CAPÍTULO 8 Um intervalo democrático

Em 1945, após os anos da ditadura Vargas, teve início um período democrático no Brasil que se estendeu até 1964. Com a saída de Vargas, o presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares, assumiu a presidência da República de fórma provisória. êle se comprometeu a eleger um novo presidente da República e de elaborar uma nova Constituição para o país, alinhada aos princípios democráticos.

As eleições de 1945

Havia três principais candidatos para a presidência nas eleições de 1945: o brigadeiro Eduardo Gomes, que representava a União Democrática Nacional (u dê êne), e fazia oposição a Vargas; o general Eurico Gaspar Dutra, candidato pêlo Partido Social Democrático (pê ésse dê); e o engenheiro Iedo Fiuza, membro do Partido Comunista do Brasil (pê cê bê).

A declaração de apôio de Vargas à candidatura de Dutra, contribuiu para que êsse candidato vencesse com 55% dos votos.

Fotografia em preto e branco. Um desfile, com carros e homens uniformizados tocando instrumentos de sopro e percussão. No segundo plano, a bandeira do Brasil dentro de um triângulo. Abaixo da bandeira, uma faixa com o texto: SEJA BEM VINDO PRESIDENTE DUTRA.
Dutra é recebido com um desfile em sua homenagem em uóshinton Depois de Cristo, Estados Unidos, em 1949.

O govêrno de Dutra

Dutra governou o Brasil entre os anos de 1946 e 1951, de fórma conservadora e com intensa repressão ao comunismo no país. O pê cê bê foi colocado na ilegalidade em 1947, e diversos políticos dêsse partido tiveram seu mandato cassado. Nessa época, o Brasil rompeu relações diplomáticas com a União Soviética e se alinhou aos Estados Unidos.

No govêrno Dutra, foi promulgada uma nova Constituição para o país em 1946, determinando, entre outras medidas, que:

  • o presidente da República seria eleito por meio do voto direto e secreto para um mandato de cinco anos;
  • poderiam votar todos os brasileiros alfabetizados e maiores de 18 anos, de ambos os sexos;
  • era garantido como princípio geral o direito de greve dos trabalhadores, mas um decreto-lei regulava as paralisações e trazia diversas restrições a elas.
Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Compreender as medidas e os projetos de desenvolvimento e de modernização do Brasil, com especial atenção ao govêrno Jota Ka.
  • Conhecer elementos da cultura e da sociedade brasileira na década de 1950.
  • Observar e analisar o contexto em que se desenvolveu o golpe militar de 1964.

Justificativa

Os objetivos dêste capítulo são relevantes para que os alunos desenvolvam as habilidades ê éfe zero nove agá ih zero dois, ê éfe zero nove agá ih um sete e ê éfe zero nove agá ih zero sete. dêsse modo, o conteúdo abrange o período da história republicana de 1946 a 1964, identificando e analisando processos sociais, econômicos, culturais e políticos do Brasil que marcaram êsse período. Além disso, contempla a relação dos governos dêsse período republicano com os povos indígenas brasileiros.


As páginas 138 e 139 apresentam os principais partidos e representantes políticos para as eleições de 1945, assim como as características do govêrno Dutra e, posteriormente, a volta de Getúlio Vargas ao govêrno. Esses acontecimentos estão vinculados a relações de poder e às mudanças e permanências presentes nos governos de 1945 a 1964, abordagem que propicia o desenvolvimento de aspectos da Competência específica de História 1.

Sugestão de avaliação

Com o objetivo de avaliar se os alunos compreendem como se estrutura o processo eleitoral democrático no Brasil, o que os auxilia a fazer paralelos com outros modelos que não estão mais vigentes em nosso país, proponha uma pesquisa em fontes de informação diversas, como em livros, podcasts ou sites da internet sôbre o tema. Oriente-os a investigar os tópicos a seguir.

> A história da democracia no Brasil.

> As diferenças entre os modelos de democracia direta e indireta.

> Como ocorrem as eleições para os cargos legislativos e executivos atualmente.

Os resultados da pesquisa devem ser organizados e entregues em modêlo de relatório, indicando as fontes de pesquisa utilizadas como referências.

Além de avaliar a compreensão dos alunos a respeito dos conteúdos trabalhados, esta atividade possibilita desenvolver as Competências específicas de História 1 e 7, por propiciar a compreensão de acontecimentos históricos e mecanismos de transformações relativas ao processo eleitoral no Brasil, além de incentivar o uso das tecnologias digitais de modo crítico e ético.

