CAPÍTULO 5 AS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES AFRICANAS
Nesta página, estão reproduzidas duas fotografias do mural feito pelo artista Eduardo Kobra e sua equipe para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Na obra, que mede mais de 3 mil metros quadrados, o artista representou integrantes de cinco povos, um de cada continente: o rúli (da Oceania), o mursi (da África), o caín (da Ásia), o súpi (da Europa) e o Tapajó (da América). Na primeira foto, está a pintura de uma representante do povo mursi, que vive no sudoeste da Etiópia. A seguir, você pode conferir a obra de Eduardo Kobra em tamanho maior.
Responda oralmente.
- O que o artista brasileiro Eduardo Kobra representou nesse mural?
- Que mensagem ele pretendeu transmitir com essa representação?
- Que relações é possível estabelecer entre o tema desse mural e as antigas civilizações africanas? Explique seu ponto de vista.
África: um continente presente
A África é um grande continente e parte de sua história se associa à do Brasil. Você sabe por quê? Entre os séculos dezesseis e dezenove, milhões de africanos de origem bãnto, do Golfo do Benin, do centro-oeste do continente, da Senegâmbia, de Serra Leoa e da Costa do Ouro (no Golfo da Guiné), foram obrigados a vir para o Brasil na condição de escravizados, como você estudará no ano que vem.
Durante o período colonial, os encontros entre os africanos escravizados, os colonizadores europeus e os povos indígenas que viviam na América foram, muitas vezes, violentos e resultaram no Brasil atual, país com muitas riquezas e profundas contradições e desigualdades.
A sociedade brasileira está marcada pela herança cultural dos povos da África. A influência das culturas africanas está presente, por exemplo, na maneira de sentir o mundo e de lidar com as pessoas, nas crenças e no gosto artístico dos brasileiros.
Além disso, na língua portuguesa há muitas palavras originadas dos idiomas africanos: angu, banguela, batuque, berimbau, cafuné, camundongo, calundu, caxumba, dengo, fubá e uma infinidade de outras.
Imagens em contexto!
O grafite representa a memória da luta dos negros no Brasil. A região do Valongo, na cidade do Rio de Janeiro, foi o local de desembarque de milhões de africanos escravizados. Já a Casa do Benin, na cidade de Salvador, é um museu fundado para incentivar reflexões sobre as relações entre a cultura baiana e a cultura do Golfo do Benin.
África plural
Você já escutou alguém dizer: “Lá na África, as pessoas vivem assim ou assado”? Essa afirmação está incorreta, pois passa a ideia de que na África há apenas uma cultura. Seria o equivalente a dizer: “No Equador, as pessoas vivem da mesma fórma que no Brasil, na Argentina e na Bolívia”. Os brasileiros têm coisas em comum com outros americanos, mas há muitas culturas na América. Isso vale para qualquer continente, inclusive a África.
Para compreender a pluralidade africana, pode-se pensar sobre a diversidade linguística dos povos que vivem lá. No continente, que tem cêrca de 30 milhões de quilômetros quadrados, são faladas cêrca de 2 mil línguas e milhares de dialetosglossário . Isso corresponde a 30% dos idiomas falados em todo o planeta!
Os povos africanos somam mais de 1 bilhão de pessoas, que vivem em 58 países com diferentes biomasglossário , como as florestas, a savana e os desertos, e desenvolveram técnicas e culturas distintas para sobreviver em cada um deles.
Se liga no espaço!
Responda no caderno.
As imagens retratam dois lugares da África bastante distintos. Quais são as principais diferenças da paisagem nestas duas fotos?
Cruzando fronteiras
O continente africano apresenta vários tipos de relevo, como cadeias montanhosas, planícies e planaltos. Analise o mapa e leia o texto a seguir. Depois, responda às questões.
África: relevo
FONTE: FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. quinta edição São Paulo: Moderna, 2019. página 82.
“ reticências Habitado por nômades, é cruzado por rotas de caravanas há séculos. Embora não tenha impedido a comunicação entre a África tropical e o Mediterrâneo, desde a Antiguidade até a Época Moderna, o Saara agiu como um filtro, limitando a penetração de influências mediterrâneas reticências. Desse modo, o maior deserto do mundo desempenhou um papel capital no isolamento geográfico de uma grande parte da África [...].
