UNIDADE 6  Contos e romances

Nesta unidade, convidamos você a explorar, aprender e se divertir com dois gêneros textuais do campo artístico-literário: os contos e os romances.

Capa de livro. Fundo em branco, com ilustrações ao redor, feitas de lápis, de linhas em azul e vermelho. Ao centro, uma pessoa em pé, cabeça pequena e, nas costas, par de asas. Ao redor, vegetação de caule fino e folhas grandes. 
Ao centro, título do livro: TRAMAS DE MENINOS, CONTOS.
Na parte superior, nome do autor: João Anzanello Carrascoza. 
Na parte inferior, logotipo: ALFAGUARA.

EU SEI

Você gosta de ler contos e romances?

Reconhecer nos textos literários, além do valor estético, a oportunidade de compreender o passado, refletir sobre o presente e imaginar o futuro.

Ilustração. Sentado sobre uma cadeira em bege, um homem de barba castanha, com chapéu e calça em marrom. Óculos de grau no rosto, camisa de gola em azul-claro e, por cima, terno em azul-escuro, calça marrom e sapatos pretos. Ele segura um violão marrom nas mãos. Ao fundo, à direita, árvores de troncos marrons com folhas em verde e marrom.

EU VOU APRENDER

Capítulo 1 – Contos brasileiros contemporâneos

Compreender o contexto de produção e circulação do gênero.

Capítulo 2 – Romance ainda atual

Compreender o contexto de produção e circulação do gênero.

Selo postal na horizontal com contornos em preto. Ao centro, à esquerda, ilustração de um homem visto da cintura para cima, o corpo virado para a direita, com contornos em preto e preenchido em branco, com caneta preta na mão direita, sobre páginas de livro. Ao fundo, cidade com prédios coloridos em rosa, azul e laranja. Mais à direita, um homem visto da cintura para cima, de chapéu e terno em marrom. Em segundo plano, morros em verde. Na parte superior, texto em preto: Brasil 81 – 7,00. Na parte inferior, texto em preto: CENTENÁRIO DE LIMA BARRETO - JOANA BIELSCHOWSKY.

EU APRENDI!

Atividades de compreensão textual, reflexão e análise da língua e da linguagem e ampliação da aprendizagem.

Fotografia. Quatro jovens sentados de frente para a mesa de cor bege. Nela, livros abertos e, na ponta da direita, um notebook visto parcialmente. Da esquerda para a direita: um menino de cabelos escuros penteados para trás em coque, com fone sobre a cabeça, óculos de grau, blusa de mangas compridas em azul e blusa por dentro em branco. Ele olha para baixo, com celular na mão esquerda. Ao lado, jovem de cabelos cacheados pretos penteados para a direita, blusa de mangas compridas em preto, mão direita embaixo do queixo e de frente para um notebook. Ao lado, à direita, um jovem de cabelos pretos, de camiseta verde, par de fone de ouvidos, olhando para baixo, lendo livro. Na ponta da direita, uma menina de cabelos longos castanhos, com óculos de grau, blusa de mangas compridas listradas na horizontal em preto e branco, olhando para baixo em direção ao livro. Ao fundo, local com hastes brancas na vertical.

VAMOS COMPARTILHAR

Sinopse para quarta capa

Elaborar, de fórma colaborativa, uma sinopse para a quarta capa do livro de contos.

EU SEI

Você gosta de ler contos e romances?

Você já chorou ou riu ao ler um romance? Indignou-se com algum personagem ou quis estar no lugar de um deles? É mais comum que as pessoas sintam isso em filmes ou novelas, mas os livros também têm o poder de levar o leitor a viver essas emoções.

De acordo com a matéria “O que ocorre em nosso cérebro ao ler um romance”, de Deivid Dorenbaum (2021), uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Toronto, no Canadá, revelou que a leitura de um romance permite ao leitor participar indiretamente da trama, fazer inferências sobre seu desenvolvimento e, com isso, ampliar sua empatia, aproximando-se e identificando-se mais com alguns personagens do que com outros. A pesquisa, monitorada com imagens de ressonância magnética, comprovou que, quando um leitor lê um trecho de ação, seu cérebro processa essa informação como se ele a estivesse realizando. Por isso, não estranhe se, ao ler um romance de aventuras, você se sentir um aventureiro ou se, diante de uma bela história de amor, você também se sentir apaixonado.

Em um mundo cada vez mais imediatista, em que tudo tem de ser agora, a leitura de romances tem perdido espaço para outras fórmas de entretenimento e de conhecimento, porque ler um livro é um compromisso que requer tempo e dedicação. Mas nada se compara à leitura de um bom romance, à experiência de viver a ficção, ainda que de fórma simulada! Que tal dedicar um tempinho a isso?

Capa de livro. Na parte inferior, oito soldados em pé, um ao lado do outro em tons de preto e branco, de chapéu sobre a cabeça, farda e sapatos escuros. O segundo da esquerda para direita, com ilustração por cima da foto: um cocar sobre a cabeça em azul, casaco de mangas compridas em amarelo, bermuda em tons de verde e amarelo, segurando uma lança na mão direita, onde há um pássaro com contornos em azul e penas brancas. Na parte inferior, chão de cor laranja e, na parte superior, uma nuvem branca com contornos em azul por onde caem gotas de chuva sobre a cabeça do homem com cocar. À direita, nome do livro e do autor: Triste fim de Policarpo Quaresma - LIMA BARRETO
Reprodução da capa de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
Ícone. Atividade oral.
  1. Para você, o que é um romance?
  2. Você acredita que romances sempre tratam de histórias de amor?
  3. Fale de um romance que você leu e do qual gostou muito.
  4. Há algum de que você não tenha gostado? Por quê?
  5. Que fatores mais influenciam na sua escolha de um livro literário?
Capa de livro. Fundo em branco, com ilustrações ao redor, feitas de lápis, de linhas em azul e vermelho. Ao centro, uma pessoa em pé, cabeça pequena e, nas costas, par de asas. Ao redor, vegetação de caule fino e folhas grandes. 
Ao centro, título do livro: TRAMAS DE MENINOS, CONTOS.
Na parte superior, nome do autor: João Anzanello Carrascoza. 
Na parte inferior, logotipo: ALFAGUARA.
Reprodução da capa de Tramas de meninos, de João Anzanello Carrascoza.
Capa de livro. Na parte inferior, fundo em marrom com título do livro e nomes dos autores: Contos africanos dos países de língua portuguesa - Albertino Bragança, Boaventura Cardoso, José Eduardo Agualusa, Luandino Vieira, Luís Bernardo Honwana, Mia Couto, Nelson Saúte, Odete Costa Semedo, Ondjaki, Teixeira de Sousa.
Mais abaixo, logotipo da editora à esquerda: Editora Ática 
Nome da coleção à direita: PARA GOSTAR DE LER
Na parte superior, ilustração, ao centro, solo em roxo. À esquerda e à direita, casas coloridas, umas próximas às outras e, ao centro, uma árvore em vermelho, com uma bicicleta à esquerda. Ao centro, acima, uma gravata listrada em branco e azul. Na parte superior, céu em amarelo e, à direita, esferas verdes.
Reprodução da capa de Contos africanos dos países de língua portuguesa, de Albertino Bragança e outros autores.
Capa de livro em azul. Na parte superior, um grande balão sobrevoando e outros menores atrás em azul-claro. Mais embaixo, nome do livro: A VIDA NO CÉU - romance para jovens e outros sonhadores
Na parte superior, nome do autor: José Eduardo Agualusa 
Na parte inferior, logotipo: Melhoramentos.
Reprodução da capa de A vida no céu, de José Eduardo Agualusa.
  1. Observe as capas de livro aqui reproduzidas. Você já leu alguma dessas obras?
  2. Entre esses quatro livros, quais são romances? Que elementos das capas justificam sua resposta?
  3. Do que você acha que esses romances tratam?
  4. Se você tivesse de escolher um desses romances para ler, qual você escolheria e por quê?

Pesquisa

10. Realize uma pesquisa a respeito da obra que você escolheu: procure saber mais sobre o autor, descubra quando e onde a obra foi publicada e se o enredo trata realmente daquilo que você imaginou inicialmente.

▶ Após a pesquisa, responda: você ainda escolheria o mesmo livro para ler? Por quê?

EU VOU APRENDER  Capítulo 1

Contos brasileiros contemporâneos

Ícone. Atividade oral.
  1. Que sentimentos a leitura de uma obra literária já despertou em você? Que obra foi? Do que tratava?
  2. Histórias que envolvem relações humanas, familiares, por exemplo, atraem você? Por quê?
  3. Como você se imagina daqui a 20 anos?
  4. Leia este conto que compõe o livro Trama de meninos, de João Anzanello Carrascoza.

Últimas

Fazia tempo que os dois não se viam: ele morava na pequena cidade, e o filho, na grande, que um dia também fôra a sua, do pai.

E como pai, depois que a mulher morrera, ele vivia só e compreendia que assim era – esta, uma das mais comuns configurações da vida:

os filhos, em criança, giravam ao redor dos maiores; depois, desgrudavam de sua órbitaglossário e iam, também, fundar seu próprio mundo.

Acontecera com ele décadas atrás. Não engordara os bolsos na cidade grande, mas trouxera de lá, mais leve sobre os ombros, o peso de algumas verdades.

Cabia agora ao filho mover a sua roda, e se não era a roda da fortuna, tampouco era a da pobreza. Na média é que ele estava, avançando na profissão, um carro na garagem e a companheira – com quem planejava se casar, tanto que já comprara um apartamento de dois quartos (em verdade, havia dado só a entrada).

Mas, embora vivessem longe um do outro, e com os pés em estações distintas da vida,

falavam-se sempre ao telefone

– pela voz do filho, o pai sabia tudo o que se passava – se naquele dia o sol nascera mais cedo nele, ou se ele fazia escuro desde que acordara.

Aliás, quando o filho ligava pelo celular, o pai podia até adivinhar, atento aos ruídos de fundo, onde ele estava, e, assim, de olhos fechados, vê-lo com nitidez, como numa cena ao vivo, igual à época em que o via, menino, à sua frente, deitado no sofá com a cabeça sobre os joelhos da mãe, ou correndo pela casa, o cachorro a latir em seu encalço.

Eram conversas simples, sem originalidade, regidas pela lei da convivência entre pai e filho que se gostam, seja aqui ou em qualquer outro lugar,

Alô, filho?

Pai?

Tudo bem?

Tudo, e você?

Tudo!

Algum problema, pai?

Não, filho.

Não, mesmo?

tão corriqueiras eram as palavras usadas por ambos,

tão repetidas mundo afora,

e, se traduzidas por dentro, diriam,

Filho!

