UNIDADE 5 O mundo bipolar

Fotografia em preto e branco. Vista de uma avenida. Nela, há vários caminhões carregando mísseis e tanques de guerra. Ao fundo, a silhueta de um castelo com várias torres arredondadas. À direita, várias pessoas assistindo ao desfile.
Praça Vermelha, Moscou, capital da União Soviética, 1957.

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, emergiram duas grandes potências: os Estados Unidos, capitalista, e a União Soviética, comunista.

Nesta unidade, vamos estudar êsse período, conhecido como Guerra Fria, em que as duas potências disputaram áreas de influência no mundo todo. Vamos conhecer também as grandes transformações culturais, sociais e políticas que ocorreram na época.

Iniciando a conversa

  1. Que tipo de evento está sendo mostrado na foto? O que mais lhe chamou a atenção nela?
  2. Você já ouviu falar na Guerra Fria? Por que ela tem êsse nome?
  3. Em sua opinião, por que era importante para o govêrno soviético a exibição de seus armamentos? êsse tipo de exibição ainda ocorre na atualidade? Por quê?

Agora vamos estudar...

  • a divisão do mundo após a Segunda Guerra Mundial;
  • os movimentos de resistência e de contestação durante a Guerra Fria;
  • a criação do Estado de Israel e os conflitos entre judeus e palestinos;
  • a questão palestina;
  • as lutas por independência na Ásia e na África.

CAPÍTULO 9 Tensões e conflitos da Guerra Fria

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Estados Unidos e União Soviética, aliados durante o conflito, emergiram como principais potências mundiais. Iniciou-se um período de tensões e rivalidades que dividiu o mundo em duas grandes áreas de influência. De um lado, os Estados Unidos lideravam o bloco capitalista e, do outro lado, estava a União Soviética, líder do bloco comunista. Por não envolver um confronto armado e direto entre as duas potências, êsse período foi chamado de Guerra Fria e durou aproximadamente quarenta anos.

O mundo pós-Segunda Guerra Mundial

A questão central das tensões entre as duas potências foi o desenvolvimento da tecnologia nuclear e, consequentemente, de armas nucleares. A disputa tecnológica entre as duas potências tinha como principal objetivo que uma superasse a outra em poder bélico. Além disso, houve grande disputa ideológica, que se manifestou principalmente na expansão de áreas de influência.

Observe no mapa a seguir como ficou a divisão do mundo no período da Guerra Fria.

As áreas de influência (1945-1989)

Mapa. As áreas de influência (1945-1989). Planisfério destacado conforme legenda: Estados Unidos e aliados: CANADÁ, ESTADOS UNIDOS, ALEMANHA OCIDENTAL e parte da EUROPA. Países alinhados com os Estados Unidos: BRASIL e parte da AMÉRICA DO SUL, MARROCOS, ZAIRE, ÁFRICA DO SUL, ARÁBIA SAUDITA, AUSTRÁLIA e COREIA DO SUL. União Soviética e aliados: UNIÃO SOVIÉTICA e ALEMANHA ORIENTAL. Países alinhados com a União Soviética: NICARÁGUA, CUBA, LÍBIA, CONGO, ANGOLA, ETIÓPIA. MADAGASCAR, AFEGANISTÃO, MONGÓLIA, VETNÃ E COREIA DO NORTE. Países não alinhados: CHINA, ÍNDIA, parte da ÁFRICA, ARGENTINA, VENEZUELA HONDURAS e GUIANA FRANCESA. No canto superior, à direita, representação da rosa dos ventos e escala de 5000 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: VOLPE, Fabio (ediçãoponto). Almanaque Abril 2015. São Paulo: Abril, 2015. página 302.

O bloco capitalista

Em 1947, o presidente estadunidense Réui Trúman apresentou a Doutrina Trúman, uma política de apôio econômico e militar aos países europeus que não faziam parte do bloco comunista. Essa política buscava evitar a expansão soviética e ampliar a influência capitalista na Europa. Nesse contexto, foi criado o Plano márchal, um programa de apôio financeiro destinado à recuperação econômica dos países europeus que estavam em crise em decorrência da Segunda Guerra Mundial.

Em 1949, Estados Unidos, Canadá e outros países da Europa Ocidental criaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (otâm), uma aliança militar entre os países envolvidos que previa ajuda mútua em casos de conflitos armados.

