UNIDADE 6  Contos e romances

Nesta unidade, convidamos você a explorar, aprender e se divertir com dois gêneros textuais do campo artístico-literário: os contos e os romances.

Capa de livro. Fundo em branco, com ilustrações ao redor, feitas de lápis, de linhas em azul e vermelho. Ao centro, uma pessoa em pé, cabeça pequena e, nas costas, par de asas. Ao redor, vegetação de caule fino e folhas grandes. 
Ao centro, título do livro: TRAMAS DE MENINOS, CONTOS.
Na parte superior, nome do autor: João Anzanello Carrascoza. 
Na parte inferior, logotipo: ALFAGUARA.

EU SEI

Você gosta de ler contos e romances?

Reconhecer nos textos literários, além do valor estético, a oportunidade de compreender o passado, refletir sobre o presente e imaginar o futuro.

Ilustração. Sentado sobre uma cadeira em bege, um homem de barba castanha, com chapéu e calça em marrom. Óculos de grau no rosto, camisa de gola em azul-claro e, por cima, terno em azul-escuro, calça marrom e sapatos pretos. Ele segura um violão marrom nas mãos. Ao fundo, à direita, árvores de troncos marrons com folhas em verde e marrom.

EU VOU APRENDER

Capítulo 1 – Contos brasileiros contemporâneos

Compreender o contexto de produção e circulação do gênero.

Capítulo 2 – Romance ainda atual

Compreender o contexto de produção e circulação do gênero.

Respostas e comentários

UNIDADE 6

Contos e romances

Introdução

Esta unidade foi construída visando ao estudo dos gêneros textuais conto e romance, dois gêneros narrativos do campo artístico-literário, assim como dos gêneros capa, contracapa e sinopse. Todos são estudados a partir do seu contexto de produção e circulação, considerando a estrutura composicional, a função social e, principalmente, os recursos de linguagem empregados para a construção dos sentidos do texto. Essa perspectiva tem como foco a formação de um leitor literário que compreende a experiência significativa da palavra no texto literário.

Nas práticas de análise linguística e semiótica, além do uso da linguagem conotativa e dos recursos de coesão na construção dos textos literários, também são estudadas as orações subordinadas adjetivas e as adverbiais. Em ambos os casos, tem-se modificadores sintáticos que, nos gêneros conto e romance, colaboram para a descrição de personagens, a apresentação do tempo e do espaço da narrativa e o detalhamento do enredo, entre outros aspectos da construção dos sentidos dos textos.

Na produção de textos, propõe-se a elaboração de um conto e de uma sinopse para compor a quarta capa de um livro de contos. Na oralidade, espera-se que os estudantes transponham o conto produzido para o formato audiobook, considerando as características composicionais desse gênero. As práticas de produção oral e escrita são desenvolvidas também a partir de pesquisas, entre elas uma enquete, indicadas ao longo da unidade.

Competências gerais da Educação Básica

  1. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
  1. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de fórma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

Competências específicas de Linguagens para o Ensino Fundamental

5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.

Selo postal na horizontal com contornos em preto. Ao centro, à esquerda, ilustração de um homem visto da cintura para cima, o corpo virado para a direita, com contornos em preto e preenchido em branco, com caneta preta na mão direita, sobre páginas de livro. Ao fundo, cidade com prédios coloridos em rosa, azul e laranja. Mais à direita, um homem visto da cintura para cima, de chapéu e terno em marrom. Em segundo plano, morros em verde. Na parte superior, texto em preto: Brasil 81 – 7,00. Na parte inferior, texto em preto: CENTENÁRIO DE LIMA BARRETO - JOANA BIELSCHOWSKY.

EU APRENDI!

Atividades de compreensão textual, reflexão e análise da língua e da linguagem e ampliação da aprendizagem.

Fotografia. Quatro jovens sentados de frente para a mesa de cor bege. Nela, livros abertos e, na ponta da direita, um notebook visto parcialmente. Da esquerda para a direita: um menino de cabelos escuros penteados para trás em coque, com fone sobre a cabeça, óculos de grau, blusa de mangas compridas em azul e blusa por dentro em branco. Ele olha para baixo, com celular na mão esquerda. Ao lado, jovem de cabelos cacheados pretos penteados para a direita, blusa de mangas compridas em preto, mão direita embaixo do queixo e de frente para um notebook. Ao lado, à direita, um jovem de cabelos pretos, de camiseta verde, par de fone de ouvidos, olhando para baixo, lendo livro. Na ponta da direita, uma menina de cabelos longos castanhos, com óculos de grau, blusa de mangas compridas listradas na horizontal em preto e branco, olhando para baixo em direção ao livro. Ao fundo, local com hastes brancas na vertical.

VAMOS COMPARTILHAR

Sinopse para quarta capa

Elaborar, de fórma colaborativa, uma sinopse para a quarta capa do livro de contos.

Respostas e comentários

Contos e romances são extensos, portanto, não é possível reproduzi-los na íntegra em um capítulo de livro didático. Por isso, é importante que os professores sugiram outras leituras e leiam com os estudantes em sala de aula, com o objetivo de despertar a curiosidade deles para os gêneros literários. A análise de novos textos pode colaborar não apenas para o esclarecimento de eventuais dúvidas, mas também para a ampliação do interesse pela leitura de textos literários e, principalmente, para a formação de leitores e cidadãos críticos e conscientes.

  • ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
  • Inicie perguntando aos estudantes o que costumam fazer para se divertir em suas horas vagas, de lazer. Verifique se alguém responde que costuma ler textos literários. Infelizmente, essa é uma prática rara entre os jovens, mas é possível que alguns tenham esse hábito. Para os que não veem a leitura como fórma de diversão, questione o porquê disso. Por fim, pergunte o que se pode aprender por meio dos textos literários.
  • Leia a frase de abertura da unidade e ressalte o convite feito aos estudantes para “explorar, aprender e se divertir” com os textos literários. Destaque, ainda, a oportunidade que esses textos nos dão de conhecer o passado, refletir sobre o presente e imaginar o futuro, como eles verão na leitura dos textos literários apresentados na unidade.

Competências específicas de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental

  1. Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem.

9. Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações artístico-culturais como fórmas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da experiência com a literatura.

Temas Contemporâneos Transversais

Direitos da criança e do adolescente.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

4. Educação de qualidade.

EU SEI

Você gosta de ler contos e romances?

Você já chorou ou riu ao ler um romance? Indignou-se com algum personagem ou quis estar no lugar de um deles? É mais comum que as pessoas sintam isso em filmes ou novelas, mas os livros também têm o poder de levar o leitor a viver essas emoções.

De acordo com a matéria “O que ocorre em nosso cérebro ao ler um romance”, de Deivid Dorenbaum (2021), uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Toronto, no Canadá, revelou que a leitura de um romance permite ao leitor participar indiretamente da trama, fazer inferências sobre seu desenvolvimento e, com isso, ampliar sua empatia, aproximando-se e identificando-se mais com alguns personagens do que com outros. A pesquisa, monitorada com imagens de ressonância magnética, comprovou que, quando um leitor lê um trecho de ação, seu cérebro processa essa informação como se ele a estivesse realizando. Por isso, não estranhe se, ao ler um romance de aventuras, você se sentir um aventureiro ou se, diante de uma bela história de amor, você também se sentir apaixonado.

Em um mundo cada vez mais imediatista, em que tudo tem de ser agora, a leitura de romances tem perdido espaço para outras fórmas de entretenimento e de conhecimento, porque ler um livro é um compromisso que requer tempo e dedicação. Mas nada se compara à leitura de um bom romance, à experiência de viver a ficção, ainda que de fórma simulada! Que tal dedicar um tempinho a isso?

Capa de livro. Na parte inferior, oito soldados em pé, um ao lado do outro em tons de preto e branco, de chapéu sobre a cabeça, farda e sapatos escuros. O segundo da esquerda para direita, com ilustração por cima da foto: um cocar sobre a cabeça em azul, casaco de mangas compridas em amarelo, bermuda em tons de verde e amarelo, segurando uma lança na mão direita, onde há um pássaro com contornos em azul e penas brancas. Na parte inferior, chão de cor laranja e, na parte superior, uma nuvem branca com contornos em azul por onde caem gotas de chuva sobre a cabeça do homem com cocar. À direita, nome do livro e do autor: Triste fim de Policarpo Quaresma - LIMA BARRETO
Reprodução da capa de Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.
Ícone. Atividade oral.
  1. Para você, o que é um romance?
  2. Você acredita que romances sempre tratam de histórias de amor?
  3. Fale de um romance que você leu e do qual gostou muito.
  4. Há algum de que você não tenha gostado? Por quê?
  5. Que fatores mais influenciam na sua escolha de um livro literário?
Respostas e comentários

1 a 5. Respostas pessoais. Ver orientações didáticas.

Eu sei

Você gosta de ler contos e romances?

  • ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
  • Pergunte aos estudantes se algum deles já se emocionou assistindo a um filme, uma série ou uma novela. Que filme foi? Do que ele tratava e qual foi a cena que emocionou? E outros sentimentos, como medo, raiva, alegria, ansiedade , já sentiram?
  • Depois, pergunte se sabem por que isso acontece. Por que choramos, rimos ou temos medo ao assistir a certas obras de ficção? Deixe que compartilhem suas experiências e saberes para então abordar a leitura de livros. Será que os livros também são capazes de despertar esses sentimentos no leitor?
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Esclareça que o romance é um gênero textual narrativo que, em geral, segue a estrutura básica da narrativa, com personagens que vivem diversos conflitos em espaço e tempo definidos.
  2. Os romances podem falar de aventuras, mistérios, crimes, amores, cidades e culturas, podem fazer rir, sentir medo, chorar, indignar-se, enfim, podem fazer aflorar diversos sentimentos.
  1. Explore as respostas dos estudantes para entender o que não agradou na leitura, se foi o tema, se o livro estava adequado à faixa etária, se a trama não era atrativa
  2. Entre os fatores que influenciam a escolha de um livro podem estar o tema, o autor, a indicação de pessoas conhecidas ou de clubes de leitores, título e capa, resenhas e propagandas publicitárias, por exemplo.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro quatro

ê éfe seis nove éle pê quatro seis

ê éfe seis nove éle pê quatro nove

ê éfe seis nove éle pê cinco seis

Capa de livro. Fundo em branco, com ilustrações ao redor, feitas de lápis, de linhas em azul e vermelho. Ao centro, uma pessoa em pé, cabeça pequena e, nas costas, par de asas. Ao redor, vegetação de caule fino e folhas grandes. 
Ao centro, título do livro: TRAMAS DE MENINOS, CONTOS.
Na parte superior, nome do autor: João Anzanello Carrascoza. 
Na parte inferior, logotipo: ALFAGUARA.
Reprodução da capa de Tramas de meninos, de João Anzanello Carrascoza.
Capa de livro. Na parte inferior, fundo em marrom com título do livro e nomes dos autores: Contos africanos dos países de língua portuguesa - Albertino Bragança, Boaventura Cardoso, José Eduardo Agualusa, Luandino Vieira, Luís Bernardo Honwana, Mia Couto, Nelson Saúte, Odete Costa Semedo, Ondjaki, Teixeira de Sousa.
Mais abaixo, logotipo da editora à esquerda: Editora Ática 
Nome da coleção à direita: PARA GOSTAR DE LER
Na parte superior, ilustração, ao centro, solo em roxo. À esquerda e à direita, casas coloridas, umas próximas às outras e, ao centro, uma árvore em vermelho, com uma bicicleta à esquerda. Ao centro, acima, uma gravata listrada em branco e azul. Na parte superior, céu em amarelo e, à direita, esferas verdes.
Reprodução da capa de Contos africanos dos países de língua portuguesa, de Albertino Bragança e outros autores.
Capa de livro em azul. Na parte superior, um grande balão sobrevoando e outros menores atrás em azul-claro. Mais embaixo, nome do livro: A VIDA NO CÉU - romance para jovens e outros sonhadores
Na parte superior, nome do autor: José Eduardo Agualusa 
Na parte inferior, logotipo: Melhoramentos.
Reprodução da capa de A vida no céu, de José Eduardo Agualusa.
  1. Observe as capas de livro aqui reproduzidas. Você já leu alguma dessas obras?
  2. Entre esses quatro livros, quais são romances? Que elementos das capas justificam sua resposta?
  3. Do que você acha que esses romances tratam?
  4. Se você tivesse de escolher um desses romances para ler, qual você escolheria e por quê?

Pesquisa

10. Realize uma pesquisa a respeito da obra que você escolheu: procure saber mais sobre o autor, descubra quando e onde a obra foi publicada e se o enredo trata realmente daquilo que você imaginou inicialmente.

▶ Após a pesquisa, responda: você ainda escolheria o mesmo livro para ler? Por quê?

Respostas e comentários

6, 8, 9 e 10. Respostas pessoais. Ver orientações didáticas.

7. São romances Triste fim de Policarpo Quaresma e A vida no céu, cujo subtítulo já indica que se trata de um romance. Já os outros dois livros trazem a informação de que apresentam “contos”, portanto não são romances.

  • ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
  • Pergunte aos estudantes se conhecem alguma das histórias representadas pelas capas. Caso afirmativo, convide-os a compartilhar o que sabem, valorizando o conhecimento prévio deles sobre o assunto. Caso desconheçam, oriente-os a pesquisar on-line a sinopse desses livros. Depois, reserve um momento para o compartilhamento das descobertas. Esse procedimento pode ser realizado em duplas, valorizando o aprendizado entre pares (método peer to peer).
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

6 e 9. Se for possível, traga para a sala de aula outros livros e disponibilize-os de fórma atrativa. Peça aos estudantes que observem também as capas e faça as mesmas perguntas, ampliando a oportunidade de haver algum livro já lido por eles. Ao final, pergunte qual, entre todos esses livros e capas, eles escolheriam para ler e por quê.

  1. Com base nas capas, os estudantes podem pensar que o Triste fim de Policarpo Quaresma é um romance policial, histórico ou mesmo de humor e que A vida no céu é um romance romântico ou de aventura. Qualquer que seja a hipótese levantada, incentive-os a justificar a indicação.

Convide os estudantes a explorar os textos verbais e não verbais das capas. Peça a eles que observem todos os elementos, fazendo suposições sobre o conteúdo de cada um dos livros, incluindo os livros impressos, se for o caso. Informe que no capítulo 2 desta unidade eles terão a oportunidade de conhecer o gênero textual sinopse, cujo objetivo principal é atrair a atenção dos leitores pela obra.

EU VOU APRENDER  Capítulo 1

Contos brasileiros contemporâneos

Ícone. Atividade oral.
  1. Que sentimentos a leitura de uma obra literária já despertou em você? Que obra foi? Do que tratava?
  2. Histórias que envolvem relações humanas, familiares, por exemplo, atraem você? Por quê?
  3. Como você se imagina daqui a 20 anos?
  4. Leia este conto que compõe o livro Trama de meninos, de João Anzanello Carrascoza.

Últimas

Fazia tempo que os dois não se viam: ele morava na pequena cidade, e o filho, na grande, que um dia também fôra a sua, do pai.

E como pai, depois que a mulher morrera, ele vivia só e compreendia que assim era – esta, uma das mais comuns configurações da vida:

os filhos, em criança, giravam ao redor dos maiores; depois, desgrudavam de sua órbitaglossário e iam, também, fundar seu próprio mundo.

Acontecera com ele décadas atrás. Não engordara os bolsos na cidade grande, mas trouxera de lá, mais leve sobre os ombros, o peso de algumas verdades.

Cabia agora ao filho mover a sua roda, e se não era a roda da fortuna, tampouco era a da pobreza. Na média é que ele estava, avançando na profissão, um carro na garagem e a companheira – com quem planejava se casar, tanto que já comprara um apartamento de dois quartos (em verdade, havia dado só a entrada).

Mas, embora vivessem longe um do outro, e com os pés em estações distintas da vida,

falavam-se sempre ao telefone

– pela voz do filho, o pai sabia tudo o que se passava – se naquele dia o sol nascera mais cedo nele, ou se ele fazia escuro desde que acordara.

Aliás, quando o filho ligava pelo celular, o pai podia até adivinhar, atento aos ruídos de fundo, onde ele estava, e, assim, de olhos fechados, vê-lo com nitidez, como numa cena ao vivo, igual à época em que o via, menino, à sua frente, deitado no sofá com a cabeça sobre os joelhos da mãe, ou correndo pela casa, o cachorro a latir em seu encalço.

Respostas e comentários

1 a 3. Respostas pessoais. Ver orientações didáticas.

Eu vou aprender

Contos brasileiros contemporâneos

  • ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
  • Proponha a leitura silenciosa do texto. Peça-lhes que anotem do que trata a história, quem são os personagens, onde e quando ela ocorre. Depois, realize a leitura compartilhada e oriente-os a respeitar a pontuação, pois ela contribui muito para a construção dos sentidos do texto.
  • Ao longo da leitura, chame a atenção para o uso conotativo da linguagem e como o autor vai conduzindo o leitor a construir imagens, por meio do uso de metáforas, metonímias e de outras figuras de linguagem, que dão ao texto a dimensão poética, como em: “Não engordara os bolsos na cidade grande”, “Cabia agora ao filho mover a sua roda”, “se naquele dia o sol nascera mais cedo nele, ou se ele fazia escuro desde que acordara“.
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Se os estudantes responderem que nunca sentiram nada ao ler uma obra literária – alegria, tristeza, medo, curiosidade, raiva –, pergunte que temática eles acham que despertaria alguma emoção neles e por quê.
  2. Chame a atenção para o fato de que a beleza de um texto literário não está na temática em si, mas em como a história é contada, na linguagem empregada, nos recursos que levam o leitor a construir imagens, cenas e a sentir as emoções expressas no texto.
  • Esclareça que uma das características das obras de João Anzanello Carrascoza, autor do conto que será lido na sequência, é a abordagem do cotidiano e dos núcleos familiares, permitindo ao leitor a percepção da beleza em coisas simples.
  1. Questione os estudantes se pensam em continuar morando na mesma cidade, em estudar ou em trabalhar em outra cidade ou país. A pergunta tem a intenção de despertar a curiosidade da turma para algo que será abordado no conto.

Com a leitura do texto, espera-se que percebam que as mudanças na vida adulta são naturais, “uma das mais comuns configurações da vida”, e que, por maior que seja a distância física, nunca se está de fato distante daqueles a quem se ama.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro quatro

ê éfe seis nove éle pê quatro sete

ê éfe seis nove éle pê quatro nove

ê éfe seis nove éle pê cinco um

ê éfe seis nove éle pê cinco três

ê éfe oito nove éle pê três três

ê éfe oito nove éle pê três sete

Eram conversas simples, sem originalidade, regidas pela lei da convivência entre pai e filho que se gostam, seja aqui ou em qualquer outro lugar,

Alô, filho?

