UNIDADE 3 ANTIGUIDADE CLÁSSICA: GRÉCIA E ROMA

A história e você: corpos saudáveis e diversos!

Nesta unidade você estudará as antigas civilizações grega e romana, que constituíam a chamada Antiguidade clássica. Elas são denominadas clássicas porque foram lidas e analisadas como a origem de muitos elementos da chamada cultura ocidental.

A democracia, por exemplo, teve início em Atenas, na Grécia antiga, apesar de a ideia que temos hoje desse sistema de governo ser diferente da dos antigos atenienses. Os termos política, Senado e cidadania também têm origem nas sociedades grega e romana antigas. Muitas outras coisas também remetem a esses povos: filosofia, teatro e conceitos de matemática, de ciência, de medicina e de arquitetura.

E tem mais: o modo como você vê seu corpo tem ou possui relação com a Antiguidade clássica! Na Grécia antiga, a partir do século cinco antes de Cristo foi disseminado um ideal de beleza por meio de estátuas de heróis e deuses, com o corpo delineado, em todas as cidades. Nas paredes de prédios e das casas, havia pinturas de corpos masculinos esbeltos, atléticos, com músculos esculpidos.

Hoje, padrões de beleza são disseminados na televisão, nos outdoors, nas revistas e na internet. Em busca do corpo considerado perfeito, as pessoas procuram academias, salões de estética e cirurgiões plásticos. Apesar de essa busca não ser um problema em si, as pressões por um ideal de beleza inalcançável para a maioria das pessoas são apontadas como causas de alguns transtornos emocionais.

Ilustração. Diversos elementos referentes à Antiguidade clássica, distribuídos horizontalmente. Da esquerda para a direita: escultura de um homem nu encurvado, com o braço para trás, se preparando para lançar um disco; um teatro a céu aberto com arquibancadas rodeando o palco e, ao fundo, uma edificação com colunas; uma mulher sentada, vestindo uma túnica longa azul e com louros na cabeça, tocando harpa; atrás dela, um portal em arco; à direita, escultura de um homem sentado, com o torso nu e uma mão no queixo; uma típica coluna grega. Ao fundo, os números romanos nove, dois, seis e, na frente no canto inferior direito, o número quatro.
Ilustração atual representando alguns elementos culturais das sociedades da chamada Antiguidade clássica que, ainda que transformados, estão presentes no mundo contemporâneo.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Com a proposição de pesquisa em grupo e a produção de materiais e sínteses para a apresentação de um seminário sobre questões relacionadas à aparência corporal e à saúde física e mental, incentiva-se o protagonismo dos estudantes e a cooperação entre eles. Por meio desse trabalho, pode-se propor uma reflexão sobre os problemas relacionados à busca por um corpo que corresponda aos padrões de beleza socialmente instituídos, entre outros temas. Essas atividades contribuem para o desenvolvimento das Competências Gerais da Educação Básica nº 1, nº 2, nº 4, nº 8, nº 9 e nº 10 e das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 1, nº 2 e nº 6.

Abertura de unidade

Essa unidade abarca os capítulos 7 (“O mundo grego antigo e a formação da democracia”), 8 (“Todos os caminhos levam a Roma”) e 9 (“Império Romano: Ocidente e Oriente”) do volume. O tema escolhido para esse momento inicial foi o do estabelecimento de um ideal de beleza corporal no mundo grego antigo, que foi incorporado posteriormente por Roma e depois legado ao Ocidente. Com o conteúdo da abertura, pretende-se contribuir para que os estudantes reflitam sobre esses padrões estéticos, muitas vezes inalcançáveis, que podem causar problemas físicos e psíquicos. Além disso, na apresentação da proposta, há uma pequena introdução sobre o legado da chamada Antiguidade clássica para o Ocidente, assunto que perpassa todos os capítulos da unidade.

Em contrapartida, atualmente os veículos de comunicação e propaganda buscam valorizar a existência de corpos variados: baixos, altos, magros, gordos etcétera Em nenhuma sociedade – talvez nem mesmo na dos gregos antigos – todos os indivíduos são iguais e conseguem, ou querem, adequar-se aos padrões sociais vigentes. E não há problema nisso.

Assim, para discutir a saúde física e celebrar a diversidade, você e seus colegas apresentarão seminários. Para isso, verifiquem as etapas a seguir.

Organizar

  • Organizem-se em oito grupos para apresentar um seminário de aproximadamente quinze minutos.
  • Escolham um dos temas a seguir para o seminário: “A importância da atividade física: uma questão de saúde, não de estética”; “O perigo dos transtornos alimentares”; “Corpos reais são bonitos: a diversidade de tipos físicos mostrados nos meios de comunicação”; “O que é gordofobia e como se conscientizar contra esse preconceito”. Cada tema será abordado por dois grupos.

Produzir

  • Pesquisem informações sobre o tema em sites confiáveis e em livros e revistas impressos. Anotem as informações que considerarem relevantes, selecionando imagens para mostrar aos colegas durante a apresentação.
  • Transformem as anotações em tópicos e usem-nas para montar os slides ou cartazes para a apresentação do seminário, que devem conter imagens.
  • Marquem uma apresentação como teste para verificar se as falas estão audíveis, se os slides/cartazes estão bonitos e legíveis e se o tempo de quinze minutos não foi ultrapassado.

Compartilhar

  • Façam a apresentação no dia combinado. Durante a apresentação dos outros grupos, anotem as informações que considerarem importantes.
  • Ao final, toda a turma selecionará as informações que julgar mais importantes e os slides/cartazes mais legais para divulgar em suas redes sociais ou expor na escola com a devida autorização.
Ilustração. Imagem vertical representando alunos em uma sala de aula. Na parte superior, um menino negro e uma menina branca cadeirante com um papel na mão. Eles estão diante de um quadro branco com o desenho de dois homens e duas mulheres de diferentes pesos em trajes de banho, para o qual o menino aponta. Em primeiro plano, vistos de costas, quatro crianças de diversas etnias, sentadas em carteiras, olham para eles.
Ilustração atual representando estudantes em uma apresentação de seminário.
Respostas e comentários

Atividade

Reserve uma aula para a primeira parte da atividade (“Organizar”) e o direcionamento da segunda (“Produzir”). Escreva na lousa os temas do seminário para facilitar a formação dos oito grupos. Depois, peça aos estudantes que se reúnam em grupos e os instrua no direcionamento da pesquisa. Como já fizeram atividades desse tipo nas duas unidades anteriores, espera-se que tenham desenvolvido habilidades como a de procurar sites confiáveis, tornando possível a realização da pesquisa como tarefa de casa.

Oriente os grupos que pesquisarão o primeiro tema, se possível, a buscar informações sobre o fato de saúde física, alimentação saudável etcétera não estarem associadas diretamente com o ideal estético, pois nem todas as pessoas gordas apresentam doenças e nem todas as magras são saudáveis. Esses grupos podem buscar informações também sobre a alimentação da parcela da população mais pobre que passa fome (e apresenta sinais de desnutrição) ou come mal, em razão do baixo custo de alimentos com pouco valor nutricional, o que pode desenvolver a obesidade. Os grupos que pesquisarão o segundo tema deverão buscar informações sobre as causas e as fórmas de manifestação dos transtornos alimentares mais comuns, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar, e os tratamentos disponíveis para as pessoas que os apresentam. Peça aos integrantes desses grupos que, se possível, abordem os impactos de ideais de beleza inatingíveis e de padrões estéticos estritos, como o da magreza feminina ou o do físico musculoso masculino, na ocorrência de tais transtornos. Os grupos que pesquisarão o terceiro tema deverão apresentar imagens de propagandas recentes que mostrem corpos diversos, com representação de diversidade racial e etária, de pessoas com piercing, tatuagem, cabelos coloridos etcétera Peça-lhes que, se possível, posicionem-se a respeito do tema e promova uma discussão em sala de aula sobre os benefícios dessa flexibilização. Por fim, peça aos grupos responsáveis pelo quarto tema que busquem informações sobre a definição de gordofobia (aversão à gordura e a pessoas gordas) e as fórmas de manifestação desse preconceito (se possível, apresentem relatos em reportagens). A ideia é conscientizar os estudantes sobre casos de preconceito e bullying associados a padrões estéticos dominantes.

Reserve duas aulas para a apresentação dos seminários: quatro grupos em cada uma. Deixe-os cientes de que não podem ultrapassar os 15 minutos de apresentação, para não prejudicar os outros. Caso os estudantes pretendam usar projetor, reserve-o com antecedência, se disponível na escola.

Comente com a turma que nem todos os integrantes dos grupos precisam falar durante a apresentação, a fim de não forçar, por exemplo, estudantes mais tímidos a se expor. Um integrante pode exibir os slides ou cartazes para a sala, outro revisar o texto dos tópicos etcétera O que importa para a avaliação é a produção coletiva do trabalho.