Pai!

Saudades!

Eu também.

Sinto a sua falta, filho.

E eu a sua, pai.

Quando você vem?

Estou indo.

Em meio a essas conversas, os dois se revezavam nas notícias, cada um a contar aquelas, de seu lado, que supunha interessarem ao outro, e, se não interessavam diretamente, ainda valiam, porque, ouvindo-as, esse podia dimensionar as fronteiras que envolviam aquele, e, assim, acalmar-se ou se condoerglossário :

Está chovendo muito por aqui, pai; O apartamento vai ficar pronto no mês que vem; Peguei uma gripe forte, mas já melhorei.

Aqui também tem chovido sem parar, filho; Aquele seu amigo virou prefeito da cidade; Vai ter rodeio no fim de semana.

Assim, à distância, sem que se vissem face a face, sem que se tocassem (ainda que através de olhares), mantinham-se próximos; o pai, muito além do filho, sabia que só podem ser próximos aqueles que partilham do mesmo instante.

Ilustração. Vista geral de local com grama verde, com vegetação à esquerda, de folhas verdes. Ao fundo, prédios da cidade de tamanhos médios e maiores em azul. Do céu em azul, cai várias gotas de chuva para o solo.

Também sabia – lição tatuada na memória – que dois seres, uma vez juntos lá nas suas (mesmas) fundações, por maior a quilometragem que os separasse,

jamais estariam,

de fato,

distantes.

Mas fazia tempo que eles não se viam. E, naquele sábado, quando o telefone tocou cedo, a manhã mal saíra de suas dobras, o pai, que voltava da rua, surpreendeu-se ao ouvir o filho,

– ele só ligava à noite –,

Pai?

Filho!

Tudo bem?

Tudo! Aconteceu alguma coisa?

Não, liguei só pra avisar...

– no timbre da voz se revelava a boa nova –,

... estou indo pra te ver...,

e o pai, sem que fosse preciso perguntar,

Quando?,

saboreou, com gosto, o melhor da notícia,

Agora!,

mais do que o pão, quente e crocante, que havia pouco ele comera com manteiga.

E, ainda, pelo burburinhoglossário ao fundo, sabia que o filho estava

no Mercado Municipal,

Já comprei aquelas ervas pra você!

Não precisava...

Quer mais alguma coisa, pai?

Não, nada.

Nada mesmo?

Nada.

Então, já estou indo.

Cuidado na estrada.

Não se preocupe.

Boa viagem, filho!

Até já, pai!

Ilustração. Um homem visto da cintura para cima, de cabelos e barba brancos, com óculos de grau e blusa de mangas compridas em azul.

Desligou o telefone e sorriu, só para si. O dia, dali em diante, seria outro, maior; a alegria já despontava, sem pressa, e era bom que se abrisse nesse ritmo, para que ele estivesse apto a recebê-la quando se revelasse inteira, coincidindo com a chegada do filho,

ele saindo do carro, o olhar curioso de sempre,

(como se estivesse chegado à vida naquela hora)

a buscar as diferenças nas ruas, nas casas, no rosto do pai – em tudo que ali era, aparentemente, imutável.

Então, enquanto o filho

(não lhe importava se eram muitos ou poucos os seus prodígios)

pegara a estrada e vencia os quilômetros que os separavam, o pai ia cuidar de umas tarefas cotidianas, embora, dessa vez, tanto se via na iminência de estar de novo com o filho – coisa impossível minutos atrás –, que se sentia já vivendo o próprio fato, os dois conversando na varanda ou na cozinha, retornando, aos poucos, um para o outro.

Calculando a duração da viagem, o pai se deu conta de que o filho chegaria para o almoço, não na hora exata, mas certamente a margeá-la. Demorou para ligar a ele, não queria lhe tirar a atenção do caminho, mas seria rápido, meia dúzia de palavras – e não precisaria mais pensar no assunto.

reticências

O pai continuou ali, a fazer o que fazia aos sábados, mas sem se entregar, plenamente, àquelas demandas; agia como se estivesse na superfície delas, a mente e o corpo saltando do agora e se movendo, mais à vontade, para o daqui a pouco. E, do outro lado, o filho vinha no bom do caminho, e foi ele, duas horas depois, quem telefonou para dar ao pai a segunda notícia, imprevista, do dia:

O que foi, filho?

Vou atrasar, pai! Tem obra na pista.

reticências

O pai foi novamente domar a ansiedade. O atraso aumentava nele a fome do reencontro.

Logo viria a notícia, a última, e não pela voz do filho – mas pela sua própria presença em frente da casa, fechando a porta do carro, cujo som atraiu o pai à janela. Sorriram um para o outro e, então, sem mais nenhum fato a temer, deu-se, só para eles, sob o sol e o silêncio, o agora.

CARRASCOZA, João Anzanello. Últimas. In: CARRASCOZA, João Anzanello. Tramas de meninos: contos. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2021. página 109-116.

COMPREENSÃO TEXTUAL

Ícone. Atividade em dupla.
  1. Considerando a fórma como o conto é apresentado, o que lhes chamou a atenção?
  2. Na opinião de vocês, que efeito de sentido esse formato proposto pelo autor produz na construção do texto?

A licença poética é a liberdade concedida a um artista de utilizar estruturas e fórmas de linguagem sem seguir o que é previsto pela norma-padrão, pela ortografia ou por qualquer modelo convencional de escrita, visando alcançar a construção dos sentidos desejados.

3. Releia este trecho do início do conto.

Fazia tempo que os dois não se viam: ele morava na pequena cidade, e o filho, na grande, que um dia também fôra a sua, do pai.

E como pai, depois que a mulher morrera, ele vivia só e compreendia que assim era – esta, uma das mais comuns configurações da vida:

os filhos, em criança, giravam ao redor dos maiores; depois, desgrudavam de sua órbita e iam, também, fundar seu próprio mundo.

  1. Quem são “os dois” a quem o narrador se refere na primeira linha?
  2. A história é narrada em primeira ou em terceira pessoa?
  3. Quem morava na “pequena cidade”? Ele sempre morou ali?
  4. O que o pai entendia ser “uma das mais comuns configurações da vida”?
  5. Ao falar “dos maiores”, a quem o narrador está se referindo?
Versão adaptada acessível

Atividade 3, item f.

Em “sua órbita” e “seu próprio mundo”, os pronomes “sua” e “seu” remetem a que personagens, respectivamente?

  1. Em “sua órbita” e “seu próprio mundo”, os pronomes destacados remetem a que personagens, respectivamente?
  1. O que o narrador quer dizer ao afirmar que ele e o filho viviam “com os pés em estações distintas da vida”?
  2. Ao afirmar que as conversas com o filho eram “simples, sem originalidade”, qual é a primeira impressão que se tem da relação entre eles?
  3. Na sequência do texto, essa impressão se confirma? Que sentimento fica claro quando o pai traduz o seu diálogo com o filho?

O conto é uma narrativa breve, com poucos personagens e sem muitos detalhes a respeito de onde ou quando se passa. Sua estrutura narrativa costuma partir de uma situação inicial de equilíbrio, que é afetada por um conflito e que retorna ao equilíbrio no final.

  1. Qual é o conflito que desencadeia a narrativa do conto “Últimas”?
  2. Quando isso acontece?
  3. Qual é a reação do pai à notícia dada pelo filho? Transcreva um trecho do texto que justifique sua resposta.
  4. Como o pai imagina a chegada do filho?
  5. No período “O atraso aumentava nele a fome do reencontro.”, em que sentido a palavra “fome” foi empregada? Que efeito de sentido o uso desse termo cria no texto?
  6. Qual é o ponto alto, o clímax, da narrativa?
  7. No desfecho, o autor chama a atenção do leitor para um fato importante da vida. Que fato é esse?
  8. Releia o trecho final do conto.

Logo viria a notícia, a última, e não pela voz do filho – mas pela sua própria presença em frente da casa, fechando a porta do carro, cujo som atraiu o pai à janela. Sorriram um para o outro e, então, sem mais nenhum fato a temer, deu-se, só para eles, sob o sol e o silêncio, o agora.

  1. Que elemento da narrativa ganha destaque com o uso da construção “e não... mas”?
  2. Que conjunção coordenativa é empregada no trecho para marcar a conclusão da história?

15. Na sua opinião, por que o título do conto é “Últimas”?

Ilustração. O homem descrito anteriormente, visto da cintura para cima, com a mão esquerda para o alto, abraçando, com o braço direito, um cachorro de pelos em marrom, parte do rosto em branco e focinho preto. Eles estão atrás de uma janela, com a parte superior arredondada.

LÍNGUA E LINGUAGEM

Período composto: orações subordinadas adjetivas

Responda às questões no caderno.

1. Releia este trecho do conto “Últimas”.

reticências o pai, muito além do filho, sabia que só podem ser próximos aqueles que partilham do mesmo instante.

Também sabia – lição tatuada na memória – que dois seres, uma vez juntos lá nas suas (mesmas) fundações, por maior a quilometragem que os separasse,

jamais estariam,

de fato,

distantes.

Versão adaptada acessível

Atividade 1, item a.

Analise as palavras “que” no trecho. Qual ou quais delas pode(m) ser classificada(s) como conjunção integrante? Por quê?

  1. Observe os destaques. Quais delas podem ser classificadas como conjunção integrante? Por quê?
  2. Nos demais casos, como os termos se classificam? Explique.
  3. Considere as orações “que partilham do mesmo instante” e “que os separasse”. Do ponto de vista sintático, que função elas desempenham em relação ao termo ao qual se ligam?

As orações subordinadas adjetivas são aquelas que desempenham a função sintática de adjunto adnominal de determinado termo da oração principal. Essas orações são introduzidas por um pronome relativo.

Para entender melhor a relação entre as orações subordinadas adjetivas e os adjuntos adnominais, considere estes exemplos:

Esquema. Frase: As crianças educadas sempre recebem elogios.
adjunto adnominal: educadas 
Esquema. Frase: As crianças que são educadas sempre recebem elogios.
oração subordinada adjetiva: que são educadas

No primeiro exemplo, temos um período simples, uma vez que só há uma oração. O termo destacado é um adjetivo e exerce a função de adjunto adnominal do núcleo do sintagma nominal (crianças). No segundo exemplo, o período é composto, pois há duas orações. A oração em destaque também se liga ao núcleo do sintagma nominal (crianças) e desempenha a função de adjunto adnominal, pois assume a função de adjetivo, caracterizando o substantivo ao qual se refere.

