Investigando fontes históricas

As charges no govêrno Vargas

Durante o govêrno de Getúlio Vargas, muitas charges veiculadas pêla imprensa satirizavam as ações do presidente.

A revista Careta era publicada semanalmente, entre os anos de 1908 e 1960, e foi um dos veículos de informação da época que recorria a charges de diversos artistas para criticar o govêrno.

Leia a seguir a análise de uma dessas charges, publicada em 1937, alguns meses antes da implantação do Estado Novo.

Capa de revista. Na parte superior, o nome da revista: CARETA. Abaixo, ilustração, um homem calvo usando roupas azuis e brancas. Ele está colocando cascas de bananas no chão. Sobreposto à letra 'C'. Atrás, um edifício com três andares com esculturas de pássaros com as asas abertas. Sobreposto à letra 'A'. No fundo, na lateral do prédio, a silhueta de uma pessoa de perfil. Sobreposto à letra 'B'. Na parte inferior, o texto: LÁ NO PALÁCIO DAS ÁGUIAS. Sobreposto à letra 'D'.
Charge de José Carlos de Brito Cunha (J. Carlos) publicada na revista Careta, no Rio de Janeiro, érre jóta, em 1937.

 A.  O autor da charge ironiza o autoritarismo de Vargas durante o Estado Novo ao retratar as águias do teto do palácio do Catete, séde do govêrno federal, no Rio de Janeiro, no estilo de águias nazistas.

 B.  A personagem que assiste à cena (no fundo, à esquerda, encostada no prédio) era conhecida como Jeca e simboliza o povo brasileiro.

 C.  As cascas de banana colocadas na entrada do palácio do Catete são uma fórma de mostrar como Vargas estava manipulando a política da época. Sua intenção era manter-se no poder, e quem se aproximasse corria o risco de escorregar.

 D.  A charge apresenta a seguinte legenda: “Lá no palácio das águias; – Para que arame farpado, se é possível arranjar tudo com as habituais cascas de bananas?”.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Reconhecer a charge como um importante veículo de crítica política.
  • Compreender que as charges podem ser analisadas enquanto fontes históricas de determinada época.
  • Identificar as críticas ao govêrno de Getúlio Vargas por meio de charges do período.

  • A análise de charges produzidas no govêrno de Getúlio Vargas propõe aos alunos que exercitem sua curiosidade intelectual e elaborem suas respostas com base na interpretação dêsses recursos, o que inclui investigações baseadas nas metodologias da ciência histórica e no conhecimento sôbre o período histórico apresentado, possibilitando, dêsse modo, desenvolver aspectos da Competência geral 2.
  • As inovações historiográficas do século vinte, principalmente com o advento da escola dos anál, na década de 1930, proporcionaram uma ampliação da noção de fonte histórica. É com base nesse contexto que as charges e outros tipos de documentos – não necessariamente oficiais e escritos – passaram a ser compreendidos como fontes históricas.
  • Comente com os alunos que na charge da capa da revista Careta, na página 131, os candidatos à sucessão presidencial foram representados dormindo, simbolizando seu desconhecimento e a falta de reação diante das articulações de Getúlio Vargas para permanecer no poder e inviabilizar as eleições de 1938. Comente também que as águias representadas no edifício reforçavam ainda mais o caráter de Vargas como autoritário, uma vez que o nazismo trazia a imagem da ave em sua bandeira desde a fundação do Partido Nacional-Socialista por Rítler, em 1920. Com um significado fortemente nacionalista, a águia está presente até os dias atuais no brasão de armas da Alemanha.

Leia agora a análise de outra charge, também publicada em 1937.

