UNIDADE 5 O período Regencial e o Segundo Reinado

Fotografia. Um mural branco com ilustrações em azul. À esquerda, há uma pessoa, em pé e com os braços abertos, dentro de um círculo. Ao lado, uma cruz, uma embarcação a vela, várias pessoas montadas a cavalos segurando lanças e espadas, uma bandeira com faixas na diagonal com as cores verde, vermelha e azul e, à direita, o busto de um homem fardado. Ao redor das ilustrações, há os textos: Lanceiros Negros, Giuseppe Garibaldi.
Detalhe do painel Memorial da Epopeia Rio-grandense, Missioneira e Farroupilha, produzido por Danúbio Vilamil Gonçalves em 2007 e localizado na praça da Revolução Farroupilha, Pôrto Alegre (Rio Grande do Sul). O painel apresenta personagens e frases que ilustram as diferentes fases da Revolução Farroupilha, ocorrida na segunda metade do século dezenove. Foto de 2018.
Respostas e comentários
  • A foto de abertura exibe um painel, produzido por Danúbio Villamil Gonçalves, que retrata a história da Revolução Farroupilha. Composto de 555 lajotas, o painel tem 3 metros de altura e 16,5 metros de comprimento. êle inicia, à esquerda, com a representação da narrativa da epopeia das Missões de Sepé Tiaraju; ao centro, passa pêla luta entre os espanhóis e os indígenas guaranis, por Garibaldi, pelos Lanceiros Negros e pêla Proclamação da República Rio-Grandense; finalizando, à direita, com Bento Gonçalves. êsse painel foi inaugurado em 2008, com a revitalização da Praça Revolução Farroupilha, e todas as lajotas foram pintadas à mão pêlo artista.
  • O painel retratado na abertura da unidade se refere aos conflitos no Rio Grande do Sul no século dezenove. dêsse modo, é possível trabalhar com os alunos a habilidade ê éfe zero oito agá ih um seis, tendo em vista que a Revolução Farroupilha foi um movimento de contestação ao poder centralizado, que negligenciava os interêssis dos rio-grandenses.

Após a abdicação de dom Pedro um, o govêrno imperial foi assumido por regentes até que o príncipe dom Pedro, então com cinco anos de idade, atingisse a maioridade. Essa época, que ficou conhecida como Período Regencial, foi marcada por diversos conflitos e instabilidade política.

Já durante o Segundo Reinado, sob o govêrno de dom Pedro dois, ocorreu a expansão da produção cafeeira e um processo que provocou diversas mudanças na sociedade brasileira e o surgimento de uma nova elite econômica.

Apesar disso, o sistema escravista que havia estruturado a produção e a economia desde o período Colonial ainda persistia, marcando profundamente a sociedade brasileira em formação.

Iniciando a conversa

  1. Descreva o mural retratado na foto da página anterior.
  2. Identifique o autor do mural. Quando essa representação artística foi produzida? Com qual objetivo?
  3. Em sua cidade há representações artísticas semelhantes a esta? Se houver, converse com os colegas, descrevendo-as e comentando suas características e importância.

Agora vamos estudar...

  • o período Regencial;
  • as revoltas regenciais;
  • os aspectos políticos e econômicos do Segundo Reinado;
  • a expansão cafeeira;
  • a questão indígena no período Imperial.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

Respostas

1. Espera-se que os alunos descrevam o mural baseando-se na foto e na descrição apresentada na legenda. êles podem descrever as côres usadas (principalmente tons de azul), as frases inscritas, as personagens representadas, a bandeira (que se destaca pêlas côres), entre outros elementos.

2. O autor do mural é Danúbio Villamil Gonçalves e a obra foi produzida em 2007 com o objetivo de homenagear momentos da história do Rio Grande do Sul.

3. Resposta pessoal. Incentive os alunos a conversar entre si sôbre representações artísticas semelhantes a essa na cidade onde moram. Caso não exista êsse tipo de arte na cidade ou êles não consigam identificá-la, peça-lhes que exponham suas opiniões acêrca da importância dêsse tipo de representação para a memória e a história de determinado local ou povo.


Aproveite êsse momento para verificar o conhecimento prévio dos alunos sôbre os assuntos que serão abordados nesta unidade. Peça-lhes que anotem as respostas e as reflexões iniciais e, ao final, as comparem com os conhecimentos apreendidos ao longo do estudo destas páginas.

CAPÍTULO 9 Período Regencial

Em 1831, com a abdicação de dom Pedro um, o govêrno do Brasil foi assumido por regentes, que eram governantes eleitos pelos deputados e senadores para administrar o país temporariamente.

Dessa fórma, entre os anos de 1831 e 1840, formaram-se Regências Trinas (1831- -1834), compostas por três líderes, e Regências Unas (1834-1840), compostas por apenas uma liderança. Os regentes unos foram Diogo Antônio Feijó (1784-1843) e Araújo Lima (1793-1870).

êsse período foi marcado pêla instabilidade política e pelos conflitos entre o govêrno central e os governos das províncias. Os principais grupos políticos que atuavam nesse período eram: os restauradores, que defendiam o retôrno de dom Pedro um e de sua monarquia (porém, após a morte dele, em 1834, o grupo se dissolveu); os liberais moderados, que representavam os interêssis das elites agrárias e defendiam a monarquia constitucional e a manutenção dos poderes políticos vigentes; e os liberais exaltados, que representavam os interêssis das classes médias urbanas e de parte dos proprietários de terras, e pretendiam dar maior autonomia para as províncias por meio de uma monarquia federativa. Entre êles havia ainda, em menor número, os que eram republicanos.

Para lidar com essas disputas regionais e manter a ordem interna do país, foi criada, em 1831, a Guarda Nacional. Diferentemente do Exército, que tinha a responsabilidade de manter afastados principalmente os inimigos externos, essa milícia atuava nos conflitos internos.