Temas Contemporâneos Transversais

A abertura, por envolver a pesquisa e a discussão a respeito de padrões estéticos, do preconceito contra corpos que não correspondem ao ideal de beleza imposto socialmente e da importância da saúde como principal fator a ser considerado em uma análise sobre o corpo (que remete à alimentação saudável), contribui para o desenvolvimento dos Temas Contemporâneos Transversais Saúde, Educação alimentar e nutricional e Diversidade cultural.

CAPÍTULO 7 O MUNDO GREGO ANTIGO E A FORMAÇÃO DA DEMOCRACIA

As imagens desta página revelam semelhanças entre uma prática da sociedade contemporânea e outra, que era realizada na Grécia antiga. Neste capítulo, você estudará as características de alguns povos que viviam na Grécia antiga e também outras práticas e conhecimentos que eles transmitiram, especialmente, para o mundo ocidental.

Fotografia. Vaso preto de bojo largo e base e boca afuniladas com duas alças na parte de cima e desenhos pretos em um fundo laranja decorativos na parte de cima e perto da base. No meio, o desenho representa vários homens correndo.
Vaso grego produzido no século cinco antes de Cristo que representa competidores disputando uma corrida.
Fotografia. Em primeiro plano, homens correndo com bastões nas mãos em raias de uma pista de atletismo. Em segundo plano, nas mesmas raias e com os mesmos uniformes dos homens da frente, homens diminuindo a velocidade. Ao fundo, placas coloridas com a inscrição "Rio 2016".
Disputa da prova de revezamento 4 por 100 metros rasos, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 2016. Nessa ocasião, a equipe brasileira terminou a prova na sexta colocação.
Ícone. Ilustração de ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Explique a semelhança entre as duas imagens desta página.
  2. Qual é a relação entre os Jogos Olímpicos e a Grécia antiga?
  3. Em sua opinião, as competições esportivas realizadas na Grécia antiga e as de hoje são parecidas ou diferentes? Cite exemplos para justificar sua resposta.
Respostas e comentários

Abertura

A abertura do capítulo permite aproximar a realização das Olímpiadas na Grécia antiga das competições desportivas da contemporaneidade. A prática cultural das disputas esportivas, de certa fórma, liga o passado ao presente, mesmo com todas as ressalvas dos respectivos contextos. Se possível, explique aos estudantes que, no mundo grego antigo, as práticas esportivas eram fundamentais para o cotidiano masculino, definindo até posições políticas importantes na sociedade. Na Antiguidade, a disputa esportiva também se associava à liturgia religiosa. Na contemporaneidade, a prática esportiva, em especial a profissional, demanda dedicação do atleta e, muitas vezes, investimento público e privado. Além disso, a adoção da prática de esportes da Antiguidade foi realizada, ao longo do século dezenove, com o intuito de equiparar o mundo ocidental europeu ao passado da Grécia antiga.

Atividades

1. A foto do vaso grego do século cinco antes de Cristo e a da disputa nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) em 2016 apresentam o mesmo tema: a realização de uma competição de corrida.

2. Os estudantes têm o primeiro contato com Grécia antiga geralmente no 5º ano. Portanto, eles já tiveram oportunidade de estudar a relação entre Jogos Olímpicos e Grécia antiga. Além disso, sendo um evento realizado de quatro em quatro anos, com muita repercussão nos meios de comunicação, é provável que os estudantes já tenham ouvido ou lido algo sobre a origem dos Jogos Olímpicos na Grécia antiga.

3. Os estudantes provavelmente sabem que os Jogos Olímpicos modernos são diferentes dos realizados na Grécia antiga. Um exemplo que podem citar é o da participação das mulheres nos jogos, que era vedada na Antiguidade. Outra diferença refere-se à quantidade de modalidades esportivas em disputa. Podem citar também a impossibilidade da realização na Grécia antiga de provas como a de tiro esportivo, pois não havia tecnologia para isso.

Micenas e outros núcleos urbanos não se constituíam como as cidades formadas após o colapso da Idade do Bronze. A chamada civilização micênica era composta de pequenos núcleos urbanos com organização difusa.

Por meio de escavações arqueológicas, sabe-se que a Grécia antiga foi formada por povos oriundos de regiões que hoje pertencem a países como a Turquia, o Irã, o Iraque, Israel, a Jordânia, o Líbano, o Egito e a algumas regiões da Ásia, de onde teriam emigrado no final do Período Neolítico. Eles acabaram ocupando um vasto território: parte da Península Balcânica, as ilhas do Mar Egeu (como Lesbos e Rodes) e parte da Ásia (conhecida como Jônia).

A origem do mundo grego

A história da Grécia começou em aproximadamente 3000 antes de Cristo, quando grupos que partiram de territórios correspondentes aos das atuais Rússia e Turquia se instalaram nas proximidades do Mar Egeu. Nessa região, passaram a viver em aldeias e depois em pequenos núcleos urbanos independentes.

Os vestígios mais significativos desses grupos foram encontrados no sítio arqueológico de Micenas. Por isso, as pessoas que habitavam o entorno do Mar Egeu no período entre 2600 antes de Cristo e 1200 antes de Cristo foram consideradas parte da civilização micênica.

Os integrantes dessa sociedade deram à região em que viviam o nome élade; por isso, eram denominados helenos. Eles realizaram muitas trocas culturais e comerciais com outros povos da região do Mar Mediterrâneo. Durante esse período, os helenos especializaram-se na produção de objetos de uso cotidiano e armas de bronze.

A civilização micênica foi atingida por uma série de desastres ambientais que desestabilizaram parte da Europa, da Ásia e da África. Por causa disso, os povos afetados pela sêca e pela fome migraram para outras regiões. Assim, grupos do Oriente se dirigiram para terras próximas ao Mar Mediterrâneo e ao norte da África.

A civilização micênica passou, então, a conviver com outros grupos culturais. Por volta do século nove antes de Cristo, pequenas aldeias e vilas da região passaram a se unir, formando um mundo grego composto de várias cidades autônomas.

Fotografia. Um grande vulcão coberto de neve, ao fundo. Em segundo plano, montes menores sem neve e, em primeiro plano, campo aberto.
Vista do Vulcão écla, na Islândia. Foto de 2019.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

A erupção do Vulcão écla, na Islândia, em 1159 antes de Cristo, foi um dos desastres ambientais que afetaram Micenas, perto do Mar Egeu, e outras partes do planeta. As mudanças ambientais decorrentes dessa erupção, somadas a outros fatores climáticos, provocaram sêca e diminuição da quantidade de florestas e de terras adequadas à agricultura, gerando fome generalizada. A crise que atingiu parte do planeta nesse período foi chamada de colapso da Idade do Bronze.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

Localizar no tempo e no espaço o mundo grego e o helenístico, considerando suas relações com outras sociedades.

Descrever as pólis gregas, identificando características comuns a elas, como a cultura religiosa.

Demonstrar que havia trocas culturais entre os gregos e outros povos que habitavam o entorno do Mediterrâneo.

Descrever a organização social ateniense e espartana, considerando as relações entre as atividades econômicas e o poder político.

Explicitar as características da democracia ateniense, explicando seu funcionamento.

Apresentar as diferenças sociais entre homens e mulheres no mundo grego, bem como as fórmas de educação dos jovens.

Descrever a disputa entre as cidades-Estado gregas e o Império Persa pelo contrôle do Mediterrâneo.

Apresentar como os macedônios dominaram o mundo grego e se expandiram pela Europa, pela Ásia e pela África, reconhecendo a mescla cultural advinda desse processo de expansão.

Justificativa

A pertinência dos objetivos elencados para este capítulo está relacionada principalmente à importância que o legado cultural grego possui para a sociedade ocidental na atualidade. Ao analisar aspectos como a democracia ateniense e demonstrar o seu funcionamento, o capítulo sensibiliza os estudantes para os contextos e jogos de poder por trás de certas origens do sistema político adotado na sociedade em que esses vivem. O estudo de aspectos como as diferenças sociais entre homens e mulheres, a organização das pólis gregas e os embates e trocas culturais entre gregos e outros povos do Mediterrâneo são fundamentais para compreender as permanências culturais do mundo grego e o processo pelo qual essas se difundiram pelo planeta.

Curadoria

História antiga e história global: afluentes e confluências (Artigo)

Fábio Augusto Morales e Uiran Gebara da Silva. Revista Brasileira de História, volume 40, número 83, página 125-150, janeiro-abril 2020.

Esse artigo apresenta uma reflexão sobre os estudos de história antiga e a potencialidade de uma história global, que se refletem nas leituras sobre o colapso da Idade do Bronze.