Capa de revista. Na parte superior, o nome da revista: Careta. Abaixo, ilustração de um homem calvo, usando terno, está deitado em cima de um telhado. Seguido, uma janela, com uma mulher com cabelos loiros. Ela está inclinada na direção de diversas pessoas deitadas em uma cama. Sobreposto à letra 'B'. Na parte inferior, o texto: GAROTOS TRAVESSOS. Sobreposto à letra 'A'.
Charge de José Carlos de Brito Cunha (J. Carlos) publicada na revista Careta, no Rio de Janeiro, érre jóta, em maio de 1937.

 A.  A charge vem acompanhada da seguinte inscrição: “Dorme, dorme. O papãoglossário está em cima do telhado.”.

Vargas é representado como “bicho-papão”, à espreita em cima do telhado.

 B. Os candidatos à sucessão presidencial aparecem dormindo em uma cama, indefesos. As eleições presidenciais estavam marcadas para o início de 1938.

Agora, analise a charge a seguir para responder às questões.

Charge. À esquerda, um homem usando terno claro. Ele está de pé, segurando uma chave com as mãos para trás. Ao lado, um homem calvo, usando óculos e terno, está segurando com as mãos um papel com o texto: TRABALHO. Atrás. Uma casa com a placa: CÂMARA. ALUGA-SE ESTA CASA. Abaixo, um cadeado.
Charge de José Carlos de Brito Cunha (J. Carlos) publicada na revista Careta, no Rio de Janeiro, érre jóta, em dezembro de 1937.
Ícone ‘Atividade oral’.

1. Observe a data de publicação da charge. A qual acontecimento histórico ela está relacionada?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Explique o que o local identificado como “Câmara” representa e o que significa a inscrição da placa colocada na porta.

Ícone ‘Atividade oral’.

3. Por que o artista representou Vargas segurando a chave da Câmara?

Ícone ‘Atividade oral’.

4. Em sua opinião, as charges são importantes para a conscientização da população? Por quê? Converse com os colegas.

Respostas e comentários

Questões 1 a 4. Respostas nas orientações ao professor.

Estabeleça uma articulação com o componente curricular de Língua Portuguesa, abordando com a turma o tema sôbre a função e as características da charge. Para isso, proponha ao professor dêsse componente uma aula em conjunto, a fim de trabalhar os aspectos dêsse gênero textual. Para êsse trabalho e com o intuito de orientar a reflexão, propõem-se as seguintes questões.

a) Vocês já viram alguma charge em jornais ou revistas? Se a resposta for afirmativa, sôbre o que ela tratava?

b) Foi possível compreender o aspecto crítico presente nessa charge que vocês acabaram de citar? Expliquem.

c) Daqui a alguns anos, as charges produzidas na atualidade podem ajudar a compreender o momento político do início do século vinte e um? Por quê?

  • A interpretação da charge possibilita desenvolver o pensamento computacional, à medida que os alunos devem investigar e analisar seus detalhes, identificando elementos que permitem estabelecer relações entre o recurso e o período histórico estudado.
  • As questões propostas nesta seção têm o objetivo de desenvolver a habilidade de análise de imagens dos alunos, além de propiciar o contato deles com fontes históricas diversas. Incentive-os a analisar os recursos, estabelecendo relações com o contexto histórico abordado.

Respostas

1. A charge relaciona-se à instauração do Estado Novo, em 1937.

2. O local identificado como Câmara representa o Congresso Nacional e a inscrição da placa indica o fechamento dessa instituição governamental em um ato determinado por Vargas em 1937.

3. Vargas está segurando a chave da Câmara porque foi êle quem fechou o Congresso e assumiu o contrôle do Poder Legislativo.

4. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que as charges representam uma visão crítica do contexto político e social de determinada época, funcionando como um recurso de formação e de conscientização para a população.

Rádio e política

Entre as décadas de 1930 e 1950, o rádio representava uma das poucas alternativas para ter acesso às informações, pois mais da metade da população brasileira era analfabeta.

Com o rádio, os ouvintes podiam acompanhar diversas notícias sôbre política, cultura, cotidiano e competições esportivas nacionais e internacionais, como a Copa do Mundo de Futebol.

