CAPÍTULO 14 O crescimento urbano e o imperialismo europeu

Na segunda metade do século dezenove, as cidades europeias passaram por um processo de crescimento e de grande aumento populacional. Em 1880, Londres, capital da Inglaterra, possuía cêrca de 5 milhões de habitantes. Paris, capital da França, teve um aumento populacional de cêrca de 2 para 3 milhões de pessoas entre 1850 e a primeira década do século vinte.

A sociedade europeia no final do século dezenove

Naquela época, o desenvolvimento urbano e industrial transformou o modo de vida das pessoas das grandes cidades e favoreceu principalmente as camadas mais ricas da sociedade, como a burguesia e a classe média.

Os burgueses e a classe média

Entre os membros da burguesia estavam os grandes empresários, os banqueiros e os donos de fábricas. burgueses usufruíam da maioria das inovações tecnológicas da época e, além disso, habitavam residências confortáveis, onde tinham acesso à energia elétrica e aos serviços de saneamento básico, como redes de esgôto e água encanada.

Pintura. Pessoas em volta de uma mesa com vários alimentos e bebidas. No primeiro plano, ao redor da mesa, há mulheres usando chapéu com flores e vestido e homens usando blusa regata, chapéu e calça. Ao fundo, homens usando cartola e terno e mulheres usando vestido e chapéu estão conversando.
O almôço dos barqueiros, de Pierre Auguste Renoar. Óleo sôbre tela, ​130centímetrospor173centímetros, 1881.
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Questão 1.

Quem eram os membros da burguesia europeia no final do século dezenove?

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Questão 2.

Analise esta pintura de Renoar. Quais tipos de informações essa fonte histórica pode fornecer sôbre o passado?

A classe média, ou pequena burguesia, era formada por diferentes tipos de trabalhadores, como pequenos comerciantes, vendedores, funcionários públicos e profissionais liberais, como engenheiros, médicos, advogados, entre outros. No século dezenove, êles ganharam maior espaço na sociedade com o processo de industrialização e de modernização das cidades.

Muitos membros da classe média tornaram-se profissionais especializados e ascenderam socialmente nesse período. Dessa fórma, passaram a valorizar o trabalho, os estudos e o esfôrço individual como maneiras de conquistar melhores condições de vida.

Gravura. À esquerda, um homem usando, um roupão de seda, está sentado em uma cadeira segurando um jornal. Ao lado, uma mulher, com cabelos presos e usando vestido, está sentada em uma cadeira segurando com as mãos uma menina. Atrás, uma mulher, usando touca na cabeça e vestido, está de pé segurando um bule com as mãos. Sobre a mesa, diversos alimentos, talheres e xícaras.
Representação de família de classe média em Londres, Inglaterra. Gravura de autor desconhecido, século dezenove.

A vida dos pobres e dos operários

Com o desenvolvimento industrial e tecnológico, também surgiu uma enorme camada social composta pêla população pobre e assalariada. Sem qualificação ou recursos financeiros, essas pessoas não tinham outra opção a não ser oferecer sua fôrça de trabalho para sobreviver, mantendo-se à margem da sociedade urbana e com poucas perspectivas de ascensão social.

Na Inglaterra, onde as mudanças promovidas pêlo início do desenvolvimento industrial foram bastante perceptíveis, a vida da população urbana, pobre e operária era muito precária.

Fotografia em preto e branco. Pessoas em frente a uma construção. À esquerda, uma mulher, usando touca, blusa e saia, está de pé na porta. Ao redor, algumas crianças.  Seguido, uma mulher, usando blusa e saia, está segurando com as mãos uma criança. À direita, um homem usando chapéu, casaco e calça.
População pobre da cidade de Londres, Inglaterra. Foto do final do século dezenove.

O texto a seguir trata de aspectos do cotidiano das vilas operárias inglesas no século dezenove.

reticências Nas vilas, a água de um poço próximo de um cemitério podia ser impura, mas, pêlo menos, seus habitantes não tinham de se levantar à noite para entrar numa fila diante da única bica que servia as várias ruas, não tinham de pagar por ela. Os habitantes das cidades industriais tinham frequentemente de suportar o mau cheiro do lixo industrial e dos esgotos a céu aberto, enquanto seus filhos brincavam entre detritos e montes de esterco. reticências

tompison, éduard P. A formação da classe operária inglesa. Tradução: Renato Busso Neto e Cláudia Rocha de Almeida. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. página 185. volume 2.

As péssimas condições de vida dos pobres e dos trabalhadores estimularam a mobilização e a conscientização política dessa camada social. Assim, o século dezenove foi um período de muitas lutas por direitos sociais e políticos e por melhores condições de vida e de trabalho nas fábricas.

Aproveitando o “tempo livre”

Na Europa do século dezenove, o trabalho era a atividade que ocupava a maior parte do tempo dos operários. As jornadas de trabalho diárias eram de 12 horas, mas podiam chegar até 16 horas.

Nas poucas horas do dia em que os operários viviam fóra das fábricas, no “tempo livre”, êles descansavam, conviviam com a família ou usufruíam de atividades de lazer, como esportes (corridas a cavalo, pugilismo, futebol, entre outros), danças, diversos jogos de cartas e apostas. Muitas dessas atividades eram condenadas pêlas autoridades e pelos membros das classes sociais mais ricas, que as consideravam violentas e um incentivo ao vício e à decadência do ser humano.

Gravura. Um grupo de homens correndo na direção de uma bola.
Gravura representando uma partida de futebol ocorrida em Londres, Inglaterra, em 1891.

