CAPÍTULO 6 A Segunda Guerra Mundial

Quando Adolf Rítler assumiu o poder na Alemanha como primeiro-ministro, em 1933, êle iniciou várias ações para o fortalecimento do país. Elas contrariavam as cláusulas estabelecidas pêlo Tratado de Versalhes, de 1919. No entanto, apoiado pêla opinião pública, Rítler considerava as exigências do tratado injustas e declarou que a Alemanha não cumpriria mais suas determinações.

Uma das medidas tomadas por Rítler foi restabelecer o serviço militar obrigatório, além de adquirir diversas armas e veículos bélicos, aumentando e fortalecendo o exército alemão.

A expansão nazista e o caminho para a guerra

Em 1934, Rítler ordenou o envio de tropas para ocupar a Renânia, região em tôrno do rio Reno, na fronteira entre a Alemanha e a Bélgica. Quatro anos depois, os nazistas invadiram a Áustria e a anexaram ao território alemão, realizando a Anschluss (palavra alemã que, em português, significa “união”), com o pretexto de evitar possíveis agressões dêsse país à Alemanha.

Em março de 1939, os nazistas avançaram sôbre a região dos Sudetos, nos limites entre a Alemanha e a Tchecoslováquia (atual República Tcheca), e incorporaram êsse território por meio de um acôrdo. Depois, a Tchecoslováquia foi invadida e conquistada por meio de uma ação militar. Com a chegada das tropas alemãs, as populações das cidades invadidas eram obrigadas a fazer a saudação nazista (com o braço direito levantado).

Fotografia em preto e branco. À esquerda, uma mulher usando chapéu e casaco, está com o braço direito estendido na diagonal. Ao lado, uma mulher usando lenço na cabeça e casaco, está com o braço direito estendido, e com a mão esquerda nos olhos segurando um lenço. Atrás, um prédio.
Mulheres fazendo a saudação nazista durante a invasão dos alemães em Eger, na região dos Sudetos, em 1939.
Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Conhecer o processo que desencadeou a Segunda Guerra Mundial, bem como as consequências dêsse conflito.
  • Analisar o processo de perseguição e de genocídio dos judeus perpetrado pêlo Estado nazista.
  • Identificar o contexto da guerra no espaço do Pacífico.
  • Compreender as consequências dos ataques às cidades de iroshíma e nagazáqui.
  • Compreender a bipolarização mundial que surgiu ao fim da Segunda Guerra Mundial.

Justificativa

Os conteúdos abordados neste capítulo são significativos para que os alunos conheçam o processo que desencadeou a Segunda Guerra Mundial e suas consequências, podendo, assim, compreender e se posicionarem de fórma crítica e consciente diante das questões do mundo que se desenvolveram na segunda metade do século vinte. O capítulo visa também contextualizar os regimes nazista e fascista, propondo reflexões para compreender o contexto que levou ao genocídio dos judeus e de outros grupos e mostrar como o confronto entre as potências capitalistas desencadeou a Segunda Guerra Mundial, o que contribui para desenvolver a habilidade ê éfe zero nove agá ih um três.

  • Informe aos alunos que a foto reproduzida nesta página foi publicada em vários jornais de diferentes países com intenções diversas. Na Alemanha, um jornal do período a publicou com uma legenda afirmando que uma das mulheres retratadas chorava por causa de sua alegria com o avanço das tropas alemãs. Entretanto, jornais de outros países afirmaram que a mulher não conseguia esconder seu sofrimento por ver sua cidade invadida pelos nazistas.
  • Explique aos alunos que a política de expansão territorial idealizada por Rítler pretendia formar um Estado forte e que o têrmu Terceiro Reich (que significa “reino”), muito utilizado pelos nazistas, pretendia ressaltar a imagem da Alemanha como uma grande potência mundial. Segundo os nazistas, o país havia passado por dois momentos gloriosos em sua história, no período do Sacro Império Romano-Germânico em 962, que seria o Primeiro Reich, e no período de unificação do Império Alemão em 1871, que corresponderia ao Segundo Reich. Assim, o Terceiro Reich, da época do Estado nazista, seria um novo momento de glória na história alemã.

