A luta dos povos indígenas

Desde o início da colonização do território brasileiro, no século dezesseis, os indígenas resistiram contra o extermínio, a escravização, a expropriação de suas terras, entre outras fórmas de violência.

No início do século vinte, as terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas eram consideradas públicas pêlo govêrno. Muitas foram vendidas ou doadas a fazendeiros posteriormente, gerando diversos conflitos com os indígenas, que eram obrigados a se mudar para outros locais ou acabavam sendo mortos.

Por meio da Constituição de 1988, os indígenas tiveram o reconhecimento, por lei, do direito à terra, na extensão e nas condições necessárias para a manutenção de seus costumes e de seu modo de vida. Além disso, a Constituição reconheceu o direito dos povos indígenas de manter sua própria organização social, sua língua, seus costumes, suas crenças e suas tradições.

As Terras Indígenas

Atualmente, as chamadas Terras Indígenas (terras indígenas) são reconhecidas, demarcadas e regularizadas pêlo govêrno federal. No entanto, embora seja um direito garantido por lei, muitas vezes os indígenas têm de lutar para que êle seja cumprido. As terras indígenas são constantemente alvos de invasores, como de fazendeiros que não reconhecem seus limites territoriais ou de madeireiros que extraem ilegalmente seus recursos naturais.

As Terras Indígenas no Brasil (2021)

Mapa. As Terras Indígenas no Brasil (2021). Mapa territorial destacado as unidades da federação. Conforme a legenda: Homologada: Em sua maioria, faixas de terra na região Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Há também várias áreas de pequena escala nas demais regiões do país. Identificada: Áreas de pequena escala concentradas em sua maioria no litoral de São Paulo e pequenas faixas de terra no Mato Grosso e Pará. Há também áreas de pequena escala nas demais regiões Declarada: Poucas áreas de pequena escala espalhadas pelo território. Há concentração na região Sul, no Mato Grosso do Sul e Ceará. Em identificação: Algumas áreas de pequena escala espalhadas pelo território. Há concentração de terras no Amazonas e no Mato Grosso, onde se localizam pequenas porções de terra. Na parte inferior à esquerda, planisfério destacando parte da América do Sul, representação da rosa dos ventos e escala de 420 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Terras Indígenas no Brasil - maio 2021. Disponível em: https://oeds.link/WvpxUz. Acesso em: 3 maio 2022.

Respostas e comentários
  • Explique aos alunos que a demarcação das Terras Indígenas (terras indígenas), além de garantir a manutenção das tradições e do modo de vida dos povos originários, é importante para a sociedade em geral. Isso porque a demarcação das terras indígenas contribui para o respeito e a valorização da diversidade étnica e cultural de nosso país e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Além disso, colabora para a preservação ambiental e, consequentemente, para o contrôle climático mundial, já que as áreas indígenas tradicionais estão entre as regiões de grande proteção do meio ambiente, de acôrdo com dados do Plano de Prevenção e contrôle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAM) – 2004-2012.
  • O assunto trabalhado na página possibilita aos alunos conhecer a luta dos povos indígenas pêlo direito à terra e pêlas melhorias em suas condições de vida, haja vista a situação de marginalização em que boa parte dêsses povos se encontra. Leve os alunos a refletir de modo crítico sôbre essa situação, desenvolvendo a tolerância e o engajamento para reconhecer a necessidade da luta dêsses povos, que busca alcançar melhorias que se fundamentem nos direitos humanos, no respeito e na valorização dessas culturas. Essa abordagem, portanto, contempla a Competência específica de Ciências Humanas 3. Do mesmo modo, também possibilita o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três seis, pois dialoga com a diversidade de identidade dos brasileiros.
  • Ao trabalhar com dados de uma população específica, os grupos indígenas, o mapa apresentado permite o trabalho com elementos da cartografia social. Aproveite essa temática e convide o professor de Geografia para que possam fazer uma abordagem interdisciplinar da temática, explorando os dados, a realidade geográfica dêsses povos e até mesmo fazendo um aprofundamento a respeito do conceito de cartografia social e sua importância para a área das Ciências Humanas.

