UNIDADE 2 O mundo em conflito

Fotografia em preto e branco. Diversos soldados, usando capacete, casaco e mochilas, estão dentro de um buraco com sacas formando barricadas. Alguns estão segurando pás.
Soldados estadunidenses da infantaria e da engenharia em uma trincheira, em Argonne, França, em 1918.
Respostas e comentários
  • A foto de abertura da unidade foi tirada em 1918, em Argonne, uma grande floresta localizada no nordeste da França. Durante a Primeira Guerra Mundial, o local foi palco de muitas movimentações militares e batalhas foram travadas entre alemães e franceses. A foto registra a Ofensiva de Meuse-Argonne, um dos principais combates da fôrça Expedicionária Americana (AEF) durante a guerra.
  • Analise a imagem com os alunos, destacando alguns elementos, como a fisionomia dos soldados, o tipo de armamento de fogo que está sendo utilizado e a posição dos combatentes nas trincheiras.
  • Se julgar oportuno, você pode iniciar o trabalho com o tema da unidade de uma maneira diferente. Leve os alunos até a sala de informática da escola, se possível, ou disponibilize cópias das imagens apresentadas no site indicado a seguir. Nele, é possível acessar diversas fotos da Primeira Guerra Mundial, clicando na aba “Primeira Guerra Mundial”. Além das fotos, há informações complementares de soldados em combate utilizando máscaras de gás, navios e aviões de guerra, e retratos de combatentes que se tornaram famosos no período. Disponível em: https://oeds.link/6wjhTF. Acesso em: 25 março 2022.

O século vinte foi marcado por intensas transformações e também por guerras e conflitos que causaram enorme destruição e perda de milhões de vidas humanas.

Nesta unidade, vamos estudar o primeiro grande conflito do século vinte, a Primeira Guerra Mundial, e suas consequências.

Também vamos conhecer aspectos da Revolução Russa, ocorrida em 1917, e os ideais do socialismo, além da repercussão dêsse evento sôbre outros países do mundo.

Iniciando a conversa

  1. Observe a foto da abertura e responda: qual é o nome da escavação onde os soldados estão? Para que serve essa escavação?
  2. Quais motivos podem levar um país a entrar em guerra contra outro? Comente com os colegas.
  3. Em sua opinião, como é o dia a dia de pessoas que moram em um país que está em guerra?

Agora vamos estudar...

  • as fases da Primeira Guerra Mundial;
  • o conceito de “guerra total”;
  • as dificuldades e os horrores vividos pêlas pessoas durante a guerra;
  • a Revolução Russa;
  • o stalinismo.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

Ao abordar as questões 1, 2 e 3, comente com os alunos que, embora guerras tenham sido comuns ao longo da história da humanidade, suas motivações, métodos e interêssis são diferentes. Se julgar oportuno, comente algumas guerras e tensões no mundo atual, como o Talibã no Afeganistão, a Guerra no Iêmen e, mais recentemente, a guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Respostas

1. A escavação onde os soldados estão chama-se trincheira. Ela servia de abrigo para protegê-los contra os ataques inimigos.

2. Resposta pessoal. Permita aos alunos que exponham suas ideias sôbre o tema. Oriente-os a pensar também sôbre os conflitos atuais de que têm conhecimento. Assim, êles podem citar motivações, como disputas territoriais, conflitos religiosos, busca por riqueza, conflitos políticos, entre outros motivos. Aproveite a oportunidade para debater com êles a importância do diálogo, da tolerância e da solidariedade, comprometendo-os, assim, com a construção de uma sociedade justa e pacífica.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos opinem sôbre o cotidiano de uma região em guerra com base em informações com as quais tiveram contato na atualidade. É possível que êles digam que a guerra sempre traz o medo, a constante ameaça, o horror e o sofrimento para as pessoas afetadas por ela. Alguns problemas enfrentados por uma população em situação de guerra são: escassez de alimentos; bombardeios; falta de serviços essenciais; problemas de abastecimento; epidemias; perdas materiais; necessidade de deslocamento para acampamentos de refugiados; grande devastação psicológica, causada, entre outras coisas, pêla perda de entes queridos e pêla convivência constante com a mutilação, o sofrimento e a morte de muitos seres humanos.

