UNIDADE 8 Os desafios do mundo contemporâneo

Fotografia. Vista de diversas pessoas usando máscaras no rosto. Elas estão caminhando em uma rua com muitas luzes, segurando com as mãos cartazes e faixas com textos como: 13 DE MAIO DE LUTA. NEM BALA, NEM FOME, NEM COVID. O POVO NEGRO QUER VIVER. Em outro cartaz: O POVO PRETO QUER VIVER. Há também cartaz com o texto: PAREM DE NOS MATAR. Outros com o texto: VIDAS NEGRAS IMPORTAM.
Manifestação organizada pêlo Movimento Negro, na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, em 13 de maio de 2021.
Respostas e comentários
  • pêla observação da foto apresentada na abertura da unidade, é possível desenvolver com os alunos algumas reflexões acerca da intolerância e da discriminação racial, bem como o combate a essas práticas. O tema levantado pêla foto de abertura possibilita desenvolver a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois seis, pois aborda uma manifestação em prol do combate à violência contra populações marginalizadas.
  • Ao longo desta unidade, serão trabalhados diversos temas atuais e de grande importância para a formação cidadã, visando uma atuação democrática e em defesa da paz. Nesse sentido, são abordadas as habilidades ê éfe zero nove agá ih dois seis e ê éfe zero nove agá ih três seis com o objetivo de promover o combate ao preconceito. Além disso, as habilidades ê éfe zero nove agá ih três dois, ê éfe zero nove agá ih três três e ê éfe zero nove agá ih três quatro serão abordadas, pois entre os assuntos da unidade estão o conceito de sustentabilidade e questões relativas ao ambiente decorrentes do processo de globalização, assim como os principais desafios enfrentados pêlo Brasil nesse sentido. Também será trabalhada a questão das transformações decorrentes do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, além da discussão sôbre políticas econômicas adotadas na América Latina, sobretudo no Brasil, e os impactos dessas políticas em nossa sociedade.
  • As temáticas propostas, voltadas ao desenvolvimento da cidadania, contribuem, ainda, com o desenvolvimento da Competência geral 1 da Bê êne cê cê.

No mundo atual, há grandes desafios a enfrentar, como as desigualdades sociais, a intolerância entre as pessoas e a degradação do meio ambiente. A globalização, apesar de diminuir as fronteiras culturais entre os países, não tem conseguido solucionar muitas dessas questões.

Nesta unidade, vamos conhecer melhor quais são esses desafios e refletir sôbre as maneiras como cada um de nós pode contribuir para superarmos os problemas do mundo contemporâneo.

Iniciando a conversa

  1. Quais são as reivindicações das pessoas retratadas na foto? Como você chegou a essa conclusão?
  2. Você conhece pessoas que já foram vítimas de discriminação? Comente.
  3. Quais grupos sociais sofrem discriminação no Brasil? Em sua opinião, por que isso ocorre?

Agora vamos estudar...

  • as desigualdades sociais, econômicas e de gênero em nossa sociedade;
  • as adversidades enfrentadas por afrodescendentes, mulheres, idosos, indígenas, pessoas com deficiência e membros da comunidade éle gê bê tê quê i a mais;
  • a importância do respeito e da valorização das diferentes culturas;
  • problemas ambientais da atualidade.
Respostas e comentários

Questões 1 a 3. Respostas nas orientações ao professor.

Professor, professora: No segundo item do boxe Agora vamos estudar, explique aos alunos que a sigla éle gê bê tê quê i a mais significa lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, queers, intersexuais, assexuais e outros.

Respostas

1. As reivindicações principais são o combate ao racismo e à violência contra pessoas negras. Esses elementos podem ser observados nas faixas e nos cartazes segurados pelos manifestantes.

2. Resposta pessoal. Incentive os alunos a compartilhar suas experiências em relação à discriminação e a comentar seus sentimentos diante do ocorrido.