  1. Transforme os períodos compostos em períodos simples, substituindo a oração subordinada adjetiva por um adjunto adnominal.
    1. As crianças tinham uma alegria que não findava.
    2. Fez um remendo que não se percebia na blusa.
    3. Falou ao telefone algo que não se podia compreender.
    4. A falta de ordem gerou problemas que não terminavam.
  2. Observe este cartaz.
Cartaz. Cartaz na horizontal. À esquerda, uma esfera terrestre de cor azul, com continentes em verde. À esquerda, sobre um continente, uma usina em miniatura em vermelho, jorrando fumaça na vertical, para o céu. À direita, um tronco na horizontal e uma chama de cor laranja e placa onde está escrito: S.O.S. Dos olhos ao centro, caindo duas lágrimas e uma boca para baixo. Mais abaixo, uma caveira em branco. À direita, texto: Mês do Meio Ambiente 2019 O LIXO QUE VOCÊ JOGA NO CHÃO NÃO FALA... MAS DIZ MUITO SOBRE VOCÊ! Lixo no Lugar certo é saúde Mais abaixo, logotipos e, à direita, logotipo da mesma esfera descrita anteriormente.

. Educação Ambiental e Cidadania. Prefeitura Municipal de Brochier, 6 junho 2019. Disponível em: https://oeds.link/cimAyS. Acesso em: 9 julho 2022.

  1. Como se relacionam a parte escrita e a parte visual do cartaz?
  2. Considerando o período em que essa campanha foi lançada, de que maneira ela busca persuadir o leitor?
  3. Identifique a oração subordinada adjetiva presente no cartaz e indique a que termo ela se refere.

As orações subordinadas adjetivas subdividem-se em restritivas e explicativas. As restritivas são aquelas que restringem, particularizam o significado do termo a que se referem. Já as explicativas têm a função de acrescentar uma característica ao termo, ou seja, explicá-lo de fórma mais detalhada. Na escrita, as orações adjetivas explicativas são separadas da oração principal por meio de vírgulas, ao contrário das orações adjetivas restritivas, que se ligam diretamente ao termo.

4. Releia este outro trecho do conto “Últimas”.

E, naquele sábado, quando o telefone tocou cedo, a manhã mal saíra de suas dobras, o pai, que voltava da rua, surpreendeu-se ao ouvir o filho reticências

Então, enquanto o filho

(não lhe importava se eram muitos ou poucos os seus prodígios)

pegara a estrada e vencia os quilômetros que os separavam, o pai ia cuidar de umas tarefas cotidianas

Logo viria a notícia, a última, e não pela voz do filho – mas pela sua própria presença em frente da casa, fechando a porta do carro, cujo som atraiu o pai à janela.

Versão adaptada acessível

Atividade 4, item único.

▶ Considere as seguintes orações adjetivas do trecho: “que voltava da rua”, “que os separavam” e “cujo som atraiu o pai à janela”. Explique as relações de sentido que elas estabelecem com o termo a que se referem.

Considere as orações adjetivas em destaque e explique as relações de sentido que estabelecem com o termo a que se referem.

5. Leia a tirinha a seguir.

Tirinha. Tirinha composta por quatro quadros. Apresenta como personagens: Charlie Brown, menino de cabelos pretos finos para trás, com blusa de mangas compridas em marrom, calça azul e par de tênis em vermelho. Snoopy, um cachorro de pelos brancos, orelhas e focinho pequenos pretos. As cenas se passam em local aberto com neve e céu azul-claro. Q1 – À esquerda, Charlie Brown, sentado com o corpo para a direita, segurando uma bola pequena de cor preta com o contorno em vermelho, diz para Snoopy: AÍ, QUANDO O PAPAI NOEL ME TROUXER O CACHORRO, EU NÃO VOU PRECISAR MAIS PEDIR VOCÊ EMPRESTADO. À direita, Snoopy, sentado de frente para ele, o observa. Q2 – Charlie Brow, visto da cintura para cima, com o braço direito para cima e com a bolinha na mão, fala: EU VOU JOGAR A BOLA E MEU CACHORRO NOVO QUE O PAPAI NOEL VAI ME DAR VAI TRAZER ELA PRA MIM. À direita, o cachorro olhando para frente, visto do pescoço para cima. Q3 – Charlie Brow, à esquerda, de olhos fechados, sentado com Snoopy no colo, fala: EU SÓ QUERIA AGRADECER A VOCÊ POR TODOS OS BONS MOMENTOS QUE PASSAMOS JUNTOS. À esquerda, a bolinha sobre a neve. Ao fundo, à direita, uma árvore com folhas verdes. Q4 – à esquerda, Charlie Brown sentado, segurando nas mãos a bolinha na mão, fala: EU PROVAVELMENTE VOU CHAMAR MEU CACHORRO NOVO DE ROVER. EU VOU DIZER AQUI, ROVER! PEGUE A BOLA! À direita, Snoopy com o corpo deitado sobre o solo, cabeça para cima, pensa: PREPARE-SE, ROVER...

chuls , Charles M. Minduim. Estadão, São Paulo, 5 junho 2022. Disponível em: https://oeds.link/MRhpF8. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. A tirinha retrata um contexto em que se utiliza uma linguagem mais ou menos formal? Por quê?
  2. Cite um exemplo que comprove sua resposta anterior.
  3. No segundo quadrinho, há uma oração adjetiva. Como ela se classifica e que informação pretende destacar?
  4. No terceiro quadrinho, há uma oração adjetiva restritiva. Qual é essa oração e por que ela foi empregada?
  5. Por que a resposta de snúpi gera o humor da tirinha?

6. Leia a notícia a seguir.

Dia Nacional do Livro: hábito da leitura aumentou na pandemia

Mercado passa por momento de alta após crise de vendas na pandemia

A pandemia de covid-19 fez com que a população de todo o mundo passasse por experiências de isolamento e distanciamento social. Para muitas pessoas, os grandes companheiros durante estes momentos foram os livros, que são celebrados hoje (29) – Dia Nacional do Livro – em todo o território nacional.

As livrarias, que tiveram que fechar as portas logo no início da emergência sanitária, foram altamente afetadas pela impossibilidade de vendas. Agora, registram o retorno gradual do público e o aumento significativo nas vendas de livros em geral.

reticências

Com menos deslocamentos pela cidade e menos atividades presenciais, grande parte das pessoas também teve mais tempo livre durante a pandemia. “Por conta do trabalho, estudos, distância de casa e deslocamentos, o único tempo que tinha para ler era no transporte público. Por conta da pandemia estou em home office desde março de 2020, então tenho um pouco mais de tempo livre. Às vezes fecho o notebook e já emendo um livro para desligar a cabeça dessa doideira corporativa”, disse Pedro Balciunas, 26 anos, escritor, roteirista e jornalista.

reticências

Fotografia. Uma mulher vista parcialmente da boca até os joelhos, sentada em sofá cinza. Ela tem cabelos crespos e armados, com blusa de mangas compridas em cinza. Ela está sorrindo e segura um livro com capa de cor bege nas mãos.
O hábito de leitura aumentou na pandemia, em virtude do isolamento social.

CRUZ, Elaine Patrícia. Dia Nacional do Livro: hábito da leitura aumentou na pandemia. Agência Brasil, São Paulo, 29 outubro 2021. Disponível em: https://oeds.link/ohdrAj. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. Qual é o tema da notícia?
  2. No segundo parágrafo, a autora utiliza uma oração adjetiva explicativa, relacionada a “livrarias”. Que sentido essa oração confere ao termo?
  3. Caso a autora quisesse se referir especificamente a algumas livrarias fechadas, como o período seria escrito?
  4. No terceiro parágrafo, foi utilizada uma oração adjetiva restritiva. Qual é essa oração, a que termo se refere e por que foi utilizada?

EU VOU APRENDER  Capítulo 2

Romance ainda atual

Ícone. Atividade oral.
  1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em folhetins em 1911 e tornou-se livro em 1915. O que você sabe sobre o Brasil desse período?
  2. Policarpo Quaresma, o Major Quaresma, é um dos personagens mais tradicionais da literatura brasileira. Como você imagina que ele seja?
  3. Leia um trecho do romance Triste fim de Policarpo Quaresma.

Primeira parte

um – A lição de violão

Como hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongavaglossário pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa.

Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de fórma que, às três e quarenta, por aí assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar à soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a aparição de um astro, um eclipse, enfim, um fenômeno matematicamente determinado, previsto e predito.

A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do capitão Cláudio, onde era costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava à criada: — Alice, olha que são horas; o major Quaresma já passou.

E era assim todos os dias, há quase trinta anos. Vivendo em casa própria e tendo outros rendimentos além do seu ordenado, o major Quaresma podia levar um trem de vida superior aos seus recursos burocráticos, gozando, por parte da vizinhança, da consideração e do respeito de homem abastadoglossário .

Não recebia ninguém, vivia num isolamento monacalglossário , embora fosse cortês com os vizinhos que o julgavam esquisito e misantropoglossário . Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fóra a do doutor Segadas, um clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: “se não era formado, para quê? Pedantismo!”.

O subsecretário não mostrava os livros a ninguém, mas acontecia que, quando se abriam as janelas da sala de sua livraria, da rua poder-se-iam ver as estantes pejadasglossário de cima a baixo.

Eram esses os seus hábitos; ultimamente, porém, mudara um pouco, isso provocava comentários no bairro. Além do compadre e da filha, as únicas pessoas que o visitavam até então, nos últimos dias, era visto entrar em sua casa, três vezes por semana e em dias certos, um senhor baixo, magro, pálido, com um violão agasalhado numa bolsa de camurça. Logo pela primeira vez o caso intrigou a vizinhança. Um violão em casa tão respeitável! Que seria?

E, na mesma tarde, uma das mais lindas vizinhas do major convidou uma amiga, e ambas levaram um tempo perdido, de cá pra lá, a palmilhar o passeio, esticando a cabeça quando passavam diante da janela aberta do esquisito subsecretário.

Não foi inútil a espionagem. Sentado no sofá, tendo ao lado o tal sujeito, empunhando o pinho na posição de tocar, o major, atentamente, ouvia: — Olhe, major, assim.

E as cordas vibravam vagarosamente a nota ferida; em seguida, o mestre aduziaglossário : — É ré, aprendeu.

Ilustração. Sentado sobre uma cadeira em bege, um homem de barba castanha, com chapéu e calça em marrom. Óculos de grau no rosto, camisa de gola em azul-claro e, por cima, terno em azul-escuro, calça marrom e sapatos pretos. Ele segura um violão marrom nas mãos. Ao fundo, à direita, árvores de troncos marrons com folhas em verde e marrom.

Mais não foi preciso pôr na carta; a vizinhança concluiu logo que o major aprendia a tocar violão. Mas que cousa? Um homem tão sério metido nessas malandragens!