Fotografia em preto e branco. Ao centro, mulher, com cabelos presos e usando vestido, está segurando com as mãos um violão e com a boca próxima a um microfone. Ao redor, homens usando terno.
Cantora e compositora Marília Batista cantando na rádio Mayrink Veiga, na cidade do Rio de Janeiro, ao lado de vários artistas, em 1935.

Em 1932, a veiculação de propagandas foi regulamentada, e as estações começaram a ser patrocinadas pelos anunciantes. A programação foi perdendo seu caráter educativo e, aos poucos, tornando-se cada vez mais voltada para o lazer e para o entretenimento, o que visava ampliar o número de ouvintes.

Os programas de variedades ganharam espaço e passaram a incluir humor, notícias, histórias e música popular. Diversos cantores e cantoras faziam sucesso, e muitos deles se apresentavam ao vivo nos programas da época. O samba era um dos ritmos de maior popularidade. Carmem Miranda, Francisco Alves e Orlando Silva eram alguns dos cantores mais conhecidos dêsse período. 

   Getúlio Vargas, ao perceber o potencial comunicativo do rádio, incentivou a ampliação do sistema de radiodifusão por todo o país, além de estabelecer uma série de medidas para controlá-lo.

   Vargas criou um programa de rádio que divulgava notícias oficiais de sua gestão. Diariamente, durante uma hora, as emissoras ficavam proibidas de transmitir outros programas. O programa intitulado Hora do Brasil era transmitido em rede nacional. Assim, o rádio passou a ser utilizado para divulgar informações que criassem uma boa impressão do governo e exaltassem sua importância.

Fotografia em preto e branco. Homem com cabelos curtos, usando óculos e terno branco, está de pé em um púlpito com microfones e segurando uma folha de papel com as mãos.
Getúlio Vargas faz discurso transmitido pêlo rádio, na cidade do Rio de Janeiro, em 1942.
Respostas e comentários
  • O conteúdo desta página favorece o desenvolvimento de aspectos da Competência geral 7, pois os alunos podem construir seus argumentos sôbre uma das fórmas de divulgação política de Vargas com base na compreensão da importância do rádio naquele momento. Nesse sentido, é válido lembrar que a população, em sua maioria, era analfabeta, portanto o rádio atingia uma quantidade maior de pessoas do que a imprensa escrita.
  • Para complementar a abordagem do tópico Rádio e política, visite com os alunos, se possível, o site que contém áudios do programa Hora do Brasil e ouça com êles alguns dos discursos de Getúlio Vargas.
  • Mídias na educação – SSED/ Méqui O Rádio no Brasil. Disponível em: https://oeds.link/1KlbuH. Acesso em: 27 março 2022.

Sugestão de avaliação

Sugira aos alunos que realizem entrevistas com pessoas mais velhas, como seus avós ou tios, o que contribui para o desenvolvimento de noções introdutórias dessa prática de pesquisa e, além disso, propicia a avaliação dos conhecimentos dos alunos a respeito dos conteú­dos abordados. Peça-lhes que questionem essas pessoas sôbre os hábitos de ouvir rádio, se elas costumavam fazer isso no passado, se ainda ouvem e quais diferenças percebem em relação a êsse hábito e aos noticiários veiculados ao longo do tempo.

Primeiro, os alunos deverão elaborar um roteiro com as principais perguntas a serem feitas, que servirão como base para a realização da atividade, pois as respostas e a conversa com o entrevistado podem suscitar outros debates e assuntos relevantes. No final da atividade, peça-lhes que compartilhem com os demais colegas as informações colhidas nas entrevistas. A ideia é fazer com que os alunos percebam as mudanças e as permanências ocorridas no decorrer do tempo, além de resgatar a memória cultural de pessoas próximas a êles. A avaliação deve ser realizada em diferentes aspectos, incluindo a participação e a colaboração dos alunos no processo.