Vargas de volta ao poder

Nas eleições de 1950, Getúlio Vargas retorna ao poder por meio do voto. Durante o novo mandato, houve grande incentivo à industrialização e foram feitos investimentos públicos na área de transportes e de energia, sendo mantida sua política trabalhista. Conheça alguns pontos da política de desenvolvimento no segundo mandato de Vargas:

  • fundação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (bê êne dê é), em 1952, para acelerar e diversificar o desenvolvimento industrial;
  • criação do Plano Nacional do Carvão, em 1953, cujo objetivo era modernizar o processo de extração de carvão para a produção de energia;
  • fundação, em 1953, da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia para estimular o desenvolvimento regional;
  • criação da Petróleo Brasileiro ésse á (Petrobras), em 1953, com o objetivo de implementar o monopólioglossário na produção do petróleo.
Fotografia em preto e branco. Ao centro, homem calvo, usando óculos e terno. Ele está com a mão estendida para frente, suja com óleo escuro. Ao redor, outros homens usando terno.
Getúlio Vargas mostra a mão suja de petróleo na refinaria de Mataripe, Bahia, em 1952.

O fim de Vargas

Apesar de manter a política trabalhista, a alta da inflação e o aumento do custo de vida geravam insatisfação popular. Esses fatores motivaram uma série de greves que ocorreram em 1953, como a greve geral em São Paulo, que ficou conhecida como Greve dos 300 mil.

A situação política tornou-se insustentável quando o jornalista Carlos Lacerda, principal crítico de Vargas, sofreu um atentado em 1954. êle foi ferido com um tiro em um dos pés e o responsável por sua segurança, o major Rubens Vaz, foi atingido e morreu. O chefe da guarda de Vargas foi o principal suspeito de ser o mandante do crime, o que intensificou a oposição ao govêrno e a êle próprio.

Os militares exigiam sua renúncia e planejavam um golpe para destituí-lo. Sob intensa pressão para renunciar, Vargas suicidou-se com um tiro no peito, deixando uma carta-testamento.

Respostas e comentários

Um texto a mais

Uma das realizações do govêrno Vargas no período 1951-1954 foi a criação da Petrobrás. Leia a seguir sôbre o assunto.

reticências

No final de 1951, Getúlio enviou ao Congresso o projeto de lei que iria fixar, no imaginário social, a convicção de que seu programa político tinha, de fato, a pretensão de garantir a independência do país através do desenvolvimento econômico autônomo – a criação da Petrobrás. A proposta estava no centro do seu plano de govêrno, a demanda por petróleo e derivados ocupava o primeiro lugar na pauta dos produtos importados, e parecia evidente que a inconveniência de o país continuar a depender dessa importação. Ademais, a campanha pêla nacionalização dos bens do subsolo vinha da década de 1930 e mobilizava instantaneamente os brasileiros.

reticências Em 1951 reticências a defesa do monopólio da exploração pêlo Estado tinha se transformado num dos maiores movimentos de opinião pública da nação. A Campanha do Petróleo, como o movimento ficou conhecido, assumiu o formato de grande mobilização cívica em defesa das riquezas nacionais e reuniu setores muito amplos da sociedade em tôrno da ideia de que o desenvolvimento autônomo do país dependia sobretudo da vontade política dos brasileiros.

O tema penetrou fundo na sensibilidade política da população e contribuiu para amadurecer entre os brasileiros o sentimento de soberania nacional. Como se desejasse reafirmar sua própria grandeza cívica, êsse foi um dos poucos movimentos de massas da história do país a abrigar um largo espectro de opções ideológicas, reunindo militares, comunistas, socialistas, católicos, trabalhistas e até udenistas debaixo de uma só palavra de ordem, lançada pêla União Nacional dos Estudantes (Úni): “O petróleo é nosso”.

reticências

Chuárquis, Lilia Mórits. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, página 401-402.

Os povos indígenas e o Estado

Durante o govêrno Vargas, em 1938, deu-se início à chamada Marcha para o Oeste, um projeto do Estado brasileiro para aumentar sua presença em regiões pouco ou não urbanizadas.

Por meio da construção de estradas e de ferrovias, a Marcha para o Oeste pretendia ampliar a ocupação e o povoamento de regiões no interior do Brasil, sobretudo o Norte e o Centro-Oeste, considerados pêlo govêrno federal como “vazios territoriais”.