O bloco comunista

Durante a Guerra Fria, a União Soviética passou a exercer uma política de contrôle no Léste Europeu, buscando manter os países da região alinhados ao bloco comunista. Assim, a União Soviética criou, em 1949, um programa chamado Conselho de Assistência Econômica Mútua (comecôn), com o objetivo de articular as políticas econômicas do bloco comunista e fornecer ajuda financeira e militar para os países que dele faziam parte. Os soviéticos também criaram o Pacto de Varsóvia, em 1955, uma aliança militar que previa a unidade do bloco comunista.

A divisão da Alemanha

Após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi segmentada em quatro setores ou zonas de ocupação — soviética, estadunidense, britânica e francesa —, referentes aos grandes vencedores do conflito. Essa divisão ocorreu durante a Conferência de Pótisdam (cidade do Léste alemão), em 1945, na qual também foi negociada a divisão da cidade de Berlim entre o domínio soviético, no lado oriental, e o domínio capitalista, no lado ocidental.

Em 1961, as fronteiras entre Berlim Oriental e Berlim Ocidental foram fechadas com um muro fortificado, o Muro de Berlim, considerado um dos maiores símbolos da Guerra Fria. êle impedia a passagem de pessoas do lado comunista para o lado capitalista até ser derrubado, em 1989.

Fotografia em preto e branco. Vista de uma rua dividida por um muro alto e extenso.
Muro de Berlim, na Alemanha, próximo ao Portão de Brandemburgo, 1962.

As rivalidades da Guerra Fria

As rivalidades entre o bloco capitalista e o bloco comunista provocaram uma busca cada vez mais intensa pêlo desenvolvimento econômico, tecnológico, bélico e cultural. Verifique a seguir como essas oposições se manifestaram no cenário mundial.

Espionagem

A União Soviética e os Estados Unidos utilizaram agências de espionagem para obter informações sigilosas, mantendo-se atualizados quanto às ações e às pesquisas desenvolvidas pêlo bloco rival. O Comitê de Segurança do Estado (com a sigla cá gê bê, em russo) foi o órgão de espionagem soviético, enquanto os Estados Unidos tinham a Agência Central de Inteligência (com a sigla cía, em inglês).

Corrida armamentista

Os Estados Unidos e a União Soviética investiram fortunas para aperfeiçoar cada vez mais seu arsenal bélico e suas tecnologias nucleares, com o objetivo de alcançar a supremacia bélica e militar em relação ao bloco adversário.

As duas potências travaram uma intensa competição e desenvolveram armas nucleares capazes de causar destruição incalculável, caso houvesse um conflito direto.

Corrida espacial

As décadas de 1950 e 1960 foram marcadas pêla corrida espacial, ou seja, uma intensa competição entre União Soviética e Estados Unidos para realizar viagens espaciais, como fórma de demonstrar superioridade tecnológica sôbre o bloco rival.

Em 1957, os soviéticos saíram na frente, enviando ao espaço a cadela Laika. Alguns anos depois, em 1961, o russo Iúri Gagárin tornou-se o primeiro ser humano a ir ao espaço.

Os Estados Unidos, por sua vez, enviaram uma missão tripulada à Lua, em 1969.

Fotografia. Uma pessoa usando roupas e capacete de astronauta caminha sobre o solo da Lua.
O astronauta estadunidense bâz Aldrin na Lua, em 20 de julho de 1969.

Cinema

Os Estados Unidos e a União Soviética utilizaram a indústria cinematográfica para fazer propaganda ideológica e criticar seus rivais.

Dessa fórma, os estadunidenses produziram filmes que exaltavam seu estilo de vida, mostrando o sistema capitalista como um regime capaz de garantir a prosperidade, a paz e a segurança da população.

Já os soviéticos produziram diversos filmes ressaltando a importância da união dos trabalhadores, valorizando o comunismo como um sistema político promissor, mais justo e igualitário do que o capitalista.

Esporte

Os esforços de cada uma das duas potências em demonstrar superioridade sôbre a outra também se manifestaram nos esportes. Grandes investimentos foram feitos no treinamento dos atletas, principalmente dos que participavam dos Jogos Olímpicos. O quadro de medalhas era utilizado para evidenciar o poder de cada potência.

Fotografia. Dois homens, um usando uniforme de basquete branco e o outro com uniforme vermelho, estão com um dos braços estendidos na direção de uma bola. Ao fundo, pessoas assistindo.
jôgo de basquete entre a seleção dos Estados Unidos e a seleção da União Soviética, nos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, em 1972.

