UNIDADE 2 A Revolução Francesa e a Era de Napoleão

Gravura. Um homem, robusto com cabelos brancos, usando roupa lilás e um crucifixo. Ao lado, um homem, usando chapéu com penas, roupas vermelhas e uma espada. Eles estão sentados sobre as costas de um homem com cabelos e barba branca, usando roupas rasgadas e se apoiando no cabo de uma enxada. No chão, pássaros, coelhos e um repolho.
Você deve esperar que este jôgo acabe em breve, de autor desconhecido. Gravura, 1789.
Respostas e comentários
  • A imagem de abertura desta unidade apresenta três personagens, cada uma representando uma camada da sociedade francesa do Antigo Regime. Para a realização das questões propostas na abertura, oriente os alunos a descrever e a analisar a gravura. êsse recurso permite a compreensão, de fôrma crítica, do contexto político da França do século dezoito, identificando os grupos sociais privilegiados e os que empreenderam uma luta revolucionária em favor de seus direitos.
  • Analise com os alunos a gravura. Peça-lhes que descrevam as vestimentas, os acessórios e as expressões de cada personagem. Ajude-os a relacionar as personagens da gravura com a estrutura social do Antigo Regime na Europa.
  • A gravura da abertura desta unidade permite o trabalho com a Competência específica de Ciências Humanas 7 por possibilitar aos alunos a análise da linguagem iconográfica.
  • O assunto abordado nesta unidade, que se refere ao contexto histórico da Revolução Francesa, possibilita o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero quatro, que versa sôbre os desdobramentos da Revolução Francesa na Europa.

As ideias iluministas contribuíram para transformar profundamente a sociedade europeia. Uma das maiores expressões dessa transformação foi a Revolução Francesa, que teve início em 1789 e marcou o fim do Antigo Regime na França.

A instabilidade causada pêla revolução terminou com a chegada ao poder de Napoleão Bonaparte, o qual teve o apôio da grande burguesia e dos setores mais conservadores da sociedade e formou, até mesmo, um império na Europa.

Iniciando a conversa

  1. Na gravura da página anterior estão representados os três principais grupos sociais da França no século dezoito: o primeiro estado, o segundo estado e o terceiro estado. Tente identificá-los.
  2. Em sua opinião, por que o título da gravura é Você deve esperar que este jôgo acabe em breve?
  3. Um dos mais importantes documentos elaborados durante a Revolução Francesa foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. Você sabe por que êsse documento é importante? Converse com os colegas.

Agora vamos estudar...

  • o Antigo Regime;
  • a tomada da Bastilha;
  • a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão;
  • a monarquia constitucional;
  • a república francesa;
  • o Império Napoleônico;
  • o Congresso de Viena.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

Aproveite as questões 1 a 3 da página para mapear os conhecimentos prévios dos alunos. Com base nos tópicos que forem abordados, reoriente o planejamento para considerar as ideias prévias dos alunos e, dêsse modo, obter um melhor aproveitamento do trabalho. Durante a questão 1, faça com os alunos a análise pormenorizada da imagem, destacando as ações, as vestimentas e as características de cada uma das personagens retratadas. Peça-lhes que indiquem os detalhes que identificam as personagem e o estado que elas representam, como a espada e o crucifixo. Caso os alunos tenham dificuldades durante a discussão proposta na questão 2, retome os conhecimentos deles sôbre a organização social do Antigo Regime no período anterior ao da Revolução Francesa. Durante a questão 3, garanta que todos os alunos possam se expressar. Crie uma lista na lousa com os argumentos levantados, contemplando a realidade de todos. Essas atividades, realizadas por meio de recurso imagético para auxiliar na composição de respostas, permitem o trabalho com aspectos da Competência específica de História 3.

Respostas

1. Os três principais grupos sociais da França no século dezoito foram representados na imagem: o primeiro estado é simbolizado pêlo homem de roupa lilás que usa um crucifixo no pescoço, um membro do clero; o segundo estado traz a figura do nobre, que usa roupa vermelha e espada na bainha; o terceiro estado (formado por burgueses e camponeses) é representado por um homem que carrega os outros dois nas costas.

2. Resposta pessoal. O título da gravura refere-se ao fato de que os membros do terceiro estado devem esperar a queda dos jogos de poder que mantinham clero e nobreza como classes dominantes do Antigo Regime, indicando que os membros dessa camada social lógo verão sua situação sendo transformada. Repare que a gravura é de 1789, o mesmo ano da Revolução Francesa, que acabou com o Antigo Regime na França e deu poder aos membros do terceiro estado.

3. Resposta pessoal. Explore o conhecimento prévio dos alunos sôbre o documento produzido no período da Revolução Francesa. Na conversa, é possível que êles comentem que a Declaração é um documento que tratava dos direitos dos cidadãos daquela época, portanto era de importância fundamental para os franceses do século dezoito e para a humanidade até hoje.

CAPÍTULO 3 A Revolução Francesa

Como foi estudado no capítulo 1, no século dezoito, a Europa estava estruturada politicamente em monarquias absolutistas. Na França, onde o absolutismo alcançou seu auge, o descontentamento com relação ao regime monárquico, associado à influência das ideias iluministas, desencadeou um processo de mudanças significativas que foram chamadas de Revolução Francesa.

O Antigo Regime

A expressão Antigo Regime foi criada no início da Revolução Francesa para referir-se à sociedade europeia, em especial à francesa, formada entre o fim da Idade Média e o fim do século dezoito. Além da desigualdade, havia grande hierarquização entre as camadas sociais na Europa absolutista. Na França, a sociedade era dividida em três camadas, chamadas estados (ou estamentos).

O primeiro estado era composto pelos membros da Igreja católica: alto clero (bispos e abades) e baixo clero (párocos e padres), que formavam uma das camadas sociais mais ricas e poderosas na época. A Igreja tinha uma série de privilégios, como a não obrigatoriedade do pagamento de impostos à Coroa francesa. Além disso, ela recolhia diversos tributos dos fiéis.

O segundo estado era composto pêla nobreza, e seus membros ocupavam os melhores cargos em instituições como a Igreja, o govêrno e o exército. Além de serem isentos do pagamento de impostos, eram donos de grandes extensões de terra, de onde recolhiam tributos senhoriais pagos pelos camponeses.

O terceiro estado englobava a maioria da população francesa, formada pelos burgueses (comerciantes e banqueiros, entre outros), pelos camponeses e pelos tra­balhadores urbanos. No final do século dezoito, essa camada da população passou a criticar o sistema social vigente, que valorizava a origem nobre da pessoa, mais do que seu trabalho e sua capacidade individual.

Gravura. Um homem, com cabelos e barba branca, usando um chapéu preto e batina azul, segura um objeto na mão esquerda. Ao lado, um homem, usando chapéu em forma de arco, casaco vermelho e calça, segura uma espada com a mão esquerda. Eles estão sobre uma pedra, que está esmagando um homem com casaco vermelho e calça. Ao lado, um tronco quebrado com uma cruz e uma roda
Representação de membro do terceiro estado sendo “esmagado” por membros do primeiro e do segundo estados. Gravura de artista desconhecido, feita no século dezoito.
Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Conhecer o contexto político e social pré-revolucionário da França.
  • Compreender como ocorreu a Revolução Francesa e quais foram suas consequências.
  • Contextualizar o processo revolucionário com o modo de vida da sociedade francesa no século dezoito.

Justificativas

Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes para que os alunos reconheçam os processos da Revolução Francesa e suas consequências, o que favorece o trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero quatro da Bê êne cê cê.

êles também analisarão as relações entre o iluminismo, o liberalismo e a organização do mundo no contexto da Revolução Francesa, abordagem que contribui para desenvolver aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.


  • Aproveite o tema sôbre o Antigo Regime para trabalhar a Competência específica de História 6. Comente com os alunos que essa expressão surgiu na Revolução Francesa para fazer referência ao período anterior – o “antigo” frente ao “novo” – e que essa definição norteou a produção historiográfica do período.
  • Analise a imagem da página com os alunos. Questione-os por que, durante o século dezoito (período de produção da gravura), o artista poderia considerar que o terceiro estado era esmagado pelos outros dois estados. Utilize a imagem para retomar com êles a estrutura da sociedade do Antigo Regime, permitindo que êles exponham elementos sôbre cada um dos estados e a relação entre êles.

