CAPÍTULO 6 A Segunda Guerra Mundial
Quando Adolf Rítler assumiu o poder na Alemanha como primeiro-ministro, em 1933, êle iniciou várias ações para o fortalecimento do país. Elas contrariavam as cláusulas estabelecidas pêlo Tratado de Versalhes, de 1919. No entanto, apoiado pêla opinião pública, Rítler considerava as exigências do tratado injustas e declarou que a Alemanha não cumpriria mais suas determinações.
Uma das medidas tomadas por Rítler foi restabelecer o serviço militar obrigatório, além de adquirir diversas armas e veículos bélicos, aumentando e fortalecendo o exército alemão.
A expansão nazista e o caminho para a guerra
Em 1934, Rítler ordenou o envio de tropas para ocupar a Renânia, região em tôrno do rio Reno, na fronteira entre a Alemanha e a Bélgica. Quatro anos depois, os nazistas invadiram a Áustria e a anexaram ao território alemão, realizando a Anschluss (palavra alemã que, em português, significa “união”), com o pretexto de evitar possíveis agressões dêsse país à Alemanha.
Em março de 1939, os nazistas avançaram sôbre a região dos Sudetos, nos limites entre a Alemanha e a Tchecoslováquia (atual República Tcheca), e incorporaram êsse território por meio de um acôrdo. Depois, a Tchecoslováquia foi invadida e conquistada por meio de uma ação militar. Com a chegada das tropas alemãs, as populações das cidades invadidas eram obrigadas a fazer a saudação nazista (com o braço direito levantado).
Acordos firmados
Em 1939, Rítler firmou um acôrdo com Mussolini, conhecido como Pacto de Amizade e Aliança ou Pacto de Aço, que garantia a ajuda mútua entre Alemanha e Itália em caso de guerra. No mesmo ano, a Alemanha assinou um pacto de não agressão com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Os soviéticos garantiam não entrar em conflito com os alemães e, em troca, receberiam territórios na Polônia e na Finlândia, além do contrôle da Lituânia, da Letônia e da Estônia.
Países do Eixo
Em 1936, a Alemanha e a Itália já haviam formado o Eixo Roma-Berlim. Assim como a Alemanha, a Itália fascista também tinha interêssis expansionistas, o que aproximou os dois países. Em 1940, o Japão, que também buscava expandir seus territórios na Ásia, aderiu ao Eixo.
O início da guerra
Após firmar esses acôrdos, Rítler iniciou a invasão da Polônia em 1º de setembro de 1939. Dois dias depois, Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha. Assim, teve início o maior conflito do século vinte, conhecido como Segunda Guerra Mundial.
As tropas nazistas avançaram sôbre países neutros, como a Bélgica e a Holanda e, por fim, invadiram a França. Derrotados, os franceses assinaram um armistício, seu exército foi desarmado e seu território foi ocupado pelos alemães.
Em 1940, a Alemanha tentou invadir a Inglaterra, mas os ingleses resistiram.
Em 1941, desrespeitando o pacto de não agressão, os nazistas avançaram sôbre território russo. No entanto, o exército da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, também conhecido como Exército Vermelho, conseguiu resistir, impedindo que os alemães tomassem Moscou, a capital soviética.
O avanço nazista (1939-1941)
Fonte de pesquisa: BRENER, . Jaime A Segunda Guerra Mundial: o planeta em chamas. São Paulo: Ática, 1997. página 38.
A “Nova Ordem” nazista
Questão 1.
Como você imagina que eram as condições de vida das pessoas perseguidas pelos nazistas? Converse com os colegas sôbre isso.
Em 1942, os nazistas dominavam extensa parte da Europa. dêsse modo, com seu poder estabelecido, o führer pôde impor sua “Nova Ordem”, pregando a “supremacia da raça ariana” na Europa. Por meio da fôrça militar, Rítler perseguiu sistematicamente judeus, ciganos, comunistas, homossexuais, pessoas com deficiência e outros grupos considerados de “raças inferiores”.
A perseguição aos judeus
Os judeus foram os que mais sofreram com as perseguições. A doutrina nazista considerava-os racialmente “inferiores” e, como tal, seriam responsáveis pêlo declínio moral que levou a Europa à crise econômica. Os judeus também eram considerados os causadores dos problemas políticos e sociais enfrentados pelos alemães naquele momento.
lógo no início do conflito, os nazistas tomaram medidas discriminatórias, que visavam excluir os judeus da vida social, política e econômica nos locais onde viviam. Os judeus e suas famílias foram proibidos de frequentar instituições de ensino; suas lojas foram fechadas; suas casas e outros bens foram confiscados e, além disso, muitos acabaram perdendo o emprêgo.