A Guerra da Coreia

A península da Coreia foi um dos principais alvos do imperialismo japonês durante o início do século vinte. Assinado em 1910, o acôrdo de Anexação Coreia-Japão instalou colônias japonesas no território, dominando as terras produtivas e obrigando os coreanos a realizar trabalhos forçados. Por isso, os coreanos se aliaram aos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1945, a Conferência de Pótisdam determinou que os Estados Unidos e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) deveriam dividir a Península da Coreia em duas áreas de influência, tendo o Paralelo 38 como linha divisória. êsse processo dividiu a Coreia em duas partes, o que acabou levando à criação de dois países: ao sul, a República da Coreia, sob influência do bloco capitalista, e, ao norte, a República Popular Democrática da Coreia do Norte, sob influência do bloco socialista.

Os dois novos governos desejavam tomar o território do outro, reunificando a península sob sua liderança. Os soviéticos só retiraram suas tropas da península em 1948 e os estadunidenses, em 1949. Em 25 de junho de 1950, as tropas norte-coreanas invadiram a Coreia do Sul, com o apôio da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Dois dias depois, a Organização das Nações Unidas (ônu) determinou a intervenção estrangeira no conflito.

Durante a primeira fase da guerra, até setembro de 1950, os ataques dos norte-coreanos foram intensos, especialmente na região da cidade de Pusan. Entre setembro e outubro de 1950, as fôrças estadunidenses chegaram à Coreia do Sul e as tropas norte-coreanas tiveram de recuar, fazendo com que a China enviasse soldados para lutar a favor da Coreia do Norte.

Em três anos de conflito, mais de 2,5 milhões de combatentes e civis morreram. Em 27 de julho de 1953, foi assinado um acôrdo em Pan mundión, na Coreia do Sul, estabelecendo uma trégua entre as duas Coreias. Desde então, os dois países vivem em constante ameaça. Em dezembro de 2021, múun Jae-in, presidente da Coreia do Sul, afirmou que um acôrdo para determinar o fim definitivo do conflito começou a ser discutido entre seu país, a Coreia do Norte, a China e os Estados Unidos, buscando acabar com as hostilidades históricas entre as duas Coreias.

Fotografia em preto e branco. Soldados coreanos de pé em um veículo de guerra com a bandeira da Coreia do Sul hasteada.
Soldados da Coreia do Sul durante a Guerra da Coreia, em Suwon, Coreia do Sul, em 1950.

Coreia do Norte e Coreia do Sul (após 1945)

Mapa. Coreia do Norte e Coreia do Sul (após 1945). Mapa territorial destacando os limites internacionais das Coreias. Coreia do Norte: Porção de terra ao lado da China e pequena fronteira com a Rússia. Capital: Pyongyang. Coreia do Sul. Porção de terra banhada pelo Mar Amarelo, Estreito da Coreia e Mar do Japão/Mar do Leste. Capital: Seul. Na parte inferior à direita, planisférios destacando parte da Ásia. Acima, representação da rosa dos ventos. À esquerda, escala de 120 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. 7. edição Rio de Janeiro: í bê gê É, 2016. página 47.

A Guerra do Vietnã

Assim como na Guerra da Coreia, a rivalidade entre os blocos também fez com que Estados Unidos e União Soviética interferissem na Guerra do Vietnã. A região havia sido parte da Indochinaglossário , colônia francesa até 1940, que foi dominada pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.

Na década de 1950, o Vietnã, localizado no sudeste da Ásia, estava dividido em dois países: Vietnã do Sul, que tinha o apôio dos Estados Unidos e havia adotado o sistema capitalista; e o Vietnã do Norte, influenciado pêlo comunismo.

A partição do Vietnã (1954)

Mapa. A partição do Vietnã (1954). Mapa territorial destacando o Vietnã do Norte e o Vietnã do Sul. Vietnã do Norte: Faixa de terra fazendo fronteira com a China e o Laos. Capital: Hanoi. Vietnã do Sul: Faixa de terra fazendo fronteira com o Laos e o Camboja. Capital: Saigon. Centralizado à direita, planisfério destacando parte da Ásia. Seguido, representação da rosa dos ventos e escala de 160 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: ríguelmân, vérner; quínder, rrérman. Atlas historique. Paris: Perrin, 1992. página 512.

A tentativa de unificação do Vietnã pelos vietcongues, como eram chamados os revolucionários comunistas, gerou diversos conflitos e uma violenta reação dos governantes do Vietnã do Sul. Os Estados Unidos interferiram na guerra e enviaram aproximadamente 500 mil soldados e armamentos para apoiar o Vietnã do Sul.

Como os vietcongues conheciam bem a região, êles criavam armadilhas e emboscadas para atacar as tropas inimigas utilizando táticas de guerrilha.