O cotidiano na França no Antigo Regime

A população francesa no século dezoito constituía alguns núcleos urbanos, mas vivia prioritariamente no ambiente rural. Nesse período, eram mais de 20 milhões de camponeses por toda a França, enquanto Paris, a cidade mais populosa, tinha cêrca de 500 mil habitantes.

A nobreza e seus privilégios

A nobreza do Antigo Regime tinha seu cotidiano marcado por diversas atividades, como caminhadas, refeições ao ar livre e caçadas. Além disso, os nobres participavam de bailes e banquetes promovidos pêla côrte.

Nessa época, os hábitos dos nobres deviam seguir as regras de conduta previamente instituídas, como utilizar vestimentas características, manter a postura e a cordialidade, assim como demonstrar educação e polidez. Essas eram algumas maneiras de os nobres se diferenciarem dos outros grupos sociais.

O modo de vida e a cultura popular

Diferentemente da nobreza, as camadas populares tinham pouco tempo livre para atividades de lazer, pois a maior parte de seu tempo era dedicada ao trabalho.

O cultivo de cereais era uma das atividades mais importantes na França e era realizado principalmente pelos camponeses e pelos pequenos proprietários de terras. Com os cereais eram produzidos os pães, a base da alimentação da população mais pobre.

O comércio das feiras e dos núcleos urbanos fazia parte do cotidiano da população na época e tinha grande variedade de produtos.

Pintura. À esquerda, uma mulher, usando um lenço na cabeça, vestido e xale no pescoço, está sentada, ao lado de uma panela. Ao redor, várias pessoas, com roupas coloridas e rasgadas, entendem pratos em direção à mulher sentada. À direita, um homem, usando chapéu e casaco, estende a palma da mão, com moedas, em direção à duas pessoas.
A fome do pão e o penhorista, de irmãos . Guache no cartão, 1792. (Detalhe).
Respostas e comentários

Um texto a mais

O texto a seguir aborda o contexto histórico da Revolução Francesa, oferecendo subsídios para o trabalho com os alunos.

A Revolução Francesa foi um período decisivo na formação do Ocidente moderno. Ela implementou o pensamento dos filósofos, destruiu a sociedade hierárquica e corporativa do Antigo Regime, promoveu os interêssis da burguesia e acelerou o crescimento do Estado moderno.

Assim, a Revolução Francesa enfraqueceu a aristocracia. Eliminados seus direitos e privilégios feudais, os nobres tornaram-se simplesmente cidadãos comuns reticências.

Transformou o Estado dinástico do Antigo Regime no Estado moderno: nacional, liberal, secular e racional. Quando a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão afirmou que “a fonte de toda soberania reside essencialmente em uma Nação”, o conceito de Estado assumiu um significado novo. O Estado já não era apenas um território ou federação de províncias; não era apenas a posse privada de reis que se diriam delegados de Deus na Terra. De acôrdo com a nova concepção, o Estado pertencia ao povo como um todo, e o indivíduo, antes súdito, era agora cidadão com direitos e deveres, governado por leis que não estabeleciam distinções baseadas na ascendência.

reticências

Negando qualquer justificativa divina para o poder do monarca e privando a Igreja de sua posição especial, a Revolução acelerou a secularização da vida política europeia reticências. A Revolução aboliu as obrigações senhoriais dos camponeses, que embaraçavam a agricultura, e eliminou as barreiras à expansão da economia; baseou os impostos na renda e simplificou sua coleta. O fim dos remanescentes feudais, das tarifas internas e das guildas acelerou a expansão de uma economia competitiva de mercado reticências.

A Revolução Francesa também liberou duas fôrças potencialmente destrutivas, identificadas com o Estado moderno: a guerra total e o nacionalismo. Elas contrariavam os objetivos racionais e universais dos reformadores, tal como expressos pêla Declaração dos Direitos do Homem reticências. [A] Revolução Francesa criou o recrutamento e a mobilização de todos os recursos do Estado para o conflito armado reticências [e] também deu origem ao nacionalismo moderno. reticências

Péri, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. Tradução: Waltensir Dutra e Silvana Vieira. 3. edição São Paulo: Martins Fontes, 2002. página 348349.

A luta contra o Antigo Regime

Na França, grande parte dos camponeses e dos trabalhadores urbanos vivia em situação de pobreza e pagava muitos impostos. Os camponeses ainda estavam submetidos a taxas do período medieval, como as banalidades, em que parte de sua produção era paga aos donos das terras como tributo.

A burguesia, que fazia parte do terceiro estado, era composta por diferentes grupos: a pequena, a média e a alta burguesia, que tinham interêssis diferentes. Mesmo com tantas diferenças, o que uniu os membros do terceiro estado (trabalhadores urbanos e rurais e burgueses) foi o empenho em abolir os privilégios do clero e da nobreza e exigir igualdade de direitos.

População francesa (século XVIII)

Gráfico de setores. População francesa (século 18). Os dados são: Primeiro estado: 0,5%. Segundo estado: 1,5%. Terceiro estado: 98%.

Fonte de pesquisa: , franssoáze. Composição da população. História Viva, São Paulo, Duetto Editorial, número 2, página 42. (Coleção Grandes Temas: Revolução Francesa).

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

De acôrdo com o gráfico, o terceiro estado representava qual porcentagem da população francesa no século dezoito?


A crise econômica

No final do século dezoito, a França passava por grave crise econômica, gerada por vários fatores, entre êles a fórma como o Estado era administrado. Nesse período, o govêrno francês gastou mais do que recolhia por meio de impostos.

Essa crise econômica piorou ainda mais a partir de 1776, por causa do apôio militar da monarquia francesa à guerra de independência das Treze Colônias inglesas da América contra a Inglaterra (tema que será abordado na próxima unidade).

Além disso, na década de 1780, houve uma queda na produção agrícola, decorrente de uma sequência de más colheitas. Com isso, o preço dos alimentos subiu, gerando o aumento da fome entre a população pobre. As safras ruins também provocaram a queda de arrecadação de impostos, intensificando a crise financeira do Estado francês.

Mesmo em meio a uma grave crise econômica, a família real ostentava luxo e riqueza, como representado na imagem a seguir.

Gravura. Uma mulher com cabelos presos e com adornos de penas na cabeça, usando vestido com mangas até os cotovelos, corpete apertado, saia rodada com suporte e babados brancos e vermelho. Na mão direita, ela segura um leque fechado. A lado, uma poltrona com estofado estampado
Representação de Maria Antonieta, rainha da França. Ilustração de Piérr Tômas él í , gravura de Charles Emmanuel Patas, 1780.
Respostas e comentários

Questão 1. Resposta: 98%.

  • Faça com a turma uma análise comparada entre a imagem da página 51 e a representação da rainha Maria Antonieta, desta página. sôbre a gravura da rainha, mostre-lhes que as perucas eram usadas pelos membros da nobreza, simbolizando prestígio social. Peça que observem seus trajes luxuosos, ressaltando que o vermelho era uma côr praticamente exclusiva da nobreza, dado o alto valor de seu corante. Ressalte que os detalhes do móvel, representado ao fundo da gravura, também caracterizam o segundo estado, que vivia um cotidiano de confôrto e de privilégios.
  • sôbre a representação de uma mulher vendendo pão e sopa, aponte as diferenças entre as vestes da nobreza e as da população mais pobre, que se vestia de fórma simples. Perceba que as louças aparecem no chão, assim como alguns alimentos, demonstrando as condições precárias de higiene. Mostre-lhes que as pessoas comem em pé, sem confôrto. Além daqueles que buscam sopa, há um grupo, à direita, que está penhorando seus bens para conseguir dinheiro, ressaltando as más condições de vida dêsse grupo.
  • Faça uma leitura do gráfico apresentado na página, sôbre a população francesa no século dezoito, de modo a abordar aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7. Identifique com os alunos o título do gráfico e a legenda para, em seguida, atribuir as correspondências gráficas. Relacione as informações do gráfico com o texto do livro, analisando as informações coletadas.
  • A comparação entre as imagens possibilita o trabalho com aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 4, pois permite interpretar as distintas realidades que existiam entre as diferentes camadas sociais na França em um mesmo contexto histórico.

Atividade a mais

O site da Biblioteca da Universidade de sténfordi, nos Estados Unidos, em parceria com a Biblioteca Nacional da França, disponibiliza cêrca de 14 mil imagens digitais em alta resolução referentes à Revolução Francesa. Elas estão organizadas em vários temas, como religião, rivalidades políticas e conflitos sociais, abolição de privilégios, rei e família real, entre outros. Se julgar interessante, acesse o site, que tem versão em inglês ou em francês, pesquise as imagens e apresente-as para os alunos, de modo a trabalhar com os assuntos da página de uma maneira diferente.

