CAPÍTULO 2 A HISTÓRIA ANTES DA ESCRITA

Observe as imagens desta página. Você consegue perceber a diversidade de seres vivos que há no Brasil? Imagine agora a quantidade de espécies que existem no restante do planeta. Como explicar o modo como todos esses seres se estabeleceram na Terra? E o ser humano, como e onde surgiu? Se você já teve alguma dessas dúvidas, saiba que não está sozinho: as pessoas se questionam sobre sua origem há muito tempo. Neste capítulo, você estudará um pouco do que já se descobriu sobre esse tema.

Fotomontagem. Dezoito fotografias posicionadas lado a lado, numeradas de um a dezoito. Estão organizadas em três linhas, com seis imagens cada uma. Na primeira linha: 1. Beija-flor verde voando próximo de uma flor arroxeada. 2. Dois botos-cor-de-rosa nadando no rio. 3. Bicho-preguiça marrom pendurado em um galho de árvore. 4. Tucano pousado num tronco de árvore. 5. Jacaré à beira de um rio. 6. Perereca verde em cima de uma folha. Na segunda linha: 7. Cobra enrolada com a língua para fora. 8. Onça-preta entre folhagem rasteira. 9. Cardume nadando dentro de um rio. 10. Aranha de pernas longas em sua teia. 11. Duas borboletas rajadas de preto e laranja pousadas em pequenas flores azuis. 12. Tamanduá-bandeira e seu filhote em campo aberto. Na terceira linha: 13. Tartaruga-verde nadando no meio de um cardume. 14. Lobo-guará em um campo aberto. 15. Abelha azul pousada em uma flor amarela. 16. Dois pequenos macacos adultos, de pelagem acinzentada, e um filhote em cima do tronco de uma árvore. 17. Siri vermelho em cima de um tronco em um mangue. 18. Quatro pessoas passeando na orla de uma praia ao pôr-do-sol. Duas delas levam seus cachorros na coleira, duas carregam mochilas, uma delas está segurando uma bicicleta.
Composição de imagens com algumas espécies de animais e vegetais encontradas no Brasil. Fotos de 2018 a 2021. A diversidade biológica é representada por todas as espécies de seres vivos no planeta Terra.
Ícone. Ilustração de ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. O que você já leu ou ouviu a respeito do surgimento da vida na Terra?
  2. E os seres humanos, em que lugar do planeta surgiram?
  3. Os seres humanos sempre foram como os que vivem hoje ou mudaram ao longo do tempo?
  4. Em sua opinião, por que existem tantas espécies diferentes de plantas e animais no planeta?
Respostas e comentários

(1) Beija-flor em Santo Antônio do Pinhal (São Paulo), 2020.

(2) Botos-cor-de-rosa em Manaus (Amazonas), 2018.

(3) Bicho-preguiça na Ilha de Maracá (Amapá), 2019.

(4) Tucanuçu em Poconé (Mato Grosso), 2020.

(5) Jacaré-do-pantanal em Poconé (Mato Grosso), 2020.

(6) Perereca em Manaus (Amazonas), 2021.

(7) Jararaca-da-vereda em Alto Paraíso de Goiás (Goiás), 2021.

(8) Onça-preta no Parque das Emas, em Mineiros (GO), 2020.

(9) Cardume de piraputangas no Rio da Prata, em Bonito Mato Grosso do Sul, 2019.

(10) Aranha em Santa Maria (Rio Grande do Sul), 2021.

(11) Borboletas em Viamão (Rio Grande do Sul), 2020.

(12) Tamanduá-bandeira com filhote em Aquidauana (Mato Grosso do Sul), 2021.

(13) Tartaruga-verde entre cardume de sargentinhos em Fernando de Noronha (Pernambuco), 2019.

(14) Lobo-guará em Cocos (BA), 2020.

(15) Abelha azul polinizando flor em Xangri-lá (Rio Grande do Sul), 2021.

(16) Macacos-de-cheiro em Parauapebas (Pará), 2020.

(17) Aratu-vermelho no mangue, em Cananeia (São Paulo), 2019.

(18) Pessoas e cães passeando na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), 2021.

Abertura

Com os questionamentos apresentados no texto de abertura, pretende-se mobilizar os conhecimentos prévios dos estudantes para um tema central deste capítulo: partindo do dado de que há grande diversidade de vida na Terra, propõe-se que a turma reflita sobre o surgimento do ser humano. Com base nessa sensibilização inicial, pode-se introduzir o assunto.

O tema do surgimento do ser humano pode ser polêmico para os estudantes, por confrontar as variadas concepções religiosas. É importante reforçar a conceituação das concepções mítico-religiosas e suas características em oposição às explicações científicas e ao método investigativo que as embasa.

Atividades

1. Há variada produção literária e audiovisual, além de matérias jornalísticas, sobre o surgimento da vida na Terra. Alguns estudantes podem citar explicações científicas como o Big Bang, enquanto outros podem apresentar narrativas religiosas. O importante é deixá-los conversar, instigando-os a pensar sobre o tema do capítulo.

Após o debate, comente com eles que as explicações religiosas constroem um conhecimento de outra natureza e que elas interessam aos cientistas e pesquisadores, especialmente das áreas de ciências humanas, como produções culturais historicamente localizadas e datadas.

2. Como tiveram contato com o assunto em anos anteriores, espera-se que os estudantes respondam que o ser humano surgiu na África (conforme as evidências mais antigas encontradas).

3. Desde o início do Ensino Fun-damental, os estudantes se deparam com a noção de que os seres humanos se modificaram ao longo do tempo. Portanto, espera-se que apontem que humanos do período da história antes da escrita eram diferentes dos atuais.

4. Os estudantes já tiveram contato com o tema da diversidade de paisagens que formam a Terra, além de terem conhecimento, mesmo que simplificado, sobre a diversidade da vida no planeta. Encoraje-os a reconhecer os seres humanos como parte integrante da natureza, e não como um elemento superior a ela ou apartado dela. Espera-se que eles reflitam sobre o fato de que os diversos organismos vivos, das bactérias ao ser humano, estão integrados, e isso em diferentes regiões com condições climáticas e paisagísticas específicas, garantindo dinamismo na vida terrena.

Como explicar o desenvolvimento da vida na Terra?

Ao longo do tempo e em diferentes lugares, as pessoas tentaram encontrar sentido para sua existência e explicar questões como o surgimento da vida e dos seres humanos. Para isso, recorreram a crenças e saberes transmitidos de uma geração a outra.

Em algumas explicações, a origem humana foi atribuída à ação de seres divinos. Na Grécia antiga, por exemplo, acreditava-se que os humanos foram criados pelo titã Prometeu a pedido de Zeus, o maior dos deuses. Prometeu, então, para diferenciar os humanos dos outros animais, roubou o conhecimento do fogo e o deu a eles, sendo, por isso, castigado eternamente por Zeus.

Entre os antigos hebreus, acreditava-se que um deus todo-poderoso havia criado um homem a sua imagem e semelhança, moldando-o do barro e dando-lhe vida. Depois, esse deus criou a primeira mulher usando uma costela desse homem.

Já os antigos maias acreditavam que os deuses juntaram milho, água e sangue divino para criar os primeiros humanos, com a intenção de que estes os adorassem.

Narrativas como essas são consideradas explicações mítico-religiosas. Elas têm em comum uma ideia mágica ou sobrenatural de que os humanos foram criados pela vontade de um ou de vários deuses. Também é usual nessas explicações a espécie humana ser considerada superior às demais. Além disso, essas narrativas apresentam afirmações supostamente incontestáveis e expressões como “foi assim”, “deus ou os deuses quiseram assim”, “assim o é”, entre outras.

Ilustração. Na porção esquerda da imagem, homem usando uma túnica adornada com um grande chapéu na cabeça também bastante detalhado está de perfil, virado para a direita, e segura dois pequenos pedaços de madeira, um em cada mão. À sua frente, outro homem sem camisa e com um saiote usando chapéu com tiras curvilíneas está sentado virado pra direita segurando um pote com duas espigas de milho dentro. Ele o está entregando as espigas a um homem de pé, com trajes semelhantes e usando um chapéu adornado de maneira diferente. Ao lado desses dois, há outros dois homens também com trajes semelhantes, mas com chapéus decorados de maneira diferente. O primeiro está em pé, virado para a direita, com as mãos abertas, enquanto o segundo está sentado, virado para a esquerda, segurando o pote com duas espigas de milho. No chão, há mais duas espigas. Acima desses quatro homens, há um homem com corpo vermelho agachado, virado para a direita. Ele está apenas com uma espécie de saiote e usa um chapéu adornado de maneira diferente. No centro, há um desenho com formas estilizadas que lembram troncos de árvores entrelaçados e, ao lado, há um homem sentado virado para a esquerda vestindo mantas e um chapéu maior e mais adornado que os demais. Na porção direita da ilustração, um homem de pé, vestido com mantas e um chapéu mais alto que os demais, com duas ramificações curvilíneas, segura um jarro de barro. Ele está acompanhado de uma grande cabeça de um animal cinza que se assemelha a uma serpente.
Ilustração atual representando o mito de criação maia.

FONTE: bróderston, G.; MEDEIROS, S. (organizador). Popol Vuh. São Paulo: Iluminuras, 2007. página 265-267.

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

As narrativas mítico-religiosas de criação dos humanos apresentam elementos relacionados às características geográficas e naturais do lugar onde viveram os povos que as imaginaram. Veja um exemplo: o mito de criação maia foi registrado no popol vu, livro escrito no século XVI. Segundo essa narrativa, os deuses tentaram criar uma figura humana de barro e, depois, de madeira, mas não conseguiram. A última tentativa deu certo: eles finalmente criaram os seres humanos usando como base um alimento fundamental para os maias – o milho.

Respostas e comentários

É importante explicar a existência de mitos de criação, presentes nas mais diferentes culturas, e do criacionismo bíblico propriamente dito. Eugenie Scott, na obra Evolution vs. Creationism (Westport: Greenwood, 2004), chama de “criacionismo especial” uma elaboração teórica em que a doutrina bíblica é contraposta ao evolucionismo. Segundo Scott, o criacionismo especial contém a ideia de que Deus criou o universo exatamente como é hoje, pois este se manteve inalterado desde sua origem, uma interpretação literal da Bíblia. Também existem correntes do criacionismo que procuram integrar o texto bíblico às explicações científicas, sendo a do Design Inteligente uma das mais conhecidas. É importante ressaltar que não há teorias científicas que corroborem explicações criacionistas.