CAPÍTULO 3 A Primeira Guerra Mundial

No final do século dezenove, a Europa vivia um período de grande entusiasmo, em parte por causa das inovações tecnológicas proporcionadas pêla Revolução Industrial. Essa época ficou conhecida como Belle Époque, expressão francesa que significa “bela época”. No entanto, as mudanças ocorridas nesse período beneficiaram principalmente os membros das elites das grandes cidades.

Apesar dêsse entusiasmo, essa época foi marcada também por rivalidades entre as potências europeias, como analisaremos a seguir.

O imperialismo e as tensões nacionalistas

Durante as últimas décadas do século dezenove, a recém-unificada Alemanha obteve grande crescimento industrial e rápido desenvolvimento de sua marinha mercantil e de guerra. Esses fatores contribuíram para acirrar a concorrência entre ela e as duas principais potências econômicas europeias do período, Inglaterra e França.

A disputa entre as potências europeias por territórios coloniais na Ásia e na África se intensificou nessa época. O crescimento industrial dêsses países os levou a buscar novos mercados consumidores para seus produtos, assim como novas fontes de matéria-prima para suas indústrias. O domínio de novos territórios coloniais era, portanto, uma solução para essas questões.

Além disso, o desenvolvimento industrial estava bastante ligado às tensões nacionalistas manifestadas na Europa no período. Nesse sentido, a indústria armamentista desempenhou importante papel, pois cada potência queria demonstrar seu poder bélico, o que gerou uma corrida armamentista entre elas.

Fotografia. Diversos homens, usando camisa e calça. Eles estão de pé, ao lado de grandes tubos de metal sobre bancadas.
Indústria armamentista em éssen, na Alemanha, em 1909.
Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Analisar os precedentes e o contexto da Primeira Guerra Mundial.
  • Compreender o conceito de “guerra total”.
  • Compreender o cotidiano e as dificuldades durante a guerra.

Justificativas

Os conteúdos abordados neste capítulo são relevantes para que os alunos reconheçam as intensas transformações vivenciadas no século vinte no que diz respeito a conflitos bélicos. Ao analisar os precedentes da Primeira Guerra Mundial, bem como seus principais aspectos, os alunos serão capazes de desenvolver questionamentos e elaborar hipóteses, relacionando acontecimentos de fórma cronológica, em contextos históricos específicos, desenvolvendo as Competências específicas de História 2, 3 e 6.

Os alunos também conhecerão e analisarão os grandes conflitos mundiais vivenciados na Europa, visando ao desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih um zero.


  • Ao contextualizar a Primeira Guerra Mundial, auxilie os alunos a identificar as origens do conflito e a refletir sôbre seus impactos nos aspectos econômicos, políticos e sociais mais importantes.
  • A abordagem do conceito de nacionalismo possibilita o desenvolvimento da Competência específica de História 1, pois permite aos alunos que conheçam os interêssis de diferentes grupos nas diversas sociedades europeias, como os das burguesias alemã e italiana, no contexto do imperialismo e do colonialismo. Esses interêssis contribuíam para o desencadeamento dos grandes conflitos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial.
  • No final do século dezenove, as políticas nacionalistas intensificaram-se na Europa e contribuíram para aumentar as rivalidades entre alguns países. Este foi um dos motivos que geraram os conflitos de 1914 a 1918. Procure explorar o conceito de nacionalismo com os alunos, levando-os a refletir também sôbre a atualidade, pois, em alguns casos extremos, as políticas nacionalistas podem acabar gerando atitudes racistas e xenofóbicas.
  • Entende-se nacionalismo como um movimento político com base na ideologia de valorização da nação, a qual está unida por certas características comuns, como língua, crenças, cultura, tradições. O nacionalismo ufanista é a exacerbação dessa ideo­logia, ou seja, êle chega a considerar o nacional algo superior e único em relação ao que é estrangeiro. êsse tipo de política caracteriza, comumente, regimes autoritários como o fascismo.

O crescimento do nacionalismo

Outro fator que contribuiu para ampliar as tensões entre os países europeus foi o forte sentimento nacionalista. êsse sentimento estimulou a formação de nações imperialistas, que buscavam expandir seu território dominando politicamente e economicamente outras nações.

Na França, o nacionalismo manifestava-se em um sentimento de revanche em relação à Alemanha desde a Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), quando os franceses perderam para os alemães a região da Alsácia-Lorena, rica em minérios.