As imagens da guerra circularam pêla imprensa, fazendo com que a opinião pública se manifestasse contra o conflito. Um dos principais símbolos de resistência da Guerra do Vietnã foi o campeão mundial de boxe murrãmad Ali, que foi convocado para compor as tropas e se negou a embarcar. Além disso, o exército dos Estados Unidos perdeu milhares de soldados no combate.

Com isso, em 1973, o presidente Ríchard Nixon assinou o cessar-fogo e deu início a um processo de dois anos para retirar suas tropas do território, o que foi entendido como uma vitória do Vietnã do Norte no conflito. Em 1976, o território do Vietnã foi unificado.

A expansão do comunismo

Além de manter como aliados os países do Léste Europeu, os soviéticos ampliaram sua influência em várias outras regiões do mundo, como China e Cuba.

A China comunista

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[Narrador]

China, potência do século XXI

[César]

[tom animado]

Olá, pessoal! Eu sou o César, e está começando mais um episódio do nosso podcast “De olho na História”.

[Renata]

[tom animado]

E eu sou a Renata. Sejam bem-vindos! Hoje vamos conversar sobre uma grande potência econômica: a China.

[César]

[tom animado, reflexivo]

Outro dia, reparei na frase made in China escrita no meu smartphone. Aí fiquei pensando que esses dizeres também aparecem em roupas e em muitos outros objetos.

[Renata]

[tom animado, reflexivo]

É verdade, César. Parece que muitos dos produtos que usamos em nosso dia a dia são fabricados na China.

[César]

[tom animado, reflexivo]

É curioso que, mesmo sendo um país comunista, a China fabrique tanto produto diferente para exportação.

[Renata]

[tom explicativo]

Pois é, para entender isso melhor, precisamos voltar ao início do século XX.

[César]

[tom explicativo]

Naquela época, as ideias comunistas de Marx e Engels começaram a se propagar em universidades chinesas.

[Renata]

[tom explicativo]

Entre os simpatizantes dessas ideias, estava o jovem Mao Tsé-Tung, que, em 1921, participou da fundação do Partido Comunista da China, do qual logo se tornaria líder.

[César]

[tom explicativo]

Além de realizar mobilizações populares de conscientização, os comunistas chineses ajudaram a organizar operários e camponeses.

[Renata]

[tom explicativo]

E, a partir da segunda metade da década de 1920, liderados por Mao, eles passaram a disputar o poder com o Partido Nacionalista.

[César]

[tom explicativo]

Sim, foi um conflito que durou cerca de duas décadas, até a vitória dos comunistas, em 1949, com a tomada de poder e a proclamação da República Popular da China.

[Renata]

[tom explicativo]

Nesse período, cerca de 2 milhões de pessoas se exilaram no território chinês de Taiwan, onde os nacionalistas formaram um governo autônomo.

[César]

[tom explicativo]

E, por ter sido apoiada pelos Estados Unidos, ainda hoje Taiwan se mantém independente da China continental.

[Renata]

[tom explicativo]

O governo comunista estatizou a economia chinesa e implementou um programa de reforma agrária, para distribuir terras aos camponeses.

[César]

[tom explicativo]

E deu início a um processo de industrialização, que levou milhões de trabalhadores a abandonar a produção agrícola para se dedicar à metalurgia.

[César]

[tom explicativo]

Mas essas transformações trouxeram algumas consequências ruins para a população, que voltou a enfrentar a fome.

[Renata]

[tom explicativo]

A situação só começou a mudar após a morte de Mao, em 1976, quando foram implementadas reformas que abriram o país para a economia mundial. De forma controlada, o novo governo passou a permitir a entrada de capital estrangeiro.

[César]

[tom explicativo]

Nesse processo, uma das medidas mais importantes foi a criação das Zonas Econômicas Especiais, que permitiram a instalação de indústrias multinacionais na China.

[Renata]

[tom explicativo]

Localizadas na faixa litorânea do país, essas zonas são formadas por cidades e distritos planejados para receber instalações de empresas de capital misto.

[César]

[tom explicativo]

E essas empresas têm uma série de vantagens, como: infraestrutura eficiente, baixos impostos, oferta abundante de matérias-primas, mão de obra numerosa, além do amplo mercado consumidor.

[Renata]

[tom explicativo]

Isso tudo possibilita a produção em larga escala, fazendo os preços dos produtos produzidos na China ficarem muito abaixo dos praticados em outros mercados. Hoje, o país é o que mais produz e exporta em todo o mundo.

[César]

[tom explicativo]

É bom lembrar que, no final dos anos 1990, a China recuperou os territórios de Hong Kong e Macau, que, até então, eram colônias do Reino Unido e de Portugal.