Os judeus também foram obrigados pelos nazistas a usar uma estrela de Davi como identificação. Dessa fórma, a polícia nazista poderia reconhecer os judeus que moravam nos guetos.
O gueto de Varsóvia
Ao invadirem a Polônia, em 1939, os nazistas confinaram os judeus em guetos. Nesses locais, a circulação era restrita e as pessoas eram tratadas com bastante brutalidade.
O gueto da cidade de Varsóvia chegou a abrigar aproximadamente 450 mil pessoas, entre judeus, prisioneiros de guerra e alguns grupos de ciganos, em uma área de 3 quilômetros2 cercada por muros vigiados 24 horas por dia.
Os moradores dos guetos sofriam com a falta de espaço, de alimentos e de higiene. Muitas famílias eram obrigadas a compartilhar uma mesma moradia; os alimentos fornecidos a êles eram escassos e pouco nutritivos. Assim, vivendo em péssimas condições, era comum a ocorrência de epidemias que causavam muitas mortes.
A “solução final”
No comêço da década de 1940, os nazistas mudaram sua política para a chamada “questão judaica” e iniciaram práticas que não visavam somente a perseguição e a expulsão dos judeus dos territórios dominados, mas também a eliminação de todos êles.
Muitas atrocidades foram cometidas para alcançar êsse objetivo, que era chamado pelos nazistas de “solução final”. Nas cidades invadidas, os judeus, fossem homens, mulheres ou crianças, sofriam diversos tipos de violência física e psicológica. Vários deles foram executados de fórma brutal, mortos a tiros de fuzil ou enforcados.
Muitos judeus foram enviados para os campos de concentração e extermínio, onde estavam sujeitos a trabalhos forçados e eram cruelmente eliminados.
Os campos de concentração e extermínio
Desde 1933, os nazistas aprisionavam seus adversários em campos de concentração. Contudo, no início da década de 1940, esses espaços também foram utilizados como local de extermínio de pessoas consideradas “inferiores” pelos nazistas.
Os mais de vinte campos de concentração nazistas estavam localizados em diversas regiões, principalmente na Polônia e na Alemanha. Durante toda a Segunda Guerra, aproximadamente 8 milhões de pessoas foram aprisionadas.
Conheça algumas atrocidades cometidas pelos nazistas nos campos de concentração.
Campos de concentração e extermínio (década de 1940)
Fonte de pesquisa: BRENER, . Jaime A Segunda Guerra Mundial: o planeta em chamas. São Paulo: Ática, 1997. página 45.
A chegada aos campos
Os prisioneiros eram divididos em dois grupos principais: aqueles considerados incapazes, como os idosos e as crianças; e aqueles aptos ao trabalho pesado. O primeiro grupo normalmente era encaminhado diretamente ao extermínio, enquanto os outros passavam por uma triagem onde recebiam uniformes e identificações numéricas.
Testes e experiências
As pessoas aprisionadas nos campos eram obrigadas a participar de experiências consideradas científicas pelos nazistas. Elas eram obrigadas a ingerir substâncias perigosas, sofriam mutilações e violações sexuais, além de outras agressões e humilhações.
As câmaras de gás
Muitas pessoas morreram nos campos de concentração. Havia as que não suportavam as péssimas condições e morriam de fome ou de doenças. Mas havia também os extermínios em massa, por meio de fuzilamentos ou pêla inalação de gases tóxicos nas câmaras de gás.
O cotidiano desgastante
Os presos trabalhavam em turnos diários de mais de 10 horas, em diversas atividades exaustivas, como na construção de estradas, na indústria química, na mineração, entre outras. A alimentação normalmente era composta de pão, café e sopa de batatas, mas só era disponibilizada a quantidade mínima necessária para a sobrevivência. Os presos dormiam em barracões com instalações precárias, no chão ou em beliches forrados com capim.
Ravensbrück
Entre as mulheres levadas aos campos de concentração, mais de 100 mil passaram por um campo exclusivamente feminino: Ravensbrück, na Alemanha. Nesse local, elas eram obrigadas a trabalhar em fábricas e a costurar uniformes nazistas. Também sofriam diversas agressões, como procedimentos de esterilizaçãoglossário . Ravensbrück foi um dos últimos campos a serem libertados, em 30 de abril de 1945, quando a Cruz Vermelha e o Exército Soviético chegaram ao local.
Atualmente, Ravensbrück abriga um memorial dedicado às vítimas dos horrores nazistas, um símbolo do combate à violência contra a mulher.
Investigando fontes históricas
Diários de guerra
Os diários pessoais são importantes fontes históricas para conhecermos informações sôbre as pessoas que os escreveram. Além disso, podem nos fornecer indícios sôbre os fatos históricos de determinada época.