Pai?

Tudo bem?

Tudo, e você?

Tudo!

Algum problema, pai?

Não, filho.

Não, mesmo?

tão corriqueiras eram as palavras usadas por ambos,

tão repetidas mundo afora,

e, se traduzidas por dentro, diriam,

Filho!

Pai!

Saudades!

Eu também.

Sinto a sua falta, filho.

E eu a sua, pai.

Quando você vem?

Estou indo.

Em meio a essas conversas, os dois se revezavam nas notícias, cada um a contar aquelas, de seu lado, que supunha interessarem ao outro, e, se não interessavam diretamente, ainda valiam, porque, ouvindo-as, esse podia dimensionar as fronteiras que envolviam aquele, e, assim, acalmar-se ou se condoerglossário :

Está chovendo muito por aqui, pai; O apartamento vai ficar pronto no mês que vem; Peguei uma gripe forte, mas já melhorei.

Aqui também tem chovido sem parar, filho; Aquele seu amigo virou prefeito da cidade; Vai ter rodeio no fim de semana.

Assim, à distância, sem que se vissem face a face, sem que se tocassem (ainda que através de olhares), mantinham-se próximos; o pai, muito além do filho, sabia que só podem ser próximos aqueles que partilham do mesmo instante.

Ilustração. Vista geral de local com grama verde, com vegetação à esquerda, de folhas verdes. Ao fundo, prédios da cidade de tamanhos médios e maiores em azul. Do céu em azul, cai várias gotas de chuva para o solo.
Respostas e comentários
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Observe que o autor tem um estilo próprio de dividir os parágrafos e as frases, separando as estruturas geralmente nas vírgulas e não nos pontos, como determinam as convenções de escrita. Esclareça que essa é uma liberdade que só os textos literários têm, a chamada “licença poética”. A definição de licença poética é apresentada na compreensão textual.
  • Recupere a estrutura da narrativa e os elementos que a compõem, permitindo as inferências necessárias para a compreensão do texto.
  • Chame a atenção para as relações de referência na coesão textual, muito exploradas pelo autor, como em: “os dois” [pai e filho], “aquelas” [notícias], “de seu lado” [de quem falava], “ao outro” [a quem ouvia], “ouvindo-as” [notícias], “esse” [quem ouvia], “aquele” [quem falava].

Também sabia – lição tatuada na memória – que dois seres, uma vez juntos lá nas suas (mesmas) fundações, por maior a quilometragem que os separasse,

jamais estariam,

de fato,

distantes.

Mas fazia tempo que eles não se viam. E, naquele sábado, quando o telefone tocou cedo, a manhã mal saíra de suas dobras, o pai, que voltava da rua, surpreendeu-se ao ouvir o filho,

– ele só ligava à noite –,

Pai?

Filho!

Tudo bem?

Tudo! Aconteceu alguma coisa?

Não, liguei só pra avisar...

– no timbre da voz se revelava a boa nova –,

... estou indo pra te ver...,

e o pai, sem que fosse preciso perguntar,

Quando?,

saboreou, com gosto, o melhor da notícia,

Agora!,

mais do que o pão, quente e crocante, que havia pouco ele comera com manteiga.

E, ainda, pelo burburinhoglossário ao fundo, sabia que o filho estava

no Mercado Municipal,

Já comprei aquelas ervas pra você!

Não precisava...

Quer mais alguma coisa, pai?

Não, nada.

Nada mesmo?

Nada.

Então, já estou indo.

Cuidado na estrada.

Não se preocupe.

Boa viagem, filho!

Até já, pai!

Ilustração. Um homem visto da cintura para cima, de cabelos e barba brancos, com óculos de grau e blusa de mangas compridas em azul.
Respostas e comentários
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Esclareça que, nos contos, em função da sua brevidade, não é comum o detalhamento do espaço e do tempo em que os fatos acontecem nem dos personagens. Ainda assim, é possível identificá-los, em função do próprio desenrolar da narrativa.
  • Aproveite para abordar a linguagem empregada no texto, perguntando aos estudantes: Vocês reconhecem alguma marca da oralidade na fala dos personagens? Espera-se que digam que sim, como no trecho: “Não, liguei só pra avisar...”, em que ocorre a supressão de um “a” na palavra “para”, algo bastante comum na linguagem coloquial. É possível que citem outros exemplos, como: “estou indo pra te ver...,” e “Já comprei aquelas ervas pra você!”. Cite outros exemplos, se necessário, reforçando a ideia de que não existe fórma certa ou errada de se falar e que o contexto em que cada uma dessas fórmas é utilizada deve ser considerado, evitando assim qualquer tipo de preconceito linguístico.
  • Outra pergunta que pode promover a reflexão dos estudantes sobre a linguagem utilizada é: Vocês acham que o autor optou pela oralidade no texto de fórma intencional?. Espera-se que eles digam que sim, pois trata-se de um diálogo entre pai e filho e provavelmente o autor quis usar a oralidade na conversa entre eles propositalmente.
  • ATIVIDADES COMPLEMENTARES
  • Peça aos estudantes que descrevam como imaginam os personagens do conto, o filho e o pai, que características físicas e psicológicas atribuiriam a eles e por quê.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro sete

ê éfe oito nove éle pê três dois

ê éfe oito nove éle pê três sete

ê éfe zero nove éle pê um um

ê éfe zero nove éle pê um dois

Desligou o telefone e sorriu, só para si. O dia, dali em diante, seria outro, maior; a alegria já despontava, sem pressa, e era bom que se abrisse nesse ritmo, para que ele estivesse apto a recebê-la quando se revelasse inteira, coincidindo com a chegada do filho,

ele saindo do carro, o olhar curioso de sempre,

(como se estivesse chegado à vida naquela hora)

a buscar as diferenças nas ruas, nas casas, no rosto do pai – em tudo que ali era, aparentemente, imutável.

Então, enquanto o filho

(não lhe importava se eram muitos ou poucos os seus prodígios)

pegara a estrada e vencia os quilômetros que os separavam, o pai ia cuidar de umas tarefas cotidianas, embora, dessa vez, tanto se via na iminência de estar de novo com o filho – coisa impossível minutos atrás –, que se sentia já vivendo o próprio fato, os dois conversando na varanda ou na cozinha, retornando, aos poucos, um para o outro.

Calculando a duração da viagem, o pai se deu conta de que o filho chegaria para o almoço, não na hora exata, mas certamente a margeá-la. Demorou para ligar a ele, não queria lhe tirar a atenção do caminho, mas seria rápido, meia dúzia de palavras – e não precisaria mais pensar no assunto.

reticências

O pai continuou ali, a fazer o que fazia aos sábados, mas sem se entregar, plenamente, àquelas demandas; agia como se estivesse na superfície delas, a mente e o corpo saltando do agora e se movendo, mais à vontade, para o daqui a pouco. E, do outro lado, o filho vinha no bom do caminho, e foi ele, duas horas depois, quem telefonou para dar ao pai a segunda notícia, imprevista, do dia:

O que foi, filho?

Vou atrasar, pai! Tem obra na pista.

reticências

O pai foi novamente domar a ansiedade. O atraso aumentava nele a fome do reencontro.

Logo viria a notícia, a última, e não pela voz do filho – mas pela sua própria presença em frente da casa, fechando a porta do carro, cujo som atraiu o pai à janela. Sorriram um para o outro e, então, sem mais nenhum fato a temer, deu-se, só para eles, sob o sol e o silêncio, o agora.

CARRASCOZA, João Anzanello. Últimas. In: CARRASCOZA, João Anzanello. Tramas de meninos: contos. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2021. página 109-116.

Respostas e comentários
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Observe como os períodos vão construindo “o dia, dali em diante”, “sem pressa”, acrescentado fatos (“e sorriu”, “e era bom”, “e vencia”), apresentando as circunstâncias que os contextualizam (“para que”, “quando”, “embora”, “como se”, “tanto... que”...), contrapontos (“mas”), restrições e explicações (“que”), até a chegada do filho. Destaque os conectivos empregados para garantir a progressividade temática.
  • ATIVIDADES COMPLEMENTARES
  • Ao final da leitura do conto, solicite aos estudantes que façam uma pesquisa sobre o autor João Anzanello Carrascoza, identificando de onde ele é, sua formação, que outras obras já escreveu, por quem foi influenciado e características do seu estilo.
  • Proponha uma conversa sobre o que descobriram e chame a atenção para a experiência do autor na publicidade e para o seu apreço pela poesia. Ambos os fatos podem ajudar a explicar seu estilo de escrita, em que o verbal e o visual se mobilizam na construção dos sentidos do texto.

COMPREENSÃO TEXTUAL

Ícone. Atividade em dupla.
  1. Considerando a fórma como o conto é apresentado, o que lhes chamou a atenção?
  2. Na opinião de vocês, que efeito de sentido esse formato proposto pelo autor produz na construção do texto?

A licença poética é a liberdade concedida a um artista de utilizar estruturas e fórmas de linguagem sem seguir o que é previsto pela norma-padrão, pela ortografia ou por qualquer modelo convencional de escrita, visando alcançar a construção dos sentidos desejados.

3. Releia este trecho do início do conto.

Fazia tempo que os dois não se viam: ele morava na pequena cidade, e o filho, na grande, que um dia também fôra a sua, do pai.

E como pai, depois que a mulher morrera, ele vivia só e compreendia que assim era – esta, uma das mais comuns configurações da vida:

os filhos, em criança, giravam ao redor dos maiores; depois, desgrudavam de sua órbita e iam, também, fundar seu próprio mundo.

  1. Quem são “os dois” a quem o narrador se refere na primeira linha?
  2. A história é narrada em primeira ou em terceira pessoa?
  3. Quem morava na “pequena cidade”? Ele sempre morou ali?
  4. O que o pai entendia ser “uma das mais comuns configurações da vida”?
  5. Ao falar “dos maiores”, a quem o narrador está se referindo?
Versão adaptada acessível

Atividade 3, item f.

Em “sua órbita” e “seu próprio mundo”, os pronomes “sua” e “seu” remetem a que personagens, respectivamente?

  1. Em “sua órbita” e “seu próprio mundo”, os pronomes destacados remetem a que personagens, respectivamente?
  1. O que o narrador quer dizer ao afirmar que ele e o filho viviam “com os pés em estações distintas da vida”?
  2. Ao afirmar que as conversas com o filho eram “simples, sem originalidade”, qual é a primeira impressão que se tem da relação entre eles?
  3. Na sequência do texto, essa impressão se confirma? Que sentimento fica claro quando o pai traduz o seu diálogo com o filho?
Respostas e comentários

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que a divisão dos parágrafos e das frases não segue a estrutura padrão, e o discurso direto é destacado em itálico e não entre aspas ou com travessão, como é mais comum. É uma estrutura que lembra as construções em versos, como nos poemas.

2. Resposta pessoal. Ver orientações didáticas.

3.a) São o pai e o filho.

3.b) Em terceira pessoa.

3.c) O pai morava na pequena cidade, mas já havia morado na grande, como revela o trecho “que um dia também fôra a sua, do pai”.

3.d) O fato de que os filhos crescem e vão viver suas vidas, “fundar seu próprio mundo”.

3.e) Ele está se referindo aos pais, os adultos.

3.f) “sua” remete ao pai e “seu” remete ao filho.

4. Quer dizer que eles viviam momentos diferentes da vida.

5. Parece que a relação deles é superficial, sem muita intimidade, e distante.

6. Não se confirma, pois o pai deixa claro que o sentimento que prevalece entre eles é a saudade. “Saudades!”, “Sinto a sua falta, filho.”, “E eu a sua, pai”.

Compreensão textual

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

2. A fórma proposta pelo autor parece chamar a atenção para aspectos singulares da narrativa e da relação entre pai e filho, permitindo uma leitura mais compassada, calma, como parece ser a relação entre eles. Destaque o trecho “jamais estariam,/ de fato,/ distantes,” e as conversas com frases curtas, a maioria nominais.

3b. Observe que toda a história é narrada em terceira pessoa. Questione os estudantes se o narrador é observador ou onisciente. Observe que ele não apenas conhece todos os fatos, do presente e do passado, mas também sabe o que sentem os personagens e quais são suas inquietações e desejos. Isso caracteriza um narrador onisciente.

3f. Chame a atenção para a importância do uso dos pronomes “ele”, “sua”, “que” no estabelecimento da coesão textual e na compreensão dos sentidos expressos.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro quatro

ê éfe seis nove éle pê quatro sete

ê éfe oito nove éle pê três sete

ê éfe zero nove éle pê um um

O conto é uma narrativa breve, com poucos personagens e sem muitos detalhes a respeito de onde ou quando se passa. Sua estrutura narrativa costuma partir de uma situação inicial de equilíbrio, que é afetada por um conflito e que retorna ao equilíbrio no final.

  1. Qual é o conflito que desencadeia a narrativa do conto “Últimas”?
  2. Quando isso acontece?
  3. Qual é a reação do pai à notícia dada pelo filho? Transcreva um trecho do texto que justifique sua resposta.
  4. Como o pai imagina a chegada do filho?
  5. No período “O atraso aumentava nele a fome do reencontro.”, em que sentido a palavra “fome” foi empregada? Que efeito de sentido o uso desse termo cria no texto?
  6. Qual é o ponto alto, o clímax, da narrativa?
  7. No desfecho, o autor chama a atenção do leitor para um fato importante da vida. Que fato é esse?
  8. Releia o trecho final do conto.

Logo viria a notícia, a última, e não pela voz do filho – mas pela sua própria presença em frente da casa, fechando a porta do carro, cujo som atraiu o pai à janela. Sorriram um para o outro e, então, sem mais nenhum fato a temer, deu-se, só para eles, sob o sol e o silêncio, o agora.

  1. Que elemento da narrativa ganha destaque com o uso da construção “e não... mas”?
  2. Que conjunção coordenativa é empregada no trecho para marcar a conclusão da história?

15. Na sua opinião, por que o título do conto é “Últimas”?

Ilustração. O homem descrito anteriormente, visto da cintura para cima, com a mão esquerda para o alto, abraçando, com o braço direito, um cachorro de pelos em marrom, parte do rosto em branco e focinho preto. Eles estão atrás de uma janela, com a parte superior arredondada.
Respostas e comentários

7. A notícia do filho de que vai visitar o pai.

8. Em um sábado pela manhã.

9. Ele fica feliz: “saboreou, com gosto, o melhor da notícia”, “desligou o telefone e sorriu”, “a alegria já despontava, sem pressa”.

10. Ele imagina o filho saindo do carro, curioso para ver o que mudou nas ruas, na casa, no rosto do pai, os dois conversando e se reaproximando aos poucos.

11. A palavra “fome” é empregada no sentido figurado de desejo intenso de algo. Ao usar o termo, o narrador destaca não apenas uma vontade, mas a necessidade que o pai tinha de ver o filho, assim como a fome se sacia com alimento.

12. O momento da chegada do filho.

13. O autor chama a atenção para a importância do “agora”, de viver o presente.

14.a) A presença do filho em frente da casa.

14.b) Então.

15. Resposta pessoal. Os estudantes podem associar o título às três “notícias” recebidas pelo pai: a primeira, de que o filho iria visitá-lo; a segunda, do seu atraso; e a última, a própria chegada do filho.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Na leitura do boxe-conceito, a respeito das características do gênero textual conto, explique que ele pode ser cômico, dramático, de amor, de mistério, enfim, várias temáticas possíveis, e o enredo é construído, geralmente, em torno de um único conflito. Esclareça, ainda, que a situação inicial é apresentada na introdução; o conflito aparece no desenvolvimento e segue até o clímax, que é o ponto alto da narrativa, e depois tem-se o desfecho, com a solução do conflito.

14a. Chame a atenção dos estudantes para o efeito modalizador da construção, que dá ênfase ao segundo elemento (mas pela sua própria presença), em detrimento do primeiro (e não pela voz do filho). Também a inversão “notícia, a última” e o uso do adjetivo “própria” chamam a atenção para o momento.

15. Esclareça que a obra Trama de meninos inicia-se com o conto “Começo” e termina como o “Últimas”. Essa organização também pode explicar o título.

Para ampliar

KARLO-GOMES, Geam; ARAÚJO, Peterson Martins Alves. O Letramento Literário no Contexto Curricular Brasileiro: Entrevista com Rildo Cosson. Revista da Anpoll, volume 1, número 51. Florianópolis, janeiro/maio 2020 página 193-199. Disponível em: https://oeds.link/ADtIKe. Acesso em: 18 julho 2022.

Para observar e avaliar

A partir das atividades de compreensão do conto, é possível analisar não apenas a temática, a composição e o estilo desse gênero, mas também resgatar os elementos e a estrutura da narrativa, com a identificação do enredo, dos personagens, do tempo e do espaço da narrativa, do foco narrativo, da situação inicial, do conflito, do clímax e do desfecho, todos essenciais à produção dos gêneros narrativos.

Organize as duplas de modo que os pares se complementem e um possa ajudar o outro durante a realização das atividades (método peer to peer – veja unidade 1 deste Manual). Observe e avalie como as duplas interagem, identificam as respostas, negociam no caso de divergências e tomam decisões. Acompanhe todo o trabalho e auxilie-os não apenas no desenvolvimento das habilidades previstas, mas também na superação de eventuais dificuldades apresentadas.

LÍNGUA E LINGUAGEM

Período composto: orações subordinadas adjetivas

Responda às questões no caderno.

1. Releia este trecho do conto “Últimas”.

reticências o pai, muito além do filho, sabia que só podem ser próximos aqueles que partilham do mesmo instante.

Também sabia – lição tatuada na memória – que dois seres, uma vez juntos lá nas suas (mesmas) fundações, por maior a quilometragem que os separasse,

jamais estariam,

de fato,

distantes.

Versão adaptada acessível

Atividade 1, item a.

Analise as palavras “que” no trecho. Qual ou quais delas pode(m) ser classificada(s) como conjunção integrante? Por quê?

  1. Observe os destaques. Quais delas podem ser classificadas como conjunção integrante? Por quê?
  2. Nos demais casos, como os termos se classificam? Explique.
  3. Considere as orações “que partilham do mesmo instante” e “que os separasse”. Do ponto de vista sintático, que função elas desempenham em relação ao termo ao qual se ligam?

As orações subordinadas adjetivas são aquelas que desempenham a função sintática de adjunto adnominal de determinado termo da oração principal. Essas orações são introduzidas por um pronome relativo.

