UNIDADE 1 Brasil República
Respostas e comentários
Professor, professora: Pergunte aos alunos se êles sabem o que significa república. Na sequência, explique-lhes que se trata de uma fórma de govêrno em que o poder político é exercido por tempo limitado por representantes eleitos pelos cidadãos.
• A foto de abertura da unidade retrata as transformações econômicas e políticas que estavam acontecendo no Brasil desde o final do século dezenove, sobretudo no Rio de Janeiro. A capital federal passava por um período de reformas urbanas, promovidas pêlo prefeito da cidade, Pereira Passos, com o apôio das elites políticas e econômicas e do então presidente da República, Rodrigues Alves. Converse com os alunos sôbre as informações indicadas a seguir.
A avenida apresentada na foto foi inaugurada em 1905, servindo como via de ligação entre o centro e outras regiões da cidade. Em 1912, seu nome foi mudado para avenida Rio Branco.
É possível observar nas calçadas da avenida postes de iluminação elétrica.
É notória a expressiva presença de homens andando na avenida. Naquela época, não era comum ver mulheres em público sozinhas. Além disso, suas vestimentas indicam que pertenciam a grupos sociais favorecidos.
Foram feitos calçamentos e calçadas na rua, propiciando a circulação de automóveis e pessoas.
Há edifícios e veículos automotores, os quais começavam a circular com maior frequência no Rio de Janeiro.
• Como uma fórma diferente de iniciar o estudo desta unidade, peça aos alunos, previamente, que pesquisem fotos antigas e atuais dessa avenida da cidade do Rio de Janeiro. êles podem pesquisar imagens de diferentes épocas, desde quando ainda era avenida Central até os dias atuais, momento em que é denominada avenida Rio Branco. Peça que comparem os cenários do passado com os atuais e conversem sôbre as mudanças que verificarem.
A virada do século dezenove para o vinte foi marcada por acontecimentos que determinaram novos rumos para a sociedade brasileira. Foi nessa época, por exemplo, que o Brasil deixou de ser um Império e tornou-se uma República.
Nesta unidade, vamos estudar como a urbanização, as novidades tecnológicas e os ideais de modernidade transformaram o cotidiano de parte da população do país.
Iniciando a conversa
- Do século dezenove para o século vinte, várias cidades brasileiras foram modernizadas. Seguindo padrões europeus, as ruas foram ampliadas e pavimentadas, permitindo, assim, a circulação dos primeiros automóveis. Procure identificar esses elementos na foto.
- Na avenida retratada, percebe-se a presença predominante de homens. Você sabe por quê? Converse com os colegas sôbre isso.
- O que é uma república? Converse com os colegas sôbre as características dêsse sistema político implantado no Brasil no final do século dezenove.
Agora vamos estudar...
- as transformações que ocorreram no Brasil durante os primeiros anos da República;
- as principais mudanças econômicas, sociais e culturais vivenciadas pêla população do país nesse período;
- as mobilizações sociais ocorridas no campo e nas cidades nesse período.
Respostas e comentários
Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.
Respostas
1. É possível identificar a rua larga e pavimentada, os automóveis circulando por ela e os postes de iluminação elétrica.
2. Resposta pessoal. Incentive os alunos a refletir sôbre o porquê de a quantidade de homens ser muito maior que a de mulheres nesse espaço. Leve-os a perceber que, naquela época, as mulheres não costumavam andar sozinhas na rua e, quando frequentavam locais públicos, geralmente o faziam acompanhadas de um homem.
3. Uma República é a fórma de govêrno na qual o povo elege representantes que por êle governem. Permita aos alunos que manifestem seus conhecimentos a respeito do conceito de República e incentive-os a estabelecer relações entre seu significado no passado e no presente. É possível que muitos dos conhecimentos deles sejam relacionados à atualidade.
CAPÍTULO 1 República: os primeiros anos
Desde o final do século dezenove, fatores políticos, econômicos, sociais e culturais acarretaram grandes transformações na sociedade brasileira. Um dêsses fatores foi a expansão da cafeicultura no Brasil. Nessa época, o café tornou-se o nosso principal produto de exportação, o que favoreceu a formação de uma oligarquiaglossário cafeeira na atual Região Sudeste do Brasil.
A Proclamação da República
Nesse período, os grandes cafeicultores buscavam maior participação política e estavam insatisfeitos com o govêrno monárquico. êles criticavam abertamente o imperador dom Pedro dois e defendiam a implantação de uma república no Brasil.