Leia o trecho a seguir sôbre a Guarda Nacional.

reticências Chamada de Milícia Cidadã, ela copiou o espírito da instituição francesa do mesmo nome, qual seja, colocar a manutenção da ordem nas mãos de quem tinha algo a defender, isto é, dos proprietários. Para pertencer à Guarda era exigida renda de 200 mil-réis nas quatro maiores cidades e de 100 mil-réis no resto do país.

reticências

CARVALHO, José Murilo de. A vida política. ín: CARVALHO, José Murilo de. (coordenação). A construção nacional: 1830-1889. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. volume 2. página 89. (História do Brasil nação: 1808-2010).

Litogravura. À esquerda, um homem usando farda, chapéu com pena e espada, está de pé e de costas. Ao lado, um homem usando farda, chapéu com pena e espada, está montado em um cavalo branco. À direita, um homem usando farda e chapéu com pena, está de pé, segurando com as mãos uma espada na frente do corpo.
Corpo da Cavalaria da Guarda Nacional, de Heaton e Rensburg. Litogravura, ​45,5centímetrospor62centímetros, século dezenove.
Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Caracterizar o período Regencial.
  • Compreender as revoltas re­gen-­ ciais.
  • Analisar o impacto das revoltas regenciais na sociedade brasileira.

Justificativa

Ao explorar o período Regencial e as revoltas populares que aconteceram naquela época, bem como instigar a análise dos impactos que movimentos exerceram na sociedade brasileira, este capítulo propicia o trabalho com as habilidades ê éfe zero oito agá ih um cinco e ê éfe zero oito agá ih um seis, as quais versam sôbre as disputas políticas no período imperial, a diversidade política do Brasil no século dezenove e as rebeliões diante das discordâncias com relação ao poder centralizado.


Leia com os alunos o texto do historiador José Murilo de Carvalho e peça-lhes que reflitam a respeito do modêlo de guarda feito pelos proprietários. Pergunte-lhes o que consideram positivo e o que consideram negativo nesse modêlo. Nesse sentido, incentive um debate sobre cidadania, direitos e deveres, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da Competência específica de História 1.

A instabilidade política

Na tentativa de equilibrar as tensões entre os grupos de tendências mais liberais e os de tendências mais conservadoras que atuavam nas províncias, o govêrno aprovou, em 1834, uma emenda à Constituição, que concedia às províncias maior autonomia em relação ao govêrno federal e criou a Regência Una. Essa medida ficou conhecida como Ato Adicional. Apesar disso, a instabilidade política manteve-se durante o período Regencial. Em diversas regiões do país, eclodiram movimentos, revoltas e rebeliões.

Analise a linha do tempo sôbre o período Regencial e as rebeliões ocorridas.

Pintura que representa um participante da Cabanagem, revolta que teve início em 1835, no Grão-Pará.

Pintura. Um homem, usando short e chapéu de palha, está de pé, segurando com as mãos uma arma.
Cabano paraense, de Alfredo . Aquarela, 1940.
Linha do tempo: Na cor laranja: Dom Pedro I. 1822 a 1831. 1831. Agitações de cunho antilusitano de civis e também de militares se espalham pelo país. Na cor azul: Regências Trinas. 1831 a 1834. 1831 A Regência cria a Guarda Nacional. Na cor amarela: Regências Unas. 1834 a 1840. 1835 A Cabanagem, a Farroupilha e a Revolta dos Malês eclodem. 1836 Criação da República de Piratini, pelos farrapos. 1838 Tem início a Balaiada, movimento formado por camponeses e escravizados. 1839 Foi fundada pelos farrapos a República Juliana, em Laguna, Santa Catarina. Na cor vermelha: Dom Pedro II. 1840 a 1889. 1840 Golpe da maioridade. Dom Pedro II assume o poder com 14 anos.
Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

Em qual período ocorreram a maioria das rebeliões do govêrno regencial?

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

De acôrdo com a linha do tempo, o que ocorre após o ano de 1839?

Respostas e comentários

Questão 1. Resposta: A maioria das revoltas ocorreram no período das Regências Unas, entre 1834 e 1840.

Questão 2. Resposta: Em 1840 ocorre o golpe da maioridade. Inicia-se o período de govêrno de dom Pedro dois.

  • O contexto de instabilidade política possibilita uma articulação com a habilidade EF08HI16. Para isso, destaque os motivos dessa instabilidade, ressaltando a diversidade de visões políticas daquele momento.
  • A Competência específica de História 2 pode ser trabalhada com o assunto da página ao favorecer a compreensão dos movimentos e das revoltas que eclodiram devido às divergências políticas, assim como ao analisar a ordem cronológica dêsses acontecimentos, representada por uma linha do tempo.
  • As questões 1 e 2 exploram o trabalho com a linha do tempo e propõem aos alunos refletir a respeito dos movimentos que ocorreram no período Regencial, o que favorece o desenvolvimento de noções de temporalidade.

O golpe da maioridade

Para encerrar o clima de instabilidade do período Regencial e as disputas políticas nas províncias, um grupo de políticos liberais realizou uma manobra e decretou (antecipadamente) a maioridade de dom Pedro dois. Assim, em julho de 1840, com apenas 14 anos, o príncipe assumiu o trono do Brasil e teve início o período conhecido como Segundo Reinado, que estudaremos adiante.

As revoltas regenciais

Durante o período Regencial, como vimos, ocorreram muitas revoltas em diferentes regiões do Brasil. No entanto, elas não tiveram as mesmas motivações nem pretendiam alcançar os mesmos objetivos, pois buscavam intervir na realidade e nas condições de vida de cada localidade. Confira no mapa a seguir as principais revoltas regenciais e suas localizações no território.

De modo geral, as rebeliões ocorreram de maneira isolada e foram fortemente repreendidas pêlas fôrças do exército do govêrno.