[Renata]

[tom especulativo]

É, a gente pode dizer que a China está a caminho de se tornar a grande potência mundial do século XXI, não é?

[César]

[tom explicativo]

É verdade. Mas, diante desse cenário, será que a gente pode dizer que a China se tornou capitalista?

[Renata]

[tom curioso]

Essa questão não é tão simples. Há quem diga que, na China, foi introduzido um capitalismo de Estado. Outros classificam o sistema chinês como socialismo de mercado.

[César]

[tom explicativo]

De modo geral, o que podemos dizer é que na China convivem características dos dois sistemas, não é?

[Renata]

[tom de encerramento]

Com certeza! Bem, nosso tempo está acabando.

[César]

[tom de encerramento]

Sugiro que vocês pesquisem para saber mais sobre esse país tão complexo.

[Renata]

[tom de encerramento]

Isso mesmo! Até a próxima, pessoal!

[César]

[tom de encerramento]

Até mais!

[Narrador]

O áudio inserido neste conteúdo é da Incompetech.

As ideias socialistas já circulavam na China desde o início do século vinte. Contudo, elas só se efetivaram politicamente a partir da Revolução Chinesa. êsse movimento foi comandado pêlo líder do Partido Comunista Chinês, Máo tsé tungui, em 1949. Após uma série de conflitos no país, os comunistas derrotaram os nacionalistas, que tinham o apôio dos Estados Unidos, e proclamaram a República Popular da China.

As principais medidas do novo regime foram: a coletivização da agricultura, os aumentos salariais, a nacionalização das indústrias, a adoção de uma legislação sindical, entre outras. Contudo, as desigualdades sociais na China não foram eliminadas, o que aumentou as críticas ao govêrno e, consequentemente, as perseguições aos opositores.

Em 1966, Máo deu início à Revolução Cultural para engajar a população e fortalecer o regime alinhado ao comunismo. Para isso, foram mobilizados os setores culturais, como teatro, dança, literatura e propaganda, em favor das ideias de Máo e de seu govêrno. Como instrumento doutrinador do regime, foram distribuídas edições do Livro vermelho, obra que exaltava o comunismo. Estima-se que, nessa época, cêrca de 35 mil chineses foram perseguidos e assassinados sob a acusação de não exaltarem o regime implantado por Máo.

Em 1976, com a morte do líder chinês, a Revolução Cultural se enfraqueceu e foi oficialmente abolida.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, uma mulher com os olhos na direção de um papel que ela segura com as mãos. Ao redor, há pessoas batendo palmas e sorrindo. Ao centro, cartaz com a fotografia de homem usando camisa com gola.
Pessoas lendo uma carta em homenagem a Máo na frente do comitê central do Partido Comunista, em Pequim, China, em 1966.

Os jovens da Guarda Vermelha

A Guarda Vermelha foi criada por Máo tsé tungui no contexto da Revolução Cultural para propagar os ideais revolucionários e perseguir os opositores do regime. Formada por jovens de origem camponesa e operária, a Guarda chegou a ter 11 milhões de membros.

Fotografia em preto e branco. No primeiro plano, mulheres usando casaco com botões e com os punhos levantados. Ao fundo, arquibancada com diversas pessoas sentadas.
Membros da Guarda Vermelha durante uma celebração em Pequim, na China, em 1966.

Socialismo em Cuba

Na década de 1950, Cuba, país localizado em uma ilha no mar do Caribe, no oceano Atlântico, vivia sob o govêrno ditatorial de Fulgêncio Batista, que havia tomado o poder por meio de um golpe militar. Nessa época, os Estados Unidos eram grandes importadores do açúcar produzido em Cuba e exploravam o país economicamente, pois eram donos de grandes propriedades e de parte dos setores industriais e de transportes do país.

No entanto, a população vivia em condições precárias e estava insatisfeita com a influência estadunidense no país. Nesse contexto, o advogado Fidel Castro liderou um movimento de oposição ao govêrno, proclamando os ideais socialistas, a luta armada e o fim da dependência cubana dos Estados Unidos.

No final da década de 1950, o grupo guerrilheiro de Fidel, aliado ao médico argentino Ernesto Che Guevara, organizou-se para a luta armada e resistiu ao ataque de mais de 10 mil soldados do govêrno.

Em 1959, os revolucionários empreenderam uma ofensiva, tomaram a capital, Havana, depuseram Fulgêncio Batista e instauraram um govêrno socialista em Cuba.

Glossário

Indochina
:ex-colônia francesa na Ásia, que a partir de sua independência em 1954, deu origem ao Vietnã do Sul, ao Vietnã do Norte, ao Laos e ao Camboja.
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