Objetivos do capítulo

Apresentar as diferentes características das explicações mítico-religiosas e científicas para o surgimento da humanidade e sua evolução.

Descrever, com base em evidências científicas, a evolução da espécie humana como um processo de longa duração.

Demonstrar que a invenção, o domínio de tecnologias e o uso da linguagem pelo ser humano são expressões da cultura.

Identificar o significado e a importância do domínio da agricultura para os humanos.

Apresentar os critérios e as divisões temporais que tradicionalmente são aplicadas ao período da história antes da escrita (Paleolítico e Neolítico).

Identificar o continente africano como espaço em que se formaram diferentes espécies de hominídeos, especialmente as do gênero Homo, e indicar alguns percursos por onde os hominídeos se deslocaram durante fluxos migratórios.

Justificativa

Os objetivos deste capítulo são relevantes na medida em que visam desenvolver a compreensão dos estudantes com relação às diferenças existentes entre os fundamentos das explicações científicas e os das narrativas mítico-religiosas.

Se justificam, ainda, por propor historicizar, na longa duração, a evolução dos seres humanos em sua relação com o domínio da tecnologia, da linguagem e da agricultura, problematizando os critérios de classificação da história anterior ao desenvolvimento da escrita.

Por fim, são também pertinentes por localizar e valorizar o continente africano como local de surgimento de diferentes espécies do gênero ômo, discutindo sua difusão para outras regiões do planeta.

O método científico

As explicações mitológicas ou religiosas são baseadas em crenças. Já as da ciência são obtidas por meio de um conjunto de procedimentos conhecido como método científico.

Ao empregar esse método, o cientista observa e analisa evidências para formular hipóteses que o ajudem a solucionar determinada questão. Em seguida, realiza testes e experimentos e, depois, apresenta a outros cientistas as conclusões que obteve. Após debater essas conclusões, os cientistas podem chegar a consensosglossário e elaborar teorias. No entanto, os resultados podem gerar outras dúvidas. Nesse caso, a pesquisa deve ser retomada até que se produza consenso. Algumas vezes, ela dá origem a pesquisas científicas diferentes, em um ciclo constante de produção de conhecimento.

Para responder às questões sobre a origem da vida, os cientistas coletam e analisam evidências do passado, como fósseisglossário de plantas e de animais. O avanço das investigações científicas ajuda os pesquisadores a montar as peças do quebra-cabeça da origem das espécies, incluindo a humana.

É importante respeitar as diversas explicações religiosas sobre a origem da espécie humana, mas elas não se baseiam em investigações científicas. Por isso, neste livro, serão apresentadas as explicações científicas para a história humana. A proposta científica mais aceita sobre o surgimento dos humanos e de outros seres vivos é a teoria da evolução, desenvolvida com base nos estudos do britânico Charles Dárvin, no século XIX.

O método científico

Esquema. “O método científico”. Ao centro, um círculo azul com o texto: "O método científico". Ao redor, setas coloridas interligadas, dando a ideia de movimento.  Cada uma delas é acompanhada de um número, texto e ilustração. Seta azul:
1. Observe – ilustração de um olho. Seta verde:  2. Questione e busque informação – ilustração de uma lupa. Seta amarela: 3. Formule uma hipótese e deduções – ilustração de uma lâmpada. Seta laranja: 4. Faça experimentos – ilustração de um microscópio. Seta vermelha: 5. Tire uma conclusão – ilustração de uma prancheta.

FONTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Método Científico. u éfe érre gê ésse Jovem, 2020. Disponível em: https://oeds.link/5s3Wlv. Acesso em: 1º dezembro 2021.

Tirinha composta por 2 quadros. Apresenta um pequeno boneco de palito, representando Adão, e dois homens calvos com barba branca. Um deles, de túnica amarela, representa Deus e o outro, de terno cinza, representa Darwin.  Quadro 1: Adão, ao centro, ao lado do Planeta Terra, visto parcialmente. Acima, um balão de fala: “Adão, quero te apresentar um amigo.”. Quadro 2: Darwin e Deus, lado a lado. Deus fala, apontando para Adão “Darwin, este é o Adão. Adão, este é o Darwin”. Adão olha para os dois. À direita, o Planeta Terra.
Um sábado qualquer, tirinha de Carlos Ruas, 2009. Os personagens Deus e Darwin representam dois tipos de explicação para o surgimento da vida na Terra: o religioso e o científico.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar explicações mitológicas e religiosas sobre a origem da vida e da espécie humana, como também a explicação científica sobre o tema – a teoria da evolução, com destaque para o método científico –, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero três.

Neste início de capítulo, são apresentados os fundamentos de duas fórmas de entender o surgimento da vida em geral e do ser humano em particular: a mítico-religiosa e a científica, destacando o evolucionismo. Em geral, esse tema gera certa polêmica, por meio da qual é possível conhecer melhor o universo cultural dos estudantes, perceber as representações sociais que organizam suas visões de mundo e verificar se contrastam com os conceitos e as explicações contidos no capítulo.

É importante que os estudantes compreendam que, no século vinte, os cientistas chegaram a descobertas e descrições dos processos biológicos que corroboraram as teorias desenvolvidas no século dezenove sobre a origem da vida.

Curadoria

De onde viemos? (Vídeo)

Laboratório de Arqueologia e Antropologia Ambiental e Evolutiva da Universidade de São Paulo (éle á á á ê-USP). Brasil, 2021. Duração: 2 minutos. Disponível em: https://oeds.link/YUHS6r. Acesso em: 3 dezembroponto 2021.

Produzido pelos integrantes do projeto Compartilhando a Ciência, do éle á á á ê-úspi, com a finalidade de ampliar a divulgação científica sobre os temas de estudo do laboratório, como antropologia, arqueologia e evolução humana, esse vídeo poderá contribuir para o entendimento das etapas do método científico. Além disso, o segundo episódio dessa série de animação, disponível no canal do projeto, poderá favorecer a explicação dos processos da evolução humana.

A teoria da evolução e a seleção natural

Você sabe que a altura, o tipo de cabelo e a cor dos olhos, entre outras características, das pessoas variam. Isso ocorre também com as outras espécies de seres vivos.

Charles Dárvin percebeu que indivíduos da mesma espécie se relacionavam com o ambiente de acordo com as características que apresentavam. Assim, dependendo das condições ambientais, alguns se tornavam mais aptos a sobreviver do que outros de sua espécie.

Com base nessas observações, Dárvin e o naturalista britânico Álfred Vallace propuseram a denominada teoria da seleção natural.

Para explicar como funciona a seleção natural, Dárvin utilizou o exemplo da girafa. Os ancestrais das girafas tinham pescoço de comprimentos variados: algumas nasciam com o pescoço mais comprido; outras, com o pescoço mais curto. Essas variações eram hereditárias, ou seja, passavam de uma geração a outra. Para compreender o processo, observe as imagens e leia o texto do boxe.

Ilustração em três quadros. Quadro 1: girafa maior estica o pescoço para comer as folhas no alto de uma árvore enquanto outras três girafas menores estão ao seu redor.
Quadro 2: Duas girafas maiores e uma menor próximas a uma árvore. Quadro 3: Duas girafas maiores comendo folhas do alto de uma árvore.
Ilustração atual representando o processo de seleção natural descrito por Chárles Dárvin.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Só as girafas de pescoço comprido alcançavam as folhas dos galhos mais altos para alimentar-se. Assim, elas conseguiam chegar à fase adulta e geravam filhotes que herdavam a característica de ter pescoço comprido. Já as girafas de pescoço curto, como não conseguiam se alimentar, não viviam tempo suficiente para gerar descendentes; por isso, foram extintas.

Todas as espécies estão sujeitas a esse processo. Portanto, isso aconteceu com os primeiros humanos.

A Terra passou por consideráveis mudanças ao longo do tempo: houve períodos mais quentes, outros frios; alguns mais chuvosos, outros secos. Além disso, a história do planeta é marcada por eventos como erupções vulcânicas e terremotos.

Em um mundo em constante transformação, algumas espécies ancestrais do ser humano sobreviveram por apresentar determinadas características vantajosas, enquanto outras acabaram sendo extintas. Isso mesmo: no passado, existiram várias espécies de hominídeos, a família de espécies que incluía a humana.

Respostas e comentários

Ampliando

Muitos naturalistas e pensadores que antecederam Chárles Dárvin e outros contemporâneos a ele, como Jean Batísti de Lamarck e Alfred Russel Wallace, já haviam discutido e defendido a evolução das espécies. A teoria evolutiva mais aceita na atualidade é conhecida como néo darvinismo, ou teoria sintética da evolução, tratada no texto a seguir.

“O pensamento evolutivo traz dois principais eventos: a evolução por seleção natural, feita por Chárles Dárvin, e a síntese das teorias de Dárvin e de Mendel, denominada Teoria Sintética da Evolução ou de Neodarvinísmo […] A teoria da hereditariedade de Gregor Mendel foi redescoberta na virada do século vinte (1900), pelos cientistas mendelianos Hugo de vrís e uílian beitsôn; ambos eram contra a teoria da seleção natural de Chárles Dárvin. Nessa época, pensava-se, inicialmente, que as descobertas de Mendel contrariavam a teoria da seleção natural de Dárvin. No entanto, os teóricos R. A. fíxer, J. B. S. Roudeine e síuól ráit provaram que este pensamento estava completamente equivocado. Analisando as teorias, constataram que a herança mendeliana e a seleção natural eram compatíveis, surge então o néo darvinismo ou teoria sintética da evolução, que passa assim a considerar três fatores: mutação gênica, recombinação gênica e seleção natural.”

SANTOS, A. S. O. Evolução Biológica: análises sobre o ensino e concepções dos professores de biologia no município de Concórdia do Pará, Brasil. 2019. 49 página Trabalho de Conclusão do Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Federal Rural da Amazônia, Tomé-Açu, 2019. página 26-27.

Os primeiros humanos

Um dos primeiros exemplares de hominídeos de que foram encontrados vestígios era do gênero australupitécus. Existiram várias espécies desse gênero.

O esqueleto de australupitécus mais conhecido foi descoberto na Etiópia, país do leste africano, em 1974. Era de uma fêmea da espécie australopitécus afarênsis e foi batizado de Lucy, porque, no momento da descoberta, os arqueólogos estavam ouvindo a canção Lucy in the sky with diamonds, dos Beatles, grupo musical britânico. Na época, a descoberta causou sensação, pois se tratava de um ancestral humano com cêrca de 3,2 milhões de anos.

