da população do país, porém, apesar das transformações, também representavam a parcela mais pobre e que ainda enfrentava diversos problemas, como o preconceito e a discriminação racial.

A República foi instituída um ano após a abolição da escravidão no Brasil. No entanto, nenhuma política foi criada para promover a integração dos afrodescendentes na sociedade republicana. Ao contrário, durante os primeiros anos da República, vigorou uma política que enfatizou o racismo, buscando promover o “branqueamento” da população por meio da miscigenaçãoglossário e da vinda de imigrantes europeus para o país.

O texto a seguir aborda algumas das consequências dessa política.

reticências A fôrça do pensamento dominante fazia com que os afro-brasileiros se sentissem inferiorizados devido às suas origens africanas, buscando escondê-las com o abandono de suas tradições (pêlo menos entre os mais instruídos) e com a preferência por casamentos inter-raciais que produzissem filhos de pele mais clara, cabelo mais liso, lábios e nariz mais finos. Assim, se aceitávamos e mesmo estimulávamos a mestiçagem, não era por falta de preconceitos, e sim porque queríamos apagar os traços africanos da nossa população. Da mesma fórma, buscava-se um distanciamento cada vez maior da África, considerada terra de povos atrasados, incapazes de construir civilizações evoluídas.

reticências

SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. 2. edição São Paulo: Ática, 2007. página 142.

As lutas atuais

Ao longo do século vinte, a comunidade afro-brasileira buscou recuperar e valorizar parte da cultura de seus ancestrais. Entretanto, ainda não superamos completamente a questão do racismo, e diversos casos de discriminação ocorrem diariamente no Brasil.

Além disso, a desigualdade social existente entre negros e brancos ainda é grande. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipéa), em 2021, por exemplo, a renda média de pessoas consideradas brancas era, ao menos, duas vezes maior do que a das pessoas consideradas negras.

Assim, nas últimas décadas, diversos movimentos sociais lutaram, e ainda lutam, para incentivar e promover ações contra o racismo, o preconceito, a misoginia, a homofobia, a intolerância religiosa, entre outros, visando melhorar as condições de vida da população afrodescendente.

movimentos pressionam os políticos pêla elaboração de políticas públicas que garantam maior presença e representatividade em diversas áreas, como na educação e no mercado de trabalho. Entre as ações do Estado que visam atender às reivindicações dêsses movimentos está a inclusão da prática do racismo como crime inafiançável na Constituição brasileira de 1988 e a adoção do sistema de cotas para pessoas de baixa renda e afrodescendentes nas universidades e empresas públicas.

Fotografia. Tribuna com diversos homens e mulheres com um dos braços erguidos para cima.
Parlamentares negros e integrantes do movimento negro comemoram em Brasília, Distrito Federal, a aprovação pêla Câmara dos Deputados da lei que garante cota para negros no serviço público, em 2014.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Você conhece outras medidas tomadas pêlo Estado que visam combater algum tipo de injustiça social praticada contra determinado grupo?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Você é contra ou favorável às medidas tomadas pêlo Estado que visam combater injustiças sociais? Justifique sua resposta.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Quais foram as consequências para o Brasil ao se envolver na Guerra do Paraguai?
  2. Explique as motivações que levaram à Guerra do Paraguai.
  3. Copie no caderno o quadro a seguir e complete-a com breves textos explicativos sôbre os fatores apresentados e sua relação com o processo de crise do Império. Observe o exemplo.
Ícone Modelo.

Fatores que influenciaram a crise do império

Explicação

Questão religiosa

A disputa por poder gerou um embate entre os clérigos e o Império, desestabilizando a Monarquia.

Movimento abolicionista

Movimento republicano

Guerra do Paraguai

Questão militar

  1. A Lei Áurea conseguiu garantir plenos direitos e igualdade social aos ex-escravizados em relação aos demais cidadãos? Explique.
  2. Como ocorreu a Proclamação da República?
  3. Redija um texto explicando as condições sociais dos ex-escravizados após a Abolição, e qual é a situação social da população negra no Brasil atual. Utilize os conceitos em destaque nos boxes a seguir.

Marginalização

Direitos civis e políticos

Assistência

Preconceito

Aprofundando os conhecimentos

7. O artista Angelo Agostini publicou diversas charges ironizando o govêrno imperial do Segundo Reinado. Observe uma delas a seguir e responda às questões.