Devido à sua natureza maciça e seu relevo, a África ficou geograficamente isolada do mundo mediterrâneo [...].”
DIARRA, S. Geografia histórica: aspectos físicos. In: qui zêrbo, J. Metodologia e pré-história da África. segunda edição Brasília: unêsco, 2010. volume um, página 348-350. (Coleção História geral da África).
Responda no caderno.
- Identifique pelo menos dois tipos de relevo representados no mapa.
- Que elemento físico dificultou o contato de parte da África com o mundo mediterrâneo?
- Com base no texto, é possível afirmar que, durante a Antiguidade e a Idade Moderna, o continente africano estava completamente isolado? Justifique sua resposta.
O Egito antigo
Entre 8000 antes de Cristo e 5000 antes de Cristo, o clima no planeta Terra tornou-se mais úmido. A umidade provocou a cheia de alguns rios e lagos africanos. São desse período os primeiros registros arqueológicos do plantio de cereais, como o sorgo e o arroz, e de objetos feitos de metal.
No continente africano, os sítios arqueológicos em que foram encontrados vestígios de objetos de metal e de práticas agrícolas são datados entre 3800 antes de Cristo e 3000 antes de Cristo Eles se concentram principalmente nas proximidades do Rio Nilo e na Núbia.
O Nilo é o segundo maior rio do mundo. Ao sul, na região do Alto Nilo, o rio se mantém perene em todas as estações do ano por causa das chuvas frequentes e da proximidade com os lagos Vitória e Tana.
Na região do Baixo Nilo, o clima é seco, mas o rio sempre transborda. Isso ocorre por causa do volume de chuvas que incidem nos lagos e na região do Alto Nilo. As águas que transbordam nas margens do Nilo carregam restos de plantas e de animais. Quando as cheias acabam, esses materiais orgânicos ficam depositados nas margens do rio, tornando-as muito férteis. Por isso, a terra das margens do Nilo é chamada quemét, que significa “terra preta” ou “terra fértil”.
Por sua importância para os antigos egípcios, o historiador grego Heródoto, que provavelmente esteve no Egito no século cinco antes de Cristo, afirmou: “O Egito é uma terra nova e uma dádiva do Nilo”.
FONTE: BELER, A. G. de. O Egito antigo passo a passo. São Paulo: Claro Enigma, 2016. página 8. (Coleção Passo a passo).
O regime de cheias e a agricultura
Em razão do regime de cheias, o Rio Nilo tornou-se elemento central na vida dos antigos egípcios. Eles usavam o rio para plantar alimentos, como cereais (cevada, trigo e arroz), frutas (uvas e tâmaras, entre outras) e hortaliças. Eles também criavam animais, como gado bovino (usado para auxiliar no trabalho da lavoura), cabras, ovelhas e pequenas aves, como cisnes, marrecos e patos.
Além disso, o Nilo era quase todo navegável, o que facilitava a comunicação e o transporte de pessoas e de cargas de diferentes locais. Ao longo do tempo, os egípcios realizaram obras, como a construção de barragens, diques e canais, para conter e aproveitar melhor as águas do rio.
A vida no Egito antigo era tão marcada pelo movimento do Nilo que até mesmo o calendário era dividido de acordo com o ritmo desse rio. Para os egípcios antigos, o ano era composto de 365 dias e dividido em 12 meses e três estações, que correspondiam ao ciclo do rio: a de inundação ( aquét), a de semeadura ( perê) e a de colheita ( xemú).
Os ciclos do Rio Nilo e o calendário no Egito antigo
FONTE: beler, A. G. de. O Egito antigo passo a passo. São Paulo: Claro Enigma, 2016. página 9. (Coleção Passo a passo).
Dica
LIVRO
O Egito antigo passo a passo, de Aude Gros de Beler. São Paulo: Claro Enigma, 2016. (Coleção Passo a passo).
Para quem quer conhecer melhor essa antiga civilização africana, a narrativa desse livro é muito convidativa e as ilustrações ajudam a pensar em como seria viver no Egito na Antiguidade.