Uma tarde de sol – sol de março, forte e implacável – aí pelas cercaniasglossário das quatro horas, as janelas de uma ermaglossário rua São Januário povoaram-se rápida e repentinamente, de um e de outro lado. Até da casa do general vieram moças à janela! Que era? Um batalhão? Um incêndio? Nada disso: o major Quaresma, de cabeça baixa, com pequenos passos de boi de carro, subia a rua, tendo debaixo do braço um violão impudicoglossário .

É verdade que a guitarra vinha decentemente embrulhada em papel, mas o vestuário não lhe escondia inteiramente as fórmas. À vista de tão escandaloso fato, a consideração e o respeito que o major Policarpo Quaresma merecia nos arredores de sua casa diminuíram um pouco. Estava perdido, maluco, diziam. Ele, porém, continuou serenamente nos seus estudos, mesmo porque não percebeu essa diminuição.

Quaresma era um homem pequeno, magro, que usava pincenêglossário , olhava sempre baixo, mas, quando fixava alguém ou alguma cousa, os seus olhos tomavam, por detrás das lentes, um forte brilho de penetração, e era como se ele quisesse ir à alma da pessoa ou da cousa que fixava.

Contudo, sempre os trazia baixo, como se se guiasse pela ponta do cavanhaque que lhe enfeitava o queixo. Vestia-se sempre de fraque, preto, azul, ou de cinza, de pano listrado, mas sempre de fraque, e era raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo de que ele sabia com precisão a época.

Quando entrou em casa, naquele dia, foi a irmã quem lhe abriu a porta, perguntando:

— Janta já?

— Ainda não. Espere um pouco o Ricardo que vem jantar hoje conosco.

— Policarpo, você precisa tomar juízo. Um homem de idade, com posição, respeitável, como você é, andar metido com esse seresteiro, um quase capadócioglossário — não é bonito!

O major descansou o chapéu de sol – um antigo chapéu de sol, com a haste inteiramente de madeira e um cabo de volta, incrustado de pequenos losangos de madrepérola – e respondeu:

— Mas você está muito enganada, mana. É preconceito supor-se que todo homem que toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuína expressão da poesia nacional e o violão é o instrumento que ela pede. Nós é que temos abandonado o gênero, mas ele já esteve em honra, em Lisboa, no século passado, com o padre Caldas, que teve um auditório de fidalgasglossário . Beckford, um inglês notável, muito o elogia.

— Mas isso foi em outro tempo; agora...

— Que tem isso, Adelaide? Convém que nós não deixemos morrer as nossas tradições, os usos genuinamente nacionais...

— Bem, Policarpo, eu não quero contrariar você; continue lá com as suas manias.

reticências

Ilustração. Um homem visto da cintura para cima, com o braço direito esticando a bandeira do Brasil sobre as costas dele. Ele tem sobrancelhas e barba castanhos, com óculos de grau no rosto, chapéu marrom sobre a cabeça, camisa de gola branca por dentro, gravata curta em azul e terno em azul-claro. Atrás dele, um papagaio de penas vermelhas, com a asa direita para cima. Ao fundo, à esquerda, um violão marrom na vertical. Mais à direita, sombra de silhueta de uma pessoa em amarelo. Em segundo plano, um livro de capa preta e um pássaro em verde. Na parte superior, céu em tons de marrom e branco.
Triste fim de Policarpo Quaresma é um dos maiores clássicos da literatura brasileira.

BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Via Leitura, 2020. Livro eletrônico.

COMPREENSÃO TEXTUAL

Responda às questões no caderno.

Ícone. Atividade oral.
  1. Quem são os personagens que participam da história nesse início do romance?
  2. Descreva Policarpo Quaresma.
  3. Além do próprio nome, que outros termos são empregados na narrativa para se referir a Policarpo?
  4. O que mudou na rotina de Policarpo?
  5. Por que a mudança na rotina de Policarpo chamou a atenção da vizinhança?
  6. De acordo com o texto, qual era a visão da sociedade da época em relação a quem tocava violão?
Ícone. Atividade em dupla.
  1. Será que essa visão é um fato, ou seja, já houve realmente esse tipo de preconceito no Brasil, ou seria apenas parte da ficção de Lima Barreto? Faça uma pesquisa para descobrir.
  2. Qual foi a atitude de Policarpo diante do comentário da irmã sobre ele “andar metido com esse seresteiro”?
Fotografia em preto e branco. Um homem sentado sobre uma cadeira, segurando um violão nas mãos. Ele tem cabelos, barba e bigode escuros, com camisa branca por dentro, terno e sapatos escuros, olhando para baixo e mãos sobre violão. Mais à esquerda, vista parcial de mesa.
A trajetória do violão conta com uma série de ascensões e declínios.
  1. O que pretendia Policarpo Quaresma ao decidir aprender a tocar violão?
  2. Como Policarpo passou a ser considerado pela vizinhança após sair à rua portando um violão?
  3. Em que cidade se passa a história? Como você chegou a essa informação?
  4. É possível identificar a época em que a história ocorre? Explique.
  5. Qual é o foco narrativo do texto? Qual é o tipo de narrador?

O romance é um gênero narrativo da prosa literária que apresenta um enredo mais denso do que aquele visto no conto. Por isso, costuma ser um texto mais longo, mais detalhado, com mais personagens, que são descritos tanto física quanto psicologicamente. Desenvolve-se em um espaço e um tempo mais amplos e bem definidos e envolve diversos conflitos que se entrelaçam na construção da trama.

Por ser uma narrativa longa, geralmente o romance é dividido em capítulos. Essa estrutura provém da própria origem dos romances, que inicialmente eram publicados em folhetins, capítulo a capítulo, até que a história fosse concluída.

Apesar do nome, um romance nem sempre é romântico e fala de amor. Pode ser um romance histórico, quando resgata fatos históricos e os mescla com a ficção; pode ser regionalista, quando aborda questões que envolvem as características geográficas e socioculturais de determinada região; pode também ser de aventura, de mistério, de terror, de ficção científica, entre outras possibilidades.

  1. O que você acha que acontece a Policarpo Quaresma no final da história e que justifica o título da obra?
  2. Leia o trecho a seguir.

Não foi inútil a espionagem. Sentado no sofá, tendo ao lado o tal sujeito, empunhando o pinho na posição de tocar, o major, atentamente, ouvia: — Olhe, major, assim.

E as cordas vibravam vagarosamente a nota ferida; em seguida, o mestre aduzia: — É ré, aprendeu.

Mais não foi preciso pôr na carta; a vizinhança concluiu logo que o major aprendia a tocar violão. Mas que cousa? Um homem tão sério metido nessas malandragens!

  1. O que o autor quer dizer, objetivamente, quando afirma que “Não foi inútil a espionagem”?
  2. Na sua opinião, o uso dessa frase enfatiza ou abranda a informação dada? Por quê?
  3. Em “empunhando o pinho na posição de tocar”, a palavra “pinho” foi usada em substituição a que palavra?
  4. Procure no dicionário o significado de “pinho”. Depois, tente explicar a relação entre esse termo e “violão” que possibilita essa substituição.
  5. Para expressar que Policarpo ainda tocava mal, que expressão é empregada?
  6. Para você, em que sentido a expressão “pôr na carta” é usada no texto? É um uso literal ou figurado?

A VOZ DO AUTOR

Lima Barreto

Fotografia em preto e branco. Um homem visto dos ombros para cima, de cabelos escuros, encaracolados, com camisa de gola clara, gravata clara e terno escuro.

Nome:

Afonso (Affonso) Henriques de Lima Barreto

Profissão:

Jornalista, cronista, romancista e poeta.

Nascimento:

13 de maio de 1881, no bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro.

Falecimento:

1º de novembro de 1922, na cidade do Rio de Janeiro.

1. Leia este trecho de um texto a respeito de Lima Barreto.

Um retrato irônico da sociedade

Apontado como um dos maiores representantes do nosso romance social urbano, o carioca Lima Barreto teve uma vida difícil e atribulada.

reticências

De toda a dificuldade que passou, e do mundo à parte que encontrava na periferia e nos bairros pobres onde morava, Lima Barreto tirou inspiração para criar suas histórias. Cheios de um humor afiado e uma ironia fina, seus contos e romances retratam um Brasil cheio de preconceitos, misérias e atrasos, bem diferente daquele vivido nos restaurantes chiques dos centros cosmopolitas.

Porém, seu jeito irreverente e crítico de contar histórias estava muito à frente de seu tempo. Lima Barreto morreu aos 41 anos sem conhecer o prestígio que hoje tem garantido.

Atualmente, Lima Barreto é tido como um dos mais importantes autores nacionais – e quiçáglossário mundiais – que escreveu algumas das páginas mais geniais da literatura, retratando a sociedade do Rio de Janeiro no começo do século.

PAES, José Paulo (coordenação). Lima Barreto: um retrato icônico da sociedade. In: POE, Edgard Allan et al. Histórias fantásticas. quinta edição São Paulo: Ática, 2008. página 39-40. (Para Gostar de Ler).

  1. Qual é a temática de maior relevância nas obras de Lima Barreto e o que justifica essa predominância?
  2. Explique o uso da expressão “retrato irônico” no título do texto.

2. Na sua opinião, qual é a importância de Lima Barreto para a literatura brasileira?

Ícone. Atividade em dupla.
  1. Pesquise mais a vida de Lima Barreto, considerando, entre outros fatores, as obras que publicou, suas características literárias e suas contribuições para a literatura brasileira.
  2. Veja algumas de suas obras. Alguma lhe chama a atenção para ler?
Capa de livro. Ilustração, ao fundo, em azul e à esquerda, rosto de um homem visto dos ombros para cima, da metade para a direita. Um homem de bigode castanho, com chapéu sobre a cabeça e detalhe em vermelho, óculos de grau no rosto, camisa de gola branca e terno preto. À direita, uma pena de cor cinza, e título do livro: O homem que sabia javanês e outros contos. E, acima, nome do autor: Lima Barreto.
Capa de livro. Ilustração, ao fundo, de cor branca e, à direita, cabeça de uma mulher vista do pescoço para cima, para a esquerda, de cabelos curtos escuros, com argola grande redonda na orelha. Na parte superior, título de livro e autor: Lima Barreto - CLARA DOS ANJOS. Na parte inferior, logotipo da editora.
Capa de livro. Ao centro, um homem visto dos joelhos para cima, até a gola da camisa clara por dentro, terno em marrom e calça em cinza. Ele segura nas mãos um jornal aberto de cor branca e textos com artigos em preto. Na parte superior, título do livro e nome do autor: Lima Barreto - RECORDAÇÕES DO ESCRIVÃO ISAÍAS CAMINHA. Na parte inferior, logotipo da editora.