O sentimento nacionalista também deu origem a movimentos como o pan-eslavismo e o pangermanismo, que pretendiam unir, em uma mesma nação, povos de uma mesma etnia, mas que viviam em países diferentes.

O pan-eslavismo, liderado pêla Rússia, pregava a união dos povos eslavos. Já o pangermanismo era liderado pêla Alemanha e pregava a união dos povos de origem germânica.

O estopim da Primeira Guerra Mundial

No início do século dezenove, vários países da península Balcânicaglossário eram dominados pêlo Império Turco-Otomano. No final do século dezenove, essa região foi palco de movimentos nacionalistas e de conflitos pêla independência dos países, os quais eram incentivados pêlas potências europeias, como o Império Austro-Húngaro, que tinham interêssis econômicos na região.

Os nacionalistas sérvios, que também apoiavam os movimentos de independência nos Bálcãs, tinham interêssis distintos: desejavam formar um Estado, a Grande Sérvia, que seria uma confederação de territórios sérvios e croatas. Para manter o domínio sôbre a região, os governantes austro-húngaros combatiam os nacionalistas sérvios.

No dia 28 de junho de 1914, durante uma visita oficial à cidade de Sarajevo, na Bósnia, o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando, sucessor do trono do Império Austro-Húngaro, e sua espôsa, Sofia Chotek, foram mortos por Gavrilo príncip, um estudante e nacionalista sérvio. Diante dêsse fato, no dia 28 de julho de 1914 o Império Austro-Húngaro declarou guerra contra a Sérvia.

Fotografia em preto e branco. Um homem, usando terno, está sendo carregado pelos braços por dois homens fardados.
Momento da prisão de Gavrilo príncip, após o assassinato de Francisco Ferdinando e sua espôsa, em 1914.
Respostas e comentários
  • Explique para os alunos que o nacionalismo surgiu no século dezenove em decorrência da expansão colonialista e do imperialismo: os Estados europeus capitalistas passaram a invadir e a dominar extensas áreas produtoras de matérias-primas para a indústria e fornecedoras de mão de obra barata. Para justificar essa política, foram desenvolvidas teorias sôbre a superioridade do homem branco europeu “civilizado” e com o dever de “salvar” populações tidas como “atrasadas” da “barbárie”. O colonialismo do século dezenove está na origem dos conflitos mundiais do século vinte, os quais podem ser entendidos como um embate entre nações capitalistas pêla divisão das áreas coloniais. Colonialismo e imperialismo são as duas faces da mesma moeda: a expansão capitalista, justificada pêlo nacionalismo.
  • Comente com os alunos que os conflitos da Primeira Guerra Mundial se desenvolveram em seis frentes, também chamadas “teatros de operações”, das quais duas eram principais e quatro eram secundárias. A Frente Ocidental é considerada uma das mais importantes e compreendeu os territórios da França, da Bélgica e da região do Mar do Norte. A Frente Oriental situava-se nos territórios russos, poloneses e da Prússia oriental (atualmente, parte da Polônia). As outras frentes ficavam nas regiões dos Bálcãs, do Império Turco-Otomano, na Itália e no Oriente Médio.

Atividade a mais

  • Neste momento, para contextualizar os alunos e explorar o saber geográfico, utilize um mapa-múndi para que êles identifiquem no mapa a localização das frentes de guerra e dos principais confrontos. Incentive os alunos, primeiramente, a identificar no mapa os países envolvidos no conflito.
  • Na sequência, promova questões de delimitação, localizando algumas fronteiras e enfatizando como eram diferentes das que existem atualmente.
  • Ainda é possível localizar, com a turma, países que não existiam, mostrando como as fronteiras são dinâmicas e sua construção é influenciada por uma série de fatores, inclusive guerras.
  • Após êsse trabalho com o mapa, elabore com a turma uma linha do tempo sôbre a Primeira Guerra Mundial. Em papel kraft, organize a estrutura temporal e solicite aos alunos que a preencham com os acontecimentos da época dêsse conflito armado à medida que avançam no estudo do capítulo.

A guerra declarada

A declaração de guerra mobilizou países aliados de ambos os lados. A Rússia, aliada da Sérvia, movimentou suas tropas. A Alemanha, aliada do Império Austro-Húngaro, interveio, exigindo que a Rússia desmobilizasse suas tropas. Como não houve resposta, a Alemanha declarou guerra à Rússia.