Para entender melhor a relação entre as orações subordinadas adjetivas e os adjuntos adnominais, considere estes exemplos:

Esquema. Frase: As crianças educadas sempre recebem elogios.
adjunto adnominal: educadas 
Esquema. Frase: As crianças que são educadas sempre recebem elogios.
oração subordinada adjetiva: que são educadas
Respostas e comentários

1.a) A primeira e a terceira, porque introduzem orações subordinadas substantivas. No caso, ambas as conjunções introduzem orações subordinadas substantivas objetivas diretas.

1.b) Nos outros dois casos, o “que” é um pronome relativo. Sua função é retomar algo dito anteriormente: “aqueles” e “a quilometragem”.

1.c) Desempenham a função de adjunto adnominal, ou seja, caracterizam o termo a que se referem.

Língua e linguagem

Período composto: orações subordinadas adjetivas

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Resgate com os estudantes o estudo já realizado com os pronomes relativos no presente livro e destaque a importância desses pronomes na coesão do texto.
  • Com relação às orações subordinadas, proponha uma análise de duas orações do excerto: uma na qual a palavra “que” desempenhe a função de conjunção subordinativa e outra na qual a palavra “que” desempenhe a função de pronome relativo. Mostre-lhes que, neste último caso, esse pronome sempre remete a um elemento anterior, ao contrário da conjunção subordinativa, cuja função é somente introduzir a oração subordinada que exerce uma função sintática em relação à oração principal.
  • Durante a leitura do boxe-conceito, comente que as orações adjetivas recebem esse nome justamente por desempenharem uma função de adjetivo, que corresponde ao adjunto adnominal na análise sintática.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê zero dois

ê éfe zero nove éle pê zero nove

No primeiro exemplo, temos um período simples, uma vez que só há uma oração. O termo destacado é um adjetivo e exerce a função de adjunto adnominal do núcleo do sintagma nominal (crianças). No segundo exemplo, o período é composto, pois há duas orações. A oração em destaque também se liga ao núcleo do sintagma nominal (crianças) e desempenha a função de adjunto adnominal, pois assume a função de adjetivo, caracterizando o substantivo ao qual se refere.

  1. Transforme os períodos compostos em períodos simples, substituindo a oração subordinada adjetiva por um adjunto adnominal.
    1. As crianças tinham uma alegria que não findava.
    2. Fez um remendo que não se percebia na blusa.
    3. Falou ao telefone algo que não se podia compreender.
    4. A falta de ordem gerou problemas que não terminavam.
  2. Observe este cartaz.
Cartaz. Cartaz na horizontal. À esquerda, uma esfera terrestre de cor azul, com continentes em verde. À esquerda, sobre um continente, uma usina em miniatura em vermelho, jorrando fumaça na vertical, para o céu. À direita, um tronco na horizontal e uma chama de cor laranja e placa onde está escrito: S.O.S. Dos olhos ao centro, caindo duas lágrimas e uma boca para baixo. Mais abaixo, uma caveira em branco. À direita, texto: Mês do Meio Ambiente 2019 O LIXO QUE VOCÊ JOGA NO CHÃO NÃO FALA... MAS DIZ MUITO SOBRE VOCÊ! Lixo no Lugar certo é saúde Mais abaixo, logotipos e, à direita, logotipo da mesma esfera descrita anteriormente.

. Educação Ambiental e Cidadania. Prefeitura Municipal de Brochier, 6 junho 2019. Disponível em: https://oeds.link/cimAyS. Acesso em: 9 julho 2022.

  1. Como se relacionam a parte escrita e a parte visual do cartaz?
  2. Considerando o período em que essa campanha foi lançada, de que maneira ela busca persuadir o leitor?
  3. Identifique a oração subordinada adjetiva presente no cartaz e indique a que termo ela se refere.

As orações subordinadas adjetivas subdividem-se em restritivas e explicativas. As restritivas são aquelas que restringem, particularizam o significado do termo a que se referem. Já as explicativas têm a função de acrescentar uma característica ao termo, ou seja, explicá-lo de fórma mais detalhada. Na escrita, as orações adjetivas explicativas são separadas da oração principal por meio de vírgulas, ao contrário das orações adjetivas restritivas, que se ligam diretamente ao termo.

Respostas e comentários

2. a) infinita/infindável; b) imperceptível; c) incompreensível; d) intermináveis.

3.a) A parte visual mostra o planeta Terra chorando e pedindo socorro. O texto em destaque fala do descarte de lixo no chão; abaixo dele, há uma frase que associa o descarte adequado do lixo à saúde.

3.b) Ela busca persuadir o leitor levando-o a refletir sobre o mau hábito de jogar lixo no chão, o que revela um aspecto negativo de sua personalidade.

3.c) A oração é “que você joga no chão”. Refere-se ao termo “lixo”.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Comente que, em algumas situações, é possível substituir a oração adjetiva por um adjetivo equivalente. Nesse caso, propusemos o caminho inverso ao que apresentamos na página anterior, com o objetivo de levar os estudantes a compreender melhor a possibilidade de equivalência entre a oração adjetiva e o adjetivo. Entretanto, é preciso sinalizar que isso não acontece sempre, do mesmo modo que nem sempre é possível encontrar um adjetivo equivalente a uma locução adjetiva.

Proponha mais alguns períodos compostos para complementar a atividade:

2a. O homem entregou um bilhete com uma letra que não se podia ler.

2b. A obra que não podia ser tocada atraía uma multidão de curiosos.

2c. Os casos que não tinham explicação chamaram a atenção da imprensa.

2d. Um amor que não era possível destruir nasceu naquele momento. Respostas: Ilegível. 2b. Intocável. 2c. Inexplicáveis. 2d. Indestrutíveis.

3. Na leitura do cartaz, observe os recursos verbais e não verbais empregados para atrair a atenção do leitor e convencê-lo a uma mudança de atitude, como o uso do pronome pessoal “você”, da pontuação, da cor verde e da ilustração.

3b. Ressalte que, na parte superior do cartaz, há uma frase que diz “Mês do Meio Ambiente 2019”. Portanto, o cartaz circulou nesse período.

  • Após ler o boxe-conceito, esclareça que, na língua oral, as orações restritivas são pronunciadas sem pausa, ao contrário das explicativas. Além disso, destaque que, na escrita, a separação por vírgulas é de grande importância, pois, por meio dessa demarcação, o autor consegue transmitir efetivamente aquilo que pretende. A ausência ou presença de vírgula pode gerar problemas na compreensão, por isso é preciso verificar o que realmente se quer comunicar: caso o sentido seja de particularizar, restringir, não se deve usar vírgula; caso seja de explicar melhor o termo, deve-se separar a oração adjetiva por vírgula. Para melhor sintetizar, dê-lhes os seguintes exemplos:
  • A filha que morava com os pais tinha bom relacionamento com eles.
  • A filha, que morava com os pais, tinha bom relacionamento com eles.
  • No primeiro caso, a oração é restritiva e dá a entender que há outras filhas e que apenas uma morava com os pais. Já no segundo caso, compreende-se que havia apenas uma filha e que ela morava com os pais.

4. Releia este outro trecho do conto “Últimas”.

E, naquele sábado, quando o telefone tocou cedo, a manhã mal saíra de suas dobras, o pai, que voltava da rua, surpreendeu-se ao ouvir o filho reticências

Então, enquanto o filho

(não lhe importava se eram muitos ou poucos os seus prodígios)

pegara a estrada e vencia os quilômetros que os separavam, o pai ia cuidar de umas tarefas cotidianas

Logo viria a notícia, a última, e não pela voz do filho – mas pela sua própria presença em frente da casa, fechando a porta do carro, cujo som atraiu o pai à janela.

Versão adaptada acessível

Atividade 4, item único.

▶ Considere as seguintes orações adjetivas do trecho: “que voltava da rua”, “que os separavam” e “cujo som atraiu o pai à janela”. Explique as relações de sentido que elas estabelecem com o termo a que se referem.

Considere as orações adjetivas em destaque e explique as relações de sentido que estabelecem com o termo a que se referem.

5. Leia a tirinha a seguir.

Tirinha. Tirinha composta por quatro quadros. Apresenta como personagens: Charlie Brown, menino de cabelos pretos finos para trás, com blusa de mangas compridas em marrom, calça azul e par de tênis em vermelho. Snoopy, um cachorro de pelos brancos, orelhas e focinho pequenos pretos. As cenas se passam em local aberto com neve e céu azul-claro. Q1 – À esquerda, Charlie Brown, sentado com o corpo para a direita, segurando uma bola pequena de cor preta com o contorno em vermelho, diz para Snoopy: AÍ, QUANDO O PAPAI NOEL ME TROUXER O CACHORRO, EU NÃO VOU PRECISAR MAIS PEDIR VOCÊ EMPRESTADO. À direita, Snoopy, sentado de frente para ele, o observa. Q2 – Charlie Brow, visto da cintura para cima, com o braço direito para cima e com a bolinha na mão, fala: EU VOU JOGAR A BOLA E MEU CACHORRO NOVO QUE O PAPAI NOEL VAI ME DAR VAI TRAZER ELA PRA MIM. À direita, o cachorro olhando para frente, visto do pescoço para cima. Q3 – Charlie Brow, à esquerda, de olhos fechados, sentado com Snoopy no colo, fala: EU SÓ QUERIA AGRADECER A VOCÊ POR TODOS OS BONS MOMENTOS QUE PASSAMOS JUNTOS. À esquerda, a bolinha sobre a neve. Ao fundo, à direita, uma árvore com folhas verdes. Q4 – à esquerda, Charlie Brown sentado, segurando nas mãos a bolinha na mão, fala: EU PROVAVELMENTE VOU CHAMAR MEU CACHORRO NOVO DE ROVER. EU VOU DIZER AQUI, ROVER! PEGUE A BOLA! À direita, Snoopy com o corpo deitado sobre o solo, cabeça para cima, pensa: PREPARE-SE, ROVER...

chuls , Charles M. Minduim. Estadão, São Paulo, 5 junho 2022. Disponível em: https://oeds.link/MRhpF8. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. A tirinha retrata um contexto em que se utiliza uma linguagem mais ou menos formal? Por quê?
  2. Cite um exemplo que comprove sua resposta anterior.
  3. No segundo quadrinho, há uma oração adjetiva. Como ela se classifica e que informação pretende destacar?
  4. No terceiro quadrinho, há uma oração adjetiva restritiva. Qual é essa oração e por que ela foi empregada?
  5. Por que a resposta de snúpi gera o humor da tirinha?
Respostas e comentários

4.• A primeira oração é explicativa e não restringe o significado do termo “pai”. Funciona como uma informação adicional, porém relevante no contexto. A segunda oração é restritiva e particulariza o termo “quilômetros”. No caso, o filho precisava vencer apenas os quilômetros que o separavam de seu pai, e não quaisquer quilômetros. A terceira oração também é explicativa e traz uma informação adicional, porém que não particulariza o carro, pois, no contexto, já se sabe que o carro era do filho. No entanto, era importante destacar que o som do carro levou o pai à janela.

5.a) Menos formal, pois reproduz falas do cotidiano.

5.b) Um claro exemplo é o uso do pronome “ela” como objeto direto, no segundo quadrinho: “vai trazer ela pra mim”.

5.c) Classifica-se como restritiva e pretende destacar a informação de que é o Papai Noel quem vai trazer o cachorro.

5.d) A oração é “que passamos juntos”. Ela foi empregada para especificar os momentos. Ou seja, não são quaisquer momentos, mas sim aqueles que o garoto e o cachorro passaram juntos.

5.e) Porque snúpi, que é conhecido por ser um cachorro preguiçoso, está imaginando o quanto Rover será importunado pelo garoto.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Nesta atividade, os estudantes deverão prestar bastante atenção ao contexto, pois o uso das orações, do modo como se apresentam, está estritamente relacionado às informações dadas. Ajude-os a perceber essas nuances, a fim de que entendam o emprego das orações, sem transformar o processo em algo mecânico, cuja detecção se dá apenas pela presença ou ausência da vírgula e pela subsequente classificação. Mais importante que saber classificar é reconhecer o valor semântico das orações adjetivas para futuramente empregá-las de modo adequado em seus textos.
  • Além disso, é válido destacar que a última oração é introduzida pelo pronome “cujo”, ou seja, as adjetivas podem ser introduzidas por quaisquer pronomes relativos, e não apenas pelo “que”, embora seja o mais comum.

5. Na leitura da tirinha, questione a turma a respeito do tempo e do espaço da narrativa de Charlie bróun. Pelo texto verbal, é possível identificar que o tempo é o do Natal, mas o local só é possível perceber pela imagem de fundo. Se fosse uma tirinha brasileira, como poderia ser essa imagem? Destaque o caráter artístico-literário das tirinhas e as contribuições desse gênero para ampliar o repertório artístico-literário dos estudantes.

5b. Aproveite para perguntar aos estudantes como ficaria essa oração, caso o contexto exigisse um registro mais formal. No caso, seria “vai trazê-la para mim”.

5c. Comente com os estudantes que é justamente esse o aspecto restritivo: o cachorro poderia ser dado por qualquer outra pessoa, mas, no caso, será um presente do Papai Noel.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê zero três

ê éfe seis nove éle pê zero cinco

ê éfe zero nove éle pê zero nove

6. Leia a notícia a seguir.

Dia Nacional do Livro: hábito da leitura aumentou na pandemia

Mercado passa por momento de alta após crise de vendas na pandemia

A pandemia de covid-19 fez com que a população de todo o mundo passasse por experiências de isolamento e distanciamento social. Para muitas pessoas, os grandes companheiros durante estes momentos foram os livros, que são celebrados hoje (29) – Dia Nacional do Livro – em todo o território nacional.

As livrarias, que tiveram que fechar as portas logo no início da emergência sanitária, foram altamente afetadas pela impossibilidade de vendas. Agora, registram o retorno gradual do público e o aumento significativo nas vendas de livros em geral.

reticências

Com menos deslocamentos pela cidade e menos atividades presenciais, grande parte das pessoas também teve mais tempo livre durante a pandemia. “Por conta do trabalho, estudos, distância de casa e deslocamentos, o único tempo que tinha para ler era no transporte público. Por conta da pandemia estou em home office desde março de 2020, então tenho um pouco mais de tempo livre. Às vezes fecho o notebook e já emendo um livro para desligar a cabeça dessa doideira corporativa”, disse Pedro Balciunas, 26 anos, escritor, roteirista e jornalista.

reticências

Fotografia. Uma mulher vista parcialmente da boca até os joelhos, sentada em sofá cinza. Ela tem cabelos crespos e armados, com blusa de mangas compridas em cinza. Ela está sorrindo e segura um livro com capa de cor bege nas mãos.
O hábito de leitura aumentou na pandemia, em virtude do isolamento social.

CRUZ, Elaine Patrícia. Dia Nacional do Livro: hábito da leitura aumentou na pandemia. Agência Brasil, São Paulo, 29 outubro 2021. Disponível em: https://oeds.link/ohdrAj. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. Qual é o tema da notícia?
  2. No segundo parágrafo, a autora utiliza uma oração adjetiva explicativa, relacionada a “livrarias”. Que sentido essa oração confere ao termo?
  3. Caso a autora quisesse se referir especificamente a algumas livrarias fechadas, como o período seria escrito?
  4. No terceiro parágrafo, foi utilizada uma oração adjetiva restritiva. Qual é essa oração, a que termo se refere e por que foi utilizada?
Respostas e comentários

6.a) O fato de a pandemia ter contribuído para aumentar o hábito de leitura.

6.b) Indica que todas as livrarias foram fechadas.

6.c) As livrarias que tiveram que fechar as portas logo no início da emergência sanitária foram altamente afetadas pela impossibilidade de vendas. Nesse caso, a oração seria restritiva e não seria separada por vírgulas.

6.d) A oração é “que tinha para ler”. Refere-se ao termo “tempo”. Foi utilizada para restringir o termo “tempo”, indicando que era o único disponível para leitura.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Antes da leitura da notícia, pergunte aos estudantes se eles ou alguém que conhecem passaram a ler mais durante a pandemia, em especial nos anos de 2020 e 2021, em que as aulas foram remotas. Depois, compare as respostas com a informação apresentada no título. O comportamento de leitura informado pelos estudantes reflete os dados apresentados na notícia?

Peça a participação de algum voluntário para realizar a leitura do texto em voz alta, orientando os demais a acompanhar em silêncio. Depois dessa primeira leitura, peça-lhes que leiam o texto novamente, em pares, de modo que cada um leia um trecho, e ao final da segunda leitura as duplas devem comentar entre si o que compreenderam. Nesse momento, circule entre os estudantes observando os comentários e auxiliando-os, se necessário.

6a a 6d. Solicite que realizem as atividades em duplas de modo que um possa ajudar o outro tanto na localização das informações explícitas quanto na resolução de questões envolvendo o conhecimento linguístico.

EU VOU APRENDER  Capítulo 2

Romance ainda atual

Ícone. Atividade oral.
  1. Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em folhetins em 1911 e tornou-se livro em 1915. O que você sabe sobre o Brasil desse período?
  2. Policarpo Quaresma, o Major Quaresma, é um dos personagens mais tradicionais da literatura brasileira. Como você imagina que ele seja?
  3. Leia um trecho do romance Triste fim de Policarpo Quaresma.

Primeira parte

um – A lição de violão

Como hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongavaglossário pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa.

Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de fórma que, às três e quarenta, por aí assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar à soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a aparição de um astro, um eclipse, enfim, um fenômeno matematicamente determinado, previsto e predito.

A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do capitão Cláudio, onde era costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava à criada: — Alice, olha que são horas; o major Quaresma já passou.

E era assim todos os dias, há quase trinta anos. Vivendo em casa própria e tendo outros rendimentos além do seu ordenado, o major Quaresma podia levar um trem de vida superior aos seus recursos burocráticos, gozando, por parte da vizinhança, da consideração e do respeito de homem abastadoglossário .

Respostas e comentários

1 e 2. Respostas pessoais. Ver orientações didáticas.