As condições de vida

Atualmente, há muitas populações indígenas que sofrem outros problemas, como fome e diversas doenças. De acôrdo com dados fornecidos pêla Secretaria Especial de Saúde Indígena (cêzái), a maioria das causas de mortalidade infantil (entre as crianças com menos de 5 anos de idade) em 2020 eram consideradas evitáveis, como anemia, desnutrição, diarreia, pneumonia e infecção por coronavírus. Naquele ano, foram registrados 776 óbitos de crianças, o que representa mais de 20% das mortes registradas entre os indígenas do país.

A educação indígena e a valorização da cultura

Entre os fatores que ajudam a promover melhorias nas condições de vida das populações indígenas no Brasil, estão a educação e o reconhecimento de sua cultura.

Um dos resultados da luta dos povos indígenas por direitos foi a garantia a uma educação específica, que atenda às necessidades de cada povo. Muitas aldeias têm escolas onde o ensino é bilíngue, ou seja, feito na língua portuguesa e na língua tradicional de cada povo.

Além disso, o calendário do ano letivo nessas escolas é flexível, para que atividades escolares não interfiram nos eventos tradicionais ou nas festas religiosas, por exemplo. Atualmente, existem mais de 3 mil escolas indígenas em todo o Brasil.

A demarcação das terras indígenas e a existência de escolas indígenas são importantes exemplos da luta pêla conquista de direitos, pêla dignidade e pêla preservação da cultura dos povos indígenas no Brasil.

Fotografia. Vista de uma sala de aula. À esquerda, professor sentado em uma cadeira. Ao lado, várias crianças sentadas com os livros abertos sobre as carteiras. Uma delas está em pé, com um papel em mãos e caminhando na direção do professor.
Alunos do povo Guarani Êmibiá na Escola Estadual de Educação Básica Padre Antônio Sepp, em São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul, em 2019.
Respostas e comentários

Nos últimos anos, indígenas de várias etnias brasileiras e ativistas de movimentos a favor de suas causas organizaram mobilizações para questionar a aprovação de uma emenda à Constituição conhecida como Proposta de Emenda Constitucional, ou péqui 215. De acôrdo com essa proposta, a decisão sôbre a demarcação das Terras Indígenas ficaria sob a responsabilidade do Poder Legislativo, sendo retirada do Executivo (govêrno federal) a determinação final. No entanto, a péqui é vista pelos ruralistas e pelos grandes latifundiários como uma oportunidade de paralisar definitivamente as demarcações das terras indígenas, impedindo que muitos avanços sociais, sobretudo os relacionados aos direitos dos povos indígenas, se efetivem em nosso país. A péqui 215 foi aprovada na Comissão Especial, no ano de 2018, e segue aguardando a votação para que seja aprovada no Plenário da Câmara.

A luta dos quilombolas

As comunidades quilombolas também lutam historicamente para garantir seus direitos à terra, à liberdade e à manutenção de seu estilo de vida e sua cultura.

Presentes no território desde o período colonial, diversos povos africanos foram trazidos à fôrça para trabalhar como escravizados, sofrendo com as injustiças da escravidão: longas jornadas de trabalho, castigos físicos e psicológicos, má alimentação, separação de suas famílias, entre outras.

Desde que foram escravizados, esses povos e, posteriormente, os seus descendentes, lutaram contra essa situação e resistiram a ela das mais diversas fórmas. Após séculos de luta e resistência, foi oficializada a Lei Áurea, em 1888, que garantiu liberdade aos escravizados. A lei, no entanto, não assegurou a igualdade de direitos e a inclusão dessas pessoas na sociedade. Por êsse motivo, elas tiveram que continuar a lutar e a resistir.

A conquista de direitos na atualidade

Atualmente, um dos principais símbolos da resistência das comunidades afrodescendentes é a luta pêla demarcação dos territórios remanescentes de quilombos. Isso porque eram nesses espaços que os grupos de africanos e afrodescendentes viviam e conviviam de acôrdo com suas tradições e modos de vida.

