UNIDADE 8 Neocolonialismo e a expansão dos Estados Unidos

Fotografia em preto e branco. Homens negros, com adornos sobre o corpo, dispostos em duas fileiras. Na fileira da frente, eles estão sentados segurando lanças e escudos brancos e, na fileira de trás, estão em pé segurando lanças e escudos pretos. Atrás, uma moradia.
Grupo de guerreiros zulus em Ulundi, região da atual África do Sul, em 1875.
Respostas e comentários
    1. apresentavam a própria organização política e militar, o que pode ser notado nos instrumentos bélicos dos guerreiros zulus. Mencione para os alunos que essa etnia compõe parte da África do Sul na atualidade e que, no século dezenove, representou uma das sociedades que mais atuou contra a dominação imperialista.

Durante o século dezenove, diversas potências econômicas europeias, como a Inglaterra, a França e os Estados Unidos buscaram promover políticas imperialistas sôbre outros países.

Nesta unidade, vamos conhecer um pouco mais sôbre o Neocolonialismo nesse período, assim como entender algumas consequências dessas práticas para os povos colonizados e de que maneira êles resistiram a essa dominação.

Iniciando a conversa

  1. Com que tipo de equipamentos os guerreiros zulus estão armados?
  2. Você acha que a atuação dêsses guerreiros pode ter sido importante na resistência à dominação europeia na África?
  3. A dominação de um povo sôbre outro pode causar que consequências? Você conhece algum exemplo na atualidade?

Agora vamos estudar...

  • o neocolonialismo na África;
  • o neocolonialismo na Ásia;
  • as resistências ao Neocolonialismo;
  • a expansão dos Estados Unidos;
  • a Guerra de Secessão;
  • o imperialismo estadunidense.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

Respostas

1. Na imagem, os guerreiros zulus aparecem armados com lanças e escudos.

2. Resposta pessoal. Aproveite o momento para verificar os conhecimentos prévios dos alunos acêrca da resistência dos povos africanos ao Imperialismo. Espera-se que êles comentem que a atuação dos zulus foi importante na defesa de seu território e de sua cultura contra a dominação estrangeira.

3. Nesta atividade, os alunos devem reconhecer que a dominação de um povo sôbre o outro tende a prejudicar a liberdade do grupo dominado, o que pode limitar seu contrôle político e econômico em relação ao território e à livre manifestação de suas expressões culturais.

CAPÍTULO 15 O neocolonialismo europeu

No século dezenove, o continente africano era habitado por cêrca de 100 milhões de pessoas, que estavam reunidas em diversas sociedades, cada uma com sua própria organização política, econômica e social.

A África no século dezenove

Nesse período, a maior parte da população africana trabalhava na agricultura de subsistência. O comércio interno entre as diferentes regiões do continente era uma atividade econômica importante e foi um fator relevante para a interligação territorial e cultural entre os povos da África.

Os povos de diferentes etnias que habitavam o continente organizavam-se de vários modos. Havia desde pequenas aldeias, compostas por diversas famílias e lideradas por um chefe, até grandes reinos, que englobavam várias aldeias e eram liderados por um chefe com mais poder e autoridade sôbre todos os outros. Alguns reinos formavam Estados centralizados, os quais praticavam a coleta de tributos e cuja hierarquia social era bastante definida.

As sociedades envolvidas com o comércio de mão de obra escravizada destinada às nações europeias conseguiam obter grandes lucros, tornando-se ricas e poderosas. As autoridades africanas adquiriam armas de fogo e outros produtos dos europeus em troca de pessoas escravizadas e, assim, impunham seu poder na região.

Gravura. Várias construções, uma do lado da outra, em formato circular na base e triangular no teto. Na frente, há uma pessoa conduzindo um animal quadrúpede e outras pessoas caminhando.
Vila sudanesa, de . Gravura, 1861.
Gravura. No primeiro plano, ponte larga sobre um corpo de água. Sobre a ponte, há pessoas caminhando. Ao fundo, cidade com várias construções.
Argel (atual Argélia), de . Gravura, cêrca de 1890.
Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Compreender as conjunturas política, econômica e social em que se encontrava a África no século dezenove.
  • Conhecer como ocorreram as manifestações de resistência ao imperialismo na África e na Ásia.

Justificativa

Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes, pois apresentam características das estruturas políticas, sociais e culturais de sociedades da África no século dezenove, possibilitando que os alunos identifiquem essas estruturas e as relações de poder nelas envolvidas. Estas páginas se articulam a aspectos da Competência específica de História 1.

Os alunos também conhecerão aspectos relacionados à dominação imperialista sôbre o continente africano no século dezenove. dêsse modo, trabalha a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois três, relativa às ideologias raciais e ao determinismo que justificaram as ações imperialistas; a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois quatro, que se refere à exploração de produtos provenientes das regiões colonizadas pelos europeus na empreitada imperialista e aos impactos para as populações dessas regiões; e a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis, referente à resistência das populações locais ao Imperialismo.

Um texto a mais

Para subsidiar o trabalho com estas páginas, leia o texto a seguir, que trata da situação do continente africano na segunda metade do século dezenove. Utilize as informações para iniciar a abordagem dêste capítulo com a turma.

Na história da África jamais se sucederam tantas e tão rápidas mudanças como durante o período entre 1880 e 1935. Na verdade, as mudanças mais importantes, mais espetaculares — e também mais trágicas —, ocorreram num lapso de tempo bem mais curto, de 1880 a 1910, marcado pêla conquista e ocupação de quase todo o continente africano pêlas potências imperialistas e, depois, pêla instauração do sistema colonial.

A fase posterior a 1910 caracterizou-se essencialmente pêla consolidação e exploração do sistema.

O desenvolvimento dêsse drama foi verdadeiramente espantoso, pois até 1880 apenas algumas áreas bastante restritas da África estavam sob a dominação direta de europeus. Em toda a África ocidental essa dominação limitava-se às zonas costeiras e ilhas do Senegal, à cidade de friitawn e seus arredores (que hoje fazem parte de Serra Leoa), às regiões meridionais da Costa do Ouro (atual Gana), ao litoral de abidjân, na Costa do Marfim, e de Pôrto Novo, no Daomé (atual Benin), e à ilha de Lagos (no que consiste atualmente a Nigéria). Na África setentrional, em 1880, os franceses tinham colonizado apenas a Argélia. Da África oriental, nem um só palmo de terra havia tombado em mãos de qualquer potência europeia, enquanto, na África Central, o poder exercido pelos portugueses restringia-se a algumas faixas costeiras de Moçambique e Angola. Só na África meridional é que a dominação estrangeira se achava firmemente implantada, estendendo-se largamente pêlo interior da região. reticências Até 1880, em cêrca de 80% do seu território, a África era governada por seus próprios reis, rainhas, chefes de clãs e de linhagens, em impérios, reinos, comunidades e unidades políticas de porte e natureza variados.

No entanto, nos trinta anos seguintes, assiste-se a uma transmutação extraordinária, para não dizer radical, dessa situação. Em 1914, com a única exceção da Etiópia e da Libéria, a África inteira vê-se submetida à dominação de potências europeias e dividida em colônias de dimensões diversas, mas, de modo geral, muito mais extensas do que as formações políticas preexistentes e, muitas vezes, com pouca ou nenhuma relação com elas. Nessa época, aliás, a África não é assaltada apenas na sua soberania e na sua independência, mas também em seus valores culturais.

reticências

boên, álbert . A África diante do desafio colonial. ín: boên, álbert (edição). História Geral da África: África sob dominação colonial, 1880-1935. terceira ediçãoSão Paulo: Cortez; Brasília: unêsco, 2011. volume 3. página 13.

A Confederação Axânti

Na costa ocidental da África, próximo aos atuais países Gana e Togo, situava-se a Confederação Axânti. Com origem no século dezesseis, essa sociedade ocupava a região conhecida como Costa do Ouro.

A Confederação Axânti era formada por diversos Estados provinciais. Havia os Estados antigos, administrados por representantes Axânti, e os Estados conquistados, que mantinham seus governantes, mas pagavam impostos ao poder central.