Porém, esses territórios eram tradicionalmente habitados por diversas sociedades indígenas. Por isso, o govêrno iniciou também um projeto de integração dessas sociedades, procurando difundir a imagem dos indígenas como símbolo nacional e de patriotismo. Em seu projeto, Vargas teve a colaboração de Cândido Rondon, diretor do Serviço de Proteção ao Índio (ésse pê ih), criado em 1910.

êsse projeto de integração, porém, não considerava as especificidades sociais, econômicas e culturais dos diversos povos indígenas. Tampouco garantia que os indígenas preservassem as suas culturas e tradições.

Durante a Marcha, muitos indígenas foram confinados em pequenas áreas (as chamadas “reservas indígenas”, criadas no início do século vinte pêlo Serviço de Proteção ao Índio) ou removidos de suas terras tradicionais.

A Expedição Roncador-Xingu

Ao longo da Marcha para o Oeste, foram realizadas diversas expedições às regiões ocupadas por povos indígenas no Norte e Centro-Oeste do Brasil. Uma das mais conhecidas foi a Expedição Roncador-Xingu, liderada pelos irmãos Villas-Bôas (Orlando, Leonardo e Cláudio Villas-Bôas).

Nessa expedição, os irmãos Villas-Bôas chegaram à região do Xingu, no estado no Mato Grosso, em 1946. Com o apôio de diversos intelectuais, cientistas e militares, êles se engajaram na luta dos indígenas, e contrariando o projeto de integração do govêrno, desenvolveram medidas para preservar e valorizar suas culturas, seus modos de vida e suas terras, que sofriam com constantes ataques e invasões de fazendeiros.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, um homem, com cabelos ondulados e barba, usando blusa larga e calça, está de pé e de perfil com as mãos na cintura. Ao lado, outro homem, com cabelos lisos e barba, usando camisa e calça, está de pé e de perfil com uma das mãos no pescoço. Atrás, moradias e vegetação.
Irmãos Villas-Bôas no pôsto Avançado da Serra do Cachimbo, Pará, em 1951.
Respostas e comentários
  • Ao identificar as pautas dos povos indígenas no contexto republicano nos anos 1960, o conteúdo desta página possibilita desenvolver a habilidade ê éfe zero nove agá ih zero sete.
  • Conhecer a luta indígena pêla preservação de suas terras e de sua cultura em meio a projetos que visavam à construção de estradas e ferrovias em seus territórios é uma maneira de avaliar a intervenção do govêrno nesses territórios e no cotidiano dos povos que ali viviam. Nessa perspectiva, esta abordagem contempla aspectos da Competência específica de Ciências Humanas 3.
  • Nesta coleção, utilizamos o têrmu indígena, no entanto índio eventualmente aparece em títulos de obras, nomes de instituições e em textos citados de terceiros. Atualmente, o uso dessa palavra tem sido contestado pêla própria população indígena e por historiadores, que entendem que tais têrmus produzem interpretações errôneas sôbre esse grupo social. Ao se deparar com essa palavra, explique aos alunos que índio é uma criação dos colonizadores e não representa a pluralidade dos povos indígenas.

A resistência xavante

Durante a Marcha para o Oeste, os representantes do Serviço de Proteção ao Índio se depararam com uma grande resistência dos Xavante, e reagiram à invasão de suas terras e às tentativas de dominação com grande resistência e ataque aos grupos expedicionários, sendo pacificada somente após 5 anos do primeiro contato com o Serviço de Proteção ao Índio.

Leia o texto a seguir, do historiador estadunidense Seth gárfild, sôbre a resistência xavante à tentativa de integração pêlo Serviço de Proteção ao Índio durante o Estado Novo.