Os atuais habitantes dos quilombos, descendentes de africanos e afrodescendentes, são conhecidos como quilombolas e, assim como seus antepassados, continuam a luta por direitos e pêla liberdade.

As escolas quilombolas são uma das conquistas das comunidades quilombolas. Nessas instituições, são valorizados e respeitados elementos de suas culturas e história, de modo a combater os problemas que ainda permanecem, como o racismo e o preconceito.

Fotografia. Vista de uma sala de aula. No primeiro plano, algumas crianças sentadas e pintando desenhos. Ao fundo, parede com ilustração de mulheres negras e silhuetas de mãos
Alunos da Escola Estadual Quilombola Professora Tereza Conceição de Arruda, no quilombo Mata Cavalo, em Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso, em 2020.
Respostas e comentários
  • O conteúdo destas páginas possibilita aos alunos que compreendam a luta histórica das comunidades quilombolas, utilizando êsse conhecimento para reconhecer a necessidade da continuidade dessas lutas na atualidade, a fim de ser garantido o direito dêsses povos a suas terras. Do mesmo modo, possibilita contribuir para que a cultura e o modo de vida dêsses povos sejam preservados e respeitados, o que condiz com o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih três seis e da Competência geral 1.
  • Comente com os alunos que o principal critério para a definição de territórios quilombolas é a autodefinição, ou seja, a própria comunidade deve se reconhecer como remanescente de quilombo, e a Fundação Palmares emite um certificado que determina essa autodefinição.

Algo a mais

A respeito da história e da luta quilombola, recomenda-se a leitura do livro a seguir.

> GOMES, Flávio. Mocambos e quilombos. Rio de Janeiro: Claro Enigma, 2015.

Quem são os quilombolas?

Quem pode ser considerado quilombola na atualidade? Leia o texto a seguir.

reticências

Os remanescentes de quilombo são definidos como grupos étnico-raciais que tenham também uma trajetória histórica própria, dotado de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida, e sua caracterização deve ser dada segundo critérios de autoatribuição certificada pêlas próprias comunidades reticências.

QUILOMBO? Quem somos nós! conáqui. Disponível em: https://oeds.link/REAvaU. Acesso em: 7 março 2022.

O direito à posse da terra pêlas comunidades quilombolas já era garantido pêla Constituição Federal de 1988, no entanto, ainda assim, muitos territórios de quilombos eram ocupados ou invadidos por fazendeiros e madeireiros que não respeitavam os limites do território e prejudicavam a população quilombola.

Somente em 2003, o Decreto Federal norteº .48878, estabeleceu um procedimento sistemático para a identificação, o reconhecimento, a delimitação, a demarcação e a titulação das terras quilombolas.

Quantos são? Onde estão?

Atualmente, existem cerca de .2840 comunidades quilombolas no Brasil, que foram certificadas pêlo órgão responsável do govêrno federal, a Fundação Cultural Palmares, criada em 1988 com o intuito de promover e preservar a cultura afro-brasileira.

Comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Palmares – 2022

Mapa. Comunidades quilombolas certificadas pela Fundação Palmares – 2022. Mapa territorial destacado conforme legenda: 506 – 700: Maranhão e Bahia. 304 – 505: Pará e Minas Gerais . 102 – 303: Rio Grande do Sul e Pernambuco. 0 – 101: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina. No canto inferior, à esquerda, planisfério destacando a América do Sul. Ao lado, representação da rosa dos ventos e escala de 465 quilômetros por centímetro.

Fonte de pesquisa: CERTIDÕES expedidas às comunidades remanescentes de quilombos. Fundação Cultural Palmares. Disponível em: https://oeds.link/RJRxxQ. Acesso em: 15 março 2022.

Ícone ‘Atividade oral’. Ícone ‘Ciências Humanas em foco’.

Questão 2.

Quais são os dois estados com mais comunidades quilombolas certificadas?

Respostas e comentários

Questão 2. Resposta: O Maranhão e a Bahia.