3. Resposta pessoal. Os alunos podem mencionar os negros, os indígenas, as mulheres, os nordestinos, os homossexuais, os retirantes, as pessoas com deficiência, pessoas obesas ou com sobrepeso, os orientais, entre outros. Incentive-os a expressar sua opinião de maneira respeitosa, mas também crítica, acêrca dos motivos que ainda mantêm os casos de discriminação no Brasil.

Aproveite a foto de abertura e as questões propostas para verificar o conhecimento prévio que os alunos possuem sôbre os assuntos que serão trabalhados ao longo da unidade. Questione-os acêrca de conceitos, como o de globalização, sustentabilidade, mobilização social, discriminação, empatia, entre outros, e peça-lhes que anotem suas percepções, para depois comparar os conhecimentos construídos com os que apresentaram anteriormente.

CAPÍTULO 16 Por um futuro melhor

Como vimos na unidade anterior, a democracia é uma conquista recente da história do Brasil. A participação política e a conquista de direitos é um processo que se constrói cotidianamente, e a garantia da cidadania depende da ação dos diversos sujeitos históricos.

As desigualdades no Brasil

Veja, a seguir, alguns dos principais problemas que constituem as desigualdades sociais no Brasil.

Má distribuição de renda

No Brasil, as primeiras medidas de enfrentamento da pobreza foram implantadas no início da década de 1990 por meio de programas de transferência de renda. A partir de 2001, esses programas foram ampliados.

De acôrdo com o Banco Mundial, os programas federais de transferência de renda contribuíram para que 25 milhões de pessoas deixassem de viver em condição de pobreza extrema entre os anos de 2001 e 2013. Apesar dos resultados, aproximadamente 20 milhões de brasileiros ainda viviam em condição de extrema pobreza em 2013.

Segundo o í bê gê É, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (pê nádi Contínua), divulgados em 2021, mostraram que, em 2020, o rendimento domiciliar per cápita do país foi de cêrca de R$ 285 bilhões. dêsse total, 41,6% estavam concentrados nas mãos de 10% da população mais rica, ou seja, com os maiores rendimentos.

Distribuição da população por rendimento em 2020

Infográfico. Distribuição da população por rendimento em 2020. Os dados são: 10% da população tem 41,6% da renda e 90% da população tem 58,4% da renda.

Fonte de pesquisa: pê nádi Contínua: rendimento de todas as fontes 2020. í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/U5M8Lo. Acesso em: 2 maio 2022.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

  • Refletir sôbre as causas da desigualdade social, principalmente no Brasil.
  • Conhecer as adversidades vivenciadas e a luta empreendida por afrodescendentes, indígenas, idosos, mulheres, pelos membros da comunidade éle gê bê tê quê i a mais, entre outros.
  • Reconhecer a importância da valorização das diferentes culturas e fórmas de existência.

Justificativa

Os conteúdos trabalhados neste capítulo mostram-se importantes para a faixa etária, sobretudo por permitirem o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero nove agá ih dois seis, ê éfe zero nove agá ih três três e ê éfe zero nove agá ih três seis e, assim, incentivar os alunos a ter atitudes cidadãs e democráticas, combatendo o racismo e outros preconceitos.

  • Explique aos alunos que, de acôrdo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (ipéa), o têrmu “pobreza extrema” faz referência a pessoas que vivem com renda mensal inferior a um quarto de um salário mínimo.
  • A página dispõe de um gráfico com o tema Distribuição da população por rendimento em 2020 e de um texto explicativo sôbre êsse recurso, que os alunos devem interpretar a fim de compreenderem a questão da distribuição de renda entre a população brasileira na atualidade. êsse exercício possibilita o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas 7.

O problema do desemprêgo

Nos últimos anos, o aumento do desemprêgo no país vem gerando muita preocupação, principalmente após 2014. A diminuição do crescimento econômico foi um dos fatores que ocasionaram a redução da oferta de vagas de emprêgo e as demissões em diversos setores, sobretudo na indústria.