O Brasil e a Segunda Guerra Mundial

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

Em sua opinião, como foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial? Converse com os colegas.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial na Europa, em 1939, o Brasil, a princípio, manteve-se neutro. Apesar de o govêrno do Estado Novo ter características claramente próximas ao fascismo italiano, Getúlio Vargas não declarou apôio aos países do Eixo nem aos Aliados.

Essa postura influenciava diretamente a política externa brasileira naquele momento: Getúlio Vargas negociava com os países que oferecessem vantagens ao Brasil.

Em fevereiro de 1942, os nazistas atacaram embarcações brasileiras, provocando a morte de centenas de pessoas e ocasionando grande comoção na população, que passou a pressionar o govêrno para que o Brasil entrasse no conflito contra os países do Eixo. Junto a isso, os Estados Unidos, que estavam no conflito desde 1941 ao lado dos Aliados, também pressionavam as autoridades brasileiras. Quando o govêrno estadunidense se comprometeu a financiar a construção de uma usina de siderurgia em Volta Redonda (Rio de Janeiro), o Brasil deixou a neutralidade e garantiu apôio aos Aliados.

O Brasil vai à guerra

Em agosto de 1942, o Brasil declarou guerra aos países do Eixo, aliando-se à Inglaterra, à União Soviética e aos Estados Unidos.

Inicialmente, a participação do Brasil no conflito era restrita ao apôio estratégico, permitindo a instalação de bases aliadas no litoral nordeste do país. Porém, em 1944, as tropas da fôrça Expedicionária Brasileira (féb) foram mobilizadas e começaram a ser enviadas à Europa.

Atuando na Itália com um contingente de 25 mil soldados, a féb teve um significativo papel no conflito. Os pracinhas, como eram conhecidos, lutaram em regiões como Monte Prano e Monte Castelo, importantes frentes de batalha, entre julho de 1944 e o final da guerra na Europa, em maio de 1945.

Fotografia em preto e branco. Diversos homens usando fardas. Ao fundo, uma embarcação.
Pracinhas desembarcando no Pôrto de Nápoles, na Itália, em agosto de 1944.
Respostas e comentários

Questão 2. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos expressem seus conhecimentos prévios sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, quais grupos estavam envolvidos e as atividades que realizaram.

Trabalhe aspectos da Competência específica de História 5, auxiliando os alunos a compreender acontecimentos simultâneos e em localidades diferentes: a Segunda Guerra Mundial, um acontecimento externo, influenciou mudanças no Brasil, como a entrada do país na guerra ao lado dos Aliados e o envio de tropas para participarem do conflito.

Atividade a mais

  • Para trabalhar de uma maneira diferente o tema da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, assista com os alunos ao filme A estrada 47, de Vicente Ferraz, que traz à tona alguns episódios vividos pelos soldados brasileiros no conflito. Antes de assistirem ao filme, relembre os alunos de que, embora se trate de uma obra de ficção, não havendo exatidão na representação do que de fato ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, alguns paralelos com a realidade histórica podem ser estabelecidos. Caso julgue adequado, aborde o conteúdo do filme por meio de um debate, utilizando-se das questões a seguir.
  • Qual era a missão dos soldados brasileiros representados no filme?
  • De que maneira os soldados brasileiros foram recebidos pêla população italiana?
  • Quais foram as dificuldades enfrentadas por esses soldados representados no filme?
  • Quais eram os sentimentos expressos por êles em relação à guerra?
  • Como os soldados alemães foram representados?
  • A estrada 47. Direção de Vicente Ferraz. Brasil; Portugal; Itália, 2013 (107 minutos).

Os pracinhas

A maioria dos soldados brasileiros enviados à Itália fazia parte da camada mais pobre da sociedade. Muitos eram analfabetos e não tinham treinamento militar completo. No entanto, antes de partir para a guerra, todos recebiam tratamento médico, algum treinamento e armas, fornecidas pelos Aliados.

