CAPÍTULO 15 O mundo contemporâneo

A União Soviética saiu da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) como uma grande potência econômica, liderando o bloco comunista. As intensas rivalidades com os Estados Unidos, líder do bloco capitalista, mantiveram a Guerra Fria até o fim da década de 1980.

A União Soviética

A ditadura de Josef istálin havia promovido avanços em setores como a indústria, a agricultura, a educação e a saúde. Ao mesmo tempo, seu governo foi marcado pelo autoritarismo e pela perseguição àqueles que eram considerados inimigos do regime.

Após a morte de istálin, em 1953, Nikita Cruchév governou a União Soviética até o ano de 1964. êsse período ficou conhecido como desestalinização do regime, por causa da gradativa abertura política por meio de mudanças, como o fim do trabalho forçado nos guláguis (campos de trabalho) e a flexibilização da censura.

Cruchév assumiu uma posição crítica à política de istálin, denunciando as atrocidades cometidas durante seu govêrno. Essas revelações causaram mal-estar entre os países alinhados à União Soviética. Muitos dirigentes retiraram-se do Partido Comunista e passaram a encorajar a libertação de seu país do contrôle de Moscou.

Entre outubro e novembro de 1956, estudantes e trabalhadores húngaros se manifestaram pelo fim do autoritarismo e a democratização do governo, no movimento que ficou conhecido como Levante Húngaro.

Esse movimento foi duramente reprimido pelas tropas soviéticas, deixando um saldo de milhares de mortos e feridos.

Fotografia em preto e branco. Pessoas observam a cabeça de uma escultura. Ela está amassada e ao lado de entulhos.
Húngaros derrubam a estátua de istálin em Budapeste, durante o Levante da Hungria, em 1956.

Após 1964, a União Soviética passou por um período de estagnação e, sob a liderança de Leonid Brejinéve (1906-1982), o regime comunista retomou o contrôle sôbre o bloco soviético. Nesse momento, todas as tentativas de abertura e as tendências liberais por parte dos países alinhados à União Soviética foram reprimidas pêlas tropas russas.

Os setores agrícola e industrial tiveram baixa produtividade, enquanto a população sofria com a crise de abastecimento de produtos básicos. Ao mesmo tempo, havia gastos excessivos com a produção de equipamentos militares e tecnologia espacial por causa da corrida armamentista, fator que contribuiu para agravar a crise.

As reformas soviéticas

Em 1985, Micail Gorbatchóvi assumiu o poder na União Soviética e lançou programas de reformas para modernizar as estruturas políticas e econômicas do país, com o objetivo de superar a crise. Os dois principais programas propostos em 1985 foram a perestróica e a glasnóst.

A perestróica que significa “reestruturação” em russo, foi um programa de reformas com o objetivo de diminuir a ação do Estado na economia. Com maior liberdade econômica, o govêrno soviético visava, principalmente, ampliar a produtividade e melhorar a qualidade de seus produtos. êsse programa, porém, fracassou, e a população continuou sofrendo com a falta de produtos.

Já a glasnóst que significa “transparência” em russo, tinha como objetivo permitir maior transparência e liberdade política no país. Uma série de medidas foi tomada, como o fim da perseguição aos opositores do govêrno, a abolição da censura e a libertação de presos políticos.

O fracasso da perestróica e o sucesso da glasnóst contribuíram para aprofundar a crise na União Soviética. Os problemas econômicos soviéticos tornaram-se cada vez mais graves, e a maior liberdade política permitiu o aumento de críticas e manifestações contra a situação do país.

Selo. O primeiro: À esquerda, texto em russo. À direita, ilustração do busto de um soldado. Ao fundo, silhueta de pessoas. O segundo: À esquerda, texto em russo  e ilustração de militares com armas. À direita, ilustração de pessoas em pé na frente de um edifício.
Selos que circularam na União Soviética nos anos 1980.

O fim dos regimes socialistas na Europa Oriental

Entre o final da década 1980 e o início da década de 1990, diversos países socialistas do Léste Europeu, como a Hungria, a Polônia e a Bulgária, iniciaram um processo de transição para o sistema capitalista. Na maioria dos casos, essa transição ocorreu de maneira pacífica, porém em alguns países, como a Romênia e a Iugoslávia, houve conflitos violentos.