Fotografia em preto e branco. Destacando o busto de um homem indígena com um alargador na orelha.
Indígena xavante da região da Serra do Roncador, Mato Grosso, em 1949.

reticências

A Marcha para o Oeste encontrara um obstáculo e o govêrno correu para mascarar a rejeição dos Xavante. reticências A estratégia Xavante de ataques surpresa manteve invasores à distância durante décadas. A defesa de extenso território foi essencial para manter sua economia mista baseada na caça e coleta e, em menor escala, na agricultura. Embora o govêrno Vargas retratasse o Oeste como uma utopia, os Xavante conheciam a variabilidade do clima e a pobreza do solo da região, que faziam da agricultura um empreendimento arriscado. Por requisitar um extenso território para a caça de animais e coleta de frutas, babaçu e raízes, a comunidade Xavante combatia qualquer invasor que ameaçasse acesso ao precioso recurso natural.

reticências Devido às suas diretrizes sociais, orientação cultural e memória histórica, o amor dos Xavante pêlo Brasil apenas podia ser “uma simples extensão” do amor que sentiam pêlo seu território. reticências

gárfild, Seth. As raízes de uma planta que hoje é o Brasil: os índios e o Estado Nação na era Vargas. Revista Brasileira de História, São Paulo, volume 20, número 39, 2000. página 27.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

De acôrdo com o texto, qual é o motivo da resistência Xavante?

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 2.

De que fórma se constituiu a resistência Xavante à Marcha para o Oeste?

Respostas e comentários

Questão 1. Resposta: Os alunos podem destacar a proteção do território e dos recursos naturais que garantiam o modo de vida Xavante, bem como sua orientação cultural e memória histórica.

Questão 2. Resposta: Seguindo a mesma estratégia empregada contra outros avanços (a exemplo dos bandeirantes), os ataques surpresa defendendo o território.

  • O conteúdo a respeito dos povos indígenas e das ações do Estado em relação a esses povos, bem como as questões propostas na página, favorecem o trabalho com a habilidade ê éfe zero nove agá ih zero sete.
  • Aproveite o momento para explorar com os alunos a diversidade indígena existente no país, apresentando diferentes elementos culturais e fórmas de vida. Comente com os alunos que essa diversidade, por muito tempo, foi ignorada, e os indígenas tratados como um povo único, não tendo suas culturas e reivindicações consideradas. A exploração e valorização da diversidade corrobora com o trabalho da Competência geral 6 da Bê êne cê cê.

Um texto a mais

O texto a seguir apresenta uma reflexão a respeito da política de proteção aos indígenas promovida pêlo Serviço de Proteção ao Índio.

A política de administração dos índios pêla União foi formalizada no Código Civil de 1916 e na lei norteo 5.484, de 27 de junho de 1928, que estabeleceram sua relativa incapacidade jurídica e o poder de tutela ao Serviço de Proteção ao Índio. Estes dispositivos, entretanto, partiam de uma noção genérica de ‘Índio’. Não foram formulados critérios objetivos que pudessem dar conta da diversidade de situações vividas pelos povos indígenas no Brasil. Além disso, a atuação tutelar do Serviço de Proteção ao Índio foi permeada pêlas mesmas contradições presentes na fundação do SPILTN. Por um lado, visava proteger as terras e as culturas indígenas; por outro, a transferência territorial dos nativos para liberar áreas destinadas à colonização e a imposição de alterações em seus modos de vida. Esta situação foi chamada pêlo antropólogo João Pacheco de Oliveira de “paradoxo da tutela” (1987).

SERVIÇO de Proteção aos Índios (ésse pê ih). Instituto Socioambiental. Disponível em: https://oeds.link/MFFNUX. Acesso em: 3 maio 2022.

O govêrno de Juscelino cubishéqui

Após o suicídio de Getúlio Vargas, Café Filho, o vice-presidente, assumiu o govêrno, sendo substituído ainda por Carlos Luz e, depois, por Nereu Ramos, que cumpriu o restante do mandato (1954-1955). As eleições presidenciais estavam marcadas para outubro de 1955.

Nesse cenário político, destacou-se Juscelino cubishéqui(Jota Ka), do Partido Social Democrático (pê ésse dê). Em sua carreira política, Jota Ka já havia sido prefeito de Belo Horizonte (Minas Gerais), na década de 1940, e governador de Minas Gerais.

Na época, os eleitores podiam votar em um candidato para a presidência e em outro para a vice-presidência. Assim, Jota Ka foi eleito presidente com 36% dos votos, e João Goulart, o Jango, do Partido Trabalhista Brasileiro (pê tê bê), elegeu-se vice-presidente.

O Plano de Metas

O slogan do govêrno Jota Ka era “Cinquenta anos em cinco”, ou seja, durante os cinco anos de govêrno, o país passaria por transformações que normalmente demorariam cinquenta anos para ocorrer.

Assim, um dos destaques do govêrno de Jota Ka foi o Plano de Metas, que consistia em 31 objetivos, organizados em seis grupos: transportes, energia, alimentação, educação, indústria de baseglossário e a construção de Brasília, prometida ainda em campanha.