Para manter a unidade da organização administrativa da Confederação, foi criada uma rede de comunicação na capital Kumasi, com estradas e locais para vigilância que facilitavam o trânsito nas rotas comerciais e o escoamento de produtos.

A principal fonte de recursos financeiros, além do comércio de produtos e da extração do ouro, era a venda de pessoas escravizadas ao mercado internacional. Por volta de 1820, a Confederação Axânti dominava aproximadamente quarenta povos, e chegou a ter um exército de cêrca de 80 mil homens.

Fotografia em preto e branco. Diversos homens e meninos negros com tecido ao redor da cintura. Alguns estão sentados segurando instrumentos de percussão e outros estão de pé com os braços erguidos. No fundo, vegetação.
Grupo de guerreiros Axânti em foto tirada em Kumasi, atual Gana, em 1890.

O Reino Zulu

Os zulus são um povo originário do sul do continente africano, com uma cultura tradicionalmente guerreira. Um de seus principais líderes, Shaka, foi um incentivador do expansionismo dêsse povo e, no século dezenove, organizou uma estrutura de formação militar rígida, baseada em estratégias de pilhagens, de guerra ilimitada contra o adversário e de destruição de seus recursos.

Nessa época, o Reino Zulu, cuja capital era Ulundi, passou a controlar e receber tributos de várias populações menores próximas ao sudeste africano. Além disso, sua complexa organização militar possibilitou a atuação em movimentos de resistência contra o neocolonialismo europeu.

A Conferência de Berlim

No final do século , diversas nações europeias tinham interêssis em colonizar territórios africanos. Para organizar a disputa pêla divisão territorial da África entre essas nações, foi realizada a Conferência de Berlim, entre o final de 1884 e o início de 1885. Nessa conferência, foram definidos os territórios que seriam ocupados por cada um dos países envolvidos. Ao todo, participaram treze países europeus, além dos Estados Unidos e da Turquia. Porém, o continente africano foi dividido apenas entre sete países: Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Bélgica, Itália e Alemanha.

A partilha da África ocorreu sem levar em consideração os aspectos étnicos, culturais, sociais, políticos e econômicos existentes no continente, o que gerou consequências que perduram até a atualidade em muitas sociedades africanas. As disputas entre os países participantes, no entanto, não foram totalmente solucionadas, o que provocou conflitos entre êles, entre o final do século dezenove e o início do século vinte.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

De acôrdo com o mapa, quais nações europeias tinham os maiores domínios coloniais na África?

A divisão da África de acordo com a Conferência de Berlim (século XIX)

Mapa. A divisão da África de acordo com a Conferência de Berlim (século 19). Mapa territorial destacado conforme legenda: Países independentes: ETIÓPIA e LIBÉRIA. Possessões coloniais Francesa: MARROCOS, ARGÉLIA, TUNÍSIA, MAURITÂNIA, ÁFRICA OCIDENTAL FRANCESA, SENEGAL, COSTA DO MARFIM, ÁFRICA EQUATORIAL FRANCESA, GUINÉ (FRANÇA), SOMÁLIA (FRANÇA), COMORES e MADAGASCAR. Possessões coloniais Britânica: GÂMBIA, SERRA LEOA, COSTA DO OURO, NIGÉRIA, EGITO, SUDÃO ANGLO-EGÍPCIO, SOMÁLIA (BRITÂNICA), UGANDA, ÁFRICA ORIENTAL BRITÂNICA, NIASSA, RODÉSIA, BECHUNALÂNDIA, SUAZILÂNDIA, BASUTOLÂNDIA, SEYCHELLES e UNIÃO SUL-AFRICANA. Possessões coloniais Alemã: TOGO, CAMARÕES, ÁFRICA ORIENTAL ALEMÃ e ÁFRICA DO SUDOESTE. Possessões coloniais Portuguesa: MADEIRA, CABO VERDE, ANGOLA, MOÇAMBIQUE e GUINÉ (PORTUGAL). Possessões coloniais Espanhola: ILHAS CANÁRIAS, TÂNGER e RIO DO OURO. Possessões coloniais Belga: CONGO BELGA. Possessões coloniais Italiana: LÍBIA, ERITREIA e SOMÁLIA (ITÁLIA). No canto inferior à esquerda, planisfério destacando a África e parte da Europa. Ao lado, rosa dos ventos e escala de 680 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006. página 158.

Respostas e comentários

Questão 1. Resposta: França e Reino Unido (britânicos).

  • Ao compreender como os países africanos foram totalmente excluídos da Conferência de Berlim e como suas culturas, línguas, crenças e particularidades foram ignoradas, os alunos poderão refletir sôbre a discriminação sofrida por essas sociedades, desenvolvendo atitudes de solidariedade e empatia, aspectos condizentes com a Competência geral 9.
  • O conteúdo analisa o impacto da ação imperialista europeia sôbre as culturas africanas no século dezenove, trabalhando, dêsse modo, a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois quatro.
  • Na questão 1, os alunos devem analisar o mapa e a legenda para identificar os países africanos colonizados pêla França, realizando, dessa fórma, uma questão de extensão e desenvolvendo a construção do saber geográfico.

A colonização francesa

Os franceses ocuparam a Argélia em 1830. A conquista do território argelino foi marcada pêla desapropriação das terras dos nativos, que foram doadas ou vendidas a colonizadores franceses. Nas propriedades agrícolas que, em sua maioria, tinha a produção voltada para o mercado externo, usava-se a mão de obra forçada da população local. Para garantir essa exploração, os franceses proibiram que os nativos frequentassem escolas ou tivessem acesso a qualquer tipo de instrução.

Com o fortalecimento das ideias imperialistas no final do século dezenove, a França expandiu seus domínios, tornando-se, ao lado da Inglaterra, um dos países com maior extensão de territórios coloniais no continente africano.

Ilustração representando uma batalha entre africanos e militares franceses durante a colonização de Madagascar.

Capa de jornal. Na parte superior, o texto: Le Petit Journal. Ao centro, ilustração de homens negros, usando chapéu e segurando com as mãos armas, correm em direção a um grupo de homens fardados e armados. Abaixo, o texto: A MADAGASCAR. DÉFAITE DES SAKALAVES.
Capa do Le Petit Journal, publicação francesa de 1898.

A colonização belga

Na região central da África, onde atualmente está localizada a República Democrática do Congo, ocorreu uma das dominações mais cruéis e violentas praticadas pelos europeus. êsse território foi colonizado pêla Associação Internacional do Congo, fundada em 1876 por Leopoldo dois, rei da Bélgica, que estava interessado em explorar o marfim e a borracha como matéria-prima para a indústria belga. Após a Conferência de Berlim, a região tornou-se propriedade pessoal do rei belga. Nessa época, diversos métodos violentos foram utilizados para forçar a população nativa a trabalhar para os dominadores europeus, como amputações, estupros e assassinatos. Em 1908, após forte pressão internacional, o Congo deixou de ser um domínio pessoal do rei belga e passou a ser um território administrado pêlo Parlamento da Bélgica.

Fotografia em preto e branco. Na frente diversas presas de animais no chão. Atrás, homens usando chapéu, camisa e calça. Eles estão de pé. No fundo, construção com teto de palha.
Colonizadores belgas pousam para foto com trabalhadores nativos africanos e presas de marfim, no Congo Belga. Foto de cêrca de 1900.
Respostas e comentários
  • Os processos de colonização francesa, belga, inglesa e portuguesa, trabalhados nas páginas 255, 256 e 257, possibilitam ao aluno compreender as relações de poder entre as potências europeias envolvidas na disputa pelos espaços a serem colonizados, assim como as mudanças nas estruturas sociais, políticas e culturais nos territórios colonizados. êsse tipo de abordagem permite trabalhar aspectos da Competência específica de História 1.
  • A colonização ocorrida na África e na Ásia no século dezenove é diferente da que ocorreu na América no século dezesseis. A colonização do século dezenove ficou conhecida como Neocolonialismo e tinha como objetivo tornar a África fonte de matéria-prima, como o carvão, o ferro e o petróleo, para alimentar a indústria europeia, que não parava de crescer. As regiões colonizadas pelos europeus no século dezenove ainda garantiam a formação de um mercado consumidor, em que os produtos industrializados eram vendidos, e funcionavam como locais onde parte da população europeia podia ocupar, resolvendo, de certa fórma, a questão da superpopulação nas cidades industriais na Europa.

