UNIDADE 3 O totalitarismo e a Segunda Guerra Mundial

Fotografia em preto e branco. Vários homens usando roupas listradas. Um deles está sendo carregado por outros dois homens. Eles estão caminhando para fora de um portão. Alguns estão sorrindo. No segundo plano, construção de pedra com janelas. Na parte de cima do portão, há o texto: ARBEIT MACHT.
Prisioneiros do campo de concentração Auschwitz-Birkenau sendo libertados por tropas soviéticas, na Polônia, em janeiro de 1945.

O período após a Primeira Guerra Mundial foi marcado por uma grave crise econômica, iniciada nos Estados Unidos, e pêlo surgimento de regimes políticos totalitários na Europa, como o fascismo e o nazismo.

Esses e outros acontecimentos foram determinantes para a eclosão da Segunda Guerra Mundial, evento que marcou profundamente a humanidade.

Iniciando a conversa

  1. Descreva as pessoas retratadas na foto. Como você acredita que elas estão se sentindo? Explique.
  2. O nazismo perseguiu diversos grupos, como judeus, ciganos e homossexuais. Você sabe o que acontecia com as pessoas que eram levadas para os campos de concentração? Comente.
  3. Na atualidade, existem povos ou grupos que são perseguidos? Você sabe quem são êles e como ocorre essa perseguição? Converse com os colegas.

Agora vamos estudar...

  • o período entreguerras e a crise econômica de 1929;
  • os regimes políticos totalitários na Europa;
  • a Segunda Guerra Mundial;
  • o nazismo e a perseguição aos judeus;
  • a bomba atômica.

CAPÍTULO 5 O período entreguerras

Mesmo antes de entrar na Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos exerceram um importante papel no conflito, fornecendo produtos alimentícios e equipamento bélico aos países Aliados, por exemplo. Com o final da guerra, êles também fizeram empréstimos a países da Europa, como a Inglaterra e a França, utilizados para a recuperação da economia e para a reconstrução das cidades. Assim, depois de 1919, os Estados Unidos tornaram-se grandes credores internacionais e uma potência econômica mundial.

Os Estados Unidos e o consumo em massa

Durante a Primeira Guerra Mundial, a indústria dos Estados Unidos desenvolveu-se rapidamente, gerando maior oferta de empregos e aumento dos salários. êsse cenário econômico favorável proporcionou melhoria na qualidade de vida de parte da população do país, que passou a ter acesso ao consumo de novos produtos, como automóveis, geladeiras, fogões, máquinas de lavar, aspiradores de pó e aparelhos de rádio.

Nessa época, a aquisição de bens de consumo duráveis passou a fazer parte do chamado American way of life (do inglês, “modo de vida americano”), que tinha como principal característica o consumismo. O ato de consumir era incentivado, pois comprar os bens produzidos no país, além de proporcionar às pessoas mais confôrto no dia a dia, ajudava a movimentar a economia estadunidense.

Além disso, o país ampliou seu mercado consumidor externo, aumentando a exportação de diversos produtos para a Europa e para a América Latina.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, uma mulher com um gorro na cabeça, usando vestido com bolinha na altura do joelho. Ao lado, um homem, usando terno, está inclinado na direção de um refrigerador com alimentos dentro
Vendedor mostra refrigerador para consumidora. Estados Unidos, década de 1920.

Consumo e consumismo na atualidade

Converse com seus colegas de turma sôbre a questão a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

Qual é a diferença entre consumo e consumismo? Você costuma consumir de maneira consciente?

A propaganda teve um importante papel no American way of life. Por trás dos anúncios publicitários, havia promessas de que os consumidores estariam comprando mais do que somente um produto, estariam adquirindo poder, felicidade, confôrto, além de status.

O estímulo ao ato de consumir gerou o que foi chamado posteriormente de sociedade de consumo, que pode ser caracterizada pêlo consumo massivo de bens e serviços. Isso ocorria porque as pessoas muitas vezes eram convencidas pêla propaganda de que um determinado bem ou produto era algo extremamente necessário para sua vida, levando-as a consumi-los de fórma desenfreada. O texto a seguir explica a diferença entre consumo e consumismo.

reticências

O consumo ocorre quando adquirimos algo de que precisamos ou de que gostamos muito, na hora e na quantidade adequadas. Para isso, estudamos as opções, comparamos os detalhes, pesquisamos preços e só então partimos para as compras.

Já o consumismo acontece quando compramos por impulso, sem planejamento, de fórma exagerada e sem reflexão. Dessa fórma, a vida passa a se basear no consumo, e consumir passa a ser o significado da própria existência. Pode ser o consumo de objetos, serviços, alimentos, entre outros.

reticências

FRANCO, Silmara. Você precisa de quê?: a diferença entre consumo e consumismo. São Paulo: Moderna, 2016. página 13. (Coleção Informação e Diálogo).