Lucy tinha um pouco mais de um metro de altura e compartilhava com os humanos algumas características, como andar sobre duas pernas (bipedismo). No entanto, apresentava características de outros primatas, como os chimpanzés: braços longos e curvados e mandíbula inferior saliente, mais adaptada para mastigar vegetais crus.

Ao longo de milhões de anos, muitas espécies de hominídeos apareceram e foram extintas. Algumas deram origem aos seres humanos atuais; outras aos gorilas, chimpanzés e orangotangos.

Fotografia. Crânio visto de frente, com dentes na boca, e partes com coloração diferente, indicando que foram reconstituídas, no topo da cabeça, acima de um dos olhos, no queixo e nos dentes.
Réplica do crânio de Lucy, fêmea da espécie australopitécus afarênsis, em exposição no Museu Nacional da Etiópia, na capital Addis Abeba. Foto de 2019.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Lucy também é conhecida por um nome menos popular, “dincnéch”, que em aramaico, a língua oficial da Etiópia, quer dizer “Tu és maravilhosa”. As escavações arqueológicas encontraram 47 ossos de seu esqueleto, fazendo desta, à época, a descoberta mais completa do gênero. Esse material arqueológico encontra-se guardado em um cofre no Museu Nacional da Etiópia. Entretanto, a exemplo do que ocorre em outros museus espalhados pelo mundo, os visitantes só podem ver as réplicas, como na imagem desta página.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Identifique algumas características presentes em uma narrativa mítico-religiosa.
  2. Descreva as principais etapas de uma explicação científica.
  3. Resuma a teoria da seleção natural desenvolvida por Chárles Dárvin.
Respostas e comentários

Dados numéricos sobre Lucy foram retirados de: SILESHI, M. Lucy: o fóssil que reescreveu a história da humanidade. dê dábliu ônláine, 1º março 2018. Disponível em: https://oeds.link/HKQTnb. Acesso em: 2 dezembro 2021.

Bê êne cê cê

O conteúdo, ao apresentar o surgimento de algumas espécies de hominídeos, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero três.

Agora é com você!

1. Ideia mágica ou sobrenatural de criação humana pela atuação divina; concepção de que a espécie humana representa uma criação especial entre outros seres; emprego de termos que denotam certezas incontestáveis na construção narrativa.

2. As principais são a observação do meio, a pesquisa, a utilização de evidências e o emprego de uma metodologia de pesquisa para comprovar ou descartar hipóteses.

3. Espera-se que a resposta dos estudantes contenha a ideia de que os seres vivos, ao longo do tempo, estão sujeitos ao processo de seleção natural, no qual algumas espécies, ou indivíduos de determinada espécie, apresentam características que lhes dão vantagem na relação com o meio ambiente e, assim, conseguem sobreviver e deixar descendentes.

Orientação para as atividades

A aprendizagem ocorre em ritmos diferentes. Assim, alguns estudantes podem ter facilidade ou dificuldade para compreender conceitos (mítico-religioso, teoria, evolução etcétera) de acordo com seus conhecimentos prévios, com as representações culturais dominantes e até mesmo com o domínio maior ou menor da linguagem. Logo, é importante conduzir as atividades do boxe “Agora é com você!”, retomando o conteúdo apresentado nas páginas anteriores. Para isso, oriente os estudantes na releitura dos trechos relacionados às perguntas e peça-lhes que anotem no caderno as frases e os termos mais importantes. Sugira-lhes, ainda, que tentem traduzir em suas palavras o que leram e anotaram.

O gênero ômo

Por volta de 2,5 milhões de anos atrás, surgiu o gênero ômo, do qual faz parte a espécie Omo sápiens. É provável que esse gênero tenha evoluído do australupitécus, mas isso ainda está em investigação. Conheça a seguir características de algumas das espécies do gênero ômo.

  • ômo ábilis (2,4-1,4 milhão de anos): foi provavelmente a primeira espécie do gênero. Os indivíduos dessa espécie desenvolveram a habilidade de produzir instrumentos cortantes de pedra, que utilizavam para preparar alimentos.
  • ômo eréctus (1,9 milhão-110 mil anos): os indivíduos dessa espécie eram caçadores-coletores e usavam ferramentas de pedra lascada, como machados. Foram os primeiros a sair da África, ocupando regiões da Ásia e da Europa.
  • ômo neãndertalêncis (400-40 mil anos): os neandertais viviam na Europa e na Ásia Ocidental em grupos de caçadores-coletores. Vestiam-se com peles de animais, fabricavam instrumentos de ossos, galhos e pedras e realizavam pinturas rupestres. Existem evidências de que alguns grupos enterravam os mortos.
  • Homo sapiens: surgiu há cêrca de 300 mil anos. Por volta de 190 mil anos atrás, grupos de indivíduos dessa espécie começaram a migrar, ocupando boa parte da África e depois se espalhando pelos demais continentes. Eles produziram instrumentos e desenvolveram técnicas elaboradas, como as da cerâmica, da metalurgia e do curtumeglossário . Isso demonstra que eles tinham alta capacidade inventiva e de aprendizagem, atributos favorecidos pelo desenvolvimento da linguagem verbal.
Ilustração. Círculo central, formado por setas coloridas, dividido em 24 horas. A cor das setas acompanha a seguinte legenda: Vermelho - 1 hora a 3 horas: entre 4,5 e 4 bilhões de anos atrás; Laranja - 4 horas a 8 horas: entre 4 e 3 bilhões de anos atrás; Amarelo - 9 horas a 14 horas: entre 3 e 2 bilhões de anos atrás; Verde - 15 horas a 19 horas: entre 2 e 1 bilhão de anos atrás; Azul - 20 horas a 24 horas: último bilhão de anos. Ao redor do círculo central, uma grande seta circular cinza, composta em sentido horário, que começa fina e engrossa na ponta, apresenta informações sobre o surgimento da vida na Terra, conforme as horas indicadas no círculo central:
2 horas – Formação da Terra. 3 horas – Rochas mais antigas conhecidas. Entre 5 e 6 horas – Fósseis mais antigos. 6 horas – Primeiros organismos fotossintetizantes. 14 horas – Acúmulo de gás oxigênio na atmosfera. Entre 16 e 17 horas – Fósseis mais antigos de seres eucarióticos. Entre 20 e 21 horas – Fósseis mais antigos de organismos multicelulares. Entre 21 e 22 horas – Plantas de terra firme. Entre 22 e 23 horas – Domínio de dinossauros. 24 horas – Aparecimento do Homo sapiens (23 horas 59 minutos 30 segundos).
Ilustração atual representando um “relógio das eras”.

FONTE: mécfi, L. The history of life on Earth. Northern Arizona University. Disponível em: https://oeds.link/iGJCpV. Acesso em: 2 dezembro 2021.

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Se toda a história da vida na Terra durasse 24 horas, o ser humano teria surgido apenas no último segundo antes da meia-noite! Pode-se dizer, portanto, que a humanidade é jovem, considerando a época do aparecimento de outras espécies do gênero ômo, e, principalmente, o início do processo de desenvolvimento da vida na Terra.

Respostas e comentários

Dados numéricos sobre as espécies do gênero Homo foram retirados de: What does it mean to be human? Smithsonian National Museum of Natural History. Disponível em: https://oeds.link/zNSvmp. Acesso em: 2 dezembro 2021.

Bê êne cê cê

O conteúdo, ao apresentar a evolução humana e o surgimento de algumas espécies do gênero ômo, incluindo a Sápiens, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero três.

Nessa parte do capítulo é abordado o processo evolutivo humano, destacando-se, primeiro, o aparecimento dos hominídeos que deram origem aos seres humanos modernos e, depois, o gênero ômo e algumas de suas espécies. É apresentada também uma escala temporal da evolução humana e, no texto, algumas evidências disponíveis que ajudam a retraçar essa evolução e caracterizar algumas das espécies ômo, inclusive as que migraram da África para outros continentes.

Ampliando

No texto a seguir, o historiador iuvel rarari fala das vantagens e desafios que o desenvolvimento da postura ereta trouxe para a humanidade.

“Outro traço humano singular é que andamos eretos sobre duas pernas. Ao ficar eretos, é mais fácil esquadrinhar a savana à procura de animais de caça ou de inimigos, e os braços, desnecessários para a locomoção, são liberados para outros propósitos, como atirar pedras ou sinalizar. Quanto mais coisas essas mãos eram capazes de fazer, mais sucesso tinham os indivíduos, de modo que a pressão evolutiva trouxe uma concentração cada vez maior de nervos e músculos bem ajustados nas palmas e nos dedos. Em consequência, os humanos podem realizar tarefas complexas com as mãos. Em particular, podem produzir e usar ferramentas sofisticadas.reticências Mas caminhar com a coluna ereta tem lá suas desvantagens. reticências Adaptar-se a uma posição ereta foi um grande desafio, sobretudo quando a estrutura precisou sustentar um crânio extragrande. A humanidade pagou por sua visão elevada e suas mãos habilidosas com dores nas costas e rigidez no pescoço. As mulheres pagaram ainda mais. Um andar ereto exigia quadris mais estreitos, constringindo o canal do parto – e isso justamente quando a cabeça dos bebês se tornava cada vez maior. A morte durante o parto se tornou uma grande preocupação para as fêmeas humanas.”

rárari, Y. N. Sápiens: uma breve história da humanidade. Rio Grande do Sul: Ele e Pê ême, 2015, página 14. E-book.

Vamos pensar juntos?

Ilustração. Evolução do Homo sapiens em seis fases. Da esquerda para a direita: uma criatura baixa, peluda, ligeiramente encurvada e com rosto semelhante ao chimpanzé; ser com feições semelhantes ao anterior, porém um pouco mais alto; ser semelhante ao anterior, um pouco mais alto, com menos pelos; ser mais alto que o anterior, com menos pelos e com postura mais ereta; ser com altura semelhante ao anterior, feições mais próximas as do ser humano e com menos pelos; ser humano, mais alto que o ser anterior, com menos pelos e com a coluna mais ereta.
Ilustração atual de uma representação linear da evolução humana. Da esquerda para a direita: um hominídeo bípede, o australopitécus afarênsis, o Australopithecus africanus, o ômo eréctus, o ômo neãndertalêncis e o Omo sápiens.

É provável que você já tenha notado alguma imagem semelhante à da ilustração anterior: uma fila de hominídeos representando a evolução humana. Essa linha evolutiva está estampada em camisetas, revistas e anúncios e aparece em uma infinidade de charges e memes publicados na internet.