Um dos primeiros países socialistas a fazer a transição para o capitalismo foi a Polônia, com a organização do sindicato Solidariedade, formado por operários e intelectuais.

No final da década de 1980, o Solidariedade liderou uma série de greves, forçando o govêrno polonês a reconhecer as reivindicações dos trabalhadores e a legalidade da organização, que se tornou um partido político de grande expressão na defesa da abertura política e econômica no país.

Fotografia. Várias pessoas em uma manifestação. Ao centro, um cartaz.
Passeata liderada pêlo Solidariedade em Gdansk, na Polônia, em 1987.

A queda do Muro de Berlim

Um dos maiores símbolos da Guerra Fria, o Muro de Berlim, na Alemanha, separava a cidade em dois lados: o lado Ocidental, capitalista, e o lado Oriental, comunista.

A repercussão das reformas e das mobilizações ocorridas na União Soviética encorajou a organização de manifestações na Alemanha Oriental no fim da década de 1980, pedindo a reunificação do país e o retôrno à democracia.

Em novembro de 1989, a população forçou a abertura das fronteiras e começou a derrubar o Muro. No ano seguinte, a Alemanha foi reunificada sob um regime democrático de govêrno.

O mundo após a Guerra Fria

Sem perspectiva de conseguir reverter a crise, em dezembro de 1991, os dirigentes soviéticos anunciaram o fim da União Soviética. Sua queda representou o término da Guerra Fria.

Durante as décadas de 1990 e 2000, configurou-se uma nova organização política e econômica mundial. O comércio entre países do mundo todo aumentou, permitindo mais agilidade nas transações comerciais e financeiras, o que contribuiu para uma integração cada vez maior dos mercados. Nesse contexto, houve o crescimento econômico de países como a China e de blocos econômicos como a União Europeiaglossário .

Além disso, foram criados outros blocos econômicos, como o Mercado Comum do Sul (Mercosúl), formado em 1991 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, além da Venezuela, a partir de 2012.

Fotografia. Destacando o busto de um homem com cabelos grisalhos usando terno. Ele está com o braço direito estendido para cima. Atrás, três pessoas usando ternos. Seguido, pessoas segurando câmeras fotográficas.
Bóris Iéltsin ao deixar local de votação em Moscou durante as eleições presidenciais que o tornariam o primeiro presidente da Rússia após o fim da União Soviética, em 1991.

Conflitos separatistas

Com a queda do socialismo na Europa, diversas repúblicas da ex-União Sovié­tica buscaram a independência política e econômica. Um dos casos mais conhecidos ocorreu na Iugoslávia, uma federação socialista formada por seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Macedônia, Eslovênia, Montenegro e Bósnia e Herzegóvina.

Em 1991, Eslovênia, a Croácia e a Macedônia declaram a sua independência, no entanto, o presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, que desejava manter a integridade da Iugoslávia, reagiu militarmente dando início a uma sangrenta guerra civil, envolvendo outras repúblicas iugoslavas e provocando a morte de centenas de milhares de pessoas. No final dos conflitos, os países que formavam a Iugoslávia tornaram-se independentes.

Fotografia. Três pessoas caminhando sobre escombros de um edifício.
Vukovar, cidade da Croácia, após bombardeio feito pêla aviação iugoslava, em novembro de 1991.

O mundo globalizado

Atualmente vivemos em um novo período da História contemporânea, marcado pêla globalização. êsse conceito, usado para analisar as relações de interdependênciaglossário política e econômica entre os países, adquiriu maior importância após o fim da União Soviética.

Nesse contexto, os sistemas capitalistas se expandiram, iniciando uma integração global intensificada pêlo desenvolvimento tecnológico e pêla expansão das redes de transporte e de telecomunicações. Assim, o mundo globalizado é caracterizado pêla expansão e compartilhamento de informações, pêlo grande volume de transações econômicas e pêlo intercâmbio cultural entre diferentes países.