A religiosidade egípcia
A religiosidade marcava o cotidiano dos egípcios, que eram politeístas. Eles acreditavam que a terra do Egito tinha sido criada por num, o deus que representava o líquido que deu origem ao universo. Esse líquido era associado às águas do Rio Nilo.
Para eles, o deus Quinum e suas esposas sátis e anuquet eram responsáveis pela fertilidade do solo das margens do Rio Nilo. Os antigos egípcios adoravam ainda várias outras divindades, como Anúbis, Ísis e tót.
O nome e as características de cada deus podiam variar de uma região para outra. Muitos tinham características de animais e em cada cidade era adorado um ou mais deuses.
Os egípcios pensavam que, se alguém contrariasse as divindades, uma severa punição poderia se abater sobre esse indivíduo, sua família e até sobre todo o Egito. Eles também acreditavam na vida após a morte. Essa crença era expressa em práticas como a da mumificaçãoglossário .
Alguns dos deuses egípcios
FONTE: beler, A. G. de. O Egito antigo passo a passo. São Paulo: Claro Enigma, 2016. página 12-13. (Coleção Passo a passo).
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Explique de que modo a história da África e a do Brasil se associam. Cite exemplos de duas heranças culturais que os brasileiros receberam dos povos africanos.
- Qual foi a importância do Rio Nilo para o desenvolvimento da sociedade egípcia?
Sistemas de escrita no Egito antigo
No Egito havia três sistemas de escrita. O mais antigo, formado por volta de 4000 antes de Cristo, combinava símbolos que representavam ideias (ideogramas) e outros que representavam sons (fonemas). Esse sistema era usado em inscrições em monumentos, templos, túmulos e documentos oficiais. Era chamado de hieroglífico, que vem da palavra grega hieróglufus e significa “escrita sagrada”.
Hieróglifo |
Leitura logográfica |
Determinativo |
---|---|---|
|
Homem |
Homem |
|
Homem com a mão na boca |
Atividade feita com a boca |
|
Ancião |
Ancião, nobre |
|
Mulher |
Mulher |
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Criança |
Criança, filho |
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Deus |
Divindade |
|
Rolo de papiro |
Conceito abstrato |
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Árvore |
Vegetação |
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Pele de mamífero |
Animal |
|
Montanhas |
Deserto, região, montanhas |
|
Encruzilhada |
Cidade, civilização |
|
Traço vertical |
O número 1 |
No sistema hieroglífico, havia símbolos específicos para representar nomes e conceitos. A combinação desses símbolos gerava, ainda, outros sentidos. A leitura de um hieróglifo usado sozinho para representar objeto a que se refere é denominada logográfica. O determinativo é uma leitura com interpretação do hieróglifo.
FONTE: GRAMÁTICA egípcia clássica. aegptológus, 2021. Disponível em: https://oeds.link/8b1GfF. Acesso em: 5 janeiro 2022.
Além do hieroglífico, os egípcios criaram dois sistemas de escrita mais simples: o hierático (usado em documentos religiosos ou sacerdotais) e o demótico (empregado nos contratos de venda e em textos jurídicos e administrativos cotidianos).
A unificação do Egito
Na história do Egito anterior à escrita, ao longo do Rio Nilo formaram-se aldeias. Tais aldeias, que realizavam trocas comerciais e alianças entre si, juntaram-se, formando agrupamentos maiores denominados nomos. É provável que isso tenha ocorrido por causa da necessidade de construir obras para controlar as águas do Rio Nilo.
Com o tempo, alguns nomos da região do Baixo Nilo se uniram, formando o chamado Reino do Baixo Egito, enquanto outros nomos constituíram o Reino do Alto Egito, ao sul.
Por volta de 3200 antes de Cristo, Menés (ou Narmer) tornou-se o primeiro faraó, ou seja, o líder do Alto e do Baixo Egito, dando início à história do Egito antigo propriamente dita. De acordo com a tradição egípcia, ele era descendente dos chefes das últimas aldeias neolíticas ao norte do Nilo.