A ilustração de 1871 já é menos conhecida: nela, Chárles Dárvin, um dos autores da teoria da seleção natural, é representado com corpo de macaco. Várias outras imagens como essa foram produzidas logo após a publicação do livro A origem das espécies, em 1859, para ridicularizar o cientista por afirmar que seres humanos e macacos descendem de um ancestral em comum.

Caricatura em preto e branco. Criatura com cabeça de um homem calvo com barba branca longa e  corpo de um chimpanzé.
Um venerável orangotango. Uma contribuição para a história antinatural, caricatura representando Chárles Dárvin como macaco, publicada na revista The Hornet, em 1871.

A primeira imagem – a da fila – também está relacionada ao equívoco de achar que o ser humano descende do macaco. A ideia de uma fila evolutiva passa a impressão de que as transformações que deram origem à espécie humana foram lineares, ou seja, sugere que em determinado momento um ancestral desaparecia para dar lugar a outro, mais evoluído.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Por propor representações gráficas da evolução humana e reflexões sobre a ascendência do ser humano com base na ciência, o conteúdo da seção contribui para o desenvolvimento das Competências Gerais da Educação Básica nº 2 e nº 4 e da Competência Específica de Ciências Humanas nº 7.

Vamos pensar juntos?

Nessa seção, são aprofundados certos aspectos da evolução humana. O objetivo central é romper com a ideia errônea segundo a qual “o homem veio do macaco”, pressupondo uma relação direta e uma evolução linear partindo de seres mais simples para seres mais complexos. Uma das representações que se procura questionar é a imagem de uma linha evolutiva, tão comum que virou até meme. É possível que os estudantes tenham essa imagem em mente; pretende-se ajudá-los a desfazê-la por meio da apresentação de uma visão mais apurada do assunto. A metáfora da árvore evolutiva é adequada porque representa a derivação das espécies passadas decorrente da seleção natural (mutação combinada à adaptação) e a simultaneidade entre espécies diferentes de mesma origem – o que será essencial quando forem estudadas as relações entre os neandertais e Omo sápiens, por exemplo.

É importante enfatizar três pontos pontos: a compreensão de que não há uma linha evolutiva unidirecional, os períodos e grandes escalas temporais da vida de cada espécie e a simultaneidade da existência de espécies diferentes.

A ilustração apresentada da “evolução em linha reta” é uma das mais reproduzidas, por exemplo, em sáites na internet. Por isso, a seleção dela. Contudo, há problemas nela além da representação em linha reta: nunca mulheres são referência, como se apenas homens evoluíssem. Além disso, tende-se a clarear a cor da pele dos representados nesses desenhos, como se a pele de cor escura estivesse associada à primitividade. Se julgar pertinente, problematize essas questões com os estudantes.

O fato de os seres humanos compartilharem ancestrais com outros primatas (gorilas, chimpanzés e orangotangos, por exemplo) não significa que sejam descendentes deles.

Considere sua família: você não é descendente direto de seu tio, certo? Logo, seu primo não é seu irmão. Só que tanto você quanto seu primo são descendentes de seus avós. Pense, então, que os chimpanzés são como primos dos humanos na evolução, e o avô deles em comum foi extinto há milhões de anos.

Assim, a representação gráfica da evolução humana é mais parecida com uma árvore do que com uma linha: o caule representa os ancestrais comuns e os galhos, as espécies que se modificaram ao longo do tempo.

Observe na imagem a seguir que, quando o Omo sápiens apareceu, existiam ainda outras espécies de hominídeos, como a do ômo eréctus e a do Homo neanderthalensis. Ou seja, eles conviveram por muito tempo.

Árvore da evolução humana

lustração. Árvore da evolução humana. À esquerda, linha cronológica vertical, com divisões em milhões de anos. À direita, ilustração de árvore com diversos galhos. Em cada galho é representado um grupo ou indivíduo de determinado gênero. De baixo para cima:
Passado.
6 milhões de anos atrás: ilustração de dois hominídeos no galho à direita.
5 milhões de anos atrás: ilustração de mais dois hominídeos no galho à direita e o texto: Gênero Ardipithecus. 
4 milhões de anos atrás: ilustração de um hominídeo no galho à esquerda e o texto: Gênero Australopithecus. Ilustração de outro hominídeo no mesmo galho e o texto: A. afarensis.
3 milhões de anos atrás: ilustração de dois hominídeos no mesmo galho à esquerda. Ilustração de um hominídeo em um novo galho à direita.
2 milhões de anos atrás: ilustração de mais dois hominídeos no novo galho à direita e o texto: Gênero Paranthropus. Ilustração de três hominídeos em um novo galho central e os seguintes textos: H. rudolfensis; H. Habilis; H. erectus.
1 milhão de anos atrás: ilustração de três hominídeos no galho central e os seguintes textos:  Gênero Homo; H. heidelbergensis; H. neanderthalensis; H. floresienses.
Presente: Fotografia de seis pessoas com características físicas diferentes no galho central e o texto: H. sapiens.

FONTE: What does it mean to be human? Smithsonian National Museum of Natural History. Disponível em: https://oeds.link/zNSvmp. Acesso em: 2 dezembro 2021.

Responda no caderno.

  1. Em sua opinião, por que foram produzidas caricaturas de Dárvin com corpo de macaco?
  2. Por que é incorreto, do ponto de vista evolutivo, afirmar que os seres humanos descendem dos macacos?
  3. Explique de que maneira a representação em fórma de árvore ajuda a demonstrar o equívoco da ideia de uma evolução linear.
Respostas e comentários

Considerando os diferentes ritmos de aprendizagem dos estudantes, oriente-os na leitura dessa seção de fórma que contemplem a interrogação dos textos verbais e não verbais (charge e ilustração da árvore evolutiva) para conseguirem realizar as atividades propostas. Proponha-lhes que: observem as diferentes imagens; anotem as frases mais importantes; relacionem as informações apresentadas nos textos verbais e não verbais; expressem verbalmente o entendimento que tiveram sobre as perguntas; anotem as respostas em um rascunho e depois passem a limpo.

Atividades

1. Espera-se que os estudantes identifiquem na caricatura uma crítica à teoria da evolução proposta por Dárvin. É uma fórma pejorativa de criticar as ideias do processo evolutivo e do parentesco entre a espécie humana e as de macacos.

2. Porque as pesquisas indicam que não houve uma evolução linear entre essas espécies. Humanos e macacos apresentam um ancestral comum, mas seguiram caminhos evolutivos distintos.

3. A árvore representa os diversos ramos evolutivos e a coexistência de diferentes espécies no mesmo período. Na linha evolutiva, é representada apenas uma direção, em que uma espécie desaparece para dar lugar a outra. Assim, ela não representa o convívio do ser humano com ancestrais de outras espécies.

Curadoria

Evolução e religião (Artigo)

Sérgio Danilo Pena. Ciência Hoje, 8 outubro 2009. Disponível em: https://oeds.link/cxzxSx. Acesso em: 3 dezembro 2021.

O professor Sérgio Danilo Pena, do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais (ú éfe ême gê), apresenta em poucas páginas informações fundamentais sobre a relevância e a amplitude da teoria da evolução para explicar cientificamente a origem e a mudança da vida na Terra. Amparado na ciência, especialmente nos avanços da genética, ele revela a diferença fundamental entre evolução e criacionismo.

A importância do fogo

Você já reparou na importância das diferentes fórmas de energia que são utilizadas pelas pessoas? Percebeu que a falta de energia elétrica, por exemplo, transforma sua rotina? Imagine, então, como foi importante para os seres humanos aprender a produzir uma fórma de energia que hoje parece simples, mas é essencial: o fogo.

cêrca de 1 milhão de anos, algumas espécies de hominídeos provavelmente já usavam o fogo. Entretanto, utilizar não é o mesmo que saber produzir. O fogo se fórma naturalmente em decorrência da queda de um raio em um lugar seco, por exemplo. Esses hominídeos aproveitavam o fogo de incêndios naturais, mas não eram capazes de mantê-lo aceso.

A capacidade de produzir fogo só foi alcançada por espécies do gênero ômo. Com o contrôle e a produção de fogo, esses indivíduos puderam se proteger de maneira mais eficiente do ataque de outros animais, obter luz e calor para enfrentar o frio e preparar alimentos.

A comida cozida ou assada, além de diminuir a presença de bactérias e parasitas que causavam doenças, era mais fácil de mastigar e digerir, e seus nutrientes podiam ser mais bem absorvidos pelo corpo. Com isso, os indivíduos gastavam menos energia na digestão. A energia que sobrava podia ser usada pelo cérebro, o que ajudou no desenvolvimento de muitas habilidades.

Ilustração. Um homem, duas mulheres e uma criança usando roupas feitas de pelos de animais cobrindo o corpo, ao redor de uma fogueira, dentro de uma caverna. O homem e uma das mulheres estão segurando gravetos.
Ilustração atual representando o uso do fogo no período da história antes da escrita.

FONTE: HIGHAM, C. La vida en el Paleolítico. Madrid: Ediciones Akal, 1990.

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

O ato de preparar e consumir alimentos ao redor de uma fogueira mudou a comunicação e a troca de conhecimentos entre os humanos, incentivando o convívio social e o desenvolvimento da linguagem.

Dica

FILME

Os Croods

Direção: Chris Sanders. Estados Unidos, 2013. Duração: 98 minutos

O filme não foi produzido com rigor histórico e científico, mas você vai se divertir assistindo ao convívio entre os neandertais e os Sápiens, com destaque para a aprendizagem da produção do fogo.

Respostas e comentários

Classificação indicativa de Os Croods: livre.

Bê êne cê cê

O conteúdo, ao discutir a intervenção na natureza, abordando a importância do domínio do fogo para a constituição do modo de vida de espécies do gênero ômo, contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero três e ê éfe zero seis agá ih zero cinco e da Competência Específica de Ciências Humanas nº 3.

Ampliando

No texto a seguir, o historiador iuvel rarari disserta a respeito do domínio do fogo como fator de diferenciação entre os seres humanos e demais animais.