Para ampliar

Espalhe Lima

O projeto Espalhe Lima foi criado em homenagem ao centenário da morte do autor e reúne vídeos, imagens e textos, visando a evidenciar a atualidade da sua obra, em um país que, até hoje, sofre com problemas como o racismo e a exclusão social. O projeto conta com a colaboração de diversos artistas, escritores e pesquisadores, brasileiros e estrangeiros, na leitura de textos do autor. Disponível em: https://oeds.link/BRz6sd. Acesso em: 7 julho 2022.

CAPA, CONTRACAPA E SINOPSE

1. Observe mais uma vez a capa do livro Tramas de meninos.

Capa de livro. Fundo em branco, com ilustrações ao redor, feitas de lápis, de linhas em azul e vermelho. Ao centro, uma pessoa em pé, cabeça pequena e, nas costas, par de asas. Ao redor, vegetação de caule fino e folhas grandes. 
Ao centro, título do livro: TRAMAS DE MENINOS, CONTOS.
Na parte superior, nome do autor: João Anzanello Carrascoza. 
Na parte inferior, logotipo: ALFAGUARA.
O livro Tramas de meninos foi vencedor do Prêmio Fundação Biblioteca Nacional em 2021.
  1. Que informações sobre o livro estão presentes na capa?
  2. A palavra “trama” é polissêmica, isto é, apresenta vários sentidos. Quais significados dessa palavra você conhece?
  3. Observe agora os desenhos da capa. Qual dos sentidos da palavra “trama” parece se aplicar à obra de Carrascoza? Explique.
Versão adaptada acessível

Atividade 1, item c.

Considere agora os desenhos da capa. Qual dos sentidos da palavra “trama” parece se aplicar à obra de Carrascoza? Explique.

A capa de um livro tem como função apresentar informações sobre a obra, antecipando dados a respeito do enredo, seja pelo título, seja pelas ilustrações, e dando a conhecer quem a escreveu (autor) e quem a publicou (editora).

Ícone. Atividade em dupla.
  1. Em duplas, pesquisem sinopses de livros em revistas e jornais impressos ou on-line e blogues. Selecionem duas para ler e analisar, observando como são estruturadas, a linguagem empregada, qual a informação contida, entre outros elementos que acharem interessante.
    1. Que informações, a sinopse traz?
    2. Na sua opinião, qual a função da sinopse?
    3. Você acha que a leitura da sinopse pode influenciar o leitor na escolha do livro?

A sinopse é um gênero textual muito usado na divulgação de produtos culturais, livros, filmes, peças, séries Ela visa a atrair a atenção do público e a despertar sua curiosidade, porém sem dar spoilers, isto é, sem revelar informações sobre o conteúdo. As sinopses costumam apresentar o título e o autor (ou diretor) da obra, os personagens principais e uma breve referência ao enredo, em geral destacando o conflito principal, mas sem detalhá-lo.

3. Leia a contracapa do livro Tramas de meninos.

Contracapa de livro. Fundo em azul. Texto de cor branca: Os contos reunidos neste livro se constroem e se espraiam como finas tramas da experiência humana. Alguns entrelaçamentos se mostram firmes, resistentes às intempéries e às forças desagregadoras. Outros são tênues, quase transparentes, e podem se romper ao menor toque. João Anzabello Garrascoza mergulha ao cerne das pequenas relações entre pai e filho, marido e mulher, irmãos, casais apaixonados ou em crise. Ele nos leva à beira do precipício, onde os fios são cortados com violência, mas também à redenção, onde famílias fragmentadas se reorganizam e se fortalecem. ‘Meu pai comparou o entrelaçar dos fios do linho à trama do destino, que alinhava as ações humanas, gerando encontros e desencontros, acontecimentos’, nos diz o narrador de um dos contos. Eles estão aqui, nas alegrias e nas perdas, nas mortes e nos renascimentos, como vislumbres da própria vida. Na parte inferior, à esquerda, um código de barras.
  1. Na contracapa do livro Tramas de meninos também há uma sinopse, como as pesquisadas na atividade 2. Qual a função delas, além de informar o leitor sobre o livro?
  2. Com base nas informações presentes na contracapa, explique o sentido das “tramas” a que o título da obra se refere.

A contracapa, também chamada de quarta capa, pode conter uma sinopse da obra, a reprodução de um breve trecho dela ou citações de críticos que ajudem a atrair o leitor. Em todos os casos, o objetivo, assim como o da capa, é captar a atenção do público e atraí-lo para a leitura completa. Na contracapa também pode ser encontrado o código de barras e o número de registro da obra na Biblioteca Nacional (o í ésse bê êne).

LÍNGUA E LINGUAGEM

Período composto: orações subordinadas adverbiais

Responda às questões no caderno.

1. Releia este trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma.

Não recebia ninguém, vivia num isolamento monacal, embora fosse cortês com os vizinhos que o julgavam esquisito e misantropo. Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fóra a do doutor Segadas, um clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: “se não era formado, para quê? Pedantismo!”.

O subsecretário não mostrava os livros a ninguém, mas acontecia que, quando se abriam as janelas da sala de sua livraria, da rua poder-se-iam ver as estantes pejadas de cima a baixo.

Versão adaptada acessível

Atividade 1, item a.

Que palavras introduzem as seguintes orações: “embora fosse cortês com os vizinhos”, “se não era formado” e “quando se abriam as janelas da sala de sua livraria”? A que classe gramatical essas palavras pertencem?

  1. Que palavras introduzem as orações em destaque? A que classe gramatical essas palavras pertencem?
  2. De acordo com o contexto, que ideia essas orações introduzem nos períodos?

As orações subordinadas adverbiais são aquelas que, em determinado período, desempenham uma função sintática própria dos adjuntos adverbiais. São introduzidas por conjunções subordinativas e classificam-se em: causais, consecutivas, condicionais, concessivas, comparativas, conformativas, finais, temporais e proporcionais.

2. Observe a tirinha a seguir.

Tirinha. Tirinha composta por três quadros. Apresenta como personagens: Calvin, um menino pequeno com cabelos arrepiados, camiseta com listras na horizontal em branco e preto. Haroldo, um tigre com listras na horizontal em branco e preto, com focinho pequeno e escuro, caminhando como bípede. As cenas se passam em local aberto, com céu noturno preto, cheio de estrelas e uma lua com formato de C ao contrário. Q1 – À esquerda, Haroldo, com as patas para trás, nas costas e, à direita, perto dele, Calvin. Ambos olham para cima. O menino diz: SE TODA NOITE AS PESSOAS VIESSEM PRA FORA E OBSERVASSEM AS ESTRELAS, GARANTO QUE ELAS VIVERIAM MELHOR. Q2 – Os dois, em pé, perto um do outro, vistos dos pés até a cabeça. Haroldo fala: COMO ASSIM? Calvin, olhando para o céu, responde: É QUE QUANDO A GENTE OLHA PRO INFINITO, SE TOCA DE QUE HÁ COISAS MAIS IMPORTANTES DO QUE O NOSSO DIA A DIA. Q3 – Haroldo à esquerda, sentado sobre o solo, se apoiando com as patas dianteiras para trás, fala para o menino: MAS NÓS PASSAMOS O DIA OLHANDO EMBAIXO DAS PEDRAS DO RIACHO. À direita, Calvin, sentado, olhando para o céu, diz: EU TÔ FALANDO DAS OUTRAS PESSOAS. À direita, no céu, entre as estrelas, a lua.

uáterson, . O melhor de Calvin. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 28 jun. 2022. Caderno 2, página C6.

  1. A oração com a qual Calvin inicia sua reflexão é uma oração adverbial. Que ideia ela introduz?
  2. No segundo quadrinho, para explicar melhor seu pensamento, o garoto utiliza uma oração adverbial que expressa uma ideia de tempo. Identifique-a.
  3. Na visão de Calvin, como esse momento pode ajudar as pessoas?
  4. Por que a contestação de Haroldo contribui para o humor da tirinha?

Agora que você já consegue reconhecer as orações subordinadas adverbiais e algumas das circunstâncias que elas expressam, chegou o momento de compreender melhor cada uma dessas circunstâncias. Observe o quadro a seguir.

Oração subordinada

Relação semântica

Conjunções e locuções conjuntivas

Exemplos

Causal

Expressa a causa de determinado fato apresentado na oração principal.

como, uma vez que, já que, visto que, porque

Como tinha chovido muito, não conseguimos sair de casa.

Consecutiva

Expressa a consequência de determinado fato apresentado na oração principal.

tão... que, tanto... que, tamanho... que

Choveu tanto, que não conseguimos sair de casa.

Condicional

Expressa uma condição para que o fato expresso na oração principal ocorra.

se, desde que, contanto que, a menos que

Se você fizer mais exercícios, certamente sua saúde irá melhorar.

Concessiva

Expressa uma concessão, ou seja, uma particularidade que poderia ser um impedimento à ocorrência do fato apresentado na oração principal.

embora, ainda que, mesmo que

Embora não estivesse chovendo, a turma resolveu ficar em casa.

Comparativa

Expressa uma comparação entre o fato apresentado na oração principal e na oração adverbial.

como, mais/ menos... [do]que, tão... quanto, tanto quanto

Naquela situação, ela agiu como a mãe agiria.

Oração subordinada

Relação semântica

Conjunções e locuções conjuntivas

Exemplos

Conformativa

Expressa a forma de acordo com a qual acontece o fato apresentado na oração principal.

como, conforme, segundo

Naquela situação, ela agiu como a mãe lhe havia ensinado.

Final

Expressa a finalidade do fato apresentado na oração principal.

para que, a fim de que

Aumentou o som para que todos pudessem ouvir melhor.

Temporal

Situa temporalmente o fato apresentado na oração principal.

quando, enquanto, sempre que, desde que, logo que, assim que

O garoto ficou distraído enquanto o professor falava.

Proporcional

Expressa algo que faz com que o fato apresentado na oração principal aumente ou diminua proporcionalmente.

à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais... mais, quanto mais... menos

À medida que a noite avançava, a visibilidade diminuía.

3. Analise a charge seguinte.

Charge. À esquerda, um divã em azul, com mapa do Brasil em cima, listras em amarelo e verde, com olhos, nariz e boca e braços esticados. Acima, na parte superior, três gotas. Ele diz: LEVAVA UMA VIDA TRANQUILA, SEM PREOCUPAÇÕES, ATÉ QUE TIVE UM TRAUMA NO DIA 22 DE ABRIL DE 1500... À direita, um homem sentado sobre poltrona azul, de poucos cabelos, de camisa de gola branca, com gravata preta, terno e sapatos em cinza. Ele segura na mão uma folha bege e anota algo com a mão esquerda, com caneta preta.