As mulheres e a luta por direitos

Você acredita que homens e mulheres são tratados de fórma igualitária em seu dia a dia? Como será que isso ocorria no século dezenove?

O século dezenove foi importante para a formação do movimento feminista e para a luta pêla igualdade de direitos entre mulheres e homens. Nessa época, com o avanço da industrialização, da urbanização e com o crescimento da classe operária, as mulheres passaram a ter maior participação no mercado de trabalho.

Tornou-se comum, nesse período, as mulheres pobres trabalharem nas fábricas e as da classe média ocuparem cargos em escritórios ou no comércio, além de realizarem várias atividades em outros setores. No entanto, elas recebiam salários menores do que os dos homens e não tinham o direito de voto.

A imagem a seguir retrata uma reunião feminista na França, no início do século dezenove.

Litogravura. Uma mulher, usando chapéu e vestido vermelho, está em cima de um palanque. Ao redor, mulheres usando vestido e chapéu estão com as mãos para cima e batendo palmas.
Clube feminino, de chárlis . Litogravura, 1829. (Detalhe).

O aumento da presença feminina no mercado de trabalho contribuiu para que, aos poucos, as mulheres passassem a atuar em diversas funções (professoras, jornalistas, escritoras etc.), dando grande impulso na luta por igualdade de direitos, principalmente na Europa e nos Estados Unidos a partir do século dezenove.

Com a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, que deu início a um processo de auto-organização e ampliação do movimento a favor da igualdade de direitos entre mulheres e homens: o feminismo.

A luta por melhores condições de trabalho, pêlo direito de votar e de ser votada, pêla educação e pêlo direito de divórcio eram importantes reivindicações das mulheres tanto da burguesia e da classe média como das mulheres operárias, que defendiam seus ideais no dia a dia de trabalho das fábricas e também nos sindicatos.

Fotografia em preto e branco. Mulheres e meninas andando em uma rua, segurando bandeira dos Estados Unidos e uma faixa com o texto: I WISH MA COLD VOTE.
Mulheres se manifestando pêlo direito de votar, nos Estados Unidos, em 1913. Na placa lê-se “Queria que mamãe pudesse votar”.

A luta das mulheres na atualidade

Quase dois séculos depois, a luta das mulheres continua articulada e necessária. Muitas reivindicações ainda são muito semelhantes às do século dezenove, como a luta pêla igualdade de salários entre mulheres e homens, pêla maior participação feminina nos cargos políticos e contra a violência.

Além da luta contra a violência, entre conquistas e retrocessos, outras pautas surgiram nos últimos anos, fortalecendo o feminismo e criando solidariedade com este e outros movimentos sociais que também lutam por direitos e pêla igualdade, como o movimento negro e o éle gê bê tê quê i a mais.

Um exemplo é o surgimento do chamado feminismo negro, que, a partir da década de 1970, conciliou a luta pêla igualdade entre mulheres e homens à luta contra o racismo, presentes na sociedade contemporânea.

reticências

O problema da mulher negra se encontrava na falta de representação pelos movimentos sociais hegemônicos. Enquanto as mulheres brancas buscavam equiparar direitos civis com os homens brancos, mulheres negras carregavam nas costas o pêso da escravatura, ainda relegadas à posição de subordinadas; porém, essa subordinação não se limitava à figura masculina, pois a mulher negra também estava em posição servil perante à mulher branca. A partir dessa percepção, a conscientização a respeito das diferenças femininas foi ganhando cada vez mais corpo. Grandes nomes da militância feminina negra foram fazendo história, a exemplo de Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro. A atenção e a produção de conteúdo foram dedicadas a discussões de raça e classe, buscando romper uma zona de confôrto que o ativismo feminista branco cultivava, especialmente aquele que limitava sua ótica aos problemas das mulheres de boa condição financeira e acesso à educação.

reticências

FEMINISMO negro: sôbre minorias dentro da minoria. Portal Geledés, 14 julho 2016. Disponível em: https://oeds.link/laNOB1.

Acesso em: 20 maio 2022.

A filósofa e escritora paulista Sueli Carneiro é uma das mais importantes intelectuais e ativistas pelos direitos humanos e direitos da mulher negra no Brasil e uma das diretoras da ôngui Geledés.

Fotografia. Destacando o busto de uma mulher negra usando óculos e terno. Ela está de perfil. Atrás, fotografia em preto e brancos destacando a face de uma pessoa negra.
Foto de Sueli Carneiro em 2006.

As teorias sociais

No século dezenove, com a mobilização cada vez maior dos operários por melhores condições de trabalho e pêla garantia de seus direitos, alguns intelectuais desenvolveram teorias que passaram a contestar a exploração capitalista. Conheça a seguir algumas teorias sociais.

Anarquismo

Uma das propostas de organização da sociedade desenvolvida nesse contexto foi o anarquismo, que pregava o fim da instituição estatal e da propriedade privada. Os principais idealizadores dessa teoria foram o francês (1809-1865) e o russo Micail (1814-1876), que viam o Estado, as fórmas de contrôle e de autoridade como as causas da opressão sôbre as pessoas e dos males que afetavam as classes mais pobres naquela época.

O anarquismo baseia-se na ideia de liberdade e valoriza o contexto social em que não haja imposições externas ao indivíduo, no qual a convivência seja baseada em relações coletivistas e igualitárias.

Comunismo

O comunismo é um sistema econômico e político desenvolvido por carl márks (1818-1883) e fréderique ênguels (1820-1895). Segundo pensadores, a história é movida por uma permanente luta de classes que, na época, era travada entre a burguesia e o proletariado. Para acabar com essa situação, êles propunham que os trabalhadores deveriam tomar o poder por meio de uma revolução e implantar um govêrno de caráter socialista. Nessa etapa, as propriedades e os bens de produção passariam a ser coletivizados e controlados pêla classe trabalhadora.