Revoltas regenciais (1831-1840)

Mapa. Revoltas regenciais (1831-1840). Mapa destacando o território brasileiro e os limites territoriais de suas províncias no século XIX. Conforme a legenda: Revolução Farroupilha (1835-1845): Províncias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Cidades destacadas: Desterro (Florianópolis) e Porto Alegre. Cabanagem (1835-1840): Província do Grão-Pará. Cidade destacada: Belém. Sabinada (1837-1838): Nordeste: Província da Bahia. Cidade destacada: Salvador. Balaiada (1838-1841): Região Norte: Província do Maranhão. Cidade destacada: São Luís. Revolta dos Malês (1835): Nordeste: Província da Bahia. Cidade destacada: Salvador. À esquerda, planisfério destacando parte da América do Sul. À direita, representação da rosa dos ventos e escala de 410 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: VICENTINO, Cláudio. Atlas histórico: geral e Brasil. São Paulo: Cipiône, 2011. página 128.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 3.

Qual é o nome da rebelião que ocorreu na região sul do Brasil? Quando ela aconteceu?

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 4.

Em qual cidade ocorreu a Revolta dos Malês? Quando ela aconteceu?

Respostas e comentários

Questão 3. Resposta: A Revolução Farroupilha, entre os anos de 1835 e 1845.

Questão 4. Resposta: Ocorreu na cidade de Salvador, em 1835.

Algo a mais

Para aprofundar o conteúdo sôbre o Golpe da Maioridade, acesse o texto a seguir. Se considerar pertinente, leia-o com os alunos.

> O GOLPE da Maioridade. MultiRio. Disponível em: https://oeds.link/plqCZ3. Acesso em: 30 junho 2022.


  • O mapa das Revoltas Regenciais entre 1831 e 1840 apresenta quais revoltas ocorreram, suas localidades e suas datas. É possível, então, por meio dêsse recurso, trabalhar aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7, pois, para interpretar o mapa, conforme solicitado nas questões 3 e 4, os alunos deverão utilizar linguagens cartográficas e noções de distância, direção e localização, desenvolvendo, assim, o saber geográfico.
  • Além dos movimentos citados nestas páginas, outras revoltas se difundiram pêlo território nacional no século dezenove. Leia a seguir algumas informações sôbre a Sabinada e a Balaiada, que podem ser mencionadas para os alunos como complemento do conteúdo.
  • Sabinada: Ocorrida na Bahia, entre 1837 e 1838, configurou-se como um movimento de classe média que não chegou a adquirir forte apêlo social. Seu líder foi o médico Francisco Sabino da Rocha Vieira, representante contrário ao govêrno regencial. O estopim da revolta foi a convocação obrigatória para o alistamento militar, com vistas a coibir o movimento dos farrapos, que ocorria no sul do país. Contrariados, alguns setores da população se rebelaram, tomaram o poder na região e instauraram a república baiana. No entanto, o movimento durou pouco, pois foi duramente reprimido.
  • Balaiada: êsse movimento ocorreu no Maranhão, entre 1838 e 1841. Revoltadas com a situação de frequentes injustiças, miséria e opressão às quais eram submetidas durante o govêrno regencial, as camadas populares maranhenses empreenderam insurreições na região. Seu líder foi Francisco dos Anjos Ferreira, um fabricante de balaios (cestos), por isso a revolta ficou conhecida como Balaiada. Após a radicalização da revolta, a classe média, que tinha aderido ao movimento no início, desvinculou-se dele. Por fim, o movimento foi reprimido pelo governo.

A Farroupilha

Em 1835, teve início no Rio Grande do Sul a mais longa revolta do período Regencial, a Farroupilha, também conhecida como Guerra dos Farrapos.

A população gaúcha, insatisfeita com o govêrno central desde a época colonial, criticava a centralização do poder e a cobrança reduzida de taxas de importação dos produtos da região do Prata, que concorriam com os produtos gaúchos, como o charque. Além disso, consideravam que o govêrno central privilegiava as províncias do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e de São Paulo. Assim, êles reivindicavam maior autonomia para a província, fato que atendia também os interêssis das elites locais.

A revolta teve início quando os rebeldes, liderados por produtores de gado da região da fronteira com o Uruguai tomaram a cidade de Porto Alegre. No início de 1836, os revoltosos chegaram a proclamar a independência em relação ao Império, formando a República Rio-Grandense (República de Piratini). Em 1839, depois de conquistarem a cidade de Laguna, em Santa Catarina, eles proclamaram a República Juliana. Porém, no mesmo ano, após intensos combates com as tropas imperiais, os rebeldes começaram a recuar.

A partir de 1840, teve início um processo de negociação entre o movimento e o govêrno de dom Pedro dois. Os rebeldes resistiram até 1845, quando assinaram um acôrdo que, entre outras medidas, anistiou os revoltosos, incorporou os oficiais da Farroupilha ao Exército imperial, transferiu as dívidas da guerra para o Império e permitiu que a província pudesse escolher seu próprio governante.

Pintura. Centralizado, uma pessoa, usando chapéu e capa marrom, está em cima de um cavalo, levantando uma espada. Ao redor, pessoas montadas em cavalos com espadas levantadas. Entre elas, há uma bandeira hasteada.
Estudo para Proclamação da República de Piratini, de Antônio Parreiras. Óleo sôbre madeira, ​350centímetrospor600centímetros, cêrca de 1915.
Respostas e comentários

Após abordar com os alunos o conteúdo que trata da Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, solicite a êles que analisem a imagem da pintura Estudo para Proclamação da República de Piratini, de Antônio Parreiras. Essa análise deve expressar uma visão crítica e articulada com o contexto histórico da rebelião e os conhecimentos estudados sôbre o assunto. êsse trabalho possibilita o desenvolvimento da Competência específica de História 3, por exigir a análise de fontes históricas, e de aspectos da Competência geral 2, pêlo trabalho científico de investigação, reflexão e análise crítica.