> French Revolution Digital Archive. Disponível em: https://oeds.link/FPwzvC. Acesso em: 7 junho 2022.

A convocação dos Estados Gerais

Com o objetivo de resolver a crise econômica, o govêrno francês propôs, em 1787, a reforma do sistema de arrecadação de tributos, prevendo o pagamento de impostos pêla Igreja católica e pêla nobreza. Até então, grupos estavam livres dessas obrigações. No entanto, êles não aceitaram perder seus antigos privilégios. Para solucionar êsse impasse, o rei francês, Luís dezesseis, convocou os Estados Gerais, uma assembleia que reunia representantes dos três estados.

A reunião dos Estados Gerais foi realizada em 4 de maio de 1789, em Versalhes. Inicialmente, parte da nobreza e do clero almejava limitar os poderes do rei e fazer com que o restante da população pagasse ainda mais impostos para solucionar a crise. A burguesia, por sua vez, desejava diminuir a interferência do govêrno na economia e apoiava o pagamento de impostos por parte do primeiro e do segundo estados.

Gravura. Diversas pessoas, com roupas em tons de azul, espalhadas por uma praça. Atrás, construções com várias janelas.
Abertura dos Estados Gerais, procissão em Versalhes, 4 de maio de 1789, de , Gravura, século dezoito.

A criação da Assembleia Nacional

Na assembleia dos Estados Gerais, o sistema de votos era por estado. Cada estado tinha direito a um voto. Como o primeiro e o segundo estados costumavam votar juntos, defendendo seus interêssis em comum, o terceiro estado não tinha chances de aprovar suas propostas. Assim, uma das principais reivindicações dos representantes do terceiro estado era que o voto passasse a ser individual, ampliando suas chances de vencer algumas votações, já que possuíam aproximadamente o mesmo número de representantes que o primeiro e o segundo estados juntos.

A resistência em mudar o sistema de votação motivou representantes do terceiro estado, com alguns membros liberais da nobreza e do clero, a se rebelar e a formar uma nova assembleia em 17 de junho: a Assembleia Nacional, que tinha como principal objetivo criar uma Constituição que impusesse mais limites ao poder do rei.

Respostas e comentários
  • Comente com os alunos que a Assembleia Nacional é considerada uma das primeiras fases da Revolução Francesa, pois foi com base nela que o terceiro estado se uniu contra a ordem estabelecida. Além de impor limites ao poder do rei, essa Assembleia tinha como intuito eliminar privilégios da nobreza e do clero, o que, obviamente, não foi bem recebido pêlo primeiro e segundo estados.
  • Estas páginas possibilitam o trabalho com a Competência específica de História 2, pois favorecem a compreensão da estrutura social francesa, na época, dividida em três estamentos, e os processos de transformação envolvendo as lutas do terceiro estado por mais igualdade política e social, como a reivindicação do voto individual, e não mais um voto por estado, assim como as revoltas populares e a tomada da Bastilha.
  • Analise com os alunos a imagem da página. Peça a êles que identifiquem a diversidade de pessoas presentes na abertura da Assembleia Geral, incluindo mulheres, crianças e membros das fôrças Armadas. Ajude-os a identificar os sans-culottes entre a população, reforçando sua importância para o processo revolucionário como símbolos da defesa das reformas políticas e populares, apoiando os jacobinos durante o movimento.

Algo a mais

O livro a seguir é uma adaptação do clássico de Victor Hugo, que representa, em fórma de literatura, os primeiros anos do século dezenove na França (início dos anos 1800).

> HUGO, Victor. Os miseráveis. Adaptação de Walcyr Carrasco. São Paulo: Moderna, 2012.

A Assembleia Nacional Constituinte

Após ser pressionado pêla população, Luís dezesseis reconheceu a legitimidade da Assembleia Nacional e ordenou que os demais membros do primeiro e do segundo estados se juntassem aos rebeldes para elaborar uma Constituição para a França, formando, assim, a Assembleia Nacional Constituinte. Entretanto, receoso de perder parte de seu poder e apoiado por setores conservadores da nobreza e do clero, o rei ordenou que suas tropas ficassem de prontidão em Versalhes e que cercassem Paris, onde havia forte tensão, para evitar revoltas populares.

A tomada da Bastilha

A população francesa acompanhava atentamente, na cidade de Paris, os acontecimentos políticos que ocorriam em Versalhes. Sofrendo com a fome e com os altos preços dos alimentos, alguns grupos das camadas mais pobres passaram a saquear mercados e armazéns.

A suspeita de que as tropas reais pudessem acabar com a assembleia e atacar Paris, impedindo que a população reagisse, agravou a situação. Em 14 de julho de 1789, uma multidão invadiu a Bastilha, antiga prisão localizada na cidade de Paris, em busca de armas e munições para combater as tropas reais.

A tomada da Bastilha teve importantes consequências, pois inspirou novos atos de reação popular em diferentes regiões da França e fez com que Luís dezesseis ordenasse o recuo de suas tropas. Assim, êsse acontecimento contribuiu para a continuidade da Assembleia Nacional Constituinte.

Para muitos historiadores, a tomada dessa antiga prisão, símbolo da autoridade real, representa um marco importante no processo da Revolução Francesa, pois significou o início da reação popular e as primeiras vitórias dos grupos que compunham o terceiro estado contra o Antigo Regime.

A pintura a seguir foi feita por um morador de Paris que participou do ataque à Bastilha.

Gravura. Pessoas em uma praça, dentro de prédios e sobre uma ponte. Elas estão segurando espadas e armas na direção de uma construção de pedra com torres. No chão, há pessoas caídas e sangue espalhado.
O cerco da Bastilha, de Clôd . Guache no cartão, 48,5centímetrospor61,5centímetros, 1789.
Respostas e comentários
  • Comente que a Bastilha era considerada um símbolo do absolutismo francês. Nela, foram presos diversos inimigos do rei, incluindo vários intelectuais, como voltér. Quando os revolucionários tomaram a prisão, havia poucos presos nela, que foram libertados.
  • Analise com os alunos a pintura da página. Discuta com êles a importância de conhecer um período histórico com base em fontes produzidas durante o contexto analisado. Questione-os como a visão de mundo do período revolucionário pode ser visualizada na obra, ressaltando as armas utilizadas, os grupos que lutavam, a participação de religiosos no confronto, a configuração do espaço e as construções. A atividade contempla aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7, ao empregar a linguagem iconográfica para ajudar os alunos a desenvolver o raciocínio espaço-temporal sôbre localização, simultaneidade e conexão entre os eventos retratados.

Sugestão de avaliação

sôbre o início do processo revolucionário francês, proponha a atividade a seguir.

Organize a turma em duplas. Solicite aos alunos que analisem os dois textos a seguir e que discutam suas ideias principais. Com base neles, determine um tempo para que os alunos criem um pequeno resumo, explicando quais eventos são tratados no texto e suas consequências. Separe um momento para a socialização dos conhecimentos.

Texto 1

reticências

Outra parcela de manifestantes foi à Bastilha, fortaleza-prisão, pedir armas e pólvora. Ela era vista como um símbolo do absolutismo ou simplesmente como um depósito de armas? O fato é que seu diretor, conde de Loné, perdeu a cabeça antes que a cortassem. Os atacantes reticências eram, essencialmente, artesãos do de sãntantuâne – carpinteiros, marceneiros, serralheiros –, provavelmente sem trabalho. Mas entre êles também havia fabricantes de sapatos, comerciantes de vinho, tintureiros, chapeleiros, alguns membros da classe média e soldados de outros bairros de Paris reticências.

TULARD, Jean. História da Revolução Francesa: 1789-1799. Tradução: Sieni Maria Campos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. página 57.

Texto 2

À desordem urbana correspondia a revolta agrária. Esta não se generalizou, mas seus efeitos impressionaram. Bandos de saqueadores, na maioria das vezes jornaleiros sem trabalho e mendigos pouco perigosos, percorriam o campo destruindo as colheitas, pilhando as safras, deixando habitantes famintos. O mundo rural era, por tradição, contestador. Mas o medo dos “bandidos” se difundiu depressa, pois a França estava acostumada a êsse tipo de medo, que se somou ao do complô aristocrático. reticências

TULARD, Jean. História da Revolução Francesa: 1789-1799. Tradução: Sieni Maria Campos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. página 60.