Além disso, com a participação do Brasil na Guerra do Paraguai (1864-1870), o país ficou endividado e o govêrno foi obrigado a tomar empréstimos estrangeiros, o que gerou um aumento dos impostos. Os militares, por sua vez, saíram da guerra com grande prestígio e também passaram a exigir maior participação política.
Assim, com o apôio da oligarquia cafeeira, o marechal Deodoro da Fonseca liderou grupos de militares que simpatizavam com as ideias republicanas e, no dia 15 de novembro de 1889, proclamou a República no Brasil. O país, então, passou a ser governado por um presidente, e não mais por um imperador.
Respostas e comentários
Objetivos do capítulo
- Compreender as principais mudanças que ocorreram no Brasil nos primeiros anos da República.
- Perceber como foi a atuação das oligarquias durante a Primeira República.
- Analisar as reformas urbanas ocorridas no início do século vinte.
- Conhecer e analisar as transformações culturais do contexto histórico do final do século dezenove e início do século vinte.
Justificativas
Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes para que os alunos reconheçam a importância do processo de implantação da República brasileira, observando as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais do período, o que favorece o trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih zero um.
Os alunos também conhecerão e analisarão o processo de modernização e urbanização das cidades no período, as transformações culturais cotidianas e as novas propostas artísticas da República, abordagem que contribui para desenvolver as habilidades ê éfe zero nove agá ih zero cinco e ê éfe zero nove agá ih zero nove.
- A abordagem do contexto político e social da Proclamação da República possibilita o desenvolvimento da Competência específica de História 1. Ao conhecer os interêssis de diferentes grupos, como os dos cafeicultores, é possível entender os mecanismos de poder e como essas relações refletiam nas decisões políticas e sociais do Brasil.
- Diga aos alunos que o ideal republicano no Brasil manifestou-se já na Colônia, trazido com as ideias iluministas do século dezoito e influenciado pêlas independências tanto dos Estados Unidos como das colônias espanholas no século . Em movimentos como a Conjuração Mineira já se propunha a instalação de uma República (de Minas Gerais), que, apesar de ampliar direitos de cidadania, não defendia o fim da escravidão. Entretanto, apesar dessas manifestações ao longo da dezenove História, foi só na última década do século dezenove que a ideia de derrubar o regime monárquico, substituindo-o pêlo republicano, tomou corpo, principalmente após a Guerra do Paraguai (1864-1870) e impulsionada pêlas crises políticas do período.
A consolidação do poder republicano
Após a Proclamação da República, foi instituído um govêrno provisório (1889-1891) sob a liderança de Deodoro da Fonseca. êsse govêrno tinha como objetivos consolidar o sistema republicano, realizar eleições para presidente da República e convocar uma Assembleia Constituinte para elaborar uma nova Constituição.
Principais características da Constituição de 1891
A primeira Constituição republicana foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891 e, entre diversas leis, garantia:
- maior autonomia às províncias, que passaram a se chamar estados;
- o sistema presidencialista de govêrno;
- a divisão dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário;
- o direito de voto aos cidadãos brasileiros maiores de 21 anos. No entanto, mulheres, analfabetos, pessoas em situação de rua e soldados não podiam votar;
- a separação entre a Igreja e o Estadoglossário .
O jôgo de poderes
Os protagonistas do processo que levou à Proclamação da República não formavam um grupo coeso. Os militares e os políticos, divididos ideologicamenteglossário entre liberais e positivistas, tinham visões opostas de como organizar o poder.
Os adeptos do modêlo liberal, que esteve na base da Constituição aprovada, desejavam consolidar uma República federativaglossário , em que os estados teriam maior autonomia. Já os que seguiam o modêlo positivista, cuja maioria era de militares, defendiam um tipo de govêrno centralizado e ligado aos ideiais de modernização e de desenvolvimento.
Respostas e comentários
• Entre as questões (militar, política, social) que abalaram o final da monarquia brasileira, destacou-se também a questão religiosa. Houve um conflito entre o poder imperial e a Igreja católica quando os bispos D. Vital e D. Macedo Costa puniram irmandades que mantinham membros maçons e foram, por isso, presos e condenados a trabalhos forçados pêlas autoridades governamentais. Isso colocou em destaque a instituição do padroado, isto é, um dispositivo da Constituição imperial que dava ao imperador o poder de aceitar ou não decisões papais. A bula papal contra a maçonaria não havia sido aprovada por Pedro dois, pois a maioria das autoridades brasileiras e da elite pertencia a essa organização. Essa crise fortaleceu a proposta da separação total entre Igreja e Estado, uma característica do republicanismo.