Charge. Um homem com cabelos e barba branca, usando óculos e terno, está sentado em uma poltrona com os olhos fechados. No colo, há um jornal com o texto: O PAIZ.
Charge de Angelo Agostini, publicada em 1887.
  1. Você consegue identificar a personagem representada na imagem?
  2. Analise os elementos da imagem. Que tipo de crítica política está presente nessa charge de Agostini? Explique como você chegou a essa conclusão.
  3. As charges apresentam de fórma irônica determinado ponto de vista a respeito do contexto político e social vivido em um país. Você se lembra de alguma charge produzida na atualidade? sôbre o que ela tratava? Converse com os colegas.

8. Analise a imagem ê, em seguida, responda à questão.

Fotografia em tons de sépia. Várias mulheres e crianças sentadas e em pé. Algumas estão sem vestes e outras com roupas rasgadas. Ao fundo, alguns homens de terno.
Famílias paraguaias sem teto durante a Guerra. Foto de 1867.

Descreva a imagem ê, depois, responda: o que a foto pode nos revelar sôbre a situação de parte da população paraguaia durante a Guerra do Paraguai?

9. Os escravizados participaram ativamente da luta pêla abolição. No povoado de Queimado, no atual estado do Espírito Santo, êles organizaram uma insurreição, invadindo a igreja local para conquistar direitos. Analise a notícia a seguir, publicada em um jornal de 1849.

21 de março às 5 horas da tarde [de 1849]

No dia 19 do corrente [mês] um grupo de escravos armados invadiu a igreja da povoação do Queimado na ocasião em que se celebrava o Santo Ofício da Missa, e em gritos proclamavam a sua liberdade, e alforria, e seguindo para diversas fazendas e aliciando os escravos delas, e em outras obrigando seus donos a darem liberdade a seus escravos reticências. O Sr. presidente da província soube dêste triste acontecimento reticências, e sem perda de tempo fez seguir para aquela povoação o chefe de polícia acompanhado de tropa reticências.

Estas providências, e outras que o presidente tem dado, reticências fizeram com que ontem fossem batidos tanto na povoação do Queimado como na da Serra dois grandes grupos daqueles criminosos que ou morreram, ou fugiram em completa debandada, deixando no campo as armas e munições que conduziam.

Em breve teremos de anunciar ao público e aos nossos leitores que a tranquilidade e segurança pública se acham inteiramente reestabelecidas, e que os criminosos sofreram um justo castigo de seus crimes. Ânimo, coragem e confiança no govêrno, e nada temos a recear reticências.

pôst . Correio da Victoria, número 20, 24 março 1849. página 4.

  1. De acôrdo com a notícia, quais eram as reivindicações dos escravizados?
  2. Qual foi a reação do presidente da província diante dessa situação?
  3. Explique o posicionamento assumido por êsse veículo de informação em relação à luta dos escravizados.

10. Leia o texto a seguir e responda às questões.

reticências

A luta abolicionista na década de 1880, na cidade de São Paulo, envolveu uma diversidade de indivíduos de distintos setores da sociedade e cada qual imprimiu no movimento suas experiências, expectativas, projetos e interêssis na abolição. Congregados sob o têrmu abolicionista encontravam-se pobres e potentados, ex-escravos, trabalhadores autônomos, homens livres despossuídos e até alguns fazendeiros. Distintos projetos abolicionistas estiveram em jôgo ao longo da última década de 1880, mas principalmente após a evidência da insuficiência da Lei dos Sexagenários, de 1885.

Alguns abolicionistas optaram pêla via jurídica para defender os escravos em ações de liberdade. Outros congregaram-se em associações abolicionistas com o objetivo de arrecadar recursos para compras de liberdade. Houve aqueles que optaram por auxiliar, no interior das fazendas, os escravos a fugirem, elaborando planos de fugas e de transporte até local seguro. Segundo memorialistas da luta abolicionista, Antonio Bento foi capaz de organizar um grupo chamado Ordem dos Caifazes, o qual sistematizou as fugas de escravos e se baseava nas seguintes tarefas: reunir homens livres e criar uma rede de colaboradores que indicasse as fazendas em que a fuga seria efetivada; elaborar uma estratégia de fuga, dependente de uma série de atores sociais; e considerar as diversas circunstâncias a serem evitadas para que a iniciativa não terminasse em catástrofe

Ficou patente para os historiadores dêsse período que as fugas que já vinham ocorrendo ao longo de toda a década de 1880 intensificaram-se a partir do final de 1886. reticências

, Alexandre. Memória da imprensa abolicionista: O Jornal A Redempção. Revista do Arquivo, São Paulo, ano dois, número 7, outubro 2018. página 107-108. Disponível em: https://oeds.link/sd9gXC. Acesso em: 4 abril 2022.