Resposta

Os alunos devem identificar que o Texto 1 aborda a tomada da Bastilha, ocorrida quando alguns grupos de Paris dominaram a antiga prisão, buscando armas e munições como preparação de uma repressão real. Já o Texto 2 trata sôbre o Grande Medo, um conjunto de revoltas rurais de 1789, nas quais camponeses e outros grupos de trabalhadores atacaram propriedades, levando à fuga dos nobres da França. Enquanto a tomada da Bastilha simbolizou o fim do poder absolutista e o armamento das camadas populares, o Grande Medo pressionou as camadas privilegiadas a reconhecer os direitos da população do campo.

O Grande Medo

Entre julho e agosto de 1789, a revolução se espalhou para o campo. Várias propriedades foram saqueadas por camponeses, nobres foram mortos e muitas de suas moradias foram incendiadas.

levantes camponeses ficaram conhecidos como Grande Medo e fizeram com que muitos nobres deixassem a França, indo para países vizinhos, como a Prússia e a Áustria. Além disso, com as insurreições populares ocorridas em Paris e as reivindicações dos representantes burgueses na Assembleia Nacional, levantes contribuíram para pressionar a nobreza a abrir mão de seus privilégios.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

Os levantes populares contribuíram para que algumas reformas fossem aprovadas pêla Assembleia Nacional Constituinte, abalando as estruturas do Antigo Regime. Entre as reformas estavam o fim dos privilégios da nobreza e do clero e a elaboração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Os 17 artigos dêsse documento defendiam alguns preceitos fundamentais do Iluminismo, como os direitos à igualdade de todos os homens perante a lei, à liberdade de expressão, à liberdade religiosa, e a ideia de que o govêrno pertence ao povo.

No entanto, essas reformas precisavam ser aprovadas por Luís dezesseis, que procurou adiar a decisão. Em 5 de outubro de 1789, uma multidão de aproximadamente 7 mil mulheres, que protestava em Paris contra a falta de pão, resolveu marchar até o palácio de Versalhes para exigir do rei uma atitude sôbre o problema da fome. No caminho, outras pessoas se juntaram ao movimento. Para acalmar a população, Luís dezesseis aprovou as reformas da Assembleia Nacional Constituinte e foi obrigado a transferir a sêde da monarquia francesa para Paris.

A obra a seguir representa a marcha das mulheres ao palácio de Versalhes, em 5 de outubro de 1789.

Gravura. Diversas mulheres, usando vestidos coloridos, estão carregando arpões, machados, bastões, lanças e, algumas delas, empurrando um canhão.
A , a , de autor desconhecido. Gravura, século dezoito.
Respostas e comentários
  • sôbre os levantes que ficaram conhecidos como “Grande Medo”, comente com os alunos que foi o momento em que os camponeses se juntaram à Revolução Francesa, promovendo os ataques descritos para intimidar a nobreza. Naquele momento, muitos nobres saíram da França com medo dos levantes, o que contribuiu para o enfraquecimento das relações feudais.
  • Analise com os alunos a imagem, refletindo sôbre o papel das mulheres no processo revolucionário francês. Explique-lhes que elas protestavam contra a falta de alimentos, a inflação, a violência e o aumento do valor do pão, sendo uma resposta ao banquete ofertado pêla côrte para celebrar a chegada da infantaria que protegeria o palácio e o rei durante a Revolução. A manifestação teve início no mercado de sãntantuâne e as mulheres obrigaram uma igreja da vizinhança a tocar os sinos, convocando comerciantes de outros mercados. cêrca de 20 mil pessoas exigiram mudanças na Constituição, alimentos e a ida da Família Real para Paris. Como consequência, a côrte se mudou para o Palácio das , em Paris, e o rei Luís dezesseis assinou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Monarquia constitucional

Ao mesmo tempo em que procurou acalmar os revolucionários, aprovando as reformas sugeridas na Assembleia Nacional Constituinte, Luís dezesseis articulava um plano para retomar o contrôle do govêrno francês.

Em 25 de junho de 1791, o rei e sua família, disfarçados, tentaram fugir, mas foram descobertos antes mesmo de deixar a França e reconduzidos a Paris. A intenção do monarca era juntar-se aos nobres que haviam deixado o país e organizar um exército para combater a revolução.

Gravura. Vários homens, vestindo farda azul e chapéu preto, estão  caminhando com armas nas mãos. Atrás, uma carruagem com pessoas dentro. Ao redor da carruagem, mais homens fardados.
Representação do aprisionamento da família real francesa, em 25 de junho de 1791. Gravura de artista desconhecido, século dezoito.

Alguns meses depois, a Assembleia Nacional promulgou a Constituição francesa. Entre suas principais resoluções, estavam:

  • a estruturação de uma monarquia constitucional na França, substituindo a monarquia absolutista;
  • a garantia de que todos os franceses teriam igualdade de tratamento perante a lei;
  • a divisão do poder entre três instituições: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário;
  • o estabelecimento do voto censitário, ou seja, só podiam votar os cidadãos que tivessem a renda mínima estabelecida pêla lei;
  • a adoção de medidas que eliminavam as restrições econômicas ao livre comércio.
Respostas e comentários
  • Aproveite o momento para verificar se os alunos estão compreendendo os conteúdos, pois a Revolução Francesa marca, na historiografia europeia, um momento de transformação, tanto que ela é considerada o evento que marca o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.
  • Analise com os alunos a imagem da página. Reflita com êles sôbre o papel do Exército durante essa fase da Revolução Francesa. Questione-os sôbre a importância de tamanha escolta para a Família Real após sua prisão, discutindo com êles alguns aspectos do contexto, como a violência, a negação ao regime monárquico, o desejo de poder das camadas populares e o fim do reconhecimento popular à legitimidade da Coroa. A discussão favorece a abordagem da Competência específica de História 3, propiciando que os alunos elaborem hipóteses e interpretações com relação a essa fonte, de modo a compreender alguns aspectos sociais e culturais do período em que foram produzidas.

Um texto a mais

Leia a seguir um trecho da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, escrito e publicado em 1791 pêla francesa Olamp Gúge (1748-1793), ativa defensora do direito das mulheres. Comente os pontos principais dêsse documento e leia um dos artigos ao abordar êsse tema em sala de aula.

reticências

Mães, filhas, irmãs, mulheres representantes da nação reivindicam constituir-se em uma assembleia nacional. Considerando que a ignorância, o menosprezo e a ofensa aos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no govêrno, resolvem expor em uma declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados da mulher. Assim, que esta declaração possa lembrar sempre, a todos os membros do corpo social, seus direitos e seus deveres; que, para gozar de confiança, ao ser comparado com o fim de toda e qualquer instituição política, os atos de poder de homens e de mulheres devem ser inteiramente respeitados; e que, para serem fundamentadas, doravante, em princípios simples e incontestáveis, as reivindicações das cidadãs devem sempre respeitar a constituição, os bons costumes e o bem-estar geral.

Em consequência, o sexo que é superior em beleza, como em coragem, em meio aos sofrimentos maternais, reconhece e declara, em presença, e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos da mulher e da cidadã:

Artigo um – A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do homem. As distinções sociais só podem ser baseadas no interêsse comum.

Artigo dois – O objeto de toda associação política é a conservação dos direitos imprescritíveis da mulher e do homem: direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e, sobretudo, a resistência à opressão.

Artigo três – O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação, que é a união da mulher e do homem: nenhum organismo, nenhum indivíduo, pode exercer autoridade que não provenha expressamente deles.

Artigo quatro – A liberdade e a justiça consistem em restituir tudo aquilo que pertence a outros, assim, o único limite ao exercício dos direitos naturais da mulher, isto é, a perpétua tirania do homem, deve ser reformado pêlas leis da natureza e da razão.

reticências

Gúge, Olamp . Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://oeds.link/hqOqxE. Acesso em: 7 junho 2022.

A elaboração da Constituição francesa teve maior participação da alta burguesia, que conseguiu fazer com que seus interêssis fossem atendidos. Entretanto, as camadas mais pobres da população, do campo e da cidade, permaneciam insatisfeitas. O desgaste político de Luís dezesseis, principalmente após sua tentativa de fuga, fez com que ganhasse fôrça a ideia de acabar totalmente com a monarquia e estabelecer uma república. Entre os partidários dessa ideia estavam os sans-culottesglossário , que reivindicavam mudanças consideradas radicais pêla burguesia, como a extinção dos impostos sôbre os alimentos e a criação de leis que acabassem com as desigualdades entre ricos e pobres.