Leve os alunos a refletir sôbre a situação atual das comunidades quilombolas e a luta por seus direitos. Na sequência, explique-lhes as etapas para regularização e reconhecimento das terras quilombolas. Comente que, primeiro, é necessário fazer o pedido de abertura do processo de reconhecimento, o qual incidirá em um estudo do território a fim de verificar se o local está em condições para ser considerado Território Quilombola. Posteriormente, o estudo é publicado no chamado Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). Após a publicação do relatório, abre-se o processo para possíveis questionamentos. Tendo acabado o prazo do contraditório, inicia-se o processo de delimitação e reconhecimento, que se finda quando é entregue o título de propriedade coletiva para a comunidade.

Ícone ‘Ciências Humanas em foco’.

A questão 2 propõe uma análise do mapa que mostra a demarcação das terras quilombolas, possibilitando explorar aspectos da cartografia social. Essa análise propicia a construção de paralelos com o passado, uma vez que os estados que apresentam maior concentração de comunidades quilombolas são os que receberam a maior quantidade de africanos escravizados no período colonial. Por propiciar o trabalho com linguagem cartográfica e incentivar a reflexão a respeito da historicidade e dos processos de manutenção e transformação das estruturas sociais, essa análise mobiliza conteúdos dos componentes curriculares de Geografia e de História, contribuindo para o desenvolvimento da Competência específica de Ciências Humanas 7 e da Competência específica de História 2.

Algo a mais

Se julgar conveniente obter mais informações sôbre o reconhecimento de Territórios Quilombolas, consulte o site do íncra.

> Etapas da regularização quilombola. Instituto de colonização e reforma agrária (íncra). Disponível em: https://oeds.link/9yofoU. Acesso em: 31 março 2022.

Investigando fontes históricas

As tirinhas e os debates da atualidade

As tirinhas são um tipo de história em quadrinhos, normalmente em formato de uma faixa horizontal, veiculadas em meios como jornais, revistas e internet.

Muitas tirinhas abordam problemas e desafios do mundo atual, trazendo uma reflexão por meio da crítica, do humor e da ironia. Com a utilização de poucos quadros, organizados em uma sequência de ação, é apresentada determinada situação que tem o desfecho no último quadro. Leia as análises a seguir.

Tirinha. Em três quadrinhos. Q1. Um menino com cabelos castanhos, usando blusa e short. Ele está de perfil, apontando o dedo para Armandinho, um menino com cabelo azul. O menino de cabelo castanho diz: DINHO, VOCÊ CORRE IGUAL MENININHA! Sobreposto ao número '1'. Q2. Armandinho sorrindo diz: PÔXA, OBRIGADO! Sobreposto ao número '2'. Q3. Armandinho, o menino de cabelo castanho e uma menina, chamada Fê, estão em pé. Ela está olhando para os meninos sorrindo, enquanto isso, Armandinho diz: ... MAS AINDA FALTA MUITO PARA ALCANÇAR A FÊ! Sobreposto ao número '3'.

BECK, Alexandre. Armandinho Sete. Florianópolis: A. C. Beck, 2015. página 16.

1.

No primeiro quadro, somos apresentados a uma situação na qual o amigo afirma que Armandinho (chamado de “Dinho”) corre igual “menininha”.

Armandinho, de cabelos azuis, é a personagem principal dessa tirinha.

2.

No segundo quadro, Armandinho agradece o comentário, entendendo-o como um elogio.

3.

No último quadro, o artista buscou ironizar comentários machistas, que desvalorizam as mulheres, e finalizou a história com Armandinho elogiando sua amiga (Fê), assumindo uma postura humilde, seguindo a lógica estabelecida no segundo quadro.

A tirinha a seguir faz parte de uma série identificada como: “Os ricos se divertem”. A personagem principal chama-se Jonas.

Tirinha. Em 4 quadrinhos. Q1. Uma pessoa usando óculos, sentada em uma cadeira, com a mão sobre a mesa diz: Quem deixou uma família de negros nadar na piscina do hotel? Sobreposto ao número 1. Q2. Um homem, segurando uma bandeja com as mãos, diz: Eles pagaram a hospedagem, Senhor Jonas. Sobreposto ao número 2. Q3. Uma mulher, um homem e uma criança negra em uma piscina. Q4. O homem de óculos diz: Mundo terrível, só o dinheiro importa. Sobreposto ao número 3.