“O fogo também abriu a primeira brecha significativa entre o homem e os outros animais. O poder de quase todos os animais depende de seu corpo: a fôrça de seus músculos, o tamanho de seus dentes, a envergadura de suas asas. Embora possam fazer uso de ventos e correntes, são incapazes de controlar essas fôrças da natureza e estão sempre limitados por sua estrutura física. reticências Ao domesticar o fogo, os humanos ganharam contrôle de uma fôrça obediente e potencialmente ilimitada. Ao contrário das águias, os humanos podiam escolher onde e quando acender uma chama, e foram capazes de explorar o fogo para inúmeras tarefas. O que é mais importante, o poder do fogo não era limitado pela fórma, estrutura ou fôrça do corpo humano. Uma única mulher com uma pedra ou vareta podia produzir fogo para queimar uma floresta inteira em uma questão de horas. A domesticação do fogo foi um sinal do que estava por vir.”

rárari, Y. N. Sápiens: uma breve história da humanidade. Rio Grande do Sul: Ele e Pê ême, 2015, página 16, 17. E-book.

Curadoria

A guerra do fogo (Filme)

Direção: jeãn jac anô. França, Canadá e Estados Unidos, 1981. Duração: 100 minutos.

A comunicação e o uso da linguagem são fatores importantes da condição humana. No entanto, a comunicação humana não se expressa apenas por meio da linguagem verbal. No filme, é narrada a história de um período anterior ao uso da língua de maneira universal, em que a linguagem corporal tinha forte apelo. Acompanhando a lógica evolutiva, é reconstruída a relação de alguns grupos entre si e com a natureza, bem como as transformações decorrentes dessas relações, como o domínio do fogo e o desenvolvimento da linguagem e da capacidade de abstração e discernimento. O desenvolvimento das relações sociais é explorado no filme por meio do uso da linguagem corporal (o sorriso, por exemplo).

Quando nos tornamos humanos?

É difícil saber quando surgiram os primeiros ancestrais humanos, mas, de acordo com alguns cientistas, como os paleontólogosglossário , eles foram hominídeos que tiveram um desenvolvimento peculiar do cérebro. Graças a essa característica, eles puderam criar utensílios, ampliando sua ação sobre o ambiente e sua organização social.

Foi só com o surgimento dos primeiros indivíduos do gênero ômo que a capacidade de transformar materiais em instrumentos de trabalho passou a definir um traço humano que permaneceu. Ou seja, de acordo com essa interpretação, os humanos são caracterizados pela capacidade de transformar a natureza em objetos complexos.

Muitos outros animais utilizam objetos para certas finalidades: pássaros fazem ninhos com galhos e outros materiais e chimpanzés usam pedras para quebrar cascas de frutos. Contudo, eles agem de modo instintivo, sem refletir sobre sua ação. A intencionalidade presente na ação humana demonstra a capacidade de antecipação de necessidades futuras.

Em razão dessa capacidade, os seres humanos não são mais capazes de viver sem as ferramentas. Alguns estudiosos, considerando o fato de que os humanos fabricam o mundo em que vivem, criaram a expressão “homem fabricante” para definir a espécie.

Ilustração em dois quadros. Representa pessoas usando roupas de pele de animais. Quadro 1: Em uma caverna, uma menina observa uma mulher passando uma pedra em cima de um pedaço de pelo de animal preso ao chão por estacas de madeira.
Quadro 2: Ao ar livre, um homem segura uma estaca de madeira pontiaguda com uma mão e uma pedra com a outra. Ao fundo, uma fileira de estacas presas ao chão.
Ilustração atual representando cenas de criação de tecnologias pelos seres humanos no período da história antes da escrita.

FONTE: rígãm, C. La vida en el Paleolítico. Madrid: Ediciones Akal, 1990.

Respostas e comentários

Nessa parte do capítulo há muitas informações sobre o que distingue os humanos das outras espécies do gênero ômo. Além das diferenças biológicas, o desenvolvimento cultural os define como espécie. Achados arqueológicos evidenciam as características morfológicas, a capacidade de antecipação do futuro e das necessidades, o desenvolvimento da linguagem verbal e outras fórmas de expressão, de aprendizado e de socialização entre grupos como alguns desses fatores.

Pesquisadores da temática tentam responder a três perguntas fundamentais sobre a relação entre os seres humanos e os utensílios:

1. A produção de utensílios é, sem sombra de dúvida, um critério de hominização?

2. A datação dos vestígios de utensílios pode ser usada para delimitar o início da hominização?

3. Pode-se afirmar que um utensílio, independentemente do estado de preservação em que chegou até o presente, foi produzido por um humano, com toda a segurança?

De fórma geral, até o momento parece que a resposta é afirmativa às três perguntas. Para obter mais informações sobre o tema, consulte: cópens, Y. A hominização: problemas gerais. In: qui zêrbo, J. Metodologia e pré-história da África. 2. edição Brasília: unêsco, 2010. página 473. volume um. (Coleção História geral da África).

Ampliando

A ideia do “homem fabricante”, que constrói o mundo em que vive, é explorada por filósofos como henrída rg él bergson, autor do texto a seguir.

“Em milhares de anos, quando a distância do passado só deixar perceber suas grandes linhas, nossas guerras e nossas revoluções contarão muito pouco, supondo que ainda sejam lembradas; mas talvez se fale da máquina a vapor [...], como nós falamos do bronze ou da pedra talhada reticências. Se pudéssemos nos despojar de nosso orgulho, se, para definir nossa espécie, nos detivéssemos estritamente àquilo que a história e a pré-história nos apresentam como a característica constante do homem reticências talvez não disséssemos Omo sápiens, mas homoída er él faber. Tudo isso somado, a inteligência reticências é a faculdade de fabricar objetos artificiais, em particular utensílios para fazer utensílios, e variar infinitamente sua fabricação.”

bergson, H. A evolução criadora. São Paulo: Martins Fontes, 2005. página 151. (Coleção Tópicos).

A necessidade de cultura e a expressão artística

A capacidade humana de transformar e produzir o ambiente é passada de geração em geração. O conjunto de saberes necessários para isso fórma o que se denomina cultura. Entre esses conhecimentos, estão os usados para fazer um avião, criar uma religião ou elaborar um código de leis de trânsito.

A necessidade de aprender e de produzir novos conhecimentos é uma característica dos seres humanos, e o desenvolvimento da linguagem é fundamental para isso. Uma geração aprende perguntando, ouvindo explicações e observando as produções e as técnicas da outra. As pessoas precisam receber a cultura das que as antecedem, aprender a se relacionar com diversos grupos, interagir e cooperar com eles.

A arte, por ser uma expressão humana, também faz parte do que se denomina cultura. Há mais ou menos 50 mil anos, os ômo neãndertalêncis e os Omo sápiens passaram a produzir várias manifestações artísticas em fórma de desenhos. A maioria desses desenhos foi feita em paredes de cavernas, paredões e abrigos rochosos; por isso, o conjunto deles é chamado de registro rupestre – o termo latino rúpes significa “pedra” ou “rocha”.

Nunca se saberá ao certo os sentimentos e pensamentos que os primeiros humanos quiseram registrar naquelas complexas manifestações, mas é provável que eles tenham expressado por meio da arte suas necessidades, crenças, medos e sonhos. O que se sabe é que a capacidade de produzir arte, ou seja, de imaginar mundos que não existem e aplicá-los ao mundo real é uma característica humana.

Fotografia. Várias palmas de mãos impressas na parede de uma caverna.
Registro rupestre encontrado na Caverna de las Manos, em Santa Cruz, Argentina. Foto de 2020.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

São encontrados registros rupestres de mãos pintadas, animais, constelações e outros elementos da natureza em várias partes do planeta.

Dica

FILME

Kiriku, os homens e as mulheres

Direção: michél Ocelot. França, 2012. Duração: 88 minutos

Nesse filme, o avô de Kiriku conta a história do menino, habitante de um vilarejo na África que salva sua aldeia de diversos perigos. Na trama, uma contadora de histórias aparece na aldeia, demonstrando que uma geração aprende com a outra e enfatizando a importância da transmissão oral do conhecimento entre seres humanos.

Respostas e comentários

Classificação indicativa de Kiriku, os homens e as mulheres: livre.

Atividade complementar

Um dos mais conhecidos conjuntos de registros rupestres do mundo está situado na Caverna de Chauvet, na França. Descobertos somente em 1994, os registros foram feitos por volta de 30 mil anos atrás. Há cêrca de 17 mil anos, foram produzidas as imagens encontradas na Caverna de Lascaux, também nesse país, dotadas de muito realismo. Leve para a sala de aula imagens dos registros de Chauvet e de Lascaux impressas ou projete-os, caso disponha de equipamento para isso. Essas imagens são facilmente encontradas na internet por meio de sites de busca. Peça então aos estudantes que observem essas imagens e, depois, respondam às seguintes questões:

1. Com base nos ambientes onde os registros foram encontrados, como vocês imaginam que viviam as pessoas que as produziram?

2. As imagens representam animais e caçadas. O que isso revela sobre o modo de vida dos grupos que as produziram?

Espera-se que, na resposta à primeira questão, os estudantes suponham que, como os registros foram encontrados em cavernas, os seres humanos daquele período utilizavam esses lugares como abrigos temporários, locais de reunião ou de rituais, entre outras possibilidades.

Já para responder à segunda questão, eles devem perceber que essas representações de animais e caçadas estavam relacionadas provavelmente ao fato de os grupos humanos que as produziram serem caçadores-coletores.

A data estimada para os primeiros registros (50 mil anos atrás) refere-se às impressionantes expressões do pensamento simbólico, como nas cavernas mencionadas neste livro. Outros registros mais antigos (com uso, por exemplo, de pigmentação), porém, foram encontrados em cavernas na África.

Pode-se supor que os ancestrais humanos produziam pinturas complexas no próprio corpo (como muitos grupos tradicionais fazem ainda hoje). Portanto, é possível imaginar que tenha havido arte antes desse período, mas as datas foram estimadas com base nos vestígios encontrados.

As divisões da história antes da escrita

No século dezenove, os pesquisadores pensavam que só poderia haver história quando houvesse escrita. Assim, criaram o termo Pré-história para designar todo o período anterior à escrita. Esse critério, porém, é muito simplificador, pois desconsidera todos os outros vestígios deixados pelos seres humanos antes de desenvolver a escrita, como os artefatos criados e os registros rupestres.

Por isso, atualmente, prefere-se chamar o período anterior ao uso da escrita de história Pré-escrita, em vez de Pré-história. Feita essa observação, você vai conhecer a divisão mais tradicional da história antes da escrita.

O Paleolítico

O primeiro marco da divisão da história Pré-escrita é o Paleolítico, que corresponde ao período em que os seres humanos usavam instrumentos feitos de pedra lascada, que já eram empregados havia cêrca de 2,5 milhões de anos por outros hominídeos.