A colonização inglesa

Em 1869, foi inaugurado o Canal de Suez, no Egito, interligando o mar Mediterrâneo ao mar Vermelho. Assim, o interêsse da Inglaterra sôbre a região aumentou, pois o canal representava um importante caminho para a Índia.

Inicialmente, o Canal de Suez pertencia à França e ao Egito, mas por causa das dificuldades do govêrno egípcio em pagar sua dívida externa, sua parte foi comprada em 1875 pelos ingleses. Além do canal de Suez, os ingleses também tinham grande interêsse no algodão egípcio, importante para a indústria têxtil britânica. Assim, em 1882, a Coroa britânica dominou o Egito e, anos depois, ocupou também o Sudão, transformando-os em colônias.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, uma embarcação sobre um corpo de água estreito. À direita, construções.
Trecho do Canal de Suez em Pôrto saíd, Egito. Foto de cêrca de 1913.

Como estratégia de dominação, os colonizadores ingleses incentivaram conflitos entre os diferentes povos que habitavam as regiões ocupadas, buscando, assim, evitar uma possível união e a formação de uma resistência à presença europeia.

Os ingleses também colonizaram o sul do continente, que era ocupado pelos holandeses desde o século dezessete. No início do século dezenove, porém, os ingleses dominaram a região, obrigando os descendentes de holandeses, os bôeres, a se deslocar mais para o norte.

O interêsse britânico sôbre as terras ocupadas pelos bôeres, que eram ricas em minerais preciosos, provocou desentendimentos que fizeram eclodir a Primeira Guerra dos Bôeres (1880-1881) e a Segunda Guerra dos Bôeres (1899-1902). A segunda guerra terminou com um tratado que anexou os territórios bôeres ao Reino Unido.

Fotografia em tons de sépia. Diversos homens usando capacete e farda sobre cavalos enfileirados.
Tropas britânicas a cavalo na África do Sul durante a Segunda Guerra dos Bôeres, que eclodiu em 1899.
Respostas e comentários

Um texto a mais

Para subsidiar a análise da divisão do continente africano pelos europeus, utilize as ideias apresentadas no texto a seguir.

reticências

O desenho político do mapa da África que conhecemos hoje é fruto dêsse período [do século dezenove], das ações e reações europeias, mas também africanas reticências. Ainda que o colonialismo tenha sido ultrapassado pelos povos africanos, as fronteiras estabelecidas pelos interêssis europeus, desrespeitando tradições e conexões locais e regionais, permanecem em vigor reticências. Fronteiras que, ao serem mantidas em função da impossibilidade política de uma nova arquitetura no momento da descolonização, dividiram os novos Estados nacionais, reticências passando a separar, eventualmente, novos adversários inconciliáveis reticências.

bitêncur. Marcelo. Partilha, resistência e colonialismo. ín: , (coordenação). Introdução à história da África e da cultura afro-brasileira. Rio de Janeiro: Ucâm, ; , 2003. página 7577.

A colonização portuguesa

No início do século dezenove, Portugal passava por uma grave crise econômica, decorrente, principalmente, da ocupação militar das tropas napoleônicas em Portugal e do consequente deslocamento da família real portuguesa para o Brasil. Com a ocupação francesa, os portugueses perderam o monopólio comercial sôbre as suas colônias. Além disso, ocorreram diversas manifestações políticas liberais que defendiam a substituição da monarquia absolutista por uma monarquia constitucional em Portugal.

Em 1822, com a Independência do Brasil, Portugal perdeu o domínio sôbre o seu território mais lucrativo. No entanto, ainda manteve suas colônias na China, na Índia e na África. A partir de então, a Coroa portuguesa passou a intensificar a exploração das suas colônias remanescentes.

As colônias africanas

Por volta de 1870, temendo perder suas colônias para as potências europeias concorrentes, as autoridades portuguesas financiaram diversas expedições para garantir a ocupação sôbre os territórios na África. A ocupação abrangeria toda faixa territorial entre Angola e Moçambique, e foi proposta em 1885 pêla Sociedade de Geografia de Lisboa.

No entanto, o plano teve grande oposição dos ingleses, aliados da Coroa portuguesa. Por causa da pressão britânica, o plano de ocupação fracassou. Mesmo assim, Portugal conseguiu manter colônias no continente africano, como a África Ocidental Portuguesa (atual Angola), a África Oriental Portuguesa (atual Moçambique), o Cabo Verde, a Guiné Portuguesa (atual Guiné-Bissau), São Tomé e Príncipe e São João Baptista de Ajudá. Nessas colônias, a ocupação portuguesa continuou marcada pêla violência, pêla aculturação dos povos nativos e pêla exploração desenfreada dos recursos naturais e da mão de obra local.

Gravura em preto e branco. Quatro homens negros carregando uma rede presa em um bastão. Eles estão de costas, caminhando. No fundo, uma moradia de madeira com teto de palha.
pôsto de sinalização para os vapores e a casa do Senhor Pinto, de . Gravura, 1890, que representa trabalhadores africanos carregando um colonizador português na África Oriental Portuguesa, atual Moçambique.
Respostas e comentários
  • Comente com os alunos o contexto europeu no século dezenove. Explique que, nessa época, revoluções liberais agitavam a Europa, opondo às monarquias absolutistas movimentos que propunham mais liberdade e governos constitucionais (inspirados na Revolução Francesa). Em Portugal, a burguesia liberal conseguiu aprovar uma Assembleia Constituinte, instaurando a monarquia constitucional. Foi a chamada Revolução do Pôrto de 1820. Mediante isso, dona João seis, que se encontrava no Brasil desde 1808, viu-se obrigado a retornar a Lisboa, sob risco de ser destronado. êsse episódio acelerou o processo de independência do Brasil.
  • O império português, desfalcado de sua principal colônia e mediante a crise, voltou-se para a exploração e a intensificação da política colonial na África e na Ásia. As colônias portuguesas nesses continentes foram preservadas até o século vinte, quando iniciaram seus movimentos de independência. Os países daí originados mantiveram a língua portuguesa e muito da cultura vinda da antiga metrópole. Atualmente, formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (cê pê éle pê), uma organização internacional composta de nove países-membros, cujo principal objetivo é estreitar laços de cooperação e amizade entre nações lusófonas. Caso julgue pertinente obter mais informações sôbre a cê pê éle pê junto aos alunos, acesse o site indicado a seguir.

> Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (cê pê éle pê). Disponível em: https://oeds.link/n3jrcM. Acesso em: 17 junho 2022.

A crise dos refugiados e o crescimento da xenofobia na Europa atual

Ícone ‘Ciências Humanas em foco’.

O preconceito e o racismo, estimulados pêlas visões etnocêntricas dos europeus ao longo de todo período colonial na Ásia e na África, ainda são um grave problema. Essa relação violenta de lidar com pessoas de diferentes culturas pode ser percebida até hoje.

Você já deve ter visto notícias a respeito da crise dos refugiados na Europa ou imagens de pessoas cruzando as fronteiras, muitas vezes, sem a ajuda humanitária. Trata-se de um acontecimento muito sério que vem ocorrendo nos últimos anos. De acôrdo com a avaliação da Organização das Nações Unidas (ônu), este é um dos mais graves problemas humanitários do século vinte e um.

Fotografia. Na frente, dois homens usando farda policiais e capacetes. Eles estão na frente de um portão fechado. Atrás, diversas pessoas, mulheres e crianças.
Refugiados sírios na Eslovênia tentando seguir em direção a Alemanha, durante a crise de refugiados na Europa, em 2015.

Emigrante, imigrante e refugiado

Para conhecer essa crise, precisamos compreender a diferença entre os têrmus emigrante, imigrante e refugiado. Emigrante é quem deixa seu país de origem. Quando essa pessoa entra em outro país, ela se torna imigrante. No caso do Brasil, os italianos que aqui chegaram no século dezenove são imigrantes. Para a Itália, de onde êles saíram, êles são considerados emigrantes. O têrmu geral para definir essas pessoas é migrante. Hoje em dia, muitas delas saem de seus países de origem e se instalam em outros para melhorar suas condições econômicas ou estudar.

