CAPÍTULO 2 A HISTÓRIA ANTES DA ESCRITA

Observe as imagens desta página. Você consegue perceber a diversidade de seres vivos que há no Brasil? Imagine agora a quantidade de espécies que existem no restante do planeta. Como explicar o modo como todos esses seres se estabeleceram na Terra? E o ser humano, como e onde surgiu? Se você já teve alguma dessas dúvidas, saiba que não está sozinho: as pessoas se questionam sobre sua origem há muito tempo. Neste capítulo, você estudará um pouco do que já se descobriu sobre esse tema.

Fotomontagem. Dezoito fotografias posicionadas lado a lado, numeradas de um a dezoito. Estão organizadas em três linhas, com seis imagens cada uma. Na primeira linha: 1. Beija-flor verde voando próximo de uma flor arroxeada. 2. Dois botos-cor-de-rosa nadando no rio. 3. Bicho-preguiça marrom pendurado em um galho de árvore. 4. Tucano pousado num tronco de árvore. 5. Jacaré à beira de um rio. 6. Perereca verde em cima de uma folha. Na segunda linha: 7. Cobra enrolada com a língua para fora. 8. Onça-preta entre folhagem rasteira. 9. Cardume nadando dentro de um rio. 10. Aranha de pernas longas em sua teia. 11. Duas borboletas rajadas de preto e laranja pousadas em pequenas flores azuis. 12. Tamanduá-bandeira e seu filhote em campo aberto. Na terceira linha: 13. Tartaruga-verde nadando no meio de um cardume. 14. Lobo-guará em um campo aberto. 15. Abelha azul pousada em uma flor amarela. 16. Dois pequenos macacos adultos, de pelagem acinzentada, e um filhote em cima do tronco de uma árvore. 17. Siri vermelho em cima de um tronco em um mangue. 18. Quatro pessoas passeando na orla de uma praia ao pôr-do-sol. Duas delas levam seus cachorros na coleira, duas carregam mochilas, uma delas está segurando uma bicicleta.
Composição de imagens com algumas espécies de animais e vegetais encontradas no Brasil. Fotos de 2018 a 2021. A diversidade biológica é representada por todas as espécies de seres vivos no planeta Terra.
Ícone. Ilustração de ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. O que você já leu ou ouviu a respeito do surgimento da vida na Terra?
  2. E os seres humanos, em que lugar do planeta surgiram?
  3. Os seres humanos sempre foram como os que vivem hoje ou mudaram ao longo do tempo?
  4. Em sua opinião, por que existem tantas espécies diferentes de plantas e animais no planeta?

Como explicar o desenvolvimento da vida na Terra?

Ao longo do tempo e em diferentes lugares, as pessoas tentaram encontrar sentido para sua existência e explicar questões como o surgimento da vida e dos seres humanos. Para isso, recorreram a crenças e saberes transmitidos de uma geração a outra.

Em algumas explicações, a origem humana foi atribuída à ação de seres divinos. Na Grécia antiga, por exemplo, acreditava-se que os humanos foram criados pelo titã Prometeu a pedido de Zeus, o maior dos deuses. Prometeu, então, para diferenciar os humanos dos outros animais, roubou o conhecimento do fogo e o deu a eles, sendo, por isso, castigado eternamente por Zeus.

Entre os antigos hebreus, acreditava-se que um deus todo-poderoso havia criado um homem a sua imagem e semelhança, moldando-o do barro e dando-lhe vida. Depois, esse deus criou a primeira mulher usando uma costela desse homem.

Já os antigos maias acreditavam que os deuses juntaram milho, água e sangue divino para criar os primeiros humanos, com a intenção de que estes os adorassem.

Narrativas como essas são consideradas explicações mítico-religiosas. Elas têm em comum uma ideia mágica ou sobrenatural de que os humanos foram criados pela vontade de um ou de vários deuses. Também é usual nessas explicações a espécie humana ser considerada superior às demais. Além disso, essas narrativas apresentam afirmações supostamente incontestáveis e expressões como “foi assim”, “deus ou os deuses quiseram assim”, “assim o é”, entre outras.

Ilustração. Na porção esquerda da imagem, homem usando uma túnica adornada com um grande chapéu na cabeça também bastante detalhado está de perfil, virado para a direita, e segura dois pequenos pedaços de madeira, um em cada mão. À sua frente, outro homem sem camisa e com um saiote usando chapéu com tiras curvilíneas está sentado virado pra direita segurando um pote com duas espigas de milho dentro. Ele o está entregando as espigas a um homem de pé, com trajes semelhantes e usando um chapéu adornado de maneira diferente. Ao lado desses dois, há outros dois homens também com trajes semelhantes, mas com chapéus decorados de maneira diferente. O primeiro está em pé, virado para a direita, com as mãos abertas, enquanto o segundo está sentado, virado para a esquerda, segurando o pote com duas espigas de milho. No chão, há mais duas espigas. Acima desses quatro homens, há um homem com corpo vermelho agachado, virado para a direita. Ele está apenas com uma espécie de saiote e usa um chapéu adornado de maneira diferente. No centro, há um desenho com formas estilizadas que lembram troncos de árvores entrelaçados e, ao lado, há um homem sentado virado para a esquerda vestindo mantas e um chapéu maior e mais adornado que os demais. Na porção direita da ilustração, um homem de pé, vestido com mantas e um chapéu mais alto que os demais, com duas ramificações curvilíneas, segura um jarro de barro. Ele está acompanhado de uma grande cabeça de um animal cinza que se assemelha a uma serpente.
Ilustração atual representando o mito de criação maia.

FONTE: bróderston, G.; MEDEIROS, S. (organizador). Popol Vuh. São Paulo: Iluminuras, 2007. página 265-267.

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

As narrativas mítico-religiosas de criação dos humanos apresentam elementos relacionados às características geográficas e naturais do lugar onde viveram os povos que as imaginaram. Veja um exemplo: o mito de criação maia foi registrado no popol vu, livro escrito no século XVI. Segundo essa narrativa, os deuses tentaram criar uma figura humana de barro e, depois, de madeira, mas não conseguiram. A última tentativa deu certo: eles finalmente criaram os seres humanos usando como base um alimento fundamental para os maias – o milho.