Além de instrumentos de pedra, os humanos que viveram nesse período utilizavam outros tipos de material, como ossos, sementes e madeira. Eles compunham pequenos grupos e não havia definição de papéis para homens e mulheres, ou seja, indivíduos de ambos os sexos realizavam as mesmas atividades, apesar de poder existir uma divisão de tarefas entre eles.

Eles se alimentavam de pequenos mamíferos, peixes, crustáceos, insetos, raízes e frutas. Eram, portanto, caçadores-coletores. Como a caça se movimentava e a coleta dependia das estações do ano, esses grupos eram nômades.

Fotografia. Diferentes artefatos de pedra. Na parte superior, lado a lado, quatro objetos pontiagudos, Na parte inferior, reunidos, quatro objetos redondos.
Objetos produzidos no Paleolítico. Os quatro primeiros, de cima para baixo, são ferramentas feitas de sílex, um tipo de rocha, entre 35 e 10 mil anos atrás. Os quatro últimos são ferramentas de pedra produzidas há cêrca de 1,5 milhão de anos.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

No Paleolítico havia instrumentos líticos, ou seja, “feitos de pedra”, de diversos tipos: arpões para pesca, agulhas de costura, machadinhas (também chamadas bifaces) usadas para cortar os mais diversos tipos de material, facas, perfuradores e raspadores utilizados para separar a carne dos ossos dos animais caçados e tirar e tratar sua pele.

Respostas e comentários

Neste capítulo, são exploradas características próprias dos períodos Paleolítico e Neolítico, apresentando os critérios dessa divisão (material e técnicas empregados na produção de artefatos), bem como suas limitações. Entendem-se, portanto, essas divisões cronológicas como expressão de durações específicas, atribuídas pelos estudiosos com base em características mais ou menos gerais.

BNCC

Ao problematizar o uso do termo pré-história e a periodização tradicional desse período, discutem-se procedimentos e conceitos norteadores do componente curricular, contribuindo para o desenvolvimento da Competência Específica de História nº 6.

Considere que o problema contido na concepção de pré-história relaciona-se a um julgamento prévio, ou seja, há preconceito sobre as culturas ágrafas, que acabam sendo consideradas “anteriores à história” ou “sem história”. Assim, justifica-se a opção por termos como história antes da escrita.

Leve em consideração o fato de que, ao discutir os diferentes momentos da história pré-escrita, utiliza-se a periodização de caráter eurocêntrico, que serve como instrumento analítico e ferramenta, mas apresenta limitações: não revela a imagem fiel do processo histórico e toma a história europeia como referência para toda a humanidade.

Como o período anterior ao desenvolvimento da escrita compreende milhares de anos, os pesquisadores criaram divisões para facilitar seu estudo. Nessas divisões, são considerados os tipos de artefato produzidos pelos grupos humanos. Neste momento, é importante informar aos estudantes que as transformações tecnológicas estudadas na sequência não envolveram todos os grupos humanos ao mesmo tempo. Um grupo humano em determinado local do planeta criou certas ferramentas e outros grupos aprenderam a fazê-las, mas nem todos os grupos, ao mesmo tempo, produziram tais ferramentas. Além disso, o desenvolvimento de uma tecnologia não significou necessariamente o abandono da anterior. Muitas foram utilizadas ao mesmo tempo, como ocorre atualmente.

O “berço da humanidade”

Os vestígios mais antigos produzidos pelos seres humanos foram encontrados na África. É por isso que se afirma que o continente é o “berço da humanidade”.

África: vestígios dos primeiros seres humanos

Mapa. África: vestígios dos primeiros seres humanos. Apresenta o continente africano.
Legenda: 
Triângulo verde: África do Sul.
Triângulo vermelho: Tanzânia.
Triângulo laranja: Quênia.
Triângulo roxo: Etiópia.
No mapa, ao sul, cinco triângulos estão localizados na África do Sul. A leste, três triângulos estão localizados na Tanzânia; cinco no Quênia; e dois na Etiópia. No canto inferior direito, a rosa dos ventos e a escala de 0 a 1.030 quilômetros.

FONTE: KI-ZERBO, J. Metodologia e pré-história da África. segunda edição Brasília: unêsco, 2010. página 454. volumeum (Coleção História geral da África).

Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Os vestígios mais antigos que podem ser considerados humanos foram encontrados nos pontos marcados no mapa, ao leste e ao sul da África.

Por algum motivo que ainda se desconhece, no Paleolítico os humanos migraram para outras regiões, ultrapassando os limites do continente africano. Antes disso, outras espécies de hominídeos, como os neandertais, também tinham deixado a África, e seus fósseis foram encontrados na Ásia e na Europa.

De fórma geral, a migração humana começou na África Oriental entre 190 e 160 mil anos. No início, eles se deslocaram para outros lugares do continente africano. Depois, entre 100 e 60 mil anos, ocuparam regiões mediterrâneas, na Europa e no Oriente Médio.

Na China, os fósseis de humanos mais antigos têm cêrca de 80 mil anos. De lá, eles ocuparam a Oceania e, posteriormente, a América.

Mundo: expansão do gênero ômo

Mapa. Mundo: expansão do gênero homo. Apresenta o planisfério político com o nome dos continentes.
Legenda:
Seta vermelha: Rota de expansão do Homo erectus.
Seta rosa: Rota de expansão do Homo neanderthalensis.
Seta roxa: Rota de expansão do Homo sapiens.
No mapa, a rota de expansão do homo erectus parte do centro da África e apresenta duas ramificações, uma em direção ao noroeste do continente, e outra que atravessa a península arábica, em direção ao sul da Ásia.
A rota de expansão do homo neanderthalensis parte do norte da África em direção ao oeste da Europa. 
A rota de expansão do homo sapiens parte do centro da África e apresenta três ramificações: uma em direção ao oeste da Europa; outra passa pela Ásia e vai até o sul do continente, atravessando o Oceano Índico em direção à Oceania; e a terceira atravessa a Ásia pelo norte, passa pelo Estreito de Bering e vai até a América, atingindo o território dos atuais Estados Unidos. No canto inferior esquerdo, a rosa dos ventos e escala de 0 a 2.700 quilômetros.
 

FONTE: SANTOS, F. R. A grande árvore genealógica humana. Revista da Universidade Federal de Minas Gerais, volume 21, número 1-2, janeiro-dezembro 2014, página 105.

Respostas e comentários

Nesse momento de estudo sobre o Paleolítico, é importante comentar com os estudantes que os grupos nômades não mudavam de lugar o tempo todo. Eles aprenderam a usar rotas mais ou menos fixas, observando a natureza e o movimento de suas presas. Portanto, era comum passarem os verões e os invernos no mesmo lugar, todos os anos. Nos assentamentos temporários, em cavernas, covas e outros locais, foi encontrada a maior parte de seus artefatos e fósseis. Na maioria das vezes, esses grupos não caçavam grandes presas, mas era comum esperarem a morte de animais de grande porte, como os mamutes, para se alimentar das carcaças.

Curadoria

Berço da humanidade (Vídeo)

ê bê cê. Brasil, 2017. Duração: 26 minutos. Disponível em: https://oeds.link/5u4g8s. Acesso em: 23 novembro 2021.

Nesse documentário da série “Nova África”, são apresentados sítios arqueológicos, museus e depoimentos de pesquisadores a fim de debater o achado dos vestígios mais antigos de ocupação humana no planeta. A exibição desse documentário em sala de aula pode contribuir para a diversificação das fontes de conhecimento e para a comparação, pelos estudantes, do uso de diferentes linguagens na compreensão dos processos históricos.

Curadoria

Assim caminhou a humanidade (Livro)

Walter Neves, Rui Murrieta e Miguel José Rangel Júnior (organizador). São Paulo: Palas atêna, 2015.

Organizada pelos professores Walter Neves e Rui Murrieta, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (úspi), além do pesquisador da mesma instituição Miguel José Rangel Júnior, a obra reúne textos desses e de outros autores, compilando, em linguagem acessível, os conhecimentos mais recentes sobre o estudo da evolução humana, do surgimento dos primeiros bípedes à explosão criativa do Paleolítico Superior, como a peregrinação dos Sápiens pelo planeta.

O Neolítico

Por volta de 12 mil anos atrás, alguns grupos humanos começaram a fazer instrumentos principalmente de pedra polida. O período em que isso ocorreu, marcado pelo aperfeiçoamento de pilões e moinhos de grãos, além de enxadas, foices e machados de pedra, entre outros objetos, é denominado Neolítico.

Você prestou atenção nos tipos de instrumento que foram citados? Não eram instrumentos de caça, certo? Eles são um forte indício de que os grupos humanos do Neolítico começaram a plantar vegetais. Essa tarefa era executada provavelmente pelas mulheres. Normalmente responsáveis pela coleta de vegetais, é provável que elas tenham percebido o ciclo reprodutivo das plantas. Assim, deram início ao processo de domesticação de espécies para cultivá-las.

Nesse processo, modificaram frutos, folhas e grãos por meio da seleção das sementes, aperfeiçoando as plantações. Além disso, passaram a escolher os terrenos mais adequados para plantar e programar as regas, a colheita e o armazenamento do que foi colhido, por exemplo.

Esse processo de domesticação da natureza, que recebeu o nome de Revolução Agrícola, durou milhares de anos e aconteceu em diversos lugares do planeta. São considerados berços da agricultura: o Oriente Próximo, a China e o sul do México.