A reação das monarquias europeias

A revolução em curso na França repercutiu pêlo restante da Europa. Alguns monarcas, receosos com a influência das ideias revolucionárias sôbre a população, passaram a condenar a revolução. Em agosto de 1791, os governos da Áustria e da Prússia declararam que pretendiam invadir a França para combater o movimento revolucionário.

Após muitos debates, em abril de 1792, o govêrno francês declarou guerra à Áustria e à Prússia. Inicialmente, os franceses sofreram derrotas, mas a participação popular, em especial a dos sans culótes, fez com que os exércitos inimigos recuassem.

A imagem a seguir representa a população francesa partindo para lutar contra as tropas austro-prussianas, em 1792.

Pintura. À esquerda, pessoas em uma ponte, segurando bandeiras e observando homens fardados marchando. À direita, um palanque com pessoas em cima. Ao fundo, construções.
A partida dos voluntários, de Jean Batísti . Aquarela sôbre papel, 1907.
Respostas e comentários

Analise com os alunos a imagem. Explique-lhes que o processo revolucionário também envolveu conflitos com os países vizinhos, que temiam o avanço da Revolução para além das fronteiras francesas e deviam lealdade à Família Real. Identifique com êles o clima de celebração pêla partida daqueles que se voluntariaram para a luta armada e a presença de membros de grupos sociais muito diferentes.

A luta feminina por direitos durante a revolução

Vimos até aqui, em diversos momentos, várias questões voltadas aos direitos “do homem e do cidadão”, mas você percebeu que as mulheres ainda não estavam plenamente incluídas nessas mudanças?

Apesar da intensa participação feminina na Revolução Francesa, as transformações ocorridas após os seus primeiros anos não contemplavam os direitos das mulheres. Assim, em 1791, a francesa Marie (1748-1793), que adotou o pseudônimoglossário de Olamp Gúge, publicou um manifesto que reivindicava a igualdade de direitos entre mulheres e homens, a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Suas reivindicações não foram atendidas, mas alguns direitos foram conquistados pêlas mulheres nesse período, como o de pedir o divórcio.

As mulheres, apesar de serem impedidas de participar da vida política e de assumir cargos públicos, não deixaram de lutar por direitos. Elas organizaram diversos clubes políticos nos quais se reuniam para discutir e exigir soluções para os problemas da sociedade.

Também reivindicavam o direito de integrarem o exército, mas foram novamente derrotadas. Mesmo assim, diversas voluntárias se alistaram no exército francês disfarçadas de homens para combater as tropas austro-prussianas.

A luta feminina durante a Revolução Francesa até hoje inspira mulheres de diferentes lugares do mundo, que se mobilizam em diversos movimentos sociais para fazer valer seus direitos e ampliá-los.

Gravura. Uma mulher, usando chapéu e vestido cor-de-rosa, está montada em um cavalo empinado, com a mão direita erguida segurando uma espada.
Representação de Olamp Gúge, autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Gravura de artista desconhecido, século dezoito.

Com organização, união e resiliência, as mulheres não deixaram de lutar por seus direitos e por mais igualdade na sociedade.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Com base no que você estudou até aqui, por que a autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã viu a necessidade de elaborar êsse documento?

Ícone ‘Atividade oral’. Ícone ‘Em grupo’.

2. Em sua opinião, se a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã fosse publicada hoje, como ela seria? Junte-se a um colega, conversem sôbre o assunto e elaborem um pequeno esboço dêsse documento.

Respostas e comentários

1. Resposta: Porque mesmo com diversas transformações na sociedade, para a autora, não havia igualdade entre homens e mulheres.

2. Resposta nas orientações ao professor.

  • O assunto referente à participação feminina na Revolução Francesa possibilita o trabalho com o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos. Converse com os alunos sôbre as reivindicações das mulheres revolucionárias da França do século dezoito, que propunham a garantia de direitos às mulheres, muitos dos quais lhes eram negados naquela época. Reforce a importância da atuação feminina nessa frente de mobilização, processo que, ao longo dos anos, assegurou diversos direitos às mulheres. Converse com os alunos sôbre a importância e o alcance dessas lutas, as quais garantiram o direito à participação das mulheres na vida política. Apesar disso, reforce a importância da continuidade dessas mobilizações, pois o número de mulheres ocupando cargos políticos na atualidade ainda é reduzido se comparado ao de homens.
  • Aproveite a reflexão proposta pêlas atividades 1 e 2 para discutir com os alunos os conceitos de inclusão e de democracia inclusiva.
  • Durante a abordagem do tema na página, direcione a discussão para a vida cotidiana dos alunos, questionando-os sôbre quais ações êles realizam ou podem realizar para garantir a igualdade de direitos entre homens e mulheres, permitindo que sua convivência com os colegas seja mais inclusiva e democrática. êsse conteúdo desenvolve a empatia, o respeito ao próximo e os aspectos relacionados à resiliência para discutir e propor soluções e reivindicações, compreendendo que todos têm os mesmos direitos e que criar relações inclusivas também depende de suas próprias ações. Não permita que quaisquer tipos de preconceitos sejam explanados durante a discussão. A atividade permite o trabalho com o combate às diferentes fórmas de violência, sobretudo as violências simbólica, física, patrimonial e psicológica contra as mulheres.

Resposta

2. Resposta pessoal. Verifique se os alunos conseguem identificar elementos das atuais lutas femininas, como a igualdade de salários, a luta contra a violência na família e o combate ao assédio. Proporcione um momento para a socialização das respostas. Ao final, criem, em conjunto, um documento atualizado. Aproveite êsse momento para incentivar o respeito aos direitos das mulheres e à prática da alteridade, de modo que os alunos busquem reconhecer a necessidade de direitos iguais para todos os indivíduos.

A implantação da república na França

Sob a ameaça das fôrças contrarrevolucionárias na guerra contra a Áustria e a Prússia, foram realizadas, em 1792, eleições que substituíram a Assembleia Nacional pêla Convenção Nacional.

A Convenção Nacional promoveu mudanças radicais, como a abolição da monarquia e o estabelecimento da república como regime de govêrno. Também criou uma nova Constituição, que aboliu a escravidão nas colônias francesas e a prisão por dívidas, bem como estabeleceu o voto universal masculinoglossário , a educação pública primária gratuita e a assistência médica para idosos e crianças.

Após a França se tornar uma república, o rei deposto Luís dezesseis e sua espôsa, a rainha Maria Antonieta, foram presos e levados a julgamento. Luís dezesseis foi condenado à morte e executado em 21 de janeiro de 1793. Maria Antonieta foi executada meses depois.

Gravura. Um palanque com três pessoas e uma guilhotina. Uma das pessoas segura uma cabeça com a mão. Ao redor, pessoas com fardas azul. Algumas delas estão de pé e outras montadas em cavalos. Ao fundo, diversas construções.
Execução de Luís dezesseis Capeto, de autor desconhecido. Gravura do século dezoito.

A formação da Convenção Nacional

A Convenção Nacional era composta por 749 deputados que estavam divididos em três grupos principais.