O culto aos deuses

Durante o processo de união do mundo grego, cada cidade adotou estratégias de defesa, plantio e comércio, entre outros fatores, e escolheu um deus ou deusa principal para cultuar.

As cidades de Atenas e Esparta, por exemplo, escolheram Atena, deusa da sabedoria e da guerra. Em Corinto se cultuava possêidon, deus dos mares, do vento e das tempestades. Os protetores da cidade de Tebas eram Apolo, deus das artes e da beleza, e Dionísio, deus do teatro e do vinho.

Os gregos, como muitos outros povos antigos, eram politeístas. O termo panteão, que significa “todos os deuses”, era usado para nomear o conjunto dos deuses e o templo construído para adorá-los.

Durante o período micênico, divindades como Zeus – o deus de todos os deuses e do universo –, Poseidon e Atena já eram mencionadas. Com o passar do tempo, outros deuses foram acrescentados ao panteão.

Os gregos acreditavam que seus deuses tinham virtudesglossário e também víciosglossário . Assim, eles podiam expressar emoções como raiva, ciúme, rancor e ódio. Imortais e dotados de poderes sobrenaturais, os deuses eram versões mais potentes dos seres humanos.

Fotografia. Construção em ruínas em um monte. Em primeiro plano, restos de calçamento de pedra no chão e seis colunas cilíndricas de diferentes tamanhos. Ao fundo, montanhas cobertas de vegetação.
Ruínas do Templo de Apolo, em Delfos, Grécia. Foto de 2019.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Há vestígios dos primeiros núcleos urbanos gregos, como pinturas e esculturas, com a representação de deuses ou o nome deles gravado em ruínas. Isso demonstra a importância da religiosidade para as sociedades da Antiguidade.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

O capítulo como um todo, incluindo a abertura e as seções, ao apresentar e discutir elementos da Antiguidade clássica, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero nove. Além disso, o conteúdo, ao apresentar a civilização micênica, os contatos entre diferentes povos que formaram a civilização helênica e as crenças religiosas gregas, com menção aos poemas épicos Ilíada e Odisseia, cuja autoria é atribuída a Homero, favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um zero e ê éfe zero seis agá ih um cinco e da Competência Específica de História nº 5.

Destaque a relação das cidades gregas antigas com um deus ou uma deusa em particular. É possível sensibilizar os estudantes para a diferença entre as religiões monoteístas e politeístas. Segundo o Censo de 2010, no Brasil, o cristianismo, em suas diferentes confissões, abarca mais de 85% da população (í bê gê É. Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. página 91). Existem, porém, praticantes de crenças politeístas, como grupos minoritários hinduístas e os seguidores de religiões de matriz afro-brasileira que são controvertidamente associadas ao politeísmo. A experiência religiosa e os eventuais preconceitos que a envolvem provavelmente são comuns à maioria dos estudantes e podem ser relacionados ao conteúdo abordado no capítulo, problematizando o presente e desenvolvendo conceitos importantes para o entendimento do fenômeno religioso em uma perspectiva histórica.

A relação entre religião e identidade política pode ser utilizada para questionar a laicidade do Estado no mundo contemporâneo. No Brasil, país majoritariamente católico, os municípios têm santos e santas padroeiras, o que de alguma fórma contraria a laicidade do Estado; as diversas igrejas e grupos religiosos mobilizam os fiéis nos momentos de eleição para defender seus interesses etcétera

Pode-se convidar os estudantes a observar a imagem das ruínas do templo de Apolo e perguntar-lhes por que esse tipo de construção restou e outras desapareceram. Nas cidades de hoje, quais são os vestígios de outros tempos que ainda permanecem? Que edifícios de caráter público são mais bem cuidados? Esses são questionamentos que podem ampliar o debate sobre o tema em sala de aula.

Para os gregos, os deuses moravam no Monte Olimpo, a montanha mais alta da Grécia, e eram governados por Zeus. Ao analisar as narrativas dos gregos sobre os deuses, pode-se compreender os princípios que norteavam a vida deles na Antiguidade.

De acordo com uma dessas histórias, o semideus Aquiles era filho de Tétis, deusa do mar, com um rei chamado Peleu. Quando Aquiles era bebê, sua mãe, com medo dos perigos que seriam apresentados ao filho, tentou torná-lo imortal. Para isso o mergulhou, segurando-o pelo calcanhar, em um rio chamado Estige.

As águas do rio, então, transformaram Aquiles em um guerreiro invencível. Com o corpo protegido, nada poderia feri-lo. Para os gregos, Aquiles servia de modelo de masculinidade: tinha juventude, fôrça e velocidade. No entanto, tinha uma fraqueza nas partes do corpo que não foram banhadas pelas águas do Estige: os calcanhares.

Essa fraqueza foi a causa da morte do semideus, narrada em uma obra do século oito antes de Cristo, aproximadamente, chamada Ilíada. A autoria do registro dessa história em fórma de versos é atribuída a Homero.

Não se sabe se esse poeta existiu de fato, mas a autoria de outra obra famosa da época – a Odisseia – também é atribuída a ele. Essas duas histórias ajudam a compreender os valores da sociedade grega e as relações entre os gregos e os deuses.

Ilustração. Representação de seis deuses da mitologia grega, acompanhada de textos explicativos. Da esquerda para a direita:
Mulher de cabelos ruivos presos vestindo um longo vestido branco com um pano verde na saia e usando um diadema com véu branco na cabeça, colar decorado e brincos, segurando um cesto com frutas numa mão e uma maçã na outra. Acima o texto: Deméter: deusa da agricultura e das colheitas. 
Mulher de cabelos longos castanhos soltos com um adereço no alto da cabeça, reclinada no chão usando vestido longo branco, com um bracelete de ouro e um manto vermelho enrolado em um dos braços. Acima o texto: Afrodite: deusa do amor e da beleza.
Mulher de cabelos castanhos presos com uma diadema azul com véu usando vestido longo branco com detalhes azuis. À direita o texto: Hera: deusa protetora dos casamentos. Era a esposa mais conhecida de Zeus. 
Mulher de cabelos loiros presos em rabo de cavalo, usando vestido curto com a parte de cima branca e a saia azul, segurando um arco e flecha. À esquerda o texto: Ártemis: deusa da natureza selvagem. 
Homem barbudo com cabelos castanhos, usando túnica branca com manto marrom preso em um só ombro levantando um martelo e segurando uma espada em cima de uma bigorna, com fogareiro ao lado. Acima o texto: Hefesto: deus do fogo e do metal. Era o esposo de Afrodite. 
Homem de cabelos longos e barba pretos usando manto longo azul, segurando um cachorro de três cabeças por uma corrente em uma mão e uma lança de duas pontas em outra. À esquerda o texto: Hades: deus do reino dos mortos. Era irmão de Zeus, mas, por ter brigado com ele, não frequentava o Olimpo.
Ilustração atual representando alguns deuses da mitologia grega.

FONTE: évslin, B. Heróis, deuses e monstros da mitologia grega. São Paulo: Benvirá, 2012. E-book.

Dica

LIVRO

Ruth Rocha conta a Ilíada, de Ruth Rocha. São Paulo: Salamandra, 2011.

Essa obra ilustrada é uma adaptação do poema Ilíada, atribuído a Homero. Ao lê-la, fique atento às ações dos guerreiros em combate, especialmente as que dizem respeito à importância da honra para eles.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar da identificação das cidades gregas com os deuses, o conteúdo aborda a configuração da pólis como realidade política do mundo grego, favorecendo o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero.

São caracterizados nesse item os deuses gregos e as relações entre eles e o mundo humano. A mitologia grega contribui para a compreensão dos valores da cultura grega do mundo antigo, constituindo, portanto, uma fonte histórica de muita importância. Ainda nesse item, destaca-se a importância da Ilíada e da Odisseia, atribuídas a Homero, para a compreensão desse período histórico.

A palavra panteão é formada pelos termos gregos Pem/∏αν (que pode ser traduzido como “todos”) e theon/θεον (“deuses”). Hoje ela é empregada também para designar locais em que estão sepulturas de pessoas ilustres, como o Panteão de Paris, que abriga os restos mortais dos filósofos voltér e jeãn jác russô.

Ao tratar das permanências da chamada Antiguidade clássica no cotidiano da sociedade atual, muitas expressões podem se destacar, como “calcanhar de Aquiles”.

Curadoria

Contos e lendas da mitologia grega (Livro)

clôde pouzadô. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

O livro é composto de uma série de contos e lendas sobre a origem do mundo, os deuses e suas características e o ciclo dos heróis. É um bom material para ser usado em sala de aula.