Cartaz. No canto superior à direita, o texto: Consumo Consciente. Ponto de Equilíbrio no consumo sustentável. Abaixo, esquema composto por três círculos sobrepostos. Dentro de cada círculo, há o texto: Ecológico, Econômica e Social. Nos espaços que estão conectando os três círculos, há os textos: suportável, viável e equitativo. Centralizado, há o texto: Sustentável. No canto inferior, à direita, há o texto: Dicas para Viver Direito, e a sigla: 'T','J','D','F','T'..
Consumo consciente, cartaz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (tê jóta dê éfe tê), em 2019.

Diariamente consumimos aquilo que é necessário à sobrevivência, por exemplo, para nos alimentar, nos vestir, nos cuidar, nos divertir. Saber comprar e consumir de maneira consciente, sem desperdício e ezagêru, é importante, pois assim investimos melhor nosso dinheiro, cuidamos de nosso planeta, de nossa saúde física e mental.

Mudanças de comportamento

Diversos países da Europa foram profundamente transformados após a Primeira Guerra Mundial. Essas mudanças atingiram o modo de pensar e de agir da população e muitos artistas e intelectuais passaram a questionar a valorização do progresso tecnológico, em razão do alto poder de destruição que as novas tecnologias causaram durante a guerra.

As mulheres na década de 1920

Nesse contexto de mudança de mentalidade, o comportamento de uma parcela das mulheres também passou por transformações.

Durante a Primeira Guerra Mundial e ao longo da década de 1920, a ampliação do número de mulheres inseridas no mercado de trabalho foi um fator importante para mudar o papel delas na sociedade, antes restrito ao âmbito familiar, uma vez que eram educadas somente para cuidar do lar e da família.

Nessa época, muitas mulheres passaram a lutar por mais liberdade e igualdade de direitos em relação aos homens e a participar mais ativamente da vida cultural nas cidades. A cidade de Paris tornou-se um dos mais importantes pontos de encontro de artistas e intelectuais vindos de diferentes lugares do mundo. O bairro parisiense de Montparnasse ganhou fama por reunir diversos bares e cabarésglossário frequentados por essas personalidades.

Um dos cabarés mais famosos da região foi o mulãn Rouge. Construído em 1889, o espaço ganhou fama nesse período com as vedetes, artistas que dançavam, cantavam e atuavam. jêâne Bourgeois, conhecida como Mistinguett, foi a primeira grande estrela da casa. Outra famosa dançarina dessa época foi a estadunidense Josephine Baker, que fez grande sucesso em Paris. Mulheres como Mistinguett e Josephine beiquer influenciaram a moda feminina do período, usando cabelos curtos e roupas consideradas ousadas para a época.

Cartaz. Na parte superior, o texto: MOULIN ROUGE CONCERT BAL TOUS LES SOIRS. LA GOULUE. Abaixo, ilustração de uma mulher com cabelos loiros, usando um vestido com bolinhas. Ao lado, silhueta de um homem usando cartola. No fundo, silhueta de diversas pessoas. Na parte inferior, o texto: LES MERCREDIS ET SAMEDIS. BAL MASQUÉ.
La Goulue, de Henri Toulouse Lautrec. Litografia, 190 centímetros por 116,5 centímetros, 1891.

Outra importante personalidade feminina da época foi a estilista francesa Gabrielle Bonheur Chanel (1883-1971), mais conhecida como Coco Chanel. Ela ajudou a transformar a moda criando roupas com estilos mais práticos do que as roupas usadas até então e que valorizavam a independência feminina. Chanel foi uma das primeiras estilistas a difundir o uso de calças compridas entre as mulheres, além do blazer e de vestidos mais simples, sem os diversos adornos e babados encontrados nas vestimentas da época.

As inovações musicais

Diversas inovações tecnológicas foram popularizadas nesse período, como o telefone e o gramofone, além da expansão das redes de rádio, o que garantiu um destaque especial para os estilos musicais que surgiam. O principal deles foi o jazz, criado por afrodescendentes nos Estados Unidos, durante a década de 1910, e tornou-se muito popular na Europa.

Fotografia em preto e branco. Homens, na sua maioria negros, vestindo terno e gravata, e uma mulher negra, usando vestido, estão tocando instrumentos de sopro e percussão.
Saint Louis Cotton Club Band, uma banda de jazz estadunidense, anos de 1920.

O ritmo era marcado pêla improvisação e pêlo conjunto de instrumentos de sôpro, como o trompete e o saxofone.