No Brasil, o desemprêgo atinge uma parcela significativa da população. Conforme dados do í bê gê É, no último trimestre de 2021, a taxa de desemprêgo era de 11,1% entre a População Economicamente Ativa (péa). Para garantir a sobrevivência, inúmeras pessoas recorrem ao trabalho informal, sem registro na carteira de trabalho. Dessa fórma, muitos direitos, como férias remuneradas e salário mínimo, não são garantidos ao trabalhador.

Fotografia. No primeiro plano, um homem, usando casaco, está de costas e encostado em uma barraca com vários potes coloridos. Ao fundo, rua com vários carros..
Vendedor ambulante na cidade de São Paulo, em 2019.

A educação

Embora tenha ocorrido elevação do número de crianças frequentando a escola nas últimas décadas, ainda há muito o que ser feito pêla educação no Brasil. Várias medidas são necessárias, como o aumento nos investimentos em infraestrutura das escolas e a melhoria da remuneração e das condições de trabalho dos professores.

A educação de qualidade possibilita que crianças e adolescentes desenvolvam noções de respeito, de tolerância e de valorização da diversidade. Isso é imprescindível para a superação de outros problemas graves atuais em nossa sociedade, como o preconceito e a discriminação.

Fotografia. Pessoas segurando placas e cartazes em uma rua. Ao centro, o cartaz com o seguinte texto: EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA. APOSENTADORIA E TRABALHO. FRENTE EM DEFESA DA EDUCAÇÃO. RIO DE JANEIRO.
Estudantes e professores durante manifestação na cidade do Rio de Janeiro, em 2019.
Respostas e comentários
  • O assunto abordado permite compreender a necessidade de melhorias no âmbito da educação para que seja possível o desenvolvimento de questões como tolerância, respeito e empatia por todas as culturas e grupos sociais, buscando participar de decisões que visam à garantia dos direitos humanos e ao fim de qualquer tipo de preconceito. Esses aspectos favorecem o desenvolvimento da Competência geral 9.
  • Com o objetivo de complementar as informações da página sôbre desemprêgo no Brasil, comente que entre 2002 e 2003, período de transição entre o govêrno de Fernando Henrique Cardoso e de Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa de desemprêgo era aproximadamente 12% entre a população ativa. Nos anos seguintes, êsse índice caiu gradativamente, chegando ao seu menor nível no ano de 2014, quando atingiu patamares abaixo de 5%. A taxa de desemprêgo no país começou a crescer novamente a partir do ano de 2015, chegando ao índice de 10,9% no primeiro trimestre de 2016 e 11,1% no último trimestre de 2021. Entre os setores mais afetados pêla crise econômica e que, consequentemente, gerou mais demissões estava a ­indústria.

Atividade a mais

  • Proponha aos alunos uma pesquisa sôbre os índices de desigualdade social, de desemprêgo ou de evasão escolar da cidade ou da região onde vivem. Para isso, organize-os em grupos e peça a cada grupo que pesquise um dos temas a seguir.
  • Grupo 1: índices de desigualdade social.
  • Grupo 2: índices de desemprêgo.
  • Grupo 3: índices de evasão escolar.
  • Para a pesquisa, você pode indicar aos alunos o site do í bê gê É. Disponível em: https://oeds.link/blzRWZ. Acesso em: 31 março 2022. Se necessário, oriente-os a realizá-la na biblioteca da escola ou do município.
  • Oriente-os a apresentar os resultados da pesquisa em cartazes, com textos, fotos e gráficos que demonstrem esses índices. Depois das apresentações, organize os alunos em roda na sala de aula e promova uma discussão sôbre resultados, incentivando-os a comentar de maneira crítica a situação do município estudado no que diz respeito aos índices de desigualdade social, desemprêgo e evasão escolar. Por fim, leve-os a pensar em qual seria a proposta deles para sanar esses problemas.