  • Jacobinos: eram identificados pêla defesa radical da igualdade, do fim da cobrança de taxas feudais e da organização do regime republicano, entre outros ideais. êles se sentavam à esquerda na sala da Convenção Nacional e eram, em sua maioria, representantes da pequena e da média burguesia, além das camadas populares (sans-culottes).
  • Girondinos: formavam o grupo conservador e moderado. Havia entre êles nobres, membros da alta burguesia e outros representantes das classes mais ricas da sociedade. êles eram contra as ideias radicais dos jacobinos e defendiam a monarquia constitucional, assim como a manutenção da Constituição de 1791. Os girondinos sentavam-se à direita na sala da Convenção Nacional.
  • Planície ou pântano: grupo de políticos que não tinham posição política totalmente definida. êles ficavam sentados na região central da sala.
Respostas e comentários
  • Os assuntos trabalhados nestas páginas favorecem uma articulação com a Competência específica de História 2 ao promover a compreensão das mudanças nas estruturas sociais, políticas e econômicas observáveis com a implantação da República na França, assim como a formação da Convenção Nacional. Além disso, permitem compreender as relações de poder e como elas estavam inseridas no contexto da fase do Terror, do Comitê de Salvação Pública e da implantação de uma nova Constituição.
  • Analise com os alunos a imagem da página. Explique-lhes que o episódio retratado ocorreu em 21 de janeiro de 1793 e marcou o auge do processo revolucionário francês, pois se tratou da execução do último rei francês do Antigo Regime, Luís dezesseis. Mostre aos alunos que os revolucionários culpavam o regime monárquico pelos problemas sociais e viam na figura do rei a personificação das causas de suas misérias. Por êsse motivo, a execução real em praça pública reuniu tantos espectadores. Reflita com êles sôbre a importância simbólica dêsse episódio.
  • Comente com os alunos que o uso da guilhotina foi sugerido por um médico francês, chamado guiotân, como uma alternativa para as penas de morte. Por ser um método rápido, o médico o considerava melhor que o enforcamento ou a decapitação por machado, que retardava a agonia do condenado. pêla indicação, o instrumento letal foi nomeado com o nome do médico. Posteriormente, tendo em vista as muitas mortes resultadas pêlo uso da guilhotina, a família de guiotân sentia-se constrangida e pediu a alteração do nome do instrumento. Com a negação, êles mudaram o nome da família para que êle não fosse associado às mortes.
  • Converse com os alunos sôbre o uso da guilhotina durante o processo revolucionário. Explique-lhes que o uso do instrumento foi proposto como uma fórma de padronizar o tratamento dado aos condenados, cumprindo os ideais de igualdade dos revolucionários. Em 1792, ela se tornou o instrumento oficial para cumprir as penas de morte, com autorização de Luís dezesseis. No entanto, com o processo de radicalização do movimento, cêrca de 50 guilhotinas passaram a funcionar em Paris por seis horas diárias, executando cêrca de 20 mil pessoas somente em 1793, entre as quais estavam o próprio Luís dezesseis e Jác Dantún, um líder revolucionário popular.

A fase do Terror

A execução da família real provocou diversas reações entre a população francesa e também entre os líderes de outros países europeus, causando agitações externas e internas.

A guerra da Áustria e da Prússia contra a França continuava, agora com a coalizão de diversas outras nações absolutistas europeias, lideradas pêla Inglaterra, na tentativa de restabelecer o Antigo Regime na Europa. Nesse período, o govêrno francês passou a convocar os cidadãos de 18 a 25 anos para compor fileiras do exército e mobilizou diversos recursos econômicos para o conflito.

Ao mesmo tempo, em 1793, em Vendeia, no oeste da França, camponeses liderados pelos nobres locais organizaram uma revolta contra a alta cobrança de impostos e o recrutamento militar. De caráter contrarrevolucionário, os participantes da chamada Guerra da Vendeia defendiam a volta da monarquia e a manutenção das tradições católicas.

Litogravura. Um homem, usando chapéu, camisa, colete, casaco e calça, está de pé olhando para a direita e segurando com as mãos uma arma. Ao fundo, outro homem com roupas parecidas e segurando uma arma.
Representação de camponeses que combateram durante a Guerra da Vendeia. Litogravura de Charpentier, feita no século dezenove.

O Comitê de Salvação Pública

Nesse contexto, na tentativa de salvar a república e os princípios da revolução contra as investidas monarquistas, o govêrno republicano francês criou, em abril de 1793, o Comitê de Salvação Pública. Os jacobinos, que eram a maioria no Comitê, começaram, então, a perseguir sistematicamente todas as pessoas consideradas “inimigas da revolução”, eliminando violentamente qualquer tipo de oposição ao govêrno revolucionário.

Essas perseguições deram início ao período que ficou conhecido como Terror. Acredita-se que, entre agosto de 1793 e julho de 1794, mais de 40 mil pessoas tenham morrido por causa das perseguições e das execuções na guilhotina, entre elas girondinos, padres, nobres, monarquistas e jacobinos que não respeitavam a autoridade do Comitê.

Respostas e comentários

Auxilie os alunos na análise da imagem da página. Sugira-lhes que identifiquem a personagem representada, bem como a situação em que se encontrava. êsse trabalho permite o desenvolvimento de aspectos da Competência específica de História 3, no que diz respeito ao questionamento e à análise de documentos sôbre um contexto histórico determinado.

Um texto a mais

Para fundamentar o trabalho sôbre o período do Terror, leia o texto a seguir.

reticências

- O que é o Terror?

- O Terror, que se tornou oficial durante certo tempo, é o instrumento usado para reprimir a contrarrevolução. Prendem-se os cidadãos considerados suspeitos e institui-se um Tribunal Revolucionário em Paris, que julga de maneira sumária e envia milhares de pessoas à guilhotina: depois do rei, a rainha Maria Antonieta, aristocratas, sobretudo, mas também negociantes ricos, padres e pessoas simples das regiões em conflito. Na , quando chegou a hora da reconquista, “colunas diabólicas” de soldados republicanos incendiaram as aldeias e cometeram assassinatos. Quantos mortos? Na guilhotina, sem dúvida por volta de dezesseis mil, mas as execuções coletivas devem aumentar bastante êsse número. Aproximadamente 130 mil só na , embora se diga que foi muito mais.

É a parte sombria e mesmo terrível dêsse período da Revolução, mas é preciso levar em conta o outro lado dessa política.

O govêrno revolucionário foi obrigado a atender às necessidades mais urgentes da população: a escassez de víveres, a alta dos preços, a miséria. êle aplicou a solução autoritária exigida pelos porta-vozes do povo, o tabelamento, ou seja, um preço máximo para o pão, depois para todos os gêneros alimentícios e, mais tarde, também para os salários, o que não agradou tanto aos operários. Confiscou, enviou contingentes do exército revolucionário para vasculhar as fazendas... Essa política alcançou certa eficácia.

reticências

, Michel. A Revolução Francesa explicada à minha neta. Tradução: Fernando Santos. São Paulo: , 2007. página 7475.

A reação termidoriana

Durante a fase do Terror, houve inúmeras prisões, julgamentos e execuções, provocando enorme contrariedade entre a população. Diante disso, os políticos girondinos reagiram e organizaram-se contra a chamada “ditadura jacobina”.

Assim, mediante um golpe, os girondinos ordenaram a prisão de en Rubespiér (um dos principais líderes jacobinos) e de seus partidários na Convenção Nacional. Em 28 de julho de 1794, 10 Termidor no calendário revolucionário (ver boxe na próxima página), Rubespiér foi executado na guilhotina.

êsse acontecimento deu início a uma nova fase do processo revolucionário, marcado por uma política moderada e liderada pelos girondinos, que formaram o govêrno chamado de Diretório (composto por cinco deputados – os diretores – eleitos por um mandato de cinco anos).

Gravura. À esquerda, um homem, usando chapéu, camisa e colete, está de pé, erguendo com as mãos uma peça de madeira de uma guilhotina. Ao lado, um homem, com roupas brancas, está inclinado com a cabeça em direção à guilhotina. À direita, um homem, vestindo chapéu, camisa e colete, está com as mãos sobre o homem de roupas brancas, colocando-o na guilhotina.
A Morte de Robespierre: Que foi guilhotinado em Paris em 28 de julho de 1794, derrubado de seu trono sangrento, de Giacomo Aliprandi. Gravura, 1799.
Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

Por que a fase do Terror ficou conhecida como “ditadura jacobina”?


Uma nova Constituição

Uma das principais mudanças promovidas durante o govêrno do Diretório foi a elaboração, em 1795, de uma nova Constituição. Mais conservadora que a anterior, ela restabeleceu o voto censitário e proibiu as execuções sumárias, como as que ocorreram na fase do Terror, entre outras medidas.

No entanto, nesse período, mesmo com a retomada do desenvolvimento nos setores da indústria e do comércio, a situação econômica era crítica, e as agitações provocadas pêlas insurreições tanto de monarquistas como de sans-cullotes ainda causavam instabilidade na França.

Respostas e comentários

Questão 2. Resposta: Porque todas as pessoas consideradas inimigas da revolução eram perseguidas e mortas na guilhotina.