ITURRUSGARAI, Adão. Um Brasil. São Paulo, 13 junho 2019. Disponível em: https://oeds.link/g98xpv. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. O que a charge retrata?
  2. Em que consiste a crítica presente nessa charge?
  3. Qual é a função da oração adverbial de tempo presente na fala do personagem?

4. Leia o trecho de uma entrevista que trata de Lima Barreto.

‘As estruturas sociais racistas que Lima Barreto denunciou ainda estão aqui’

reticências

G | Hoje está se fazendo um movimento de chamá-lo de modernista e dizer que ele foi “deixado de fora” da Semana de Arte Moderna de 1922. O que você acha?

Jorge Augusto Silva | Lima Barreto não passou despercebido pelo grupo paulista da semana de 1922, pelo contrário, eles inclusive leram e gostaram muito de “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. reticências A relação para por aí, porque ele vem a falecer pouco depois. Mas não sairia muita coisa dali, porque não era o mesmo projeto. reticências Ele nunca iria dizer “somos todos iguais” porque ele denunciava justamente a antinegritude como propulsora da desigualdade. Por isso eu defendo que ele propôs um outro modernismo, que eu venho chamando de modernismo negro.

G | E como se dá o modernismo negro?

JAS | Na literatura negra, podemos pensar em um caminho da que começa lá em Maria Firmina e Luiz Gama, chega a Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e deságua até no rap e na Semana de Arte Moderna da Periferia, realizada em 2007 em São Paulo, com o poeta paulistano Sérgio Vaz. Esse modernismo parte do repertório cultural negro para pensar um caminho para outra modernidade.

reticências

NEVES, Betina. ‘As estruturas sociais racistas que Lima Barreto denunciou ainda estão aqui’. Revista Gama, São Paulo, 23 março 2022. Disponível em: https://oeds.link/QDvv1x. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. Para Silva, por que Lima Barreto não pode ser chamado de modernista nos moldes do movimento iniciado em 1922?
  2. Para expressar sua justificativa, o entrevistado se vale de orações adverbiais. Quais são elas e que relações estabelecem no período?
  3. De acordo com o pesquisador, qual era o objetivo do chamado modernismo negro? Para indicar esse objetivo, o entrevistado utiliza uma oração subordinada adverbial. Como ela se classifica?

VOCÊ É O AUTOR!

Conto

Ícone. Atividade oral.

1. Leia uma citação de Machado de Assis, grande escritor brasileiro do século dezenove, publicada na abertura da obra Várias histórias, de 1896, que reuniu alguns de seus contos.

reticências há sempre uma qualidade nos contos, que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos.

MACHADO DE ASSIS.NET. Coletânea Várias Histórias. [sem local], . Disponível em: https://oeds.link/MvW1wu. Acesso em: 11 julho 2022.

  1. Para qual característica dos contos o texto chama a atenção?
  2. Que justificativa ele apresenta para considerar essa característica uma “qualidade nos contos”?

Nesta unidade, você viu dois gêneros narrativos da literatura: o conto e o romance. Eles compartilham características comuns, mas apresentam desenvolvimentos distintos, sendo o conto menos detalhado e construído em torno de um único conflito, por isso, mais curto.

Ícone. Atividade em grupos.
  1. Em grupos, você e os colegas irão produzir um conto. Para isso, defina com o restante da turma:
    1. para que público vocês vão escrever;
    2. onde o conto será disponibilizado ao final (será impresso ou digital?);
    3. se poderão ser incluídas ilustrações;
    4. se haverá uma quantidade mínima e máxima de páginas para cada conto e qual será o padrão para a entrega dos textos.
  2. Pensem em uma capa para a apresentação dos contos reunidos. Definam um nome e um layout. Se houver colegas da turma que gostem de desenhar, eles poderão colaborar com essa parte também.

Essas definições são importantes para determinar a linguagem a ser adotada na escrita do conto e para que, ao reunir todos os textos em uma publicação, eles sigam o mesmo padrão editorial, como ocorre na publicação dos livros.

Ilustração. Da esquerda para a direita:
Ilustração 1. Fundo azul. Mão de uma pessoa de cor bege, com livro de capa em lilás na mão esquerda. 
Ilustração 2. Fundo laranja. Mãos de uma pessoa segurando um livro de capa azul e páginas em branco.
Ilustração 3. Fundo bege. Mãos de uma pessoa segurando um livro de capa em verde, fechado.
  1. Após as definições iniciais, é hora de partir para o planejamento.
    1. Que tipo de conto vamos escrever?
    2. Onde e quando se passará a história?
    3. Quem são os personagens e qual será o foco narrativo?
    4. Que conflito desencadeará a narrativa e como ele será desenvolvido?
    5. Qual será o clímax e como será o desfecho da história?
  2. Para a produção do conto, reúnam os elementos definidos no planejamento. Pensem na linguagem mais adequada para alcançar o público-alvo e considerem a estrutura que predomina nos contos:
    1. a introdução, com a revelação da situação inicial de equilíbrio;
    2. o desenvolvimento, com a introdução do conflito, que altera a situação de equilíbrio e conduz o desenrolar da história;
    3. o momento do clímax, que é o ponto alto da narrativa e depois do qual se chega ao desfecho;
    4. a conclusão do conto, com a solução do conflito.
  3. Concluída a primeira versão do conto, façam uma autoavaliação e verifiquem se tudo o que foi planejado e todos os elementos necessários à composição do texto foram atendidos. Caso falte algo, esta é a hora de alterar.
  4. Depois, formatem o texto de acordo com os padrões previstos inicialmente, considerando fonte, margem, títulos e subtítulos, se houver, entre outros aspectos que tenham sido determinados.
  5. Por fim, façam a revisão final do texto, observando a adequação da linguagem, da ortografia e das normas gramaticais. Usem a pauta de revisão.
  6. Para a publicação, sigam as orientações do professor.

Para ampliar

Contos africanos dos países de língua portuguesa. Vários autores. Ática, 2009. Coleção Para gostar de ler.

A coletânea reúne contos de escritores contemporâneos da África Lusófona, permitindo ao leitor conhecer características que África e Brasil compartilham para além da língua portuguesa.

Capa de livro. Na parte inferior, fundo em marrom com título do livro e nomes dos autores: Contos africanos dos países de língua portuguesa - Albertino Bragança, Boaventura Cardoso, José Eduardo Agualusa, Luandino Vieira, Luís Bernardo Honwana, Mia Couto, Nelson Saúte, Odete Costa Semedo, Ondjaki, Teixeira de Sousa.
Mais abaixo, logotipo da editora à esquerda: Editora Ática 
Nome da coleção à direita: PARA GOSTAR DE LER
Na parte superior, ilustração, ao centro, solo em roxo. À esquerda e à direita, casas coloridas, umas próximas às outras e, ao centro, uma árvore em vermelho, com uma bicicleta à esquerda. Ao centro, acima, uma gravata listrada em branco e azul. Na parte superior, céu em amarelo e, à direita, esferas verdes.

ORALIDADE

Audiobook

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Locutor: Contos fantásticos

Locutor: Pode acontecer num mundo incrível, totalmente inventado. Ou descrever um fato fora da nossa realidade. Ou ainda incluir personagens que não existiriam em nosso dia a dia. Esses são elementos que aparecem nos contos fantásticos.

Esse gênero textual deixa muito clara a oposição entre o real e o fantástico, ou seja, entre a realidade e o que é fruto da imaginação. Diferentemente dos contos de fadas, em que os personagens e os acontecimentos estão imersos em um universo eminentemente mágico, nos contos fantásticos é justamente o contraponto entre realidade e fantasia que dá o tom da narrativa. O leitor está em contato com a realidade, com situações bastante verossímeis e, em dado momento, se depara com fatos inexplicáveis, até mesmo sobrenaturais, o que causa total estranhamento.

Preste atenção no texto que será lido a seguir e veja se você consegue perceber esses elementos.

Narradora:

“SUA EXCELÊNCIA

O ministro saiu do baile da embaixada, embarcando logo no carro. Desde duas horas estivera a sonhar com aquele momento. Ansiava estar só, só com o seu pensamento, pesando bem as palavras que proferira, relembrando as atitudes e os pasmos olhares dos circunstantes. Por isso entrara no coupé depressa, sôfrego, sem mesmo reparar se, de fato, era o seu. Vinha cegamente, tangido por sentimentos complexos: orgulho, força, valor, vaidade.

Todo ele era um poço de certeza. Estava certo do seu valor intrínseco; estava certo das suas qualidades extraordinárias e excepcionais. A respeitosa atitude de todos e a deferência universal que o cercava eram nada mais, nada menos que o sinal da convicção geral de ser ele o resumo do país, a encarnação dos seus anseios. Nele viviam os doridos queixumes dos humildes e os espetaculosos desejos dos ricos. As obscuras determinações das cousas, acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto levá-lo-iam, visto que só ele, ele só e unicamente, seria capaz de fazer o país chegar aos destinos que os antecedentes dele impunham...

E ele sorriu, quando essa frase lhe passou pelos olhos, totalmente escrita em caracteres de imprensa, em um livro ou em um jornal qualquer. Lembrou-se do seu discurso de ainda agora:

Na vida das sociedades, como na dos indivíduos... Que maravilha! Tinha algo de filosófico, de transcendente. E o sucesso daquele trecho? Recordou-se dele por inteiro:  Aristóteles, Bacon, Descartes, Spinosa e Spencer, como Sólon, Justiniano, Portalis e Ihering, todos os filósofos, todos os juristas afirmam que as leis devem se basear nos costumes…

O olhar, muito brilhante, cheio de admiração — o olhar do leader da oposição — foi o mais seguro penhor do efeito da frase...

E quando terminou! Oh!

Senhor, o nosso tempo é de grandes reformas; estejamos com ele: reformemos!

A cerimônia mal conteve, nos circunstantes, o entusiasmo com que esse final foi recebido.

O auditório delirou. As palmas estrugiram; e, dentro do grande salão iluminado, pareceu-lhe que recebia as palmas da Terra toda.

O carro continuava a voar. As luzes da rua extensa apareciam como um só traço de fogo; depois sumiram-se.

O veículo agora corria vertiginosamente dentro de uma névoa fosforescente. Era em vão que seus augustos olhos se abriam desmedidamente; não havia contornos, formas, onde eles pousassem.  Consultou o relógio. Estava parado? Não; mas marcava a mesma hora, o mesmo minuto da sua saída da festa.

— Cocheiro, onde vamos?

Quis arriar as vidraças. Não pôde; queimavam.

Redobrou os esforços, conseguindo arriar as da frente.

Gritou ao cocheiro:

— Onde vamos? Miserável, onde me levas?