Eu vou aprender

Romance ainda atual

  • ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
  • Antes da leitura, esclareça que Triste fim de Policarpo Quaresma foi publicado inicialmente nos folhetins do Jornal doCommercio, de agosto a outubro de 1911, e virou livro em 1915. Comente brevemente sobre o autor, Lima Barreto, escritor e jornalista de origem humilde, afrodescendente, que se destacou na literatura por ter um estilo próprio e se dedicar a combater os preconceitos raciais e sociais que existiam na sua época.
  • Oriente os estudantes a fazerem a primeira leitura do texto de fórma silenciosa, para que se familiarizem com o enredo, os personagens e o vocabulário. Depois, proponha a leitura compartilhada em voz alta, como meio de mobilizar o imaginário, propiciar maior interação entre o leitor e o texto literário e incentivar o gosto pela leitura.
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Oriente os estudantes a pesquisarem sobre a História do Brasil no início do século vinte. Como era o Brasil nessa época? Qual era o regime de governo? Quem era o presidente? Será que a obra de Lima Barreto tem como tempo da narrativa o período em que foi publicada? Convide o professor de História para conversar com a turma a respeito dos primeiros anos da República, do governo do Marechal Floriano Peixoto (1891-1894) e daqueles que o seguiram até o início do século vinte.
  2. Peça aos estudantes que anotem as respostas e depois comparem a descrição feita no texto com o que imaginaram a respeito do personagem. O que se confirmou?

Para ampliar

SILVA, Marriene Freitas. Leitura em voz alta na escola: a literatura e sua sedução. Revista Ponte, volume 1, número 3, abril 2021. Disponível em: https://oeds.link/5OQbTA. Acesso em: 15 julho 2022.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro sete

ê éfe seis nove éle pê quatro nove

ê éfe seis nove éle pê cinco um

ê éfe seis nove éle pê cinco três

ê éfe seis nove éle pê cinco cinco

ê éfe oito nove éle pê três dois

ê éfe oito nove éle pê três três

ê éfe oito nove éle pê três sete

ê éfe zero nove éle pê um um

Não recebia ninguém, vivia num isolamento monacalglossário , embora fosse cortês com os vizinhos que o julgavam esquisito e misantropoglossário . Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fóra a do doutor Segadas, um clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: “se não era formado, para quê? Pedantismo!”.

O subsecretário não mostrava os livros a ninguém, mas acontecia que, quando se abriam as janelas da sala de sua livraria, da rua poder-se-iam ver as estantes pejadasglossário de cima a baixo.

Eram esses os seus hábitos; ultimamente, porém, mudara um pouco, isso provocava comentários no bairro. Além do compadre e da filha, as únicas pessoas que o visitavam até então, nos últimos dias, era visto entrar em sua casa, três vezes por semana e em dias certos, um senhor baixo, magro, pálido, com um violão agasalhado numa bolsa de camurça. Logo pela primeira vez o caso intrigou a vizinhança. Um violão em casa tão respeitável! Que seria?

E, na mesma tarde, uma das mais lindas vizinhas do major convidou uma amiga, e ambas levaram um tempo perdido, de cá pra lá, a palmilhar o passeio, esticando a cabeça quando passavam diante da janela aberta do esquisito subsecretário.

Não foi inútil a espionagem. Sentado no sofá, tendo ao lado o tal sujeito, empunhando o pinho na posição de tocar, o major, atentamente, ouvia: — Olhe, major, assim.

E as cordas vibravam vagarosamente a nota ferida; em seguida, o mestre aduziaglossário : — É ré, aprendeu.

Ilustração. Sentado sobre uma cadeira em bege, um homem de barba castanha, com chapéu e calça em marrom. Óculos de grau no rosto, camisa de gola em azul-claro e, por cima, terno em azul-escuro, calça marrom e sapatos pretos. Ele segura um violão marrom nas mãos. Ao fundo, à direita, árvores de troncos marrons com folhas em verde e marrom.
Respostas e comentários
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Durante a leitura, faça pausas para esclarecer o vocabulário, que apresenta termos pouco habituais nos dias de hoje. É uma boa oportunidade para trabalhar as variações diacrônicas que ocorrem na língua: termos são introduzidos ou desaparecem à medida que aquilo que denominam são adotados ou caem em desuso, ou surgem outros termos para denominá-los. Apesar de dúvidas que podem surgir em relação ao vocabulário, uma das características de Lima Barreto era escrever de fórma simples, o que facilita a compreensão do leitor.
  • Esclareça que a obra é dividida em três partes, “Lição de violão”, “Sossego” e “Patriotas”, cada uma com cinco capítulos, que revelam diferentes conflitos vividos pelo personagem principal.
  • Observe as relações de referência e de sequência e os termos empregados para estabelecê-las. É importante perceber esses aspectos para garantir a compreensão do que é dito. À medida que for lendo, faça questionamentos como: a quem se refere o ”isso” em “isso provocava comentários no bairro”? Ou por que foi empregada a conjunção “porém” em “porém, mudara um pouco”? Que outra conjunção com valor semelhante poderia ser empregada para substituí-la?

Mais não foi preciso pôr na carta; a vizinhança concluiu logo que o major aprendia a tocar violão. Mas que cousa? Um homem tão sério metido nessas malandragens!

Uma tarde de sol – sol de março, forte e implacável – aí pelas cercaniasglossário das quatro horas, as janelas de uma ermaglossário rua São Januário povoaram-se rápida e repentinamente, de um e de outro lado. Até da casa do general vieram moças à janela! Que era? Um batalhão? Um incêndio? Nada disso: o major Quaresma, de cabeça baixa, com pequenos passos de boi de carro, subia a rua, tendo debaixo do braço um violão impudicoglossário .

É verdade que a guitarra vinha decentemente embrulhada em papel, mas o vestuário não lhe escondia inteiramente as fórmas. À vista de tão escandaloso fato, a consideração e o respeito que o major Policarpo Quaresma merecia nos arredores de sua casa diminuíram um pouco. Estava perdido, maluco, diziam. Ele, porém, continuou serenamente nos seus estudos, mesmo porque não percebeu essa diminuição.

Quaresma era um homem pequeno, magro, que usava pincenêglossário , olhava sempre baixo, mas, quando fixava alguém ou alguma cousa, os seus olhos tomavam, por detrás das lentes, um forte brilho de penetração, e era como se ele quisesse ir à alma da pessoa ou da cousa que fixava.

Contudo, sempre os trazia baixo, como se se guiasse pela ponta do cavanhaque que lhe enfeitava o queixo. Vestia-se sempre de fraque, preto, azul, ou de cinza, de pano listrado, mas sempre de fraque, e era raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo de que ele sabia com precisão a época.

Quando entrou em casa, naquele dia, foi a irmã quem lhe abriu a porta, perguntando:

— Janta já?

— Ainda não. Espere um pouco o Ricardo que vem jantar hoje conosco.

— Policarpo, você precisa tomar juízo. Um homem de idade, com posição, respeitável, como você é, andar metido com esse seresteiro, um quase capadócioglossário — não é bonito!

O major descansou o chapéu de sol – um antigo chapéu de sol, com a haste inteiramente de madeira e um cabo de volta, incrustado de pequenos losangos de madrepérola – e respondeu:

Respostas e comentários
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Chame a atenção para o uso conotativo da linguagem e a presença das figuras de linguagem, como se vê na metáfora “pequenos passos de boi de carro” e nas comparações “como se quisesse ir à alma da pessoa” e “como se se guiasse pela ponta do cavanhaque”.
  • Observe o uso do termo “pincenê”, do francês pince-nez, para propor uma discussão sobre o uso de estrangeirismos na língua portuguesa. No século dezenove, houve quem tentasse condenar seu uso no Brasil, assim como de outros estrangeirismos, em nome de uma suposta “defesa” da língua portuguesa.
  • Pergunte aos estudantes o que acham do uso dos estrangeirismos. Por que usar palavras estrangeiras? Onde elas são mais encontradas? Têm dificuldade de entender? O uso dessas fórmas causa algum prejuízo à língua? Promova uma breve discussão sobre o assunto, de modo a conscientizar a turma sobre o valor dos estrangeirismos na formação das línguas e sobre o poder dos falantes de incorporar apenas aquilo que de fato é importante.
  • Mencione a crônica de Machado de Assis, na coluna Bons Dias, do Jornal Gazeta de Notícias, de 7 de março de 1889, em que ele apresenta uma crítica irônica ao latinista Antônio de Castro Lopes, que criou uma série de neologismos para substituir termos de origem estrangeira. Um exemplo seria o uso de “nasóculos” em lugar de “pincenê”.

Para ampliar

ASSIS, Machado de. Bons dias. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 7 março 1889. Disponível em: https://oeds.link/bYijFq. Acesso em: 13 julho 2022.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro nove

ê éfe oito nove éle pê três dois

ê éfe oito nove éle pê três sete

ê éfe zero nove éle pê um dois

— Mas você está muito enganada, mana. É preconceito supor-se que todo homem que toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuína expressão da poesia nacional e o violão é o instrumento que ela pede. Nós é que temos abandonado o gênero, mas ele já esteve em honra, em Lisboa, no século passado, com o padre Caldas, que teve um auditório de fidalgasglossário . Beckford, um inglês notável, muito o elogia.

— Mas isso foi em outro tempo; agora...

— Que tem isso, Adelaide? Convém que nós não deixemos morrer as nossas tradições, os usos genuinamente nacionais...

— Bem, Policarpo, eu não quero contrariar você; continue lá com as suas manias.

reticências

Ilustração. Um homem visto da cintura para cima, com o braço direito esticando a bandeira do Brasil sobre as costas dele. Ele tem sobrancelhas e barba castanhos, com óculos de grau no rosto, chapéu marrom sobre a cabeça, camisa de gola branca por dentro, gravata curta em azul e terno em azul-claro. Atrás dele, um papagaio de penas vermelhas, com a asa direita para cima. Ao fundo, à esquerda, um violão marrom na vertical. Mais à direita, sombra de silhueta de uma pessoa em amarelo. Em segundo plano, um livro de capa preta e um pássaro em verde. Na parte superior, céu em tons de marrom e branco.
Triste fim de Policarpo Quaresma é um dos maiores clássicos da literatura brasileira.

BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Via Leitura, 2020. Livro eletrônico.

Respostas e comentários
  • ATIVIDADES COMPLEMENTARES
  • A obra Triste fim de Policarpo Quaresma tem uma versão em quadrinhos, publicada em 2013 pela editora Ática, com roteiro e desenhos de Cesar Lobo e adaptação de Luiz Antonio Aguiar. O início dessa versão está disponível no Portal Coletivo Leitor, no link: https://oeds.link/SkzJac. Acesso em: 14 julho 2022.
  • Verifique a possibilidade de apresentá-la aos estudantes para que eles possam comparar a versão original com a versão adaptada para os quadrinhos e identificar semelhanças e diferenças entre elas.

COMPREENSÃO TEXTUAL

Responda às questões no caderno.

Ícone. Atividade oral.
  1. Quem são os personagens que participam da história nesse início do romance?
  2. Descreva Policarpo Quaresma.
  3. Além do próprio nome, que outros termos são empregados na narrativa para se referir a Policarpo?
  4. O que mudou na rotina de Policarpo?
  5. Por que a mudança na rotina de Policarpo chamou a atenção da vizinhança?
  6. De acordo com o texto, qual era a visão da sociedade da época em relação a quem tocava violão?
Ícone. Atividade em dupla.
  1. Será que essa visão é um fato, ou seja, já houve realmente esse tipo de preconceito no Brasil, ou seria apenas parte da ficção de Lima Barreto? Faça uma pesquisa para descobrir.
  2. Qual foi a atitude de Policarpo diante do comentário da irmã sobre ele “andar metido com esse seresteiro”?
Fotografia em preto e branco. Um homem sentado sobre uma cadeira, segurando um violão nas mãos. Ele tem cabelos, barba e bigode escuros, com camisa branca por dentro, terno e sapatos escuros, olhando para baixo e mãos sobre violão. Mais à esquerda, vista parcial de mesa.
A trajetória do violão conta com uma série de ascensões e declínios.
  1. O que pretendia Policarpo Quaresma ao decidir aprender a tocar violão?
  2. Como Policarpo passou a ser considerado pela vizinhança após sair à rua portando um violão?
  3. Em que cidade se passa a história? Como você chegou a essa informação?
  4. É possível identificar a época em que a história ocorre? Explique.
  5. Qual é o foco narrativo do texto? Qual é o tipo de narrador?
Respostas e comentários

1. Policarpo Quaresma, a irmã Adelaide, Ricardo, o professor de violão, vizinhos (capitão Cláudio, sua esposa e a criada Alice), o doutor Segadas, o compadre e a afilhada, a vizinha e a amiga que o espionaram e as moças que foram à janela vê-lo passar com o violão vão compondo a história.

2. Policarpo gostava de seguir sua rotina, tinha dinheiro, era respeitado pela vizinhança, gostava de livros, era cortês, porém pouco sociável, não tinha amigos, mas também não tinha inimigos; era pequeno, magro, usava óculos, tinha cavanhaque, estava sempre de fraque listrado, preto, azul ou cinza, usava cartola alta e de abas curtas e era apegado às tradições.

3. Major Quaresma e subsecretário.

4. Ele não costumava receber visitas, mas, ultimamente, vinha recebendo em sua casa, três vezes por semana, a visita de um homem com um violão.

5. Porque Policarpo era um homem sério, respeitável, e tocar violão não era bem-visto na época.

6. Tocar violão ou mesmo apenas portá-lo pelas ruas era considerado “malandragem”, “impudico”, um fato “escandaloso”. Ser seresteiro não era bonito nem respeitável.

6.a) Resposta pessoal.

6.b) Policarpo chama a atenção para o preconceito, pois nem todo seresteiro é um desclassificado.

7. Ele pretendia resgatar tradições, valores que considerava “genuinamente nacionais”.

8. Ele passou a ser considerado “maluco”, “perdido”.

9. A história se passa no Rio de Janeiro. É possível chegar a essa informação pela referência ao Arsenal de Guerra e à rua São Januário.

10. Não exatamente, mas sabe-se que ocorre a partir da segunda metade do século dezenove, devido à menção aos bondes, inaugurados em 1859.

11. O texto é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente.

Compreensão textual

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Chame a atenção dos estudantes para o fato de que, no romance, a quantidade de personagens é bem maior. Às vezes, eles só participam pela voz do narrador, que os descreve e os coloca em ação, mesmo que de fórma secundária, para “espionar” o protagonista.

5. Destaque o conflito que surge nessa parte da narrativa e que vai desencadear seu desenvolvimento.

6a. Após a pesquisa, esclareça que, no início do século vinte, ser seresteiro era sinônimo de vadiagem. Segundo a professora Márcia Taborda (2018), o “preconceito era alimentado pela crítica da imprensa de então, que distinguia erroneamente alta e baixa culturas”. Ela esclarece também que “essa associação do violão como um instrumento dos setores marginalizados é uma construção do período republicano”, mas sua “visão é de que ele sempre foi difundido de maneira democrática, e que, especialmente no século dezenove, foi um instrumento de elite”.

  1. Ainda que a obra tenha sido escrita no início do século vinte, na sequência do livro é possível precisar o tempo da narrativa, que se passa no período do governo do Marechal Floriano Peixoto (1891-1894), na fase de consolidação da República. Na última parte do livro, há uma referência à Revolta da Armada, de 1893, na qual Quaresma se voluntaria para lutar.
  2. Comente que o narrador conhece os personagens profundamente, sabe o que pensam e o que sentem, além de fazer comentários e julgamentos sobre o que fazem.

Para ampliar

TABORDA, Márcia. In: MOTTA, Débora. A identidade musical brasileira nas curvas de um violão. Faperj, 10 maio 2018. Disponível em: https://oeds.link/uWU1MB. Acesso em: 4 julho 2022.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro sete

ê éfe oito nove éle pê três dois

ê éfe oito nove éle pê três sete

O romance é um gênero narrativo da prosa literária que apresenta um enredo mais denso do que aquele visto no conto. Por isso, costuma ser um texto mais longo, mais detalhado, com mais personagens, que são descritos tanto física quanto psicologicamente. Desenvolve-se em um espaço e um tempo mais amplos e bem definidos e envolve diversos conflitos que se entrelaçam na construção da trama.

Por ser uma narrativa longa, geralmente o romance é dividido em capítulos. Essa estrutura provém da própria origem dos romances, que inicialmente eram publicados em folhetins, capítulo a capítulo, até que a história fosse concluída.

Apesar do nome, um romance nem sempre é romântico e fala de amor. Pode ser um romance histórico, quando resgata fatos históricos e os mescla com a ficção; pode ser regionalista, quando aborda questões que envolvem as características geográficas e socioculturais de determinada região; pode também ser de aventura, de mistério, de terror, de ficção científica, entre outras possibilidades.

  1. O que você acha que acontece a Policarpo Quaresma no final da história e que justifica o título da obra?
  2. Leia o trecho a seguir.

Não foi inútil a espionagem. Sentado no sofá, tendo ao lado o tal sujeito, empunhando o pinho na posição de tocar, o major, atentamente, ouvia: — Olhe, major, assim.

E as cordas vibravam vagarosamente a nota ferida; em seguida, o mestre aduzia: — É ré, aprendeu.

Mais não foi preciso pôr na carta; a vizinhança concluiu logo que o major aprendia a tocar violão. Mas que cousa? Um homem tão sério metido nessas malandragens!

  1. O que o autor quer dizer, objetivamente, quando afirma que “Não foi inútil a espionagem”?
  2. Na sua opinião, o uso dessa frase enfatiza ou abranda a informação dada? Por quê?
  3. Em “empunhando o pinho na posição de tocar”, a palavra “pinho” foi usada em substituição a que palavra?
  4. Procure no dicionário o significado de “pinho”. Depois, tente explicar a relação entre esse termo e “violão” que possibilita essa substituição.
  5. Para expressar que Policarpo ainda tocava mal, que expressão é empregada?
  6. Para você, em que sentido a expressão “pôr na carta” é usada no texto? É um uso literal ou figurado?
Respostas e comentários

12. Resposta pessoal. Algumas hipóteses podem ser de que Policarpo enlouquece (pois ele já está sendo tomado como maluco), perde o emprego, morre, sofre algum tipo de discriminação ou acaba sozinho, uma vez que não era muito sociável.

13.a) Ele quer dizer que a espionagem deu resultado, pois a vizinha e a amiga acabaram descobrindo o que Policarpo estava fazendo.

13.b) Resposta pessoal. Ver orientações didáticas.

13.c) A palavra “pinho” foi usada em substituição a violão.

13.d) O termo é usado em razão da madeira empregada para a fabricação dos violões, por isso acabou sendo tomado para se referir a eles.

13.e) “Notas feridas”.

13.f) Resposta pessoal. A expressão é usada no sentido de dizer, anunciar; trata-se, portanto, de um uso figurado. Significa que ele não precisou dizer mais nada depois que foi visto aprendendo a tocar violão.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

12. Incentive os estudantes a continuarem a leitura da obra, para que descubram o que de fato acontece a Policarpo, que justifica seu “triste fim”.