Cena de filme. No primeiro plano, uma menina com cabelos na altura do ombro, usando camiseta e short, está correndo sobre uma ponte de madeira. Atrás, diversas pessoas paradas acenando para ela.
Cena da animação A viagem de chirriru, do diretor Hayao Miyazaki, feita no Japão em 2001.

   A globalização e o avanço tecnológico ampliaram o acesso às produções culturais de outros países, como filmes, séries e músicas. Ao mesmo tempo, ela tem contribuído para enfraquecer regionalismos e práticas tradicionais de muitos países.

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Questão 1.

Você costuma consumir produções culturais de outros países, como filmes, séries e música? Em caso positivo, comente sôbre elas com os colegas.

Os efeitos da globalização

A integração econômica proporcionada pêla globalização possibilitou uma expansão das empresas multinacionais, que aumentaram seu mercado, muitas vezes formando grandes monopólios. Essa situação gera problemas como a concentração de renda em determinados setores da sociedade, provocando a elevação das desigualdades sociais. Mesmo nos países considerados desenvolvidos encontram-se grupos marginalizados, formados por desempregados e trabalhadores informais.

O processo de globalização também aumentou os fluxos migratórios. Nos países mais desenvolvidos, a chegada de muitos imigrantes vindos de países pobres ou em conflito aumentou a xenofobia, principalmente de grupos de extrema-direita.

A revolução digital

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Questão 2.

Em sua opinião, de que maneira a internet transformou o cotidiano das pessoas ao redor do mundo?

Ainda durante o período da Guerra Fria, principalmente a partir da década de 1960, teve início um intenso desenvolvimento de tecnologias de transmissão de dados e de informações a longas distâncias. No final do século vinte, os computadores se popularizaram e houve o advento da rede mundial de computadores, a internet.

Essa integração dos usuários em uma rede de compartilhamento de informações foi um dos maiores passos para a efetivação da revolução digital, que alterou profundamente a fórma como muitas pessoas se comunicam no dia a dia e impulsionou a globalização.

Mundo conectado

Atualmente, com o acesso à internet, é possível a comunicação por meio de vídeos, áudios e mensagens instantâneas entre pessoas em várias partes do mundo, permitindo novos tipos de interações sociais.

Além disso, algumas sociedades que antes eram consideradas isoladas passaram a ter mais contato com a tecnologia, podendo, assim, expressar-se e compartilhar informações sôbre sua cultura para um público mais amplo. Alguns povos indígenas que vivem no Brasil, por exemplo, desenvolvem sites com o objetivo de divulgar seus conhecimentos e expor suas ideias.

Com criatividade, podemos encontrar fórmas inovadoras de nos comunicarmos e de divulgarmos no espaço virtual informações sôbre nosso povo e nossa cultura.

O jôgo gratuito Huni Kuin: os caminhos da jiboia é um projeto desenvolvido por uma equipe de pesquisadores em parceria com indígenas caxinauá. êsse jôgo possibilita conhecer histórias, mitos, cantos e rituais pertencentes à riqueza cultural indígena da Amazônia.

Página de internet. Na parte superior, à esquerda, o nome do site: Huni Kuin. Ao lado, barra de menu. Seguido, cartaz com a ilustração de uma floresta com o texto: HUNI KUIN.
Página inicial do site de divulgação do jôgo Huni Kuin.

O Marco Civil da Internet

A Lei norteº .12965/14, conhecida como o Marco Civil da Internet, tem a função de regular o uso da internet ao estabelecer garantias, princípios, direitos e deveres em sua utilização no Brasil.

Durante a sua elaboração houve um debate público a respeito do tema, envolvendo sociedade civil, empresas e representantes de diferentes áreas do conhecimento. êsse debate originou o projeto de lei que, após algumas modificações, resultou no Marco Civil como êle foi aprovado.

O Marco Civil garante a todos a liberdade de expressão na internet. dêsse modo, os usuários têm o direito de expressar suas opiniões e ideias na rede sem serem censurados, e são êles os responsáveis pêlas publicações que fazem, e não os provedores que abrigam tais conteúdos. No entanto, quando determinada publicação tiver seu conteúdo considerado ofensivo por alguém, pode ser retirada da internet por meio de ordem judicial para que seja feita a comprovação ou não da ofensa.