DAHMER, André. Malvados. Disponível em: https://oeds.link/E12eAW. Acesso em: 15 março 2022.

1.

No primeiro quadro, Jonas faz um comentário racista, questionando o garçom sôbre a presença de uma família afrodescendente no hotel.

Respostas e comentários

Objetivos

  • Reconhecer as tirinhas como meios de crítica à realidade.
  • Analisar tirinhas sôbre problemas do cotidiano.
  • Favorecer a interdisciplinaridade com a área de Linguagens e suas tecnologias.
  • Propiciar o trabalho com a diversidade de fontes de pesquisa e de informação.

  • Os temas abordados nas tirinhas se articulam com a habilidade ê éfe zero nove agá ih três seis, pois versam sôbre diversas identidades e seus significados no contexto atual. Do mesmo modo, considerando que atualmente as tirinhas são difundidas pêlas redes sociais, abordam-se aspectos da habilidade ê éfe zero nove agá ih três três, pois há um diálogo com os meios de comunicação digitais. Para êsse trabalho, orienta-se uma aula compartilhada com o professor de Língua Portuguesa, na qual possa ser explorado não apenas o conteúdo, mas a estrutura das tirinhas, a fim de que os alunos compreendam também o gênero textual e suas possibilidades.
  • A análise das tirinhas disponíveis nesta seção favorece o desenvolvimento da Competência específica de História 3, pois, com base na leitura, observação e análise dos temas e das personagens apresentadas nesses recursos, os alunos poderão elaborar argumentos e interpretações, exercitando a empatia e promovendo o respeito à diversidade.
  • Aproveite para reforçar com os alunos a importância do respeito à diversidade étnica, social e cultural, promovendo a empatia e a defesa dos direitos humanos diante de vivências que fazem parte do cotidiano escolar. Além das situações de machismo e misoginia colocadas pêlas tirinhas, muitos outros marcadores sociais que devem ser sumariamente combatidos, estão presentes no dia a dia dos alunos, como a gordofobia e o capacitismo. Tais marcadores constituem fatores de exclusão no ambiente da escola, levando muitos alunos a sofrer bullying. Se possível, organize os alunos em roda na sala de aula para discutir essas questões e propor ações de combate a essas exclusões, tanto no ambiente escolar quanto na sociedade.

2.

Na sequência, o garçom tenta justificar a presença da família ao afirmar que êles pagaram a hospedagem e, portanto, têm o direito de estar ali.

3.

No último quadro, Jonas mantém seu posicionamento racista ao afirmar que a família afrodescendente só está ali por ter dinheiro. Nesse desfecho, o artista mostrou a ironia da situação, pois fica implícito que Jonas é rico e dá bastante valor ao dinheiro, mas utiliza êsse argumento para desvalorizar o direito do outro.

Na página anterior, vimos duas tirinhas que abordam o machismo e o racismo. Essas e outras questões do mundo contemporâneo podem aparecer nas tirinhas. Temas relacionados ao meio ambiente, à desigualdade social, ao contexto político e econômico e ao cotidiano de modo geral são exemplos de abordagem dêsses recursos.

Agora, analise a tirinha a seguir e, depois, responda às questões.

Tirinha. Em três quadrinhos. Q1. Uma pessoa adulta, destacada por uma calça azul. Ao lado, Armandinho, um menino com cabelos azuis, usando blusa e short. A pessoa diz: MUITAS PESSOAS SÃO PORTADORAS, E NEM SABEM... E TODOS SOFREMOS COM ISSO! Sobreposto ao número '1'. Q2. A pessoa diz: PODE SER TRANSMITIDO PELOS PAIS, AMIGOS DA ESCOLAS E ATÉ PELA TEVÊ. Armandinho, olhando para a pessoa, pergunta: E TEM CURA? A pessoa responde: TEM! Sobreposto ao número '2'. Q3. Armandinho olha atentamente para a pessoa enquanto ela diz: PRECONCEITO SE TRATA COM EDUCAÇÃO. Sobreposto ao número '3'.