Até novembro de 1914, a situação era a seguinte: a Rússia, a França e a Grã-Bretanha estavam unidas no bloco chamado Potências da Entente ou Aliados. O Império Austro-Húngaro, a Alemanha e a Itália pertenciam ao bloco que ficou conhecido como Potências Centrais, porém a Itália se manteve neutra no início do conflito e a partir de maio de 1915 passou a apoiar o bloco Potências da Entente. A guerra entre esses países durou quatro anos e contou com o envolvimento de outros países.

Os blocos na Primeira Guerra Mundial em 1914

Mapa. Os blocos na Primeira Guerra Mundial em 1914. Mapa territorial destacado conforme a legenda: Potências Centrais: ALEMANHA e IMPÉRIO AUSTRO-HÚNGARO. Aliados da Entente (Potências da Entente): IMPÉRIO RUSSO, SÉRVIA, MONTENEGRO, FRANÇA, e REINO UNIDO. Países neutros: ESPANHA, SUÍÇA, HOLANDA, BÉLGICA, DINAMARCA, NORUEGA, SUÉCIA e ALBÂNIA. Estados neutros que depois se uniram às Potências Centrais: BULGÁRIA e IMPÉRIO TURCO-OTOMANO. Estados neutros que depois se uniram às Potências da Entente: PORTUGAL, ITÁLIA, ROMÊNIA e GRÉCIA. No canto superior, à esquerda, planisfério destacando parte da Europa e África. Abaixo, representação da rosa dos ventos e escala de 370 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: róbisbáum, ériqui J. A era dos impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. página 486.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

De acôrdo com o mapa, quais países europeus se mantiveram neutros ao longo de todo o conflito?

As fases da guerra

As agressões tiveram início ainda em agosto de 1914, com a invasão alemã a Luxemburgo e à Bélgica, marcando a primeira fase da guerra, que durou até novembro de 1914. Nessa fase, conhecida como Guerra de Movimento, houve enorme deslocamento de tropas, principalmente alemãs e francesas.

A segunda fase, conhecida como Guerra de Posição ou Guerra de Trincheiras, começou em 1915 e durou até o final do conflito, em 1918. Essa fase se iniciou com a instalação de trincheiras, que possibilitou condições de combate até o final da guerra.

Respostas e comentários

Questão 1. Resposta: Espanha, Noruega, Suécia, Dinamarca, Albânia, Holanda, Bélgica e Suíça.

  • Os conteúdos das páginas 58, 59 e 60 permitem o desenvolvimento de aspectos da Competência específica de História 2, uma vez que apresentam uma sequên­cia de fatos cronológicos que auxiliam os alunos a refletir sôbre a cronologia da Primeira Guerra Mundial e as mudanças e/ou permanências na estrutura de poder dos países envolvidos após o término dêsse conflito.
  • O conteúdo desta página mobiliza aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7, pois apresenta um recurso cartográfico para a construção do conhecimento relacionado ao tema. Interprete o mapa com os alunos, incentivando-os a identificar a temporalidade abrangida, a região envolvida no conflito, que pode ser identificada por meio do planisfério, e os territórios que compunham as potências centrais, os aliados da Entente e os países neutros.
  • Na questão 1, ao solicitar a identificação dos territórios neutros, que fazem fronteira tanto com os territórios das Potências Centrais quanto com os das Potências da Entente, é possível explorar com os alunos o saber geográfico com questões de localização e de delimitação.

Por dentro das trincheiras

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

Como você imagina que era o cotidiano dos combatentes nas trincheiras?

Além da permanência das trincheiras, o aumento do poder de fogo foi outro aspecto que gerou impasse e estabilização de fôrças de ambos os lados. Fuzis de repetição e metralhadoras, por exemplo, matavam com rapidez e eficiência, forçando os exércitos a permanecer nas trincheiras para se protegerem.

As condições de vida nesses lugares eram extremamente precárias. Além do risco constante de morte em batalha, os soldados estavam sujeitos à falta de higiene e à má alimentação, o que provocava doenças que se espalhavam facilmente entre as tropas.

Observe, na ilustração, as principais características de uma trincheira.