Assim, os pracinhas puderam resistir e derrotar as experientes tropas nazistas na Itália, contrariando as expectativas de muitas pessoas, que não acreditavam ser possível as tropas brasileiras exercerem um papel relevante no conflito.

Os “soldados da borracha”

Nos acôrdos comerciais firmados com os Estados Unidos, o Brasil se comprometeu a fornecer diversos produtos, entre os quais, a borracha. Com a entrada dos estadunidenses na Segunda Guerra, o Brasil teve de aumentar o fornecimento dêsse produto, iniciando uma campanha de recrutamento de pessoas para trabalhar nos seringais e, assim, atender a demanda.

Enquanto os pracinhas lutavam na Europa, acredita-se que aproximadamente 30 mil pessoas migraram para a Amazônia, a maioria oriunda da atual Região Nordeste. Esses seringueiros ficaram conhecidos como “soldados da borracha”, pois o trabalho deles era visto como um verdadeiro esfôrço de guerra a favor dos Aliados.

De volta ao Brasil

Com o fim da guerra na Europa, em 1945, os pracinhas retornaram ao Brasil como heróis. A participação da féb ao lado dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, lutando em defesa da democracia e contra o fascismo e o nazismo, levou grande parte da população a refletir sôbre as contradições que havia no país, cujo govêrno era autoritário e marcado pêla censura e pêla repressão.

Desde 1943, diversos grupos opunham-se à ditadura de Getúlio Vargas, alguns sendo formados por estudantes, outros por políticos, intelectuais etcétera Esses grupos organizaram diversas manifestações, como passeatas, congressos e abaixo-assinados, exigindo o fim da ditadura, a liberdade de expressão e a convocação de novas eleições.

Em 29 de outubro de 1945, enfrentando pressões populares e setores insatisfeitos do Exército, que se encontrava fortalecido após as vitórias na Segunda Guerra Mundial, Getúlio Vargas foi forçado a renunciar, deixando o govêrno e encerrando o Estado Novo.

Fotografia em preto e branco. Um tanque de guerra em uma rua. Há dois soldados sobre ele e outro em pé, na lateral do tanque. Atrás, um edifício. Ao redor, pessoas caminhando.
Tanque de guerra em frente ao palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, lógo após a deposição de Vargas, em 1945.
Respostas e comentários

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados foi vista por parte da população brasileira como uma contradição, pois o caráter do govêrno de Vargas era ditatorial. Diferentes pontos de vista foram surgindo naquele contexto, até o Estado Novo chegar ao fim. Essa reflexão permite desenvolver aspectos da Competência específica de História 4 ao promover a interpretação de diferentes pontos de vista sôbre o contexto histórico tratado.

Algo a mais

O Museu do Expedicionário produziu uma série documental com nove vídeos a respeito da presença dos pracinhas na Segunda Guerra Mundial, que está disponível no link a seguir.

> Fragmentos da História. Museu do Expedicionário. Disponível em:  https://oeds.link/cYvCH6. Acesso em: 3 maio 2022.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. Explique o processo histórico que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930.
  2. Quais eram as reivindicações do movimento tenentista?
  3. Copie o quadro a seguir em seu caderno e complete-o de acôrdo com o seguinte questionamento: Como as ideologias políticas europeias influenciaram os partidos e movimentos políticos no Brasil, no início do século vinte?
Ícone Modelo.

Socialismo e comunismo

Fascismo e nazismo

Aprofundando os conhecimentos

4. A Coluna Prestes foi um movimento que se originou com o tenentismo, denunciando a corrupção na política e as ideias consideradas retrógradas da República Oligárquica. Na década de 1920, êsse movimento percorreu o país, fazendo oposição ao govêrno de Artur Bernardes. Observe o mapa e responda às questões.