Mundo: agricultura e criação de animais – a partir de 8000 antes de Cristo

Mapa. Mundo: agricultura e criação de animais a partir de oito mil antes de Cristo. Mapa com a representação de terras na América, África, Europa e Ásia, destacando áreas de cultivo de alimentos e criação de animais.
Na legenda, ilustrações representam os seguintes elementos: algodão, arroz, aveia, batata, cânhamo, centeio, cevada, ervilha, feijão, inhame, lentilha, mandioca, milho, painço, sorgo, trigo, cabra, carneiro, boi, cavalo, porco, galinha, ganso e lhama.
Em amarelo: área de origem das principais culturas agrícolas e da criação de animais.
Em vermelho: Crescente Fértil.
No mapa, na região do Crescente fértil, localizada no Oriente Médio, foram indicados os seguintes elementos: Criação de carneiros, oito mil antes de Cristo; criação de cabras, sete mil e quinhentos antes de cristo; cultivo de ervilhas, sete mil antes de Cristo; cultivo de trigo, seis mil antes de Cristo.
Áreas de origem das principais culturas agrícolas e da criação de animais foram indicadas nos quatro continentes representados. Na América central: Cultivo de milho, seis mil antes de Cristo; cultivo de feijão, três mil antes de Cristo. Na costa oeste da América do Sul: cultivo de batata, oito mil antes de Cristo; cultivo de feijão, sete mil antes de Cristo; criação de lhamas, quatro mil antes de Cristo; cultivo de algodão, três mil e trezentos antes de Cristo. Na costa leste da América do Sul: cultivo de mandioca, cinco mil antes de Cristo; cultivo de inhame, três mil antes de Cristo.
Na África: cultivo de cevada, oito mil antes de Cristo; cultivo de trigo, seis mil antes de Cristo; cultivo de sorgo, quatro mil antes de Cristo; cultivo de painço, três mil antes de Cristo. Na Europa: cultivo de centeio, oito mil antes de Cristo; criação de porcos, sete mil antes de Cristo; cultivo de aveia, seis mil e quinhentos antes de Cristo; criação de bois, seis mil e quinhentos antes de Cristo. Na Ásia, na região do Oriente Médio: criação de gansos, oito mil antes de Cristo. Na porção central da Ásia: cultivo de lentilhas, sete mil antes de Cristo; cultivo de cânhamo, cinco mil e quinhentos antes de Cristo; cultivo de algodão, quatro mil e quinhentos antes de Cristo; criação de cavalos, três mil e quinhentos antes de Cristo. No Sudeste asiático: criação de galinhas, oito mil antes de Cristo; cultivo de arroz, oito mil antes de Cristo e três mil e quinhentos antes de Cristo; criação de porcos, sete mil antes de Cristo; cultivo de inhame, sete mil antes de Cristo; cultivo de painço, seis mil antes de Cristo.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 2.700 quilômetros.

FONTE: PARKER, G. (edição). Atlas da história do mundo. São Paulo: Times: Folha de São Paulo, 1995. página 38-39.

Ícone. Ilustração de um símbolo de localização sobre um folheto aberto e em branco, indicando o boxe Se liga no espaço!

Se liga no espaço!

Responda no caderno.

Observe no mapa os locais e as datas aproximadas da domesticação de certas espécies e depois explique por que a Revolução Agrícola não atingiu todos os grupos humanos ao mesmo tempo.

Respostas e comentários

Resposta do Se liga no espaço!: O mapa reforça a ideia de que o processo de adoção da agricultura não foi linear nem instantâneo, ocorrendo em diferentes pontos do planeta em momentos distintos.

Bê êne cê cê

O texto e o mapa desta página – que tratam da intervenção dos seres humanos na natureza e do processo não linear de desenvolvimento da agricultura – contribuem para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero cinco, das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 5 e nº 7 e da Competência Específica de História nº 2.

Interdisciplinaridade

Ao abordar a Revolução Agrícola, a atividade proposta no boxe “Se liga no espaço!” contribui para o desenvolvimento das habilidades da geografia ligadas à transformação da natureza pelos seres humanos: a ê éfe zero seis gê ê zero dois – “Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos originários” – e a ê éfe zero seis gê ê zero seis – “Identificar as características das paisagens transformadas pelo trabalho humano a partir do desenvolvimento da agropecuária e do processo de industrialização”.

Ampliando

A divisão do trabalho é uma característica social e varia de acordo com a comunidade. O arqueólogo górdon childe trata do assunto destacando o papel das mulheres na especialização de métodos de transformação da natureza.

reticências os homens, ou mais exatamente as mulheres, não só tiveram de descobrir plantas adequadas e métodos reticências de cultivo, mas também inventar ferramentas especiais para lavrar o solo reticências e armazenar a colheita e transformá-la em alimento [...].

reticências A moenda se podia fazer num pilão, mas o processo habitual era o de esfregar os grãos numa pedra em fórma de prato reticências com uma pedra de friccionar [...].

A farinha pode ser transformada facilmente em sopas ou bolos, mas o fabrico do pão exige certos conhecimentos de Bioquímica reticências e um forno de construção especial. Além disso, o mesmo processo biológico empregado para o fermento do pão serviu para abrir à humanidade um novo mundo de encantamento: todos reticências preparavam licores, fermentados. reticências

Todas as invenções e descobertas precedentes foram, segundo as provas etnográficas, obra das mulheres. Também a elas, segundo os mesmos indícios, devemos atribuir a química da fabricação de cerâmica, a física da fiação, a mecânica do tear e a botânica do linho e do algodão.”

childe, G. O que aconteceu na história. Rio de Janeiro: Jorge zarrár, 1977. página 61-62.

O processo da sedentarização

A Revolução Agrícola causou alterações profundas na vida dos humanos. Com o domínio da agricultura, vários grupos abandonaram os deslocamentos periódicos, tornando-se gradualmente sedentáriosglossário . Como as plantações precisavam de cuidados constantes, as pessoas tinham de permanecer perto dos locais cultivados. Por isso, começaram a construir nas proximidades das lavouras moradias com diferentes materiais, como pedra, madeira e barro.

Ao se fixar para cuidar das plantações, os humanos passaram a precisar de vasilhas para guardar o que colhiam e para cozinhar. Assim, desenvolveram a cerâmica. Ao mesmo tempo que isso ocorria, começaram a domesticar animais e explorá-los a fim de obter carne, leite e pele (para confeccionar roupas e utensílios).

Fotografia. Quatro potes feitos de cerâmica com diversos tamanhos e formas, sendo um pequeno e um grande de boca larga, e um pequeno e um grande de boca afunilada, parecidos com jarros. Ambos apresentam duas alças laterais.
Potes de cerâmica, produzidos por volta de 4000 antes de Cristo, encontrados na região da Catalunha, atual Espanha.

A sedentarização tornou os humanos mais dependentes do grupo e do sucesso da colheita, da qual todos participavam de alguma fórma. Além disso, eles precisavam garantir a segurança alimentar e física uns dos outros (pois grãos em abundância podiam atrair grupos rivais buscando comida fácil), e a organização social foi ficando cada vez mais complexa. Com mais comida, eles puderam ampliar a capacidade de formar grupos maiores.

Essa revolução no modo de vida foi irreversível. Apesar de ainda existirem grupos humanos vivendo como caçadores-coletores, a maioria é sedentária.

Fotografia. Pequena casa de barro com telhado triangular de palha em meio à vegetação.
Reconstrução atual de uma casa neolítica no sítio arqueológico de Százhalombatta, nas proximidades de Budapeste, Hungria. Foto de 2020.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Nos períodos Paleolítico e Neolítico, a habilidade de tecer fios e cordas era muito importante para a conquista do ambiente. Por isso, homens e mulheres teciam redes de pesca e de caça e, após se sedentarizarem, desenvolveram técnicas de trançar palha e outras fibras vegetais para com elas produzir telhados de casas, roupas, cestos, cordas e diversos outros utensílios.

Respostas e comentários

BNCC

Ao tratar do processo de sedentarização, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade EF06HI05 e da Competência Específica de História nº 1.

No tópico “O Neolítico”, que inicia na página 43, discutem-se mudanças substantivas da vida humana, como as relacionadas à agricultura, à produção de cerâmica e à metalurgia. Com essas técnicas, os grupos humanos puderam domesticar minimamente a natureza, mudando profundamente seu modo de vida. Comente com os estudantes que a sedentarização de alguns grupos naquele momento não indica a ocorrência de uma linha evolutiva progressiva ou uma escala segundo a qual se podem definir grupos mais ou menos evoluídos.

De acordo com estudos recentes, a sedentarização também provocou muitas perdas e perigos. Aqueles que adotaram esse modo de vida passaram a ter uma dieta mais restrita. Os caçadores-coletores do Paleolítico, assim como as comunidades tradicionais de caçadores-coletores atuais, tinham amplo conhecimento acerca da natureza e sabiam onde encontrar recursos alimentares diversificados, variando a ingestão de nutrientes. Os sedentários que plantavam trigo e cevada e criavam gado bovino, por exemplo, comiam quase sempre pães e mingaus, a mesma fonte de proteína animal e derivados do leite. Tinham, portanto, uma oferta bem mais limitada de nutrientes. Além disso, quando havia uma praga na plantação, ratos e insetos devoravam o estoque no inverno ou outro grupo o roubava, as comunidades sedentárias passavam fome. Indivíduos mais fracos sucumbiam a doenças. Além disso, o fato de viverem juntos, em condições sanitárias precárias e malnutridos, aumentou o risco de epidemias. Com a Revolução Agrícola, os humanos adotaram fórmas de cultivar e de se alimentar que foram aperfeiçoadas, mas também problemas que persistem até hoje.

Essa pode ser uma boa oportunidade para questionar uma noção do senso comum que acompanha a ideia de mudança histórica: a de progresso, considerando a história humana sempre uma evolução, em que se passa de “condições piores para melhores”, de organizações e instituições “mais simples para mais complexas” etcétera Se, por um lado, a chamada Revolução Agrícola do Neolítico contribuiu para a estabilidade no suprimento das necessidades e favoreceu, portanto, o crescimento dos grupos, por outro, trouxe novos problemas.

A descoberta dos metais

Alguns grupos humanos desenvolveram a técnica de produzir objetos de metal no final do Período Neolítico. Há cêrca de 8 mil anos, o cobre começou a ser empregado na produção de ornamentos e utensílios.

A utilização do fogo para fundir o minério de cobre ao estanho originou o bronze, 2 mil anos depois. Essa liga metálica foi utilizada para produzir armas e ferramentas, entre outros objetos.

Por volta de .3500 anos atrás, passou a ser difundido o uso do minério de ferro aquecido em fornos e misturado ao carbono e ao manganês, obtendo uma liga ainda mais resistente. Os seres humanos, então, passaram a empregar o ferro na produção de armas e ferramentas agrícolas, como o arado e a enxada.

Os pioneiros no uso do ferro parecem ter sido os antigos habitantes da Índia, por volta de 1800 antes de Cristo, ou os mesopotâmicos, por volta de 2000 antes de Cristo

Assim como ocorreu com a agricultura, nem todos os grupos humanos criaram técnicas para fundir o ferro no mesmo período. Há até muitos grupos que nunca o fizeram, como os povos indígenas americanos. Além disso, antigos materiais e técnicas continuaram a ser utilizados após o desenvolvimento de outros.

Isso mostra como os grupos humanos são diferentes uns dos outros e, principalmente, que uma época não é melhor do que a anterior apenas por contar com uma tecnologia aperfeiçoada ou pela possibilidade de usar um metal mais resistente que outro.