BECK, Alexandre. Armandinho. Folha de Sulponto Paulo, São Paulo, 10 outubro 2015. Folhinha, página 7.

Ícone ‘Atividade oral’.

1. Quem é a personagem principal dessa tirinha?

Ícone ‘Atividade oral’.

2. Descreva o que acontece nos quadros 1, 2 e 3.

Ícone ‘Atividade oral’.

3. Identifique o assunto que foi abordado pêlo artista e em qual das frases isso fica mais evidente.

Ícone ‘Atividade oral’.
  1. De acôrdo com o contexto da tirinha, explique a fala inicial do adulto no primeiro quadro.
  2. Transcreva, no caderno, a fala que faz referência à disseminação do preconceito por diversos meios da sociedade.
  3. Leia as frases a seguir sôbre o papel das tirinhas na atualidade. Depois, transcreva-as no caderno, corrigindo as incorretas.
    1. As tirinhas são um recurso ultrapassado, que só abordam temas de outras épocas e não estabelecem relação com o tempo presente.
    2. Os artistas aproveitam para discutir temas polêmicos e levantar reflexões atuais por meio das tirinhas.
    3. As tirinhas são veiculadas em meios de comunicação que atingem grande parte da população, como a internet.
    4. O humor e a ironia são elementos que não aparecem nas tirinhas.
Respostas e comentários

Questões 1 a 6. Respostas nas orientações ao professor.

As questões propostas para a análise das tirinhas incentivam o desenvolvimento da leitura inferencial, pois solicitam aos alunos que interpretem o conteúdo, fazendo articulações com seus conhecimentos prévios e o conteúdo em estudo. Além disso, possibilitam o desenvolvimento do pensamento computacional, uma vez que os alunos deverão mobilizar alguns dos pilares dêsse conceito analisando a tirinha, assim como identificando e selecionando padrões para que possam interpretar o recurso.

Respostas

1. A personagem principal é o menino Armandinho.

2. No quadro 1, é apresentada a situação central da tirinha, em que Armandinho conversa com um adulto sôbre um problema da atualidade. No quadro 2, Armandinho faz um questionamento sôbre a possibilidade de cura do problema. No quadro 3, há o desfecho da tirinha, com o adulto afirmando que a cura está na educação.

3. O assunto abordado pêlo artista é a questão do preconceito, evidente na frase do último quadro.

4. O adulto está se referindo ao preconceito que muitas pessoas têm, mas não percebem.

5. “Pode ser transmitido pelos pais, amigos da escola e até pêla tevê.”

6. Frases incorretas corrigidas:

a ) As tirinhas são recursos que podem abordar temas da atualidade.

d ) O humor e a ironia são elementos que aparecem com bastante frequência nas tirinhas.

Atividades

Faça as atividades no caderno.

Organizando os conhecimentos

  1. O que você entendeu sôbre a má distribuição de renda? Como êsse problema afeta a população brasileira na atualidade?
  2. Como é possível combatermos o preconceito e a intolerância? Cite um exemplo que você estudou no capítulo.
  3. Explique o que é homofobia. Por que êsse é um tema que vem sendo bastante discutido no Brasil e no mundo?
  4. Qual é a importância da demarcação das Terras Indígenas? Comente o assunto.

Aprofundando os conhecimentos

5. Analise a charge a seguir e, depois, responda às questões.

Charge. Vista de uma rua com vários entulhos espalhados pelo chão. Há algumas pessoas sentadas ao lado de uma cerca quebrada e pneus e sucata de veículos em um terreno baldio. Em primeiro plano, duas pessoas na calçada olhando para um outdoor. Uma delas aponta o dedo e pergunta: DE QUAL PLANETA ELES SÃO? No outdoor, há a ilustração de dois adultos e duas crianças sorrindo, usando roupas coloridas. Também há um cachorro, um carro e uma casa grande com várias janelas. No cartaz, há o texto: HOUSE GARDEN CONDOMÍNIO. A MORADA DA FAMÍLIA.