De acôrdo com a Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (ônu, 1951, página 2), assinado por 128 países, refugiado é toda pessoa que deixa seu país: "temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas reticências e que reticências em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a êle [país de origem].” Nessa condição, todo aquele que é reconhecido no país de chegada como “refugiado” tem direito a uma série de proteções, como solicitar asilo político e não retornar a seu país, onde sua vida corre perigo.

Respostas e comentários

O assunto destas páginas favorece um trabalho com aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 1, e mobiliza conhecimentos dos componentes curriculares de História e de Geografia, pois propicia que os alunos identifiquem a existência de diferentes identidades, a fim de que, partindo dêsse reconhecimento, possam desenvolver a compreensão ampla quanto à importância do respeito às diferenças, à sociedade plural e aos direitos humanos. Assim, leve-os a refletir sôbre a necessidade de preservar e defender os direitos humanos em relação aos que são vítimas de circunstâncias históricas diversas.

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Para entender a gravidade do problema dos refugiados, até 2015 a Europa recebeu mais de 900 mil refugiados; em 2016, recebeu mais 400 mil. êsse fluxo de imigrantes é composto, em sua maioria, por pessoas vindas do Oriente Médio e da África, especialmente sírios que fogem da guerra civil que assola seu país desde 2011.

Em 2022, iniciou-se outra crise de refugiados, causada pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia. Nos três primeiros meses de conflito, por exemplo, a ônu contabilizou cêrca de 6 milhões de refugiados ucranianos, que se deslocaram para diversos países do mundo, principalmente para países vizinhos.

Difícil travessia

A busca por melhores condições de vida e liberdade não é fácil, pois os refugiados correm riscos ao tentar fugir. No caso dos refugiados do Oriente Médio e da África, muitos morrem ao cruzar o mar Mediterrâneo em embarcações precárias e superlotadas. êsse enorme contingente de pessoas busca chegar aos países europeus, como Alemanha, França, Reino Unido, Suécia, Holanda, Dinamarca, Noruega, Áustria e Hungria.

A escalada do racismo e da xenofobia

Nesse contexto de aumento do número de refugiados, há um crescimento considerável de casos de racismo e de xenofobiaglossário em toda a Europa. Tornaram-se frequentes atos de violência contra os refugiados vindos de outros continentes. Entre os diversos motivos para o radicalismo dos europeus está o preconceito contra a religião e os costumes dos refugiados, de maioria islâmica, e sua diferença étnica, de origem árabe e persa, por exemplo.

Fotografia. Diversas pessoas em uma rua segurando cartazes coloridos e faixas. No fundo, muitos prédios.
Manifestação contra o racismo e a xenofobia, em Londres, Inglaterra, em 2022.
Respostas e comentários

Ao abordar a questão dos refugiados na atualidade, trabalhe o tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos, explicando aos alunos que a presença dessas levas de pessoas que buscam refúgio na Europa gera diversas discussões de ordens ética, jurídica, social e política. Do ponto de vista ético, os refugiados são seres humanos dotados de direitos, que saíram de seus países, onde se encontram em situação de vulnerabilidade, para preservar suas vidas e as de suas famílias, por isso, merecem acolhimento. Juridicamente, como signatários dos tratados da Organização das Nações Unidas (ônu) sôbre os indivíduos reconhecidos com o status de refugiados, os países europeus não poderiam negar o acolhimento. No entanto, os problemas sociais que envolvem os refugiados se devem, entre outras coisas, à grande quantidade de pessoas que precisam de moradia, de saúde, de estudo e de trabalho, em muitos países que passam por uma crise econômica. Além disso, enfrentam situações de preconceito, racismo e xenofobia por parte de grupos locais, que não admitem a entrada de pessoas de outras origens em seus países, alegando uma suposta ameaça terrorista em meio a essas migrações. Desconstruindo essa visão estereotipada e preconceituosa, a ônu tem demonstrado que não se trata de ameaças reais, reforçando a importância de as autoridades dos países promoverem o acolhimento dos refugiados.

Resistência na África

Em praticamente todos os territórios coloniais da África, houve resistência dos povos nativos à dominação europeia. Muitos movimentos de resistência foram organizados contra as práticas opressivas dos europeus, como a cobrança de impostos, o uso de mão de obra forçada, a repressão às manifestações culturais, entre outras, e conseguiram atuar por longo tempo.

A revolta

Desde a realização da Conferência de Berlim, entre os anos de 1884 e 1885, a Alemanha passou a dominar territórios como Tanganica (atual Tanzânia), Burundi e Ruanda, que formavam a África Oriental Alemã.

Entre 1905 e 1907, ocorreu uma revolta promovida pêlo povo , que habitava o território de Tanganica e se opunha à exploração colonialista alemã. A principal motivação da revolta era a luta contra o uso de mão de obra forçada pelos colonizadores. Para isso, seu líder, inguále, uniu cêrca de vinte grupos étnicos diferentes difundindo os princípios de liberdade, vinculando-os a elementos da cultura tradicional e da religiosidade dêsses povos. A revolta, porém, foi violentamente reprimida pelos alemães.

Fotografia em preto e branco. Pessoas trabalhando em uma plantação. Homens e mulheres negras estão inclinadas com ferramentas nas mãos. No fundo, dois homens, usando chapéu, camisa e calça, estão de pé olhando para as pessoas trabalhando.
trabalhando em plantação de seringueira na África Oriental Alemã, em 1900.

Assim como para o povo , a religiosidade foi um componente importante em outras rebeliões contra o domínio estrangeiro na África, como a rebelião de , envolvendo os do Alto Senegal, entre 1898 e 1901, contra o domínio francês; e a rebelião Axânti, na Costa do Ouro (atual Gana), contra o domínio britânico, que durou dez anos, de 1890 a 1900.

Apesar das dificuldades em vencer os europeus nos conflitos, principalmente por causa da superioridade bélica dos colonizadores, muitos movimentos de resistência continuaram a surgir e se fortaleceram, acumulando experiências e tornando-se cada vez mais organizados contra a dominação europeia na África.

Respostas e comentários
  • O conteúdo desta página aborda a resistência e o protagonismo das populações africanas perante o Imperialismo, trabalhando, assim, a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis, da Bê êne cê cê.
  • Comente com os alunos que o movimento empreendido pêlo povo foi pioneiro nas lutas de resistência na região da África Oriental, reunindo uma grande quantidade de camponeses para o combate aos alemães. A motivação imediata para êsse conflito foi a implantação, pelos europeus, de uma política comunitária de produção algodoeira. Os africanos eram obrigados a trabalhar determinada quantidade de dias por ano nessas plantações, recebendo um pagamento insuficiente e trabalhando e em condições precárias, somente para o benefício dos colonizadores. êsse sistema de trabalho compulsório motivou grande parte do povo a se empenhar a favor de sua liberdade.

Algo a mais

Para mais detalhes sôbre os movimentos de resistência na África, acesse o artigo a seguir.

> ernândes, Leila Leite. Movimento de resistência na África. Revista de História, número 141, 1999. página 141149. Disponível em: https://oeds.link/wpxXrO. Acesso em: 20 junho 2022.

Os brasileiros na África

Você sabia que existiam comunidades afro-brasileiras vivendo na África no século dezenove? grupos, chamados de agudá, eram formados por pessoas ex-escravizadas de origem ou ascendência africana, libertados no Brasil, que regressaram à África, principalmente para a atual região do Benin. Vários dêsses africanos e seus descendentes haviam sido deportados após a participação na Revolta dos Malês, que ocorreu em 1835 no atual estado da Bahia. Então, grande parte resolveu voltar à África.

Mesmo instaladas em seu continente de origem, muitos africanos não se identificavam mais com a cultura e os costumes locais, os quais, com o passar do tempo, haviam sofrido várias transformações. Assim, ao retornar para a África, êles mantinham hábitos fortemente influenciados por aspectos culturais desenvolvidos no Brasil.