A Cabanagem

A Cabanagem foi uma revolta ocorrida na província do Grão-Pará, entre 1835 e 1840. A maioria da população dessa província era formada por pessoas pobres, afrodescendentes, indígenas, mestiços, escravizados e livres, que viviam em péssimas condições. Muitos participantes dessa revolta moravam em cabanas, muitas delas em áreas ribeirinhas, por isso ficaram conhecidos como cabanos.

Havia pouco vínculo entre a província e o govêrno central, o que fez com que alguns grupos questionassem a sua legitimidade e reivindicassem maior participação política da população nas decisões que interferiam na vida local.

Divergências entre as elites locais, que reivindicavam o direito de escolher o governante da província, iniciaram a revolta. Um dos líderes da oposição ao govêrno foi assassinado em 1834. Como resposta, os rebeldes se organizaram e, em 1835, executaram o presidente da província, estabelecendo um novo govêrno.

O govêrno cabano durou cêrca de dez meses. Após diversos confrontos, as tropas imperiais recuperaram o contrôle da província, porém as batalhas contra os cabanos continuaram no interior, até 1840. Estima-se que cêrca de 30 mil pessoas, entre rebeldes e soldados das tropas imperiais, tenham morrido nesse conflito.

Extensão do movimento da Cabanagem (1835-1840)

Mapa. Extensão do movimento da Cabanagem (1835-1840). Mapa territorial destacando parte a província do Grão-Pará. Conforme a legenda: Expansão da rebelião cabana: Localizada nas margens do Rio Amazonas e seus afluentes. Cidades destacadas: Barcelos, Barra do Rio Negro (Manaus), Tapajós (Santarém), Monte Alegre, Breves, Belém, Gurupá e Macapá. Indígenas rebelados em apoio à Cabanagem: Mura, perto do Rio Solimões; Sateré-Mawé, ao sul do Rio Solimões; e Munduruku, perto da cidade destacada de Tapajós (Santarém). Áreas de quilombos, aliados dos cabanos: Faixa de terra ao norte de Tapajós (Santarém) e outra na costa do Oceano Atlântico, cidade destacada de Belém. Na parte superior, à esquerda mapa do Brasil, destacando a região Norte. À direita, representação da rosa dos ventos e escala de 250 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: GEOPOLÍTICA das rebeliões de 1831-1848. Atlas histórico do Brasil: éfe gê vê/cê pê dóc. Disponível em: https://oeds.link/H9Giz6. Acesso em: 12 maio 2022.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 5.

De acôrdo com o mapa, quais foram os povos indígenas que apoiaram a Cabanagem? Em sua opinião, qual é a importância do envolvimento de povos indígenas e quilombolas para a extensão do movimento?

Respostas e comentários

Questão 5. Resposta: Os povos indígenas que apoiaram a Cabanagem foram os Munduruku, os Sateré-Mawé e os Mura. Espera-se que os alunos localizem no mapa as áreas ocupadas por indígenas e quilombolas que apoiaram ou se aliaram ao movimento. É importante que êles percebam que essas áreas estão ligadas à região que representa a extensão da Cabanagem; assim, o envolvimento de povos indígenas e quilombolas foram essenciais para que o movimento alcançasse maior proporção.

  • A questão 5 deve ser respondida com base na análise e na interpretação do mapa que representa a extensão do movimento Cabanagem. Para responder a ela, os alunos poderão utilizar seus conhecimentos cartográficos e as informações fornecidas por êsse recurso, por exemplo, as legendas, o que condiz com aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7 e favorece o desenvolvimento do saber geográfico.
  • Aproveite a questão proposta na página para verificar se os alunos estão compreendendo o conteúdo ou se apresentam alguma dificuldade de entendimento. Essa abordagem é importante para nortear a continuidade do trabalho, de modo que, se necessário, seja possível retomar os assuntos tratados até o momento.

Algo a mais

O livro a seguir conta a história de um indígena que teria participado da Cabanagem.

> CHIAVENATO, Júlio José. Curumim cabano. São Paulo: Brasiliense, 2010.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[Narrador]

As muitas Áfricas no Brasil

[Laura]

[tom de voz animado]

Olá! Está começando mais um episódio do nosso podcast “De olho na História”.

[Rodrigo]

[tom de voz animado]

Sejam todos muito bem-vindos!

[Laura]

[tom de voz animado]

Hoje vamos conversar sobre a escravidão, mas sob um outro ponto de vista.

[Rodrigo]

[tom de voz animado]

Sim, vamos falar um pouco sobre quem eram as pessoas que foram escravizadas e trazidas para o Brasil.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

O processo de colonização brasileiro foi também um processo de deslocamento forçado de um número imenso de africanos, que eram capturados em seu território e trazidos para cá em condições precárias.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Para vocês terem uma ideia, os navios em que eles vinham eram conhecidos como tumbeiros, pois cerca de um quarto das pessoas embarcadas acabavam morrendo.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

Os pesquisadores avaliam que, do início da colonização até o fim da escravidão, foram feitas cerca de 9.200 viagens para o Brasil.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo, de perplexidade]

A estimativa é que quase 5 milhões de africanos tenham sido trazidos como trabalhadores escravizados. Assustador, não?

[Laura]

[tom de voz explicativo]

Pois é. Os comerciantes europeus estimulavam a guerra entre povos africanos rivais e ofereciam todo tipo de produto em troca dos cativos: fumo, aguardente, alguns manufaturados...