O Antigo Império
Entre os anos 2700 antes de Cristo e 2220 antes de Cristo, iniciou-se o período da história do Egito chamado Antigo Império. O faraó, governante desse império, detinha o poder político e, ao mesmo tempo, era reconhecido como um deus encarnado entre os seres humanos.
Na visão dos antigos egípcios, a prosperidade e a estabilidade do reino dependiam do faraó, que tinha como missão garantir as cheias do Nilo. Sob sua responsabilidade também estavam o comando do exército, os tribunais de justiça e as atividades econômicas essenciais, como a exploração das minas e o contrôle dos armazéns.
Para auxiliar o faraó, havia uma grande rede de funcionários reais que sabiam ler, escrever e fazer contas. Esses funcionários eram chamados escribas.
Imagens em contexto!
Os escribas exerciam funções diversas, como o registro de contratos e testamentos e a arrecadação de taxas, além da fiscalização e do contrôle de construções, de colheitas e do armazenamento de grãos. A condição de escriba geralmente significava melhora na condição social de uma pessoa, que podia com esse título ser nomeada para cargos elevados no império.
Analisando o passado
As fotos nesta página mostram um importante artefato arqueológico: a Paleta de Narmer. As paletas geralmente eram usadas pelos egípcios para aplicar cremes e loções na pele, mas a Paleta de Narmer era utilizada em cerimônias.
Ela mede 64 centímetros de altura por 42 centímetros de largura e tem inscrições e relevos na frente e no verso. Essas inscrições provavelmente são o registro mais antigo que se conhece da unificação do Alto e do Baixo Egito.
Analise os detalhes da paleta.
FONTE: CASSON, L. O antigo Egito. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969. página 60-61.
Responda no caderno.
- Qual é a história contada nas inscrições e relevos da Paleta de Narmer? Cite os elementos das imagens que representam cenas dessa história.
- Há elementos representados na paleta que indicam violência nesse processo? Explique.
Organização administrativa no Antigo Império
Durante o Antigo Império, os egípcios construíram grandes cidades e centros administrativos e religiosos. Muitos egípcios habitavam esses locais, mas a maior parte da população vivia nas aldeias.
As aldeias e as cidades constituíam os nomos, que eram administrados pelos nomarcas. Eles tinham autonomiaglossário para governar em nome do faraó. Junto aos nomarcas, o vizír (que, de origem árabe, significa “ministro”) era o responsável pelos tribunais de justiça e pela supervisão dos departamentos do governo.
Funcionários do governo, sacerdotes e nomarcas constituíam a elite da sociedade egípcia. Os cargos que eles exerciam eram hereditáriosglossário .
Os camponeses, que eram chamados de felás, formavam a maioria da população. Em geral, os felás pagavam impostos pelo uso da terra a eles destinada pelo faraó com parte da produção de cereais que cultivavam. Os felás eram obrigados a trabalhar em obras públicas, como canais de irrigação, palácios, templos e túmulos, caso fossem convocados pelas autoridades.
Imagens em contexto!
As pirâmides de Gizé foram construídas no Antigo Império como túmulos reais. O complexo inclui as pirâmides das rainhas, templos, mastabasglossário e alguns cemitérios.
A organização social
Apesar de realizarem trabalho forçado, os camponeses do Egito antigo não eram escravizados. Nessa sociedade, os escravizados normalmente eram prisioneiros de guerra e compunham a minoria da população. Entre os felás e a elite, havia artesãos bastante valorizados, comerciantes, soldados e escribas.
Divisão social no Egito antigo
Fonte: BELER, A. G. de. O Egito antigo passo a passo. São Paulo: Claro Enigma, 2016. página 14-15, 18-27, 65.
O papel das mulheres
Na sociedade egípcia, as mulheres possuíam alguns direitos, como o de ter bens, escolher uma profissão e casar-se com quem quisessem. O divórcio era previsto nas leis egípcias e, caso ocorresse, os bens tendiam a ficar com as mulheres. Essas práticas diferem das de outras sociedades que você estudará no decorrer deste ano.
Mulheres no Egito antigo
Fonte: BELER, A. G. de. O Egito antigo passo a passo. São Paulo: Claro Enigma, 2016. página 47-49; SOUZA, A. F. de. A mulher-faraó: representações da rainha ratchepsut como instrumento de legitimação. 2010. Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2010. página 30.