Durante a Segunda Guerra Mundial, diversas pessoas, entre elas crianças e adolescentes descreveram suas experiências em diários. Leia a seguir um trecho de um diário escrito pêla russa Lena Mukhina, quando ela tinha 17 anos.
14 de setembro [de 1941]
Os alemães atiraram em nós com canhões de longo alcance. Ontem nosso bairro ficou à mercê dos bombardeios. reticências Os obusesglossário passaram por cima de nosso edifício sem nos atingir, mas caíram perto. A qualquer momento podemos ser mortos. reticências Todo mundo quer viver, é óbvio! E os que foram mortos também tinham vontade de viver. reticências
Nós de Leningrado, durante esses terríveis dias 8, 9 e 10 de setembro, nos habituamos ao fato de que sempre, por volta das 11 horas, a sirene começa a tocar e corremos para os abrigos (aqueles, em todo caso, para quem a vida tem um preço). O espetáculo então começa: mísseis, trovoar dos aviões, estrondos das bombas explosivas, assobio das bombas incendiárias. reticências
MUKHINA, Lena. O diário de Lena: a história real de uma adolescente durante a Segunda Guerra. Tradução: Jorge Bastos. São Paulo: Globo Livros, 2014. página 90-91.
Agora, acompanhe a análise a seguir.
Os diários geralmente apresentam um cabeçalho com a data em que foram feitos os registros: “14 de setembro [de 1941]”.
No trecho “atiraram em nós com canhões de longo alcance”, Lena, conta sôbre o cotidiano de Leningrado em plena guerra e como essas ocorrências afetavam o dia a dia das pessoas.
Os trechos “A qualquer momento podemos ser mortos.”; “Todo mundo quer viver, é óbvio!”; “por volta das 11h, a sirene começa a tocar e corremos para os abrigos” nos fornece indícios sôbre o medo da morte que Lena e outras pessoas sentiam por causa dos bombardeios próximos à suas moradias e quando tocava a sirene que anunciava o lançamento de mísseis e bombas.
Já o trecho “O espetáculo então começa: mísseis, trovoar dos aviões, estrondos das bombas explosivas, assobio das bombas incendiárias”, podemos identificar alguns dos instrumentos utilizados na guerra, como os mísseis, aviões e bombas.
A seguir vamos analisar um registro do diário de Anne Frank, escrito quando ela tinha 14 anos. A família, de origem alemã, era judia e, após sofrer perseguições em seu país, mudou-se para a Holanda, em 1942, onde passou a viver escondida na casa de amigos. Leia um trecho do diário dela, escrito em 13 de janeiro de 1943, e responda às questões no caderno.
reticências
Coisas terríveis estão acontecendo lá fóra. A qualquer hora do dia ou da noite pessoas pobres e desamparadas são retiradas de suas casas. Não têm permissão de levar nem mesmo uma sacola com alguma coisa e um pouco de dinheiro, e, mesmo quando têm, essas posses lhes são roubadas no caminho. Famílias são rompidas; homens, mulheres e crianças são separados. Crianças chegam da escola e descobrem que os pais desapareceram. Mulheres voltam das compras e descobrem as casas lacradas e que as famílias desapareceram. reticências Todas as noites centenas de aviões passam sôbre a Holanda a caminho das cidades alemãs, para semear suas bombas em solo alemão. Toda hora centenas, ou talvez milhares, de pessoas são mortas na Rússia e na África. Ninguém pode ficar longe do conflito, o mundo inteiro está em guerra, e, mesmo com os Aliados se saindo melhor, o fim não está próximo.
reticências
As crianças dêste bairro andam com camisas finas e sapatos de madeira. Não têm casacos, nem capas, nem meias, nem ninguém para ajudá-las. Mordendo uma cenoura para acalmar as dores da fome, saem de suas casas frias e andam pêlas ruas até salas de aula ainda mais frias. As coisas ficaram tão ruins na Holanda que hordasglossário de crianças abordam os pedestres para implorar um pedaço de pão.
reticências
FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. 45. edição Tradução: Ivanir Alves Calado. Rio de Janeiro: Record, 2014. página 110-111.
Agora, responda às questões a seguir.
1. Em que local e ano o trecho de diário apresentado anteriormente foi escrito?
2. Descreva a visão de Anne Frank sôbre a Segunda Guerra Mundial, conforme o trecho do diário apresentado.
3. De acôrdo com Anne Frank, como as crianças eram afetadas pêlo conflito?
4. Em sua opinião, por que os diários pessoais constituem importantes fontes históricas? Explique.
Glossário
- Esterilizar
- : neste caso, tornar a pessoa infértil, incapaz de procriar.
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- Obus
- : projétil onde se colocam explosivos que são lançados em caso de guerra.
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- Horda
- : grupo numeroso e desorganizado de pessoas.
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