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

As populações capturadas nesses conflitos, e também por traficantes locais, eram vendidas a comerciantes portugueses, holandeses ou ingleses.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

A primeira região onde os portugueses estabeleceram comércio de escravizados foi o Castelo de São Jorge da Mina, na Costa do Ouro, em Gana.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

O povo que vivia nessa área eram os fantis, que monopolizavam o comércio de armas de fogo com os portugueses.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

Já o reino de Ashanti, localizado no interior, era uma sociedade militarizada que costumava comprar armas e munição com suas reservas de ouro.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Com o desenvolvimento do comércio com os europeus, os ashantis passaram a capturar povos vizinhos que, com a ajuda dos fantis, entravam no sistema de trocas.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

À medida que o comércio de escravizados aumentava, os ashantis se tornavam mais organizados.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

O reino, então, estendeu seus domínios até a região costeira, eliminando os intermediários comerciais nas negociações com os europeus.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

Dali, foram trazidos os sudaneses, grande grupo étnico do qual fazem parte os gegês, os próprios fanti-ashantis e os iorubás.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Tendo como principal destino o porto de Salvador, os sudaneses acabaram ocupando a Bahia. Foram eles que trouxeram grande parte das tradições religiosas do Candomblé.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

O grupo mais numeroso trazido para o Brasil foi o dos bantos, que compreendia cativos que viviam na Angola, no Congo e em Moçambique.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Os principais destinos desses africanos foram Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. Apesar da origem comum, esses grupos possuíam organizações e costumes distintos entre si.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

O português falado no Brasil incorporou várias palavras da língua banta falada em Angola, como moleque, cafuné, fubá e farofa.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

E não foi só isso. Dos bantos também veio grande parte dos ritmos e instrumentos musicais que formam a raiz musical e cultural brasileira.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

O último grande grupo africano trazido para o Brasil foi o dos guineano-sudaneses, que se dividiam em quatro subgrupos: fula, mandinga, hauçás e tapas.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Os guineano-sudaneses eram muçulmanos. Vinham da mesma região que os sudaneses e acabaram ocupando as mesmas áreas que eles aqui no Brasil.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

Uma curiosidade: os negros muçulmanos eram conhecidos aqui como malês, palavra iorubá que significa muçulmano.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Em 1835, esses africanos muçulmanos promoveram uma das poucas rebeliões lideradas exclusivamente por escravizados na história do Brasil, a Revolta dos Malês.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

Além dessa, houve muitas outras formas de reação por parte dos escravizados. O quilombo dos Palmares, por exemplo, foi o maior símbolo dessa resistência e inspirou os africanos na luta pela liberdade.

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Outro acontecimento importante, que também influenciou os escravizados no Brasil, foi a Independência do Haiti, primeiro movimento liderado por negros ex-cativos das Américas.

[Laura]

[tom de voz explicativo]

Puxa, são muitas as formas de resistência desses escravizados que podem ser identificadas em nossa história, não é, Rodrigo?

[Rodrigo]

[tom de voz explicativo]

Sim, Laura! Assim como são inúmeras as contribuições que esses povos africanos deixaram para a formação de uma identidade brasileira.

[Laura]

[tom de voz de encerramento]

Com certeza! Bem, por hoje terminamos aqui.

[Rodrigo]

[tom de voz de encerramento]

Procurem saber mais sobre as contribuições e as lutas dos africanos no Brasil. Até mais!

[Laura]

[tom de voz de encerramento]

Tchau, pessoal. Até a próxima!

[Narrador]

O áudio inserido neste conteúdo é da Incompetech.

A Revolta dos Malês

A Revolta dos Malês ocorreu na cidade de Salvador, na província da Bahia, em 1835, e é considerada por muitos historiadores como uma das poucas rebeliões lideradas exclusivamente por escravizados na história do Brasil.

Ela foi organizada por africanos escravizados e libertos que seguiam o islamismo e, por isso, eram chamados malês (que significa muçulmanos). A revolta buscava libertar os escravizados de origem muçulmana, além de garantir melhores condições de vida e a liberdade religiosa aos africanos e afrodescendentes.

êsse levante, que pretendia tomar o govêrno da Bahia, foi denunciado à polícia. Houve, então, uma repressão que fez a revolta eclodir antes do previsto, com a ocorrência de diversos conflitos na cidade, resultando na morte de dezenas de rebeldes.

A Revolta dos Malês despertou um forte sentimento de medo e insegurança na população branca, que temia um novo levante. Assim, aumentou-se a patrulha nas ruas, iniciando uma violenta repressão policial contra a população negra da Bahia.

Foram realizadas, por determinações de juízes na época, rondas para perseguir e prender membros da revolta. Inspetores, membros da Guarda Nacional, além de cidadãos, invadiam moradias e estabelecimentos de afrodescendentes, principalmente libertos, suspeitos de serem rebeldes muçulmanos.

Entre os itens que podiam motivar a prisão estavam armas e qualquer objeto que fosse considerado ligado a práticas muçulmanas, como amuletos (usados como símbolo de proteção) e papéis escritos em árabe.

Malê usando amuleto no pescoço.

Pintura. Homem negro, usando camisa, adereço no pescoço, short e sem calçado, está de pé segurando com a mão direita um vaso com flores apoiado na cabeça e, com a mão esquerda, uma tábua de madeira com flores.
Negro vendedor de flores, de Jean Batísti debrê. Aquarela ​16,9centímetrospor9,8, século dezenove.

Diversos amuletos malês foram encontrados junto a rebeldes mortos no conflito e também após a rebelião, durante a perseguição aos suspeitos.

Fotografia. folha de papel com elementos da escrita árabe.
Pequena página de um amuleto da primeira metade do século dezenove com escrita árabe, contendo a sura (Noite de Glória, em português).
Respostas e comentários
  • O assunto abordado na página suscita a Competência específica de História 4, ao auxiliar os alunos a compreender quais eram as visões, as perspectivas e os sentimentos dos grupos que participaram da Revolta dos Malês sôbre a situação de escravidão, levando em consideração suas origens e crenças – na maioria, muçulmanos. Também os incentiva a analisar, de fórma crítica, a perspectiva da população contrária ao levante – população branca.
  • Comente que naquela época a maior parte da população era analfabeta. Entretanto, os escravizados islâmicos sabiam ler e escrever em árabe, tanto que portavam papéis escritos, geralmente trechos do Alcorão, em razão da importância dada ao livro sagrado dos muçulmanos. Assim, os malês utilizavam o conhecimento da língua para se aproximar de outras pessoas – que também aprendiam a ler e a escrever – e arquitetar a revolta.
  • sôbre os amuletos usados malês, mencione que geralmente consistiam em trechos do Alcorão escritos em um pedaço de papel, que era dobrado e guardado dentro de uma bolsa de couro fechada.