Preconceito e intolerância

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[Narrador]

Racismo estrutural

[Laura]

[tom animado]

Olá! Está começando mais um episódio do podcast “De olho na História”. Eu sou a Laura.

[Rodrigo]

[tom animado]

E eu sou o Rodrigo. Sejam bem-vindos!

[Laura]

[tom sério]

Hoje vamos conversar sobre uma questão muito séria.

[Rodrigo]

[tom sério]

Sim, vamos falar sobre o racismo estrutural na sociedade brasileira. Vocês sabem o que isso significa?

[Laura]

[tom explicativo, de lamento]

O racismo estrutural está pautado em uma mentalidade colonial e escravagista, que naturalizou a exclusão social das pessoas negras ao mesmo tempo em que privilegiou as pessoas brancas.

[Rodrigo]

[tom explicativo, de lamento]

Sim, por esse motivo, infelizmente, a discriminação racial é uma realidade no Brasil, mesmo que ela aconteça de maneira velada, sem que o preconceito seja escancarado.

[Laura]

[tom explicativo, de lamento]

O que torna ainda mais difícil lutar contra essa situação.

[Rodrigo]

[tom explicativo]

É por isso que para se combater o racismo é preciso primeiro compreender a fundo suas raízes históricas e assim perceber como ele ainda está arraigado em nossa sociedade.

[Laura]

[tom explicativo]

Tendo essa compreensão e falando abertamente sobre o assunto, podemos, inclusive, desconstruir a ideia equivocada de que o racismo não existe.

[Rodrigo]

[tom explicativo]

Pois é. No dia a dia, os atos mais explícitos de racismo são considerados pontuais ou tratados como exceções, nunca como fenômeno social.

[Laura]

[tom explicativo]

Só que, se para muita gente o racismo é invisível, a população negra sente na pele o quanto ele é destrutivo e cruel.

[Rodrigo]

[tom explicativo]

A explicação para tanta invisibilidade está no fato de essa realidade ter sido desde sempre normalizada e naturalizada.

[Laura]

[tom explicativo]

Exato. Mas o racismo está presente em todas as esferas da vida cotidiana. Por isso é importante entender como ele se tornou tão intrínseco à nossa estrutura social.

[Rodrigo]

[tom explicativo]

Muita coisa mudou desde o período colonial. Mas, lamentavelmente, a herança cultural da escravidão continua muito forte em nosso país.

[Laura]

[tom explicativo]

Sim, o nosso passado escravagista é o principal responsável pelo racismo entranhado na sociedade.

[Rodrigo]

[tom explicativo, indignado]

E foi justamente na época da colonização que o preconceito racial foi naturalizado, inclusive com o apoio da Igreja.

[Laura]

[tom explicativo]

E mesmo depois de a escravidão ser oficialmente abolida, em 1888, a população negra continuou a sofrer os reveses do racismo.

[Rodrigo]

[tom explicativo]

Sim, por isso precisamos entender que a abolição aconteceu por causa da pressão internacional, principalmente por parte da Inglaterra, e não por uma questão de conscientização social por parte da elite brasileira.

[Laura]

[tom explicativo]

E o problema ainda maior é que ela não veio acompanhada de propostas de reinserção dos negros na sociedade.

[Rodrigo]

[tom explicativo]

Ou seja, não houve qualquer preocupação em inserir a população negra liberta na educação ou no mercado de trabalho. De uma hora para outra, os escravizados estavam livres, mas desamparados pela sociedade.

[Laura]

[tom explicativo]

A ausência de políticas públicas que atendessem aos ex-escravizados contribuiu ainda mais para a marginalização dessas pessoas, que se encontraram sem moradia, sem emprego ou qualquer tipo de estrutura adequada a uma vida digna.

[Rodrigo]

[tom explicativo]

A união e a resistência da população negra para resgatar a identidade e a memória de seus ancestrais, ao longo dos anos, foram fundamentais para a preservação de sua cultura de origem e para o enfrentamento do racismo.