Ilustração. Uma trincheira, um buraco divido em quadrantes. No segundo plano, arame farpado e sacos empilhados. Sobreposto à letra 'A'. Perto do arame farpado e dos sacos, soldados em pé e armados. Sobreposto à letra 'B'. Soldados sentados, alguns estão se alimentando e outros cuidando dos ferimentos. Sobreposto à letra 'C'. Buraco ligando as trincheiras da frente com a trincheira do fundo. Sobreposto à letra 'D'. Soldado sentado em um banco na trincheira. Sobreposto à letra 'E'.

Esta ilustração é uma representação artística contemporânea produzida com base em estudos históricos.

Fontes de pesquisa: Quígan, Djón. História ilustrada da Primeira Guerra Mundial. São Paulo: Ediouro, 2005.

WILLMOTT, H. P. World War um. Lôndon: dórlin Kindersley, 2007.

A. As trincheiras eram reforçadas com sacos de areia e arame farpado.

B. Nas linhas de frente, ficavam os soldados em combate. Os que ocupavam essas trincheiras também deveriam comer e dormir nesse local, mas isso nem sempre era possível.

C. Nas linhas de reserva, ficavam os soldados que descansavam depois de cumprir o seu turno e os soldados feridos que conseguiam ser resgatados.

D. Trincheiras de comunicação ligavam as linhas de frente e as linhas de reserva.

E. Em dias de chuva, muitas trincheiras inundavam e os soldados eram obrigados a suportar vários dias com o corpo coberto de água e lama.

Respostas e comentários

Questão 2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos expressem seus conhecimentos prévios sôbre o dia a dia nas trincheiras. É importante que êles contrastem suas percepções iniciais sôbre o tema com os conhecimentos construídos após o estudo, de modo que percebam a situação precária em que viviam as pessoas nesses locais.

  • Ao desenvolver o conteúdo sôbre o desenrolar da guerra, comente a chamada Questão Armênia: temendo perder territórios e sua influência na região das terras ocupadas pelos armênios, o Império Turco-Otomano empreendeu ataques sistemáticos contra essa população durante a Primeira Guerra Mundial. Aliado dos alemães, o govêrno otomano acusava os armênios de auxiliar as tropas das potências da Entente, além de considerá-los etni­camente inferiores para ocupar territórios que deveriam pertencer ao Império. Sob essas justificativas, implantou-se na região uma política de extermínio da população armênia. Diversas atrocidades foram cometidas, como o trabalho forçado, o confisco de bens e a deportação, com o assassinato ou a morte por fome ou sêde de milhares de pessoas, além do estupro e da tortura em massa, que ocasionaram profundos traumas psicológicos nas vítimas. De acôrdo com estatísticas armênias, o genocídio resultou em aproximadamente 1,5 milhão de mortos. Atualmente, a Turquia (país que se originou do Império Turco-Otomano) não reconhece êsse acontecimento como genocídio. O país não considera que houve uma tentativa sistematizada de eliminação do povo armênio, mas que as mortes teriam sido decorrentes da Primeira Guerra Mundial.
  • Na questão 2, se julgar interessante, comente com os alunos as condições desumanas vivenciadas pelos soldados nas trincheiras. Contextualize os alunos sôbre o fato de que os soldados passavam meses vivendo dentro das trincheiras, expostos a todo tipo de intempéries climáticas, doenças contraí­das pêla insalubridade e ataques dos inimigos.

A “guerra total”

Os conflitos da Primeira Guerra Mundial mobilizaram não somente as fôrças militares, mas também toda a sociedade civil.

De acôrdo com muitos historiadores e especialistas, foram conflitos que inauguraram o conceito de “guerra total”, que consiste na mobilização completa das fôrças militares e civis dos países envolvidos, direcionando todos os recursos humanos e materiais possíveis para esses eventos. Voluntários ajudavam militares e civis atingidos pêla guerra fornecendo abrigo, cuidados médicos e produtos essenciais. Durante o conflito, lavouras inteiras foram bombardeadas e navios mercantes sofriam ataques, o que contribuía para a escassez de alimentos. Até mesmo navios de passageiros passaram a ser atacados, como foi o caso do navio britânico Lusitânia, que em 1915 foi torpedeado por um submarino alemão e naufragou, causando a morte de cêrca de .1200 pessoas. O texto a seguir apresenta uma definição do conceito de “guerra total”.