Sugestão de avaliação

Proponha aos alunos uma atividade de pesquisa e apresentação como recurso avaliativo para o capítulo, de acôrdo com as orientações a seguir.

> Organize a turma em equipes e atribua a cada uma delas uma das revoltas estudadas no capítulo. Os temas podem se repetir entre as equipes.

> Oriente as equipes a pesquisar as seguintes informações sôbre as revoltas.

> Uma pintura, escultura ou obra de arte que tenha sido feita em referência ou em homenagem ao movimento.

> Influências intelectuais do movimento.

> Celebrações e feriados decorrentes dessa insurreição.

> Após a pesquisa, os alunos devem preparar uma apresentação sôbre a rebelião pesquisada, utilizando recursos visuais.

> Agende um dia para as apresentações.

> Essa atividade permite o trabalho e, por consequência, a avaliação do desenvolvimento da Competência geral 2 e das habilidades ê éfe zero oito agá ih um cinco e ê éfe zero oito agá ih um seis.

Investigando fontes históricas

Imagens do cotidiano brasileiro

Você já imaginou como era viver na época colonial? Como você se alimentaria? Quais roupas você vestiria?

O dia a dia dos habitantes das áreas rurais e das áreas urbanas no Brasil, no século dezenove, foi representado por diversos artistas em pinturas e gravuras. As imagens feitas no período costumam mostrar detalhes do trabalho e das atividades realizados nas ruas das vilas e cidades. Essas representações revelam também costumes, aspectos do cotidiano e as diferenças sociais existentes na época, como as relações entre senhores e escravizados.

O artista francês Jean Batísti debrê representou o Pôrto do Rio de Janeiro, no largo do Paço, localizado na atual praça 15 de Novembro. Por meio da imagem, é possível analisar uma cena cotidiana do século dezenove. Observe.

Litogravura 'A'. À direita, um grupo de pessoas negras carregando baldes. Sobreposto ao número 1. Ao lado, há uma construção de pedra no formato retangular com o teto em formato triangular. Ao redor, há algumas pessoas. Sobreposto ao número 2. No segundo plano, vários mastros e velas de embarcações. Sobreposto ao número 3. Perto de um homem negro inclinado na direção de um barril, há um cachorro bebendo água de uma poça. Sobreposto ao número 4. À direita, mulheres negras segurando bandejas e objetos em formato circular. Sobreposto ao número 5. Seguido, há pessoas, vestindo roupas coloridas e chapéus ornamentados, sentadas perto das mulheres com bandejas e objetos em formato circular. Sobreposto ao número 6. Em pé, ao lado das pessoas sentadas, há um homem vestindo farda azul, chapéu e arma nas mãos. Sobreposto ao número 7.
Os refrescos no largo do Paço, depois do jantar, de Jãn Batiste Dêbret. Litogravura, ​38,07centímetrospor42,34centímetros, 1835.

1. Ao fundo, escravizados carregam potes com mercadorias e produtos.

2. Chafariz construído em 1789 pêlo arquiteto e escultor Mestre Valentim. Sua função era disponibilizar água para a população e para os tripulantes que desembarcavam no local.

3. É possível identificar o Pôrto representado na imagem pêla presença de muitas embarcações ancoradas.

4. A imagem é bastante detalhada, mostrando inclusive os animais que costumavam circular pelos locais públicos naquela época.

5. As mulheres são escravas de ganho e foram representadas vendendo doces e refrescos.

6. As pessoas que compram os produtos são de um grupo social elevado, pois estão vestindo acessórios e roupas considerados elegantes para a época.

7. êsse homem está usando uniforme militar, indicando que a região requeria segurança.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Analisar imagens do cotidiano brasileiro do século dezenove.
  • Compreender as relações sociais no Brasil do século dezenove.

Esta seção promove uma análise de algumas litogravuras de Jean-Baptiste Debret, possibilitando aos alunos reconhecer e valorizar as representações artísticas e culturais, o que condiz com o desenvolvimento de aspectos da Competência geral 3.

Algo a mais

No site a seguir, no tópico “Sala de aula”, você pode acessar o decreto que criou a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que depois passou a ser chamada de Academia Imperial de Belas Artes. Na transcrição dêsse documento, é possível analisar as justificativas para a criação da instituição, além de informações acêrca dos artistas que vieram ao Brasil na Missão Francesa. Se julgar pertinente, acesse o material, disponibilize cópias para os alunos, que podem se organizar em duplas ou grupos, e inicie o trabalho com a seção, abordando tópicos sôbre a criação da Academia Imperial de Belas Artes e os artistas que fizeram parte da Missão Francesa no Brasil.

> GOUVEA, Viviane. Vida artística urbana. O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira, 4 junho 2018. Disponível em: https://oeds.link/uIE9lk. Acesso em: 29 junho 2022.

Agora, analise outras cenas cotidianas do século dezenove.

Litogravura 'B'. No primeiro plano, uma mesa com muitos alimentos e garrafas de bebidas. À esquerda, há uma mulher branca, usando um arco dourado nos cabelos, vestido amarelo e chale vermelho, está sentada em uma cadeira, com uma das mãos sobre uma mesa e, com a outra, entregando um pedaço de alimento para uma criança negra sem vestes. Ao lado, um homem branco, usando camisa com botões e calça, está sentado em uma cadeira com as mãos sobre a mesa levando um talher em direção à boca. No segundo plano, há uma mulher negra segurando um abanador e, ao lado, um homem negro de pé com os braços cruzados e uma pessoa negra encostada perto de uma porta.
Um jantar brasileiro, de Jãn Batiste Dêbret. Litogravura, ​36,44 centímetrospor42,34centímetros, 1839.
Litogravura 'C'. No primeiro plano, mulheres negras, usando tecido na cabeça e vestido até os joelhos, estão na borda de um corpo de água com trouxas de roupa. À direita, um homem negro, usando chapéu, camisa e calça, está montado em um cavalo observando as mulheres negras. No segundo plano. muro branco com portão de madeira e vegetação.
Lavadeiras do rio das Laranjeiras, de Jãn Batiste Dêbret. Litogravura, ​36,78 centímetrospor37,47centímetros, 1839.