13b. Uma das fórmas de abrandar uma afirmação ou não dizer diretamente o que se pretende é por meio da negação do contrário. Esse recurso de linguagem é chamado de litotes. Compare fórmas como “não estou feliz” e “estou triste” ou “não estou infeliz” e “estou feliz” e peça aos estudantes que identifiquem aquelas que destacam o que se quer dizer e as que abrandam.

13d. Explique que os dicionários registram o uso do termo “pinho” como sinônimo de “violão”. O recurso da língua que permite esse tipo de construção é chamado de metonímia, que se pode dar de diversas fórmas. Nesse caso, trata-se do uso da matéria (pinho) pelo objeto (violão), como acontece em “tinha os dedos cheios de ouro”, em que a palavra “ouro” é usada para se referir aos anéis.

13e. Destaque como o uso dessa metáfora ajuda a construir imagens, transformando o que é abstrato em concreto. Como não é possível ouvir Policarpo tocar, consegue-se imaginar o que ele toca: uma “nota ferida”.

A VOZ DO AUTOR

Lima Barreto

Fotografia em preto e branco. Um homem visto dos ombros para cima, de cabelos escuros, encaracolados, com camisa de gola clara, gravata clara e terno escuro.

Nome:

Afonso (Affonso) Henriques de Lima Barreto

Profissão:

Jornalista, cronista, romancista e poeta.

Nascimento:

13 de maio de 1881, no bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro.

Falecimento:

1º de novembro de 1922, na cidade do Rio de Janeiro.

1. Leia este trecho de um texto a respeito de Lima Barreto.

Um retrato irônico da sociedade

Apontado como um dos maiores representantes do nosso romance social urbano, o carioca Lima Barreto teve uma vida difícil e atribulada.

reticências

De toda a dificuldade que passou, e do mundo à parte que encontrava na periferia e nos bairros pobres onde morava, Lima Barreto tirou inspiração para criar suas histórias. Cheios de um humor afiado e uma ironia fina, seus contos e romances retratam um Brasil cheio de preconceitos, misérias e atrasos, bem diferente daquele vivido nos restaurantes chiques dos centros cosmopolitas.

Porém, seu jeito irreverente e crítico de contar histórias estava muito à frente de seu tempo. Lima Barreto morreu aos 41 anos sem conhecer o prestígio que hoje tem garantido.

Atualmente, Lima Barreto é tido como um dos mais importantes autores nacionais – e quiçáglossário mundiais – que escreveu algumas das páginas mais geniais da literatura, retratando a sociedade do Rio de Janeiro no começo do século.

PAES, José Paulo (coordenação). Lima Barreto: um retrato icônico da sociedade. In: POE, Edgard Allan et al. Histórias fantásticas. quinta edição São Paulo: Ática, 2008. página 39-40. (Para Gostar de Ler).

Respostas e comentários

A voz do autor

Lima Barreto

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Realize a leitura compartilhada do texto, visando analisá-lo de fórma detalhada. Pergunte aos estudantes o que eles entendem por “retrato irônico”, ouça as respostas e complemente-as, se for necessário.

Observe os recursos linguísticos e as escolhas lexicais do autor para produzir o sentido desejado. Chame a atenção para o que inspirava Lima Barreto, segundo o texto, a ênfase dada às dificuldades por que ele passou ao iniciar o segundo parágrafo do trecho com “De toda a dificuldade reticências”. Comente também o contraste social daquela época: a pobreza (“um Brasil cheio de preconceitos, misérias e atrasos”) com a riqueza (“bem diferente daquele vivido nos restaurantes chiques dos centros cosmopolitas.”) para construir suas histórias com o humor afiado e a ironia fina.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê dois um

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ê éfe seis nove éle pê quatro nove

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  1. Qual é a temática de maior relevância nas obras de Lima Barreto e o que justifica essa predominância?
  2. Explique o uso da expressão “retrato irônico” no título do texto.

2. Na sua opinião, qual é a importância de Lima Barreto para a literatura brasileira?

Ícone. Atividade em dupla.
  1. Pesquise mais a vida de Lima Barreto, considerando, entre outros fatores, as obras que publicou, suas características literárias e suas contribuições para a literatura brasileira.
  2. Veja algumas de suas obras. Alguma lhe chama a atenção para ler?
Capa de livro. Ilustração, ao fundo, em azul e à esquerda, rosto de um homem visto dos ombros para cima, da metade para a direita. Um homem de bigode castanho, com chapéu sobre a cabeça e detalhe em vermelho, óculos de grau no rosto, camisa de gola branca e terno preto. À direita, uma pena de cor cinza, e título do livro: O homem que sabia javanês e outros contos. E, acima, nome do autor: Lima Barreto.
Capa de livro. Ilustração, ao fundo, de cor branca e, à direita, cabeça de uma mulher vista do pescoço para cima, para a esquerda, de cabelos curtos escuros, com argola grande redonda na orelha. Na parte superior, título de livro e autor: Lima Barreto - CLARA DOS ANJOS. Na parte inferior, logotipo da editora.
Capa de livro. Ao centro, um homem visto dos joelhos para cima, até a gola da camisa clara por dentro, terno em marrom e calça em cinza. Ele segura nas mãos um jornal aberto de cor branca e textos com artigos em preto. Na parte superior, título do livro e nome do autor: Lima Barreto - RECORDAÇÕES DO ESCRIVÃO ISAÍAS CAMINHA. Na parte inferior, logotipo da editora.

Para ampliar

Espalhe Lima

O projeto Espalhe Lima foi criado em homenagem ao centenário da morte do autor e reúne vídeos, imagens e textos, visando a evidenciar a atualidade da sua obra, em um país que, até hoje, sofre com problemas como o racismo e a exclusão social. O projeto conta com a colaboração de diversos artistas, escritores e pesquisadores, brasileiros e estrangeiros, na leitura de textos do autor. Disponível em: https://oeds.link/BRz6sd. Acesso em: 7 julho 2022.

Respostas e comentários

1.a) A questão racial. Lima Barreto era negro e suas obras têm um tom autobiográfico, porque ele próprio sentia a discriminação racial.

1.b) Ele retratava a sociedade carioca da época de fórma irônica ao contrastar a vida chique e farta da alta sociedade com a miséria da periferia e dos bairros pobres, como se fossem dois mundos distintos, além de enfatizar o preconceito e a miséria presentes no país.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que ele não apenas marcou uma época com um estilo muito próprio de escrever, como também tem uma importância muito grande no combate ao preconceito racial e à exclusão social.

3. Resposta pessoal.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Destaque que Lima Barreto tentou ingressar duas vezes na Academia Brasileira de Letras (á bê éli), mas não foi aceito. Uma das explicações para isso era o fato de ser um escritor solitário, incompreendido e rejeitado pelos demais escritores da época, assim como por críticos, jornais e editoras (a quem fez várias críticas em seus textos). Isso ocorria, entre outros motivos, devido às características da sua obra, que rompia com os padrões vigentes. Além disso, o preconceito racial também pode ter influenciado na decisão dos acadêmicos, ainda que a Academia já tivesse dois acadêmicos afrodescendentes, Machado de Assis e João do Rio.
  2. Incentive os estudantes a ler as obras de Lima Barreto. Apresente outras e peça que leiam a capa e a contracapa, bem como a sinopse do livro, se houver. Para isso, programe uma visita à biblioteca da escola ou da cidade para que eles possam escolher um livro e iniciar a leitura em um ambiente adequado. Aproveite para orientá-los a como se comportar em uma biblioteca e sobre a função desse espaço. Lá eles terão a oportunidade de manusear os livros antes de escolher o que vão ler. Caso isso não seja possível, pegue emprestado alguns na biblioteca e os disponha de fórma atraente em um canto da sala, oportunizando o contato dos estudantes com os livros impressos.

Para ampliar

LIMA Barreto em revista. Associação Brasileira de Letras (á bê éli). Disponível em: https://oeds.link/5Mmpdl. Acesso em: 15 agosto 2022.

CAPA, CONTRACAPA E SINOPSE

1. Observe mais uma vez a capa do livro Tramas de meninos.

Capa de livro. Fundo em branco, com ilustrações ao redor, feitas de lápis, de linhas em azul e vermelho. Ao centro, uma pessoa em pé, cabeça pequena e, nas costas, par de asas. Ao redor, vegetação de caule fino e folhas grandes. 
Ao centro, título do livro: TRAMAS DE MENINOS, CONTOS.
Na parte superior, nome do autor: João Anzanello Carrascoza. 
Na parte inferior, logotipo: ALFAGUARA.
O livro Tramas de meninos foi vencedor do Prêmio Fundação Biblioteca Nacional em 2021.
  1. Que informações sobre o livro estão presentes na capa?
  2. A palavra “trama” é polissêmica, isto é, apresenta vários sentidos. Quais significados dessa palavra você conhece?
  3. Observe agora os desenhos da capa. Qual dos sentidos da palavra “trama” parece se aplicar à obra de Carrascoza? Explique.
Versão adaptada acessível

Atividade 1, item c.

Considere agora os desenhos da capa. Qual dos sentidos da palavra “trama” parece se aplicar à obra de Carrascoza? Explique.

A capa de um livro tem como função apresentar informações sobre a obra, antecipando dados a respeito do enredo, seja pelo título, seja pelas ilustrações, e dando a conhecer quem a escreveu (autor) e quem a publicou (editora).

Ícone. Atividade em dupla.
  1. Em duplas, pesquisem sinopses de livros em revistas e jornais impressos ou on-line e blogues. Selecionem duas para ler e analisar, observando como são estruturadas, a linguagem empregada, qual a informação contida, entre outros elementos que acharem interessante.
    1. Que informações, a sinopse traz?
    2. Na sua opinião, qual a função da sinopse?
    3. Você acha que a leitura da sinopse pode influenciar o leitor na escolha do livro?
Respostas e comentários

1.a) O nome da obra, do autor, da editora e a informação de que é um livro de contos.

1.b) Resposta pessoal. “Trama” pode significar o desenrolar de acontecimentos, como a trama da novela; uma armação, um complô, como uma trama para prejudicar alguém; ou algo entrelaçado, como uma trama de fios.

1.c) Os desenhos remetem tanto à ideia do desenrolar de acontecimentos, pois cada imagem parece associar-se a um acontecimento diferente, quanto à ideia de algo interligado, porque alguns desenhos mostram linhas entrelaçadas.

2.a) e c) Respostas pessoais.

2.b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que é uma fórma de divulgar o livro. As sinopses podem ser de vários produtos culturais, um deles é o livro. É importante compreender que as sinopses não são feitas apenas para livros.

Capa, contracapa e sinopse

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Os anúncios publicitários ou de propaganda aqui apresentados têm propósito exclusivamente didático. De acordo com o Parecer cê êne Ê/cê ê bê número 15/2000: “o uso didático de imagens comerciais identificadas pode ser pertinente desde que faça parte de um contexto pedagógico mais amplo, conducente à apropriação crítica das múltiplas fórmas de linguagens presentes em nossa sociedade, submetido às determinações gerais da legislação nacional e às específicas da educação brasileira, com comparecimento módico e variado”. Disponível em: https://oeds.link/STf9wn. Acesso em: 29 maio 2022.
  1. Na leitura da capa, observe o posicionamento do nome do autor, do livro e da editora. Volte às páginas 192 e 193 e analise as capas apresentadas ali. Em três delas, a mesma disposição permanece. Ela só se altera no livro que reúne contos de diferentes autores. Neste caso, os nomes dos autores aparecem abaixo do título, e não acima.
  2. Oriente os estudantes a pesquisar em fontes confiáveis, como sites ou canais especializados em literatura e blogues. Peça a eles que criem um quadro para identificar a estrutura do texto, a linguagem empregada e as informações levantadas. Depois, discutam a função da sinopse. Solicite que levantem hipóteses, que serão confirmadas ou não na leitura do boxe-conceito.

Habilidades Bê êne cê cê

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A sinopse é um gênero textual muito usado na divulgação de produtos culturais, livros, filmes, peças, séries Ela visa a atrair a atenção do público e a despertar sua curiosidade, porém sem dar spoilers, isto é, sem revelar informações sobre o conteúdo. As sinopses costumam apresentar o título e o autor (ou diretor) da obra, os personagens principais e uma breve referência ao enredo, em geral destacando o conflito principal, mas sem detalhá-lo.

3. Leia a contracapa do livro Tramas de meninos.

Contracapa de livro. Fundo em azul. Texto de cor branca: Os contos reunidos neste livro se constroem e se espraiam como finas tramas da experiência humana. Alguns entrelaçamentos se mostram firmes, resistentes às intempéries e às forças desagregadoras. Outros são tênues, quase transparentes, e podem se romper ao menor toque. João Anzabello Garrascoza mergulha ao cerne das pequenas relações entre pai e filho, marido e mulher, irmãos, casais apaixonados ou em crise. Ele nos leva à beira do precipício, onde os fios são cortados com violência, mas também à redenção, onde famílias fragmentadas se reorganizam e se fortalecem. ‘Meu pai comparou o entrelaçar dos fios do linho à trama do destino, que alinhava as ações humanas, gerando encontros e desencontros, acontecimentos’, nos diz o narrador de um dos contos. Eles estão aqui, nas alegrias e nas perdas, nas mortes e nos renascimentos, como vislumbres da própria vida. Na parte inferior, à esquerda, um código de barras.
  1. Na contracapa do livro Tramas de meninos também há uma sinopse, como as pesquisadas na atividade 2. Qual a função delas, além de informar o leitor sobre o livro?
  2. Com base nas informações presentes na contracapa, explique o sentido das “tramas” a que o título da obra se refere.

A contracapa, também chamada de quarta capa, pode conter uma sinopse da obra, a reprodução de um breve trecho dela ou citações de críticos que ajudem a atrair o leitor. Em todos os casos, o objetivo, assim como o da capa, é captar a atenção do público e atraí-lo para a leitura completa. Na contracapa também pode ser encontrado o código de barras e o número de registro da obra na Biblioteca Nacional (o í ésse bê êne).

Respostas e comentários

3.a) Resposta possível: atrair o leitor para a leitura da obra.

3.b) As “tramas” a que o autor se refere são os “entrelaçamentos” que tecem a vida, os fios que alinhavam os encontros e desencontros, as relações entre as pessoas.

  1. Na leitura da contracapa, esclareça dúvidas sobre o vocabulário, como nas palavras “cerne” e “redenção”. Questione os estudantes sobre o que significam e se é possível inferir o significado a partir do contexto. O “cerne” é o centro, diz respeito à essência de algo; já “redenção” é o ato de libertar ou de resgatar.
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Chame a atenção para a sinopse e para o texto citado (entre aspas). Explique que a citação de trechos da obra é uma das possibilidades de composição da quarta capa, juntamente com textos explicativos ou avaliativos sobre o livro.
  • Observe ainda a presença do código de barras e do í ésse bê êne, embora borrados por questões didáticas. Esclareça que o í ésse bê êne é o número de registro da obra na Biblioteca Nacional.
  • Ressalte como as informações da capa e da contracapa ajudam o leitor a compreender a proposta da obra e a tomar a decisão de lê-la ou não.

3a. Com essa comparação implícita, os estudantes conseguem perceber que a sinopse também pode estar na contracapa. Ajude-os a identificar a sinopse e a analisar como ela foi construída. Chame a atenção também para a citação de um trecho de um dos contos.

3b. Reveja com a turma os desenhos da capa, feitos apenas com linhas que se unem e, às vezes, se entrelaçam.

LÍNGUA E LINGUAGEM

Período composto: orações subordinadas adverbiais

Responda às questões no caderno.

1. Releia este trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma.

Não recebia ninguém, vivia num isolamento monacal, embora fosse cortês com os vizinhos que o julgavam esquisito e misantropo. Se não tinha amigos na redondeza, não tinha inimigos, e a única desafeição que merecera fóra a do doutor Segadas, um clínico afamado no lugar, que não podia admitir que Quaresma tivesse livros: “se não era formado, para quê? Pedantismo!”.

O subsecretário não mostrava os livros a ninguém, mas acontecia que, quando se abriam as janelas da sala de sua livraria, da rua poder-se-iam ver as estantes pejadas de cima a baixo.

Versão adaptada acessível

Atividade 1, item a.

Que palavras introduzem as seguintes orações: “embora fosse cortês com os vizinhos”, “se não era formado” e “quando se abriam as janelas da sala de sua livraria”? A que classe gramatical essas palavras pertencem?

  1. Que palavras introduzem as orações em destaque? A que classe gramatical essas palavras pertencem?
  2. De acordo com o contexto, que ideia essas orações introduzem nos períodos?

As orações subordinadas adverbiais são aquelas que, em determinado período, desempenham uma função sintática própria dos adjuntos adverbiais. São introduzidas por conjunções subordinativas e classificam-se em: causais, consecutivas, condicionais, concessivas, comparativas, conformativas, finais, temporais e proporcionais.

2. Observe a tirinha a seguir.

Tirinha. Tirinha composta por três quadros. Apresenta como personagens: Calvin, um menino pequeno com cabelos arrepiados, camiseta com listras na horizontal em branco e preto. Haroldo, um tigre com listras na horizontal em branco e preto, com focinho pequeno e escuro, caminhando como bípede. As cenas se passam em local aberto, com céu noturno preto, cheio de estrelas e uma lua com formato de C ao contrário. Q1 – À esquerda, Haroldo, com as patas para trás, nas costas e, à direita, perto dele, Calvin. Ambos olham para cima. O menino diz: SE TODA NOITE AS PESSOAS VIESSEM PRA FORA E OBSERVASSEM AS ESTRELAS, GARANTO QUE ELAS VIVERIAM MELHOR. Q2 – Os dois, em pé, perto um do outro, vistos dos pés até a cabeça. Haroldo fala: COMO ASSIM? Calvin, olhando para o céu, responde: É QUE QUANDO A GENTE OLHA PRO INFINITO, SE TOCA DE QUE HÁ COISAS MAIS IMPORTANTES DO QUE O NOSSO DIA A DIA. Q3 – Haroldo à esquerda, sentado sobre o solo, se apoiando com as patas dianteiras para trás, fala para o menino: MAS NÓS PASSAMOS O DIA OLHANDO EMBAIXO DAS PEDRAS DO RIACHO. À direita, Calvin, sentado, olhando para o céu, diz: EU TÔ FALANDO DAS OUTRAS PESSOAS. À direita, no céu, entre as estrelas, a lua.

uáterson, . O melhor de Calvin. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 28 jun. 2022. Caderno 2, página C6.