  1. O que foi a Lei dos Sexagenários, e por que o texto afirma que ela foi insuficiente?
  2. Explique o que o primeiro parágrafo do texto revela a respeito do movimento abolicionista.
  3. De acôrdo com seus conhecimentos e com o texto apresentado, quais foram as estratégias utilizadas pêlo movimento abolicionista para alcançar o seu objetivo?
  1. Ainda de acôrdo com o texto da atividade 10, quais grupos de pessoas estavam entre os abolicionistas na década de 1880 na cidade de São Paulo? Copie a alternativa correta.
    1. Pobres e potentados, ex-escravizados, trabalhadores autônomos, homens livres despossuídos e até alguns fazendeiros.
    2. Funcionários do govêrno, militares do movimento republicano e a maioria dos fazendeiros.
    3. Blancos, colorados e padres missionários.
    4. Apenas artistas, músicos e profissionais liberais como médicos, jornalistas e advogados.

O tema é reticências

Ciência e tecnologia

A fotografia e a História

Em 1839, a notícia da invenção da fotografia chegou ao Brasil. Desenvolvida na Europa, essa fórma de registro de imagens disseminou-se ao longo do século dezenove. Como era uma tecnologia inovadora, obter retratos tornou-se um costume bastante valorizado pêla sociedade e representava uma fórma de as famílias se destacarem entre as demais, aumentando seu prestígio social.

Nesse contexto, dom Pedro dois foi um dos maiores incentivadores da fotografia no Brasil, sendo o primeiro monarca do mundo a patrocinar um fotógrafo oficial para registrar imagens, em 1851.

Atualmente, as fotografias tiradas naquela época nos ajudam a compreender alguns aspectos do cotidiano das pessoas no século dezenove, como as vestimentas usadas por elas, além de informações sôbre o local, como as construções das cidades e a natureza. No entanto, é importante ter em mente que a fotografia é um registro que parte do olhar do fotógrafo, lógo, ela sempre será considerada um recorte, entre outros possíveis, de determinada realidade.

Ilustração. No primeiro plano, à esquerda, um homem usando terno, segurando uma máquina fotográfica em formato de caixa. Atrás, Quatro homens vestindo terno. Um deles está sentado. Três mulheres com vestidos coloridos e duas crianças, sendo uma menina com vestido rosa sentado em uma poltrona e um menino com camisa azul em pé.
Tirar uma fotografia no século dezenove não era uma tarefa fácil. Normalmente, as pessoas tinham que ficar vários minutos paradas para não prejudicar a qualidade da imagem. Dessa fórma, em diversas fotografias, as pessoas aparecem sentadas ou apoiadas. Nessa época, o procedimento era custoso e simbolizava um “grande” evento na vida familiar, por isso as pessoas costumavam vestir suas melhores roupas e acessórios.

A fotografia digital

Você gosta de ser fotografado? Costuma tirar fotografias com frequência? Já publicou uma imagem em uma rede social?

Até os dias atuais, as fotografias representam um importante mecanismo de registro. No entanto, algumas inovações tecnológicas alteraram a fórma como lidamos com elas.

Com a fotografia digital (que utiliza o sensor eletrônico), as ima­gens não precisam mais ser reveladas, já que elas podem ser ­visualizadas e compartilhadas virtualmente em com­putadores ou smartphones, por exemplo.

Além disso, as câmeras fotográficas modernas têm sido difundidas em larga escala, possibilitando grande popularização do costume de tirar fotografias – hábito que hoje é realizado de fórma mais rápida e simples.

Ilustração. Duas pessoas, uma do lado da outra. Elas estão olhando para o celular enquanto uma delas o segura com uma das mãos.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Por que as fotografias são importantes fontes históricas?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Como foi a chegada dessa invenção ao Brasil?

Ícone ‘Em grupo’.
  1. Agora, junte-se aos colegas e ao professor e escolham um local na escola para a realização de um ensaio fotográfico da turma.
    1. Organizem-se de modo que todos possam aparecer na foto, que pode ser tirada no estilo selfie pêlo professor ou por um de vocês. Também é possível pedir auxílio para outro funcionário da escola.
    2. Em seguida, tirem fotografias individuais. Vocês podem montar pequenos cenários na sala de aula, ou colocar fantasias de personagens de que gostam.
    3. Depois, se possível, imprimam as fotografias, exponham-nas na sala e conversem sôbre o que elas transmitem a respeito de cada pessoa da turma e sôbre a influência das fotografias em nosso dia a dia.