Agora, responda às questões no caderno.

  1. Compare as imagens A, B e C. Quais delas representam locais públicos? E quais representam ambientes privados? Explique como você chegou a essa conclusão.
  2. Explique as diferenças entre as imagens B e C em relação aos trabalhadores representados na cena.
  3. Você consegue identificar diferentes condições sociais nas imagens B e C? Escreva sôbre o tema.
  4. Em sua opinião, as obras de debrê podem auxiliar na compreensão de aspectos do cotidiano brasileiro do século dezenove? Produza um texto com as informações que você descobriu acêrca do dia a dia da população, com base nas imagens apresentadas nesta seção e nos conteúdos estudados.

A assertividade é a capacidade que temos de saber nos expressar de maneira clara e objetiva, expondo nossas ideias de fórma adequada e respeitosa.

Respostas e comentários

Questões 1 a 4. Respostas nas orientações ao professor.

  • A proposta de atividades desta página favorece uma abordagem da Competência específica de História 3, pois viabiliza aos alunos desenvolver hipóteses e argumentos com base na análise e interpretação das duas imagens disponíveis, levando em consideração o contexto representado, as vestimentas, as cenas, os diferentes grupos sociais e a legenda das imagens.
  • O trabalho com a questão 4 possibilita o desenvolvimento da assertividade, uma vez que incentiva a reflexão a respeito da comunicação e o exercício da comunicação assertiva da mensagem.

Respostas

1. As imagens A e C representam ambientes públicos e a localidade B mostra um ambiente privado. Isso pode ser percebido porque, nos locais públicos, há uma maior quantidade de pessoas em circulação, que realizam atividades diversas. Além disso, as cenas das imagens A e C se passam ao ar livre, com elementos como igreja e montanhas fazendo parte da paisagem. Já no ambiente privado, foi representada uma família com seus trabalhadores escravizados durante uma atividade reservada e tipicamente familiar.

2. Na imagem B, a mão de obra representada é a escravidão doméstica, em que os trabalhadores servem a seus senhores em atividades no interior da residência (na maioria das vezes). Já a imagem C retrata as lavadeiras, tipo de serviço feito muitas vezes por escravizados de ganho.

3. Na imagem B, é possível identificar as diferenças sociais entre a família servida durante a refeição e as pessoas escravizadas, que acompanham a cena. Na imagem C, aparecem pessoas escravizadas sendo observadas por uma espécie de feitor, a cavalo, do lado direito.

4. Resposta pessoal. Os alunos deverão fazer uma síntese dos tipos de informação que a análise das imagens desta seção pode fornecer. êles podem citar aspectos relativos a roupas, trabalho, arquitetura, costumes etcétera Aproveite para lembrá-los de que essas pinturas e gravuras representam a visão dos artistas sôbre as cenas e, portanto, devem ser interpretadas de acôrdo com essa premissa.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Explique as duas medidas adotadas no período Regencial que pretendiam acabar com os conflitos regionais.
  2. Qual foi o principal objetivo do golpe da maioridade?
  3. A partir dos conteúdos estudados sôbre os conflitos no período Regencial no Brasil, reproduza o quadro a seguir em seu caderno e, em seguida, complete-o com as informações solicitadas.
'Ícone Modelo'

Item

Farroupilha

Cabanagem

Revolta dos Malês

Período

Local

Grupos participantes

Motivações

Consequências

Aprofundando os conhecimentos

4. No atual estado do Pará, há diversos registros históricos referentes à Cabanagem, como o monumento retratado na foto a seguir. Analise-o.

Mural. Monumento de pedra com detalhes em relevo. À esquerda, pessoas dentro de uma embarcação pequena. Ao lado, dois homens, um de frente para o outro, com objetos nas mãos. À direita, um homem, vestindo batina, está segurando uma cruz com as mãos. Seguido, um grupo de homens fardados apontando armas. Entre as pessoas da esquerda e da direita, há uma cerca dividindo-as. Na parte inferior, há o texto: 1835. A RESISTÊNCIA À CABANAGEM.
Monumento A Resistência à Cabanagem, de , localizado na praça da Cultura da cidade de Cametá, Pará, em 2017.
  1. Descreva o monumento retratado na foto.
  2. Onde êle está localizado?
  3. êsse monumento foi construído com qual intenção?
  4. Comente a importância dêsse e de outros tipos de representações e registros da história do nosso país.
Respostas e comentários

1. Resposta: As principais medidas adotadas no período Regencial para controlar os conflitos regionais foram a criação da Guarda Nacional, em 1831, que tinha o intuito de atuar em regiões interioranas e em conflitos mais localizados, e a concessão de maior autonomia às províncias por meio do Ato Adicional.

2. Resposta: O principal objetivo do golpe da maioridade foi pôr fim à instabilidade do período Regencial.

3. Resposta nas orientações ao professor.

4. a) Resposta: Oriente os alunos para que percebam os elementos representados no painel, como os cabanos, os soldados, um barco, entre outros.

4. b) Resposta: O monumento está localizado em uma praça na cidade de Cametá, estado do Pará.

4. c) Resposta: O monumento foi construído para preservar a memória sôbre a resistência à Cabanagem.

4. d) Resposta: Espera-se que os alunos reconheçam a importância dêsse tipo de representação para a história e memória de uma região ou país.