O método científico

As explicações mitológicas ou religiosas são baseadas em crenças. Já as da ciência são obtidas por meio de um conjunto de procedimentos conhecido como método científico.

Ao empregar esse método, o cientista observa e analisa evidências para formular hipóteses que o ajudem a solucionar determinada questão. Em seguida, realiza testes e experimentos e, depois, apresenta a outros cientistas as conclusões que obteve. Após debater essas conclusões, os cientistas podem chegar a consensosglossário e elaborar teorias. No entanto, os resultados podem gerar outras dúvidas. Nesse caso, a pesquisa deve ser retomada até que se produza consenso. Algumas vezes, ela dá origem a pesquisas científicas diferentes, em um ciclo constante de produção de conhecimento.

Para responder às questões sobre a origem da vida, os cientistas coletam e analisam evidências do passado, como fósseisglossário de plantas e de animais. O avanço das investigações científicas ajuda os pesquisadores a montar as peças do quebra-cabeça da origem das espécies, incluindo a humana.

É importante respeitar as diversas explicações religiosas sobre a origem da espécie humana, mas elas não se baseiam em investigações científicas. Por isso, neste livro, serão apresentadas as explicações científicas para a história humana. A proposta científica mais aceita sobre o surgimento dos humanos e de outros seres vivos é a teoria da evolução, desenvolvida com base nos estudos do britânico Charles Dárvin, no século XIX.

O método científico

Esquema. “O método científico”. Ao centro, um círculo azul com o texto: "O método científico". Ao redor, setas coloridas interligadas, dando a ideia de movimento.  Cada uma delas é acompanhada de um número, texto e ilustração. Seta azul:
1. Observe – ilustração de um olho. Seta verde:  2. Questione e busque informação – ilustração de uma lupa. Seta amarela: 3. Formule uma hipótese e deduções – ilustração de uma lâmpada. Seta laranja: 4. Faça experimentos – ilustração de um microscópio. Seta vermelha: 5. Tire uma conclusão – ilustração de uma prancheta.

FONTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Método Científico. u éfe érre gê ésse Jovem, 2020. Disponível em: https://oeds.link/5s3Wlv. Acesso em: 1º dezembro 2021.

Tirinha composta por 2 quadros. Apresenta um pequeno boneco de palito, representando Adão, e dois homens calvos com barba branca. Um deles, de túnica amarela, representa Deus e o outro, de terno cinza, representa Darwin.  Quadro 1: Adão, ao centro, ao lado do Planeta Terra, visto parcialmente. Acima, um balão de fala: “Adão, quero te apresentar um amigo.”. Quadro 2: Darwin e Deus, lado a lado. Deus fala, apontando para Adão “Darwin, este é o Adão. Adão, este é o Darwin”. Adão olha para os dois. À direita, o Planeta Terra.
Um sábado qualquer, tirinha de Carlos Ruas, 2009. Os personagens Deus e Darwin representam dois tipos de explicação para o surgimento da vida na Terra: o religioso e o científico.

A teoria da evolução e a seleção natural

Você sabe que a altura, o tipo de cabelo e a cor dos olhos, entre outras características, das pessoas variam. Isso ocorre também com as outras espécies de seres vivos.

Charles Dárvin percebeu que indivíduos da mesma espécie se relacionavam com o ambiente de acordo com as características que apresentavam. Assim, dependendo das condições ambientais, alguns se tornavam mais aptos a sobreviver do que outros de sua espécie.

Com base nessas observações, Dárvin e o naturalista britânico Álfred Vallace propuseram a denominada teoria da seleção natural.

Para explicar como funciona a seleção natural, Dárvin utilizou o exemplo da girafa. Os ancestrais das girafas tinham pescoço de comprimentos variados: algumas nasciam com o pescoço mais comprido; outras, com o pescoço mais curto. Essas variações eram hereditárias, ou seja, passavam de uma geração a outra. Para compreender o processo, observe as imagens e leia o texto do boxe.

Ilustração em três quadros. Quadro 1: girafa maior estica o pescoço para comer as folhas no alto de uma árvore enquanto outras três girafas menores estão ao seu redor.
Quadro 2: Duas girafas maiores e uma menor próximas a uma árvore. Quadro 3: Duas girafas maiores comendo folhas do alto de uma árvore.
Ilustração atual representando o processo de seleção natural descrito por Chárles Dárvin.
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Imagens em contexto!

Só as girafas de pescoço comprido alcançavam as folhas dos galhos mais altos para alimentar-se. Assim, elas conseguiam chegar à fase adulta e geravam filhotes que herdavam a característica de ter pescoço comprido. Já as girafas de pescoço curto, como não conseguiam se alimentar, não viviam tempo suficiente para gerar descendentes; por isso, foram extintas.

Todas as espécies estão sujeitas a esse processo. Portanto, isso aconteceu com os primeiros humanos.

A Terra passou por consideráveis mudanças ao longo do tempo: houve períodos mais quentes, outros frios; alguns mais chuvosos, outros secos. Além disso, a história do planeta é marcada por eventos como erupções vulcânicas e terremotos.

Em um mundo em constante transformação, algumas espécies ancestrais do ser humano sobreviveram por apresentar determinadas características vantajosas, enquanto outras acabaram sendo extintas. Isso mesmo: no passado, existiram várias espécies de hominídeos, a família de espécies que incluía a humana.

Os primeiros humanos

Um dos primeiros exemplares de hominídeos de que foram encontrados vestígios era do gênero australupitécus. Existiram várias espécies desse gênero.

O esqueleto de australupitécus mais conhecido foi descoberto na Etiópia, país do leste africano, em 1974. Era de uma fêmea da espécie australopitécus afarênsis e foi batizado de Lucy, porque, no momento da descoberta, os arqueólogos estavam ouvindo a canção Lucy in the sky with diamonds, dos Beatles, grupo musical britânico. Na época, a descoberta causou sensação, pois se tratava de um ancestral humano com cêrca de 3,2 milhões de anos.