Respostas e comentários

1.a) “Embora”, “se” e “quando”. Pertencem à classe das conjunções.

1.b) “Embora” introduz uma possibilidade de oposição ao que está sendo dito antes; “se” introduz uma ideia de condição, ou seja, ser formado seria uma condição para que tivesse livros; “quando” introduz uma ideia de tempo.

Língua e linguagem

Período composto: orações subordinadas adverbiais

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Para a releitura do trecho destacado, proponha que algum estudante se voluntarie para ler em voz alta e os demais acompanham silenciosamente. Depois da primeira leitura, leia novamente para que observem a fluidez, a pronúncia das palavras, o respeito às pontuações Concluída a segunda leitura, peça a eles que realizem as atividades em duplas, dividindo-os de fórma intencional, para que um possa apoiar o outro nas resoluções.
  • Mostre aos estudantes que, tal como advérbios e locuções adverbiais, essas orações introduzem determinada circunstância ao período. Para que compreendam melhor a equivalência entre oração adverbial e advérbio, dê os seguintes exemplos: De manhã, ele foi embora. Quando amanheceu, ele foi embora.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê zero três

ê éfe seis nove éle pê zero cinco

ê éfe seis nove éle pê cinco quatro

ê éfe oito nove éle pê um seis

ê éfe zero nove éle pê zero quatro

ê éfe zero nove éle pê zero nove

  1. A oração com a qual Calvin inicia sua reflexão é uma oração adverbial. Que ideia ela introduz?
  2. No segundo quadrinho, para explicar melhor seu pensamento, o garoto utiliza uma oração adverbial que expressa uma ideia de tempo. Identifique-a.
  3. Na visão de Calvin, como esse momento pode ajudar as pessoas?
  4. Por que a contestação de Haroldo contribui para o humor da tirinha?

Agora que você já consegue reconhecer as orações subordinadas adverbiais e algumas das circunstâncias que elas expressam, chegou o momento de compreender melhor cada uma dessas circunstâncias. Observe o quadro a seguir.

Oração subordinada

Relação semântica

Conjunções e locuções conjuntivas

Exemplos

Causal

Expressa a causa de determinado fato apresentado na oração principal.

como, uma vez que, já que, visto que, porque

Como tinha chovido muito, não conseguimos sair de casa.

Consecutiva

Expressa a consequência de determinado fato apresentado na oração principal.

tão... que, tanto... que, tamanho... que

Choveu tanto, que não conseguimos sair de casa.

Condicional

Expressa uma condição para que o fato expresso na oração principal ocorra.

se, desde que, contanto que, a menos que

Se você fizer mais exercícios, certamente sua saúde irá melhorar.

Concessiva

Expressa uma concessão, ou seja, uma particularidade que poderia ser um impedimento à ocorrência do fato apresentado na oração principal.

embora, ainda que, mesmo que

Embora não estivesse chovendo, a turma resolveu ficar em casa.

Comparativa

Expressa uma comparação entre o fato apresentado na oração principal e na oração adverbial.

como, mais/ menos... [do]que, tão... quanto, tanto quanto

Naquela situação, ela agiu como a mãe agiria.

Respostas e comentários

2.a) Introduz uma ideia de condição: as pessoas viveriam melhor caso fossem para fóra e observassem as estrelas.

2.b) “Quando a gente olha pro infinito”.

2.c) Fazendo com que elas se conscientizem de que há coisas mais importantes que seu dia a dia.

2.d) Porque, a partir dela, Calvin diz que o conselho vale para as outras pessoas, ou seja, ele quer que elas façam algo que ele mesmo não faz.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

2a. Comente que essa é a condição para que as pessoas vivam melhor, segundo o pensamento de Calvin. Comente, ainda, que as orações adverbiais são de grande utilidade nos textos de cunho argumentativo, uma vez que expressam a apreciação do autor em relação à tese por ele defendida. No caso de Calvin, ele acredita que sair e olhar as estrelas pode fazer com que as pessoas vivam melhor.

2c. Infere-se que, diante da magnitude do universo, as pessoas perceberiam que são apenas uma pequena parte dele.

2d. Comente com os estudantes que Haroldo sempre representa a parte mais racional do diálogo de Calvin, mesmo que seja apenas o seu tigre de pelúcia, o qual, na imaginação do garoto, ganha vida e com ele dialoga sempre.

Na análise do quadro, mostre aos estudantes que a conjunção “como” aparece três vezes nos exemplos, o que indica que ela pode ser utilizada para indicar diferentes circunstâncias. Com isso, destaca-se a importância de eles compreenderem o sentido semântico dessas conjunções com base no contexto, e não por meio da memorização e da identificação mecânica delas em textos.

Oração subordinada

Relação semântica

Conjunções e locuções conjuntivas

Exemplos

Conformativa

Expressa a forma de acordo com a qual acontece o fato apresentado na oração principal.

como, conforme, segundo

Naquela situação, ela agiu como a mãe lhe havia ensinado.

Final

Expressa a finalidade do fato apresentado na oração principal.

para que, a fim de que

Aumentou o som para que todos pudessem ouvir melhor.

Temporal

Situa temporalmente o fato apresentado na oração principal.

quando, enquanto, sempre que, desde que, logo que, assim que

O garoto ficou distraído enquanto o professor falava.

Proporcional

Expressa algo que faz com que o fato apresentado na oração principal aumente ou diminua proporcionalmente.

à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais... mais, quanto mais... menos

À medida que a noite avançava, a visibilidade diminuía.

3. Analise a charge seguinte.

Charge. À esquerda, um divã em azul, com mapa do Brasil em cima, listras em amarelo e verde, com olhos, nariz e boca e braços esticados. Acima, na parte superior, três gotas. Ele diz: LEVAVA UMA VIDA TRANQUILA, SEM PREOCUPAÇÕES, ATÉ QUE TIVE UM TRAUMA NO DIA 22 DE ABRIL DE 1500... À direita, um homem sentado sobre poltrona azul, de poucos cabelos, de camisa de gola branca, com gravata preta, terno e sapatos em cinza. Ele segura na mão uma folha bege e anota algo com a mão esquerda, com caneta preta.

ITURRUSGARAI, Adão. Um Brasil. São Paulo, 13 junho 2019. Disponível em: https://oeds.link/g98xpv. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. O que a charge retrata?
  2. Em que consiste a crítica presente nessa charge?
  3. Qual é a função da oração adverbial de tempo presente na fala do personagem?
Respostas e comentários

3.a) Retrata o Brasil na posição de paciente em uma sessão de análise/terapia.

3.b) Consiste no fato de que, desde a chegada dos portugueses, ou seja, com o início da colonização, o Brasil passou a ter problemas.

3.c) Situar o terapeuta com relação ao tempo. Mais especificamente, informar desde quando o Brasil sofreu o trauma mencionado na sessão de terapia.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

3c. Comente com os estudantes que a oração adverbial contribui para reafirmar a apreciação do personagem sobre sua situação. No caso, ele pretende informar que seus problemas (seus traumas) começaram com a chegada dos portugueses.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe oito nove éle pê zero três

ê éfe oito nove éle pê um seis

ê éfe zero nove éle pê zero quatro

ê éfe zero nove éle pê zero nove

4. Leia o trecho de uma entrevista que trata de Lima Barreto.

‘As estruturas sociais racistas que Lima Barreto denunciou ainda estão aqui’

reticências

G | Hoje está se fazendo um movimento de chamá-lo de modernista e dizer que ele foi “deixado de fora” da Semana de Arte Moderna de 1922. O que você acha?

Jorge Augusto Silva | Lima Barreto não passou despercebido pelo grupo paulista da semana de 1922, pelo contrário, eles inclusive leram e gostaram muito de “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. reticências A relação para por aí, porque ele vem a falecer pouco depois. Mas não sairia muita coisa dali, porque não era o mesmo projeto. reticências Ele nunca iria dizer “somos todos iguais” porque ele denunciava justamente a antinegritude como propulsora da desigualdade. Por isso eu defendo que ele propôs um outro modernismo, que eu venho chamando de modernismo negro.

G | E como se dá o modernismo negro?

JAS | Na literatura negra, podemos pensar em um caminho da que começa lá em Maria Firmina e Luiz Gama, chega a Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus e deságua até no rap e na Semana de Arte Moderna da Periferia, realizada em 2007 em São Paulo, com o poeta paulistano Sérgio Vaz. Esse modernismo parte do repertório cultural negro para pensar um caminho para outra modernidade.

reticências

NEVES, Betina. ‘As estruturas sociais racistas que Lima Barreto denunciou ainda estão aqui’. Revista Gama, São Paulo, 23 março 2022. Disponível em: https://oeds.link/QDvv1x. Acesso em: 10 julho 2022.

  1. Para Silva, por que Lima Barreto não pode ser chamado de modernista nos moldes do movimento iniciado em 1922?
  2. Para expressar sua justificativa, o entrevistado se vale de orações adverbiais. Quais são elas e que relações estabelecem no período?
  3. De acordo com o pesquisador, qual era o objetivo do chamado modernismo negro? Para indicar esse objetivo, o entrevistado utiliza uma oração subordinada adverbial. Como ela se classifica?
Respostas e comentários

4.a) Porque Lima Barreto não tinha o mesmo projeto e porque denunciava a antinegritude como propulsora da desigualdade.

4.b) São elas: “porque ele vem a falecer pouco tempo depois”; “porque não era o mesmo projeto” e “porque ele denunciava justamente a antinegritude como propulsora da desigualdade”. Elas estabelecem uma relação de causa em relação às orações principais a que se referem.

4.c) O objetivo era pensar um caminho para outra modernidade. A oração utilizada classifica-se como oração adverbial final e justamente expressa a finalidade do chamado modernismo negro.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

4. Nesta atividade, os estudantes podem perceber de modo mais específico de que maneira as orações adverbiais contribuem para expressar a apreciação do falante/autor em relação ao ponto de vista por ele defendido.

4b. Comente que, muitas vezes, as orações causais são utilizadas para justificar nossos pontos de vistas, uma vez que expressam a causa de algo, ou seja, exprimem as razões pelas quais tomamos determinado posicionamento.

VOCÊ É O AUTOR!

Conto

Ícone. Atividade oral.

1. Leia uma citação de Machado de Assis, grande escritor brasileiro do século dezenove, publicada na abertura da obra Várias histórias, de 1896, que reuniu alguns de seus contos.

reticências há sempre uma qualidade nos contos, que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos.

MACHADO DE ASSIS.NET. Coletânea Várias Histórias. [sem local], . Disponível em: https://oeds.link/MvW1wu. Acesso em: 11 julho 2022.

  1. Para qual característica dos contos o texto chama a atenção?
  2. Que justificativa ele apresenta para considerar essa característica uma “qualidade nos contos”?

Nesta unidade, você viu dois gêneros narrativos da literatura: o conto e o romance. Eles compartilham características comuns, mas apresentam desenvolvimentos distintos, sendo o conto menos detalhado e construído em torno de um único conflito, por isso, mais curto.

Ícone. Atividade em grupos.
  1. Em grupos, você e os colegas irão produzir um conto. Para isso, defina com o restante da turma:
    1. para que público vocês vão escrever;
    2. onde o conto será disponibilizado ao final (será impresso ou digital?);
    3. se poderão ser incluídas ilustrações;
    4. se haverá uma quantidade mínima e máxima de páginas para cada conto e qual será o padrão para a entrega dos textos.
  2. Pensem em uma capa para a apresentação dos contos reunidos. Definam um nome e um layout. Se houver colegas da turma que gostem de desenhar, eles poderão colaborar com essa parte também.

Essas definições são importantes para determinar a linguagem a ser adotada na escrita do conto e para que, ao reunir todos os textos em uma publicação, eles sigam o mesmo padrão editorial, como ocorre na publicação dos livros.

Ilustração. Da esquerda para a direita:
Ilustração 1. Fundo azul. Mão de uma pessoa de cor bege, com livro de capa em lilás na mão esquerda. 
Ilustração 2. Fundo laranja. Mãos de uma pessoa segurando um livro de capa azul e páginas em branco.
Ilustração 3. Fundo bege. Mãos de uma pessoa segurando um livro de capa em verde, fechado.
Respostas e comentários

1.a) Para o tamanho dos contos, que costumam ser curtos.

1.b) O fato de que, mesmo que os textos sejam ruins, pelo menos serão mais fáceis de serem lidos em razão do tamanho.

2, 4 a 7. Ver orientações didáticas.

Você é o autor!

Conto

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

1b. Chame a atenção para a fórma irônica como ele aborda o tema, uma das características desse autor.

2b. Auxilie a turma nas definições iniciais, observando, por exemplo, as reais possibilidades de produzir um material impresso ou disponibilizar os contos em ambiente digital.

2c. No caso das ilustrações, verifique a possibilidade de que o próprio grupo produza as ilustrações ou oriente-os a usar ilustrações gratuitas de bancos de imagens. Em ambos os casos, é importante dar o devido crédito ao(s) ilustrador(es). Isso pode ser feito na abertura de cada conto.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê cinco um

ê éfe seis nove éle pê cinco seis

ê éfe oito nove éle pê três dois

ê éfe oito nove éle pê três três

ê éfe oito nove éle pê três cinco

ê éfe zero nove éle pê zero quatro

ê éfe zero nove éle pê zero cinco

ê éfe zero nove éle pê zero oito

ê éfe zero nove éle pê um um

  1. Após as definições iniciais, é hora de partir para o planejamento.
    1. Que tipo de conto vamos escrever?
    2. Onde e quando se passará a história?
    3. Quem são os personagens e qual será o foco narrativo?
    4. Que conflito desencadeará a narrativa e como ele será desenvolvido?
    5. Qual será o clímax e como será o desfecho da história?
  2. Para a produção do conto, reúnam os elementos definidos no planejamento. Pensem na linguagem mais adequada para alcançar o público-alvo e considerem a estrutura que predomina nos contos:
    1. a introdução, com a revelação da situação inicial de equilíbrio;
    2. o desenvolvimento, com a introdução do conflito, que altera a situação de equilíbrio e conduz o desenrolar da história;
    3. o momento do clímax, que é o ponto alto da narrativa e depois do qual se chega ao desfecho;
    4. a conclusão do conto, com a solução do conflito.
  3. Concluída a primeira versão do conto, façam uma autoavaliação e verifiquem se tudo o que foi planejado e todos os elementos necessários à composição do texto foram atendidos. Caso falte algo, esta é a hora de alterar.
  4. Depois, formatem o texto de acordo com os padrões previstos inicialmente, considerando fonte, margem, títulos e subtítulos, se houver, entre outros aspectos que tenham sido determinados.
  5. Por fim, façam a revisão final do texto, observando a adequação da linguagem, da ortografia e das normas gramaticais. Usem a pauta de revisão.
  6. Para a publicação, sigam as orientações do professor.

Para ampliar

Contos africanos dos países de língua portuguesa. Vários autores. Ática, 2009. Coleção Para gostar de ler.

A coletânea reúne contos de escritores contemporâneos da África Lusófona, permitindo ao leitor conhecer características que África e Brasil compartilham para além da língua portuguesa.

Capa de livro. Na parte inferior, fundo em marrom com título do livro e nomes dos autores: Contos africanos dos países de língua portuguesa - Albertino Bragança, Boaventura Cardoso, José Eduardo Agualusa, Luandino Vieira, Luís Bernardo Honwana, Mia Couto, Nelson Saúte, Odete Costa Semedo, Ondjaki, Teixeira de Sousa.
Mais abaixo, logotipo da editora à esquerda: Editora Ática 
Nome da coleção à direita: PARA GOSTAR DE LER
Na parte superior, ilustração, ao centro, solo em roxo. À esquerda e à direita, casas coloridas, umas próximas às outras e, ao centro, uma árvore em vermelho, com uma bicicleta à esquerda. Ao centro, acima, uma gravata listrada em branco e azul. Na parte superior, céu em amarelo e, à direita, esferas verdes.
Respostas e comentários

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

4a. Os estudantes podem optar por escrever um conto de ficção científica, de terror, de mistério, de aventura, de amor, entre outras possibilidades.

4b. a 4e. Resgate com a turma os elementos da narrativa: personagens, tempo, espaço, foco narrativo e enredo.

  • Reveja, também, a estrutura da narrativa, com a situação inicial, o conflito e o desenvolvimento até chegar ao clímax, e o desfecho.
  1. Chame a atenção para a possibilidade de uso da licença poética na construção dos sentidos do texto.
  1. Para a revisão dos textos, proponha a utilização da pauta de revisão atualizada, incluindo todos os aspectos que envolveram o planejamento. Isso facilita a avaliação e permite ver, com mais clareza, o que foi contemplado e o que não foi.
  2. Para a publicação impressa, não é necessário fazer muitas cópias. Sugere-se uma para o professor, outra para a biblioteca e uma que possa ser usada de base para a reprodução de outras cópias, caso necessário.
  • Caso seja uma publicação digital, peça a ajuda de um técnico para que os textos sejam disponibilizados para leitura.
  • É importante, também, providenciar a capa da coletânea de contos da turma. Isso vale tanto para a versão impressa quanto para a digital.

ORALIDADE

Audiobook

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

Locutor: Contos fantásticos

Locutor: Pode acontecer num mundo incrível, totalmente inventado. Ou descrever um fato fora da nossa realidade. Ou ainda incluir personagens que não existiriam em nosso dia a dia. Esses são elementos que aparecem nos contos fantásticos.

Esse gênero textual deixa muito clara a oposição entre o real e o fantástico, ou seja, entre a realidade e o que é fruto da imaginação. Diferentemente dos contos de fadas, em que os personagens e os acontecimentos estão imersos em um universo eminentemente mágico, nos contos fantásticos é justamente o contraponto entre realidade e fantasia que dá o tom da narrativa. O leitor está em contato com a realidade, com situações bastante verossímeis e, em dado momento, se depara com fatos inexplicáveis, até mesmo sobrenaturais, o que causa total estranhamento.

Preste atenção no texto que será lido a seguir e veja se você consegue perceber esses elementos.

Narradora:

“SUA EXCELÊNCIA

O ministro saiu do baile da embaixada, embarcando logo no carro. Desde duas horas estivera a sonhar com aquele momento. Ansiava estar só, só com o seu pensamento, pesando bem as palavras que proferira, relembrando as atitudes e os pasmos olhares dos circunstantes. Por isso entrara no coupé depressa, sôfrego, sem mesmo reparar se, de fato, era o seu. Vinha cegamente, tangido por sentimentos complexos: orgulho, força, valor, vaidade.