Fotografia. Homens e mulheres segurando uma grande faixa com o texto: MARCO CIVIL DA INTERNET. Democracia SIM! Corporações NÃO!
Comemoração da aprovação da Lei do Marco Civil da Internet no plenário do Senado, em Brasília, Distrito Federal, em 2014.

Ficou decidido, porém, que existem exceções, como em casos de racismo, de violência ou de outros conteúdos que infrinjam a lei, cujas postagens poderão ser excluídas sem a necessidade do acionamento da justiça.

Foi regulamentado pêlo Marco Civil que os provedores não podem fornecer dados e informações dos usuários sem o consentimento e a autorização deles. Dessa fórma, empresas que vendem essas informações para fins de publicidade podem ser investigadas e até mesmo punidas.

Fake news e desinformação no mundo virtual

A disseminação das tecnologias de comunicação e a ampliação do acesso à internet facilitaram a comunicação e a interação entre as pessoas. No entanto, um dos problemas decorrentes dêsse acontecimento foi a proliferação de notícias falsas, mais conhecidas como fake news.

As fake news geralmente são compartilhadas na internet, principalmente nas redes sociais, como se fossem verdadeiras. Contudo, elas não correspondem à realidade dos fatos e podem até conter dados falsos ou informações parcialmente verdadeiras.

Quando compartilhadas por inúmeras pessoas, as fake news propagam a desinformação.

Cartaz. Na parte superior, o texto: Pense antes de clicar, pense antes de compartilhar. Abaixo, ilustração de um papel com desenho de um vírus e um botão de compartilhamento. Ao lado, há o texto: Informações falsas, desconfiança, pânico... tantas coisas estão sendo espalhadas sobre a COVID-19!
Mensagem veiculada pêla unêsco para combater as fake news e a desinformação.

O problema da desinformação na internet

A desinformação é caracterizada como um conjunto de ações que visam alterar a informação circulante e mudar a visão da realidade. Por trás dessas ações, há interêssis de grupos privados ou políticos, por exemplo, que buscam criar uma certa imagem sôbre determinado tema, indivíduo ou grupo de pessoas, geralmente para prejudicar sua reputação.

Atualmente, diversos jornalistas, ativistas digitais e pesquisadores defendem campanhas educativas para combater êsse problema, que vem alcançando graves proporções. Nesse contexto, surgiram as agências de fact checking (checagem de fatos), que se dedicam à verificação de dados e à checagem de fatos como fórma de combater as fake news e a desinformação, identificando imprecisões, erros e mentiras que circulam principalmente na internet.

Ilustração. Um pinguim segurando uma lupa. Seguido, o nome da agência: LUPA.
Logotipo da Agência Lupa, a primeira agência de fact checking do Brasil.

O terror global

Alguns grupos extremistas religiosos adotam medidas radicais e tentam impor suas ideias por meio da violência e da luta armada. Grupos como esses também são influenciados por um sentimento de oposição aos valores ocidentais, que é decorrente da política de dominação imperialista que prevaleceu ao longo dos séculos dezenove e vinte e ainda hoje causa impactos em diversos povos e nações.

O problema do terrorismo

Uma das medidas radicais empreendidas por esses grupos fundamentalistas é o ataque terrorista. O terrorismo ocorre quando há uso da violência para intimidar uma população ou govêrno, a fim de atingir objetivos políticos. Esses atos terroristas têm a finalidade de gerar grande repercussão na mídia e chamar a atenção do maior número possível de pessoas para as causas defendidas por esses grupos.

Os grupos terroristas desenvolvem suas ações por meio de atos de extrema violência e agressão moral, como sequestros e ataques com explosivos e/ou armas de fogo. Um dos atentados terroristas mais marcantes ocorreu no dia 11 de setembro de 2001, quando aviões comerciais foram sequestrados pêla organização fundamentalista islâmica Al Caeda para se chocarem contra as duas tôrres do World Trade Center, um importante centro econômico e empresarial estadunidense, localizado na cidade de Nova York. Enquanto isso, outro avião sequestrado atingiu o Pentágono, próximo a uóshinton, séde do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Esses ataques causaram a morte de cêrca de 3 mil pessoas e feriram outras 6 mil.