Lucy tinha um pouco mais de um metro de altura e compartilhava com os humanos algumas características, como andar sobre duas pernas (bipedismo). No entanto, apresentava características de outros primatas, como os chimpanzés: braços longos e curvados e mandíbula inferior saliente, mais adaptada para mastigar vegetais crus.

Ao longo de milhões de anos, muitas espécies de hominídeos apareceram e foram extintas. Algumas deram origem aos seres humanos atuais; outras aos gorilas, chimpanzés e orangotangos.

Fotografia. Crânio visto de frente, com dentes na boca, e partes com coloração diferente, indicando que foram reconstituídas, no topo da cabeça, acima de um dos olhos, no queixo e nos dentes.
Réplica do crânio de Lucy, fêmea da espécie australopitécus afarênsis, em exposição no Museu Nacional da Etiópia, na capital Addis Abeba. Foto de 2019.
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Lucy também é conhecida por um nome menos popular, “dincnéch”, que em aramaico, a língua oficial da Etiópia, quer dizer “Tu és maravilhosa”. As escavações arqueológicas encontraram 47 ossos de seu esqueleto, fazendo desta, à época, a descoberta mais completa do gênero. Esse material arqueológico encontra-se guardado em um cofre no Museu Nacional da Etiópia. Entretanto, a exemplo do que ocorre em outros museus espalhados pelo mundo, os visitantes só podem ver as réplicas, como na imagem desta página.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Identifique algumas características presentes em uma narrativa mítico-religiosa.
  2. Descreva as principais etapas de uma explicação científica.
  3. Resuma a teoria da seleção natural desenvolvida por Chárles Dárvin.

O gênero ômo

Por volta de 2,5 milhões de anos atrás, surgiu o gênero ômo, do qual faz parte a espécie Omo sápiens. É provável que esse gênero tenha evoluído do australupitécus, mas isso ainda está em investigação. Conheça a seguir características de algumas das espécies do gênero ômo.

  • ômo ábilis (2,4-1,4 milhão de anos): foi provavelmente a primeira espécie do gênero. Os indivíduos dessa espécie desenvolveram a habilidade de produzir instrumentos cortantes de pedra, que utilizavam para preparar alimentos.
  • ômo eréctus (1,9 milhão-110 mil anos): os indivíduos dessa espécie eram caçadores-coletores e usavam ferramentas de pedra lascada, como machados. Foram os primeiros a sair da África, ocupando regiões da Ásia e da Europa.
  • ômo neãndertalêncis (400-40 mil anos): os neandertais viviam na Europa e na Ásia Ocidental em grupos de caçadores-coletores. Vestiam-se com peles de animais, fabricavam instrumentos de ossos, galhos e pedras e realizavam pinturas rupestres. Existem evidências de que alguns grupos enterravam os mortos.
  • Homo sapiens: surgiu há cêrca de 300 mil anos. Por volta de 190 mil anos atrás, grupos de indivíduos dessa espécie começaram a migrar, ocupando boa parte da África e depois se espalhando pelos demais continentes. Eles produziram instrumentos e desenvolveram técnicas elaboradas, como as da cerâmica, da metalurgia e do curtumeglossário . Isso demonstra que eles tinham alta capacidade inventiva e de aprendizagem, atributos favorecidos pelo desenvolvimento da linguagem verbal.
Ilustração. Círculo central, formado por setas coloridas, dividido em 24 horas. A cor das setas acompanha a seguinte legenda: Vermelho - 1 hora a 3 horas: entre 4,5 e 4 bilhões de anos atrás; Laranja - 4 horas a 8 horas: entre 4 e 3 bilhões de anos atrás; Amarelo - 9 horas a 14 horas: entre 3 e 2 bilhões de anos atrás; Verde - 15 horas a 19 horas: entre 2 e 1 bilhão de anos atrás; Azul - 20 horas a 24 horas: último bilhão de anos. Ao redor do círculo central, uma grande seta circular cinza, composta em sentido horário, que começa fina e engrossa na ponta, apresenta informações sobre o surgimento da vida na Terra, conforme as horas indicadas no círculo central:
2 horas – Formação da Terra. 3 horas – Rochas mais antigas conhecidas. Entre 5 e 6 horas – Fósseis mais antigos. 6 horas – Primeiros organismos fotossintetizantes. 14 horas – Acúmulo de gás oxigênio na atmosfera. Entre 16 e 17 horas – Fósseis mais antigos de seres eucarióticos. Entre 20 e 21 horas – Fósseis mais antigos de organismos multicelulares. Entre 21 e 22 horas – Plantas de terra firme. Entre 22 e 23 horas – Domínio de dinossauros. 24 horas – Aparecimento do Homo sapiens (23 horas 59 minutos 30 segundos).
Ilustração atual representando um “relógio das eras”.

FONTE: mécfi, L. The history of life on Earth. Northern Arizona University. Disponível em: https://oeds.link/iGJCpV. Acesso em: 2 dezembro 2021.

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Imagens em contexto!

Se toda a história da vida na Terra durasse 24 horas, o ser humano teria surgido apenas no último segundo antes da meia-noite! Pode-se dizer, portanto, que a humanidade é jovem, considerando a época do aparecimento de outras espécies do gênero ômo, e, principalmente, o início do processo de desenvolvimento da vida na Terra.

Vamos pensar juntos?

Ilustração. Evolução do Homo sapiens em seis fases. Da esquerda para a direita: uma criatura baixa, peluda, ligeiramente encurvada e com rosto semelhante ao chimpanzé; ser com feições semelhantes ao anterior, porém um pouco mais alto; ser semelhante ao anterior, um pouco mais alto, com menos pelos; ser mais alto que o anterior, com menos pelos e com postura mais ereta; ser com altura semelhante ao anterior, feições mais próximas as do ser humano e com menos pelos; ser humano, mais alto que o ser anterior, com menos pelos e com a coluna mais ereta.
Ilustração atual de uma representação linear da evolução humana. Da esquerda para a direita: um hominídeo bípede, o australopitécus afarênsis, o Australopithecus africanus, o ômo eréctus, o ômo neãndertalêncis e o Omo sápiens.