Acordos firmados

Em 1939, Rítler firmou um acôrdo com Mussolini, conhecido como Pacto de Amizade e Aliança ou Pacto de Aço, que garantia a ajuda mútua entre Alemanha e Itália em caso de guerra. No mesmo ano, a Alemanha assinou um pacto de não agressão com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Os soviéticos garantiam não entrar em conflito com os alemães e, em troca, receberiam territórios na Polônia e na Finlândia, além do contrôle da Lituânia, da Letônia e da Estônia.

Países do Eixo

Em 1936, a Alemanha e a Itália já haviam formado o Eixo Roma-Berlim. Assim como a Alemanha, a Itália fascista também tinha interêssis expansionistas, o que aproximou os dois países. Em 1940, o Japão, que também buscava expandir seus territórios na Ásia, aderiu ao Eixo.

O início da guerra

Após firmar esses acôrdos, Rítler iniciou a invasão da Polônia em 1º de setembro de 1939. Dois dias depois, Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha. Assim, teve início o maior conflito do século vinte, conhecido como Segunda Guerra Mundial.

As tropas nazistas avançaram sôbre países neutros, como a Bélgica e a Holanda e, por fim, invadiram a França. Derrotados, os franceses assinaram um armistício, seu exército foi desarmado e seu território foi ocupado pelos alemães.

Em 1940, a Alemanha tentou invadir a Inglaterra, mas os ingleses resistiram.

Em 1941, desrespeitando o pacto de não agressão, os nazistas avançaram sôbre território russo. No entanto, o exército da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, também conhecido como Exército Vermelho, conseguiu resistir, impedindo que os alemães tomassem Moscou, a capital soviética.

O avanço nazista (1939-1941)

Mapa. O avanço nazista (1939-1941). Mapa territorial destacado conforme a legenda: Alemanha em agosto de 1939: Cidade destacada de Berlim. Regiões ocupadas (setembro 1939 - maio 1941): França, cidade destacada de Paris. Iugoslávia, cidade destacada de Belgrado. Grécia. Cidade destacada de Atenas. Polônia, cidade destacada de Varsóvia. Dinamarca. Noruega, cidade destacada de Narvik. Holanda. Países que cooperavam com a Alemanha em 1940: Itália, cidade destacada de Roma. França, cidade destacada de Vichy. Eslováquia, Hungria, Bulgária e Albânia. Avanço do exército alemão: Seta de indicação partindo da Alemanha, para as regiões ocupados e países que cooperavam: França, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Noruega, Polônia, União Soviética, Romênia, Iugoslávia, Bulgária e Grécia.

Fonte de pesquisa: BRENER, Jaime. A Segunda Guerra Mundial: o planeta em chamas. São Paulo: Ática, 1997. página 38.

Respostas e comentários
  • O conteúdo das páginas 103 e 104 permite desenvolver a Competência específica de História 5, pôsto que aborda a movimentação de populações motivadas, no caso, por conflitos armados.
  • Os mapas são recursos que auxiliam a compreender a relação dos processos históricos com as formações geopolíticas, sendo importantes instrumentos de representação geográfica. Aproveite o mapa apresentado nesta página para abordar aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 7 e desenvolver o conhecimento geográfico dos alunos no que diz respeito à linguagem cartográfica relacionada ao raciocínio espaço-temporal. Para isso, você pode propor alguns questionamentos, como: “Quais foram as regiões ocupadas pêla Alemanha entre 1939 e 1941?”; “Para quais países o exército alemão avançou?”; “Qual dêsses países se localiza mais ao norte das regiões invadidas?”; “Cite os países que coo­peraram com a Alemanha no ano de 1940.”; “Mencione o país que faz fronteira com a União Soviética.”. Após os questionamentos, oriente os alunos a observar atentamente a região representada no mapa e auxilie-os a perceber o alcance da invasão das tropas alemãs ao buscarem expandir seus territórios.