A pólis grega

Os deuses eram venerados coletivamente na cidade, que era denominada pólis. Cada pólis apresentava regras e expressões culturais próprias; por isso, constituía uma cidade-Estado independente. Com base em vestígios encontrados em escavações arqueológicas e em outras fontes históricas, estima-se que entre os séculos seis e quatro antes de Cristo havia mais de mil pólis na Grécia.

Algo relativamente comum a todas era a falta de terras férteis. Por causa da paisagem montanhosa e do solo pobre em nutrientes, não havia terrenos adequados para praticar agricultura extensiva nem para criar animais em grandes rebanhos. Em razão disso, os gregos plantavam videiras (pés de uva), oliveiras (pés de azeitona) e cereais em baixa escala e mantinham rebanhos de animais de pequeno porte, como as ovelhas.

Por causa da pouca variedade de alimentos, os gregos passaram a procurar novas terras para conquistar. O processo de conquista de territórios se tornou mais forte por volta do século oito antes de Cristo

As terras de onde os gregos partiam não eram abandonadas. Eles se espalhavam pela região perto do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro, colonizando novos territórios e mantendo os originais sob contrôle. Com essa expansão, formou-se o que os gregos denominavam Magna Grécia (“Grande Grécia”).

O mundo grego – séculosoito antes de Cristo-seis antes de Cristo

Mapa. O mundo grego – séculos oito antes de Cristo a seis antes de Cristo. Apresenta terras na Europa, na Ásia e na África banhadas pelo Mar Mediterrâneo. 
Legenda:
Círculo preto: principais cidades.
No mapa, estão destacadas as seguintes regiões e cidades em cada um dos continentes:
Europa - Península Ibérica; cidade de Massília; Península Itálica, com as cidades de Nápoles e Tarento; ilha da Córsega; ilha da Sardenha; ilha da Sicília, com as cidades de Agrimento e Siracusa; Grécia, com as cidades de Olímpia, Atenas, Mégara, Esparta e Corinto; ilha de Creta; às margens do Mar Negro, as cidades de Bizâncio, Odessa e Ólbia.
Ásia - às margens do Mar Negro, a cidade de Trebizonda; na região da Lídia, as cidades de Calcedônia, Pérgamo, Samos e Mileto; cidade de Rodes, na ilha de Rodes; ilha de Chipre; região da Ásia Menor; região da Fenícia.
África: Egito, com a cidade de Náucratis; e as cidades de Apolônia, Baska e Cirene, no norte do continente.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 e 270 quilômetros.

FONTE: dubí, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 34.

São indícios do processo de expansão grega as ruínas de cidades encontradas em diferentes países da Europa, como Itália, França e Espanha.

Respostas e comentários

Dado numérico sobre a pólis retirado de: rãnsen, M. H. Polis: an introduction to the ancient Greek city-state. New York: Oxford University Press, 2006.página 31.

Bê êne cê cê

O conteúdo desta dupla de páginas, que aborda aspectos sobre a formação da pólis, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero. A apresentação do mapa favorece a compreensão das dinâmicas de circulação de pessoas ao evidenciar a expansão grega pelas regiões do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro, colaborando para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco e da Competência Específica de Ciências Humanas nº 7.

Ampliando

O texto a seguir apresenta algumas considerações sobre as pólis.

“A emergência da pólis foi uma das expressivas inovações surgidas no mundo grego no início da época arcaica: apresentava como um dos principais traços característicos, o respeito ao particularismo de cada comunidade. Em cada pólis vigorava uma liberdade total na definição de regras para o viver junto, ou seja, a fórma de poder político, as instituições, a estrutura da sociedade e até as práticas religiosas. Os deuses são os mesmos, mas cada cidade escolhia a sua divindade protetora e estabelecia os calendários religiosos específicos. [...].”

riráta, E. F. V. Pólis: viver em uma cidade grega antiga. São Paulo: Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca), Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo: fapésp, 2016. página 8. Disponível em: https://oeds.link/Ssbahu. Acesso em: 24 fevereiro 2022.

Essa parte do capítulo é dedicada às cidades-Estado gregas. Por volta do século nove antes de Cristo, as pequenas vilas que havia na região da Grécia começaram a se unir. Com a união das aldeias, estabelecia-se o culto a um deus principal e forjavam-se estratégias de defesa, plantio e comércio, entre outros fatores. O agrupamento de aldeias deu origem às pólis, cada uma das quais com as próprias regras e expressões culturais; por isso, afirma-se que as pólis gregas formavam cidades-Estado independentes.

A organização da pólis

De modo geral, uma pólis era formada por um centro rural e outro urbano. O centro urbano se dividia em Acrópole, ásti e Ágora. A Acrópole era a colina fortificada onde ficava o principal templo da cidade. A ásti era a parte da pólis onde se localizavam os prédios públicos. A Ágora era uma espécie de praça onde ficava o mercado.

A palavra política vem do grego antigo politéia. Esse termo era usado para designar todos os assuntos que diziam respeito à vida na pólis. No mundo grego antigo, portanto, a política se relacionava às questões que envolviam a cidade-Estado.

As cidades-Estado eram administradas de diferentes fórmas e com várias maneiras de participação da sociedade: algumas eram governadas por reis; outras, por representantes escolhidos pelos cidadãos; outras, ainda, por militares.

Para entender essa variedade, você estudará duas pólis que, no século cinco antes de Cristo, tinham fórmas de governo e organização social distintas: as chamadas cidades irmãs – Esparta e Atenas.

A pólis grega

Ilustração. A pólis grega. Representa uma cidade. Textos identificam alguns dos locais representados. Em primeiro plano, montanhas rochosas. Em segundo plano, a cidade. No alto à esquerda, um templo formado de colunas, com teto triangular e duas esculturas acima dele - a direita o texto: Acrópole. No centro, numa região mais baixa, casas menores e algumas construções médias com colunas e tetos triangulares - à esquerda o texto: Ásty. No canto direito, construção retangular, aberta em um dos lados, com um grande pátio interno - acima o texto: Ágora. Em terceiro plano, plantações e bosques. Ao fundo, mais montanhas e o céu azul.
Nem todas as pólis tinham essa organização no século V a.C. Em muitas não havia, por exemplo, uma Ásty.

FONTE: MOSSÉ, C. Atenas: a história de uma democracia. Brasília: Editora da ú êne bê, 1997. página 4.

Ícone. Ilustração de um símbolo de localização sobre um folheto aberto e em branco, indicando o boxe Se liga no espaço!

Se liga no espaço!

Responda no caderno.

Atente à localização da Acrópole na pólis. Com base no que você estudou, justifique por que os gregos construíam a Acrópole nesse local.

Respostas e comentários

Resposta do Se liga no espaço!: Era na Acrópole que se localizava o principal templo da pólis, dedicado ao deus ou à deusa da cidade. Por isso, o local era o ponto mais alto e fortificado, portanto, privilegiado da região (o que transmitia respeito ao deus). Desse local, o deus poderia "ver" (e ser visto por) toda a pólis, para protegê-la melhor.

Interdisciplinaridade

Ao chamar atenção para a paisagem da Acrópole, local mais alto das antigas cidades gregas, a atividade do boxe “Se liga no espaço!” relaciona-se à habilidade ê éfe zero seis gê ê zero dois do componente curricular geografia, sobre modificações e usos das paisagens – “Analisar modificações de paisagens por diferentes tipos de sociedade, com destaque para os povos originários”.

Tradicionalmente, traduz-se pólis por “cidade”, mas ao estudar detidamente a Antiguidade observa-se que, naquele contexto, pólis não era sinônimo de cidade. Havia poucas cidades no mundo grego antigo antes do Período Helenístico.

Atenas e a democracia

Atenas era uma cidade aristocrática até o século sete antes de Cristo Apenas os donos de grandes extensões de terra controlavam a elaboração e a execução das leis e tinham acesso aos principais cargos do governo. Essa situação só mudou depois de uma série de disputas políticas e sociais.

O legislador Drácon, por exemplo, em 621 antes de Cristo, decretou que as principais leis atenienses deviam ser escritas, e não apenas determinadas pela tradição oral. A interpretação das leis passou a ser registrada e estava disponível para a população.

Naquela época, a sociedade de Atenas era dividida da seguinte fórma:

  • Eupátridas – eram os grandes proprietários de terra, que formavam as famílias mais antigas da cidade.
  • Georgois – eram os pequenos proprietários rurais.
  • Demiurgos – eram os comerciantes, os artesãos e os pobres em geral.
  • Metecos – eram os estrangeiros ou filhos de estrangeiros.
  • Escravizados – eram prisioneiros de guerra ou atenienses endividados.