Apesar de ter o carro algumas vidraças arriadas, no seu interior fazia um calor de forja. Quando lhe veio esta imagem, apalpou bem, no peito, as grã-cruzes magníficas. Graças a Deus, ainda não se haviam derretido. O Leão da Birmânia, o Dragão da China, o Lingão da Índia estavam ali, entre todas as outras, intactas.

— Cocheiro, onde me levas?

Não era o mesmo cocheiro, não era o seu. Aquele homem de nariz adunco, queixo longo com uma barbicha, não era o seu fiel Manuel!

— Canalha, para, para, senão caro me pagarás!

O carro voava e o ministro continuava a vociferar:

— Miserável! Traidor! Para! Para!

Em uma dessas vezes voltou-se o cocheiro; mas a escuridão que se ia, aos poucos fazendo quase perfeita, só lhe permitiu ver os olhos do guia da carruagem, a brilhar de um brilho brejeiro, metálico e cortante. Pareceu-lhe que estava a rir-se.

O calor aumentava. Pelos cantos o carro chispava. Não podendo suportar o calor, despiu-se. Tirou a agaloada casaca, depois o espadim, o colete, as calças...

Sufocado, estonteado, parecia-lhe que continuava com vida, mas que suas pernas e seus braços, seu tronco e sua cabeça dançavam, separados.

Desmaiou; e, ao recuperar os sentidos, viu-se vestido com uma reles “libré” e uma grotesca cartola, cochilando à porta do palácio em que estivera ainda há pouco e de onde, saíra triunfalmente, não havia minutos.

Nas proximidades um coupé estacionava.

Quis verificar bem as cousas circundantes; mas não houve tempo.

Pelas escadas de mármore, gravemente, solenemente, um homem (pareceu-lhe isso) descia os degraus, envolvido no fardão que despira, tendo no peito as mesmas magníficas grã-cruzes...

Logo que o personagem pisou na soleira, de um só ímpeto aproximou-se e, abjetamente, como se até ali não tivesse feito outra coisa, indagou:

— Vossa Excelência quer o carro?”

Locutor: Você acabou de ouvir um conto fantástico de Lima Barreto.

Você conseguiu perceber o elemento diferente nessa história? O momento em que a realidade e o fantástico se misturam?

Além de Lima Barreto, o Brasil está repleto de grandes autores de contos fantásticos. Machado de Assis, Moacyr Scliar e Mário de Andrade são apenas alguns dos mais conhecidos.

Na literatura internacional, nomes como Edgar Alan Poe, Franz Kafka, Jorge Luis Borges e até J.K. Rowling escreveram histórias que continuam a ser lidas por gerações.

E você, lembra-se de ter lido alguma delas? É um gênero textual que atrai sua atenção?

Locutor: Créditos: O texto “Sua Excelência”, de autoria de Lima Barreto, foi tirado do livro Histórias Fantásticas, da coleção "Para Gostar de Ler”, da Editora Ática. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Agora que o conto está pronto, vocês vão transformá-lo em um audiobook e torná-lo acessível a quem precisa ou prefere ouvir os textos. O que acham?

Ícone. Atividade oral.
  1. Você já teve acesso a um texto literário por meio de um audiobook? Como foi?
  2. O que você acha importante em uma leitura para a gravação de um audiobook?
Ilustração. Fundo em bege-claro. À esquerda, uma menina vista dos ombros para cima, de cabelos pretos, longos para cima, de blusa de cor azul-claro. Sobre a cabeça dela, um fone em rosa, ela de olhos fechados. O fone dela está conectado a um livro de capa amarela e detalhe em preto na vertical. Ao redor, nuvens em azul-claro, dois corações pequenos em vermelho e estrelas pequenas em amarelo.
Audiobooks são livros para ouvir, geralmente em aplicativos.

3. Na sua opinião, essa tecnologia pode transformar os hábitos de leitura? Como?

O audiobook, ou audiolivro, é um livro em áudio, que pode ser gravado pelos próprios autores ou por locutores e atores profissionais.

Entre as vantagens proporcionadas pelos audiobooks estão a acessibilidade, auxiliando aqueles que têm restrições em relação ao livro escrito, e a comodidade, oportunizando o acesso a obras em circunstâncias que impediriam a leitura do material impresso ou mesmo digital, como no trânsito ou em uma academia.

Planejamento

  1. Para produzir um audiobook, iniciem criando um roteiro.
  2. Preparem o conto para a gravação, excluindo o que for desnecessário no contexto oral ou adaptando aspectos típicos da escrita para a oralidade.
  3. Organizem o equipamento. A gravação pode ser feita com um smartphone, mas é importante ter um microfone e um filtro. Também é necessário computador e um programa de gravação e edição de áudio.

Gravação

  1. Se a gravação não for feita em estúdio, é necessário conseguir um local silencioso, para que nenhum ruído atrapalhe a clareza do áudio.
  2. Antes de gravar, ensaiem, ensaiem, ensaiem!
  3. Na gravação, tentem manter o tom de voz e ritmo de leitura ao longo de todo o texto. Oscilem o tom apenas para enfatizar algum aspecto ou para quebrar a monotonia e não deixar o ouvinte dormir.
  4. Se vocês estiverem lendo um texto impresso, cuidado com o barulho na hora de passar as páginas.

Edição

  1. Na edição do áudio, podem ser feitos córtes ou correções, se algo saiu errado, e podem ser incluídos efeitos sonoros e trilhas para deixá-lo mais atrativo.
  2. No caso do uso de músicas, lembrem-se de utilizar aquelas sem direitos autorais, para evitar problemas futuros. Existem bancos de músicas que disponibilizam trilhas sem royalties.
  3. Edição feita, revisem o conteúdo. Escutem toda a gravação e observem se não passou alguma falha, como córtes indevidos, ruídos que interferem na compreensão do texto, entre outros problemas.

Divulgação e publicação

  1. Combinem com o professor e com a turma como será feita a divulgação dos audiobooks. Ela pode acontecer juntamente com a dos contos, por meio de posts em blogues, redes sociais ou no site da escola.
  2. Para a publicação, existem plataformas próprias para a disponibilização de audiobooks. Definam com o professor também essa etapa.
Fotografia. Uma menina com fones de ouvido sentada em sofá cinza, vista da cintura para cima, de cabelos armados castanhos, com olhos fechados. Ela está com o braço direito sobre o braço do sofá, segurando um celular cinza nas mãos. Em segundo plano, armário de cor marrom, visto parcialmente.
O conteúdo em áudio passou a fazer parte do cotidiano dos usuários.

DIREITO À EDUCAÇÃO E À CULTURA

A pesquisa “Retratos da leitura no Brasil” vem sendo realizada desde o ano de 2000, com o objetivo de entender os hábitos de leitura dos brasileiros e orientar políticas públicas que possam ajudar a superar os desafios observados. A 5ª edição, realizada em 2019, teve como foco mapear o comportamento dos leitores brasileiros também em relação à leitura de textos literários, observando, entre outros aspectos, como o leitor começou a se interessar por esse tipo de leitura, o que o influencia a escolher uma obra, suas motivações para ler literatura e em que formato prefere ler.

Ícone. Atividade oral.
  1. Responda às perguntas que o professor irá fazer sobre hábitos de leitura.
  2. Analise alguns dos resultados da 5ª edição da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil” e compare-os às suas respostas. Que semelhanças e diferenças você percebeu?
Gráfico em barras na horizontal. Interesse por Literatura Como começou a se interessar por literatura... 2019 Por causa de indicação da escola ou de um professor ou professora: 52 Porque viu filmes baseados em livros ou histórias de autores: 50 Por influência de amigos: 41 Por causa de algum autor com quem se identificou: 34 Por causa de letras de músicas: 33 Por influência da mãe ou responsável do sexo feminino: 32 Por influência de algum outro parente: 28 Com um influenciador digital, como um youtuber, pela internet: 25 Por ter participado de grupos, oficinas ou clubes de leitura: 20 Por influência do pai ou responsável do sexo masculino: 20 Por influência de um Padre, pastor ou algum líder religioso: 20 Por influência de um Bibliotecário ou atendente de biblioteca: 16 Por influência do marido, esposa ou companheiro (a): 11 Porque foi a Saraus ou slams: 6 Outros: 2 Base: Leitores de literatura independentemente do meio 2019 (4894) [T1] Como o senhor ou a senhora começou a se interessar por literatura com contornos, crônicas, romance ou poesia? (RU) Na ponta inferior, à esquerda e à direita, logotipos.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil: dados da 5ª edição. São Paulo, 2019. Disponível em: https://oeds.link/U6eK8H. Acesso em: 12 julho 2022.

Infográfico. 
Formato que prefere ler.
Ilustração. Um menino sentado de frente para uma mesa, segurando um livro de capa vermelha nas mãos. Ele tem cabelos castanhos, com terno em marrom e olhos fechados e objetos sobre a mesa. Ao fundo, prateleiras com outros livros empilhados. 
Formato preferido: 67% Livros em papel.
Formato preferido para ler LITERATURA: 70% Livros em papel
Ilustração. Uma mão de uma pessoa segurando um aparelho preto na vertical na mão esquerda, com tela em cinza e texto. Ao fundo, livros na vertical e, à direita, outros livros e um jornal branco, com título: NEWS.
Formato preferido: 17% Livros digitais
Formato preferido para ler LITERATURA: 16% Livros digitais
Ilustração. Vista do alto de livros, aparelhos, celular, relógio e, à direita, um livro aberto de páginas em branco e óculos de grau e, mais à direta, uma xícara branca com líquido marrom. 
Formato preferido: 16% Ambos/tanto faz
Formato preferido para ler LITERATURA: 14% Ambos/tanto faz
Base: Já leu livro digital e leu algum livro inteiro ou em partes no últimos 3 meses (1242).
Base: Já leu livro digital, e leu livro de literatura por vontade própria (772)
P79 O(a) sr.(a) prefere ler __ (LER OPÇÕES – RU)
P80 O(a) sr.(a) prefere ler livros de literatura, como contos, crônicas, romance ou poesia em __ (LER OPÇÕES-RU)
Na parte inferior, à esquerda e à direita, logotipos.
Gráfico em barras. Três gráficos em barras lado a lado. Motivação para ter lido literatura Gráfico em barras. ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Por gosto ou interesse pessoal 38 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 44 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 30 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Para se distrair 18 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 9 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 31 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Por indicação da escola 16 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 10 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 9 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Porque ganhou o livro 10 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 6 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Porque gosto do autor 4 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 5 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Por motivo profissional 4 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 9 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 2 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Porque leio todos os livros dessa série ou saga 1 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Outro motivo 2 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 1 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 2 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: 3 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 0 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 10 Na ponta da direita, ilustração de livros em pé, um ao lado do outro em tons de verde, detalhes em cinza ou amarelo. Sobre um deles, uma lupa preta e próximo, folhas verdes. Base: Leitores de livros de literatura (2335), Está lendo algum livro atualmente (1998), leitores de literatura apenas em outros formatos (2559) P18) Por que o(a) sr(a) está lendo este livro? P18A) Por que o(a) sr(a) leu esse último livro de literatura? Escolha somente uma opção. (RJ) P18B) Por que o(a) sr(a) leu esse conto, crônica, romance ou poesia? Escolha somente uma opção. (RU). Na ponta inferior, à esquerda e à direita, logotipos.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil: dados da 5ª edição. São Paulo, 2019. Disponível em: https://oeds.link/U6eK8H. Acesso em: 12 julho 2022.