[Laura]

[tom explicativo]

Ainda assim, mesmo após um longo processo de lutas, o racismo continua muito presente em nossa sociedade.

[Rodrigo]

[tom explicativo, indignado]

Um exemplo disso é que, embora os afrodescendentes correspondam a 52% da população brasileira, ainda são raros os casos de negros em cargos de liderança. Assim como ainda é consideravelmente baixa a quantidade de estudantes afrodescendentes nas universidades.

[Laura]

[tom explicativo, indignado]

E não param aí as expressões do racismo. No noticiário, por exemplo, vemos com frequência o tratamento estigmatizado dispensado às pessoas negras. Isso sem contar que essas pessoas são a maioria dos mortos em ações policiais.

[Rodrigo]

[tom explicativo, indignado]

Além disso, é preciso refletir criticamente sobre a representação dos afrodescendentes nos espaços públicos e privados, dando visibilidade às suas vozes e às suas lutas. Eles precisam ser colocados como protagonistas em diversas esferas do cotidiano.

[Laura]

[tom explicativo, indignado]

Sem dúvida. O fato é que são inúmeras as manifestações do racismo estrutural. Por isso precisamos estar muito atentos para detectá-lo e assim combatê-lo.

[Rodrigo]

[tom explicativo, indignado]

Com certeza. Bem, chegamos ao final de mais um episódio. Reflitam sobre as formas veladas de racismo que existem em nosso dia a dia.

[Laura]

[tom de encerramento]

Boa! E aproveitem para conversar com seus colegas sobre como combater a discriminação racial. Até a próxima pessoal!

[Rodrigo]

[tom de encerramento]

Até mais!

[Narrador]

O áudio inserido neste conteúdo é da Incompetech.

Ícone ‘Atividade oral’.

Questão 1.

Reflita sôbre os anúncios publicitários em jornais, revistas e outros meios de comunicação atuais. Em quantos deles aparecem pessoas negras? Por que você acha que isso acontece? Converse com os colegas.

No Brasil, são muitos os problemas sociais a serem enfrentados, como visto anteriormente. Além disso, há ainda outros problemas que devem ser combatidos por toda a sociedade, como o preconceito e a intolerância, os quais provocam situações de racismo, de homofobia e de violência, tanto verbal quanto psicológica ou física.

Preconceito, a base do racismo

De acôrdo com a Constituição de 1988, o racismo é considerado um crime inafiançável e imprescritível, ou seja, não há possibilidade de alívio da pena e o autor do crime pode ser punido pêlo Estado a qualquer tempo. As raízes do racismo no Brasil são antigas, e antes da segunda metade do século vinte, pouco havia sido feito para combatê-lo. Após a abolição da escravidão em 1888, por exemplo, não houve nenhum plano de inclusão social e econômica dos ex-escravizados. Assim, a maior parte da população afrodescendente, além de sofrer discriminação e racismo, não teve acesso à educação e a boas oportunidades de trabalho.

A herança cultural do escravismo continua sendo bastante forte em nosso país, ainda que em alguns momentos ela seja velada. Passados mais de 130 anos desde o fim da escravidão, a população afro-brasileira ainda sofre com os problemas decorrentes do racismo, como a discriminação, a violência e a desigualdade social e econômica.

Fotografia em preto e branco. À esquerda, um menino negro usando chapéu, camisa e calça e uma mulher negra usando vestido. Ao lado, dois homens negros usando chapéu, camisa e calça. Um deles está segurando uma galinha nos braços. À direita, uma mulher negra usando vestido, segurando no colo uma criança negra. Atrás, uma moradia construída com telhas.
Família de ex-escravizados na cidade do Rio de Janeiro, no início do século vinte.
Respostas e comentários

Questão 1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam que o número de representantes da população negra que aparece nesses veículos é muito menor que o número de brancos, e que isso está relacionado à discriminação que esses grupos ainda sofrem, enfrentando problemas como o racismo e a desigualdade de oportunidades decorrentes de tal situação.