É provável que você já tenha notado alguma imagem semelhante à da ilustração anterior: uma fila de hominídeos representando a evolução humana. Essa linha evolutiva está estampada em camisetas, revistas e anúncios e aparece em uma infinidade de charges e memes publicados na internet.

A ilustração de 1871 já é menos conhecida: nela, Chárles Dárvin, um dos autores da teoria da seleção natural, é representado com corpo de macaco. Várias outras imagens como essa foram produzidas logo após a publicação do livro A origem das espécies, em 1859, para ridicularizar o cientista por afirmar que seres humanos e macacos descendem de um ancestral em comum.

Caricatura em preto e branco. Criatura com cabeça de um homem calvo com barba branca longa e  corpo de um chimpanzé.
Um venerável orangotango. Uma contribuição para a história antinatural, caricatura representando Chárles Dárvin como macaco, publicada na revista The Hornet, em 1871.

A primeira imagem – a da fila – também está relacionada ao equívoco de achar que o ser humano descende do macaco. A ideia de uma fila evolutiva passa a impressão de que as transformações que deram origem à espécie humana foram lineares, ou seja, sugere que em determinado momento um ancestral desaparecia para dar lugar a outro, mais evoluído.

O fato de os seres humanos compartilharem ancestrais com outros primatas (gorilas, chimpanzés e orangotangos, por exemplo) não significa que sejam descendentes deles.

Considere sua família: você não é descendente direto de seu tio, certo? Logo, seu primo não é seu irmão. Só que tanto você quanto seu primo são descendentes de seus avós. Pense, então, que os chimpanzés são como primos dos humanos na evolução, e o avô deles em comum foi extinto há milhões de anos.

Assim, a representação gráfica da evolução humana é mais parecida com uma árvore do que com uma linha: o caule representa os ancestrais comuns e os galhos, as espécies que se modificaram ao longo do tempo.

Observe na imagem a seguir que, quando o Omo sápiens apareceu, existiam ainda outras espécies de hominídeos, como a do ômo eréctus e a do Homo neanderthalensis. Ou seja, eles conviveram por muito tempo.

Árvore da evolução humana

lustração. Árvore da evolução humana. À esquerda, linha cronológica vertical, com divisões em milhões de anos. À direita, ilustração de árvore com diversos galhos. Em cada galho é representado um grupo ou indivíduo de determinado gênero. De baixo para cima:
Passado.
6 milhões de anos atrás: ilustração de dois hominídeos no galho à direita.
5 milhões de anos atrás: ilustração de mais dois hominídeos no galho à direita e o texto: Gênero Ardipithecus. 
4 milhões de anos atrás: ilustração de um hominídeo no galho à esquerda e o texto: Gênero Australopithecus. Ilustração de outro hominídeo no mesmo galho e o texto: A. afarensis.
3 milhões de anos atrás: ilustração de dois hominídeos no mesmo galho à esquerda. Ilustração de um hominídeo em um novo galho à direita.
2 milhões de anos atrás: ilustração de mais dois hominídeos no novo galho à direita e o texto: Gênero Paranthropus. Ilustração de três hominídeos em um novo galho central e os seguintes textos: H. rudolfensis; H. Habilis; H. erectus.
1 milhão de anos atrás: ilustração de três hominídeos no galho central e os seguintes textos:  Gênero Homo; H. heidelbergensis; H. neanderthalensis; H. floresienses.
Presente: Fotografia de seis pessoas com características físicas diferentes no galho central e o texto: H. sapiens.

FONTE: What does it mean to be human? Smithsonian National Museum of Natural History. Disponível em: https://oeds.link/zNSvmp. Acesso em: 2 dezembro 2021.

Responda no caderno.

  1. Em sua opinião, por que foram produzidas caricaturas de Dárvin com corpo de macaco?
  2. Por que é incorreto, do ponto de vista evolutivo, afirmar que os seres humanos descendem dos macacos?
  3. Explique de que maneira a representação em fórma de árvore ajuda a demonstrar o equívoco da ideia de uma evolução linear.

A importância do fogo

Você já reparou na importância das diferentes fórmas de energia que são utilizadas pelas pessoas? Percebeu que a falta de energia elétrica, por exemplo, transforma sua rotina? Imagine, então, como foi importante para os seres humanos aprender a produzir uma fórma de energia que hoje parece simples, mas é essencial: o fogo.

cêrca de 1 milhão de anos, algumas espécies de hominídeos provavelmente já usavam o fogo. Entretanto, utilizar não é o mesmo que saber produzir. O fogo se fórma naturalmente em decorrência da queda de um raio em um lugar seco, por exemplo. Esses hominídeos aproveitavam o fogo de incêndios naturais, mas não eram capazes de mantê-lo aceso.

A capacidade de produzir fogo só foi alcançada por espécies do gênero ômo. Com o contrôle e a produção de fogo, esses indivíduos puderam se proteger de maneira mais eficiente do ataque de outros animais, obter luz e calor para enfrentar o frio e preparar alimentos.

A comida cozida ou assada, além de diminuir a presença de bactérias e parasitas que causavam doenças, era mais fácil de mastigar e digerir, e seus nutrientes podiam ser mais bem absorvidos pelo corpo. Com isso, os indivíduos gastavam menos energia na digestão. A energia que sobrava podia ser usada pelo cérebro, o que ajudou no desenvolvimento de muitas habilidades.

Ilustração. Um homem, duas mulheres e uma criança usando roupas feitas de pelos de animais cobrindo o corpo, ao redor de uma fogueira, dentro de uma caverna. O homem e uma das mulheres estão segurando gravetos.
Ilustração atual representando o uso do fogo no período da história antes da escrita.

FONTE: HIGHAM, C. La vida en el Paleolítico. Madrid: Ediciones Akal, 1990.

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O ato de preparar e consumir alimentos ao redor de uma fogueira mudou a comunicação e a troca de conhecimentos entre os humanos, incentivando o convívio social e o desenvolvimento da linguagem.