Em 594 antes de Cristo, Sólon, um eupátrida, assumiu o poder e, pressionado pela população livre e pobre da cidade, mas também por ricos comerciantes que não tinham poder político, determinou, entre outras medidas, que os homens livres sem bens podiam participar da vida política, antes restrita aos grandes proprietários de terra.

No ano 514 antes de Cristo, um legislador chamado Clístenes, também eupátrida, implementou uma série de mudanças no sistema de governo. A mais importante delas foi a ampliação da cidadania. Por meio das reformas dele, todos os atenienses considerados cidadãos passaram a ser iguais perante a lei.

Começou assim a democracia ateniense, uma experiência em que uma parcela maior da população podia participar das decisões políticas do local onde vivia.

Mas quem era cidadão em Atenas? Para ter os direitos de cidadão, era preciso ser homem, ter mais de 18 anos, ser livre e ter pai e mãe atenienses. Mulheres, escravizados, estrangeiros e crianças, portanto, não eram cidadãos.

Por causa desses requisitos, a cidadania era privilégio de um pequeno grupo de habitantes da cidade. Mesmo assim, com a democracia, havia cidadãos georgois e demiurgos, além dos eupátridas, que podiam propor e aprovar leis, julgar crimes graves, arrecadar impostos e declarar guerras.

Fotografia. Vaso laranja com desenhos pretos, alças pretas na parte superior, base e boca pretas afuniladas e bojo grande. Os desenhos representam dois homens em pé com bastões nas mãos direcionados a uma árvore e um homem agachado mexendo na terra.
Vaso grego produzido no século seis antes de Cristo com representação do trabalho de escravizados na agricultura.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Nas reformas de 594 antes de Cristo, Sólon determinou o fim da escravidão por dívidas e impôs limites à extensão das propriedades de terra. Suas ações colocaram fim à exclusividade do poder dos eupátridas. Com isso, a cidade deu um importante passo na direção da democracia, regime político que não nasceu pronto e foi fruto de muitas lutas, negociações e debates em torno de quem poderia ser ou não considerado cidadão. É importante lembrar, no entanto, que o início da democracia em Atenas não significou o fim da escravidão na cidade.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das diferenças sociais em Atenas e Esparta e suas transformações ao longo do tempo, das diversas fórmas de governo, da diferença entre a democracia antiga e a praticada no mundo moderno e da relação entre o exercício da participação política e as posições sociais, o conteúdo contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um zero e ê éfe zero seis agá ih um dois e da Competência Específica de História nº 1.

Ao abordar a democracia ateniense, pode-se estabelecer relações entre o sistema de governo da pólis grega e os do presente. A democracia moderna teve origem nas experiências revolucionárias do século dezoito na Europa e na América e sofreu transformações até prevalecer o liberalismo e o pluralismo contemporâneos, com a garantia e a ampliação dos direitos das minorias sociais e culturais e a disputa organizada entre adversários que compartilham o mesmo espaço político com visões e interesses muitas vezes antagônicos.

A defesa e a expansão econômica de Atenas implicaram a guerra e a ampliação do poder daqueles que tomavam parte nos combates, pois, se um sujeito podia morrer por Atenas, deveria participar de seu governo e ser tratado com isonomia. Os demiurgos, residentes nos demos, que criavam as coisas necessárias à vida (comida, artesanato etcétera), contribuindo para a riqueza e as trocas comerciais da pólis, deveriam participar da vida política. A maior liberdade e certa igualdade, inclusive com o fim da escravidão por dívidas, seria também sustentada pela maior quantidade de escravos estrangeiros trabalhando na cidade. A democracia ateniense não era, portanto, o lugar da liberdade, que é o mote central em tese das democracias modernas, mas um espaço político da igualdade (isonomia) entre um grupo restrito de cidadãos. Assim, não havia a pluralidade que há hoje no reconhecimento das vontades, dos interesses e das liberdades individuais.

A democracia ateniense baseava-se na divisão da sociedade em áreas (demos) compostas de grupos não homogêneos de cidadãos (tribos). A noção de isonomia, que se limitava aos homens adultos livres, atravessava as instituições da democracia grega: a Bulé, a heliléia e a Eclésia, em que era feita a escolha por sorteio de ocupantes de cargos públicos. Pode parecer estranho a uma pessoa de hoje o fato de os cargos serem decididos por sorteio, mas com base na isonomia se pressupunha que todos os cidadãos eram capazes de exercer a direção da cidade. Como o papel dos magistrados demandava certa experiência, a eleição parecia a melhor fórma de escolha. Assim, cidadãos mais velhos e com tempo livre para dedicação à política acabavam por ocupar esses cargos.

Fotografia. Escultura de uma mulher em pé encurvada com as mãos dentro de um grande recipiente com um recipiente menor ao lado.
Escultura grega produzida no século seis antes de Cristo representando uma mulher cozinhando.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

As mulheres não eram cidadãs. As casadas de famílias ricas eram impedidas de sair de casa e dependiam dos cuidados dos pais e maridos. As solteiras podiam frequentar espaços públicos se estivessem acompanhadas por um homem da família. As que pertenciam a outros grupos sociais dedicavam-se ao trabalho e aos afazeres da casa. Elas podiam circular pela cidade, mas raramente tinham autonomia para decidir sobre a própria vida.

Clique no play e acompanhe a reprodução do Áudio.

Transcrição do áudio

[LOCUTOR]: Mulheres e espaço público na Grécia antiga

[TRILHA SONORA]

[DENISE]: [TOM DE VOZ ANIMADO] Olá! Estamos começando mais um episódio do nosso podcast “De olho na História”.

[ANA]: [TOM DE VOZ ANIMADO] Oi, pessoal! Sejam bem-vindos!

[DENISE]: [TOM DE VOZ ANIMADO] Hoje vamos conversar sobre a Grécia Antiga.

[ANA]: [TOM DE VOZ ANIMADO] Sim, mais particularmente sobre a condição das mulheres naquela sociedade.

[DENISE]: Para entender melhor essa questão, Ana, vamos fazer um resumo rápido de como se organizava o mundo grego nesse período?

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Boa, Denise! Para começar, é preciso lembrar que a Grécia unificada, como conhecemos hoje, ainda não existia. Diferentemente de algumas das civilizações antigas, não havia uma centralização política grega.

[DENISE]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] O mundo grego era formado por cidades-Estados, que eram territórios independentes. Cada cidade, ou pólis, tinha sua própria organização política, social e econômica.

[ANA]: [TOM DE VOZ QUESTIONADOR] A gente pode destacar o exemplo de Atenas, não é, Denise?

[DENISE]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Claro, Ana. Atenas foi uma das mais importantes cidades-Estados da Grécia Antiga, considerada o berço da democracia.

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Pois então, na pólis ateniense, todos os cidadãos podiam participar da vida política! Mas, para ser considerado cidadão, era preciso ser livre, adulto e ter pai e mãe gregos. Os estrangeiros, escravizados e menores eram excluídos dessa condição.

[DENISE]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] As mulheres também não eram consideradas cidadãs. Ou seja, elas não tinham acesso aos mesmos direitos que os homens atenienses.

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] E, em geral, o papel da mulher era restrito à vida doméstica e às atividades religiosas. As mulheres casadas mais ricas, por exemplo, não podiam sair de casa e se dedicavam a atividades como a tecelagem. Enquanto elas cuidavam da casa e da família, os homens dominavam a vida pública.

[DENISE]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Pois é... Isso variava um pouco de uma cidade para outra. Mas, apesar das limitações, as mulheres gregas também conseguiram desempenhar papéis importantes.

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Como elas podiam participar de celebrações religiosas, muitas delas aproveitavam essas oportunidades para se expressar.

[DENISE]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Exatamente, a religião acabava se tornando um meio de participação feminina na vida pública da pólis.

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Mas várias mulheres encontraram formas de subverter o papel que a sociedade estabelecia para elas e conseguiram romper essas barreiras. Um exemplo importante disso é o de Aspásia, nascida na cidade de Mileto.

[DENISE]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Não se sabe ao certo, mas, provavelmente, ela era de família rica. Tanto que conseguiu atingir um nível excepcional de educação. Ela acabou se mudando para Atenas, onde passou a influenciar grandes pensadores, políticos e artistas da época, com quem tinha contato.

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Como companheira do governante Péricles, e como oradora habilidosa, ela exerceu grande influência na vida política e cultural da pólis.

[DENISE]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Mas ela não foi a única mulher a se destacar no mundo antigo. Temos também o caso de Hipátia, que nasceu em Alexandria, quando a cidade estava sob o domínio dos gregos. Ela estudou matemática, filosofia, astronomia e poesia e ensinou esses temas publicamente em uma época em que as mulheres ficavam confinadas em casa.

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] E houve também Cinisca, que pertencia à casa real de Esparta. Ela se destacou no campo esportivo, sendo a primeira mulher a ter uma participação vitoriosa nos Jogos Olímpicos da Antiguidade que, inicialmente, não permitiam a participação de mulheres.