A “Nova Ordem” nazista

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

Como você imagina que eram as condições de vida das pessoas perseguidas pelos nazistas? Converse com os colegas sôbre isso.

Em 1942, os nazistas dominavam extensa parte da Europa. dêsse modo, com seu poder estabelecido, o führer pôde impor sua “Nova Ordem”, pregando a “supremacia da raça ariana” na Europa. Por meio da fôrça militar, Rítler perseguiu sistematicamente judeus, ciganos, comunistas, homossexuais, pessoas com deficiência e outros grupos considerados de “raças inferiores”.

A perseguição aos judeus

Os judeus foram os que mais sofreram com as perseguições. A doutrina nazista considerava-os racialmente “inferiores” e, como tal, seriam responsáveis pêlo declínio moral que levou a Europa à crise econômica. Os judeus também eram considerados os causadores dos problemas políticos e sociais enfrentados pelos alemães naquele momento.

lógo no início do conflito, os nazistas tomaram medidas discriminatórias, que visavam excluir os judeus da vida social, política e econômica nos locais onde viviam. Os judeus e suas famílias foram proibidos de frequentar instituições de ensino; suas lojas foram fechadas; suas casas e outros bens foram confiscados e, além disso, muitos acabaram perdendo o emprêgo.

Os judeus também foram obrigados pelos nazistas a usar uma estrela de Davi como identificação. Dessa fórma, a polícia nazista poderia reconhecer os judeus que moravam nos guetos.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, um homem usando chapéu e casaco, com uma estrela de Davi no peito. Ao lado, uma mulher com um lenço na cabeça, usando um sobretudo com uma estrela de Davi. Eles estão de pé em uma rua com neve ao redor.
Casal de judeus usando a estrela de Davi, em Varsóvia, Polônia, em 1942.
Respostas e comentários

Questão 1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos expressem o que sabem sôbre o assunto e reflitam sôbre as terríveis consequências geradas pêlas perseguições nazistas, que causaram enorme sofrimento e a morte de milhões de pessoas.

  • O conteúdo destas páginas desenvolve aspectos da habilidade ê éfe zero nove agá ih um três ao abordar a perseguição aos judeus durante o regime nazista.
  • O objetivo da questão 1 é explorar os conhecimentos prévios dos alunos a respeito da perseguição a milhões de pessoas que não se encaixavam no ideal nazista de raça ariana. Com base nisso, é esperado que êles façam reflexões com base na empatia e no respeito à diversidade.
  • Comente com os alunos que a estrela de Davi é um dos símbolos da religião judaica. Não há registros que permitam identificar com exatidão a data e o local da criação dêsse símbolo. O que se pode afirmar é que êle foi usado por diversas culturas na Antiguidade e na Idade Média. Apesar de ser utilizada há muitos séculos pelos hebreus, a estrela de Davi ganhou maior fôrça como símbolo judaico a partir do século dezessete. Segundo a tradição hebraica, a estrela era o símbolo do rei Davi, sendo utilizada nos escudos dos soldados hebreus para garantir a proteção divina. Leve a turma a refletir sôbre a brutalidade do regime nazista ao transformar êsse símbolo religioso em um símbolo de infâmia e que levava à morte as pessoas obrigadas a usá-lo.

O gueto de Varsóvia

Ao invadirem a Polônia, em 1939, os nazistas confinaram os judeus em guetos. Nesses locais, a circulação era restrita e as pessoas eram tratadas com bastante brutalidade.

O gueto da cidade de Varsóvia chegou a abrigar aproximadamente 450 mil pessoas, entre judeus, prisioneiros de guerra e alguns grupos de ciganos, em uma área de 3 quilômetros2 cercada por muros vigiados 24 horas por dia.