  • As atividades 1 a 5 propostas nas páginas 160 e 161 possibilitam retomar o trabalho com a habilidade ê éfe zero oito agá ih um seis ao abordar os conflitos do período Regencial, com vistas à contestação do poder centralizado.
  • As atividades oferecem recursos textuais e imagéticos para auxiliar os alunos a elaborar as respostas, motivando o exercício da curiosidade intelectual, e a desenvolver a habilidade de reflexão e análise crítica, como propõem alguns aspectos da Competência geral 2.

Resposta

3.

Item

Farroupilha

Cabanagem

Revolta dos Malês

Período

1835 a 1845.

1835 a 1840.

1835.

Local

Rio Grande do Sul.

Grão-Pará.

Bahia.

Grupos participantes

Produtores de gado.

Afrodescendentes, indígenas e mestiços, escravizados ou livres.

Africanos escravizados e libertos.

Motivações

Críticas à centralização do poder, altos impostos cobrados pelo governo e anseio por maior autonomia da província.

Maior participação política da população local e melhores condições de vida.

Libertação dos escravizados de origem muçulmana e garantia de melhores condições de vida e liberdade religiosa.

Consequências

Liberdade reconhecida para pessoas escravizadas que participaram do conflito e direito de escolha de um governante próprio por parte da província.

Estimativa de cerca de 30 mil pessoas mortas em combate, entre revoltosos e soldados das tropas imperiais.

Repressão e violência contra maleses escravizados e libertos.

  1. sôbre a Guarda Nacional, criada pêlo govêrno regencial em 1831, responda às seguintes questões.
    1. Qual foi o principal objetivo da criação dessa milícia?
    2. Quem fazia parte da Guarda quando ela foi criada?
    3. Quais são as principais diferenças entre a Guarda Nacional e o Exército na época?
  2. Leia o texto a seguir sôbre a Revolta dos Malês. Depois, responda às questões propostas.

A data escolhida para a rebelião foi o domingo da Festa de Nossa Senhora da Guia. A escolha tinha razões estratégicas reticências. A festa levaria para a distante localidade do Bonfim um grande número de pessoas, especialmente homens livres. Boa parte do corpo policial também iria para lá, com o objetivo de controlar a multidão.

Como conheciam bem o cotidiano da cidade e de sua festa, os Malês devem ter calculado que, dada a distância e a precariedade dos transportes e vias de acesso da época, ia-se ao Bonfim, para ficar pêlo menos todo o fim de semana na festa. A cidade ficaria vazia de homens livres e policiais e seria mais fácil dominá-la.

Mas a eleição do dia 25 de janeiro como data da rebelião possuía um significado ainda mais importante para os Malês. A revolta foi planejada para acontecer num momento especial do calendário muçulmano, na verdade, o mais importante do ano: o Ramadã. Era o final do jejum, data muito próxima da festa do Lailat al Qadr, expressão que traduzida para os idiomas ocidentais quer dizer “Noite de Glória”, ou “Noite do Poder”. O Qadr é celebrado em toda a África Ocidental e encerra o Ramadã. Acredita-se que nessa noite aprisiona os djins (espíritos) para livremente reordenar os negócios do mundo.

reticências

, kabenguelê; GOMES, Nilma Lino. O negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global, 2006. página 9495. (Coleção Para Entender).

  1. De acôrdo com o texto, quais são as possíveis justificativas para a escolha da data da rebelião?
  2. Segundo o texto, os malês conheciam o cotidiano da população na época. Transcreva no caderno o trecho que justifica essa hipótese.
  3. Considerando o que você estudou neste capítulo e o texto desta atividade, o plano dos revoltosos saiu como esperado? Explique sua resposta.
  4. Examine novamente a fonte apresentada no tópico “A Revolta dos Malês”. Quais são as relações entre o documento escrito em árabe e as informações do texto?
  5. Explique a repressão aos africanos e seus descendentes no Brasil após o movimento. Qual foi a principal motivação na época?
Respostas e comentários

5. a) Resposta: Lidar com disputas regionais e manter a ordem interna do país.

5. b) Resposta: Eram principalmente os proprietários de terra. Para pertencer à Guarda era exigida determinada renda (200 mil-réis nas quatro maiores cidades e 100 mil-réis no resto do país).

5. c) Resposta: O Exército tinha a responsabilidade de manter afastados principalmente os inimigos externos. Já a Guarda Nacional atuava nos conflitos internos do país.

6. a) Resposta: As possíveis justificativas são: a realização da Festa de Nossa Senhora da Guia, que levaria para o Bonfim boa parte do corpo policial da cidade, e a relação com a o calendário muçulmano.

6. b) Resposta: Espera-se que os alunos identifiquem o segundo parágrafo do texto, que justifica a afirmação.

6. c) Resposta: Não ocorreu como planejado. Os revoltosos foram denunciados.

6. d) Resposta: Espera-se que os alunos estabeleçam relações entre o calendário muçulmano (Ramadã) citado no texto, e o conteúdo do documento apresentado no tópico “A Revolta dos Malês”, que contém trechos em árabe referentes ao .

6. e) Resposta: Após o movimento houve forte repressão e violência policial contra afrodescendentes, impulsionadas, principalmente, pêlo medo de uma nova revolta e pêla insegurança da população branca.

  • Além de retomar o trabalho com aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih um seis ao propor que os alunos respondam às questões sôbre movimentos contestatórios ao poder centralizado, a atividade 6 favorece a abordagem de aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 6, pois, por meio da leitura do texto que trata da Revolta dos Malês, êles terão de argumentar com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, defendendo ideias que promovam o respeito aos direitos humanos, e no exercício da responsabilidade que prima pêlo bem comum e voltado para uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
  • A atividade 6 favorece também o desenvolvimento da leitura inferencial, ao propor a leitura do texto de Kabengele Munanga e ao exigir dos alunos a articulação dêsse texto com os estudos realizados durante o capítulo para responder às questões propostas.