Para atingir todos esses objetivos, Jota Ka recorreu ao capital internacional. lógo, o govêrno tomou empréstimos de países como Inglaterra, Alemanha e França. Os Estados Unidos também fizeram empréstimos ao Brasil, tornando-se os grandes financiadores do projeto modernizador do govêrno. Em troca, o govêrno brasileiro concedia incentivos fiscais (redução ou isenção de impostos) a empresas internacionais para que elas se instalassem no país.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, homem com cabelos penteados para trás, usando terno claro. Ele está sentado em uma cadeira com as mãos abertas gesticulando. Ao lado, outro homem, com cabelos lisos usando terno escuro. Ele também está sentado e sorri olhando para as mãos.
Juscelino cubishéqui, candidato a presidente, e João gulár, candidato a vice-presidente, durante a campanha presidencial de 1955.
Fotografia em preto e branco. Dois homens usando macacão. Eles segurando parte de um caminhão em uma linha de produção.
Operários de indústria automobilística trabalhando na montagem do primeiro caminhão fabricado no Brasil, em São Paulo, ésse pê, em 1955.
Respostas e comentários
  • O conteúdo a respeito das transformações políticas e econômicas a partir de 1946 contribui para desenvolver aspectos da habilidade ê éfe zero nove agá ih um sete.
  • Comente com os alunos que em 1955, na eleição presidencial, Juscelino cubishéqui era de um partido, Partido Social Democrático (pê ésse dê), e Jango de outro, Partido Trabalhista Brasileiro (pê tê bê). Cada um concorreu por seu partido, sem que formassem uma chapa, como acontece atualmente, e ambos foram os mais votados, respectivamente, para presidente e vice-presidente da República. Isso foi possível porque as leis da época determinavam eleições separadas para os dois cargos.
  • O período Jota Ka é marcado pêla aplicação da política nacionalista e desenvolvimentista: pensava-se, seguindo diretrizes preconizadas pêla Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, a cepál (comissão composta de importantes intelectuais brasileiros, como o economista Celso Furtado), que o Estado deveria conduzir processos de modernização por meio do incentivo à indústria e ao consumo. Para tal desenvolvimento ocorrer, era necessário fortalecer a nação, capacitando-a a confrontar a concorrência externa e a combater a subordinação aos mercados estrangeiros. Juscelino, com seu Plano de Metas, objetivava alcançar um desenvolvimento de “50 anos em 5”, mas o custo dessa política foi o crescimento da dívida externa e da inflação, problemas que desencadeariam uma profunda crise econômico-financeira em anos posteriores.

Algo a mais

O Memorial Jota Ka é um espaço destinado a contar a história de Juscelino cubishéqui, além de aspectos de seu govêrno, e pode ser visitado virtualmente pêlo link a seguir.

> Memorial Jota Ka. Museu Brasil. Disponível em: https://oeds.link/kVrRFy. Acesso em: 3 maio 2022.

A industrialização

A industrialização cresceu muito na década de 1950, principalmente o setor automobilístico, que se tornou um dos símbolos do desenvolvimento industrial no govêrno de Jota Ka. Antes, já havia montadoras de automóveis no Brasil, a primeira indústria automobilística se instalou no país em 1919. No entanto, foi o govêrno de Jota Ka que concedeu maior incentivo para o desenvolvimento e para o aumento da produção de veículos, o que resultou na instalação de novas fábricas no país, entre elas, diversas empresas multinacionais.

A aceleração do processo de desenvolvimento e de urbanização ocorreu de modo desigual, beneficiando principalmente as regiões Sul e Sudeste. Essa industrialização atraiu muitos trabalhadores, principalmente do Nordeste brasileiro, que migraram para essas regiões em busca de melhores condições de vida e de trabalho.

Além da indústria automobilística, também se instalaram no país indústrias de eletrodomésticos e de outros bens de consumo. A maior parte delas se estabeleceu no á bê cê paulista, próximo à cidade de São Paulo.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, homem usando terno. Ele está de pé e dentro de um carro aberto, acenando com uma das mãos. Nas laterais, pessoas em pé batendo palmas.
Jota Ka durante inauguração de indústria automobilística no município de São Bernardo do Campo, São Paulo, em 1959.