[DENISE]: [TOM DE VOZ DE CURIOSIDADE] Puxa, se existiram essas mulheres de tanto destaque na Grécia Antiga, por que a gente sabe tão pouco sobre elas?

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Boa pergunta! Sempre se fala muito sobre as figuras masculinas, mas quase nada sobre as mulheres. Uma das explicações para isso é que, durante muito tempo, as narrativas históricas foram escritas exclusivamente por homens que privilegiavam os personagens masculinos.

[ANA]: [TOM DE VOZ EXPLICATIVO] Além disso, é muito difícil encontrar documentos com informações sobre essas mulheres. A maioria das evidências que conseguimos são arqueológicas. Por isso, a arqueologia é um campo fundamental nas pesquisas sobre a Antiguidade.

[DENISE]: [TOM DE ENCERRAMENTO] Com certeza. Bem, por hoje, terminamos aqui. Espero que vocês tenham gostado da nossa conversa.

[ANA]: [TOM DE ENCERRAMENTO] Aproveitem para descobrir outras informações sobre a Grécia Antiga e suas mulheres.

[DENISE]: [TOM ANIMADO] Ótima ideia! Pesquisem mais sobre esse tema fascinante! Até a próxima, pessoal!

[ANA]: [TOM DE ENCERRAMENTO] Tchau!

[FIM DA TRILHA SONORA]

Em Atenas, os cidadãos podiam sofrer penalidades de acordo com as leis vigentes. Uma das penas era o ostracismo: ser expulsos da cidade por um período de dez anos e perder o direito à cidadania.

Fotografia. Quatro artefatos de cerâmica, dois arredondados com um furo no meio e dois de formato irregular, semelhante a um caco. Todos possuem inscrições em grego.
Óstracos produzidos no século cinco antes de Cristo Os óstracos eram utilizados como suporte para o registro do nome das pessoas condenadas ao ostracismo.

Os cidadãos se reuniam na assembleia, chamada Eclésia, para tomar as decisões que se referiam à pólis. O voto sobre todos os temas era direto: eles levantavam as mãos para aprovar ou rejeitar determinadas propostas. Por isso, esse tipo de regime é denominado democracia direta. O Brasil atual, por exemplo, é uma democracia indireta, pois no país os cidadãos elegem representantes para administrar e votar leis em seu lugar.

As principais instituições de Atenas eram as seguintes:

  • Eclésia – era a assembleia em que os cidadãos definiam as leis, os orçamentos e as guerras e decidiam sobre o ostracismo.
  • Bulé – era um conselho de cidadãos sorteados pela Eclésia, responsáveis por preparar todos os temas que eram debatidos na Eclésia. Um cidadão só poderia ser membro da Bulé duas vezes na vida.
  • heliléia – era o tribunal de cidadãos sorteados na Eclésia para aplicar a lei e organizar o comércio e a construção de obras públicas. Eles permaneciam nessa função durante um ano.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Como a civilização micênica foi formada e por que ela tem esse nome?
  2. Descreva a organização das pólis de modo geral.
  3. Como teve início a democracia ateniense? Nesse sistema, que indivíduos eram considerados cidadãos?
Respostas e comentários

Orientação para as atividades

As atividades do boxe “Agora é com você!” demandam ações de alguma complexidade, como a de explicar e a de descrever. Esses procedimentos implicam a sistematização das informações facilmente identificáveis no texto-base nas páginas anteriores. Considerando o desenvolvimento da leitura e da escrita por parte dos estudantes, peça-lhes que:

identifiquem as informações no texto-base;

enumerem no caderno, com as próprias palavras, as informações correspondentes a cada resposta;

elaborem as respostas com base nessa enumeração.

Por meio desse procedimento, é possível mensurar os níveis de letramento, valorizando proporcionalmente essas competências e diagnosticando o que pode melhorar em cada situação.

Agora é com você!

1. Os grupos que habitavam o entorno do Mar Egeu no período entre 2600 antes de Cristo e 1200 antes de Cristo compunham a civilização micênica. Essa civilização recebeu esse nome porque seus vestígios mais significativos foram encontrados no sítio arqueológico de Micenas.

2. As pólis eram formadas por uma área urbana e outra rural. Em todas havia lugares dedicados à proteção militar e ao culto aos deuses, a Acrópole. O restante da cidade (núcleo urbano) era a ásti. Nesta, havia um local reservado ao mercado e à reunião dos cidadãos, a Ágora. Algo comum à maioria das pólis era a escassez de terras férteis, razão pela qual os gregos cultivavam videiras, oliveiras e cereais em baixa escala e mantinham rebanhos com animais de pequeno porte.

Além dos cidadãos da pólis (em Atenas, os homens com mais de 18 anos nascidos nela e filhos de atenienses), havia os estrangeiros e os escravizados. Estes eram prisioneiros de guerra ou cidadãos endividados.

3. Teve início no ano de 514 antes de Cristo, quando Clístenes implementou mudanças no sistema de governo ateniense, ampliando a cidadania, e todos os cidadãos passaram a ser considerados iguais perante a lei. Para ser cidadão em Atenas, o indivíduo precisava ser homem com mais de 18 anos, ser livre e ter pai e mãe atenienses, razão pela qual mulheres, escravizados, estrangeiros e crianças eram excluídos da participação política.

Analisando o passado

Agora, você analisará dois textos escritos no século cinco antes de Cristo sobre os sentidos de democracia para os atenienses. O primeiro é parte de uma oração fúnebre e foi escrito pelo historiador Tucídides. O segundo é parte de uma comédia do escritor teatral Aristófanes.

TEXTO 1

“Vivemos sob uma fórma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar outros. Seu nome reticências é democracia. Nela, reticências às leis todos são iguais para a solução de suas divergênciasglossário privadas, quando se trata de escolher. reticências não é o fato de pertencer a uma classe, mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos; inversamente, a pobreza não é razão para que alguém, sendo capaz de prestar serviços à cidade, seja impedido de fazê-lo pela reticências sua condição.”

TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: Editora da ú êne bê; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2001. página 108.

TEXTO 2

“– Salsicheiro: Mas, diga-me uma coisa: como é que eu, um salsicheiro, vou me tornar um político, um líder? reticências

– Primeiro Escravo: Ai, ai, ai, ai, ai, ai! O que é que o faz dizer que não se acha digno? Está parecendo para mim que você tem alguma coisa de bom em sua consciência. Será que você é filho de boa família?

– Salsicheiro: Nem de sombra! Sou filho de patifesglossário , mais nada!

– Primeiro Escravo: Homem felizardo! Que sorte a sua! Tem todas as qualidades para a vida pública!

– Salsicheiro: Mas, meu caro amigo, não tenho instrução nenhuma. Conheço as primeiras letras e, mesmo estas, mal e porcamente!

– Primeiro Escravo: Isso não é problema! Que as conheças mal e porcamente! A política não é assunto para gente culta e de bons princípios: é para ignorantes e velhacos!”

ARISTÓFANES. Os cavaleiros. Lisboa: Edições 70, 2004. página 187-188.

Responda no caderno.

  1. Cite duas características da democracia ateniense apontadas no texto 1.
  2. Identifique duas críticas de Aristófanes à democracia presentes no texto 2.
  3. Com base nesses textos, é possível afirmar que Tucídides e Aristófanes pensavam da mesma fórma sobre o funcionamento da democracia? Justifique.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A seção “Analisando o passado” favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um zero ao tratar de um dos aspectos da pólis ateniense. Além disso, por envolver o conceito de cidadania para os antigos gregos, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois. A seção também mobiliza a atitude historiadora, que tem na interpretação um de seus processos fundamentais. Além disso, para realizar a atividade 3, os estudantes precisam justificar uma resposta, exercitando a apresentação e a fundamentação de um argumento, como preconizado na Competência Específica de História nº 3.

Analisando o passado

Nessa seção, pretende-se analisar o processo de construção da democracia ateniense, revelando as tensões sociais que geraram constantes mudanças no modelo democrático. A seção é composta de trechos de fontes primárias (textos de Tucídides e Aristófanes) e três questões para reflexão orientada acerca do tema.

Atividades

1. Tucídides aborda a igualdade dos cidadãos diante de leis comuns e o exercício da cidadania independentemente do nascimento. Isso é verificável nos trechos: “reticências às leis todos são iguais para a solução de suas divergências reticências” e “reticências não é o fato de pertencer a uma classe, mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos; inversamente, a pobreza não é razão para que alguém, sendo capaz de prestar serviços à cidade, seja impedido de fazê-lo pela reticências sua condição”.