Os moradores dos guetos sofriam com a falta de espaço, de alimentos e de higiene. Muitas famílias eram obrigadas a compartilhar uma mesma moradia; os alimentos fornecidos a êles eram escassos e pouco nutritivos. Assim, vivendo em péssimas condições, era comum a ocorrência de epidemias que causavam muitas mortes.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, pessoas em fila. Algumas estão sem a parte de cima das vestes. À direita, homens usando farda e outros vestindo jaleco branco.
Gueto de Varsóvia, na Polônia, em 1940.

A “solução final”

No comêço da década de 1940, os nazistas mudaram sua política para a chamada “questão judaica” e iniciaram práticas que não visavam somente a perseguição e a expulsão dos judeus dos territórios dominados, mas também a eliminação de todos êles.

Muitas atrocidades foram cometidas para alcançar êsse objetivo, que era chamado pelos nazistas de “solução final”. Nas cidades invadidas, os judeus, fossem homens, mulheres ou crianças, sofriam diversos tipos de violência física e psicológica. Vários deles foram executados de fórma brutal, mortos a tiros de fuzil ou enforcados.

Muitos judeus foram enviados para os campos de concentração e extermínio, onde estavam sujeitos a trabalhos forçados e eram cruelmente eliminados.

Fotografia em preto e branco. Mulheres e crianças usando a estrela de Davi no peito. Elas estão em pé, em fila e ao lado de um trem.
Judeus embarcando em trem com destino ao campo de áuchvitz, na Polônia, em 1942.
Respostas e comentários

Um texto a mais

O texto a seguir descreve de que maneira a educação serviu como fórma de resistência e de garantia de dignidade no Gueto de Varsóvia.

reticências

As pessoas continuavam nas difíceis situações e segurando-se à vida como seres humanos reticências nossa vizinha reticências no gueto estava vendendo pedaço de pão reticências fóra do edifício de nossa casa reticências e prestando atenção para ver se uma patrulha alemã não estava passando, porque em seu apartamento, acima do nosso, sua filha estava dando aulas para as crianças reticências uma pequena escola ilegal. Esta mulher nem pensava que era uma heroína, nem sua filha, mas elas estavam conduzindo classes ilegais para crianças, sabendo que se uma patrulha alemã visse reticências e as pegassem elas não seriam apenas presas, mas também mortas. E isto era a vida das pessoas.

reticências

MEED, 2008 ápud SOUZA, Nanci N. Gueto de Varsóvia: Educação clandestina e resistência. Dissertação (Mestrado em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaicas) - Universidade de São Paulo, São Paulo. página 62-63. Disponível em: https://oeds.link/CyaDHV. Acesso em: 5 maio 2022.

Os campos de concentração e extermínio

Desde 1933, os nazistas aprisionavam seus adversários em campos de concentração. Contudo, no início da década de 1940, esses espaços também foram utilizados como local de extermínio de pessoas consideradas “inferiores” pelos nazistas.

Os mais de vinte campos de concentração nazistas estavam localizados em diversas regiões, principalmente na Polônia e na Alemanha. Durante toda a Segunda Guerra, aproximadamente 8 milhões de pessoas foram aprisionadas.

Conheça algumas atrocidades cometidas pelos nazistas nos campos de concentração.

Campos de concentração e extermínio (década de 1940)

Mapa. Campos de concentração e extermínio (década de 1940). Mapa destacado conforme a legenda. 

Grande Alemanha no início de 1942: 
Campos de concentração e extermínio: Cidades destacadas: 

Ravensbruck, Sachsenhausen, Stutthof, Kulmhof, Treblinka, Sobibor, Majdanek, Belsec, Gross-Rosen, Dora, Bergen-Belsen, Neuengamme, Buchenwald, Theresienstadt, Flossenburg, Natzwiller, Struthof, Dachau, Mauthausen, e Auschwitz-Birkenau.