  • Auxilie os alunos na análise da imagem disponibilizada na página. Sugira-lhes que identifiquem as personagens representadas, bem como em que situações elas se encontravam. Questione os alunos sôbre quem são os algozes de Rubespiér e por que o autor da imagem quis identificá-los como figuras populares, ainda que, normalmente, o rosto dos carrascos não fosse visível durante as execuções. Aproveite para revisar com os alunos as diferentes fórmas como Rubespiér foi visto em momentos distintos da Revolução, indo de herói popular para condenado à guilhotina. Com isso, possibilita-se o trabalho com a Competência específica de História 3, no que diz respeito ao questionamento e à análise de documentos sôbre um contexto histórico.
  • Aproveite êsse momento para identificar os eventos históricos decorrentes da Revolução Francesa, articulando, assim, o trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero quatro.
  • Durante o trabalho com a questão 2, retome com os alunos os grupos políticos revolucionários e as diferenças entre êles. Questione-os sôbre as diferenças entre girondinos e jacobinos e discuta com êles sôbre as transformações no projeto revolucionário jacobino ao longo dos anos.

O calendário revolucionário francês

Com a proclamação da república francesa, em 1792, foi instituído um novo calendário, baseado nos ciclos da natureza e sem os feriados religiosos. êle dividia o ano em 12 meses de 30 dias, e mais 5 ou 6 dias complementares.

Cada mês possuía um nome relacionado às condições climáticas francesas ou às épocas agrícolas. Veja a seguir alguns exemplos.

Vindimário: referente à vindima, época de colheita de uvas. Corresponde ao período de 22 de setembro a 21 de outubro.

Brumário: referente às brumasglossário . Corresponde ao período de 22 de outubro a 20 de novembro.

Termidor: referente ao calor, no período de 19 de julho a 17 de agosto.

Frutidor: referente à época das frutas, de 18 de agosto a 16 de setembro.

Gravura. À esquerda, há o texto: CALENDRIER. Abaixo, segue uma linha na posição vertical acompanhada de textos. No meio da linha há um círculo. Dentro do círculo há a ilustração de um homem, ajoelhado, abraçando uma mulher. Ao centro, há o texto: LIBERTE. Ao redor, há dois círculos com ilustrações. De um lado, ilustração de animais em meio à vegetação. De outro, uma mulher sentada perto de alguns animais. Abaixo um círculo grande. Dentro do círculo, há textos e números. À direita, há o texto: PERPÉTUEL. Abaixo, segue uma linha na posição vertical acompanhada de textos. No meio da linha há um círculo. Dentro do círculo, há a ilustração de um homem e uma mulher, um de frente para o outro.
Calendário Perpétuo Republicano, de Antuâne . Gravura, 1804.
Respostas e comentários

Para trabalhar o tema contemporâneo transversal Diversidade cultural, mostre aos alunos a representação do calendário revolucionário francês, um dos assuntos desta página. Analise-o conforme as indicações. Se possível, apresente a imagem aos alunos em um projetor. Acesse-a no link a seguir.

> Disponível em: https://oeds.link/Kxzzrk. Acesso em: 7 junho 2022.

Atividade a mais

Para complementar o trabalho com o calendário da Revolução Francesa, proponha aos alunos uma análise com base nas questões a seguir.

Questões

1. Por que o calendário foi denominado “Perpétuo”?

2. O que foi feito para facilitar a compreensão do novo calendário?

3. Na imagem do calendário revolucionário francês apresentada, é possível percebermos a influência dos elementos da natureza? Se sim, de que fórma?

4. Em sua opinião, por que a adoção de um novo calendário foi proposta durante a Revolução Francesa?

Respostas

1. O calendário foi nomeado Perpétuo porque havia a intenção dos revolucionários de torná-lo permanente na França.

2. Para facilitar a compreensão, foi apresentada a correspondência entre o novo e o antigo calendário.

3. Sim, é possível perceber a influência das estações do ano na constituição do calendário. Na imagem, há inscrições sôbre elas.

4. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que a adoção de um novo calendário representa uma nova etapa na história francesa, como se fosse uma “nova era” a se iniciar.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Qual era o objetivo da convocação dos Estados Gerais? O que ocorreu a partir dessas reuniões?
  2. O que o episódio da tomada da Bastilha representou durante a Revolução Francesa?
  3. Explique o que foi o Grande Medo e como êle influenciou o contexto revolucionário francês.
  4. Como funcionou o processo de elaboração da Constituição da França, em 1791? Comente algumas das medidas adotadas e mencione qual grupo da população teve maior influência na elaboração dêsse documento.
  5. Copie o quadro a seguir no caderno e depois complete-o com as principais características de cada grupo.
'Ícone.Modelo'

Jacobinos

Girondinos

6. No caderno, associe as duas colunas apresentadas a seguir referentes a alguns dos eventos da Revolução Francesa.

A. Antigo Regime

B. Fase da Assembleia Nacional Constituinte

C. Convocação dos Estados Gerais

D. Fase do Terror

1. Quando o Comitê de Salvação Pública, de maioria jacobina, começou a realizar perseguições às pessoas consideradas “inimigas da revolução”, eliminando violentamente qualquer tipo de oposição ao govêrno revolucionário.

2. Período em que os representantes dos estados se reuniram com o objetivo de criar uma Constituição que impusesse mais limites ao poder do rei.

3. Período no qual predominou a monarquia absolutista e no qual a população francesa estava dividida em três estados: clero, nobreza e camadas populares (camponeses, burgueses e trabalhadores urbanos).

4. Reuniões e encontros realizados no final do século dezoito para sanar alguns dos problemas franceses, como a crise econômica.

Respostas e comentários

1. Resposta: Os Estados Gerais foram convocados para resolver os impasses entre burgueses, clero e nobreza quanto à questão do pagamento de impostos e também para solucionar a crise econômica. Com essas reuniões, o terceiro estado passou a almejar algumas mudanças no processo de votação e deu-se início ao processo revolucionário.

2. Resposta: A tomada da Bastilha representou o início da reação contra o govêrno monárquico e inspirou novos atos de revolta popular, pois a prisão tomada pêlo povo era uma espécie de símbolo da autoridade real.

3. Resposta: O Grande Medo ocorreu quando a revolução se difundiu no meio rural, inspirando levantes camponeses. movimentos contribuíram para pressionar a nobreza a abrir mão de seus privilégios e fizeram com que muitos nobres fugissem da França.

4. Resposta: A Constituição foi elaborada pêla Assembleia Nacional Constituinte, formada após as reuniões dos Estados Gerais. O documento limitou os poderes da monarquia, estabeleceu o voto censitário e a igualdade de todos os homens perante a lei. A elaboração da Constituição da França teve maior participação da alta burguesia.

5. Respostas nas orientações ao professor.

6. Resposta: A – 3; B – 2; C – 4; D – 1.

  • As atividades 1 a 6 desta página favorecem a abordagem da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero quatro, pois levam os alunos a identificar e contextualizar processos característicos da Revolução Francesa. As atividades 2 e 4 também retomam alguns princípios do Iluminismo e do liberalismo, relacionando-os com o processo revolucionário, contribuindo para o desenvolvimento de aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.
  • Ao trabalhar a atividade 3, relembre aos alunos que, como fórma de reivindicação, muitos camponeses saquearam e incendiaram casas e mataram membros da nobreza, o que resultou em uma grande fuga dos nobres para países vizinhos.
  • Oriente os alunos a resolver as atividades propostas na página, aproveitando para verificar se compreenderam os conteúdos trabalhados e se alcançaram os objetivos dêste capítulo. Caso note que estão tendo dificuldade com algum tema, retome o assunto a fim de propiciar um melhor aproveitamento do material e favorecer a aprendizagem significativa.

Resposta

5. Jacobinos: defesa radical da igualdade, do fim dos privilégios aos nobres e da cobrança de taxas feudais. Defensores da queda da monarquia e instituição da República. Constituídos pêla pequena e média burguesia. Girondinos: contrários às ideias radicais, favoráveis à monarquia constitucional e defensores da manutenção da Constituição de 1791. Constituídos pêla alta burguesia.

Aprofundando os conhecimentos

7. Na França, a sociedade era dividida em três estados. Identifique cada um dêsses setores da sociedade na imagem ê responda às questões.