2. No diálogo a seguir, Aristófanes critica a igualdade como princípio:

“– Salsicheiro: Mas, diga-me uma coisa: como é que eu, um salsicheiro, vou me tornar um político, um líder?”.

Já neste outro, caracteriza a democracia como o governo dos ignorantes:

“– Primeiro escravo: Isso não é problema! Que as conheças mal e porcamente [as primeira letras]! A política não é assunto para gente culta e de bons princípios: é para ignorantes e velhacos!”.

3. Eles não pensam da mesma fórma sobre o assunto. Na análise, porém, é preciso considerar que os textos são diferentes: um é uma oração fúnebre, em que se reforçam os valores políticos da cidade, e o outro é uma peça cômica, na qual esses mesmos valores são criticados. No primeiro texto, a igualdade entre os cidadãos é elogiada pelo autor. Já Aristófanes critica a relação entre igualdade e mérito.

Esparta: a cidade guerreira

Esparta era reconhecida na Antiguidade como um modelo para a formação de guerreiros. Os melhores soldados, chamados na antiga Grécia de hoplitas, eram dessa cidade.

A participação no exército, restrita aos cidadãos, era entendida pelos espartanos como uma honra, um dever e um direito. Ou seja, assim como em muitas outras cidades-Estado, a guerra estava ligada ao exercício da cidadania.

A sociedade espartana estava dividida, de modo geral, desta fórma:

  • Esparciatas – eram os homens que tinham o direito de participar das atividades militares e, por isso, podiam ocupar cargos públicos e tomar decisões políticas. Eram considerados cidadãos.
  • Periecos eram homens livres, mas não tinham direitos políticos e podiam ser convocados para a guerra em caso de extrema necessidade. Geralmente trabalhavam como agricultores, artesãos ou comerciantes.
  • Hilotas – eram os escravizados. Não tinham direitos políticos nem participavam da guerra, sendo obrigados a trabalhar nas propriedades dos cidadãos espartanos ou em terras públicas. Compunham a maioria da população em Esparta.

As melhores terras e os escravizados da cidade eram bens públicos, emprestados aos cidadãos.

Fotografia. Estátua de um homem usando armadura no peito, sandálias, perneira protegendo a área entre a canela e os joelhos, capacete com proteção na lateral do rosto e adorno semicircular no centro, em uma linha que vai da testa à nuca, segurando um escudo redondo em uma mão e uma espada na outra.
Estátua do rei espartano Leônidas em frente ao Estádio Nacional de Esparta, na Grécia. Foto de 2021. Nessa representação, ele está vestido como um guerreiro espartano.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Os soldados eram protegidos por uma armadura de bronze, perneiras e um escudo chamado hôplo. Eles usavam espadas e lanças em combate. Esses objetos eram comprados pelos próprios soldados e, por isso, só os mais ricos podiam ter um bom equipamento de guerra na Grécia antiga.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A descrição da sociedade espartana, incluindo o papel econômico dos integrantes de cada camada, relaciona-se às fórmas de diferenciação das populações segundo sua origem, favorecendo o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete, relacionadas ao mundo do trabalho.

Ampliando

Leia a seguir um trecho que comenta a sociedade espartana.

“Estado que submete inteiramente o cidadão a seu contrôle. Submissão sem violência, pedagogicamente dirigida, e, portanto, em termos do homem adulto, consentida. Seja pela estrutura social, seja pela fórma da educação, o ser humano é, aí, modelado no seio mesmo do Estado. Diríamos, antes, que o Estado é que põe o homem, constituindo-o, ontologicamente, como cidadão. Servindo-nos apenas das palavras de jeãn mérre, sem qualquer compromisso com o contexto em que esse autor as empregou, poderíamos dizer: em Esparta o homem não nasce espartano, torna-se. Isto é, a pólis cuidadosamente o molda à sua imagem e semelhança.”

MELO, J.-J. P. Fontes e métodos: sua importância na descoberta das heranças educacionais. In: COSTA, C.; MELO, J.; FABIANO, L. Fontes e métodos em história da educação. Dourados: Editora ú éfe gê dê, 2010. página 25.

A manutenção de escravizados em Esparta, assim como em outras partes da Grécia antiga, garantia liberdade aos cidadãos. Os esparciatas podiam dedicar-se quase exclusivamente a sua cultura guerreira porque havia quem trabalhasse nas terras estatais que controlavam. Eram eles que dirigiam o governo da cidade e, assim, podiam distribuir como desejassem as propriedades da cidade, as terras e os escravizados. O poder político e o poder econômico coincidiam quase completamente na sociedade espartana.

Algumas diferenças entre Esparta e Atenas

Uma das diferenças entre Esparta e Atenas estava na fórma de governo. Em Esparta, havia uma diarquia, ou seja, dois reis governavam juntos. O direito ao trono era transmitido de pai para filho.

Os reis, porém, não agiam sozinhos. Eles eram auxiliados pelos esparciatas, que formavam uma assembleia popular. Nessa assembleia, eram eleitos cinco éforos, que atuavam com os reis no cuidado da cidade.

Além disso, na assembleia popular eram escolhidos os 28 membros da Gerúsia (conselho de anciãos). Os membros desse conselho precisavam ter mais de 65 anos, e o cargo era vitalícioglossário .

Os integrantes da Gerúsia podiam vetar temas debatidos na assembleia e julgar os reis quando necessário. Tanto os membros da assembleia quanto os reis participavam ativamente do exército em Esparta.

Outra diferença relacionava-se à condição social das mulheres. As espartanas tinham mais liberdade de ação que as mulheres de outras cidades gregas.

As pertencentes à aristocracia podiam tomar conta dos bens da família, por exemplo, pois, na maior parte do tempo, os homens estavam em guerra ou treinando para a luta. Elas podiam, ainda, ter acesso aos espaços públicos, mesmo sem a companhia masculina, e praticar exercícios físicos.

Apesar de as espartanas terem mais direitos que as mulheres de outras cidades gregas, também eram subordinadasglossário aos homens.

Fotografia. Escultura em metal representando uma mulher de vestido curto e quatro tranças no cabelo, em movimento, com uma perna na frente da outra, aparecendo os músculos da coxa e da panturrilha.
Estatueta de bronze, produzida no século seis antes de Cristo, representando uma mulher espartana.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Note que nessa representação as pernas da mulher são fortes, com músculos evidentes. Os espartanos acreditavam que mulheres com corpo sadio e atlético gerariam filhos saudáveis. Isso explica, em parte, a maior liberdade das espartanas em relação às outras mulheres do mundo grego.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao comparar a organização política e social de Atenas à de Esparta, facilitando a compreensão da formação da pólis e das diferentes concepções de cidadania, o conteúdo favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um zero e ê éfe zero seis agá ih um dois.

Ampliando

Sobre a condição das mulheres em Esparta, leia o texto a seguir.

“Com relação à condição feminina em Esparta para o mesmo período, observamos que suas mulheres pareciam ter uma ‘liberdade’ maior que as atenienses. Inclusive, Aristóteles na Política, ao criticar as falhas do regime espartano, tratava, logo após a ameaça dos hilotas, a das mulheres. Segundo ele, as espartanas eram até licenciosas, depravadas e luxuriosas. Acusava-as, principalmente, de mandarem nos maridos, deixando subentendido que o motivo disto estava no fato de muitas viúvas casarem novamente, levando consigo os direitos sobre o lote de terra (cléros) cultivado pelos hilotas.”

TÔRRES, M. R. Considerações sobre a condição da mulher na Grécia Clássica (séculos cinco e quatro antes de Cristo). Mirabilia, número 1, página 49, 51, dezembro 2001.

Ampliando

O excerto a seguir amplia as reflexões sobre a pólis de Esparta.

“Esparta é um caso paradigmático de empenho na preparação do jovem para a guerra. Essa pólis era uma máquina de combate: vivia para ele e em função dele. Verdadeira cidade-quartel, as suas instituições haviam sido pensadas e dispostas para que os cidadãos estivessem sempre preparados e prontos a entrarem em combate. O tipo de educação instituído tinha o nome técnico de agogê. Organizada em função das necessidades da pólis, toda ela estava nas mãos do Estado”.

FERREIRA, J. R. Educação em Esparta e em Atenas: dois métodos e dois paradigmas. In: LEÃO, D. F.; FERREIRA, J. R.; FIALHO, M. do C. Cidadania e paidéia na Grécia antiga. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010. página 20.

Os espartanos, assim como os atenienses, relacionavam a educação à noção de cidadania. Essa noção, porém, não era a mesma nas duas cidades.

De modo geral, em Atenas, os meninos de famílias aristocráticas aprendiam leitura, escrita e debate. Eram, portanto, treinados para atuar na vida pública.