No canto superior, à direita, planisfério destacando parte da Europa. Abaixo, representação da rosa dos ventos e escala de 180 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: BRENER, Jaime. A Segunda Guerra Mundial: o planeta em chamas. São Paulo: Ática, 1997. página 45.

A chegada aos campos

Os prisioneiros eram divididos em dois grupos principais: aqueles considerados incapazes, como os idosos e as crianças; e aqueles aptos ao trabalho pesado. O primeiro grupo normalmente era encaminhado diretamente ao extermínio, enquanto os outros passavam por uma triagem onde recebiam uniformes e identificações numéricas.

Testes e experiências

As pessoas aprisionadas nos campos eram obrigadas a participar de experiências consideradas científicas pelos nazistas. Elas eram obrigadas a ingerir substâncias perigosas, sofriam mutilações e violações sexuais, além de outras agressões e humilhações.

Fotografia em preto e branco. Um homem com cabeça raspada, usando roupa listrada. Ele está com uma máscara sobre a face.
Prisioneiro judeu do campo de Dachau, na Alemanha, colocado em uma câmara pressurizada para testar os limites da resistência humana às baixas pressões atmosféricas, década de 1940.
Respostas e comentários

O conteúdo apresentado nesta página possibilita o desenvolvimento da Competência geral 7 ao tratar da realidade das comunidades judaicas no contexto nazista alemão. Proporciona também desenvolver o conhecimento geográfico dos alunos no que diz respeito à linguagem cartográfica relacionada ao raciocínio espaço-temporal. Milhares de pessoas foram levadas para os diversos campos de concentração para serem exterminadas nas câmaras de gás. Ao apresentar êsse assunto para os alunos, com base no texto, no mapa e nas fotos, oriente-os de modo que possam formular seus argumentos sôbre aquele contexto, com fundamentos éticos e reconhecendo a importância do respeito aos direitos humanos.

Um texto a mais

O texto a seguir trata do revisionismo que tenta colocar em dúvida a existência dos campos de concentração nazistas.

reticências

A estrutura do argumento revisionista reticências pretende minimizar o Holocausto reduzindo a singularidade da tragédia judaica à mera contingência de guerra, baseado em pretensão de dúvida metodológica das provas históricas apresentadas. reticências Ou seja, sendo as provas supostamente frágeis e os testemunhos incoerentes, a dúvida revisionista tenta aniquilar o genocídio planejado e conduzido com metódica perversidade a um efeito contingente da guerra. Essa diluição – seja ela velada como revisionista, seja ela brutal, como negacionista – é conduzida, ora com base na idolatria de um método histórico imparcial, que buscaria o encerramento do processo do povo alemão por falta de provas, ora a partir de um certo cinismo pós-moderno, que veria as celebrações do Holocausto como parte de uma manipulação sionista internacional. Aponta-se a incoerência dos testemunhos para uma suposta falta de provas documentais definitivas do Holocausto e para a possibilidade de interpretações alternativas reticências.

LEWGOY, Bernardo. Holocausto, trauma e memória. WebMosaica — Revista do Instituto Cultural Judaico Marc Chagall, volume 2, número 1, janeiro/junho 2010. página 52-53. Disponível em: https://oeds.link/DXSEKP. Acesso em: 27 março 2022.

As câmaras de gás

Muitas pessoas morreram nos campos de concentração. Havia as que não suportavam as péssimas condições e morriam de fome ou de doenças. Mas havia também os extermínios em massa, por meio de fuzilamentos ou pêla inalação de gases tóxicos nas câmaras de gás.

O cotidiano desgastante

Os presos trabalhavam em turnos diários de mais de 10 horas, em diversas atividades exaustivas, como na construção de estradas, na indústria química, na mineração, entre outras. A alimentação normalmente era composta de pão, café e sopa de batatas, mas só era disponibilizada a quantidade mínima necessária para a sobrevivência. Os presos dormiam em barracões com instalações precárias, no chão ou em beliches forrados com capim.