Dica

FILME

Os Croods

Direção: Chris Sanders. Estados Unidos, 2013. Duração: 98 minutos

O filme não foi produzido com rigor histórico e científico, mas você vai se divertir assistindo ao convívio entre os neandertais e os Sápiens, com destaque para a aprendizagem da produção do fogo.

Quando nos tornamos humanos?

É difícil saber quando surgiram os primeiros ancestrais humanos, mas, de acordo com alguns cientistas, como os paleontólogosglossário , eles foram hominídeos que tiveram um desenvolvimento peculiar do cérebro. Graças a essa característica, eles puderam criar utensílios, ampliando sua ação sobre o ambiente e sua organização social.

Foi só com o surgimento dos primeiros indivíduos do gênero ômo que a capacidade de transformar materiais em instrumentos de trabalho passou a definir um traço humano que permaneceu. Ou seja, de acordo com essa interpretação, os humanos são caracterizados pela capacidade de transformar a natureza em objetos complexos.

Muitos outros animais utilizam objetos para certas finalidades: pássaros fazem ninhos com galhos e outros materiais e chimpanzés usam pedras para quebrar cascas de frutos. Contudo, eles agem de modo instintivo, sem refletir sobre sua ação. A intencionalidade presente na ação humana demonstra a capacidade de antecipação de necessidades futuras.

Em razão dessa capacidade, os seres humanos não são mais capazes de viver sem as ferramentas. Alguns estudiosos, considerando o fato de que os humanos fabricam o mundo em que vivem, criaram a expressão “homem fabricante” para definir a espécie.

Ilustração em dois quadros. Representa pessoas usando roupas de pele de animais. Quadro 1: Em uma caverna, uma menina observa uma mulher passando uma pedra em cima de um pedaço de pelo de animal preso ao chão por estacas de madeira.
Quadro 2: Ao ar livre, um homem segura uma estaca de madeira pontiaguda com uma mão e uma pedra com a outra. Ao fundo, uma fileira de estacas presas ao chão.
Ilustração atual representando cenas de criação de tecnologias pelos seres humanos no período da história antes da escrita.

FONTE: rígãm, C. La vida en el Paleolítico. Madrid: Ediciones Akal, 1990.

A necessidade de cultura e a expressão artística

A capacidade humana de transformar e produzir o ambiente é passada de geração em geração. O conjunto de saberes necessários para isso fórma o que se denomina cultura. Entre esses conhecimentos, estão os usados para fazer um avião, criar uma religião ou elaborar um código de leis de trânsito.

A necessidade de aprender e de produzir novos conhecimentos é uma característica dos seres humanos, e o desenvolvimento da linguagem é fundamental para isso. Uma geração aprende perguntando, ouvindo explicações e observando as produções e as técnicas da outra. As pessoas precisam receber a cultura das que as antecedem, aprender a se relacionar com diversos grupos, interagir e cooperar com eles.

A arte, por ser uma expressão humana, também faz parte do que se denomina cultura. Há mais ou menos 50 mil anos, os ômo neãndertalêncis e os Omo sápiens passaram a produzir várias manifestações artísticas em fórma de desenhos. A maioria desses desenhos foi feita em paredes de cavernas, paredões e abrigos rochosos; por isso, o conjunto deles é chamado de registro rupestre – o termo latino rúpes significa “pedra” ou “rocha”.

Nunca se saberá ao certo os sentimentos e pensamentos que os primeiros humanos quiseram registrar naquelas complexas manifestações, mas é provável que eles tenham expressado por meio da arte suas necessidades, crenças, medos e sonhos. O que se sabe é que a capacidade de produzir arte, ou seja, de imaginar mundos que não existem e aplicá-los ao mundo real é uma característica humana.

Fotografia. Várias palmas de mãos impressas na parede de uma caverna.
Registro rupestre encontrado na Caverna de las Manos, em Santa Cruz, Argentina. Foto de 2020.
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São encontrados registros rupestres de mãos pintadas, animais, constelações e outros elementos da natureza em várias partes do planeta.

Dica

FILME

Kiriku, os homens e as mulheres

Direção: michél Ocelot. França, 2012. Duração: 88 minutos

Nesse filme, o avô de Kiriku conta a história do menino, habitante de um vilarejo na África que salva sua aldeia de diversos perigos. Na trama, uma contadora de histórias aparece na aldeia, demonstrando que uma geração aprende com a outra e enfatizando a importância da transmissão oral do conhecimento entre seres humanos.

As divisões da história antes da escrita

No século dezenove, os pesquisadores pensavam que só poderia haver história quando houvesse escrita. Assim, criaram o termo Pré-história para designar todo o período anterior à escrita. Esse critério, porém, é muito simplificador, pois desconsidera todos os outros vestígios deixados pelos seres humanos antes de desenvolver a escrita, como os artefatos criados e os registros rupestres.

Por isso, atualmente, prefere-se chamar o período anterior ao uso da escrita de história Pré-escrita, em vez de Pré-história. Feita essa observação, você vai conhecer a divisão mais tradicional da história antes da escrita.

O Paleolítico

O primeiro marco da divisão da história Pré-escrita é o Paleolítico, que corresponde ao período em que os seres humanos usavam instrumentos feitos de pedra lascada, que já eram empregados havia cêrca de 2,5 milhões de anos por outros hominídeos.

Além de instrumentos de pedra, os humanos que viveram nesse período utilizavam outros tipos de material, como ossos, sementes e madeira. Eles compunham pequenos grupos e não havia definição de papéis para homens e mulheres, ou seja, indivíduos de ambos os sexos realizavam as mesmas atividades, apesar de poder existir uma divisão de tarefas entre eles.

Eles se alimentavam de pequenos mamíferos, peixes, crustáceos, insetos, raízes e frutas. Eram, portanto, caçadores-coletores. Como a caça se movimentava e a coleta dependia das estações do ano, esses grupos eram nômades.