ANGELI. Folha de SulpontoPaulo, São Paulo, 6 junho 1999. Opinião, página 2.

  1. Descreva as personagens representadas na charge do artista brasileiro Angeli. O que elas estão fazendo?
  2. Qual o principal problema social que pode ser identificado por meio da charge? Explique como você chegou a essa resposta.
  3. Quais têm sido os meios utilizados no Brasil para combater o problema social destacado na charge?
  4. Identifique a data de publicação dessa charge. Em sua opinião, a crítica feita pêlo artista é válida na atualidade? Por quê? Converse com os colegas e apresente seus argumentos.
Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos comentem que a má distribuição de renda significa a concentração máxima de rendimentos nas mãos de poucas pessoas. Isso acaba causando grande desigualdade social.

2. Resposta nas orientações ao professor.

3. Resposta: Homofobia é o têrmu utilizado para se referir ao preconceito contra os grupos inseridos na sigla éle gê bê tê quê i a mais e a aversão a êles. êsse tema deve ser constantemente debatido no Brasil e no mundo porque os índices de violência e desrespeito a essa parte da população ainda são altos.

4. Resposta: A demarcação das Terras Indígenas é importante para que seja garantido a esses povos o direito de usufruir os locais onde vivem. Além disso, é fundamental para a manutenção de seus costumes e de seus modos de vida.

5. a) Resposta nas orientações ao professor.

5. b) Resposta nas orientações ao professor.

5. c) Resposta nas orientações ao professor.

5. d) Resposta nas orientações ao professor.

  • As atividades das páginas 286 e 287 favorecem o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero nove agá ih dois seis, uma vez que os alunos devem discorrer sôbre o combate ao preconceito e à intolerância e também sôbre homofobia, refletindo e levantando hipóteses sôbre as causas da violência cometida contra populações marginalizadas. Também trabalha a habilidade ê éfe zero nove agá ih três seis ao incentivar a reflexão sôbre a importância da demarcação das Terras Indígenas.
  • A proposta de análise da charge apresentada na atividade 5 possibilita desenvolver a habilidade ê éfe zero nove agá ih dois sete, por propiciar a identificação de relações entre as transformações econômicas, culturais e sociais ocorridas no Brasil a partir da década de 1990. Essas transformações aconteceram em decorrência do fenômeno da globalização, tendo como uma de suas consequências a desigualdade social. Se julgar necessário, organize os alunos em pequenos grupos para que façam a leitura do recurso e expliquem o que compreenderam de seu conteúdo.

Respostas

2. Resposta pessoal. Para combater atitudes de intolerância e preconceito, é necessário respeitar as pessoas, independentemente de sua origem étnica, côr, condição social, religião, gênero, sexualidade etcétera Além da implantação de campanhas e de projetos de inclusão social, é possível organizar eventos para a conscientização da população, medidas afirmativas etcétera Um dos exemplos citados no capítulo é a implantação do sistema de cotas por parte do govêrno federal como fórma de combater o racismo estrutural.

5. a ) As personagens representadas no primeiro plano são pessoas em situação de rua, visivelmente mostradas em condições precárias de sobrevivência. Ao observarem as outras personagens, representadas no outdoor como pessoas de outra condição social, as pessoas em situação de rua acreditam que elas habitam outro planeta.

b ) O problema representado na charge é a desigualdade social. Percebe-se isso ao observar a representação das personagens: as que observam o Autdór são pessoas em situação de rua que aparecem vestidas com roupas sujas e em precárias condições de higiene. A imagem delas contrasta com a das que aparecem no outdoor, representadas com roupas e acessórios sofisticados, aparelhos eletrônicos e brinquedos. Além disso, estão posando para um anúncio de imóveis, em frente a uma rica casa com automóvel.

c ) Diversos meios têm sido utilizados no Brasil para combater a desigualdade social, entre êles estão os programas de transferência de renda.

d ) A charge foi publicada em 1999. Resposta pessoal. Espera-se que os alunos respondam que a crítica na charge é pertinente à atualidade, pois ainda há desigualdade social e má distribuição de renda no Brasil. Nesse sentido, a abordagem do ilustrador nos leva a refletir sôbre esses problemas e a discuti-los.