Os agudás formaram na África comunidades marcadas pêlo intercâmbio cultural, ou seja, pêla combinação de elementos africanos e aspectos característicos das tradições culturais afro-brasileiras ligados, por exemplo, às festividades, à culinária, à religião, às técnicas de produção agrícola etcétera

Os agudás estão presentes até hoje em algumas regiões africanas. No Benin, por exemplo, muitos de seus costumes ainda estão ligados à cultura brasileira, como a festa de Nosso Senhor do Bonfim, o Carnaval e as tradições festivas referentes ao Bumba meu boi.

O autoconhecimento é importante, pois nos ajuda a saber quem somos e a reconhecer nossas origens e identidades.

Fotografia. Pessoas negras com roupas coloridas segurando a bandeira do Brasil em uma rua de uma cidade.
Carnaval dos agudás, em Pôrto Novo, Benin, em 2011.
Respostas e comentários
  • O conteúdo do boxe em relação ao têrmu favorece um trabalho com aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 4, pois, por meio do tema, os alunos podem exercitar sua curiosidade com base nos conhecimentos das Ciências Humanas sôbre a presença de brasileiros na África. Leve-os a identificar aspectos em comum com grupos — chamados —, desenvolvendo o respeito às suas culturas, aos seus saberes e às suas identidades.
  • Na língua iorubá, o têrmu representa as pessoas africanas que têm sobrenomes de origem lusitana. A palavra originou-se da expressão portuguesa ajudá, que era utilizada para referir-se à cidade de (no Benin) — onde se instalaram muitos afro-brasileiros.
  • O tema tratado nesta seção favorece o trabalho com a Competência geral 8 e promove o desenvolvimento do autoconhecimento. Aproveite o momento e estimule uma conversa para verificar se os alunos já conheciam os ou outras comunidades de brasileiros que moram na África. Para isso, organize a turma em círculo e leve-os a refletir sôbre o tema. Comente que conhecer grupos de brasileiros que vivem na África e a fórma como êles preservam a sua identidade e outros aspectos da cultura de seus antepassados é fundamental para o conhecimento de si e de sua comunidade. Além disso, o trabalho com o conceito de autoconhecimento relacionado aos possibilita aos alunos conhecer mais sôbre a diversidade cultural brasileira.

O imperialismo e o neocolonialismo na Ásia

No século dezenove, assim como ocorreu na África, houve grande avanço do Imperialismo e dos interêssis das potências econômicas europeias no continente asiático. Como principais interêssis dos europeus, destaca-se, nesse processo, a expansão dos seus mercados consumidores, a extração de matérias-primas para suprir suas indústrias, a exploração de recursos naturais e a ampliação das possibilidades de investimento de capitais.

A China antes da colonização

Durante o século dezenove, a China era governada pêla dinastia Tchím (1644-1912), que havia alcançado o apogeu em meados do século dezoito, com um amplo desenvolvimento cultural e um govêrno fortemente centralizado. Entre o final do século dezoito e o início do dezenove, essa dinastia entrou gradualmente em declínio, causado principalmente pêla fragilidade administrativa do Estado, pêla corrupção e pelos excessivos gastos da côrte.

A presença de europeus na China se intensificou a partir do século dezesseis, com a chegada dos portugueses ao país, o que ampliou a comercialização de produtos chineses na Europa, como a seda, o chá, as porcelanas e o artesanato de luxo. Entretanto, até o final do século dezoito, a ocupação europeia havia afetado pouco a sociedade chinesa. Até então, a China era um país economicamente autossuficiente e sua população não demonstrava interêsse em consumir os produtos da Europa. Havia, assim, muitos obstáculos para a venda dos produtos industrializados europeus para os chineses, além de o govêrno da China procurar manter uma política econômica que permitia pouca participação estrangeira em seu mercado, desagradando as potências imperialistas.

Charge que representa Djón (que simboliza a Inglaterra) forçando um chinês a aceitar o ópio.

Charge. À esquerda, um homem asiático, com cabelos presos, usando blusa de magas compridas e saia colorida, está de pé com as mãos a frente do corpo. À direita, um homem branco, usando chapéu, casaco azul e calça, está segurando com a mão direita uma arma apontada na direção do homem asiático e, na mão esquerda, um embrulho.
Para a relação fraca, de autor desconhecido. Charge, 1864.
Respostas e comentários

Ao abordar as mudanças que ocorreram com a presença e a ocupação europeia na China e as questões de interêsse em volta da comercialização do ópio que geraram conflitos entre a Inglaterra e o govêrno chinês, é possível trabalhar a Competência específica de História 5. Incentive os alunos a relacionar o movimento de populações ao longo do continente, no caso, os europeus, e as mercadorias que buscavam, ou seja, o ópio.

Um texto a mais

Além de consequências econômicas e políticas, o Imperialismo representou também uma dominação cultural das regiões africanas e asiáticas. Leia o texto a seguir, que trata dêsse tema, e comente-o em sala de aula.

reticências A Era dos Impérios não foi apenas um fenômeno econômico e político, mas também cultural: a conquista do globo pêlas imagens, ideias e aspirações transformadas de sua minoria “desenvolvida”, tanto pêla fôrça e pêlas instituições como por meio do exemplo e da transformação social. Nos países dependentes isto dificilmente afetou alguém fóra das elites locais, embora, é claro, se deva lembrar que em algumas regiões, como a África subsaariana, foi o próprio imperialismo, ou o fenômeno associado das missões cristãs, que criou a possibilidade da existência de uma nova elite social baseada na educação de estilo ocidental. reticências

Assim sendo, o mais poderoso legado cultural do imperialismo foi uma educação em moldes ocidentais para minorias de vários tipos: para os poucos favorecidos que se alfabetizaram, descobrindo portanto, com ou sem ajuda da conversão cristã, o caminho mais direto para a ambição, que usava o colarinho branco dos clérigos, professores, burocratas ou funcionários de escritório. Em algumas regiões também se incluíam aqueles que haviam adquirido novos costumes, como soldados e policiais dos novos governantes, envergando suas roupas, adotando suas ideias peculiares de tempo, de lugar e de organização doméstica. reticências

róbisbáum, ériqui djêi A era dos impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. página 114, 117118.

Um dos poucos produtos estrangeiros que alcançaram grande consumo na China foi o ópioglossário , que era produzido na Índia e comercializado pêla Companhia das Índias Orientais inglesa, desde o século dezoito. Em 1800, o govêrno chinês proibiu o consumo do ópio no país, mas os britânicos continuaram a comercializar êsse produto de maneira ilegal. Em 1839, o imperador chinês tomou medidas para acabar com o tráfico dêsse produto.

A ocupação colonial na China

As medidas do govêrno da China em relação ao ópio fizeram com que o govêrno britânico procurasse forçar a abertura do mercado chinês, dando início a um conflito que ficou conhecido como Primeira Guerra do Ópio (18391842).

O govêrno chinês foi derrotado e obrigado a assinar o Tratado de Nanquim, em 1842, que concedia benefícios aos ingleses, como a abertura de portos ao comércio estrangeiro e a transferência da ilha de Hong Kong para o domínio inglês.

No entanto, um novo incidente reiniciou as agressões quando, em 1856, um navio com a bandeira britânica foi inspecionado pêlas autoridades chinesas e doze tripulantes foram presos, sob a suspeita de contrabando e pirataria.

êsse fato foi interpretado pelos ingleses como uma violação ao Tratado de Nanquim e, em 1858, a Coroa britânica deu início à Segunda Guerra do Ópio. Mais uma vez derrotado, o govêrno chinês teve de assinar o Tratado de , que legalizava o consumo de ópio no país e abria outros portos chineses aos comerciantes estrangeiros.

Assim, os ingleses passaram a ocupar diversos territórios da China. Nas décadas seguintes, franceses, alemães, russos e japoneses também ocuparam a região.

Charge publicada no Le Petit Journal, em 1898, que satiriza a atuação das potências imperialistas na China.