  • A questão 1 proposta na página permite contemplar a Competência geral 1, tendo em vista que os alunos podem utilizar seus conhecimentos historicamente construídos para analisar e refletir de modo crítico sobre a pouca representatividade de pessoas negras em diversos segmentos da mídia, fator que contribui para reforçar o racismo. Além do número de representantes, é importante que os alunos reflitam sôbre como e em quais situações essas pessoas precisam ser representadas.
  • Por versar sôbre o conceito de racismo e as práticas em que êle se revela, o conteúdo desta página possibilita uma articulação com a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois seis, visando à difusão de atitudes que objetivem a cultura de paz e o respeito entre as pessoas.

Algo a mais

O livro a seguir traz a temática do racismo, propondo algumas medidas para combatê-lo em nosso dia a dia.

> RIBEIRO, dijamila. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

Sugestão de avaliação

Sugira aos alunos, como proposta de avaliação formativa, uma investigação a respeito de situações atuais de discriminação e a maneira como são exploradas pêla mídia e endereçadas aos órgãos responsáveis. Para isso, oriente-os nas seguintes etapas.

> Organize os alunos em grupos e oriente-os a pesquisar em portais de notícias relatos referentes a denúncias de discriminação.

> Com as reportagens selecionadas, os alunos devem investigar o desdobramento do caso (acompanhamento da mídia, questões legais, resultados etcétera).

> Com base nas informações coletadas, êles devem produzir um texto a respeito do caso, identificando o tipo de discriminação ocorrido, como foi realizada a denúncia, se o caso foi divulgado nas redes sociais e quais foram seus desdobramentos.

> êles devem também apresentar soluções para o problema com base em argumentos éticos, com empatia e respeito aos direitos humanos. Procure avaliar se os alunos mobilizam seus conhecimentos nessa análise.

Lutas e conquistas

Atualmente, muitos grupos e organizações do Movimento Negro promovem campanhas para combater o racismo, a discriminação e a intolerância, por meio de projetos de inclusão social, organização de eventos para a conscientização e promoção da cultura africana e afro-brasileira, entre outras medidas.

Fotografia. Pessoas em uma rua segurando uma faixa com o texto: REAJA À VIOLÊNCIA RACIAL. RACISMO É CRIME.
Manifestação contra o racismo em Goiânia, Goiás, em 2020.

Uma organização de forte atuação na atualidade é o Geledés Instituto da Mulher Negra. Criado em 1988, êsse instituto desenvolve projetos com a intenção, entre outras propostas, de valorizar a cultura afro-brasileira e de combater o racismo, o preconceito contra mulheres negras e a exclusão.

O sistema de cotas

Para combater as desigualdades sociais, o govêrno federal sancionou em 2012 a Lei norteº .12711, conhecida como Lei de Cotas, que garante vagas nas universidades e nos concursos públicos para grupos sociais vulneráveis, entre êles, estudantes pobres, oriundos de escolas públicas, além de estudantes negros e indígenas.

O sistema de cotas, como é chamado, é uma medida temporária com o objetivo de corrigir as desigualdades que atingem os grupos discriminados historicamente.