O Médio Império
A partir de 2300 antes de Cristo, os nomarcas do Alto e do Baixo Egito passaram a questionar a autoridade do faraó, reduzindo progressivamente seu poder. Quando as disputas entre eles diminuíram, por volta de 2050 antes de Cristo, teve início o Médio Império. Esse período foi marcado pela elevada produção de alimentos e pela intensificação do comércio.
O Médio Império se encerrou em 1710 antes de Cristo com a invasão dos ícsos. Proveniente da Ásia, esse povo fundou no Egito uma dinastia de governantes, que se manteve por cêrca de mil anos. Durante esse período, ocorreram no Egito inovações, como a invenção de carros de guerra e a melhora nas técnicas de forjar o bronze.
Os ícsos foram expulsos do território pelos egípcios por volta de 1570 antes de Cristo Teve início, então, uma nova dinastia, que inaugurou, em 1560 antes de Cristo, o que os historiadores chamam de Novo Império.
Imagens em contexto!
Havia muitas interações culturais e comerciais durante a Antiguidade. No colar encontrado em uma escavação no Egito, há uma miçanga entalhada (vermelha). Com base no material e no tipo de entalhe, presume-se que ela tenha sido produzida no Vale do Indo, no sul da Ásia, e levada ao Egito através da Mesopotâmia, revelando o contato entre locais muito distantes.
O Novo Império
Durante o Novo Império, que se prolongou até 1069 antes de Cristo, os egípcios estenderam seus domínios até a Palestina, a Síria e a Fenícia e, ao sul, reconquistaram a Núbia. Nesse período, desenvolveu-se uma experiência religiosa singular na história do Egito antigo.
Entre os anos de 1348 antes de Cristo e 1346 antes de Cristo, o faraó Amenófis quarto determinou que, em seus domínios, apenas atôn (o deus solar) poderia ser cultuado. Essa decisão pode ter sido uma das fórmas encontradas pelo faraó para enfraquecer os sacerdotes de Tebas, que estavam cada vez mais poderosos. Amenófis passou, então, a se autodenominar Aquenáton (“aquele que louva atôn”).
Apesar da decisão do faraó de cultuar apenas Aton, muitos egípcios continuaram cultuando outros deuses em segredo. Além disso, o faraó nunca chegou a negar a existência de outros deuses. Dessa maneira, os egípcios não se tornaram monoteístas naquele período.
Após a morte de Aquenáton, seu filho Tutancâmon foi levado ao poder quando tinha 9 anos. Ele restabeleceu o culto aos demais deuses e os privilégios dos sacerdotes.
Texto do Infografico
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Imagens em contexto!
Após a morte de Aquenáton, muitas das estátuas e pinturas que o representavam foram apagadas ou quebradas para tentar apagar a memória de sua existência. Parte dos danos a esse busto, porém, foi causada no final da Segunda Guerra Mundial, no século vinte.
Egito: expansão no Novo Império – 1560 antes de Cristo-1069 antes de Cristo
FONTE: ARRUDA, J. J. de A. Atlas histórico básico. São Paulo: Ática, 1995. página 6.
O fim do Egito antigo
Após um longo período, entre o século onze antes de Cristo e por volta de 660 antes de Cristo, o poder centralizado pelos faraós foi enfraquecido. Na prática, os egípcios voltaram a ser governados por líderes locais, até ser dominados por seus vizinhos cuxitas, que você estudará a seguir.
A partir de 660 antes de Cristo, os egípcios foram dominados por diversos povos, como os assírios, os persas, os gregos e os romanos. O Egito antigo chegou, então, ao fim, após trinta dinastias de faraós, o que equivaleu a uma história de 150 gerações seguidas.
Reino de Cuxe
Na África antiga, havia reinos e sociedades com diferentes fórmas de organização, como a dos egípcios, a dos berberesglossário , que viviam em pequenos grupos nômades na região nordeste da África, e as dos povos falantes das línguas banto, que habitavam a África Central.