Fotografia em preto e branco. Homens judeus aglomerados em beliches. Eles estão muito magros. Ao lado, um homem judeu, usando calças, está em pé com os ossos do peito e da costela a mostra.
Prisioneiros no dormitório do campo de Buchenwald, na Alemanha, em 1945.

Ravensbrück

Entre as mulheres levadas aos campos de concentração, mais de 100 mil passaram por um campo exclusivamente feminino: Ravensbrück, na Alemanha. Nesse local, elas eram obrigadas a trabalhar em fábricas e a costurar uniformes nazistas. Também sofriam diversas agressões, como procedimentos de esterilizaçãoglossário . Ravensbrück foi um dos últimos campos a serem libertados, em 30 de abril de 1945, quando a Cruz Vermelha e o Exército Soviético chegaram ao local.

Escultura. Duas mulheres em pé. Atrás uma muralha de tijolos.
Escultura homenageando mulheres mortas no campo de concentração Ravensbrück, em 2017.

Atualmente, Ravensbrück abriga um memorial dedicado às vítimas dos horrores nazistas, um símbolo do combate à violência contra a mulher.

Respostas e comentários
  • Analise as fotos com os alunos, trabalhando a habilidade ê éfe zero nove agá ih um três. Explique-lhes que essas imagens, somadas ao testemunho de sobreviventes, por mais chocantes que sejam, revelam a dimensão do que foi o Holocausto.
  • Comente com os alunos que, no fim da Segunda Guerra Mundial, ocorreu o chamado Julgamento de Nurrembérg, nome dado a uma série de tribunais estabelecidos na cidade alemã de Nurrembérg cuja missão era julgar os líderes nazistas. Vários deles foram condenados pêlas atrocidades cometidas contra os judeus e outras minorias nos campos de concentração e de extermínio. Nos julgamentos, foram utilizadas evidências que comprovavam os crimes, como fotos e objetos pessoais das vítimas. Com a condenação dos réus, surgiram argumentos revisionistas que questionavam a dimensão dos crimes cometidos e até mesmo colocavam em xeque sua existência. Um dos argumentos utilizados pelos revisionistas seria a suposta falta de provas, como documentos históricos da época.

Um texto a mais

O texto a seguir aborda alguns dos principais pressupostos teóricos que definem o conceito de tema sensível, também chamado história tensa ou pesada.

O historiador alemão Bodo von Borries, em trabalho publicado em 2011 – “Coping with burdening history” – sugere algumas definições iniciais a respeito do que êle chamou de burdening history, ou uma história tensa, pesada.

reticências

Neste sentido, segundo o autor, a aprendizagem de experiências pesadas de danos, injúrias, culpa/vergonha (ou todos estes) são muito mais difíceis do que a aprendizagem de casos afirmativos de vitórias, glórias e satisfações. Para êle, o Holocausto e outros crimes de massa do Nacional Socialismo são bons exemplos desta história pesada.

reticências Ainda, para o autor, este envolvimento é muito complexo, pois as pessoas necessitam de experiências de relacionar-se com o outro e continuarem juntos e isto envolve, além da indubitável e necessária análise de eventos históricos e suas interpretações, um processo de tomar distância do nosso próprio passado e do outro, sem esquecer, cada um, de sua própria história, com o objetivo precípuo de buscar condições e chances para um futuro comum, a despeito de histórias que sejam conflituosas.

reticências

ximít, Maria Auxiliadora. Aprendizagem da “burdening history”: desafios para a educação histórica. Minêmi, Caicó, volume 16, número 36, janeiro/julho 2015. página 15-16. Disponível em: https://oeds.link/hnEJP0. Acesso em: 20 maio 2022.

Investigando fontes históricas

Diários de guerra

Os diários pessoais são importantes fontes históricas para conhecermos informações sôbre as pessoas que os escreveram. Além disso, podem nos fornecer indícios sôbre os fatos históricos de determinada época.