Charge. No primeiro plano, à esquerda, uma mulher, usando uma coroa e um véu, está sentada segurando uma faca. Ao lado, um homem, usando chapéu e farda azul, está segurando uma faca com as duas mãos. Seguido, um homem, com cabelos loiros, usando chapéu e farda verde, está olhando para frente e com uma faca na mão. À direita, um homem asiático, com a mão no queixo e do lado de uma espada.  Atrás, uma mulher com cabelos loiros, chapéu vermelho e vestido. Eles estão olhando na direção de uma mesa com um círculo escrito CHINE. Ao fundo, um homem asiático, usando chapéu e roupas vermelhas e amarelas, está com os olhos arregalados e as mãos estendidas para cima. As unhas das mãos são grandes e afiadas.
China. O bôlo de reis e... imperadores, de Enrri méier. Charge, 1898.
Respostas e comentários
  • Trabalhe a interpretação das charges com os alunos, chamando a atenção para o fato de a ironia ser um poderoso instrumento político, capaz de defender princípios, denunciar violação de direitos, colocar em evidência aquilo que a sociedade critica e rejeita.
  • Na charge que ironiza o imperialismo exercido na China, foram representados diversos países, por meio de seus respectivos líderes:

> Em pé, demonstrando contrariedade e revolta, o representante da China.

> À esquerda, a rainha Vitória, da Inglaterra.

> No centro da mesa, o cáizer Guilherme dois, da Alemanha, encara a rainha Vitória.

> Ao lado do cáizer, está Nicolau dois, imperador russo.

> Espiando sôbre o ombro de Nicolau dois está Marianne ou Marie -Anne, uma personagem alegórica que representa a república francesa.

> Por último, com a mão no queixo, está mugtissurríto, imperador do Japão.

A análise dessa charge favorece uma abordagem de aspectos da Competência específica de História 3, já que os alunos são incentivados a elaborar hipóteses, argumentos e interpretações a respeito do recurso e, com base nesses conhecimentos, poderão exercitar a empatia em relação às populações dos territórios colonizados.

O Japão imperialista

Até meados do século dezenove, o Japão mantinha uma política de isolamento em relação às nações ocidentais. Porém, com as pressões das potências econômicas europeias, o govêrno japonês deu início a um processo de abertura do país. Após assumir o poder em 1867, o imperador mugtissurríto instaurou um projeto de transformação do Japão. Durante seu govêrno, conhecido como Era meidjí, o imperador buscou industrializar o país, estabeleceu acôrdos comerciais com diferentes potências econômicas e investiu na ampliação de um novo modêlo de educação inspirado no modêlo ocidental, entre outras medidas.

As transformações promovidas por mugtissurríto tornaram o país uma potência econômica imperialista. Assim, com o objetivo de garantir novos mercados para seus produtos e matéria-prima para suas indústrias, o govêrno japonês estabeleceu seu domínio sôbre diversos territórios vizinhos, como Manchúria, Formosa e Coreia.

Gravura que mostra oficiais do govêrno japonês vestindo trajes e acessórios ocidentais durante a Era meidjí.

Gravura. Ao centro, um homem asiático, usando roupas verdes, está sentado. Ao redor, cinco homens asiáticos, usando farda preta e espadas, estão sentados.
Dignatários meidjí, de . Gravura, 36,8centímetrospor24,8centímetros, 1877. (Detalhe).

A Índia no século dezenove

Desde o século dezesseis, os portugueses haviam estabelecido comércio direto com a Índia. No século seguinte, os ingleses, por meio da Companhia das Índias Orientais, também passaram a comercializar diretamente com os indianos.

No início do século dezenove, a Índia estava dividida em centenas de reinos e principados e sua economia era majoritariamente agrária. Havia também uma importante produção de artigos artesanais, como tecidos de algodão, os quais, além de atenderem ao mercado interno, eram levados por comerciantes para a Europa e outras regiões.

Respostas e comentários

Metodologias ativas

Caso considere conveniente, trabalhe o tema do Japão imperialista com a estratégia de metodologia ativa quiz. Para isso, confira orientações sôbre essa estratégia no tópico Metodologias e estratégias ativas nas orientações gerais dêste manual. Solicite aos alunos que realizem pesquisas e estudem previamente as características do govêrno do imperador mugtissurríto, conhecido como a Era meidjí. Organize os alunos em grupos e leve as questões prontas para a aula. Comente como funciona o jôgo e defina as regras e as premiações antes do início. Essa metodologia ativa possibilita uma maior retenção do aprendizado, incentiva a competição saudável e motiva a participação dos alunos.

Algo a mais

Para saber mais sôbre os confrontos entre os samurais e o regime do imperador mugtissurríto, assista com a turma ao filme O último samurai.

> O ÚLTIMO samurai. Direção de éduard . Estados Unidos e Japão, 2003 (154 minutos).

O domínio colonial na Índia

Em meados do século dezoito, muitos territórios indianos estavam sob o domínio da Companhia das Índias Orientais inglesa. Para garantir a atuação da companhia, a Coroa britânica reforçou a ocupação militar nas regiões dominadas. Aos poucos, vários reinos e principados indianos foram conquistados pelos ingleses.

Um dos métodos de ocupação do território utilizado pêla Companhia foi a formação e o treinamento de um exército de soldados nativos, chamados cipaios. Parte da elite indiana, composta de príncipes e grandes proprietários rurais, apoiava o domínio inglês, recebendo benefícios em troca de sua colaboração.

Além disso, a Companhia das Índias Orientais havia introduzido, na Índia, os tecidos ingleses industrializados, prejudicando a produção artesanal de tecidos local, o que gerou desemprêgo. Isso, somado aos abusos cometidos pelos colonizadores ingleses, contribuiu para a eclosão da Revolta dos Cipaios.

A Revolta dos Cipaios

Em 1857, um grupo de cipaios deu início a um movimento contra a dominação inglesa que ficou conhecido como Revolta dos Cipaios. Os cipaios chegaram a tomar a cidade de Nova Déli com a ajuda das autoridades locais. No entanto, a rebelião foi violentamente sufocada pêlas fôrças britânicas em 1858.

Com o fim da rebelião, os ingleses aumentaram o contrôle sôbre a colônia e nomearam o governador-geral inglês na Índia como vice-rei, representando diretamente os interêssis britânicos na região. Dessa maneira, a maior parte da Índia tornou-se colônia da Inglaterra.

Apesar da derrota dos rebeldes, a Revolta dos Cipaios foi uma importante experiência contra a dominação colonial, influenciando outros movimentos pêla independência da Índia nos anos seguintes.

Litografia. Homens usando chapéu redondo na cabeça e roupas brancas. Eles estão com armas. Um deles está montado em um cavalo e segurando uma espada. Ao fundo, paisagem desértica e bandeiras.
Cipaios amotinados, de djêordji Frânclin . Litografia, 1859.
Respostas e comentários

Atividade a mais

Para explorar o tema das resistências ao domínio imperialista na África e na Ásia, proponha aos alunos uma atividade em que êles deverão criar um vídeo informativo sôbre o tema As resistências na África e na Ásia. êsse trabalho deve ser desenvolvido em conjunto com os componentes curriculares de Língua Portuguesa e de Arte, uma vez que os alunos deverão compor cartazes sôbre o tema, textos, reunir reportagens, produzir desenhos e compor um roteiro relacionado ao assunto. Em conjunto com os professores dêsses componentes, realize as etapas da atividade.

a ) Organize os alunos em dois grupos, um deles será responsável pêlo tema Resistência ao imperialismo na África, e o outro, pêlo tema Resistência ao imperialismo na Ásia.

b ) Os alunos deverão, então, levantar dados e reunir materiais sôbre os temas. Além disso, poderão produzir cartazes, desenhos e outros recursos para serem utilizados durante a gravação do vídeo.

c ) Com o material preparado, êles deverão gravar um vídeo abordando o tema das resistências ao Imperialismo. É importante que comentem, por exemplo, as principais fórmas de resistência dessas populações ao domínio europeu, como foram os conflitos, quais são as particularidades de cada região e como se desenrolaram os principais acontecimentos dêsse contexto histórico.

d ) O vídeo poderá ser gravado como se fosse uma reportagem de jornal, um documentário ou, até mesmo, no formato de dramatização, e os celulares dos próprios alunos poderão ser utilizados, bem como tablets ou câmeras da escola, com a devida autorização da direção. Oriente cada grupo sôbre qual será a estrutura do vídeo.

e ) Os vídeos deverão ser exibidos em sala de aula. As gravações poderão ser compartilhadas com outros alunos da escola e com os familiares e, se houver interêsse, colocados em canal de vídeos na internet, sob sua orientação.

f ) Caso o uso de nenhum dêsses recursos tecnológicos seja possível, oriente os alunos a apresentar cartazes sôbre o tema.