Fotografia. Dois prédios altos e parecidos. Eles estão pegando fogo com muita fumaça.
Momento da explosão das chamadas tôrres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, Estados Unidos, em 2001.

Os Estados Unidos e a guerra ao terror

Depois dos atentados de 2001, o então presidente dos Estados Unidos, djêordji W. búch, fez um anúncio que ficou conhecido como “declaração de guerra ao terrorismo”, adotando uma política de combate aos grupos terroristas. Diversos países europeus também aderiram a essa política, como a Alemanha e o Reino Unido.

A partir de então, medidas de vigilância e de monitoramento de estrangeiros foram intensificadas, principalmente em aeroportos e nas fronteiras dêsses países. Além disso, nos Estados Unidos, os serviços de inteligência ampliaram a super­visão da própria população estadunidense.

Atualmente, muitas pessoas são contrárias a êsse contrôle rigoroso, pois afirmam que sua liberdade civil acaba comprometida.

   Nessa charge, uma mão estadunidense segura as tôrres gêmeas, como se fosse uma caneta, e desenha alvos nos membros de uma família islâmica.

Charge. À esquerda, um homem, uma mulher e uma criança com véu no cabelo, estão com um alvo circular e vermelho nas costas. Ao lado, uma grande mão, segurando dois edifícios grandes e altos com fumaça, desenha o alvo nas costas das três pessoas. A manga do paletó da mão que segura os edifícios representa a bandeira dos Estados Unidos.
Sem título, de Carlos Latuff. Charge, 2011.

Latúfi, Carlos. Charges: Dez anos do 11 de Setembro. Opera Mundi, 11 setembro 2011. Disponível em: https://oeds.link/QZ5lvl. Acesso em: 13 abril 2022.

Os conflitos no Afeganistão e no Iraque

Em outubro de 2001, com a justificativa de que a organização islâmica Al Caeda recebia apôio do Afeganistão, os Estados Unidos invadiram o país e depuseram o regime fundamentalista Talibã, que comandava a região.

Em 2003, o govêrno estadunidense liderou, mesmo sem o avalglossário da ônu, a invasão do Iraque, com a alegação de que o país, além de apoiar grupos fundamentalistas, também possuía armas de destruição em massa. O líder iraquiano Saddam russên foi preso e condenado à morte em 2006, porém nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no país.

Fotografia. Soldados usando fardas militares e segurando armas com as mãos. Eles estão caminhando em uma rua de terra. Ao redor, pessoas caminhando.
Soldados estadunidenses patrulhando as ruas de um bairro de Bagdá, no Iraque, em 2008.

A União Europeia

Vimos que após a Guerra Fria formaram-se diversos blocos econômicos no mundo globalizado. A União Europeia (u ê), atualmente, é o mais importante deles, reunindo alguns dos países de maior economia do mundo, como a Alemanha e a França. Sua formação ocorreu em 1992 e teve como base a integração de blocos econômicos existentes no continente desde o final da Segunda Guerra Mundial, como a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e a Comunidade Econômica Europeia (cê ê ê).

Um dos principais objetivos da u ê é promover o livre comércio entre seus paí­ses-membros. A abolição de taxas alfandegáriasglossário facilita a circulação de mercadorias dentro do bloco. Além disso, a u ê permite a livre circulação de pessoas entre os países-membros. A partir de 2002, a u ê adotou uma moeda única, o euro, utilizada pêla maioria dos países do bloco.

União Europeia (1992-2018)