O comunismo seria uma etapa posterior, em que o Estado não seria mais necessário por causa da distribuição igualitária de recursos e da abolição da sociedade de classes.

O Manifesto Comunista, de márks e ênguels, traz as ideias do comunismo e defende a necessidade de mobilização operária.

Página de livro. Papel impresso com inscrições em alemão.
Folha de rosto da primeira edição de O Manifesto Comunista, publicado em 1848.

Cooperativismo

Uma das estratégias encontradas por alguns grupos de trabalhadores para organizar sua atuação no mercado de trabalho foi a formação de cooperativas. Essas instituições propunham uma gestão democrática e comunitária de recursos, visando garantir aos membros boas condições no exercício de suas atividades e, ao mesmo tempo, assegurar sua inclusão no mercado de trabalho.

A primeira dessas organizações foi fundada em 1844, na cidade de , próxima a Manchester, na Inglaterra. Essa cooperativa era formada por 28 profissionais tecelões e originou as principais regras e doutrinas que viriam a fundamentar as demais cooperativas.

Fotografia em preto e branco. Vários homens usando terno. Alguns estão de pé e outros sentados
Membros fundadores da Cooperativa de , na Inglaterra, início do século dezenove.

Ainda hoje, muitas dessas instituições seguem os mesmos princípios do século dezenove, até mesmo no Brasil.

Os membros de uma cooperativa normalmente fazem sua adesão de fórma voluntária, e a gestão da instituição deve valorizar o aspecto democrático, com a participação de todos na administração da economia e no contrôle do capital. Além disso, há a preocupação com a educação e com a formação dos membros cooperados.

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Questão 3.

Você conhece alguma empresa ou instituição que funciona de acôrdo com o sistema cooperativista? Como é o dia a dia dos profissionais cooperados?

O capitalismo financeiro

As estruturas do capitalismo também se transformaram com a Segunda Revolução Industrial. Até meados do século dezenove, a maioria das indústrias tinha pequeno ou médio porte e era administrada por famílias que enriqueciam reinvestindo os lucros gerados com a venda de seus produtos. êsse modêlo é chamado de capitalismo industrial.

Na segunda metade do século dezenove, teve início o chamado capitalismo financeiro, que se caracterizou pêla união entre o capital industrial e o capital bancário. Com o crescimento da economia nesse período, muitos bancos começaram a financiar empresas. Assim, por causa da maior oferta de crédito, muitas delas obtiveram grande e rápido crescimento e passaram a dominar certos mercados, fazendo com que empresas menores falissem.

Movimentação de pessoas em frente ao Banco da Inglaterra, em Londres.

Gravura. Fachada de um prédio grande de pedra, com vários arcos e detalhes em relevo. Ao lado, pessoas caminhando a pé e em carruagens.
Uma vista do Banco da Inglaterra, Threadneedle Street, Londres, de autor desconhecido. Gravura, final do século dezoito.

A forte concorrência entre as empresas nesse período fez com que muitas delas passassem a se organizar para concentrar maior capital, formar monopólios e eliminar suas concorrentes. Isso ocorreu por meio da formação de cartéis, trustes ou holdings. Leia as definições a seguir.

  • Cartel: acôrdo entre diferentes empresas que atuam em um mesmo ramo da economia com o objetivo de dividir o mercado entre elas, eliminando a concorrência.
  • Truste: associação de várias empresas que se fundem com o objetivo de controlar todas as fases de produção, distribuição e consumo de suas mercadorias.
  • Holding: empresa que controla outras empresas menores, por meio da posse da maior parte de suas ações.

O Imperialismo no século dezenove

A partir da segunda metade do século dezenove, os países europeus industrializados, como a Inglaterra e a França, buscaram ampliar o mercado consumidor de seus produtos, fornecendo suas mercadorias para outras nações não industrializadas.

À medida que essas relações comerciais se estreitavam, criava-se um vínculo de dependência econômica, fato que levou as potências europeias a dominarem diversas regiões do mundo. Essas práticas de dominação afetavam muitos aspectos da vida dos povos dominados, como a economia, a organização política e a vida cultural, e ficaram conhecidas como Imperialismo.

O Neocolonialismo

No início da década de 1870, uma grave crise econômica afetou as principais potências da Europa. Uma das soluções encontradas pelos governos das grandes potências econômicas e pêla burguesia europeia foi dar início a um processo de colonização de outros países para explorá-los economicamente, passando a dominá-los também politicamente. Dessa maneira, a partir da década de 1870, as potências imperialistas começaram a colonizar os territórios da África, da Ásia e da Oceania. A dominação colonial praticada nessas regiões ficou conhecida posteriormente como Neocolonialismo, para diferenciar das fórmas de dominação política, ocupação e exploração dos territórios que ocorreram anteriormente, nos séculos dezesseis, dezessete e dezoito.

A Inglaterra e a França foram os primeiros países a iniciar a expansão Neocolonialista. Posteriormente, outros países como Portugal, Bélgica, Alemanha, Itália, Rússia, Japão e Estados Unidos também colonizaram diferentes territórios.

Os países europeus se destacavam militarmente, com exércitos profissionais organizados e bem equipados, fator que lhes garantiu vantagens nos conflitos com os países conquistados.