Um texto a mais
Para expandir os conhecimentos dos alunos sôbre a implantação da República, leia para êles o texto a seguir.
reticências
Embora proclamado sem a iniciativa popular, o novo regime despertaria entre os excluídos do sistema anterior certo entusiasmo quanto às novas possibilidades de participação. O jornal Voz do Povo, também do Rio de Janeiro, cuja publicação foi iniciada menos de dois meses após a proclamação da República, referiu-se a uma nova era para operário brasileiro trazida pêlo novo regime, comparável à que foi aberta pêla Revolução de 1789. No regime antigo, segundo o articulista do jornal, os operários eram os servos da gleba, a canalha, com todos os deveres e nenhum direito. Agora, eram livres, iguais e soberanos, viam-se colocados na vanguarda do progresso da pátria. E terminava: “Saibamos ser operários e cidadãos de uma pátria livre”. reticências
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. terceira edição São Paulo: Companhia das Letras, 2004. página 12.
O positivismo no Brasil
O positivismo foi um movimento filosófico que surgiu na Europa no comêço do século dezenove. O principal pensador positivista foi o filósofo francês Auguste Comte (1798-1857).
Comte afirmava que o verdadeiro conhecimento só poderia ser obtido por meios científicos. Por isso, o positivismo valorizava o pensamento racional e científico, em vez de explicações baseadas na subjetividade das pessoas ou exclusivamente na fé religiosa.
No Brasil, diversos políticos e militares seguiram a ideologia positivista. Seus princípios influenciaram a organização do Estado republicano, como a separação entre a Igreja e o Estado, a garantia da liberdade religiosa e a instituição do casamento civil. Além disso, o lema “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”, criado por Oguíste Comte, inspirou os dizeres da bandeira do Brasil.
A primeira eleição presidencial
A primeira eleição presidencial foi realizada excepcionalmente pelos membros do Congresso formado em 1890. Sendo assim, o primeiro presidente da República, Deodoro da Fonseca, não foi eleito pêlo voto direto e popular.
Ao assumir o cargo, Deodoro da Fonseca passou a enfrentar forte resistência dos membros do Congresso, que criticavam duramente o seu conservadorismo e a centralização do poder em suas mãos.
Na tentativa de manter-se no poder, êle dissolveu o Congresso em 3 de novembro de 1891, fato que acarretou muitas reações, como greves e uma revolta militar na Marinha. Impopular e sem apôio político, Deodoro renunciou vinte dias depois da dissolução do Congresso. O vice-presidente, o marechal Floriano Peixoto, assumiu, então, o poder.
Respostas e comentários
Professor, professora: Ao abordar O positivismo no Brasil, explique para os alunos que a bandeira do Brasil foi criada e instituída após a Proclamação da República.
- Comente com os alunos que Angelo Agostini (1843-1910) foi um dos maiores artistas a representar com caricaturas as mazelas sociais do Brasil e a fazer críticas ao govêrno republicano entre o final do século dezenove e o início do século vinte. Nascido na Itália, Agostini veio para o Brasil, aos 16 anos, e passou a morar na cidade de São Paulo, onde fundou sua primeira folha ilustrada, chamada O Diabo Coxo. A partir daí, Agostini atuou como ilustrador em diversas revistas e jornais, adquirindo reconhecimento e prestígio por parte dos leitores que acompanhavam seu trabalho. Em 1876, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro e fundou a Revista Illustrada. Uma das personalidades mais representadas nas caricaturas de Agostini nessa revista foi dom Pedro dois.
- Como representação artística carregada de crítica, as charges foram amplamente utilizadas por artistas do final do século dezenove e do início do século vinte para denunciar a ordem estabelecida, o cenário político e os problemas sociais. Por meio de recursos de linguagem, como a ironia e a sátira, além do traço caricatural das personagens representadas, os artistas demonstravam sua visão sôbre o contexto político e social, publicando suas charges em jornais e periódicos que circulavam no país.