Durante a Segunda Guerra Mundial, diversas pessoas, entre elas crianças e adolescentes descreveram suas experiências em diários. Leia a seguir um trecho de um diário escrito pêla russa Lena Mukhina, quando ela tinha 17 anos.

14 de setembro [de 1941]

Os alemães atiraram em nós com canhões de longo alcance. Ontem nosso bairro ficou à mercê dos bombardeios. reticências Os obusesglossário passaram por cima de nosso edifício sem nos atingir, mas caíram perto. A qualquer momento podemos ser mortos. reticências Todo mundo quer viver, é óbvio! E os que foram mortos também tinham vontade de viver. reticências

Nós de Leningrado, durante esses terríveis dias 8, 9 e 10 de setembro, nos habituamos ao fato de que sempre, por volta das 11horas, a sirene começa a tocar e corremos para os abrigos (aqueles, em todo caso, para quem a vida tem um preço). O espetáculo então começa: mísseis, trovoar dos aviões, estrondos das bombas explosivas, assobio das bombas incendiárias. reticências

MUKHINA, Lena. O diário de Lena: a história real de uma adolescente durante a Segunda Guerra. Tradução: Jorge Bastos. São Paulo: Globo Livros, 2014. página 90-91.

Agora, acompanhe a análise a seguir.

Os diários geralmente apresentam um cabeçalho com a data em que foram feitos os registros: “14 de setembro [de 1941]”.

No trecho “atiraram em nós com canhões de longo alcance”, Lena, conta sôbre o cotidiano de Leningrado em plena guerra e como essas ocorrências afetavam o dia a dia das pessoas.

Os trechos “A qualquer momento podemos ser mortos.”; “Todo mundo quer viver, é óbvio!”; “por volta das 11h, a sirene começa a tocar e corremos para os abrigos” nos fornece indícios sôbre o medo da morte que Lena e outras pessoas sentiam por causa dos bombardeios próximos à suas moradias e quando tocava a sirene que anunciava o lançamento de mísseis e bombas.

Já o trecho “O espetáculo então começa: mísseis, trovoar dos aviões, estrondos das bombas explosivas, assobio das bombas incendiárias”, podemos identificar alguns dos instrumentos utilizados na guerra, como os mísseis, aviões e bombas.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Conhecer alguns diários escritos no contexto da Segunda Guerra Mundial.
  • Reconhecer os diários como fontes históricas.

  • O conteúdo desta seção, bem como as atividades propostas, permite abordar aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 1, pois, ao interpretar alguns trechos de diários de guerra, os alunos terão contato com o cotidiano de indivíduos que conviviam com o medo, a insegurança e o desespêro por conta da guerra, compreendendo-os em suas particularidades e contextos, o que pode contribuir para a promoção e o respeito aos direitos humanos. Lena Mukhina começou a escrever seu diário em maio de 1941, um mês antes da invasão alemã a Leningrado, cidade onde vivia. Em 1942, Lena e outros habitantes foram evacuados da cidade pêlas tropas nazistas, interrompendo, assim, os registros em seu diário. êsse documento foi descoberto somente em 1990 e, desde então, é considerado uma rica fonte histórica sôbre os acontecimentos deflagrados em razão da Segunda Guerra Mundial.
  • O diário é um gênero textual que costuma apresentar linguagem informal e espontânea. Trata-se de uma narrativa subjetiva, geralmente em primeira pessoa, com relatos de experiências pessoais, de fatos do cotidiano, de sentimentos e de opiniões. Além disso, sua estrutura é formada por data e local em que o autor se encontrar, desenvolvimento do assunto (normalmente, é o registro das atividades e das emoções dessa pessoa) e, por fim, sua assinatura. Para uma articulação com o componente curricular de Língua Portuguesa, comente essas informações com os alunos. Depois, em conjunto com o professor dêsse componente curricular, organize uma atividade em que os alunos devem escrever o próprio diário, com a estrutura que êsse gênero costuma apresentar: data, local, desenvolvimento do assunto com texto em primeira pessoa, linguagem coloquial, relatos de acontecimentos e assinatura. Apesar da informalidade do texto, explique-lhes que êle deve ser escrito conforme as normas cultas de nossa língua. Assim que finalizarem, peça-lhes que troquem o texto com o de um colega e que façam a revisão da estrutura, bem como da ortografia. Solicite ao professor de Língua Portuguesa que também aponte o que for necessário nos textos dos alunos.