Pintura. Cena de uma batalha. Diversos homens usando fardas vermelhas montados em cavalos. Eles estão passando por cima de homens usando fardas azuis e turbante na cabeça.
Cavalaria britânica atacando as tropas indianas durante a colonização da Índia, em 1846, de Enri . Aquarela, século dezenove.

Motivações da expansão imperialista

Com a colonização, além da garantia de novos mercados consumidores para os produtos europeus, abriam-se possibilidades de investimento do capital acumulado pêla burguesia em diferentes regiões.

Os territórios coloniais também tornaram-se grandes fornecedores de matérias-primas, de fontes de energia e de outras riquezas naturais para as potências europeias.

Na década de 1870, a crise econômica causou, entre outros fatores, a incapacidade de absorção pêlo mercado interno da grande produção industrial, em fase de crescimento. Em parte, um dos motivos dessa situação era o pequeno poder aquisitivo dos trabalhadores europeus, que recebiam baixos salários.

Nessa época, o crescimento da população e o avanço da mecanização nas indústrias também provocaram o aumento do desemprêgo em vários países da Europa. Essa conjuntura levou a diversas agitações sociais e muitos trabalhadores europeus passaram a buscar melhores condições de vida em outros continentes.

Litogravura. Pessoas trabalhando. No primeiro plano, homens negros, usando chapéu, camisa e calça, estão segurando ferramentas, peças de metal e madeira ao redor de trilhos em construção. Ao lado, um homem branco, usando terno e chapéu, está segurando um objeto na mão. Ao fundo, um trem sobre os trilhos e pessoas negras carregando objetos.
Colonizadores ingleses observam a construção de uma ferrovia na África do Sul, de chárlis J. . Litogravura, 1892.
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Questão 4.

Analise a imagem desta página. Onde essa situação foi retratada? Quem é que realiza o trabalho braçal?

Dessa fórma, uma parte da população migrou para as colônias, passando a trabalhar nos empreendimentos desenvolvidos pêla burguesia, procurando escapar do desemprêgo e da pobreza. Assim, as colônias gerariam mais empregos e maior riqueza ao país conquistador. Além disso, os governos europeus exaltavam as práticas de dominação colonial, divulgando propagandas políticas que pregavam o patriotismo entre a população e associavam o Imperialismo à ideia de fôrça, de superioridade e de poder de uma nação sôbre a outra.

Charge que representa o empresário e colonizador inglês segurando nas mãos um fio de telégrafo, em referência a sua ambição de ligar os dois extremos do continente africano em nome do imperialismo britânico.

Charge. Um homem, usando farda azul e arma nas costas, está em pé sobre o mapa do continente africano. Um pé está sobre a área sul e, o outro, na área norte do continente. Ele está com os braços abertos, segurando um fio com as mãos.
O Colosso de Rodes – caminhando da Cidade do Cabo ao Cairo, de éduard . Charge, ​24centímetrospor18centímetros, 1892.
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Questão 5.

Qual foi o continente representado na charge intitulada O Colosso de Rodes – caminhando da Cidade do Cabo ao Cairo? Explique o posicionamento da personagem, relacionando a charge ao contexto histórico da época em que foi produzida.

Justificativas para o Imperialismo

Uma das principais justificativas para o Imperialismo utilizada pelos europeus, além do lucro e das vantagens financeiras obtidas, foi que êles estariam beneficiando os demais povos, considerados “primitivos”, ao dominá-los. Segundo êsse pensamento, ao ter contato com os europeus, os povos colonizados tinham a oportunidade de sair do estado de atraso em que se encontravam, tornando-se “civilizados”. Assim, os europeus definiam-se como responsáveis por levar os supostos avanços que haviam conquistado, como o desenvolvimento tecnológico, científico e industrial, a povos, além da religiosidade cristã.

O darwinismo social

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[Narrador]

Teorias raciais e imperialismo

[Rafael]

[tom de voz animado]

Olá! Este é mais um episódio do podcast “De olho na História”. Eu sou o Rafael.

[Mariana]

[tom de voz animado]

E eu sou a Mariana. Sejam bem-vindos!

[Rafael]

[tom de voz animado]

Nosso tema de hoje vai nos ajudar a refletir sobre o respeito ao outro, às diferenças e à diversidade.

[Mariana]

[tom de voz animado]

Sim, vamos conversar sobre as teorias raciais do século XIX e o imperialismo europeu nesse período.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Na segunda metade do século XIX, houve um importante desenvolvimento científico e tecnológico, que modificou o dia a dia das grandes cidades, principalmente na Europa.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Nesse período, conhecido como Segunda Revolução Industrial, a industrialização avançou pelas cidades europeias, e novas tecnologias passaram a ser utilizadas nas comunicações e no transporte.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

A principal consequência desse avanço foi o aumento da produção industrial. Potências como Inglaterra e França, entre outras, precisaram ampliar o mercado consumidor de seus produtos.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Esses países, então, passaram a fornecer suas mercadorias para nações não industrializadas de outras partes do mundo, como África, Ásia e Oceania.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Conforme as relações comerciais ficavam mais intensas, um vínculo de dependência econômica era estabelecido.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Isso levou as potências europeias a dominarem diversas regiões, iniciando um processo de colonização que afetou a vida dos povos dominados em vários aspectos, como econômico, político e cultural.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Essas práticas de dominação ficaram conhecidas como imperialismo.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Uma das justificativas usadas pelas potências europeias para defender o imperialismo era a necessidade de levar a civilização a esses povos, vistos como bárbaros e primitivos pelos europeus.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Sim, as potências europeias recorreram a teorias racistas, que afirmavam a inferioridade das populações não europeias e não brancas.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Essas teorias eram baseadas em distorções de conceitos científicos, como os usados por Charles Darwin para explicar a origem e a evolução das espécies.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Na verdade, a teoria de Darwin defendia a seleção natural. Segundo ele, as espécies mais adaptadas ao ambiente em que vivem teriam mais chances de sobreviver e proliferar, deixando descendentes.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Já as espécies menos adaptadas acabariam se extinguindo.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