Por volta de 2000 antes de Cristo, formaram-se os reinos de Kerma, ao sul do império egípcio, onde hoje se localiza o Sudão, em uma área chamada Núbia. Durante o Novo Império, esses reinos foram conquistados pelos egípcios. É provável que, quando eles se libertaram da dominação egípcia, suas tradições tenham formado a base do que seria o Reino de Cuxe.
Cultura, economia e política
Os cuxitas eram politeístas e cultuavam deuses como Amon e Osíris. Eles utilizavam as águas do Rio Nilo para praticar a agricultura e criar animais. Eram comerciantes de produtos valiosos, como ouro, marfim e incenso, e de madeiras nobres, como o ébano, além de peles de animais mamíferos, como leopardos, e penas de aves, como avestruzes.
Por volta do século oito antes de Cristo, o rei cuxita pie dominou o Egito e toda a região do Nilo. Com o avanço assírio sobre o Egito, no século sete antes de Cristo, os cuxitas foram obrigados a retornar para o sul, e o seu domínio sobre o Egito terminou.
De volta à Núbia, no século seis antes de Cristo, os cuxitas adotaram como capital a cidade de Meroé. Supõe-se que, no século quatro antes de Cristo, o Reino de Cuxe chegou ao fim após seu território ser invadido por outros povos núbios, como os axumitas.
Reino de Cuxe – século sete antes de Cristo
FONTE: dêivis, S.; êmberlin, G. ( edição). Graffite as devotion: along the Nile and beyond. Ann Arbor: Kelsey Museum of Archaeology, 2019. página nove.
Reino de axúm
A explicação mítica para a origem do Reino de Axum é narrada na Bíblia. De acordo com esse texto sagrado para os cristãos e os judeus, a rainha de Sabá e o rei Salomão tiveram um filho, melelíc, que se tornou o primeiro governante axumita.
Os historiadores demonstraram que o Reino de axúm se desenvolveu entre os séculos um Depois de Cristo e dez Depois de Cristo e foi um dos centros comerciais mais importantes do mundo antigo. Localizado na região correspondente à da atual Etiópia, o reino teve origem nas relações entre a África, a Mesopotâmia e o Reino de Israel. Pelo território de axúm passavam comerciantes que iam para o Mar Mediterrâneo, atravessavam o Mar Vermelho e chegavam até o Oceano Índico. Esse reino era, portanto, uma região de contato entre o Oriente e o Ocidente.
Durante séculos, o Reino de axúm manteve seus domínios territoriais e sua importância comercial. Com a expansão do islamismo a partir do século sete (que você estudará no capítulo 10), o porto de Adulis, muito importante para os axumítas, foi destruído. Aos poucos, axúm perdeu sua relevância como centro comercial.
Expansão axumita – séculos dois Depois de Cristo- quatro Depois de Cristo
FONTE: cobíxanóv, Y. M. axúm do século um ao século quatro: economia, sistema político e cultura. In: MOKTAR, G. organização. África antiga. Brasília: unêsco, 2010. volume dois, página 387. (Coleção História geral da África).
Se liga no espaço!
Responda no caderno.
Com base no mapa, explique por que a localização geográfica de axúm favoreceu sua condição de centro comercial.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Como ocorreu a unificação do Egito?
- Explique as mudanças religiosas realizadas pelo faraó Amenófis quarto e por que elas desagradaram aos sacerdotes de Tebas.
- Caracterize as relações entre os reinos do Egito e de Cuxe.
- Com base nos reinos que você estudou neste capítulo, explique por que se afirma que a África é um continente plural. Cite exemplos para justificar a explicação.
Atividades
Responda no caderno.
Organize suas ideias
- No caderno, identifique como verdadeiras ou falsas as informações a seguir.
- O Rio Nilo era importante para a fertilização do solo e para a produção agrícola.
- Os ritmos do Rio Nilo serviam como marcos temporais do calendário egípcio.
- O Rio Nilo era um obstáculo para a comunicação entre o Alto Egito e o Baixo Egito.
- Por causa de seu baixo volume, o Rio Nilo não era navegável.
- Analise as ilustrações e, em seguida, no caderno, relacione o número de cada objeto representado no quadro ao grupo social do Egito antigo correspondente, conforme indicado nas alternativas.