Mapa. União Europeia (1992-2018). Mapa territorial, destacado conforme legenda. Membros desde 1992: IRLANDA, FINLÂNDIA, SUÉCIA, DINAMARCA, ALEMANHA, HOLANDA (países baixos), BÉLGICA, LUXEMBURGO, FRANÇA, ESPANHA, PORTUGAL, ITÁLIA, ÁUSTRIA, GRÉCIA. Membros desde 2004: ESTÔNIA, LETÔNIA, LITUÂNIA, POLÔNIA, REPÚBLICA TCHECA, ESLOVÁQUIA, HUNGRIA ESLOVÊNIA Membros desde 2007: CHIPRE, ROMÊNIA e BULGÁRIA. Membros desde 2013: CROÁCIA. Países candidatos: MACEDÔNIA, SÉRVIA, MONTENEGRO, ALBÂNIA, TURQUIA e ISLÂNDIA. Zona do euro: IRLANDA, FINLÂNDIA, ALEMANHA, HOLANDA (Países Baixos), BÉLGICA, LUXEMBURGO, FRANÇA, ESPANHA, PORTUGAL, ITÁLIA, ÁUSTRIA, GRÉCIA, ESTÔNIA, LETÔNIA, LITUÂNIA, ESLOVÁQUIA, MALTA e CHIPRE. Na parte superior, à direita, planisfério destacando parte da Europa, África e Ásia. Ao lado, representação da rosa dos ventos e escala de 430 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: ATLAS Escolar í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/kn1DXM. Acesso em: 16 março 2022.

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Questão 3.

Quais países passaram a integrar a UE após 1992?

Imigrantes e refugiados na Europa

Atualmente, um dos principais desafios da u ê é o de lidar com a grande quantidade de imigrantes e refugiados no continente. Por diferentes motivos, como a desigualdade existente entre países ricos e pobres, além de guerras no país onde vivem, muitas pessoas saem do seu país de origem em busca de melhores condições de vida.

Desde 2015, por exemplo, milhares de refugiados sírios têm se dirigido para o continente europeu para escapar da guerra civil travada em seu país. No entanto, por causa das dificuldades da viagem, muitos deles morrem antes mesmo de chegar ao seu destino.

Muitos refugiados afegãos também buscaram asilo em países da Europa a partir de 2021, quando os fundamentalistas do Talibã assumiram o govêrno do Afeganistão após as tropas estadunidenses se retirarem do país no mesmo ano.

Em 2022, por conta dos conflitos políticos e territoriais entre a Rússia e a Ucrânia, mais de 1 milhão de ucranianos deixaram o seu lugar de origem e se refugiaram em outros países da Europa ainda na primeira semana de guerra.

Entre esses imigrantes e refugiados, muitos ainda enfrentam outros problemas, como o desemprêgo e a discriminação, principalmente os de origem não europeia.

Fotografia. Mulheres usando tecido na cabeça, homens usando camisa e túnica, e crianças. Eles estão de costas, segurando sacolas e caminhando em fila. Ao fundo, algumas cadeiras.
Refugiados afegãos em fila para entrarem na cidade de Rota, na Espanha, em 2021.

Xenofobia e intolerância

Com a crise econômica, houve um crescimento da xenofobia na Europa. Diversos casos de violência e discriminação contra estrangeiros ocorreram nos últimos anos.

Grupos radicais, como os que se identificam com o neonazismo, não aceitam a imigração de pessoas de culturas diferentes. Esses grupos, assim como partidos políticos de extrema-direita, culpam os imigrantes pêla crise e por outros problemas, como o desemprêgo e a criminalidade.

No entanto, apesar da intolerância dêsses grupos, diversos países europeus têm recebido os imigrantes, integrando-os à sociedade sem prejuízos à sua economia.

A América Latina no século vinte e um

Durante a primeira década do século vinte e um, de modo geral, os países da América Latina passaram por um período de desenvolvimento social e crescimento econômico.

Um dos crescimentos mais marcantes ocorreu na Venezuela durante o govêrno de Hugo Chávez, entre 1999 e 2013. Em parte, seu govêrno foi caracterizado pêlo aumento da presença do Estado na economia e no desenvolvimento de programas sociais para redução da pobreza em seu país.

Chávez nacionalizou empresas privadas que exploravam setores estratégicos, como petrolíferas, siderúrgicas, elétricas e de telecomunicações.

Embora Hugo Chávez seja lembrado por suas políticas nacionalistas e de combate à pobreza, êle também foi visto por muitos como um ditador, com um govêrno marcado pêla centralização do poder, pêla perseguição aos seus opositores e pêla censura aos meios de comunicação.