Fotografia. Diferentes artefatos de pedra. Na parte superior, lado a lado, quatro objetos pontiagudos, Na parte inferior, reunidos, quatro objetos redondos.
Objetos produzidos no Paleolítico. Os quatro primeiros, de cima para baixo, são ferramentas feitas de sílex, um tipo de rocha, entre 35 e 10 mil anos atrás. Os quatro últimos são ferramentas de pedra produzidas há cêrca de 1,5 milhão de anos.
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No Paleolítico havia instrumentos líticos, ou seja, “feitos de pedra”, de diversos tipos: arpões para pesca, agulhas de costura, machadinhas (também chamadas bifaces) usadas para cortar os mais diversos tipos de material, facas, perfuradores e raspadores utilizados para separar a carne dos ossos dos animais caçados e tirar e tratar sua pele.

O “berço da humanidade”

Os vestígios mais antigos produzidos pelos seres humanos foram encontrados na África. É por isso que se afirma que o continente é o “berço da humanidade”.

África: vestígios dos primeiros seres humanos

Mapa. África: vestígios dos primeiros seres humanos. Apresenta o continente africano.
Legenda: 
Triângulo verde: África do Sul.
Triângulo vermelho: Tanzânia.
Triângulo laranja: Quênia.
Triângulo roxo: Etiópia.
No mapa, ao sul, cinco triângulos estão localizados na África do Sul. A leste, três triângulos estão localizados na Tanzânia; cinco no Quênia; e dois na Etiópia. No canto inferior direito, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 1.030 quilômetros.

FONTE: KI-ZERBO, J. Metodologia e pré-história da África. segunda edição Brasília: unêsco, 2010. página 454. volumeum (Coleção História geral da África).

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Imagens em contexto!

Os vestígios mais antigos que podem ser considerados humanos foram encontrados nos pontos marcados no mapa, ao leste e ao sul da África.

Por algum motivo que ainda se desconhece, no Paleolítico os humanos migraram para outras regiões, ultrapassando os limites do continente africano. Antes disso, outras espécies de hominídeos, como os neandertais, também tinham deixado a África, e seus fósseis foram encontrados na Ásia e na Europa.

De fórma geral, a migração humana começou na África Oriental entre 190 e 160 mil anos. No início, eles se deslocaram para outros lugares do continente africano. Depois, entre 100 e 60 mil anos, ocuparam regiões mediterrâneas, na Europa e no Oriente Médio.

Na China, os fósseis de humanos mais antigos têm cêrca de 80 mil anos. De lá, eles ocuparam a Oceania e, posteriormente, a América.

Mundo: expansão do gênero ômo

Mapa. Mundo: expansão do gênero homo. Apresenta o planisfério político com o nome dos continentes.
Legenda:
Seta vermelha: Rota de expansão do Homo erectus.
Seta rosa: Rota de expansão do Homo neanderthalensis.
Seta roxa: Rota de expansão do Homo sapiens.
No mapa, a rota de expansão do homo erectus parte do centro da África e apresenta duas ramificações, uma em direção ao noroeste do continente, e outra que atravessa a península arábica, em direção ao sul da Ásia.
A rota de expansão do homo neanderthalensis parte do norte da África em direção ao oeste da Europa. 
A rota de expansão do homo sapiens parte do centro da África e apresenta três ramificações: uma em direção ao oeste da Europa; outra passa pela Ásia e vai até o sul do continente, atravessando o Oceano Índico em direção à Oceania; e a terceira atravessa a Ásia pelo norte, passa pelo Estreito de Bering e vai até a América, atingindo o território dos atuais Estados Unidos. No canto inferior esquerdo, a rosa dos ventos e escala de 0 a 2.700 quilômetros.
 

FONTE: SANTOS, F. R. A grande árvore genealógica humana. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, volume 21, número 1-2, janeiro-dezembro 2014, página 105.

O Neolítico

Por volta de 12 mil anos atrás, alguns grupos humanos começaram a fazer instrumentos principalmente de pedra polida. O período em que isso ocorreu, marcado pelo aperfeiçoamento de pilões e moinhos de grãos, além de enxadas, foices e machados de pedra, entre outros objetos, é denominado Neolítico.

Você prestou atenção nos tipos de instrumento que foram citados? Não eram instrumentos de caça, certo? Eles são um forte indício de que os grupos humanos do Neolítico começaram a plantar vegetais. Essa tarefa era executada provavelmente pelas mulheres. Normalmente responsáveis pela coleta de vegetais, é provável que elas tenham percebido o ciclo reprodutivo das plantas. Assim, deram início ao processo de domesticação de espécies para cultivá-las.

Nesse processo, modificaram frutos, folhas e grãos por meio da seleção das sementes, aperfeiçoando as plantações. Além disso, passaram a escolher os terrenos mais adequados para plantar e programar as regas, a colheita e o armazenamento do que foi colhido, por exemplo.

Esse processo de domesticação da natureza, que recebeu o nome de Revolução Agrícola, durou milhares de anos e aconteceu em diversos lugares do planeta. São considerados berços da agricultura: o Oriente Próximo, a China e o sul do México.