- Faraó
- Nobres
- Militares
- Escribas
- Comerciantes
- Artesãos
- Camponeses
3. Em seu caderno, elabore uma legenda para o mapa a seguir, explicando a importância do Reino de axúm.
FONTE: cobíxanóv, Y. M. axúm do século um ao século quatro: economia, sistema político e cultura. ín: móctar, G. organização. África antiga. Brasília: Unesco, 2010. volume dois, página 387. (Coleção História geral da África).
Aprofundando
4. Leia o texto a seguir.
“Inicialmente, só o faraó podia ser mumificado. Após o Antigo Império, o privilégio foi estendido aos nobres e, pouco a pouco, a todos que pudessem pagar. Por ser um processo caro e demorado, praticavam-se mumificações mais simples, conforme os rendimentos da família do morto. Não era exclusiva aos seres humanos. Como na religião egípcia os deuses poderiam se manifestar pelos animais, alguns deles também eram mumificados e até criados para tal fim. A mumificação foi praticada no Egito até os primeiros séculos Depois de Cristo, mas as técnicas e seus resultados variaram a cada período.”
EGITO antigo: mumificação. Museu Nacional. Disponível em: https://oeds.link/Feh9jf. Acesso em: 6 janeiro 2022.
Agora faça o que se pede.- Elabore uma hipótese que explique por que, inicialmente, somente o faraó podia ser mumificado.
- Por que os egípcios mumificavam o corpo dos mortos?
- Com base na leitura do texto, como você imagina que os animais eram tratados no Egito antigo?
- Como você estudou, os egípcios adoravam vários deuses. Alguns deles eram representados com cabeça de animal e corpo de ser humano. Nesta atividade, você vai escrever um manual de dicas para desenhar esse tipo de representação. Para isso, junte-se a alguns colegas e sigam as etapas.
- Pesquisem as características dos seguintes deuses: amít, Anúbis, bástet, hótus e tót. Dividam o trabalho de pesquisa desta maneira:
- Pesquisem em fontes confiáveis – como sites especializados em Egito antigo, livros e revistas impressos sobre o assunto – informações sobre a aparência desses deuses para complementar os dados que vocês já possuem (livro).
- Façam uma ficha com a descrição das características físicas de cada deus. Caso seja possível, colem imagens dos deuses para orientar melhor a produção do manual de desenho.
- Com base nas imagens encontradas na pesquisa e nas fichas elaboradas na etapa anterior, busquem padrões nas representações desses deuses chamados antropozoomórficos (representados com fórma humana e animal). Anotem suas descobertas.
- Identifiquem o que é parecido na maioria das representações e ignorem as eventuais diferenças entre elas, pois, para o manual de desenho, o que vale é estabelecer um padrão que seja facilmente seguido.
- Desenhem os deuses seguindo os padrões identificados por vocês.
- Elaborem o manual de desenho de modo que ele possa ser utilizado por qualquer pessoa. As instruções podem ser organizadas em itens como os indicados a seguir.
- Como desenhar a cabeça.
- Como desenhar o corpo.
- Como representar os adereços.
- As cores mais usadas para representar o deus.
- Comparem o trabalho de vocês com o dos outros grupos e debatam fórmas de melhorar as instruções dos manuais da turma.
- Pesquisem as características dos seguintes deuses: amít, Anúbis, bástet, hótus e tót. Dividam o trabalho de pesquisa desta maneira:
Glossário
- Dialeto
- : variedade de uma língua falada em determinado local ou região.
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- Bioma
- : conjunto dos animais e vegetais que vivem em uma região com determinadas características de solo, vegetação e relevo.
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- Mumificação
- : técnica desenvolvida pelos egípcios para preservar o corpo dos mortos.
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- Autonomia
- : capacidade de tomar decisões de maneira independente.
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- Hereditário
- : transmitido de geração a geração.
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- Mastaba
- : túmulo destinado aos sacerdotes e altos funcionários do Egito antigo.
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- Berbere
- : povo de tradição nômade, que se concentra, principalmente, na região do Magreb, no nordeste africano. Acredita-se que os berberes são descendentes de povos que viveram em 5000 antes de Cristo
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