Essa atividade interdisciplinar possibilita que os alunos atuem de fórma autônoma, incentivando-os a divulgar conhecimento científico por meio de tecnologias digitais, aspectos que fazem parte das culturas juvenis.

Resistência na Ásia

As ações promovidas pêlas potências imperialistas na Ásia provocaram diferentes manifestações de resistência, mobilizando diversos grupos sociais.

A resistência chinesa

No final do século dezenove, várias sociedades secretas surgiram na China com a intenção de expulsar as nações imperialistas do território chinês. Uma das mais atuantes foi a Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros, cujos integrantes, conhecidos como boxers pelos ingleses, praticavam artes marciais chinesas e faziam uso da luta armada para resistir à dominação.

Inicialmente, as ações dos boxers concentraram-se em atos de sabotagem a tudo o que pudesse representar a dominação estrangeira, como a destruição de ferrovias e de linhas de telégrafo. Essas ações tornaram-se cada vez mais frequentes e difundiram-se para diferentes regiões da China.

Em 1900, os boxers promoveram a ocupação de parte da cidade de Pequim e atacaram estrangeiros. A imperatriz chinesa manifestou seu apôio à revolta e declarou guerra às potências que ocupavam o território. Porém, uma ação conjunta foi organizada pelos países imperialistas para combater os revoltosos.

Assim, em 1901, os boxers foram derrotados e os chineses tiveram de assinar um acôrdo de paz que estabelecia uma série de medidas que prejudicavam ainda mais a China. Dessa fórma, o descontentamento da população intensificou-se e cresceram os movimentos de resistência contra o domínio estrangeiro.

Fotografia em preto e branco. Três homens asiáticos, usando lenço na cabeça e roupas escuras, estão em pé segurando com as mãos bastão.
Grupo de combatentes chineses que se opunham à dominação inglesa, por volta de 1900.
Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

De que fórma os boxers resistiram à ocupação britânica na China?

Respostas e comentários

Questão 2. Resposta: Resistiram por meio de luta armada e atos de sabotagem a tudo o que pudesse representar a dominação estrangeira, como a destruição de ferrovias e de linhas de telégrafo.

Um texto a mais

Quanto à formação e às características da Sociedade dos Punhos Harmoniosos e Justiceiros, cujos membros ficaram conhecidos como boxers, leia o texto a seguir.

Em 1899, os acontecimentos políticos do norte da China tornaram-se o foco de atenção internacional. Uma obscura sociedade secreta da província chamada Boxers reticências começou uma campanha de terror contra os estrangeiros, rapidamente atraindo o apôio de milhares de camponeses. Os boxers, muitos dos quais eram extremamente pobres e muito jovens, acreditavam que, praticando uma espécie de boxe, na verdade um exercício que visava harmonizar o espírito e os músculos na preparação para o combate, somada a determinada fórmula mágica, poderiam tornar-se invulneráveis às balas. Os grandes levantes e incidentes envolvendo estrangeiros inspirados em sua revolta rapidamente ficaram conhecidos como Rebelião dos Boxers.

reticências

A rebelião dos Boxers foi muito importante na história chinesa. Mesmo os mandchus e os mandarins conservadores que os apoiavam perceberam que, a menos que fizessem importantes reformas, seriam derrubados pêlas potências estrangeiras ou pêlas mãos de seu próprio povo. Os estrangeiros, por seu lado, perceberam que os dias das vitórias fáceis na China tinham acabado, que teriam de usar mais a diplomacia e menos o poderio militar. Para os revolucionários, a Rebelião dos Boxers e o subsequente isolamento político da elite dirigente indicavam que a China imperial estava à beira da morte e que as ações realizadas naquele momento poderiam ser decisivas.

reticências

,. san . Tradução: Edi G. de Oliveira. São Paulo: Nova Cultural, 1988. página 47, 49. (Os Grandes Líderes).

Para tirar melhor proveito da questão 2, organize os alunos em grupos e solicite-lhes que realizem uma pesquisa sôbre as fórmas de resistência dos boxers na biblioteca da escola ou na internet. Depois, proponha uma roda de conversa, na qual os alunos comentem sôbre suas descobertas com os colegas.

A resistência indiana

Na Índia, os vínculos entre os ingleses e parte da elite indiana permitiram aos filhos de algumas famílias ricas estudar na Europa. Ao ter um contato mais intenso com a cultura dos dominadores, essas pessoas passaram a apontar as contradições existentes entre as atitudes colonialistas e os ideais presentes em países de cultura ocidental, como a liberdade de expressão e os direitos políticos. Havia também grupos populares radicais, que desejavam a expulsão dos ingleses e a volta do modo de vida tradicional indiano.

Entre o final do século dezenove e o início do século vinte, houve o crescimento do nacionalismo na Índia, que passou a ameaçar o domínio britânico na região. Ao longo dos anos, diversas associações, muitas delas de origem popular, foram criadas para combater o neocolonialismo inglês e para reivindicar a independência do país.

Busca por maior participação no govêrno

No final do século dezenove, visando disputar o espaço político na colônia, muitos políticos e intelectuais indianos se organizaram e fundaram partidos para garantir a participação dos nativos no govêrno.

Nesse contexto, formou-se o Partido do Congresso Nacional Indiano, em 1885, o qual contou com a participação de muitos indianos que se opunham à dominação britânica no continente, tornando-se um movimento político pêla independência muito atuante nos anos seguintes.

Fotografia. Diversos homens usando turbantes e túnicas. Alguns estão sentados e outros em pé.
Participantes da primeira sessão do Congresso Nacional Indiano, em Bombaim, na Índia, em 1885.

A pressão pêla independência levou à criação, pelos britânicos, da Lei dos Conselhos Indianos, em 1892, que aumentou o número de membros do conselho do vice-rei e passou a admitir indianos em sua composição, permitindo-lhes participar de reuniões orçamentárias, questionar e opinar sôbre assuntos administrativos.

Respostas e comentários
  • Por trabalhar a questão das resistências chinesa e indiana ao processo de colonização empreendido pelos europeus, o tema desta página propicia a abordagem da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis.
  • Comente com os alunos que a sociedade indiana, por muito tempo, foi dividida em castas e que, embora êsse sistema de segregação tenha sido extinto em 1940, os preconceitos e a discriminação ainda permanecem. Explique que, de acôrdo com o livro sagrado hindu chamado Leis de Manu, as castas eram grupos sociais hereditários, nos quais as pessoas só podiam se casar e se relacionar com outras do mesmo grupo. grupos tinham condições políticas, econômicas e sociais diferentes entre si, além de direitos e privilégios bem definidos, que influenciavam no seu modo de vida, nos tipos de profissões, na alimentação, na maneira de se vestir etcétera, levando à formação de uma sociedade com quase nenhuma mobilidade social.

Algo a mais

Para saber mais sôbre o sistema de castas, leia com os alunos o artigo O que são e como funcionam as castas na Índia.

> O que são e como funcionam as castas na Índia. bê bê cê, 26 dezembro de 2020. Disponível em: https://oeds.link/ihuw7H. Acesso em: 20 junho 2022.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Antes das dominações neocoloniais, como estavam organizadas as diversas sociedades africanas?
  2. Quais foram as consequências da Conferência de Berlim para os povos da África?
  3. Observe novamente a charge apresentada no tópico “A ocupação colonial na China” e explique a ironia dessa representação.
  4. Como foi implantada a política imperialista inglesa na China?

Aprofundando os conhecimentos

5. Muitos povos africanos resistiram à dominação europeia, alguns por meio da luta armada. Os zulus, por exemplo, enfrentaram os britânicos em um conflito que chegou a envolver cêrca de 20 mil guerreiros africanos. Em janeiro de 1879, êles venceram a Batalha de , que configurou uma das maiores derrotas militares inglesas na época. Observe a gravura e responda às questões.