Mundo: agricultura e criação de animais – a partir de 8000 antes de Cristo

Mapa. Mundo: agricultura e criação de animais a partir de oito mil antes de Cristo. Mapa com a representação de terras na América, África, Europa e Ásia, destacando áreas de cultivo de alimentos e criação de animais.
Na legenda, ilustrações representam os seguintes elementos: algodão, arroz, aveia, batata, cânhamo, centeio, cevada, ervilha, feijão, inhame, lentilha, mandioca, milho, painço, sorgo, trigo, cabra, carneiro, boi, cavalo, porco, galinha, ganso e lhama.
Em amarelo: área de origem das principais culturas agrícolas e da criação de animais.
Em vermelho: Crescente Fértil.
No mapa, na região do Crescente fértil, localizada no Oriente Médio, foram indicados os seguintes elementos: Criação de carneiros, oito mil antes de Cristo; criação de cabras, sete mil e quinhentos antes de cristo; cultivo de ervilhas, sete mil antes de Cristo; cultivo de trigo, seis mil antes de Cristo.
Áreas de origem das principais culturas agrícolas e da criação de animais foram indicadas nos quatro continentes representados. Na América central: Cultivo de milho, seis mil antes de Cristo; cultivo de feijão, três mil antes de Cristo. Na costa oeste da América do Sul: cultivo de batata, oito mil antes de Cristo; cultivo de feijão, sete mil antes de Cristo; criação de lhamas, quatro mil antes de Cristo; cultivo de algodão, três mil e trezentos antes de Cristo. Na costa leste da América do Sul: cultivo de mandioca, cinco mil antes de Cristo; cultivo de inhame, três mil antes de Cristo.
Na África: cultivo de cevada, oito mil antes de Cristo; cultivo de trigo, seis mil antes de Cristo; cultivo de sorgo, quatro mil antes de Cristo; cultivo de painço, três mil antes de Cristo. Na Europa: cultivo de centeio, oito mil antes de Cristo; criação de porcos, sete mil antes de Cristo; cultivo de aveia, seis mil e quinhentos antes de Cristo; criação de bois, seis mil e quinhentos antes de Cristo. Na Ásia, na região do Oriente Médio: criação de gansos, oito mil antes de Cristo. Na porção central da Ásia: cultivo de lentilhas, sete mil antes de Cristo; cultivo de cânhamo, cinco mil e quinhentos antes de Cristo; cultivo de algodão, quatro mil e quinhentos antes de Cristo; criação de cavalos, três mil e quinhentos antes de Cristo. No Sudeste asiático: criação de galinhas, oito mil antes de Cristo; cultivo de arroz, oito mil antes de Cristo e três mil e quinhentos antes de Cristo; criação de porcos, sete mil antes de Cristo; cultivo de inhame, sete mil antes de Cristo; cultivo de painço, seis mil antes de Cristo.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 2.700 quilômetros.

FONTE: PARKER, G. (edição). Atlas da história do mundo. São Paulo: Times: Folha de São Paulo, 1995. página 38-39.

Ícone. Ilustração de um símbolo de localização sobre um folheto aberto e em branco, indicando o boxe Se liga no espaço!

Se liga no espaço!

Responda no caderno.

Observe no mapa os locais e as datas aproximadas da domesticação de certas espécies e depois explique por que a Revolução Agrícola não atingiu todos os grupos humanos ao mesmo tempo.

O processo da sedentarização

A Revolução Agrícola causou alterações profundas na vida dos humanos. Com o domínio da agricultura, vários grupos abandonaram os deslocamentos periódicos, tornando-se gradualmente sedentáriosglossário . Como as plantações precisavam de cuidados constantes, as pessoas tinham de permanecer perto dos locais cultivados. Por isso, começaram a construir nas proximidades das lavouras moradias com diferentes materiais, como pedra, madeira e barro.

Ao se fixar para cuidar das plantações, os humanos passaram a precisar de vasilhas para guardar o que colhiam e para cozinhar. Assim, desenvolveram a cerâmica. Ao mesmo tempo que isso ocorria, começaram a domesticar animais e explorá-los a fim de obter carne, leite e pele (para confeccionar roupas e utensílios).

Fotografia. Quatro potes feitos de cerâmica com diversos tamanhos e formas, sendo um pequeno e um grande de boca larga, e um pequeno e um grande de boca afunilada, parecidos com jarros. Ambos apresentam duas alças laterais.
Potes de cerâmica, produzidos por volta de 4000 antes de Cristo, encontrados na região da Catalunha, atual Espanha.

A sedentarização tornou os humanos mais dependentes do grupo e do sucesso da colheita, da qual todos participavam de alguma fórma. Além disso, eles precisavam garantir a segurança alimentar e física uns dos outros (pois grãos em abundância podiam atrair grupos rivais buscando comida fácil), e a organização social foi ficando cada vez mais complexa. Com mais comida, eles puderam ampliar a capacidade de formar grupos maiores.

Essa revolução no modo de vida foi irreversível. Apesar de ainda existirem grupos humanos vivendo como caçadores-coletores, a maioria é sedentária.

Fotografia. Pequena casa de barro com telhado triangular de palha em meio à vegetação.
Reconstrução atual de uma casa neolítica no sítio arqueológico de Százhalombatta, nas proximidades de Budapeste, Hungria. Foto de 2020.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Nos períodos Paleolítico e Neolítico, a habilidade de tecer fios e cordas era muito importante para a conquista do ambiente. Por isso, homens e mulheres teciam redes de pesca e de caça e, após se sedentarizarem, desenvolveram técnicas de trançar palha e outras fibras vegetais para com elas produzir telhados de casas, roupas, cestos, cordas e diversos outros utensílios.

A descoberta dos metais

Alguns grupos humanos desenvolveram a técnica de produzir objetos de metal no final do Período Neolítico. Há cêrca de 8 mil anos, o cobre começou a ser empregado na produção de ornamentos e utensílios.

A utilização do fogo para fundir o minério de cobre ao estanho originou o bronze, 2 mil anos depois. Essa liga metálica foi utilizada para produzir armas e ferramentas, entre outros objetos.

Por volta de .3500 anos atrás, passou a ser difundido o uso do minério de ferro aquecido em fornos e misturado ao carbono e ao manganês, obtendo uma liga ainda mais resistente. Os seres humanos, então, passaram a empregar o ferro na produção de armas e ferramentas agrícolas, como o arado e a enxada.

Os pioneiros no uso do ferro parecem ter sido os antigos habitantes da Índia, por volta de 1800 antes de Cristo, ou os mesopotâmicos, por volta de 2000 antes de Cristo

Assim como ocorreu com a agricultura, nem todos os grupos humanos criaram técnicas para fundir o ferro no mesmo período. Há até muitos grupos que nunca o fizeram, como os povos indígenas americanos. Além disso, antigos materiais e técnicas continuaram a ser utilizados após o desenvolvimento de outros.

Isso mostra como os grupos humanos são diferentes uns dos outros e, principalmente, que uma época não é melhor do que a anterior apenas por contar com uma tecnologia aperfeiçoada ou pela possibilidade de usar um metal mais resistente que outro.