Coluna Prestes (1924-1927)

Mapa. Coluna Prestes (1924-1927). Mapa territorial destacado conforme legenda: Marcha da Coluna Prestes: Partindo de São Luís Alegrete no Rio Grande Sul, Santa Catarina e Paraná. Seguindo por Dourado e Três Lagos em Mato Grosso. Passa por Porto Nacional, em Goiás; Carolina no Maranhão; Floriano no Piauí; Cratéus no Ceará; Piancó na Paraíba; Triunfo em Pernambuco; Paraíba; Alagoas; Rio Grande do Norte, Sergipe; Bahia e Minas Gerais em direção à Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia e no Paraguai. No canto inferior, à esquerda, planisfério destacando parte da América do Sul. Ao lado, representação da rosa dos ventos e escala de 470 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: Nosso Século: 1910-1930. São Paulo: Abril Cultural, 1980. página 229.

  1. De acôrdo com o mapa, quais estados do Brasil a Coluna Prestes percorreu?
  2. Qual era a intenção dos líderes ao organizar uma marcha que passasse por todos esses lugares?
  3. Qual fórma de govêrno era combatida pêla Coluna Prestes? Explique.
Respostas e comentários

1. Resposta: No final da década de 1930, muitos setores da sociedade estavam descontentes com a política do café com leite. Políticos mineiros, representantes do setor industrial e das oligarquias emergentes de outros estados, como do Rio Grande do Sul e da Paraíba, formaram a Aliança Liberal e indicaram Vargas como candidato às eleições presidenciais. As denúncias de fraudes nas eleições e o assassinato de João Pessoa impulsionaram uma revolta armada conhecida como Revolução de 1930, que instituiu o govêrno Provisório liderado por Vargas.

2. Resposta nas orientações ao professor.

3. Socialismo e comunismo. Resposta: Fundação de sindicatos, de instituições e de partidos políticos, como o Partido Comunista Brasileiro (pê cê bê).

3. Fascismo e nazismo. Resposta: Surgimento da Ação Integralista Brasileira (á í bê ), partido político que defendia a centralização do poder e o autoritarismo.

4. a) Resposta: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais.

4. b) Resposta: A intenção da marcha era difundir seus ideais por todas as regiões do país.

4. c) Resposta: A Coluna Prestes era contrária ao govêrno oligárquico e combatia os valores e as instituições característicos da República Oligárquica.

  • As atividades 1, 2, 4 e 5 favorecem o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih zero seis, pois retomam conteúdos ligados à ascensão de Vargas, como as mudanças sociais, políticas e econômicas do período, possibilitando identificar o papel do trabalhismo nesse contexto.
  • A atividade 4 propõe a análise e interpretação de um mapa, contribuindo para que os alunos desenvolvam noções do saber geográfico. Assim, êles deverão utilizar seus conhecimentos cartográficos levando em consideração localidades e direções de um espaço para outro, abrangendo, dêsse modo, a Competência específica de Ciências Humanas 7.

Resposta

2. O movimento tenentista reivindicava melhores condições de trabalho no Exército, mais armamentos, instrução qualificada e aumento de salário para os militares.

5. A cartilha A juventude no Estado Novo foi produzida durante a década de 1940 pêlo Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo. Analise uma das páginas da cartilha com atenção e responda às questões a seguir.

Na inscrição dessa página, lê-se: “Crianças!

Aprendendo, no lar e nas escolas, o culto da Pátria, trareis para a vida prática todas as probabilidades de êxito.

Só o amor constrói e, amando o Brasil, forçosamente o conduzireis aos mais altos destinos entre as Nações, realizando os desejos de engrandecimento aninhados em cada coração brasileiro.”.