Um texto a mais
A fim de aprofundar os conhecimentos dos alunos sôbre o humor de Agostini, leia para êles o texto a seguir.
reticências
Em 1876, Angelo Agostini fundou a Revista Illustrada, que publicaria durante 22 anos, até 1898. Por opção de seu criador, a publicação buscou se manter independente e livre na produção de textos e ilustrações, contrastando com a postura de seus concorrentes. Dessa fórma, Agostini buscava se manter independente do comércio e poder dirigir suas críticas para onde bem entendesse, exercitando um jornalismo não subordinado a interêssis externos. Assim, êle se sentiu à vontade para acompanhar de perto uma fase crítica da história brasileira, o final do Segundo Império e o comêço da República, colocando-se, inclusive, de maneira crítica em relação a esta última. [...]
VERGUEIRO, Waldomiro. O humor gráfico no Brasil pêla obra de três artistas: Angelo Agostini, . jóta Carlos e Henfil. Revista da úspi, São Paulo, número 88, página 44-45, dezembro/ fevereiro 2010-2011.
Democracia para quem?
Embora a nova Constituição Federal tivesse características mais democráticas em relação à anterior, na prática, ela fortaleceu as oligarquias estaduais. Isso ocorreu porque o govêrno de cada estado passou a estabelecer as próprias políticas de cobrança de impostos e as próprias leis, desde que subordinadas à Constituição. Com maior liberdade para fazer uso do govêrno estadual a seu favor, as elites oligárquicas ampliaram ainda mais seu poder político e seu domínio econômico.
O direito das minorias
A Constituição de 1891 garantia o direito de voto a todos os cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, exceto às mulheres, aos analfabetos, às pessoas em situação de rua e aos soldados. As eleições, nessa época, podiam ser facilmente manipuladas, pois o voto não era secreto, o que levou muitas pessoas a votar, sob ameaça, em determinados candidatos ou a vender seus votos em troca de favores ou bens de consumo.
A Constituição também não promoveu avanços nos direitos indígenas. Foram apenas reafirmadas as legislações já existentes, como a Lei Imperial norteº 601 de 1850, que dá ao govêrno o direito de usar terras desabitadas para a colonização dos indígenas.
Com relação aos afrodescendentes, nenhuma política foi criada para garantir sua participação e seu bem-estar social no novo sistema republicano. Após a abolição da escravidão, êsse grupo social continuou desamparado pêla falta de políticas de inclusão.
Respostas e comentários
- O assunto tratado no boxe desta página contempla aspectos da Competência geral 1, pois possibilita aos alunos relacionar a Constituição de 1891 com a Constituição atual e analisar o que mudou ou não e o que pode ser melhorado, visando a uma sociedade mais justa e igualitária.
- O conteúdo aborda aspectos da organização social e política do Brasil, mostrando como o domínio das oligarquias sôbre os povos indígenas e sôbre os ex-escravizados, após 1888, os manteve discriminados e destituídos de direitos. êsse conteúdo, assim, possibilita o trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih zero oito.
- O conteúdo relacionado à situação histórica dos ex-escravizados após a abolição, bem como à questão indígena, presente na Constituição de 1891, pode ser abordado na perspectiva do tema contemporâneo transversal Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras. Ao discutir a situação de exclusão social e a ausência de direitos dessas populações, oriente uma reflexão dos alunos sôbre a atualidade, as conquistas efetuadas no último século e a necessidade de continuar lutando contra o preconceito e a discriminação. Comente que alguns dos caminhos para que isso aconteça são a continuidade e a ampliação das políticas afirmativas como meios de garantir o acesso às universidades, por exemplo, que são espaços ainda bastante elitizados.
O poder das oligarquias
Floriano Peixoto governou de maneira autoritária, contrariando todas as fôrças políticas dos diferentes grupos no poder, principalmente dos liberais. êle depôs governadores, suprimiu duramente revoltas civis e militares e adotou medidas rígidas para combater a crise econômica vigente.
No final do mandato de Floriano Peixoto, o civil Prudente de Morais assumiu a presidência, dando início, em 1894, ao período histórico que ficou tradicionalmente conhecido como República Oligárquica, quando o Brasil foi governado por presidentes civis que eram aliados às oligarquias latifundiárias.
Essas oligarquias tinham grande poder econômico e político e, naquela época, influenciavam na escolha dos presidentes da República.
A política dos governadores
Para estabelecer um equilíbrio entre as fôrças políticas regionais e o poder federal, o presidente Campos Sales, eleito em 1898, comprometeu-se a apoiar as oligarquias, favorecendo-as e mantendo seus privilégios, desde que os governadores dos estados garantissem apôio ao presidente da República e a suas decisões políticas. Assim, foi estabelecida a política dos governadores, um acôrdo entre as oligarquias, os governadores dos estados e o poder federal.