O que eu estudei?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

  1. Analise as frases a seguir, sôbre o trabalho no Brasil Império e, em seguida, copie a alternativa correta.
    1. No século dezenove, as lavouras cafeeiras utilizavam a maior parte da mão de obra escrava no Brasil. Outras atividades, como serviços domésticos, artesanato e comércio ambulante, utilizavam a mão de obra assalariada exclusivamente.
    2. A imigração europeia para o Brasil foi impulsionada por problemas internos na Europa, como guerras civis, movimentos de unificação, alta de impostos e de níveis de desemprêgo que resultaram em uma significativa crise econômica.
    3. Para trazer um grande contingente de imigrantes para atuar nas lavouras cafeeiras, o govêrno brasileiro oferecia passagens e terras, e garantia-lhes segurança, salários e excelentes condições de vida e de trabalho.
    4. A Lei de Terras de 1850 favoreceu os imigrantes europeus, pois uma vez sendo assalariados, poderiam comprar as terras e trabalhar em cultivos próprios, podendo então se desvencilhar dos grandes produtores.
  2. Leia o texto a seguir, sôbre a questão da imigração no Brasil no século dezenove. Depois, responda às questões.

reticências

O govêrno passaria a financiar a vinda de imigrantes europeus no fim dos anos 1860, medida que, segundo a lógica dos governantes, traria “novo benefício”, como o branqueamento da população, apregoado pêlas teorias científicas da época. Afinal, não era possível esquecer o receio que pairava, nesse momento, com relação ao “futuro de um país de raças mestiças”, e o persistente medo do haitianismoglossário reticências.

Chuárquis, Lilia Mórits; istárlin, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. página 276.

  1. Como a lógica dos governantes revela o racismo corrente na sociedade brasileira no século dezenove?
  2. Por que os governantes brasileiros tinham medo do haitianismo?

3. Leia o texto a seguir e responda às questões.

A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor dona Pedro dois, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:

Artigo 1°: É declarada extincta desde a data desta lei a escravidão no Brazil.

Artigo 2°: Revogam-se as disposições em contrário.

Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se contém.

reticências

BRASIL. Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888. Disponível em: https://oeds.link/AA9Fi7. Acesso em: 5 abril 2022.

  1. O que garante o texto da Lei reproduzido anteriormente?
  2. Quem assinou essa lei?
  3. É correto afirmar que foi somente graças à essa lei que a escravidão foi abolida no Brasil? Justifique sua resposta.
  1. sôbre a Guerra do Paraguai, copie a alternativa correta.
    1. O Uruguai ficou arrasado após o conflito. Quase metade de sua população foi morta nas batalhas ou em decorrência delas, por fome e doen­ças. Além disso, parte de seu território foi dividido entre o Brasil e o Paraguai.
    2. Durante o conflito, havia uma disputa entre duas facções políticas na Argentina: os blancos conservadores e os colorados liberais.
    3. Os paraguaios, liderados por Francisco Solano López, venceram a guerra, conquistaram os territórios do rio da Prata e passaram a exportar seus produtos para a Inglaterra.
    4. êsse conflito uniu o Brasil, a Argentina e o Uruguai contra o Paraguai, em uma disputa política e territorial na bacia do rio da Prata.
  2. Construa um mapa mental a respeito da Crise do Segundo Reinado até a Proclamação da República do Brasil. Para construí-lo, lembre-se de que êle deve não apenas apresentar os eventos, mas também conectá-los, de fórma a dar visibilidade à conjuntura, às suas causas e aos seus impactos.
Versão adaptada acessível

5. Escreva um texto a respeito da Crise do Segundo Reinado até a Proclamação da República do Brasil. Ao elaborar o texto, procure não apenas apresentar os eventos, mas também conectá-los, de forma a dar visibilidade à conjuntura, às suas causas e aos seus impactos.

Glossário

Revisionista
: que reanalisa algo, geralmente trazendo modificações em relação à interpretação anterior.
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Miscigenação
: mestiçagem, relação entre pessoas de diferentes etnias cujo resultado é o nascimento de filhos mestiços.
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Haitianismo
: têrmu que se refere à influência do processo de independência do Haiti, que ocorreu a partir de uma revolta de escravizados que aboliu os privilégios das elites locais.
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