Gravura. À esquerda, um homem, vestindo chapéu, batina branca com detalhes e tecido vermelho ao redor do corpo. Sobreposto à letra 'A'. Ao lado, um homem vestindo chapéu com adorno de plumas, lenço no pescoço, casaco com botões e calça vermelha, meias até os joelhos, sapatos, capa e espada presa na cintura. Sobreposto à letra 'B'. À direita, um homem, com chapéu preto sem adornos, lenço no pescoço, casaco e calça cinza e sapatos, está segurando um livro em uma das mãos. Sobreposto à letra 'C'.
Representação dos três estados da sociedade francesa durante o Antigo Regime. Gravura de artista desconhecido, século dezoito.
  1. Descreva como cada uma das personagens foi representada.
  2. Identifique elementos que caracterizam os membros dos três estados na imagem.
  3. Explique quem fazia parte de cada um dêsses estados e comente a situação deles na sociedade francesa.
  4. Faça um desenho no caderno de acôrdo com a sua interpretação sôbre a sociedade francesa durante o Antigo Regime. Depois, compare seu desenho com o de um colega e verifique as semelhanças e as diferenças entre êles.
Versão adaptada acessível

a ) Descreva como cada uma das personagens foi representada.

b ) Identifique elementos que caracterizam os membros dos três estados na imagem.

c ) Explique quem fazia parte de cada um desses estados e comente a situação deles na sociedade francesa.

d ) Com base em sua interpretação, comente sobre a sociedade francesa durante o Antigo Regime. Depois, compare com a interpretação de um colega e verifique as semelhanças e as diferenças entre elas.

Orientação para acessibilidade

7. a) Resposta nas orientações ao professor.

7. b) Resposta nas orientações ao professor.

7. c) Resposta nas orientações ao professor.

7. d) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos possam colaborar uns com os outros, reforçando a identificação dos grupos sociais do Antigo Regime.

8. Os motivos que levaram diversas camadas sociais francesas a se mobilizarem a favor da revolução foram variados. A seguir, o historiador ériqui . róbisbáum apresenta alguns deles. Leia o trecho e responda às questões.

reticências O que transformou uma limitada agitação reformista em uma revolução foi o fato de que a conclamação dos Estados Gerais coincidiu com uma profunda crise socioeconômica. Os últimos anos da década de 1780 tinham sido, por uma complexidade de razões, um período de grandes dificuldades praticamente para todos os ramos da economia francesa. Uma má safra em 1788 (e 1789) e um inverno muito difícil tornaram aguda a crise. As más safras faziam sofrer o campesinato, pois significavam que enquanto os grandes produtores podiam vender cereais a altos preços, a maioria dos homens em suas insuficientes propriedades tinha reticências que se alimentar do trigo reservado para o plantio ou comprar alimentos àqueles preços reticências. Obviamente as más safras faziam sofrer também os pobres das cidades cujo custo de vida – o pão era o principal alimento – podia duplicar. [...]

róbisbáum, ériqui . A era das revoluções: 1789-1848. Tradução: Maria Tereza Teixeira e Marcos Penchel. vigésima quinta edição São Paulo: Paz e Terra, 2010. página 108109.

Respostas e comentários

7. a) Resposta nas orientações ao professor.

7. b) Resposta nas orientações ao professor.

7. c) Resposta nas orientações ao professor.

7. d) Resposta nas orientações ao professor.

A atividade 7 possibilita o trabalho com a Competência geral 2 ao propor aos alunos que reflitam e, com base em uma análise crítica, descrevam e interpretem a gravura da representação dos três estados franceses. Também permite que utilizem a criatividade e a imaginação para fazer um desenho no caderno sôbre a própria perspectiva referindo-se à sociedade francesa no Antigo Regime.

Respostas

7. a ) A personagem A foi representada com vestes de alto escalão religioso; a B apresenta vestes típicas da nobreza, além do chapéu adornado com plumas e do lenço atado ao pescoço; a personagem C foi representada com vestimentas e acessórios menos adornados, além de portar um objeto em uma das mãos, possivelmente um livro.

b ) Espera-se que os alunos citem elementos como roupas, posturas e objetos. Nesse sentido, vale lembrar que a côr vermelha também é associada a grupos de elite.

c ) Clero (representado pêla personagem A) e nobres (representados pêla personagem B) faziam parte de um grupo privilegiado, viviam na côrte real e eram isentos de impostos. Os burgueses (representados pêla personagem C) e os camponeses faziam parte do terceiro estado e sôbre êles recaía o pagamento dos impostos. Os burgueses, porém, viviam de fórma distinta dos camponeses, cuja realidade era de escassez.

d ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos possam colaborar uns com os outros, reforçando a identificação dos grupos sociais do Antigo Regime.

  1. De acôrdo com o autor do texto, que fatores influenciaram a transformação da “agitação reformista” em uma “revolução”?
  2. Quais camadas da sociedade francesa foram as mais afetadas pêlo processo descrito no texto?
  3. Você concorda com o ponto de vista dêsse autor? Explique.

9. Em 25 de abril de 1792, o capitão do exército francês (1760-1836) compôs a canção que veio a ser conhecida como o hino nacional francês. Em 30 de julho do mesmo ano, a música foi entoada por soldados que voltavam da cidade de Marselha e adentravam Paris, ficando conhecida então como La Marseillaise (do francês, A Marselhesa). Leia um trecho do hino a seguir e responda às questões.

A Marselhesa

Vamos, filhos da pátria,

O dia da glória chegou!

Contra nós se levanta

O estandarte ensanguentado da tirania,

reticências

Para as armas cidadãos!

Formai vossos batalhões!

Marchemos, marchemos!

reticências

LA MARSEILLAISE . Élysée. Disponível em: https://oeds.link/hwOblF. Acesso em: 12 maio 2022. (Tradução nossa).

Gravura. Na parte superior, o texto: LA MARSELLAISE. Abaixo, ilustração, homens segurando com as mãos espadas, armas e tambores são guiados por um anjo com tecido vermelho ao redor do corpo que aponta o dedo para a direita. Entre eles, há homens montados sobre cavalos. Ao lado, uma mulher, usando um vestido branco, está segurando com as mãos uma bandeira com as cores azul, branca e vermelha. Ela observa a multidão guiada pelo anjo. À direita, uma partitura. Abaixo, texto.
La Marseillaise, gravura, letra e partitura publicadas no él í petí djournau, em 1912.
  1. É possível reconhecer no trecho do hino e por meio da imagem os ideais revolucionários? Dê exemplos.
  2. Desde 14 de julho de 1795, essa canção é reconhecida como hino nacional da França. Você conhece o hino nacional do Brasil? Converse com os colegas sôbre a importância dos hinos como símbolo nacional.
Respostas e comentários

8. a) Resposta: Segundo o autor do texto, foi o fato de que a convocação dos Estados Gerais coincidiu com a crise socioeconômica, que vinha atingindo a França em 1788 e 1789.

8. b) Resposta: As camadas mais afetadas da sociedade francesa foram os pequenos proprietários e os camponeses, além da população mais pobre que vivia nas cidades.

8. c) Resposta pessoal. É importante os alunos utilizarem argumentos para expor seus pontos de vista a respeito das ideias do autor. Oriente a conversa para que reconheçam que diversos fatores influenciaram o processo revolucionário: as insatisfações políticas da burguesia, os altos impostos instituídos na época, os ideais iluministas, a situação econômica em geral e as crises agrícolas (citadas mais especificamente no texto analisado).

9. a) Resposta: É possível reconhecer os aspectos da revolução no hino, como a utilização do têrmu cidadãos, o estímulo a uma concepção patriótica (“filhos da pátria”) e a ideia de luta armada (“Para as armas”).

Na imagem, também há referência à luta revolucionária: os armamentos, o grupo de cidadãos marchando em busca de um ideal e as côres da bandeira da França (vermelho, azul e branco).

9. b) Resposta pessoal. Nesse questionamento, os alunos poderão reconhecer que os hinos nacionais tendem a valorizar diversos aspectos de um país, como a população, a cultura e os elementos “positivos” que formam a nação.

  • As atividades 8 e 9 desta página possibilitam que a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero quatro seja contemplada, pois tratam de aspectos da Revolução Francesa, o que permite aos alunos identificar suas influências na sociedade brasileira da atualidade.
  • A atividade 9 se articula com o desenvolvimento da Competência específica de História 3, uma vez que oferece aos alunos um recurso textual e outro imagético sôbre um mesmo contexto histórico para que possam responder às questões propostas. Dessa maneira, utilizam diferentes recursos para formar seus argumentos e hipóteses.

Glossário

Sans-culottes
: em português significa sem culote, têrmu criado para se referir às pessoas das camadas populares que não utilizavam calças até os joelhos, como as usadas pêla nobreza antes da revolução. Classe formada por artesãos, assalariados e pequenos comerciantes.
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Pseudônimo
: nome fictício adotado por um autor.
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Voto universal masculino
: nesse caso, o direito de voto a todos os homens adultos, independentemente de sua condição social ou econômica.
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Bruma
: neblina, nevoeiro.
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