Respostas e comentários
• Analise com os alunos a foto que mostra um momento da colheita de café, em uma fazenda paulista no século vinte. Chame a atenção para o fato de os trabalhadores serem brancos e explique que, desde o final do século dezenove, a mão de obra imigrante, principalmente de italianos, era empregada nas fazendas paulistas. Mesmo livres, a situação dos trabalhadores permanecia penosa no país, pois os salários eram muito baixos, as jornadas muito extensas e não havia nenhuma legislação que protegesse os direitos dessas pessoas. A oligarquia continuava dominando, e apenas as bases da exploração tinham mudado.
A política do café com leite
Muitos governadores tinham o apôio dos grandes proprietários de terras, membros da oligarquia latifundiária. Também conhecidos como “coronéis”, esses latifundiários exerciam considerável poder e influência regional.
Durante as eleições, os coronéis manipulavam os resultados praticando o chamado voto de cabresto. Naquela época, o voto não era secreto e, por isso, era comum que os eleitores votassem nos candidatos indicados pelos coronéis para evitar represálias e também em troca de favores pessoais.
A fôrça política dos coronéis garantia a manutenção no poder dos representantes das principais oligarquias brasileiras.
Os estados de São Paulo e de Minas Gerais eram os mais ricos e populosos do Brasil na época. Os paulistas detinham o centro da produção cafeeira; já os mineiros, além de cafeicultores, eram grandes produtores de leite. Para garantir os polegadasteresses das oligarquias, foi estabelecida uma aliança entre o govêrno federal e os representantes dêsses dois estados, que ficou conhecida como política do café com leite (café para se referir aos paulistas e leite, aos mineiros). Com essa aliança, políticos mineiros e paulistas sucediam-se na presidência da República até o final da década de 1920.
Respostas e comentários
- O conteúdo desta página e a análise das charges de Alfredo Istorni(1881-1966) favorecem o desenvolvimento da Competência específica de História 3, pois recorrem à linguagem visual para auxiliar os alunos a construir suas próprias argumentações e hipóteses sôbre o contexto histórico com base nesses documentos imagéticos específicos.
- Na primeira charge da página, Istorni, que trabalhou em vários periódicos de grande circulação na época, entre êles as revistas O Malho e Careta, faz uma crítica ao sistema eleitoral do período, satirizando o chamado voto de cabresto. Se necessário, explique que cabresto é um tipo de arreio que pode ser feito de corda ou couro e que serve para controlar a direção de animais, como o cavalo. No caso da charge, o cabresto seria atrelado ao povo, para controlá-lo. Para representar essa situação, Istorni procurou denunciar a relação de subordinação entre os eleitores e os políticos, caracterizando as personagens da charge de acôrdo com o papel de cada uma delas.
- Já a segunda charge apresenta caricaturas que remetem aos estados de São Paulo e Minas Gerais no alto de um morro e ao lado de uma cadeira, que se relaciona à presidência da República. Os representantes de outros estados, também interessados no poder, tentam alcançar a presidência, mas não conseguem.
Atividade a mais
• A fim de aprofundar o trabalho com a leitura da primeira charge, faça uma interpretação em conjunto com os alunos, de fórma pormenorizada, apresentando-lhes os seguintes elementos:
> A soberania do povo é representada pêla mulher. Essa personagem apresenta a urna eleitoral para as outras duas.
> No centro da charge, o homem que simboliza o político parece argumentar com a soberania, enquanto puxa a outra personagem, que está presa a um cabresto.
> Para representar o eleitor, o artista faz uso do zoomorfismo, caracterizando-o metade como humano e metade como animal.
> No caso da charge, a personagem foi representada com cabeça de burro ou mula, denotando sua subordinação ao político, que o traz sob contrôle com um cabresto.
> A charge é intitulada “As próximas eleições... ‘de cabresto’”, que sintetiza a abordagem feita pêlo artista na ilustração.
Glossário
- Oligarquia
- : nesse sentido, pequeno grupo de pessoas que detém grande poder econômico e exerce forte influência no govêrno para defender os próprios interêssis.
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- Estado
- : nesse sentido, refere-se à instituição política que administra e governa uma nação.
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- Ideologia
- : conjunto de ideias ou valores referente a um indivíduo ou grupo.
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- República federativa
- : é um modêlo de Estado cuja nação é composta de diversos territórios autônomos (com suas próprias leis e govêrno), porém subordinados ao Estado.
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