O problema é que essas ideias foram distorcidas e aplicadas de maneira equivocada aos seres humanos.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Esse uso desvirtuado e racista do pensamento de Darwin recebeu o nome de darwinismo social.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Segundo essa corrente, as etnias do mundo se dividiam em raças, com uma hierarquia entre elas.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Dizendo de outro modo, os darwinistas sociais consideravam que algumas dessas “raças” seriam superiores às outras, e os europeus, os povos mais fortes e desenvolvidos.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Na verdade, isso não passava de ideologia racial baseada em teorias pseudocientíficas, visando fundamentar o imperialismo e a dominação violenta sobre povos de outras regiões.

[Mariana]

[tom de voz explicativo]

Um exemplo dessas teorias pretensamente científicas é a antropologia criminal, corrente criada pelo italiano Cesare Lombroso.

[Rafael]

[tom de voz explicativo]

Sim, essa teoria foi muito usada na tentativa de legitimar o discurso colonizador nos territórios africanos e asiáticos.

[Mariana]

[tom de voz explicativo, de indignação]

Para Lombroso, as características físicas e hereditárias das pessoas poderiam determinar se elas estariam propensas a cometer crimes. É absurdo pensar isso, não é Rafael?

[Rafael]

[tom de voz explicativo, de indignação]

Demais. Ele defendia que os europeus eram moralmente superiores e não apresentavam características físicas que os identificassem como criminosos.

[Mariana]

[tom de voz explicativo, de indignação]

Resumindo, essas teorias raciais eram, de fato, muito racistas, e geraram consequências extremamente negativas para os povos dominados.

[Rafael]

[tom de voz explicativo, de indignação]

Isso mesmo, Mariana. E não pense que esse pensamento ficou para trás. Infelizmente, ainda hoje, essas ideias continuam existindo e afetando a vida de muita gente, principalmente da população negra.

[Mariana]

[tom de voz explicativo, de indignação]

É verdade. Um exemplo é a utilização de inteligência artificial e câmeras para encontrar criminosos ou pessoas suspeitas. Os algoritmos utilizados para fazer essa identificação, de saída, têm uma tendência racista.

[Rafael]

[tom de voz explicativo, de indignação]

Sim. É comum esses métodos de reconhecimento facial identificarem como criminosas pessoas negras, sem que tenham cometido crime algum.

[Mariana]

[tom de voz explicativo, de indignação]

É muito triste que isso aconteça, ainda mais em um país como o nosso, em que o racismo é estrutural.

[Rafael]

[tom de voz explicativo, de indignação]

Por isso, todos nós devemos estar alertas para identificar e combater qualquer tipo de manifestação racista.

[Mariana]

[tom de voz reflexivo]

Com certeza! Uma sociedade que se quer justa e democrática não pode aceitar conviver com ideias e práticas que levam à discriminação racial.

[Rafael]

[tom de voz de encerramento]

Bem, nosso podcast termina aqui.

[Mariana]

[tom de voz de encerramento]

Aproveitem para refletir sobre o racismo em nosso país e como é possível combatê-lo. Até a próxima!

[Rafael]

[tom de voz de encerramento]

Tchau, pessoal!

[Narrador]

O áudio inserido neste conteúdo é da Incompetech

Teorias racistas foram desenvolvidas durante o século dezenove para tentar comprovar a superioridade dos europeus em relação às demais sociedades. Diversos conceitos científicos foram empregados de maneira distorcida nessas teorias, entre êles os de chárlis Dárvin para explicar a origem e a evolução das espécies. As teorias racistas baseadas em uma interpretação incorreta das teorias de Dárvin ficaram conhecidas como darwinismo social.

Segundo os defensores do darwinismo social, as etnias existentes no mundo estavam divididas em “raças”, havendo uma hierarquia entre elas, sendo umas “superiores” às outras. Assim, os europeus, segundo êles mesmos, seriam os povos mais fortes e desenvolvidos e, por isso, teriam o direito e o dever de dominar os povos considerados “inferiores”.

O texto a seguir é o trecho de um discurso do político inglês Joséf tchênberlen (1836-1914), realizado em novembro de 1895, que demonstra o pensamento imperialista vigente na Europa no final do século dezenove.

reticências Sim, eu creio nesta raça, a maior das raças governantes que o mundo jamais conheceu, orgulhosa, tenaz, confiante em si, resoluta, que nenhum clima, nenhuma mudança pode degenerar e que, infalivelmente, será a fôrça predominante da história futura e da civilização.

Eu creio no futuro dêste império, grande como o mundo do qual um inglês não pode falar sem um arrepio de entusiasmo. reticências

DEFRASNE, 1895 ápud MESGRAVIS, Laima. A colonização da África e da Ásia. São Paulo: Atual, 1994. página 14. (Coleção História Geral em Documentos).

Charge francesa do século dezenove que ilustra, de fórma irônica, a postura racista dos britânicos (representados pêlo soldado de vermelho), que se autointitulavam “protetores” dos povos colonizados, no caso, os egípcios.

Charge. Um homem com bigode, usando farda vermelha e capacete. Ele está segurando uma arma com as mãos e com o pé sobre um homem deitado usando farda azul, chapéu vermelho e espada. Ao fundo, pirâmides e uma esfinge.
O protetor, de Henri Meyer. Charge, 1893.