Fotografia. Homem de boné, bermuda e camisa listrada em cima de um pequeno barco em um rio jogando uma rede de pesca na água.
Pescador no Rio São Francisco, em Lagoa Grande (Pernambuco). Foto de 2021.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Você percebeu que até os dias de hoje são utilizadas técnicas inventadas no período chamado de história pré-escrita, como as utilizadas para produzir fogo, forjar instrumentos de ferro e confeccionar redes de pesca? Toda a tecnologia empregada nessas tarefas foi desenvolvida pelos seus antepassados!

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Qual foi a importância do fogo para as espécies do gênero ômo?
  2. Por que os seres humanos têm necessidade de cultura?
  3. Explique o que foi a Revolução Agrícola apontando algumas das transformações que ela trouxe para os humanos.

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. Identifique o período da história pré-escrita em que os objetos das imagens a seguir começaram a ser usados.
Fotografia. Três artefatos de pedra, em cuja superfície é possível perceber as marcas de lascas.
Ferramentas de pedra lascada produzidas há c. 1,5 milhão de anos expostas no Museu de Arqueologia Nacional em Saint-Germain-en-Laye, França.

b)

Fotografia. Três artefatos de pedra de superfície lisa e arredondada.
Machados e foice feitos de pedra polida produzidos há c. 3.500 anos, encontrados em East Knoyle, Wiltshire, Reino Unido.

c)

Fotografia. Quatro artefatos de metal retangulares, com pontas arredondadas, de diferentes espessuras.
Machados feitos de cobre produzidos entre 4500 e 3000 antes de Cristo, encontrados na Europa Central e Oriental.

d)

Fotografia. Jarro de cerâmica com desenhos de linhas na parte de cima.
Jarro de cerâmica da cultura majiayao produzido em cêrca de 2500 antes de Cristo, encontrado na China.
  1. Indique, no caderno, a correspondência entre letra e número nos itens a seguir.
    1. Lucy.
    2. Domínio do fogo.
    3. Linguagem verbal.
    4. Revolução Agrícola.
    1. Possibilitou proteção e mudanças no convívio social.
    2. Processo em que houve a domesticação de animais e plantas.
    3. Relaciona-se ao aprendizado e à transmissão de conhecimento.
    4. Um dos fósseis mais antigos de hominídeos.
  2. Leia as afirmações a seguir e verifique se elas são verdadeiras ou falsas. Anote as respostas no caderno.
    1. De acordo com a teoria da evolução, as espécies não se modificam ao longo do tempo.
    2. Ao desenvolver a agricultura, os seres humanos modificaram frutos, folhas e grãos por meio da seleção das sementes.
    3. O Omo sápiens é a única espécie do gênero ômo ainda existente, mas conviveu com outras espécies de hominídeos no passado.
    4. As narrativas mítico-religiosas partem de evidências verificáveis e metodologias científicas para explicar a origem da vida dos humanos.
    5. Após o desenvolvimento da agricultura, vários grupos humanos continuaram a caçar e coletar e a viver como nômades.

Aprofundando

4. Observe as tirinhas para responder às questões.

 um

Tirinha composta por 3 quadros. Apresenta Darwin, homem calvo de barba longa e branca, usando roupas escuras; e outro homem, representando Deus, calvo de barba longa branca, usando roupas claras.
Quadro 1: Deus fala: 'Darwin, olhe isso'.
Quadro 2: Deus aponta para o chão e solta uma energia em direção a um pouco de pó, à direita.
Quadro 3: O pó se transforma em um passarinho colorido, que canta. Darwin responde a Deus: 'Isso foi uma indireta?'.
Um sábado qualquer, tirinha de Carlos Ruas, 2016.

 dois

Tirinha composta por 2 quadros. Apresenta Darwin, homem calvo de barba longa e branca, usando roupas escuras; e outro homem calvo de barba longa branca, representando Deus, usando roupas claras.
Quadro 1: Deus, vestindo um chapéu cônico colorido, com uma caixa de presente na mão, fala: 'Ok Darwin, sem piadas desta vez. Toma! Um dinossauro de presente!'.
Quadro 2: A caixa aparece no chão, desembrulhada, enquanto Darwin segura uma galinha nas mãos, que faz POCÓ. Deus exclama: 'Droga! Evoluiu!'.
Um sábado qualquer, tirinha de Carlos Ruas, 2016.
  1. Que tipos de explicação para a origem da vida estão presentes nas tirinhas?
  2. Que elementos presentes nas imagens você observou para responder à questão anterior?
  3. “Se me mostrarem um único ser vivo que não tenha ancestral, minha teoria poderá ser enterrada.” Essa frase é atribuída a chárlis Dárvin. A tirinha dois está de acordo com essa ideia? Justifique sua resposta.

5. Leia o trecho a seguir e, depois, escreva um texto dissertativo sobre a importância da cultura para os seres humanos.

   “[...] os resultados da experiência humana conservam-se reticências graças aos livros, aos monumentos [...], aos utensílios, a todo o gênero de instrumentos que se transmite de geração em geração, à tradição oral, etcétera reticências Em vez de se dissipar [...], a sabedoria humana acumula-se sem fim [...]”.

durcáim, E. Educação e sociologia. São Paulo: Edições 70, 2007. página 59.

Lembre-se de que uma redação deve apresentar pelo menos um parágrafo introdutório sobre o tema que você escreverá, uma parte de desenvolvimento do assunto, na qual você exporá suas ideias a respeito do tema e, por fim, a conclusão do texto, com pelo menos um parágrafo.

Glossário

Consenso
: concordância de opiniões.
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Fóssil
: resto de um ser vivo ou evidência de suas atividades preservada em diversos materiais, como as rochas ou o gelo.
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Curtume
: técnica usada para curtir (ou seja, amaciar) couro.
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Paleontólogo
: cientista dedicado ao estudo das fórmas de vida existentes em períodos geológicos passados, com base em fósseis.
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Sedentário
: indivíduo que não se movimenta muito, parado.
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