Ilustração. À esquerda, uma menina uniformizada com um laço na cabeça. Ao lado, um homem, usando terno azul, está com uma mão no queixo da menina e sorri. A menina também sorri. Ao fundo, um menino uniformizado segurando com a mão a bandeira do Brasil. No canto inferior direito, caixa com texto.
A juventude no Estado Novo, década de 1940.
  1. Qual era a importância do Departamento de Imprensa e Propaganda durante o contexto do Estado Novo?
  2. Quais características do Estado Novo estão destacadas na imagem?
  3. Como a legenda da imagem reforça o nacionalismo defendido pelos governos autoritários, como o Estado Novo? Quais outros regimes do mesmo contexto defendem ideias semelhantes?

6. Os imigrantes japoneses, alemães e italianos que viviam no Brasil entre 1939 e 1945 sofreram algumas consequências durante a Segunda Guerra Mundial. Por serem originários de países que faziam parte do Eixo, muitos foram demitidos de onde trabalhavam e perseguidos; outros tiveram seus bens confiscados e seus direitos restringidos; e outros ainda foram forçados a trabalhar nos chamados campos de internamentoglossário . Leia o trecho a seguir e faça o que se pede.

reticências

O preconceito contra os que passaram a ser chamados, pejorativamenteglossário , de “súditos do Eixo” se disseminou entre os brasileiros. Lojas estrangeiras foram saqueadas e apedrejadas em cidades do Sul e Sudeste do Brasil, onde havia mais colônias italianas, alemãs e japonesas. reticências

dítric, Ana Maria. Uma história sonegada. História Viva, São Paulo, Duetto, número 67, maio 2009. página 62.

Respostas e comentários

5. a) Resposta nas orientações ao professor.

5. b) Resposta nas orientações ao professor.

5. c) Resposta nas orientações ao professor.

Respostas

5. a) O Departamento de Imprensa e Propaganda tornou-se o principal órgão de censura do Estado Novo. Ao mesmo tempo, era o responsável por coordenar a propaganda interna e externa do regime, organizar as festividades cívicas e patrióticas, além de dirigir o programa de rádio oficial do govêrno.

b) A imagem destaca a propaganda de Vargas como um presidente paternalista, que se preocupa com o futuro e com a educação das crianças, ao mesmo tempo que ressalta o populismo do govêrno, dada sua proximidade com as crianças, a quem êle toca e para quem sorri.

c) A legenda enfatiza a importância da formação cidadã para o amor à pátria em primeiro lugar, indepen­dentemente de onde as crianças estejam e do sofrimento que isso possa causar. Ela indica que a recompensa por êsse amor seria um futuro ideal e promissor. O mesmo discurso pode ser lido nos regimes totalitários europeus, como o nazismo, o fascismo e o franquismo.

  1. Quem eram os “súditos do Eixo”? Por que êles eram chamados dessa fórma?
  2. Cite algumas atitudes geradas pêlo preconceito contra os imigrantes.
  3. êsse preconceito ainda existe na atualidade? Em grupos, reflitam e escrevam um texto sôbre as manifestações de preconceito contra estrangeiros vistas atualmente na sociedade brasileira e o que pode ser feito para combatê-las.

7. Em 1924 foi criado o jornal O Clarim d’Alvorada. Uma de suas propostas era veicular histórias e trajetórias de homens e mulheres afrodescendentes que combatiam a discriminação promovendo a igualdade racial.

Em 1935, Eunice de Paula Cunha escreveu um artigo nesse periódico denunciando o papel atribuído às mulheres afrodescendentes naquela época. A seguir, leia um trecho dêsse artigo e responda às questões.

reticências O cativeiro moral para nós, negros, ainda perdura. Notemos a fundação desta Escola Luís Gama com o fim de preparar meninas de côr para serviços domésticos. reticências Por esta iniciativa se vê que para os brancos não possuímos outra capacidade, outra utilidade ou outro direito a não ser eternamente o de escravos. reticências Mas isto não sucederáreticências A vida de um povo depende da sua juventude. Pois bem, nós, além de jovens, somos mulheres.

chumáier, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Mulheres negras do Brasil. Rio de Janeiro: Senáqui Nacional, 2013. página 109.