As ideologias raciais

As ideologias raciais desenvolvidas no século dezenove, como o darwinismo social, são teorias pseudocientíficas criadas pelos europeus para justificar a exploração, a violência e seus crimes contra milhões de pessoas consideradas por êles como racialmente “inferiores”.

Por que ideologia?

São consideradas ideologias raciais porque formam um conjunto de crenças que justificariam as ideias de superioridade racial europeia. Essas crenças não têm nenhuma comprovação científica, portanto, como defendeu o filósofo alemão carl márks, a ideologia serviria para “falsear a realidade”, apresentando-se como aparentemente verdadeira.

Nesse sentido, a ideologia seria um problema, porque ocultaria os reais polegadas dos europeus sôbre os povos considerados “inferiores”. O darwinismo social e a ideia de superioridade racial foram difundidas entre populações inteiras e, ao longo do século dezenove, tornaram-se senso comum entre os colonizadores, isto é, tornou-se o modo dominante de se pensar sôbre a relação dos europeus com os outros povos. Isso trouxe graves consequências, como o aumento do racismo e da discriminação, levando ao desenvolvimento de políticas de segregação, como o apartheidglossário na África do Sul, além de promover, em sua fórma mais grave e terrível, o genocídio de grupos étnicos.

Estudos não científicos e tendenciosos apontavam a existência de raças humanas “superiores” e raças humanas “inferiores” com base em características físicas. A frenologia, por exemplo, consistia no estudo das medidas e dos formatos do crânio para a determinação de características como a personalidade, o caráter, a tendência à criminalidade etcétera

Fotografia. Diversas esculturas em miniatura de bustos de pessoas, uma do lado da outra. Elas estão empilhadas em quatro colunas.
Conjunto de miniaturas projetadas pêlo pesquisador Uilian , em 1831, para o estudo da frenologia.

Não existem raças humanas

O cientista italiano Luca (1922-2018) foi pioneiro na pesquisa da genética humana. Sua contribuição foi essencial para refutar as ideologias raciais. Leia o trecho a seguir.

reticências quando recebeu o prêmio Balzan em 1999, [Cavalli-Sforza] dizia que “embora a população humana possua uma enorme variabilidade genética entre indivíduos, 85% do total da variação ocorre dentro de cada uma das populações, e só 15% as separa. reticências Em outras palavras, por mais que seja geneticamente e até intuitivamente fácil distinguir as características de duas populações em dois continentes diferentes, não é tão simples fazer isso com dois indivíduos, como pode acontecer com dois cães. Em uma entrevista ao EL PAÍS em 1993, êle foi taxativo: “Podemos falar de população basca, mas nunca de indivíduos de raça basca. As diferenças genéticas não justificam, nem nesse nem em nenhum outro caso, o conceito de raça, e muito menos o racismo”.

reticências

BARONE, Luca Tancredi. O geneticista italiano que desmontou o conceito de raça. El País, 4 setembro 2018. Disponível em: https://oeds.link/0rv9TA. Acesso em: 20 maio 2022.

Fotografia. Um homem com cabelos pretos, usando óculos e terno. Ele está com as mãos na frente do corpo. Ao lado, Luigi, homem calvo com rugas, usando casaco e calça. Ele está segurando com uma das mãos um rolo de papel. À direita, um homem com cabelos lisos, usando um terno.
No centro, Luca (1922-2018), o geneticista que provou que não existem raças humanas, em uma cerimônia em sua homenagem, em Milão, Itália, em 2018.

Embora as pesquisas de tivessem comprovado cientificamente a inexistência de “raças” humanas no sentido biológico, as ideologias raciais ainda estão presentes em diversas partes do mundo, sendo difundidas por grupos radicais que pregam o racismo, o preconceito e a violência.

São exemplos dêsses grupos extremistas os neonazistas na Europa e os membros da , nos Estados Unidos. Ambos os grupos pregam a chamada “supremacia branca”, isto é, a suposta superioridade dos brancos sôbre as outras “raças” humanas.

Nesse contexto, os tratados e as leis internacionais, assim como os movimentos sociais, que desconstroem êsse pensamento racista e promovem o respeito à diversidade humana, são mais do que necessários atualmente.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Os avanços tecnológicos ocorridos no final do século dezenove, em alguns países europeus, atingiram de fórma igual a todas as camadas da população? Cite exemplos para justificar sua resposta.
  2. Quais fatores influenciaram a luta por igualdade de direitos entre mulheres e homens no final do século dezenove?
  3. Explique os motivos que levaram as potências europeias a explorarem riquezas em outras regiões. Como se denomina êsse processo?

Aprofundando os conhecimentos

4. A prática de formação de cartéis teve origem com o desenvolvimento do capitalismo financeiro e ainda se manifesta em algumas relações econômicas da atualidade. Leia as manchetes a seguir, publicadas em 2022.

Divinópolis: cê pê i aponta indícios de cartel por fornecedoras da Educação

Disponível em: https://oeds.link/mnFVdG. Acesso em: 20 maio 2022.

[Conselho Administrativo de Defesa Econômica] tem 11 investigações por cartel em pôsto de gasolina

Disponível em: https://oeds.link/nASQUB. Acesso em: 20 maio 2022.

Cartel dos trens: Justiça determina multa a três ex-executivos e cinco empresas

Disponível em: https://oeds.link/7djhFM. Acesso em: 20 maio 2022.