A um Guerra Mundial foi uma guerra total — abarcou a nação inteira e não teve limites. Os Estados exigiram a vitória total e o compromisso total de seus cidadãos. Regulamentaram a produção industrial, desenvolveram técnicas de propaganda sofisticadas para fortalecer o moral e exerceram um contrôle cada vez maior sôbre as vidas de seu povo, organizando-o, disciplinando-o como soldados. reticências

Péri, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002. página 540.

Muitas mulheres foram engajadas durante a guerra exercendo atividades que antes eram consideradas exclusivamente masculinas.

Fotografia em preto e branco. Mulheres usando vestidos e aventais. Algumas estão de pé e outras sentadas ao lado de mesas. Sobre as mesas, há cilindros de metal.
Mulheres trabalhando em uma fábrica de armamentos na França, em 1914.

dêsse modo, a destruição de recursos humanos e materiais também passou a fazer parte das estratégias de guerra, dando início a uma série de atrocidades, que continuaram em prática em diferentes conflitos ao longo do século vinte.

Respostas e comentários
  • A foto disposta nesta página, observada como fonte histórica imagética do contexto da Primeira Guerra Mundial, auxilia no desenvolvimento das Competências específicas de História 3 e 6. Com base nela, os alunos podem elaborar hipóteses, questionamentos e interpretações a respeito do contexto histórico que abordam, exercendo a empatia com os envolvidos no conflito, além de poderem compreender e problematizar conceitos que são próprios do contexto histórico da Primeira Guerra Mundial.
  • Analise com os alunos a foto desta página. O trabalho desempenhado por muitas mulheres durante a Primeira Guerra Mundial era variado. Na falta da mão de obra masculina em razão do deslocamento para os campos de batalha, as mulheres passaram a ocupar atividades que antes eram reservadas aos homens. Assim, muitas delas, principalmente na Europa, foram trabalhar nas indústrias e em setores de serviços, entre outras áreas, expandindo seu espaço de atuação para além do ambiente doméstico e familiar. Essa alteração do papel das mulheres na sociedade durante o conflito, aos poucos, contribuiu para ampliar a emancipação feminina na primeira metade do século vinte. Muitas mulheres europeias passaram a ter maior autonomia para sair de casa sem estar acompanhada, começaram a usar vestimentas e penteados menos tradicionais para a época, algumas se tornaram independentes financeiramente etcétera

Os relatos da guerra

Durante a Primeira Guerra Mundial, um dos principais meios de comunicação utilizados foram as cartas. Trocadas entre soldados e familiares ou amigos, elas tratavam dos mais diversos assuntos, como os horrores da guerra, as preocupações e a saudade da família e de amigos.

As cartas fornecem informações importantes sôbre as duras condições de vida nas frentes de batalha e sôbre os horrores da guerra. Muito do que sabemos atualmente sôbre êsse conflito é resultado da análise dessas importantes fontes históricas.

Fotografia em preto e branco. Cinco homens fardados, segurando armas com as mãos. Eles estão sentados na terra, enquanto um deles está segurando uma carta com as mãos.
Soldado italiano lendo uma carta ao lado dos colegas, em 1917.

Leia a seguir um trecho de carta, escrita pêlo soldado canadense Fred ádams a sua tia, em maio de 1915.

Querida tia:

Este é o primeiro dia que nos permitiram escrever cartas desde que esta batalha começou, e não tenho dúvida de que você está ansiosa por saber de mim. Bem, nós perdemos uma quantidade enorme de companheiros, e para nós que ficamos parece um milagre que cada um esteja vivo.

Como não me acertaram eu não sei, mas fui um dos que tiveram sorte de passar sem um arranhão, embora eu tenha vários buracos de bala nas minhas roupas.

reticências

Foi um pesadelo, um inferno, a retirada arrastando pêlo chão, com os canhões alemães abrindo grandes buracos e os estilhaços chovendo sôbre nós, as balas batendo em todo lugar. Pudemos ver os rapazes caindo em toda a parte, e foi horrível ouvi-los gritar.

Graças a Deus a artilharia e os reforços ingleses chegaram a tempo e expulsaram os alemães.

reticências Bem, todos os rapazes fizeram o melhor que podiam e eu estou pronto para fazer de novo, apenas espero que a guerra termine lógo, por causa dos pais, espôsas e namoradas de todos os soldados.

Agradeço a Deus por ser poupado e rezo sempre para que êle acabe logo com a guerra.

Com amor.

Fred.