Gravura em preto e branco. À esquerda, homens negros segurando com as mãos, escudos e lanças. Eles estão enfileirados e apontando as lanças para a direita. À direita, homens usando farda e chapéu. Alguns estão montados em cavalos e outros fugindo ou caídos no chão. Atrás, diversas tendas.
A Guerra Zulu, de Djón chárlis . Gravura, 1879.
  1. Você consegue identificar os zulus e os ingleses na imagem anterior? Explique como você chegou a essa conclusão.
  2. De acôrdo com a imagem, qual dos grupos está em vantagem no conflito? Justifique sua resposta.
  3. Produza um texto em seu caderno comentando as fórmas de resistência dos povos africanos à dominação imperialista.
Respostas e comentários

1. Resposta: Antes das dominações neocoloniais, as sociedades africanas estavam organizadas de diferentes fórmas. Em algumas delas, havia Estados centralizados, com uma hierarquia definida e nos quais ocorria a coleta de tributos. Em outras, os povos se organizavam em aldeias menores, lideradas por um chefe.

2. Resposta: As decisões tomadas durante a Conferência de Berlim não levaram em consideração as perspectivas dos povos que viviam no continente africano, como aquelas relacionadas à política, às etnias, à cultura e à economia. Assim, até os dias de hoje, muitas nações da África sofrem com conflitos étnicos gerados na época imperialista.

3. Resposta: A ironia da charge se manifesta no fato de que a China está sendo repartida como se fosse um bôlo ou uma pizza pelos governantes europeus. O representante chinês está em pé, contrariado, excluído das conversas sôbre a divisão.

4. Resposta: A política imperialista inglesa na China deu-se principalmente pêlo próprio comércio de ópio e pêla abertura dos portos chineses aos estrangeiros. No entanto, o govêrno da China procurava manter sua política econômica sem interferências estrangeiras, desencadeando assim alguns conflitos bélicos, como a Guerra do Ópio.

5. a) Resposta nas orientações ao professor.

5. b) Resposta nas orientações ao professor.

5. c) Resposta nas orientações ao professor.

  • As atividades desta página possibilitam trabalhar aspectos das habilidades ê éfe zero oito agá ih dois quatro e ê éfe zero oito agá ih dois seis. Ao propor que os alunos discorram sôbre as consequências da Conferência de Berlim para as populações dos países colonizados, que analisem a charge que representa a partilha da China e que expliquem como ocorreu a política imperialista inglesa na China, as atividades 2, 3 e 4, respectivamente, favorecem uma abordagem de aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois quatro. Já na atividade 5, os alunos são incentivados a analisar a gravura que representa aspectos da resistência zulu ao Imperialismo, o que propicia trabalhar a habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis.
  • As atividades 5 e 6 auxiliam os alunos na argumentação com base nos recursos imagéticos propostos para análise, trabalhando, assim, aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7.

Respostas

5. a ) Os zulus são os guerreiros do lado esquerdo, representados com escudos e lanças. Já os ingleses foram representados do lado direito, com cavalos e uniformes oficiais. Os alunos podem justificar suas respostas apontando, por exemplo, características das vestimentas e das armas representadas.

b ) De acôrdo com a imagem, os zulus estão em vantagem, pois ainda estão em formação e prontos para o embate, enquanto os ingleses estão caídos, e alguns abandonaram seus cavalos.

c ) Resposta pessoal. É importante que os alunos reconheçam no texto a importância da resistência ao domínio imperialista, pois isso demonstra a capacidade de luta e de não passividade da população dominada. Os alunos podem citar como exemplos a Batalha de entre zulus e ingleses, a revolta , a atuação dos boxers etcétera

6. Durante o século dezenove, a Inglaterra dominou diversas regiões do mundo. Analise o mapa-múndi a seguir, produzido no século dezenove, depois, responda às questões.

Mapa. Planisfério representando a América, a Europa, a África, a Ásia e a Oceania, destacando em cor-de-rosa algumas regiões. À esquerda, grande extensão de terra na América do Norte. Sobreposto ao número '1' . Abaixo, destaque em grande parte da América Central e pequena porção de terra na América do Sul. Sobreposto ao número '2'. Centralizado, pequenas poções de terra na Europa. Na África, destaque para o atual território da África do Sul e porções de terra na costa oeste. Sobreposto ao número '3'. Seguido, na Ásia, destaque para o atual território da  Índia. Sobreposto ao número '4'. À direita, na Oceania, destaque para o território atual da Austrália. Sobreposto ao número '5'. Há também diversas ilhas em destaque espalhadas pelos oceanos. Na parte superior e inferior, ilustrações de diversas pessoas de diferentes etnias.
Império Britânico em todo o mundo, de Djón . Século dezenove.
  1. Descreva a imagem. Como é possível identificar que êsse mapa mostra os territórios sob domínio britânico?
  2. Compare o mapa desta atividade com um mapa-múndi atual e identifique as indicações de 1 a 5 na imagem. Quais são os nomes dêsses territórios na atualidade?
  3. Quais foram os fatores que motivaram a Inglaterra a exercer o domínio sob as regiões que você indicou anteriormente?
  4. Reflita com os colegas sôbre as seguintes questões: por que os ingleses produziam e difundiam publicações como a representada na imagem? Que vantagens isso poderia proporcionar na época?
  1. sôbre os movimentos de resistência à colonização na China e na Índia, responda às seguintes questões.
    1. Que grupo social participou da Revolta dos Cipaios?
    2. Quais eram as características dos participantes da Revolta dos Boxers?
    3. Qual foi o desfecho de cada uma das revoltas e por que elas foram importantes para os movimentos de resistência colonial?
Respostas e comentários

6. a) Resposta nas orientações ao professor.

6. b) Resposta nas orientações ao professor.

6. c) Resposta nas orientações ao professor.

6. d) Resposta nas orientações ao professor.

7. a) Resposta: A Revolta dos Cipaios teve a participação dos cipaios, soldados indianos treinados pelos britânicos.

7. b) Resposta: A Revolta dos Boxers teve, entre seus participantes, membros de sociedades secretas chinesas que praticavam artes marciais.

7. c) Resposta: Tanto a Revolta dos Cipaios como a Revolta dos Boxers foram derrotadas pêlo govêrno colonial; no entanto, tiveram sua importância, pois influenciaram outros movimentos de resistência colonial.

Por tratar da dominação inglesa no contexto do Imperialismo no século dezenove, a atividade 6 propicia trabalhar aspectos da habilidade ê éfe zero oito agá ih dois quatro. A habilidade ê éfe zero oito agá ih dois seis pode ser trabalhada por meio da atividade 7, em que os alunos devem discorrer sôbre movimentos de resistência ao Imperialismo, entre êles, a Revolta dos Cipaios e a Revolta dos Boxers. O item b, da atividade 7, promove o princípio referencial de localização na construção do saber geográfico, pois solicita aos alunos que identifiquem determinados territórios no mapa-múndi atual.

Respostas

6. a ) A imagem mostra um mapa-múndi ilustrado, que apresenta, em destaque, os territórios pertencentes aos ingleses.

b ) 1 – Estados Unidos / 2 – Territórios da América Central / 3 – África do Sul / 4 – Índia / 5 – Austrália.

c ) A Inglaterra passou a exercer o domínio sôbre as regiões demonstradas na imagem por conta da política imperialista, que vigorava no século dezenove. As fórmas de dominação nesse século podiam ser diretas, por meio da presença efetiva do país na região dominada, ou por meio de influências indiretas, como em interferências na economia.

d ) A vantagem de difundir imagens como essa era a propagação entre os países da ideia do poder britânico, capaz de expandir o domínio nas diversas partes do globo. Estabelecia-se, assim, uma política de demonstração de poder em relação às outras potências.

Glossário

Xenofobia
: medo, desconfiança, antipatia ou hostilização de pessoas vindas de outros países.
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Ópio
: substância extraída da planta da papoula e que possui efeito anestésico e narcótico, podendo causar alucinações. Seu uso pode causar dependência e sérios riscos à saúde do usuário.
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