A seguir vamos analisar um registro do diário de Anne Frank, escrito quando ela tinha 14 anos. A família, de origem alemã, era judia e, após sofrer perseguições em seu país, mudou-se para a Holanda, em 1942, onde passou a viver escondida na casa de amigos. Leia um trecho do diário dela, escrito em 13 de janeiro de 1943, e responda às questões no caderno.

reticências

Coisas terríveis estão acontecendo lá fóra. A qualquer hora do dia ou da noite pessoas pobres e desamparadas são retiradas de suas casas. Não têm permissão de levar nem mesmo uma sacola com alguma coisa e um pouco de dinheiro, e, mesmo quando têm, essas posses lhes são roubadas no caminho. Famílias são rompidas; homens, mulheres e crianças são separados. Crianças chegam da escola e descobrem que os pais desapareceram. Mulheres voltam das compras e descobrem as casas lacradas e que as famílias desapareceram. reticências Todas as noites centenas de aviões passam sôbre a Holanda a caminho das cidades alemãs, para semear suas bombas em solo alemão. Toda hora centenas, ou talvez milhares, de pessoas são mortas na Rússia e na África. Ninguém pode ficar longe do conflito, o mundo inteiro está em guerra, e, mesmo com os Aliados se saindo melhor, o fim não está próximo.

reticências

As crianças dêste bairro andam com camisas finas e sapatos de madeira. Não têm casacos, nem capas, nem meias, nem ninguém para ajudá-las. Mordendo uma cenoura para acalmar as dores da fome, saem de suas casas frias e andam pêlas ruas até salas de aula ainda mais frias. As coisas ficaram tão ruins na Holanda que hordasglossário de crianças abordam os pedestres para implorar um pedaço de pão.

reticências

FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. 45. edição Tradução: Ivanir Alves Calado. Rio de Janeiro: Record, 2014. página 110-111.

Fotografia. Destacando um diário aberto com fotografias coladas e textos.
Páginas do diário de Anne Frank escritas em 1943.

Agora, responda às questões a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Em que local e ano o trecho de diário apresentado anteriormente foi escrito?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Descreva a visão de Anne Frank sôbre a Segunda Guerra Mundial, conforme o trecho do diário apresentado.

Ícone ‘Atividade oral’.

3. De acôrdo com Anne Frank, como as crianças eram afetadas pêlo conflito?

Ícone ‘Atividade oral’.

4. Em sua opinião, por que os diários pessoais constituem importantes fontes históricas? Explique.

Respostas e comentários

Questões 1 a 4. Respostas nas orientações ao professor.

Respostas

1. O trecho do diário de én frênqui foi escrito na Holanda em 1943.

2. én frênqui afirma que o conflito está atingindo o mundo de fórma geral, embora os Aliados pareçam estar vencendo a guerra. Na perspectiva da adolescente, o sofrimento estava atingindo a população de fórma brutal.

3. én frênqui descreve a situação das crianças na região onde ela vive, comentando que elas passavam fome e frio e que muitas delas perderam os pais.

4. Espera-se que os alunos percebam que, além de apresentar informações a respeito dos fatos históricos, os diários podem ser uma fonte histórica importante para conhecermos os sentimentos e as perspectivas pessoais dos indivíduos que viveram em determinada época.

Glossário

Esterilizar
: neste caso, tornar a pessoa infértil, incapaz de procriar.
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Obus
: projétil onde se colocam explosivos que são lançados em caso de guerra.
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Horda
: grupo numeroso e desorganizado de pessoas.
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