Outros países da América Latina, como Argentina, Chile e Brasil, iniciaram governos caracterizados como centro-esquerda no início do século vinte e um. Esses governos foram marcados pêla busca do equilíbrio entre a realização de políticas sociais e a boa relação com os setores neoliberais, compostos principalmente pêlas elites industriais e empresariais, com destaque para o agronegócio.

Assim, ao mesmo tempo em que esses governos promoviam programas de combate à pobreza e às desigualdades sociais, favoreciam também as elites, oferecendo-lhes subsídios, isenção de impostos, renegociação ou perdão de dívidas, entre outros, visando também atrair investidores e o capital estrangeiro, promovendo o desenvolvimento econômico na região.

Fotografia. Vários Homens usando terno. Eles estão de pé com as mãos levantadas.
Chefes de Estado da América Latina durante a 29ª Cúpula do Mercosúl (Mercado Comum do Sul), em Montevidéu, Uruguai, em 2005.

A produção de commodities e as bolsas de valores

Na lógica econômica contemporânea, os preços das matérias-primas de exportação são estipulados por questões de mercado, principalmente pêla oferta e procura.

Por serem produtos procurados por indústrias de todo o mundo, produzidos em larga escala e com determinados padrões de qualidade, essas matérias-primas são chamadas de commodities, palavra da língua inglesa que significa mercadorias.

No início do século vinte e um, houve uma grande procura de commodities para abastecer as indústrias de outros países, principalmente os Estados Unidos da América e países da Europa. êsse contexto favoreceu os países latino-americanos produtores de commodities.

A crise econômica

Apesar do desenvolvimento econômico e social alcançado pelos países latino-americanos, no final da primeira década do século vinte e um, apareceram os primeiros sinais de crise, iniciada já nos Estados Unidos da América desde 2008.

Países importadores europeus e os Estados Unidos da América passaram a comprar menos matéria-prima, prejudicando a principal atividade econômica da América Latina, a exportação de produtos agrícolas (soja, milho, trigo, cana-de-açúcar etcétera), e de produtos minerais (carvão, minério de ferro, petróleo etcétera).

Fotografia. Vista aérea. Três colheitadeiras em uma plantação.
Colheita de soja em propriedade agroexportadora na Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, em 2022.

O aumento dos problemas sociais

Com a sua principal atividade econômica prejudicada, vários países latino-americanos entraram em crise.

De modo geral, sem capital, muitos investimentos na área social foram reduzidos ou cortados, prejudicando a população mais pobre, gerando grande insatisfação. As elites também se sentiram prejudicadas, pois, com a queda do poder de consumo da população, muitas empresas e indústrias passaram a produzir e vender menos.

Assim, os governos de centro-esquerda ou de esquerda moderada passaram a sofrer cada vez mais críticas, principalmente dos setores mais ricos da sociedade e da classe média.

A crise política e econômica na Venezuela

Embora o fenômeno da crise econômica e política tenha atingido toda a América Latina, um dos países que mais sofreu com essa situação foi a Venezuela.

O sucessor de Hugo Chávez, Nicolás Maduro, não conseguiu atenuar os efeitos da crise. A principal commodity produzida na Venezuela era o petróleo, que apresentou preços muito baixos durante seu govêrno.

Em 2018, mesmo com uma inflação de mais de 800% ao ano, insumos básicos como alimentos, produtos de higiene pessoal e remédios faltavam nas prateleiras de farmácias e mercados.

êsse contexto de crise gerou, na Venezuela, e em outros países da América Latina, uma situação de grande insatisfação popular, e de polarização política, uma vez que permitiu o fortalecimento da oposição, formada por partidos de centro direita e direita, dividindo a população entre apoiadores e opositores do govêrno.

Fotografia. Vista aérea. Várias pessoas vestindo boné cor laranja. Ao centro, algumas bandeiras da Venezuela.
Manifestação popular contra o govêrno de Nicolás Maduro, em Caracas, Venezuela, em 2019.

Glossário

União Europeia
: bloco econômico atualmente formado por 27 países europeus.
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Interdependência
: dependência mútua, recíproca.
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Aval
: apôio, aprovação.
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Taxa alfandegária
: imposto cobrado sôbre produtos importados e exportados.
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