Capa do jornal. Na parte superior, o nome do jornal: O CLARIM DA ALVORADA. Abaixo, manchete com o texto: BRAVO, DAMAS NEGRAS.
Capa do periódico O Clarim d’Alvorada, de 1930.
  1. Para a autora do texto, o que representa a criação da Escola Luís Gama?
  2. Em sua opinião, o que a autora quis dizer com a frase “Mas isto não sucederá...”? Explique.
  3. No Brasil atual, ainda existem casos de discriminação contra a população afrodescendente? Converse com os colegas sôbre o tema.
Respostas e comentários

6. a) Resposta: Os “súditos do Eixo” eram os imigrantes alemães, italianos e japoneses. êles eram chamados dessa fórma por pertencerem a países que faziam parte do Eixo.

6. b) Resposta: A atitude de preconceito gerou o saque e o apedrejamento a lojas de estrangeiros, em cidades do Sul e Sudeste do Brasil, onde havia mais colônias italianas, alemãs e japonesas.

6. c) Resposta pessoal. Oriente a atividade de produção do texto indicando aos alunos que citem exemplos de casos de preconceitos e de atitudes que podem ser tomadas para evitar tais problemas.

7. a) Resposta: A autora é contrária à criação dessa escola, porque a instituição tinha como objetivo preparar meninas (as quais ela chamou “de côr”) afrodescendentes para serviços domésticos, reservando a essa parcela da população quase que exclusivamente êsse tipo de serviço.

7. b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos compreendam que a autora apresenta uma visão contrária e de combate à discriminação.

7. c) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos reconheçam que ainda existem manifestações de discriminação em nosso país que devem ser combatidas.

  • O item c da atividade 6 propõe aos alunos uma reflexão em grupo sôbre o que pode ser feito para acabar com as manifestações de preconceito contra estrangeiros. Participar dêsse tipo de exercício permite aos alunos agir em conjunto e desenvolver a empatia e o respeito pêla diversidade de indivíduos, desenvolvendo, assim, as Competências gerais 9 e 10.
  • Ao trabalhar a atividade 6, procure observar se os alunos apresentam dificuldades em fazer conexões entre conceitos e eventos tocantes à História europeia e aqueles referentes à História do Brasil. Assim, retome com êles o contexto histórico que deu origem à Segunda Guerra Mundial, como os países envolvidos, as ideologias defendidas e alguns dos principais eventos, a fim de permitir aos alunos que relembrem o conteúdo e façam articulações com o contexto político brasileiro.
  • Na atividade 7, item c, oriente os alunos a citar casos em que êles já vivenciaram situações de preconceito ou de agressão à população afrodescendente. O objetivo da atividade, além de incentivar uma reflexão sôbre a discriminação étnica e social, é incentivar os alunos a expressar suas opiniões de modo respeitoso, promovendo os direitos humanos.
  • Nesta coleção, utilizamos os têrmus escravizado e pessoa escravizada, no entanto escravo eventualmente aparece em títulos de obras e em textos citados de terceiros. Atualmente, o uso dessa palavra tem sido contestado por historiadores, que entendem que tais têrmus produzem interpretações errôneas sôbre êsse grupo social. Ao se deparar com essa palavra, explique aos alunos que escravo coloca o sujeito como passivo, sem ação, cristalizado em seu local social, enquanto escravizado ou pessoa escravizada diz respeito a uma circunstância imposta na qual êsse sujeito foi submetido.

Glossário

Papão
: também conhecido como “bicho-papão”, é uma personagem monstruosa, que faz parte do folclore brasileiro. Ela assusta as crianças e está presente em diversas cantigas populares.
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Campos de internamento
: campos de confinamento criados no Brasil a partir de 1942.
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Pejorativo
: que é depreciativo, que exprime desaprovação.
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