  1. Com base nos conteúdos estudados nesta unidade, responda: o que são cartéis?
  2. Como a formação de cartéis pode afetar os consumidores?
  3. Analise as manchetes anteriores. Essa prática é aceita na atualidade?
  4. Em grupos, pesquisem uma notícia que aborde o tema da formação de cartéis na atualidade. Apresentem a notícia aos colegas e expliquem as principais informações contidas no texto pesquisado.

5. A charge a seguir apresenta um determinado ponto de vista sôbre o imperialismo britânico ao redor do mundo. sôbre êsse tema, analise a publicação e identifique o ponto de vista exposto nela. Depois, responda às questões.

Charge publicada em 26 de novembro de 1898, no jornal francês La Caricature, mostrando John Bull, personagem que representa o Império Britânico. No tôpo da imagem, lê-se: Les Pionniers de la Civilisation, traduzido do francês como “Os pioneiros da civilização”.

Litografia. Na parte superior, o texto: La Caricature. Les pionniers de la civilisation. - par Lion. Na parte inferior, charge de um homem usando farda vermelha, chapéu com a bandeira da Grã-Bretanha, uma arma nas costas, uma espada na cintura e uma faca na boca. Ele está caminhando sobre homens com turbante caídos no chão.
Djón trazendo paz e civilização para o mundo, de G. liôm. Litografia, 1898.
  1. Descreva Djón e o que essa personagem está fazendo.
  2. Agora, observe as outras pessoas que aparecem na imagem. Quem elas representam? Como você chegou a essa conclusão?
  3. Por que a charge apresenta a inscrição “Os pioneiros da civilização”?
  4. Explique a ironia que está presente nessa publicação.

6. Durante o século dezenove, a organização da economia foi modificada em várias partes da Europa. Com a Segunda Revolução Industrial, as indústrias deixaram de ser pequenas e médias e passaram a ser gerenciadas por grandes empresas. acêrca dêsse processo, analise a imagem a seguir e responda às questões.

Fotografia em preto e branco. Um homem de terno, sentado em uma cadeira. Ao lado, cofre com a porta aberta. A porta é grande, redonda e de metal.
Sala dos cofres da séde do Banco , em Paris, construído em 1869.
  1. O que está retratado na imagem?
  2. Qual era a importância dos bancos para a economia europeia do século dezenove?
  3. Como é possível definir o capitalismo financeiro? Em que êle se difere do capitalismo industrial?
  4. Por que as empresas passaram a se unir nesse período? Quais foram as três fórmas por meio das quais essa união ocorreu?

7. Durante o século dezenove, várias teorias sociais foram desenvolvidas na Europa, com o objetivo de promover transformações na sociedade. A respeito dessas teorias do século dezenove, copie no caderno a tabela a seguir e complete-a.

'Ícone.Modelo.'

Teoria

Princípios

Objetivos

Principais teóricos

Anarquismo

Comunismo

Cooperativismo

8. A partir da metade do século dezenove, as cidades europeias cresceram e tiveram um grande aumento populacional. A respeito dêsse contexto, analise a imagem a seguir e responda às questões.

Pintura. Pessoas em uma rua. Na calçada, mulheres usando vestidos, chapéus e casacos de pele, e homens usando ternos, chapéus e bengalas. Ao lado, sobre a rua, cavalos puxando charretes. Atrás, uma construção com janelas.
Após o culto na Igreja da Santíssima Trindade, de Jan . Óleo sôbre tela, 1900.
  1. O que as personagens estão fazendo na imagem? A que classe social elas pertencem?
  2. Como êsse período foi importante para o desenvolvimento da classe média? Como se caracterizava êsse grupo?
  3. Como o crescimento das cidades afetou a população mais pobre? Como êsse grupo aproveitava seu tempo livre?
  4. A situação das mulheres mudou durante êsse período? De que fórma?

O tema é reticências

Ciência e tecnologia

As tecnologias do século vinte e um

Você costuma utilizar a internet ou eletrodomésticos, como micro-ondas, geladeira e televisor? Sabia que o desenvolvimento tecnológico ocorrido no final do século dezenove estimulou o surgimento das inovações com as quais estamos acostumados na atualidade?

Ao longo dos anos, as inovações provenientes da Segunda Revolução Industrial abriram espaço para pesquisas científicas ainda mais aprofundadas, que culminaram na Terceira Revolução Industrial (na segunda metade do século vinte). êsse processo foi marcado principalmente pêlo desenvolvimento da internet, dos computadores e de tecnologias portáteis, como os celulares.

No entanto, muitos dos equipamentos e das tecnologias que existem hoje não funcionariam se a eletricidade não tivesse sido desenvolvida como fonte de energia durante a Segunda Revolução Industrial. Além disso, o ritmo de vida que vigora hoje na maioria das cidades teve origem no século dezenove, com as transformações que se difundiram no cotidiano das pessoas em diversas regiões.

Na Segunda Revolução Industrial, os telégrafos e os telefones aumentaram a velocidade das comunicações. Hoje em dia, êsse processo foi aperfeiçoado e tornou-se mais fácil conversar com alguém que está longe pêlas redes sociais e pelos aplicativos de comunicação, por meio da internet.

Ilustração. Uma mulher, com cabelos presos, usando blusa, está sentada olhando para um computador. Na tela do computador, a silhueta de uma pessoa.

O desenvolvimento da eletricidade permitiu a criação e o aperfeiçoamento de eletrodomésticos e de equipamentos que utilizam a automação, auxiliando o trabalho no ambiente doméstico e industrial, por exemplo.

Ilustração. Um homem usando camiseta, calça e casaco, está segurando um aspirador de pó com as mãos. Atrás, raque e uma televisão na parede.