ádams, Fred. Cartas da Primeira Guerra Mundial. CBCponto (Tradução nossa). Disponível em: https://oeds.link/LCmrQB. Acesso em: 19 fevereiro 2022.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 3.

Que tipo de informações podemos obter por meio da leitura dessa carta?

Respostas e comentários

Questão 3. Resposta: Por meio da carta, podemos conhecer mais sôbre o cotidiano nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial, assim como o sofrimento enfrentado pelos soldados.

  • O trabalho com as cartas e os relatos dos soldados que participaram da Primeira Guerra Mundial é uma maneira de conhecer a vida dêsses indivíduos na guerra por meio de suas perspectivas, incentivando a empatia e o respeito por esses seres humanos, abordando, dêsse modo, aspectos da Competência geral 9.
  • Em parceria com o professor do componente curricular de Língua Portuguesa, promova uma atividade que trabalhe com a criação de uma carta. Após a explicação feita pêlo professor sôbre êsse gênero textual, oriente os alunos a responder à carta de Fred ádams como se fossem a tia dele, criando situações hipotéticas. Oriente-os a descrever na carta o dia a dia da tia de Fred, observando os impactos da guerra na vida cotidiana dos países em conflito, e a comentar a necessidade e a importância do trabalho dela para essa mobilização, conhecida como “esfôrço de guerra”. Por fim, sugira aos alunos que troquem as cartas com os colegas, permitindo que observem a criatividade e as múltiplas possibilidades de criação. Os resultados obtidos pelos alunos podem ser apresentados utilizando recursos digitais, por meio dos quais êles mesmos possam produzir um documentário, gravar um vídeo, elaborar um podcast, entre outros, desenvolvendo a Competência geral 4 ao compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação nas práticas escolares. A divulgação dos resultados da pesquisa em meios digitais que fazem parte do cotidiano dos adolescentes permite que se estabeleça uma relação com as culturas juvenis.

O uso da tecnologia e a indústria da guerra

Durante a Primeira Guerra Mundial, houve grande desenvolvimento tecnológico e industrial nos Estados Unidos e na Europa. Alguns países envolvidos no conflito, como a Inglaterra e a Alemanha, destinaram muitos recursos para o desenvolvimento de novas armas e de novas tecnologias.

Conheça um pouco mais sôbre as tecnologias desenvolvidas nesse período.

Armas químicas

Diferentes tipos de gases venenosos foram utilizados na guerra, tanto letais como não letais. Com o desenvolvimento da máscara de gás, muitos soldados puderam proteger-se dos gases venenosos. Porém, as armas químicas foram responsáveis pêla morte de aproximadamente 90 mil soldados durante o conflito.

Os horrores causados por essas armas levaram à proibição delas após o fim da guerra até os dias de hoje.

Fotografia em preto e branco. Dois soldados usando uma máscara cobrindo todo o rosto com um tubo respirador na parte inferior.
Soldados utilizando máscaras de gás, em 1918.

Tanques de guerra

O tanque de guerra foi desenvolvido pelos ingleses para auxiliar o avanço das tropas nas batalhas de trincheiras e foi utilizado pêla primeira vez em 1916. No início, como ainda estavam em desenvolvimento, êles não foram muito importantes. No entanto, ao longo da guerra êles passaram a ser mais efetivos, sendo largamente utilizados em 1918.

Fotografia em preto e branco. Um tanque de guerra, com ilustração de duas cruzes na lateral.  Atrás, algumas moradias em ruínas.
Tanque de guerra alemão durante combate na França, em 1918.
Respostas e comentários
  • Estas páginas abordam a indústria da guerra e as tecnologias desenvolvidas para fins bélicos. Muitas dessas tecnologias foram nocivas para os seres humanos e para o meio ambiente. Observadas nessa perspectiva, a abordagem dêsse tema permite trabalhar aspectos das Competências específicas de Ciências Humanas 2 e 3. Para isso, incentive os alunos a compreender o contexto técnico-científico do período com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, considerando os impactos variados que o desenvolvimento dessas tecnologias e inovações pode ter de acôrdo com o tempo e o espaço nos quais estão inseridas. Do mesmo modo, eles podem identificar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade do período ao criar essas tecnologias de guerra, exercitando, assim, a curiosidade.
  • O tema destas páginas permite aos alunos que reflitam sôbre como os avanços tecnológicos ocorreram a partir de necessidades de guerra (e, portanto, da necessidade de grupos ou nações interessados em manter ou conquistar o poder). A construção de armas sofisticadas e de veículos adequados para enfrentar situações extremas e a pesquisa para aumentar a segurança e a proteção de soldados acabaram permitindo que a ciência e a tecnologia dessem um enorme salto. Dos conflitos mundiais do século vinte nasceram, por exemplo, a internet, a conquista do espaço, a energia atômica e muitos outros inventos. Com base nessa abordagem, é possível trabalhar o tema contemporâneo transversal Ciência e tecnologia.