Respostas e comentários
  • Se julgar conveniente, inicie o trabalho com o tema desta página de uma maneira diferente. Acesse o site Gueledés – Instituto da Mulher Negra para coletar as principais notícias relacionadas às reivindicações dessas mulheres e de toda a população afrodescendente. Oriente os alunos a escrever um resumo da notícia e depois organize uma apresentação dêsses resumos. Ao final, verifique as notícias que foram mais recorrentes e discuta o assunto com os alunos. > Gueledés – Instituto da Mulher Negra. Disponível em: https://oeds.link/9NVQQ4. Acesso em: 31 março 2022.
  • No Brasil, a luta de grupos ligados ao movimento negro e aos povos indígenas foi fundamental para a criação de políticas públicas e ações voltadas à diminuição da desigualdade racial. Entre essas ações estão alguns programas de bolsas de estudo; a distribuição e demarcação de terras, como as quilombolas e as indígenas; a sanção de leis, a exemplo da Lei 10.639/03, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira em instituições de Ensino Fundamental e Médio; e também a Lei 12.711/12, que garantiu a reserva de vagas a alunos autodeclarados pretos, pardos e indígenas e a pessoas com deficiência em universidades federais do país.
  • Explique como funciona esta última lei, caso haja dúvida. Diga que determinada porcentagem das vagas de uma universidade é destinada ao sistema de cotas. Algumas universidades ofertam até 50% das vagas ao sistema, reservando 25% delas a alunos cuja renda familiar mensal é inferior a 1,5 salário mínimo por pessoa e os outros 25% a alunos cuja renda familiar mensal é igual ou superior a 1,5 salário mínimo por pessoa. Dentro de cada grupo dêsses 25%, metade é destinada a autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Portanto, é fundamental esclarecer aos alunos que a adoção de cotas nas universidades públicas favorece o debate referente ao racismo no Brasil.
  • A respeito das cotas, destaque ainda a existência de um movimento de tentativa de derrubada das cotas por parte de grupos políticos que não compreendem o direito como uma ferramenta de redução da desigualdade, mas sim como ação paliativa sem resultados de longo prazo.

Desigualdade entre homens e mulheres

Em nossa sociedade, milhares de pessoas de diferentes idades sofrem constantemente preconceito e discriminação relacionados ao gênero, nos mais diversos espaços. Por isso, o debate sôbre essas questões é uma importante fórma de combater os problemas gerados pêla desigualdade entre homens e mulheres.

Um dos movimentos cuja principal bandeira é o combate à desigualdade de gêneros é o feminismo, que luta pêla liberdade e pêla igualdade de direitos entre homens e mulheres no Brasil e no mundo.

No Brasil, os movimentos feministas garantiram muitos avanços, como o direito das mulheres ao voto, obtido em 1932. No entanto, ainda existem grandes desafios na luta pêla igualdade de direitos, como a disparidade salarial. De acôrdo com a Organização Mundial do Trabalho, em seu Relatório Global de Salários de 2018, as mulheres no Brasil recebem em média 26% a menos que os homens.

Violência contra a mulher

Atualmente, a violência contra a mulher é reconhecida como um grave problema social. No Brasil, a cada ano aumentam as denúncias de casos de agressões contra as mulheres, com os agressores sendo, na maioria das situações, pessoas próximas às vítimas, como maridos e namorados.

Um marco na defesa das mulheres contra a violência foi a aprovação da Lei norteº .11340, a Lei Maria da Penha, em 7 de agosto de 2006, por meio da qual são considerados crimes todos os tipos de violência contra a mulher (física, verbal, psicológica, entre outras situações). A violência contra a mulher é uma grave violação aos direitos humanos.