Todo ele era um poço de certeza. Estava certo do seu valor intrínseco; estava certo das suas qualidades extraordinárias e excepcionais. A respeitosa atitude de todos e a deferência universal que o cercava eram nada mais, nada menos que o sinal da convicção geral de ser ele o resumo do país, a encarnação dos seus anseios. Nele viviam os doridos queixumes dos humildes e os espetaculosos desejos dos ricos. As obscuras determinações das cousas, acertadamente, haviam-no erguido até ali, e mais alto levá-lo-iam, visto que só ele, ele só e unicamente, seria capaz de fazer o país chegar aos destinos que os antecedentes dele impunham...

E ele sorriu, quando essa frase lhe passou pelos olhos, totalmente escrita em caracteres de imprensa, em um livro ou em um jornal qualquer. Lembrou-se do seu discurso de ainda agora:

Na vida das sociedades, como na dos indivíduos... Que maravilha! Tinha algo de filosófico, de transcendente. E o sucesso daquele trecho? Recordou-se dele por inteiro:  Aristóteles, Bacon, Descartes, Spinosa e Spencer, como Sólon, Justiniano, Portalis e Ihering, todos os filósofos, todos os juristas afirmam que as leis devem se basear nos costumes…

O olhar, muito brilhante, cheio de admiração — o olhar do leader da oposição — foi o mais seguro penhor do efeito da frase...

E quando terminou! Oh!

Senhor, o nosso tempo é de grandes reformas; estejamos com ele: reformemos!

A cerimônia mal conteve, nos circunstantes, o entusiasmo com que esse final foi recebido.

O auditório delirou. As palmas estrugiram; e, dentro do grande salão iluminado, pareceu-lhe que recebia as palmas da Terra toda.

O carro continuava a voar. As luzes da rua extensa apareciam como um só traço de fogo; depois sumiram-se.

O veículo agora corria vertiginosamente dentro de uma névoa fosforescente. Era em vão que seus augustos olhos se abriam desmedidamente; não havia contornos, formas, onde eles pousassem.  Consultou o relógio. Estava parado? Não; mas marcava a mesma hora, o mesmo minuto da sua saída da festa.

— Cocheiro, onde vamos?

Quis arriar as vidraças. Não pôde; queimavam.

Redobrou os esforços, conseguindo arriar as da frente.

Gritou ao cocheiro:

— Onde vamos? Miserável, onde me levas?

Apesar de ter o carro algumas vidraças arriadas, no seu interior fazia um calor de forja. Quando lhe veio esta imagem, apalpou bem, no peito, as grã-cruzes magníficas. Graças a Deus, ainda não se haviam derretido. O Leão da Birmânia, o Dragão da China, o Lingão da Índia estavam ali, entre todas as outras, intactas.

— Cocheiro, onde me levas?

Não era o mesmo cocheiro, não era o seu. Aquele homem de nariz adunco, queixo longo com uma barbicha, não era o seu fiel Manuel!

— Canalha, para, para, senão caro me pagarás!

O carro voava e o ministro continuava a vociferar:

— Miserável! Traidor! Para! Para!

Em uma dessas vezes voltou-se o cocheiro; mas a escuridão que se ia, aos poucos fazendo quase perfeita, só lhe permitiu ver os olhos do guia da carruagem, a brilhar de um brilho brejeiro, metálico e cortante. Pareceu-lhe que estava a rir-se.

O calor aumentava. Pelos cantos o carro chispava. Não podendo suportar o calor, despiu-se. Tirou a agaloada casaca, depois o espadim, o colete, as calças...

Sufocado, estonteado, parecia-lhe que continuava com vida, mas que suas pernas e seus braços, seu tronco e sua cabeça dançavam, separados.

Desmaiou; e, ao recuperar os sentidos, viu-se vestido com uma reles “libré” e uma grotesca cartola, cochilando à porta do palácio em que estivera ainda há pouco e de onde, saíra triunfalmente, não havia minutos.

Nas proximidades um coupé estacionava.

Quis verificar bem as cousas circundantes; mas não houve tempo.

Pelas escadas de mármore, gravemente, solenemente, um homem (pareceu-lhe isso) descia os degraus, envolvido no fardão que despira, tendo no peito as mesmas magníficas grã-cruzes...

Logo que o personagem pisou na soleira, de um só ímpeto aproximou-se e, abjetamente, como se até ali não tivesse feito outra coisa, indagou:

— Vossa Excelência quer o carro?”

Locutor: Você acabou de ouvir um conto fantástico de Lima Barreto.

Você conseguiu perceber o elemento diferente nessa história? O momento em que a realidade e o fantástico se misturam?

Além de Lima Barreto, o Brasil está repleto de grandes autores de contos fantásticos. Machado de Assis, Moacyr Scliar e Mário de Andrade são apenas alguns dos mais conhecidos.

Na literatura internacional, nomes como Edgar Alan Poe, Franz Kafka, Jorge Luis Borges e até J.K. Rowling escreveram histórias que continuam a ser lidas por gerações.

E você, lembra-se de ter lido alguma delas? É um gênero textual que atrai sua atenção?

Locutor: Créditos: O texto “Sua Excelência”, de autoria de Lima Barreto, foi tirado do livro Histórias Fantásticas, da coleção "Para Gostar de Ler”, da Editora Ática. Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Agora que o conto está pronto, vocês vão transformá-lo em um audiobook e torná-lo acessível a quem precisa ou prefere ouvir os textos. O que acham?

Ícone. Atividade oral.
  1. Você já teve acesso a um texto literário por meio de um audiobook? Como foi?
  2. O que você acha importante em uma leitura para a gravação de um audiobook?
Ilustração. Fundo em bege-claro. À esquerda, uma menina vista dos ombros para cima, de cabelos pretos, longos para cima, de blusa de cor azul-claro. Sobre a cabeça dela, um fone em rosa, ela de olhos fechados. O fone dela está conectado a um livro de capa amarela e detalhe em preto na vertical. Ao redor, nuvens em azul-claro, dois corações pequenos em vermelho e estrelas pequenas em amarelo.
Audiobooks são livros para ouvir, geralmente em aplicativos.

3. Na sua opinião, essa tecnologia pode transformar os hábitos de leitura? Como?

O audiobook, ou audiolivro, é um livro em áudio, que pode ser gravado pelos próprios autores ou por locutores e atores profissionais.

Entre as vantagens proporcionadas pelos audiobooks estão a acessibilidade, auxiliando aqueles que têm restrições em relação ao livro escrito, e a comodidade, oportunizando o acesso a obras em circunstâncias que impediriam a leitura do material impresso ou mesmo digital, como no trânsito ou em uma academia.

Planejamento

  1. Para produzir um audiobook, iniciem criando um roteiro.
  2. Preparem o conto para a gravação, excluindo o que for desnecessário no contexto oral ou adaptando aspectos típicos da escrita para a oralidade.
  3. Organizem o equipamento. A gravação pode ser feita com um smartphone, mas é importante ter um microfone e um filtro. Também é necessário computador e um programa de gravação e edição de áudio.
Respostas e comentários

1 a 15. Respostas pessoais. Ver orientações didáticas.

Oralidade

áudiobúqui

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Destaque aos estudantes que a leitura dramatizada de textos literários, além de ser atrativa a quem escuta, auxilia o próprio leitor no desenvolvimento de suas habilidades de leitura e de interpretação, pois é ele quem dá voz e corpo aos personagens da ficção e tem a sensação de estar participando do texto.
  1. Caso ninguém tenha tido a experiência de leitura por meio de um audiobook, pergunte como imaginam que seja essa experiência e se gostariam de passar por ela.
  2. Esclareça que, primeiramente, o leitor precisa conhecer bem o texto, para que possa dar a entonação adequada à leitura, enfatizar os pontos principais e evitar hesitações. Depois, deve ter o equipamento adequado para a gravação, de modo a disponibilizar um áudio de boa qualidade.
  3. Pergunte aos estudantes se acham que essa tecnologia substituirá os livros impressos e digitais.

Para ampliar

SOUZA, Maria Salete Daros de; CELVA, Rubia Aparecida; HELVADJIAN, Vanessa. Audiolivro: um suporte para a educação literária. Leitura: Teoria e Prática [on-line], volume 28, número 55, página.28-36, 2010. Disponível em: https://oeds.link/H8u1sw. Acesso em: 12 julho 2022.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro seis

ê éfe seis nove éle pê cinco um

ê éfe seis nove éle pê cinco dois

ê éfe seis nove éle pê cinco três

ê éfe seis nove éle pê cinco quatro

ê éfe seis nove éle pê cinco cinco

ê éfe seis nove éle pê cinco seis

ê éfe oito nove éle pê três dois

ê éfe oito nove éle pê três três

ê éfe zero nove éle pê zero quatro

ê éfe zero nove éle pê um um

Gravação

  1. Se a gravação não for feita em estúdio, é necessário conseguir um local silencioso, para que nenhum ruído atrapalhe a clareza do áudio.
  2. Antes de gravar, ensaiem, ensaiem, ensaiem!
  3. Na gravação, tentem manter o tom de voz e ritmo de leitura ao longo de todo o texto. Oscilem o tom apenas para enfatizar algum aspecto ou para quebrar a monotonia e não deixar o ouvinte dormir.
  4. Se vocês estiverem lendo um texto impresso, cuidado com o barulho na hora de passar as páginas.

Edição

  1. Na edição do áudio, podem ser feitos córtes ou correções, se algo saiu errado, e podem ser incluídos efeitos sonoros e trilhas para deixá-lo mais atrativo.
  2. No caso do uso de músicas, lembrem-se de utilizar aquelas sem direitos autorais, para evitar problemas futuros. Existem bancos de músicas que disponibilizam trilhas sem royalties.
  3. Edição feita, revisem o conteúdo. Escutem toda a gravação e observem se não passou alguma falha, como córtes indevidos, ruídos que interferem na compreensão do texto, entre outros problemas.

Divulgação e publicação

  1. Combinem com o professor e com a turma como será feita a divulgação dos audiobooks. Ela pode acontecer juntamente com a dos contos, por meio de posts em blogues, redes sociais ou no site da escola.
  2. Para a publicação, existem plataformas próprias para a disponibilização de audiobooks. Definam com o professor também essa etapa.
Fotografia. Uma menina com fones de ouvido sentada em sofá cinza, vista da cintura para cima, de cabelos armados castanhos, com olhos fechados. Ela está com o braço direito sobre o braço do sofá, segurando um celular cinza nas mãos. Em segundo plano, armário de cor marrom, visto parcialmente.
O conteúdo em áudio passou a fazer parte do cotidiano dos usuários.
Respostas e comentários
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Os audiobooks podem ser um diferencial na divulgação dos contos. Na sinopse da contracapa, por exemplo, pode ser incluída a referência à versão dos contos em audiobook. É uma opção interessante tanto para as pessoas que têm alguma restrição para a leitura do texto impresso quanto para aquelas que não têm hábito de leitura.

12. Explique que o termo royalties diz respeito aos valores pagos a alguém que detém direitos de uso, exploração e/ou comercialização de um bem, como produtos, obras, marcas, imóveis

DIREITO À EDUCAÇÃO E À CULTURA

A pesquisa “Retratos da leitura no Brasil” vem sendo realizada desde o ano de 2000, com o objetivo de entender os hábitos de leitura dos brasileiros e orientar políticas públicas que possam ajudar a superar os desafios observados. A 5ª edição, realizada em 2019, teve como foco mapear o comportamento dos leitores brasileiros também em relação à leitura de textos literários, observando, entre outros aspectos, como o leitor começou a se interessar por esse tipo de leitura, o que o influencia a escolher uma obra, suas motivações para ler literatura e em que formato prefere ler.

Ícone. Atividade oral.
  1. Responda às perguntas que o professor irá fazer sobre hábitos de leitura.
  2. Analise alguns dos resultados da 5ª edição da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil” e compare-os às suas respostas. Que semelhanças e diferenças você percebeu?
Gráfico em barras na horizontal. Interesse por Literatura Como começou a se interessar por literatura... 2019 Por causa de indicação da escola ou de um professor ou professora: 52 Porque viu filmes baseados em livros ou histórias de autores: 50 Por influência de amigos: 41 Por causa de algum autor com quem se identificou: 34 Por causa de letras de músicas: 33 Por influência da mãe ou responsável do sexo feminino: 32 Por influência de algum outro parente: 28 Com um influenciador digital, como um youtuber, pela internet: 25 Por ter participado de grupos, oficinas ou clubes de leitura: 20 Por influência do pai ou responsável do sexo masculino: 20 Por influência de um Padre, pastor ou algum líder religioso: 20 Por influência de um Bibliotecário ou atendente de biblioteca: 16 Por influência do marido, esposa ou companheiro (a): 11 Porque foi a Saraus ou slams: 6 Outros: 2 Base: Leitores de literatura independentemente do meio 2019 (4894) [T1] Como o senhor ou a senhora começou a se interessar por literatura com contornos, crônicas, romance ou poesia? (RU) Na ponta inferior, à esquerda e à direita, logotipos.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil: dados da 5ª edição. São Paulo, 2019. Disponível em: https://oeds.link/U6eK8H. Acesso em: 12 julho 2022.

Respostas e comentários

1 a 3. Respostas pessoais. Ver orientações didáticas.

Direito à educação e à cultura

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Esta é uma oportunidade de discutir o tema “Cidadania e civismo”, previsto entre os temas contemporâneos transversais da BNCC, em particular em relação aos Direitos da Criança e do Adolescente, no que diz respeito ao “direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer”.
  • A temática também propicia a discussão do ó dê ésse 4, que trata de Educação de qualidade, de modo a “assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidade de aprendizagem ao longo da vida para todas e todos”. Destaque que a literatura é um poderoso instrumento de educação e permite refletir, a partir da ficção, sobre todos os objetivos de desenvolvimento sustentável, colaborando para a construção de uma consciência crítica sobre os impactos que as ações do homem têm causado ao meio ambiente e à vida na Terra, bem como para uma mudança de atitude em relação a isso.
  • Proponha uma aula diferente, por exemplo, no pátio da escola. Peça a todos que se sentem em círculo para que possam se ver e inicie a discussão com base nas perguntas propostas. De acordo com as respostas, faça novas perguntas que auxiliem os estudantes a refletir e a ter uma visão crítica sobre o que estão respondendo. Saliente a importância de saber expor nossos argumentos para justificar nossas escolhas ou pontos de vista.
  • ATIVIDADES COMPLEMENTARES
  • Faça as seguintes perguntas para que eles possam comparar com o gráfico da atividade 2:

1. Você gosta de literatura? Em caso afirmativo, o que despertou seu interesse por esse tipo de leitura? 2. Que motivações você tem para ler textos literários? 3. Em que formato prefere ler: impresso ou digital? Por quê? 4. De quais autores você mais gosta? 5. Qual foi o último livro que leu?

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê dois quatro

ê éfe seis nove éle pê dois cinco

ê éfe seis nove éle pê cinco seis

ê éfe oito nove éle pê um seis

ê éfe oito nove éle pê um sete

ê éfe oito nove éle pê dois quatro

ê éfe oito nove éle pê dois cinco

ê éfe oito nove éle pê três dois

Infográfico. 
Formato que prefere ler.
Ilustração. Um menino sentado de frente para uma mesa, segurando um livro de capa vermelha nas mãos. Ele tem cabelos castanhos, com terno em marrom e olhos fechados e objetos sobre a mesa. Ao fundo, prateleiras com outros livros empilhados. 
Formato preferido: 67% Livros em papel.
Formato preferido para ler LITERATURA: 70% Livros em papel
Ilustração. Uma mão de uma pessoa segurando um aparelho preto na vertical na mão esquerda, com tela em cinza e texto. Ao fundo, livros na vertical e, à direita, outros livros e um jornal branco, com título: NEWS.
Formato preferido: 17% Livros digitais
Formato preferido para ler LITERATURA: 16% Livros digitais
Ilustração. Vista do alto de livros, aparelhos, celular, relógio e, à direita, um livro aberto de páginas em branco e óculos de grau e, mais à direta, uma xícara branca com líquido marrom. 
Formato preferido: 16% Ambos/tanto faz
Formato preferido para ler LITERATURA: 14% Ambos/tanto faz
Base: Já leu livro digital e leu algum livro inteiro ou em partes no últimos 3 meses (1242).
Base: Já leu livro digital, e leu livro de literatura por vontade própria (772)
P79 O(a) sr.(a) prefere ler __ (LER OPÇÕES – RU)
P80 O(a) sr.(a) prefere ler livros de literatura, como contos, crônicas, romance ou poesia em __ (LER OPÇÕES-RU)
Na parte inferior, à esquerda e à direita, logotipos.
Gráfico em barras. Três gráficos em barras lado a lado. Motivação para ter lido literatura Gráfico em barras. ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Por gosto ou interesse pessoal 38 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 44 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 30 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Para se distrair 18 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 9 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 31 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Por indicação da escola 16 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 10 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 9 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Porque ganhou o livro 10 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 6 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Porque gosto do autor 4 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 5 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Por motivo profissional 4 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 9 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 2 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Porque leio todos os livros dessa série ou saga 1 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: Outro motivo 2 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 1 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 2 ÚLTIMO LIVRO DE LITERATURA: 3 LIVRO SENDO LIDO ATUALMENTE (Independente do tipo): 0 ÚLTIMO TEXTO DE LITERATURA: 10 Na ponta da direita, ilustração de livros em pé, um ao lado do outro em tons de verde, detalhes em cinza ou amarelo. Sobre um deles, uma lupa preta e próximo, folhas verdes. Base: Leitores de livros de literatura (2335), Está lendo algum livro atualmente (1998), leitores de literatura apenas em outros formatos (2559) P18) Por que o(a) sr(a) está lendo este livro? P18A) Por que o(a) sr(a) leu esse último livro de literatura? Escolha somente uma opção. (RJ) P18B) Por que o(a) sr(a) leu esse conto, crônica, romance ou poesia? Escolha somente uma opção. (RU). Na ponta inferior, à esquerda e à direita, logotipos.

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil: dados da 5ª edição. São Paulo, 2019. Disponível em: https://oeds.link/U6eK8H. Acesso em: 12 julho 2022.

Ícone. Atividade em grupos.

3. Pesquisa! Agora, você e os colegas vão realizar uma pesquisa, por amostragem, para conhecer o perfil dos estudantes da sua escola em relação à leitura de literatura. Sigam as orientações do professor.

Respostas e comentários
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Oriente os estudantes na realização da pesquisa na atividade 3:

3a. Com a ajuda do professor de Matemática, definam a amostra para a realização da pesquisa.