Região do ABC paulista

Mapa. Região do ABC paulista. Mapa territorial destacado conforme legenda. Município de São Paulo: Grande extensão de terra. ABC paulista: Porção de terra ao lado do Município de São Paulo. Formado pelas cidades destacadas de São Caetano do Sul, Santo André e São Bernardo do Campo. No canto superior à direita, mapa do estado de São Paulo, destacando um trecho do município de São Paulo e a região do ABC. Ao lado, representação da rosa dos ventos e, abaixo, escala de 18 quilômetros quilômetros.

Fonte de pesquisa: ATLAS geográfico escolar. Rio de Janeiro: í bê gê É, 2009. página 174.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 3.

Quais municípios formam o á bê cê paulista?

Respostas e comentários

Questão 3. Resposta: São Caetano do Sul, Santo André e São Bernardo do Campo.

  • A discussão sôbre a industrialização e a construção de Brasília, apresentada nas páginas 143 e 144, permite desenvolver aspectos da Competência específica de História  5, pois os alunos poderão compreender como o processo se desenvolveu no Brasil no período da década de 1950, os locais mais privilegiados com essa mudança, assim como identificar o deslocamento de pessoas de outras regiões para o Sul e o Sudeste em busca de trabalho e de uma vida melhor.
  • Auxilie os alunos na leitura do mapa desta página, destacando a importância da utilização de elementos como a escala, a legenda e a rosa dos ventos para fazer essa interpretação, contribuindo, assim, para o desenvolvimento do saber geográfico.

A construção de Brasília

Em 1956, iniciou-se a construção de Brasília, para ser a nova capital do Brasil. Planejada pelos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, ela foi inaugurada por Juscelino cubishéqui em 1960 e tornou-se símbolo da civilização e da modernização do país.

A maior parte do investimento na construção de Brasília era originária do capital estrangeiro.

Foram atraídos para o local aproximadamente 40 mil trabalhadores, que ficaram conhecidos como candangos. dêsse total, quase 45% deles eram de origem nordestina. A cidade de Brasília foi construída em tempo recorde: cêrca de três anos e meio.

Fotografia. Vista aérea. À esquerda dois prédios de tamanhos iguais e duas cúpulas. À direita, um prédio de dois andares brancos. No fundo, silhueta de outras construções em um terreno plano.
Vista aérea da construção de edifícios do Palácio do Planalto, no final da década de 1950.

Os candangos

O cotidiano dos candangos era bastante difícil, com muito trabalho e raros momentos de descanso e lazer. A Região Centro-Oeste, ainda pouco habitada, não tinha estrutura adequada para receber tantas pessoas e as moradias disponibilizadas ao redor de Brasília eram extremamente precárias.

êles se revezavam em turnos de oito horas, muitas vezes trabalhando inclusive de madrugada. Era comum também a realização de horas extras.

Além disso, a segurança no cotidiano dos trabalhadores nas obras também podia ser bem precária. Fontes como relatos de operários e fotos da época evidenciam trabalhadores muitas vezes sem luvas, capacetes, cordas e outros equipamentos de segurança. De acôrdo com relatos, os acidentes eram constantes.

Fotografia em preto e branco. Homens, usando chapéu, camisa e calça, estão segurando enxadas com as mãos em um canteiro de obras
Operários trabalhando sem equipamentos de proteção durante construção de Brasília, em 1959.
Respostas e comentários
  • O conteúdo desta página trata de mudanças urbanas com grande impacto cultural, como foi o caso da construção de Brasília, assunto que trabalha aspectos da habilidade ê éfe zero nove agá ih um oito.
  • O conteúdo torna possível desenvolver aspectos da Competência geral 1, pois, ao compreender a difícil realidade dos candangos e suas precárias condições de trabalho e moradia, os alunos podem refletir sôbre a necessidade de todos contribuírem para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa em nosso país.
  • Explique aos alunos que a ideia da construção ou transferência da capital do Brasil para o interior do território remete aos tempos coloniais. As justificativas para essa empreitada eram diversas, entre elas o desejo de integrar outras regiões à dinâmica nacional e estabelecer o centro político do país em um local considerado neutro politicamente.
Fotografia em preto e branco. Uma construção de madeira com muitas portas. Um homem usando chapéu está de pé em uma das portas.
Alojamento de operários durante a construção de Brasília, em 1958.