6. Leia e interprete o texto e o gráfico a seguir. Depois, responda às questões.

reticências

Artigo 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

reticências

BRASIL. Lei norteº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em: https://oeds.link/tu71tv. Acesso em: 16 março 2022.

Taxa de homicídio de mulheres negras e não negras (a cada 100 mil mulheres – 2009/2019)

Gráfico. Taxa de homicídio de mulheres negras e não negras (a cada 100 mil mulheres – 2009/2019). Gráfico em linha taxa de homicídio (100 mil) por ano. 2009: Negras: 5. Não Negras: Entre 3 e 4. Entre 2010 e 2017: Negras: Entre 5 e 6. Não Negras: Entre 3 e 4. Em 2018, ocorre uma pequena queda no número de mulheres não negras. Negras: Entre 5 e 6. Não Negras: Entre 2 e 3. Em 2019, ocorre uma pequena queda no número de mulheres negras. Negras: Entre 4 e 5. Não Negras: Entre 2 e 3.

Fonte de pesquisa: CERQUEIRA, Daniel. Atlas da Violência. ipéa. São Paulo 2021. página 39. Disponível em: https://oeds.link/7eJAzC. Acesso em: 16 março 2022.

  1. O artigo citado pertence a uma lei brasileira que combate a violência contra as mulheres. Qual é o nome dessa lei?
  2. Quando ela foi aprovada? Qual é a importância dela em nosso país?
  3. Analise as informações contidas no gráfico. O que elas indicam?
  4. O que podemos afirmar após relacionar o artigo de lei com os dados do gráfico?
  5. Em sua opinião, quais problemas sociais geram esses dados apresentados no gráfico? Converse com os colegas.

7. Leia as manchetes e responda às questões a seguir.

Indígenas protestam por demarcação de terras em Brasília

Disponível em: https://oeds.link/OLYMJm. Acesso em: 16 março 2022.

No Brasil, um milhão de indígenas buscam alternativas para sobreviver

Disponível em: https://oeds.link/Eq6T4N. Acesso em: 16 março 2022.

  1. A qual problema social se referem as duas manchetes?
  2. Em sua opinião, o que pode ser feito para solucionar êsse problema? Converse com os colegas.
Respostas e comentários

6. a) Resposta: O artigo pertence à Lei Maria da Penha. Essa legislação foi criada por causa dos índices elevados de casos de violência contra a mulher, que também estão indicados no gráfico.

6. b) Resposta: A lei foi aprovada em 7 de agosto de 2006. Ela é importante para garantir o direito das mulheres na luta contra atos de violência.

6. c) Resposta: As informações do gráfico nos indicam que as taxas de homicídios sofridos por mulheres afrodescendentes são maiores que as taxas de homicídios sofridos por mulheres brancas.

6. d) Resposta: Podemos afirmar que as leis não são respeitadas, pois os índices de violência contra as mulheres, em particular contra as mulheres negras, ainda são muito altos.

6. e) Resposta nas orientações ao professor.

7. a) Resposta nas orientações ao professor.

7. b) Resposta: Entre os possíveis fatores para promover uma melhora na qualidade de vida dessas populações se encontram o reconhecimento de sua cultura, acesso a uma educação de qualidade e o cumprimento da Constituição, que garante por lei a demarcação das terras indígenas.

Respostas

6. e ) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos considerem os conteúdos apresentados neste capítulo em suas respostas, reconhecendo que as mulheres negras muitas vezes se encontram em uma situação mais vulnerável, pois, além de sofrerem discriminação por serem mulheres, ainda sofrem com o racismo e a pobreza existentes em nosso país.

7. a) Resposta: As manchetes se referem à condição que se encontram alguns povos indígenas que, desprovidos de suas terras de origem, acabam sofrendo os efeitos da desigualdade social, como a falta de condições para a manutenção dos seus costumes e do seu modo de vida.