3b. Seguindo a proposta da pesquisa “Retratos da leitura do Brasil”, elaborem as questões para a coleta de dados.

3c. Definam um período para a realização dessa coleta.

3d. Novamente com o apoio do professor de Matemática, contabilizem os dados e construam gráficos com os resultados obtidos.

3e. Comparem os resultados alcançados com os da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”.

3f. Construam coletivamente um mural comparativo para expor os resultados.

Para a realização da pesquisa, convide o professor de Matemática para participar da proposta e orientar a turma a definir a amostra e quantificar os resultados. Acompanhe a elaboração das questões, a realização das entrevistas e a análise e divulgação dos resultados. Para a divulgação, pode ser construído um mural comparativo, relacionando os resultados obtidos com aqueles divulgados pela pesquisa “Retratos da leitura no Brasil” (2019). Lembre-se de que essa pesquisa é realizada de 4 em 4 anos. Portanto, se houver dados mais recentes a respeito dela, utilize-os para a comparação.

Para observar e avaliar

Antes da realização da pesquisa, sugira uma autoavaliação do questionário produzido, observando se a linguagem é clara e adequada ao público-alvo; se não há problemas ortográficos, gramaticais, de pontuação ou de textualidade que possam interferir na compreensão das perguntas; e, principalmente, se as perguntas possibilitarão a comparação dos resultados com aqueles obtidos na pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”.

O exercício de autoavaliação é fundamental para o desenvolvimento de uma consciência sobre aquilo que se aprende.

Para ampliar

INSTITUTO Pró-livro. Retratos da leitura no Brasil. quinta edição 2019. Disponível em: https://oeds.link/U6eK8H. Acesso em: 10 julho 2022.

EU APRENDI!

Responda às questões no caderno.

  1. Construa um diagrama como o do modelo a seguir, com informações sobre o que você estudou nesta unidade a respeito dos gêneros narrativos conto e romance, considerando:
    1. as características que são comuns aos dois;
    2. as características que são próprias de cada um e os distinguem.
Diagrama. 
De cima para baixo:
Gêneros narrativos:
Conto: dois espaços para preencher
Romance: dois espaços para preencher
Ícone. Atividade oral.
  1. Considerando o que você já sabia, antes desta unidade, em relação aos gêneros conto e romance, especifique:
    1. as informações que foram novidade para você;
    2. os fatos que você descobriu que não eram como você imaginava;
    3. os conhecimentos que se consolidaram, porque confirmaram aquilo que você já sabia.
  2. Releia este trecho de Triste fim de Policarpo Quaresma.

Quaresma era um homem pequeno, magro, que usava pincenê, olhava sempre baixo, mas, quando fixava alguém ou alguma cousa, os seus olhos tomavam, por detrás das lentes, um forte brilho de penetração, e era como se ele quisesse ir à alma da pessoa ou da cousa que fixava.

Contudo, sempre os trazia baixo, como se se guiasse pela ponta do cavanhaque que lhe enfeitava o queixo. Vestia-se sempre de fraque, preto, azul, ou de cinza, de pano listrado, mas sempre de fraque, e era raro que não se cobrisse com uma cartola de abas curtas e muito alta, feita segundo um figurino antigo de que ele sabia com precisão a época.

Versão adaptada acessível

Atividade 3, item a.

Que ideias as seguintes orações introduzem nos períodos: “como se ele quisesse ir à alma da pessoa ou da cousa que fixava”, “como se se guiasse pela ponta do cavanhaque que lhe enfeitava o queixo” e “segundo um figurino antigo de que ele sabia com precisão a época”?

a. Que ideias as orações destacadas introduzem nos períodos?

Respostas e comentários

1.a) São características comuns aos dois os elementos da narrativa: foco narrativo, personagens, tempo e espaço da narrativa e enredo. Também a estrutura composicional é semelhante, com introdução, complicação e desfecho.

1.b) As principais diferenças entre o conto e o romance, estão no detalhamento dos fatos e na existência do conflito. No conto, personagens, espaço e tempo são pouco ou nada detalhados; no romance, são bem detalhados. No conto, a narrativa ocorre a partir de um só conflito; no romance, há vários conflitos que se entrelaçam e se desenvolvem ao mesmo tempo.

2. Respostas pessoais.

3.a) A primeira e a segunda dão uma ideia de comparação: na primeira, os olhos eram comparados à ação de ir à alma da pessoa ou da coisa olhada; na segunda, os olhos são comparados à ação de se guiar pela ponta do cavanhaque. Já a terceira traz uma ideia de conformidade, ou seja, de acordo com o figurino que ele conhecia.

Eu aprendi!

  • ATIVIDADES PREPARATÓRIAS
  • Relembre o conto e o romance e a importância desses gêneros textuais como experiência de leitura literária e de ampliação do repertório cultural dos estudantes. Estimule-os a fazer relações com o que leram e aprenderam durante a unidade.
  • Retome o trecho do texto extraído do livro Triste fim de Policarpo Quaresma e estimule os estudantes a fazer um reconto de acordo com o que se lembram. Depois, oriente-os a escrever os dados principais em resposta à atividade.
  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  1. Nesta atividade, oriente os estudantes a indicar fatos novos no estudo dos gêneros conto e romance; fatos sobre os quais não haviam pensado ainda; fatos sobre os quais já tinham uma hipótese, mas que não foi confirmada; e fatos que confirmaram aquilo que já sabiam.
  2. Oriente-os a recuperar o que foi estudado sobre as orações adverbiais e seus efeitos de sentido na construção do texto.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê três quatro

ê éfe oito nove éle pê três dois

ê éfe oito nove éle pê três três

ê éfe zero nove éle pê zero quatro

ê éfe zero nove éle pê zero cinco

ê éfe zero nove éle pê zero seis

ê éfe zero nove éle pê zero nove

  1. Por que elas são importantes na descrição apresentada?
  2. Identifique no trecho uma oração que introduza uma circunstância de tempo.
  3. Como essa oração contribui para a compreensão do texto?

4. Agora, leia mais um trecho da entrevista de Jorge Augusto Silva sobre Lima Barreto.

G | O que torna Lima Barreto tão atual nesse centenário de sua morte?

Jorge Augusto Silva | As estruturas racistas que ele denunciava obviamente ainda estão presentes nas mais diversas esferas da sociedade; sua obra é uma “prova” dessa engrenagem excludente. Ele trazia discursos articulados e sobre a realidade brasileira em sua produção ficcional. Ele percebia o racismo impregnado mesmo em novidades da época como o futebol e o movimento feminista branco, que ele já percebia não incluir as mulheres negras. fóra a crítica ao eurocentrismo, central em sua obra. Mas é importante entender que sua importância não reside exclusivamente na denúncia do racismo, mas também na resposta que se dá a esse racismo no plano estético (e, portanto, político) na arte negra no Brasil.

Selo postal na horizontal com contornos em preto. Ao centro, à esquerda, ilustração de um homem visto da cintura para cima, o corpo virado para a direita, com contornos em preto e preenchido em branco, com caneta preta na mão direita, sobre páginas de livro. Ao fundo, cidade com prédios coloridos em rosa, azul e laranja. Mais à direita, um homem visto da cintura para cima, de chapéu e terno em marrom. Em segundo plano, morros em verde. Na parte superior, texto em preto: Brasil 81 – 7,00. Na parte inferior, texto em preto: CENTENÁRIO DE LIMA BARRETO - JOANA BIELSCHOWSKY.
Selo comemorativo em homenagem ao centenário de Lima Barreto, Rio de Janeiro, 1981.

NEVES, Betina. ‘As estruturas sociais racistas que Lima Barreto denunciou ainda estão aqui’. Revista Gama, São Paulo, 23 março 2022. Disponível em: https://oeds.link/QDvv1x. Acesso em: 10 julho 2022.

Versão adaptada acessível

Atividade 4, itens a, b.

  1. Em “As estruturas racistas que ele denunciava obviamente ainda estão presentes nas mais diversas esferas da sociedade”, como se classifica a oração “que ele denunciava”? Com qual finalidade ela foi empregada?
  2. Considere o trecho: “Ele percebia o racismo impregnado mesmo em novidades da época como o futebol e o movimento feminista branco, que ele já percebia não incluir as mulheres negras”. Por que a oração “que ele já percebia não incluir as mulheres negras” é precedida por vírgula?
  1. Em “As estruturas racistas que ele denunciava obviamente ainda estão presentes nas mais diversas esferas da sociedade”, como se classifica a oração em destaque? Com qual finalidade ela foi empregada?
  2. Em “Ele percebia o racismo impregnado mesmo em novidades da época como o futebol e o movimento feminista branco, que ele já percebia não incluir as mulheres negras”, por que a oração é precedida por vírgula?
Respostas e comentários

3.b) Porque permitem ao leitor compreender melhor essas descrições e conhecer o ponto de vista do narrador, uma vez que elas são feitas pela ótica de quem conta a história.

3.c) “Quando fixava alguém ou alguma cousa”.

3.d) Situando o leitor com relação às situações em que o olhar de Quaresma se transformava ao fitar alguém ou alguma coisa.

4.a) Oração subordinada adjetiva restritiva. Foi utilizada para especificar as estruturas racistas, ou seja, Lima Barreto denunciava algumas delas, e não todas.

4.b) Porque se trata de uma oração adjetiva explicativa, cujo objetivo é explicar melhor os termos anteriores. No caso, não havia mais de um futebol ou de um movimento feminista branco. Por isso, não seria possível empregar uma oração restritiva, uma vez que se trata de elementos que já são únicos.

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

4. Oriente os estudantes a recuperar o que foi estudado sobre as orações adjetivas e seus efeitos de sentido na construção do texto. Observe a realização das atividades quatro á e 4b, procurando identificar se o conteúdo foi bem assimilado pelos estudantes. Caso perceba dificuldades, proponha mais atividades que explorem os conceitos estudados. Outra possibilidade é solicitar que realizem tarefas em casa, se possível, com a participação de familiares, para posterior compartilhamento com a turma.

Para observar e avaliar

As ferramentas avaliativas devem levar em conta todas as atividades desempenhadas no dia a dia, como os trabalhos em grupo e as tarefas contextualizadas, e ser acrescidas com a autoavaliação individual e do grupo ou da turma. Se os estudantes demonstrarem dificuldades em relação aos objetivos pedagógicos da unidade, proponha mais atividades que envolvam esses gêneros textuais e aspectos léxico-gramaticais. Essas atividades podem ser feitas em duplas ou pequenos grupos.

O registro da trajetória dos estudantes, que mostra suas conquistas e aprendizagens, pode ser feito por meio das fichas avaliativas propostas em Avaliação e autoavaliação na parte geral deste Manual do Professor, que observam as práticas de leitura, a produção textual, a oralidade e as práticas de análise linguística. Em caso de turmas numerosas, pode-se propor a organização de grupos com mais integrantes, oferecendo a eles a oportunidade de compartilhamento oral das experiências vivenciadas ao longo dos estudos da unidade, permitindo que sintetizem a opinião do grupo.

VAMOS COMPARTILHAR

Sinopse para quarta capa

Agora, para divulgar os contos produzidos pela turma, vocês irão elaborar uma sinopse para a quarta capa.

1. Leia a sinopse presente na quarta capa do livro Contos africanos dos países de língua portuguesa, publicado pela Editora Ática.

A África e o Brasil são separados por um oceano. O mar, porém, não é suficiente para afogar o que os une. Há semelhança nos gestos, no paladar, no canto, na miséria, na violência, em certa alegria melancólica e no colorido que invadem o variado cotidiano de lá e cá.

Em alguns casos – cinco, para ser preciso – a ligação se revela ainda mais forte: compartilhamos a mesma língua que Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

O que há de africano no Brasil está vivo em nós, mas não cultivamos o que há de novo na África. Nos contos deste livro, todos de autores contemporâneos, descobrimos admirados a África atual. E descobrimos também novas palavras, tecidas pela distância. E, então, ao perceber essas semelhanças e diferenças que nos unem, podemos de fato conhecer uns aos outros.

Quarta capa de livro. Na parte superior em bege e na parte inferior, em marrom, com silhueta de um animal em bege, similar a um pássaro abstrato com o corpo para a direita. Na parte inferior, à direita, código de barras.
  1. O que é possível perceber sobre a obra a partir dessa sinopse?
  2. O que se pode entender pela frase “descobrimos também novas palavras, tecidas pela distância”?
  3. Que outras informações sobre o livro você acha que poderiam ser incluídas nesse texto para atrair o leitor?
Respostas e comentários

1 a 3. Ver orientações didáticas.

1.a) Que os contos são de autores contemporâneos e revelam o que existe hoje na África de língua portuguesa, permitindo ao leitor conhecer mais sobre a realidade atual e as características que unem África e Brasil.

1.b) Que esses contos são também uma oportunidade para conhecer a língua portuguesa que é falada na África lusófona, com as diferenças que foram sendo construídas pela distância e pelo tempo.

1.c) Resposta pessoal. O texto poderia trazer também a quantidade de contos, um trecho de um dos contos, a citação de alguma crítica positiva ao livro ou de prêmios recebidos, se houver.

Vamos compartilhar

Sinopse para quarta capa

  • ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO
  • Os anúncios publicitários ou de propaganda aqui apresentados têm propósito exclusivamente didático. De acordo com o Parecer cê êne Ê/cê ê bê número 15/2000: “o uso didático de imagens comerciais identificadas pode ser pertinente desde que faça parte de um contexto pedagógico mais amplo, conducente à apropriação crítica das múltiplas fórmas de linguagens presentes em nossa sociedade, submetido às determinações gerais da legislação nacional e às específicas da educação brasileira, com comparecimento módico e variado”. Disponível em: https://oeds.link/STf9wn. Acesso em: 29 maio 2022.

1a. Chame a atenção dos estudantes para as informações que a sinopse traz sobre a obra e como ela é usada para atrair a atenção do leitor em alguns casos.

1b. Antes de os estudantes responderem a essa pergunta, faça outras, como: Vocês acham que o português falado no Brasil é o mesmo falado na África ou em Portugal? Por quê? Dependendo das respostas, elabore outras perguntas.

1c. Resgate com a turma as características da quarta capa e o que pode ser incluído nela.

Habilidades Bê êne cê cê

ê éfe seis nove éle pê quatro cinco

ê éfe seis nove éle pê cinco um

ê éfe oito nove éle pê três dois

Para construir a sinopse, desenvolvam uma escrita colaborativa, reunindo contribuições de todos os grupos, de modo a refletir o conjunto dos contos produzidos.

Planejamento

1. O primeiro passo é planejar.

Ícone. Atividade em grupos.
  1. Reúnam-se e anotem, de fórma resumida, a temática de cada um dos contos e os tipos: aventura, mistério, humor, terror, amor, fadas
  2. Destaquem trechos que podem ser citados.
  3. Se houver possibilidade, peçam ao professor, ou a alguém que trabalhe com literatura, que escreva uma breve opinião sobre os contos, que poderá também ser usada na sinopse.

Produção

  1. Na etapa de produção, reúnam as informações recolhidas durante o planejamento. Lembrem-se de que a redação deve:
    1. refletir a coletânea de contos, de fórma coesa e coerente;
    2. ser atrativa, para chamar a atenção dos leitores e convidá-los à leitura;
    3. apresentar uma linguagem adequada ao público a que se destina e ao suporte em que será apresentada, ou seja, a quarta capa de um livro.

Edição

  1. Na edição, é hora de fazer os ajustes no texto para que ele possa compor a capa e atrair o leitor.
    1. Evitem deixar grandes espaços na página, para não criar a sensação de que não tinham o que dizer sobre a obra.
    2. Escrever demais também não é bom. Além do prejuízo estético, porque fica tudo apertado na página, não é prático para o leitor.

Revisão

4. Na revisão, estejam atentos à ortografia e aos aspectos gramaticais e textuais. Usem a pauta de revisão.

Fotografia. Quatro jovens sentados de frente para a mesa de cor bege. Nela, livros abertos e, na ponta da direita, um notebook visto parcialmente. Da esquerda para a direita: um menino de cabelos escuros penteados para trás em coque, com fone sobre a cabeça, óculos de grau, blusa de mangas compridas em azul e blusa por dentro em branco. Ele olha para baixo, com celular na mão esquerda. Ao lado, jovem de cabelos cacheados pretos penteados para a direita, blusa de mangas compridas em preto, mão direita embaixo do queixo e de frente para um notebook. Ao lado, à direita, um jovem de cabelos pretos, de camiseta verde, par de fone de ouvidos, olhando para baixo, lendo livro. Na ponta da direita, uma menina de cabelos longos castanhos, com óculos de grau, blusa de mangas compridas listradas na horizontal em preto e branco, olhando para baixo em direção ao livro. Ao fundo, local com hastes brancas na vertical.
Dispositivos digitais podem contribuir para os passos dessa atividade.
Respostas e comentários

1 a 4. Ver orientações didáticas.

ATIVIDADES DE DESENVOLVIMENTO

1 a 3. Para a escrita colaborativa, indique programas que os estudantes possam usar. Inicialmente, todos os grupos podem trabalhar juntos no planejamento, de modo a oferecer informações dos contos produzidos para compor a sinopse. A partir daí, para as etapas de produção, edição e revisão, os grupos podem ser divididos, ficando uma parte responsável pela produção, outra pela edição e outra pela revisão final e publicação.

4. Para a pauta de revisão, oriente-os quanto ao seu uso, adequando-o às necessidades da turma, se for preciso. Mostre com exemplos o que eles devem procurar na revisão da sinopse. Combine quais serão as marcações para ajustes e sugestões e onde devem ser feitas (por exemplo, na margem).

Glossário

órbita
: área de influência.
Voltar para o texto
condoer(se)
: sentir compaixão; compadecer-se.
Voltar para o texto
burburinho
: som confuso e contínuo de vozes.
Voltar para o texto
bongar
: procurar, buscar.
Voltar para o texto
abastado
: que tem muitos bens, muito dinheiro.
Voltar para o texto
monacal
: que leva vida isolada, regrada como os monges.
Voltar para o texto
misantropo
: que se isola por ter aversão à convivência social; insociável.
Voltar para o texto
pejado
: carregado, repleto, cheio.
Voltar para o texto
aduzir
: alegar, expor.
Voltar para o texto
cercania
: proximidade, vizinhança.
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ermo
: desabitado, deserto.
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impudico
: que não tem pudor; desavergonhado.
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pincenê
: óculos sem hastes, que se fixam ao nariz pela pressão de uma mola.
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capadócio
: embusteiro, farsante.
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fidalgo
: nobre.
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quiçá
: talvez.
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