A seguir, leia o relato de um trabalhador candango sôbre suas memórias a respeito do período em que trabalhou na construção de Brasília.

reticências

“Nosso lazer era êsse: contar história do passado, das pessoas que a gente tinha deixado na terra da gente. Cada um contava a sua história. O lazer? Quase ninguém nessa época tinha lazer. Aqui não tinha lazer. Aqui tinha que ser igual porco: comer, trabalhar e dormir. […] o ânimo era o melhor possível, o pessoal animado, todo mundo atrás do seu eldorado, não é? Foi muito bom, foi uma época assim, que as amizades da época, era uma amizade, a gente via que tinha, mais sincera, não é?... Eu achei muito bom, isso de ter vindo para Brasília. Talvez se tivesse que começar tudo de novo eu repetiria isso. Mesmo já sabendo de todo o sofrimento que passei.”

reticências

MEMORIAL da democracia. Disponível em: https://oeds.link/ucDeUC. Acesso em: 18 fevereiro 2022.

Após o término das obras de construção de Brasília, devido ao alto custo de vida na nova capital, a maioria dos candangos se afastou do lugar que ajudaram a construir para morar em seu entôrno, nas chamadas cidades-satélites, como Taguatinga, Ceilândia, Sobradinho e Núcleo Bandeirante.

Após a leitura do texto, converse com seus colegas e reflitam a respeito dos questionamentos a seguir.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 4.

Quais sentimentos a respeito do período da construção de Brasília podem ser apreendidos pêlo relato?

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 5.

É possível identificar no texto o que motivou essas pessoas a se colocarem em condições extremas de trabalho?

Respostas e comentários

Questão 4. Resposta: Os alunos podem destacar a nostalgia e carinho pêlo período, as amizades, o orgulho da escolha e da construção. Mas também podem destacar os sentimentos de exploração e sofrimento devido às condições de trabalho.

Questão 5. Resposta: A menção à procura pêlo eldorado destaca a esperança que esses trabalhadores tinham em melhorar de vida trabalhando na construção da capital, saindo, por vezes, de condições de vida difíceis, e sem expectativa de mudança, para um novo lugar, onde teriam trabalho e possibilidades de ter uma vida diferente.

  • Ao trabalhar o texto da página com os alunos, é possível que êles desenvolvam a leitura inferencial, à medida que podem compreender o recurso por meio de indícios apresentados pêlo autor e/ou relacionando-o aos seus possíveis conhecimentos prévios.
  • Aproveite as questões da página para identificar se algum conteúdo precisa ser retomado com os alunos, a fim de que compreendam o contexto histórico que levou à construção de Brasília, bem como a situação a que foram submetidos os candangos.

Um texto a mais

sôbre as condições de vida e trabalho dos candangos nas obras de construção de Brasília, leia o texto a seguir e comente as informações com os alunos.

reticências

Os alojamentos eram precários, sem privacidade, principalmente nos alojamentos dos solteiros. As camas eram de madeira, sem higienização, expostos ao calor e ao frio.

reticências

Passando das condições de moradia para as relações de trabalho, a rotina do trabalho era exaustiva, os operários começavam a trabalhar às 6 horas da manhã, até às 12horas, com intervalo de uma hora, e novo turno de trabalho até às 18horas. Alguns ainda iam até 22, 24horas da noite, conforme as informações colhidas no depoimento reticências. Alguns trabalharam numa rotina de 14, 15, 16 horas por dia. Eram as condições impostas pêlo contexto aos que desejavam aumentar seus rendimentos. Nas folhas de pagamento da NOVACAP determina-se que o salário era pago por hora de serviço.

reticências

Da rotatividade no trabalho para as condições de segurança no canteiro de obras, o que mostram a literatura, as fotografias e os relatos é que as condições eram bastante precárias. reticências veem-se [nas fotos da época] os operários em serviço, sem luvas, cordas de segurança e outros materiais necessários. Nos relatos dos trabalhadores, os acidentes de trabalho eram constantes.

reticências

REIS JUNIOR, Reinaldo de Lima. Cidade, trabalho e memória: os trabalhadores da construção de Brasília (1956-1960). 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) — Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte. página 59, 61, 64.

Glossário

Monopólio
: prática na qual determinadas empresas, grupos ou governos detêm exclusividade sôbre a comercialização de um produto ou serviço.
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Indústria de base
: tipos de indústrias como as de siderurgia e as de mineração, que atuam na produção ou na extração de bens tidos como base de outros ramos industriais.
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