Ícone. Atividade em grupos.

3. Pesquisa! Agora, você e os colegas vão realizar uma pesquisa, por amostragem, para conhecer o perfil dos estudantes da sua escola em relação à leitura de literatura. Sigam as orientações do professor.

EU APRENDI!

Responda às questões no caderno.

  1. Construa um diagrama como o do modelo a seguir, com informações sobre o que você estudou nesta unidade a respeito dos gêneros narrativos conto e romance, considerando:
    1. as características que são comuns aos dois;
    2. as características que são próprias de cada um e os distinguem.
Diagrama. 
De cima para baixo:
Gêneros narrativos:
Conto: dois espaços para preencher
Romance: dois espaços para preencher
Ícone. Atividade oral.
  1. Considerando o que você já sabia, antes desta unidade, em relação aos gêneros conto e romance, especifique:
    1. as informações que foram novidade para você;
    2. os fatos que você descobriu que não eram como você imaginava;
    3. os conhecimentos que se consolidaram, porque confirmaram aquilo que você já sabia.
  2. Releia este trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma.

Quaresma era um homem pequeno, magro, que usava pincenê, olhava sempre baixo, mas, quando fixava alguém ou alguma cousa, os seus olhos tomavam, por detrás das lentes, um forte brilho de penetração, e era como se ele quisesse ir à alma da pessoa ou da cousa que fixava.

Contudo, sempre os trazia baixo, como se se guiasse pela ponta do cavanhaque que lhe enfeitava o queixo. Vestia-se sempre de fraque, preto, azul, ou de cinza, de pano listrado, mas sempre de fraque, e era raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo de que ele sabia com precisão a época.

Versão adaptada acessível

Atividade 3, item a.

Que ideias as seguintes orações introduzem nos períodos: “como se ele quisesse ir à alma da pessoa ou da cousa que fixava”, “como se se guiasse pela ponta do cavanhaque que lhe enfeitava o queixo” e “segundo um figurino antigo de que ele sabia com precisão a época”?

a. Que ideias as orações destacadas introduzem nos períodos?

  1. Por que elas são importantes na descrição apresentada?
  2. Identifique no trecho uma oração que introduza uma circunstância de tempo.
  3. Como essa oração contribui para a compreensão do texto?

4. Agora, leia mais um trecho da entrevista de Jorge Augusto Silva sobre Lima Barreto.

G | O que torna Lima Barreto tão atual nesse centenário de sua morte?

Jorge Augusto Silva | As estruturas racistas que ele denunciava obviamente ainda estão presentes nas mais diversas esferas da sociedade; sua obra é uma “prova” dessa engrenagem excludente. Ele trazia discursos articulados e sobre a realidade brasileira em sua produção ficcional. Ele percebia o racismo impregnado mesmo em novidades da época como o futebol e o movimento feminista branco, que ele já percebia não incluir as mulheres negras. fóra a crítica ao eurocentrismo, central em sua obra. Mas é importante entender que sua importância não reside exclusivamente na denúncia do racismo, mas também na resposta que se dá a esse racismo no plano estético (e, portanto, político) na arte negra no Brasil.

Selo postal na horizontal com contornos em preto. Ao centro, à esquerda, ilustração de um homem visto da cintura para cima, o corpo virado para a direita, com contornos em preto e preenchido em branco, com caneta preta na mão direita, sobre páginas de livro. Ao fundo, cidade com prédios coloridos em rosa, azul e laranja. Mais à direita, um homem visto da cintura para cima, de chapéu e terno em marrom. Em segundo plano, morros em verde. Na parte superior, texto em preto: Brasil 81 – 7,00. Na parte inferior, texto em preto: CENTENÁRIO DE LIMA BARRETO - JOANA BIELSCHOWSKY.
Selo comemorativo em homenagem ao centenário de Lima Barreto, Rio de Janeiro, 1981.

NEVES, Betina. ‘As estruturas sociais racistas que Lima Barreto denunciou ainda estão aqui’. Revista Gama, São Paulo, 23 março 2022. Disponível em: https://oeds.link/QDvv1x. Acesso em: 10 julho 2022.

Versão adaptada acessível

Atividade 4, itens a, b.

  1. Em “As estruturas racistas que ele denunciava obviamente ainda estão presentes nas mais diversas esferas da sociedade”, como se classifica a oração “que ele denunciava”? Com qual finalidade ela foi empregada?
  2. Considere o trecho: “Ele percebia o racismo impregnado mesmo em novidades da época como o futebol e o movimento feminista branco, que ele já percebia não incluir as mulheres negras”. Por que a oração “que ele já percebia não incluir as mulheres negras” é precedida por vírgula?
  1. Em “As estruturas racistas que ele denunciava obviamente ainda estão presentes nas mais diversas esferas da sociedade”, como se classifica a oração em destaque? Com qual finalidade ela foi empregada?
  2. Em “Ele percebia o racismo impregnado mesmo em novidades da época como o futebol e o movimento feminista branco, que ele já percebia não incluir as mulheres negras”, por que a oração é precedida por vírgula?

VAMOS COMPARTILHAR

Sinopse para quarta capa

Agora, para divulgar os contos produzidos pela turma, vocês irão elaborar uma sinopse para a quarta capa.

1. Leia a sinopse presente na quarta capa do livro Contos africanos dos países de língua portuguesa, publicado pela Editora Ática.

A África e o Brasil são separados por um oceano. O mar, porém, não é suficiente para afogar o que os une. Há semelhança nos gestos, no paladar, no canto, na miséria, na violência, em certa alegria melancólica e no colorido que invadem o variado cotidiano de lá e cá.

Em alguns casos – cinco, para ser preciso – a ligação se revela ainda mais forte: compartilhamos a mesma língua que Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

O que há de africano no Brasil está vivo em nós, mas não cultivamos o que há de novo na África. Nos contos deste livro, todos de autores contemporâneos, descobrimos admirados a África atual. E descobrimos também novas palavras, tecidas pela distância. E, então, ao perceber essas semelhanças e diferenças que nos unem, podemos de fato conhecer uns aos outros.

Quarta capa de livro. Na parte superior em bege e na parte inferior, em marrom, com silhueta de um animal em bege, similar a um pássaro abstrato com o corpo para a direita. Na parte inferior, à direita, código de barras.
  1. O que é possível perceber sobre a obra a partir dessa sinopse?
  2. O que se pode entender pela frase “descobrimos também novas palavras, tecidas pela distância”?
  3. Que outras informações sobre o livro você acha que poderiam ser incluídas nesse texto para atrair o leitor?

Para construir a sinopse, desenvolvam uma escrita colaborativa, reunindo contribuições de todos os grupos, de modo a refletir o conjunto dos contos produzidos.

Planejamento

1. O primeiro passo é planejar.

Ícone. Atividade em grupos.
  1. Reúnam-se e anotem, de fórma resumida, a temática de cada um dos contos e os tipos: aventura, mistério, humor, terror, amor, fadas
  2. Destaquem trechos que podem ser citados.
  3. Se houver possibilidade, peçam ao professor, ou a alguém que trabalhe com literatura, que escreva uma breve opinião sobre os contos, que poderá também ser usada na sinopse.

Produção

  1. Na etapa de produção, reúnam as informações recolhidas durante o planejamento. Lembrem-se de que a redação deve:
    1. refletir a coletânea de contos, de fórma coesa e coerente;
    2. ser atrativa, para chamar a atenção dos leitores e convidá-los à leitura;
    3. apresentar uma linguagem adequada ao público a que se destina e ao suporte em que será apresentada, ou seja, a quarta capa de um livro.

Edição

  1. Na edição, é hora de fazer os ajustes no texto para que ele possa compor a capa e atrair o leitor.
    1. Evitem deixar grandes espaços na página, para não criar a sensação de que não tinham o que dizer sobre a obra.
    2. Escrever demais também não é bom. Além do prejuízo estético, porque fica tudo apertado na página, não é prático para o leitor.

Revisão

4. Na revisão, estejam atentos à ortografia e aos aspectos gramaticais e textuais. Usem a pauta de revisão.

Fotografia. Quatro jovens sentados de frente para a mesa de cor bege. Nela, livros abertos e, na ponta da direita, um notebook visto parcialmente. Da esquerda para a direita: um menino de cabelos escuros penteados para trás em coque, com fone sobre a cabeça, óculos de grau, blusa de mangas compridas em azul e blusa por dentro em branco. Ele olha para baixo, com celular na mão esquerda. Ao lado, jovem de cabelos cacheados pretos penteados para a direita, blusa de mangas compridas em preto, mão direita embaixo do queixo e de frente para um notebook. Ao lado, à direita, um jovem de cabelos pretos, de camiseta verde, par de fone de ouvidos, olhando para baixo, lendo livro. Na ponta da direita, uma menina de cabelos longos castanhos, com óculos de grau, blusa de mangas compridas listradas na horizontal em preto e branco, olhando para baixo em direção ao livro. Ao fundo, local com hastes brancas na vertical.
Dispositivos digitais podem contribuir para os passos dessa atividade.

Glossário

órbita
: área de influência.
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condoer(se)
: sentir compaixão; compadecer-se.
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burburinho
: som confuso e contínuo de vozes.
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bongar
: procurar, buscar.
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abastado
: que tem muitos bens, muito dinheiro.
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monacal
: que leva vida isolada, regrada como os monges.
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misantropo
: que se isola por ter aversão à convivência social; insociável.
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pejado
: carregado, repleto, cheio.
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aduzir
: alegar, expor.
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cercania
: proximidade, vizinhança.
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ermo
: desabitado, deserto.
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impudico
: que não tem pudor; desavergonhado.
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pincenê
: óculos sem hastes, que se fixam ao nariz pela pressão de uma mola.
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capadócio
: embusteiro, farsante.
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fidalgo
: nobre.
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quiçá
: talvez.
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