Fotografia. Homem de boné, bermuda e camisa listrada em cima de um pequeno barco em um rio jogando uma rede de pesca na água.
Pescador no Rio São Francisco, em Lagoa Grande (Pernambuco). Foto de 2021.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Você percebeu que até os dias de hoje são utilizadas técnicas inventadas no período chamado de história pré-escrita, como as utilizadas para produzir fogo, forjar instrumentos de ferro e confeccionar redes de pesca? Toda a tecnologia empregada nessas tarefas foi desenvolvida pelos seus antepassados!

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Qual foi a importância do fogo para as espécies do gênero ômo?
  2. Por que os seres humanos têm necessidade de cultura?
  3. Explique o que foi a Revolução Agrícola apontando algumas das transformações que ela trouxe para os humanos.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar do desenvolvimento de tecnologias distintas em diferentes locais do planeta, associado à intervenção humana na natureza, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero cinco e da Competência Específica de Ciências Humanas nº 5.

Tema Contemporâneo Transversal

Ao promover a discussão sobre as continuidades e as rupturas nas culturas humanas, incentivando os estudantes a refletir sobre a adaptabilidade humana que persiste até os dias atuais, e sobre a convivência de diferentes culturas em qualquer período da história, o conteúdo pode favorecer o desenvolvimento do Tema Contemporâneo Transversal Diversidade cultural.

Agora é com você!

1. O fogo transformou radicalmente o modo de vida dessas espécies, que puderam se proteger de maneira mais eficiente, obter luz e calor para enfrentar o frio e preparar alimentos. Além disso, as reuniões ao redor da fogueira transformaram a comunicação e a troca de conhecimentos.

2. Porque a sobrevivência da espécie está relacionada à invenção, à antecipação de problemas e ao aprendizado, processos que ocorrem por meio do contato entre os diversos grupos, entre gerações e demandam o desenvolvimento da linguagem verbal.

3. A Revolução Agrícola foi o processo de domesticação da natureza por meio do qual se modificaram frutos, folhas e grãos por meio da seleção das sementes, permitindo o aperfeiçoamento das plantações. A principal transformação que essa revolução provocou foi o abandono do nomadismo e a sedentarização de parte dos grupos humanos.

Orientação para as atividades

Os comandos das atividades propostas no boxe “Agora é com você!” remetem a seções do texto facilmente identificáveis. Promova um exercício de identificação dessas remissões com os estudantes propondo-lhes que:

identifiquem as passagens mais importantes que contêm as respostas;

discutam com os colegas as perguntas e possíveis respostas (podem ser formadas para isso duplas de estudantes em estágios diversos de desenvolvimento);

verbalizem o que compreenderam antes de escrever as respostas.

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. Identifique o período da história pré-escrita em que os objetos das imagens a seguir começaram a ser usados.
Fotografia. Três artefatos de pedra, em cuja superfície é possível perceber as marcas de lascas.
Ferramentas de pedra lascada produzidas há c. 1,5 milhão de anos expostas no Museu de Arqueologia Nacional em Saint-Germain-en-Laye, França.

b)

Fotografia. Três artefatos de pedra de superfície lisa e arredondada.
Machados e foice feitos de pedra polida produzidos há c. 3.500 anos, encontrados em East Knoyle, Wiltshire, Reino Unido.

c)

Fotografia. Quatro artefatos de metal retangulares, com pontas arredondadas, de diferentes espessuras.
Machados feitos de cobre produzidos entre 4500 e 3000 antes de Cristo, encontrados na Europa Central e Oriental.

d)

Fotografia. Jarro de cerâmica com desenhos de linhas na parte de cima.
Jarro de cerâmica da cultura majiayao produzido em cêrca de 2500 antes de Cristo, encontrado na China.
  1. Indique, no caderno, a correspondência entre letra e número nos itens a seguir.
    1. Lucy.
    2. Domínio do fogo.
    3. Linguagem verbal.
    4. Revolução Agrícola.
    1. Possibilitou proteção e mudanças no convívio social.
    2. Processo em que houve a domesticação de animais e plantas.
    3. Relaciona-se ao aprendizado e à transmissão de conhecimento.
    4. Um dos fósseis mais antigos de hominídeos.
  2. Leia as afirmações a seguir e verifique se elas são verdadeiras ou falsas. Anote as respostas no caderno.
    1. De acordo com a teoria da evolução, as espécies não se modificam ao longo do tempo.
    2. Ao desenvolver a agricultura, os seres humanos modificaram frutos, folhas e grãos por meio da seleção das sementes.
    3. O Omo sápiens é a única espécie do gênero ômo ainda existente, mas conviveu com outras espécies de hominídeos no passado.
    4. As narrativas mítico-religiosas partem de evidências verificáveis e metodologias científicas para explicar a origem da vida dos humanos.
    5. Após o desenvolvimento da agricultura, vários grupos humanos continuaram a caçar e coletar e a viver como nômades.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar do método científico e da evolução humana, as atividades contribuem para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero três. Favorecem, ainda, que os estudantes exercitem a curiosidade intelectual e a reflexão, avaliem e interpretem iconografia diversificada, inclusive tirinhas, e exercitem a produção textual usando argumentos com base em informações confiáveis, desenvolvendo as Competências Gerais da Educação Básica nº 2 e nº 4, a Competência Específica de Ciências Humanas nº 7 e a Competência Específica de História nº 3.

Atividades

Organize suas ideias

1. a) Paleolítico (ferramentas de pedra lascada).

b) Neolítico (machados e foice de pedra polida).

c) Idade dos Metais (machados de cobre).

d) Neolítico (jarro de cerâmica).

2. a quatro;b um;c três;d dois.

3. a) F;b) V;c) V;d) F;e) V.

Aprofundando

4. Observe as tirinhas para responder às questões.

 um

Tirinha composta por 3 quadros. Apresenta Darwin, homem calvo de barba longa e branca, usando roupas escuras; e outro homem, representando Deus, calvo de barba longa branca, usando roupas claras.
Quadro 1: Deus fala: 'Darwin, olhe isso'.
Quadro 2: Deus aponta para o chão e solta uma energia em direção a um pouco de pó, à direita.
Quadro 3: O pó se transforma em um passarinho colorido, que canta. Darwin responde a Deus: 'Isso foi uma indireta?'.
Um sábado qualquer, tirinha de Carlos Ruas, 2016.

 dois

Tirinha composta por 2 quadros. Apresenta Darwin, homem calvo de barba longa e branca, usando roupas escuras; e outro homem calvo de barba longa branca, representando Deus, usando roupas claras.
Quadro 1: Deus, vestindo um chapéu cônico colorido, com uma caixa de presente na mão, fala: 'Ok Darwin, sem piadas desta vez. Toma! Um dinossauro de presente!'.
Quadro 2: A caixa aparece no chão, desembrulhada, enquanto Darwin segura uma galinha nas mãos, que faz POCÓ. Deus exclama: 'Droga! Evoluiu!'.
Um sábado qualquer, tirinha de Carlos Ruas, 2016.
  1. Que tipos de explicação para a origem da vida estão presentes nas tirinhas?
  2. Que elementos presentes nas imagens você observou para responder à questão anterior?
  3. “Se me mostrarem um único ser vivo que não tenha ancestral, minha teoria poderá ser enterrada.” Essa frase é atribuída a chárlis Dárvin. A tirinha dois está de acordo com essa ideia? Justifique sua resposta.

5. Leia o trecho a seguir e, depois, escreva um texto dissertativo sobre a importância da cultura para os seres humanos.

   “[...] os resultados da experiência humana conservam-se reticências graças aos livros, aos monumentos [...], aos utensílios, a todo o gênero de instrumentos que se transmite de geração em geração, à tradição oral, etcétera reticências Em vez de se dissipar [...], a sabedoria humana acumula-se sem fim [...]”.

durcáim, E. Educação e sociologia. São Paulo: Edições 70, 2007. página 59.

Lembre-se de que uma redação deve apresentar pelo menos um parágrafo introdutório sobre o tema que você escreverá, uma parte de desenvolvimento do assunto, na qual você exporá suas ideias a respeito do tema e, por fim, a conclusão do texto, com pelo menos um parágrafo.
Respostas e comentários

Aprofundando

4. a) um. Explicação baseada no criacionismo. dois. Explicação baseada no evolucionismo.

b) Resposta esperada: em um, o pássaro é criado por Deus; em dois, a galinha é resultado de um processo evolutivo.

c) Sim, pois a tirinha dá a entender que o dinossauro, por meio do processo evolutivo, deu origem à galinha. Contudo, o dinossauro não evoluiu para a galinha. O exemplo foi usado pelo artista com o intuito de gerar humor.

5. Pretende-se, com essa atividade de produção textual, incentivar o desenvolvimento das habilidades de interpretação de texto e escrita pelos estudantes, com foco em dissertações argumentativas. Sendo assim, é importante verificar a qualidade da argumentação dos estudantes, considerando a faixa etária. Independentemente do nível de maturidade de escrita, deve-se verificar se os estudantes conseguem, por exemplo, utilizar na redação informações contidas no texto principal do capítulo (na página 40). Além disso, o texto citado na atividade reforça as informações presentes nessa página sobre a necessidade do ser humano de aprender com gerações anteriores, evidenciando seu aspecto de ser cultural. Assim, espera-se que eles usem esse fragmento textual no desenvolvimento da argumentação. No final da atividade, há um lembrete para os estudantes reservarem espaço para a apresentação do tema (introdução), para o desenvolvimento do texto e para a conclusão, elementos da estrutura do texto argumentativo. Assim, é importante verificar se, mesmo que ainda de fórma incipiente, eles respeitaram essa estrutura.

Curadoria

Neandertal, nosso irmão: uma breve história do homem (Livro)

Silvana Condemi e franída S él savatier. São Paulo: Vestígio, 2018.

Escrito por uma das principais estudiosas do assunto e por um jornalista científico, esse livro é voltado para não especialistas, mas apresenta preocupação com as referências. É uma importante obra sobre a paleoantropologia do ômo neanderthalensis, sua vida, seu mundo e sua interação com o ômo Sápiens.

Glossário

Consenso
: concordância de opiniões.
Voltar para o texto
Fóssil
: resto de um ser vivo ou evidência de suas atividades preservada em diversos materiais, como as rochas ou o gelo.
Voltar para o texto
Curtume
: técnica usada para curtir (ou seja, amaciar) couro.
Voltar para o texto
Paleontólogo
: cientista dedicado ao estudo das fórmas de vida existentes em períodos geológicos passados, com base em fósseis.
Voltar para o texto
Sedentário
: indivíduo que não se movimenta muito, parado.
Voltar para o texto