Em dezembro de 1917, a orquestra militar de Rárlem Hellfighters, dirigida pêlo tenente Djeimes Reese Iuróp e composta somente de afro-americanos, tocou pêla primeira vez partituras de diéz durante uma apresentação em Paris. A apresentação chamou a atenção dos franceses pêla inovação do ritmo e pêla novidade de um grupo de músicos formado apenas por afrodescendentes.

Fotografia em preto e branco. Homens negros, usando chapéu e farda, estão em pé tocando instrumentos de sopro.
Orquestra Rárlem Hellfighters realizando um concerto em frente a um hospital parisiense, em 1918.

A crise de 1929

A economia dos Estados Unidos começou a mudar no final da década de 1920. A euforia e o otimismo gerados pêlo consumismo estimularam a produção de bens muito mais rápido do que poderiam ser consumidos, ocasionando grande acúmulo de mercadorias. Esse excedente levou à diminuição da produção, principalmente a industrial. Muitos trabalhadores ficaram desempregados e passaram a consumir menos.

Enquanto isso, países como a Alemanha, recuperavam-se economicamente, abastecendo seu mercado interno e diminuindo a compra de itens da indústria estadunidense.

A crise no mercado financeiro

O otimismo econômico dos primeiros anos do pós-guerra levou muitas pessoas a investir em açõesglossário na Bolsa de Valoresglossário de Nova iórque. No entanto, com a crise gerada pêla superprodução industrial, muitas indústrias, bancos e outras empresas declararam falência e fecharam. Com isso, as ações dessas empresas passaram a não ter valor.

Para tentar reduzir os prejuízos, muitos acionistas vendiam ou tentavam vender suas ações a preços muito abaixo do custo. Nesse contexto, muitos investidores perderam fortunas da noite para o dia.

No dia 24 de outubro de 1929, sem condições de manter as negociações no mercado de ações, a Bolsa de Valores de Nova iórque fechou, um fato que ficou conhecido na História como Quebra da Bolsa de Valores.

Fotografia em preto e branco. Diversas pessoas caminhando em uma rua. Ao centro, escultura de um homem. Ao redor, várias pessoas. Ao fundo, edifício com várias colunas ornamentadas.
Multidão na rua no dia da Quebra da Bolsa de Valores, em Nova iórque, em 1929.

A Grande Depressão

A crise da superprodução, os altos índices de desemprêgo e a Quebra da Bolsa de Valores de Nova York foram fatores que caracterizaram um período da história dos Estados Unidos conhecido como Grande Depressão, que durou de 1929 até o final da década de 1930.

Durante êsse período, muitas pessoas passaram a viver em situação de miséria. Em 1933, o pior ano da Grande Depressão, havia aproximadamente 13 milhões de desempregados nos Estados Unidos, quase 27% da população ativa.

A crise se espalhou para outros países da Europa e da América Latina que vendiam para os Estados Unidos. Na Alemanha, o desemprêgo chegou a 25% da população. Já no Brasil, a crise afetou a produção cafeeira, que tinha os Estados Unidos como principal mercado consumidor.

Fotografia em preto e branco. Homens usando chapéu e casaco. Eles estão em uma fila na frente de uma loja. Na placa, há o texto: Free up coffee e doughnuts for the unemployed.
Fila de desempregados aguardando para receber sopa gratuita em Chicago, Estados Unidos, em 1931.

O combate à crise

Em 1933, o presidente estadunidense eleito, Frânclin Rusevélt (1882-1945), iniciou um programa para superar a crise econômica e social que havia arruinado o país. O programa de reformas recebeu o nome de New Deal (do inglês, “Novo acôrdo”) e tinha como base a intervenção do Estado na economia.

Foi fixado um salário mínimo, as jornadas de trabalho foram limitadas e houve grande investimento em obras públicas para gerar empregos e salvar as empresas. Assim, a economia estadunidense começou, gradativamente, a melhorar, e, em 1937, o desemprêgo havia sido bastante reduzido e a renda da população do país voltou a crescer.

Fotografia. pessoas segurando enxadas, pás e picaretas em um canteiro de obra. No canto inferior, à direita, o texto: USA WORK PROGRAM WPA. Ao fundo caminhão.
Operários em obra que fazia parte do programa de geração de empregos dos Estados Unidos, em 1935.

Glossário

Cabaré
: estabelecimento comercial onde os clientes podem beber, dançar e assistir a espetáculos variados.
Voltar para o texto
Ações
: nesse sentido, são títulos que equivalem a uma pequena parte de uma empresa. Ao comprar uma ação, a pessoa passa a ser dona de uma parte da empresa e também a dividir os lucros ou prejuízos que ela pode ter.
Voltar para o texto
Bolsa de Valores
: local onde são negociados títulos de compra ou venda de uma empresa.
Voltar para o texto