Tecnologia e progresso

Atualmente, recebemos grande quantidade de informações provenientes de inúmeros meios de comunicação. Além disso, nosso dia a dia está cada vez mais marcado pêla convergência digital, quando um mesmo aparêlhu desempenha diversas funções, como os smartphones.

Ilustração. Destacando as mãos de uma pessoa negra segurando um smartphone.

Muitas pessoas acreditam que as inovações tecnológicas têm seguido um sentido único de progresso e de melhoria na qualidade de vida. No entanto, existem estudiosos que contestam essa ideia, trazendo à discussão os efeitos negativos dêsse progresso.

Algumas tecnologias não estão ao alcance de todas as pessoas, e muitos aparelhos são agressivos ao ambiente se não forem descartados corretamente, por exemplo.

Além disso, o uso das tecnologias e do mundo virtual, ao mesmo tempo que pode aproximar os indivíduos e disponibilizar informações, se for realizado de fórma exagerada ou não crítica, também pode levá-los ao isolamento social e à dependência digital.

Agora, responda às questões.

Ícone ‘Atividade oral’.
  1. Alguma das situações ilustradas nesta seção fazem parte do seu cotidiano? Qual? Converse sôbre isso com os colegas.
  2. Faça uma tabela no caderno e, durante quatro dias, preencha-a com as tecnologias que você utilizou em seu cotidiano.
    1. Quais delas se relacionam à Segunda Revolução Industrial? De que maneira?
    2. Entre as tecnologias que você listou, alguma delas podem gerar algum tipo de consequência para o meio ambiente ou para a sua vida social, por exemplo? Explique.
Ícone ‘Em grupo’. Ícone 'Ciências Humanas em foco'.

3. Forme grupos de três a cinco pessoas, reflita com os colegas e respondam: vocês acreditam que todas as tecnologias podem nos levar ao progresso? Escrevam um texto coletivo justificando a resposta e enumerando os pontos positivos e negativos do uso de tecnologias em nosso dia a dia. Depois, apresentem-no em sala de aula.

O que eu estudei?

Faça as atividades em uma folha de papel avulsa.

1. Durante o século dezenove, ocorreu o processo de unificação de duas nações: Itália e Alemanha. acêrca dêsses acontecimentos, copie o quadro a seguir e complete as lacunas.

'Ícone.Modelo.'

Tópico

Unificação italiana

Unificação alemã

Organização política antes da unificação

Processo de unificação

Principais lideranças

Organização política pós-unificação

2. Uma das principais atividades da arte francesa do fim do século dezenove foram as exposições universais. Nelas, eram criados pavilhões arquitetônicos, cada um representando um país, para divulgar a sua cultura e os avanços tecnológicos. sôbre êsse contexto, analise a imagem a seguir e responda às questões.

Cartão Postal. Na parte superior, o texto: L' EXPOSITION. FIGARO ILLUSTRÉ.  Abaixo, fotografia de uma paisagem com a Torre Eiffel e construções ao seu redor. Uma delas tem um globo terrestre sobre o teto. No primeiro plano, embarcações sobre um corpo de água.
tôrre êifel e Globo Celestial, em Paris, França. Cartão postal de 1900.
  1. Quais elementos da imagem remetem ao desenvolvimento artístico francês do período?
  2. O que foi a Belle Époque? Quais foram suas influências na arte francesa?
  3. Como a Belle Époque trans­formou o espaço ur­bano europeu? Qual foi sua relação com o processo de urbanização do período?

3. Em 1889, foi criada uma nova bandeira para o Brasil, que trazia o lema “Ordem e progresso”. A respeito dêsse contexto, analise a imagem ê responda às questões.

Ilustração. Um retângulo verde, dentro, um losango amarelo. Centralizado, um círculo azul com estrelas e uma faixa branca com o texto: ORDEM E PROGRESSO.
Bandeira da República Federativa do Brasil, adotada em 19 de novembro de 1889.
  1. Por que a bandeira do Brasil traz os dizeres “Ordem e progresso”?
  2. Por qual teoria científica do século dezenove os criadores da nova bandeira foram influenciados? Como você chegou a essa conclusão?
  3. Qual outra teoria científica do período influenciou a concepção sôbre a vida humana? Como ela foi apropriada pelos teóricos sociais?

4. No final do século dezenove, as potências europeias deram início a um processo de dominação de diversos territórios africanos para resolver problemas advindos da Segunda Revolução Industrial. A êsse respeito, leia o texto a seguir e responda às questões.

reticências

O imperialismo moderno consistiu num aglomerado de elementos, nem todos do mesmo pêso, que podem ser remontados a todas as épocas da história. Talvez suas causas últimas, ao lado da guerra, encontrem-se não tanto em necessidades materiais tangíveis e sim nas difíceis tensões de sociedades distorcidas por divisões de classe, refletindo-se em ideias distorcidas na mente dos homens.

reticências

KIERNAN, 1974 ápud saíd, éduard. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. página 42.

  1. De acôrdo com o texto e com o conteúdo dêste capítulo, quais foram as motivações do Imperialismo?
  2. Como a sociedade europeia se caracterizava no contexto da expansão imperialista? Por que o autor destaca as “difíceis tensões sociais”?
  3. Quais eram as “ideias distorcidas” referidas pêlo autor?
  4. Qual é a diferença entre Imperialismo e Neocolonialismo? Como as duas práticas se complementaram no fim do século dezenove?

Glossário

Apartheid
: política de segregação racial que existiu legalmente na África do Sul entre 1948 e 1992.
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