Aviões

Durante a guerra, a aviação teve um grande desenvolvimento. Nos primeiros anos do conflito, os aviões eram usados apenas em missões de reconhecimento de territórios e na observação dos movimentos das tropas inimigas. Posteriormente, êles passaram a ser equipados com metralhadoras. No final do conflito, os aviões eram capazes de carregar duas toneladas de bombas e voar a cêrca de 230 quilômetros por hora, quase o dobro da velocidade atingida pelos aviões utilizados no início da guerra.

Fotografia em preto e branco. Cinco aviões pequenos voando entre as nuvens.
Combate aéreo entre aviões ingleses e alemães, no início de 1918.

Submarinos

Uma das armas de maior relevância na guerra foi o submarino. Os alemães passaram a usá-lo para afundar navios que levavam suprimentos para a Grã-Bretanha. Os ingleses adotaram a mesma estratégia contra a Alemanha, causando sérios prejuízos à economia e à população alemã.

Fotografia em preto e branco. Algumas pessoas em cima de um submarino sobre o mar.
Submarino utilizado pêlo exército austro-húngaro por volta de 1915.

Tecnologia e inovação: heranças da indústria de guerra

A tecnologia desenvolvida durante a Primeira Guerra foi utilizada de diferentes maneiras após o término do conflito.

O contrôle do tráfego aéreo e o sistema de comunicação por meio de rádio, por exemplo, são usados na aviação civil até hoje.

Outro exemplo é o aço inoxidável, que foi desenvolvido durante a guerra em uma tentativa fracassada dos ingleses de criar uma liga metálica resistente ao calor.

Atualmente, o aço inoxidável, que não enferruja, é utilizado em instrumentos médicos, como bisturis, e em objetos domésticos, como panelas e talheres.

Fotografia. Uma mulher, usando uma blusa de mangas compridas, está sentada com as mãos sobre uma mesa, olhando para três telas de computadores.
Mulher trabalhando na tôrre de contrôle de voo do Aeroporto Internacional de Cazã, Rússia, em 2021.
Respostas e comentários

Um texto a mais

Para ampliar a reflexão sôbre o tema da tecnologia de guerra, leia para os alunos o trecho a seguir, que narra uma descoberta ligada ao contexto da Primeira Guerra Mundial.

A fome e a reclusão dos alemães durante a guerra levou a um aumento bastante significativo dos casos de raquitismo, uma doença causada pêla falta de vitamina D, cálcio ou fosfato que leva ao enfraquecimento dos ossos.

No inverno de 1918, metade das crianças de Berlim estava sofrendo dessa condição, apresentando também muita fraqueza e apatia. Na época, a causa da doença não era conhecida, mas um médico de Berlim chamado Kurt Huldschinsky percebeu que as crianças também estavam muito pálidas, então êle resolveu realizar um experimento com algumas delas.

Para isso, ele realizou várias sessões em que colocou quatro crianças sob a luz de lâmpadas de mercúrio de quartzo que emitiam luz ultravioleta.

Então, vieram os resultados: o tratamento funcionou, pois os ossos das crianças se tornaram mais fortes. Isso porque a luz ultravioleta faz com que a pele produza a vitamina D, que é necessária tanto para a saúde dos ossos, como para fatores de resposta imunológica e até para o humor.

BORGES, Claudia. 6 das invenções mais surpreendentes da Primeira Guerra Mundial. Megacurioso, 12 novembro 2014. Disponível em: https://oeds.link/gcjRTO. Acesso em: 25 março 2022.

Glossário

Península Balcânica
: localizada na região sudeste da Europa, é formada por países como os atuais Bósnia-Herzegovina, Grécia, Macedônia, Sérvia, Montenegro, Romênia, Croácia e Bulgária.
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