Fotografia. Diversas mulheres em uma rua, segurando bandeiras, faixas e cartazes. Ao centro, cartaz com o texto: FEMINICÍDIO.
Manifestantes durante ato de repúdio à violência contra as mulheres, no Dia Internacional das Mulheres, na cidade de São Paulo, em 2020.
Respostas e comentários
  • O conteúdo desta página articula-se com a Competência específica de Ciências Humanas 2, pois, ao compreenderem a situação grave de violência contra as mulheres e a população éle gê bê tê quê i a mais, os alunos poderão refletir sôbre esses problemas e os prejuízos que essas fórmas de violência trazem para a sociedade em geral, buscando intervir e contribuir para mudanças que visam ao respeito e que promovem os direitos humanos, independentemente de seu gênero ou orientação sexual.
  • Abordar questões relacionadas ao gênero nas escolas faz parte da formação cidadã e valoriza os direitos humanos, pois se trata de uma maneira de combater preconceitos e discriminações. Dessa maneira, o assunto se articula ao tema contemporâneo transversal Educação em direitos humanos. No que se refere à violência contra a mulher, é urgente a continuidade e a ampliação de campanhas que sensibilizem a sociedade e mobilizem a criação de políticas públicas que atuam em defesa dos direitos da mulher. A Lei Maria da Penha é um grande passo dado nesse sentido. Contudo, ainda é extremamente necessária a conscientização da população no que diz respeito à desconstrução de uma mentalidade pautada na sociedade patriarcal, em que o homem exerce poder sôbre a mulher, sôbre suas decisões e sôbre seu próprio corpo. Em razão dessa mentalidade, milhares de mulheres ainda são vítimas de violência doméstica, sofrendo agressões físicas e verbais de seus parceiros, quando não sendo mortas pelos ataques empregados por êles. Ressalte a necessidade de reverter essa situação e de combater qualquer tipo de violência contra a mulher. Argumente que, por vivermos em um Estado democrático de direito – que tem o dever de garantir a aplicação das leis e das liberdades civis a todos os seres humanos –, as violências de gênero são incompatíveis, devendo, portanto, ser denunciadas e combatidas por todos os cidadãos.

Intolerância religiosa

Outro problema que deve ser combatido é a intolerância religiosa, como a que afeta os seguidores das diversas religiões de matriz africana no país, entre elas o candomblé e a umbanda.

A intolerância religiosa muitas vezes leva as pessoas que professam tais religiões a se isolarem ou até mesmo a negar sua identidade cultural para se protegerem.

Para combater essa intolerância, é necessário que todos compreendam a religião como um aspecto cultural importante para muitas pessoas, e que a negação ou a proibição das expressões religiosas fere o princípio constitucional de liberdade de culto.

Fotografia. Diversa pessoas, com roupas brancas, caminhando em uma rua e segurando um cartaz com o texto: CONTRA A INTOLERÂNCIA! PELA LIBERDADE RELIGIOSA.
Caminhada em defesa da liberdade religiosa realizada na cidade do Rio de Janeiro, em 2019.

Homofobia

Homofobia é um dos têrmus utilizados para se referir ao preconceito e à aversão aos grupos inseridos na sigla éle gê bê tê quê i a mais.

Casos de discriminação e violência motivados por homofobia ainda ocorrem com frequência no Brasil. De acôrdo com pesquisas, o país é um dos que registram maior número de crimes por homofobia no mundo. Dessa maneira, para combater esses problemas, grupos e organizações ligados ao Movimento éle gê bê tê quê i a mais buscam promover campanhas de conscientização contra a intolerância e organizam eventos e manifestações exigindo respeito, liberdade e segurança.

Fotografia. À esquerda, um homem usando terno, está sentado, com a mão direita erguida e, com a esquerda, segurando um microfone. Ao lado, uma mulher negra usando vestido. Ela está sentada em um sofá. Seguido mais quatro pessoas sentadas em sofás com o olhar direcionado para o homem com a mão erguida. Atrás, alguns cartazes e fotografias coladas na parede e um telão.
Debate realizado durante o 16º Seminário LGBTI+ do Congresso Nacional, em Brasília, Distrito Federal, em 2019.
Respostas e comentários

Professor, professora: Ao abordar a foto do tópico Homofobia, explique aos alunos que a sigla LGBTI+ significa lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexual e era a sigla adotada pêlo movimento de combate à homofobia quando foi realizado o seminário.

O conteúdo trabalhado propicia contemplar a Competência específica de Ciências Humanas 4, pois possibilita aos alunos expressar o que pensam sôbre a intolerância religiosa e sôbre as lutas e resistências das populações negra e indígena pêlo fim do racismo e da discriminação, tendo como fundamento o respeito e o acolhimento dêsses grupos, além de levar em consideração seus saberes, necessidades, reivindicações, lutas individuais e coletivas.