A atividade física era também parte importante da formação ateniense. Os aristocratas praticavam equitação e caça, enquanto outros esportes, como corridas, eram mais populares, e isso ajudava a preparar os cidadãos atenienses para a guerra.

Fotografia. Detalhe de desenho em cerâmica representando duas pessoas erguendo lanças, virados para a direita. À frente delas, aparece a parte traseira de um javali. Entre as pernas das pessoas há três pássaros e, abaixo desse conjunto, três peixes
Cerâmica grega produzida no século seis antes de Cristo representando caçada ao javali.

Já em Esparta, era usado um sistema rígido para educar os meninos: o agogê. Nesse sistema, aos 7 anos, os meninos eram separados das mães e divididos em tropas para receber treinamento militar rígido em local afastado.

Eram treze anos de treinamento básico, nos quais os garotos conviviam apenas com outros estudantes e seus superiores, que podiam bater neles caso falhassem em suas atividades.

O objetivo dos espartanos ao adotar esse sistema era formar guerreiros dispostos a obedecer à hierarquia militar sem questionar e sem ter medo de sentir dor e de morrer.

Aos 20 anos, os jovens obtinham alguns direitos políticos, como o de fazer refeições com os mais velhos e o de participar de seus grupos, o que era considerado uma honra.

Aos 30 anos, podiam se casar e constituir família, além de integrar algumas consultas e votações políticas. Finalmente, caso sobrevivessem até os 60 anos, os cidadãos espartanos eram liberados das obrigações militares e tinham direito de concorrer a qualquer cargo político na cidade.

Ilustração. Nove pessoas vestindo túnicas brancas representadas em um semicírculo de fundo escuro, semelhante a uma peça cerâmica. As pessoas estão organizadas em trios. No primeiro trio, à esquerda, um jovem sentado segura uma espécie de prancheta de madeira em uma mão e um bastão semelhante a um lápis na outra, enquanto dois meninos em pé o observam. No segundo trio, ao centro, um jovem sentado toca um instrumento musical de sopro, enquanto dois meninos em pé o observam, um deles segurando outro exemplar do mesmo instrumento de sopro. No último trio, à direita, dois meninos lutando, enquanto um homem de barba com um bastão na mão os instrui.
Ilustração atual representando os vários aspectos da educação dos meninos em Atenas e Esparta.

FONTE: FERREIRA, J. R. Educação em Esparta e em Atenas: dois métodos e dois paradigmas. In: LEÃO, D. F.; FERREIRA, J. R. Cidadania e paideia na Grécia antiga. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010.

Respostas e comentários

Com base no conteúdo das páginas 132 e 133, pode-se propor aos estudantes uma reflexão sobre as funções da educação em cada sociedade, questionando as fórmas e razões de educar no Brasil atual. O incentivo a esse tipo de comparação é um instrumento poderoso de compreensão histórica. Além disso, ajuda a entender reversamente os limites da experiência histórica contemporânea, relativizando a condição presente e entendendo-a como produto de certas circunstâncias históricas e sujeitas a mudanças.

Atividade complementar

Proponha aos estudantes que identifiquem os elementos dos regimes ateniense e espartano relacionados à participação dos homens livres e dos mais velhos na direção da cidade, à participação dos estrangeiros na vida pública, à situação das mulheres e ao lugar dos escravizados. Assim, poderão perceber, por exemplo, o fato de que em Atenas todos os homens livres nascidos na cidade podiam participar da política, enquanto em Esparta só os descendentes dos fundadores da cidade (esparciatas) tinham esse direito, reelegendo os periecos.

Após identificarem os elementos, peça aos estudantes que montem um quadro comparativo dos dois regimes, enumerando os grupos sociais e o modo como participam da vida política. Sugere-se que a atividade de enumeração seja feita em grupos e que o quadro seja completado por toda a turma. É importante, durante a realização do quadro coletivo, que cada grupo expresse suas opiniões sobre um e outro regime de governo e de organização da vida pública.

Caso a atividade seja realizada, cria-se a oportunidade para, por exemplo, questionar o lugar das mulheres e dos idosos na vida pública do Brasil atual. Existe, como se sabe, um movimento importante de ampliação dos direitos e de participação feminina na vida política e social. Em contrapartida, apesar de ser garantida uma série de direitos aos idosos em uma população com expectativa de vida cada vez mais longa, o valor atribuído à sabedoria e à experiência dos mais velhos parece diminuir muito no ritmo da hipervalorização da novidade, do atual. O tema envolve, portanto, uma questão ética. É possível que os estudantes tenham contato com os avós. Essa proximidade pode ser aproveitada para refletir sobre isso.

Em tempos de paz: festividades entre as pólis gregas

Como você estudou, as cidades gregas eram independentes umas das outras, e podiam ter modelos políticos bem diferentes. Apesar disso, havia um forte laço cultural entre elas.

Além de compartilhar a língua, as práticas alimentares e a religiosidade e de manter muitas relações comerciais, os habitantes das diversas pólis gregas se reuniam em festividades.

Um desses festivais, em honra a Zeus, realizava-se de quatro em quatro anos na cidade de Olímpia: a Olimpíada. Havia também festividades em outras cidades que honravam deuses por meio de atividades físicas, mas a de Olímpia se destacou com o tempo.

Durante a Olimpíada, eram realizadas competições de atletismo e esportes de combate. Iam ao festival competidores e espectadores de todo o mundo grego.

Ao longo de poucos dias, um atleta tinha de competir em várias modalidades, como luta, arremesso de dardo e corrida. O campeão ganhava honraria para si e para sua cidade.

Durante o evento, a guerra entre as cidades participantes era suspensa. Dessa fórma, a Olimpíada era uma expressão da unidade cultural do mundo grego.

Os estrangeiros e as mulheres, com exceção de algumas sacerdotisas, não podiam participar dessas competições, mas havia um festival esportivo feminino: a Heraia, em homenagem a Hera, esposa de Zeus, também realizado em Olímpia, de quatro em quatro anos.

Fotografia. Vista do interior de um estádio de futebol coberto, com diversas pessoas com camisas do Brasil ocupando as arquibancadas e, ao centro, um espetáculo acontecendo. No alto, bandeiras de vários países enfileiradas.
Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos realizados na cidade do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro). Foto de 2016.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

No final do século dezenove, piérre dê cubertã, um barão francês, organizou a realização de Jogos Olímpicos inspirados na festividade grega antiga. Ele pretendia usar o esporte como um instrumento de aproximação entre os povos, em benefício da paz. Assim, em 1896, foi celebrado o primeiro dos Jogos Olímpicos modernos, em Atenas, na Grécia. Mais de um século depois, em 2016, o Brasil sediou os jogos.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao apresentar os Jogos Olímpicos como elementos da cultura grega resgatados no século dezenove, o conteúdo favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih zero nove.

Festivais religiosos, marcados por disputas esportivas e artísticas, eram relativamente comuns em várias cidades-Estado da Grécia antiga. Havia importantes eventos com essas características em Delfos (Jogos Píticos), no Istmo (Jogos Ístmicos), perto do importante centro comercial de Corinto, e em Nemeia (Jogos Nemeanos) – todos iniciados no século seis antes de Cristo, cêrca de duzentos anos após o estabelecimento das competições em Olímpia. Em Delfos, as provas aconteciam em intervalos de quatro anos e eram uma honraria a Apolo, deus das artes e da harmonia. Nas outras duas pólis, as disputas ocorriam de dois em dois anos (no Istmo, homenageavam Poseidon, o deus dos mares, e em Nemeia, Zeus).

A partir de 565 antes de Cristo, aproximadamente, Atenas passou a promover sua versão dos jogos, as Panateneias, organizadas de quatro em quatro anos como tributo a Atena, filha de Zeus, protetora da cidade e deusa da sabedoria. Enfim, não faltavam festivais para enlevar os gregos, mas os de Olímpia eram mais antigos, os maiores e os mais populares. Para obter mais informações sobre o tema, leia o artigo: PIVETTA, M. Divinas e imperfeitas. Pesquisa Fapesp, agosto 2004. Disponível em: https://oeds.link/Xu2oYG. Acesso em: 16 janeiro 2022.

A retomada da referência, feita na abertura, aos Jogos Olímpicos modernos contribui para o estabelecimento de algumas semelhanças e diferenças entre as disputas atuais e as praticadas pelos gregos, como a competição entre nações em uma e entre cidades-Estado em outra e o caráter espetacular e político dos eventos contemporâneos e o caráter festivo e religioso dos jogos gregos. Pode-se propor aos estudantes que as enumerem, incentivando-os a pensar comparativamente.

A Grécia antiga em tempos de guerra

As disputas por territórios eram comuns na Antiguidade. Como você estudou no capítulo 6, no início do século cinco antes de Cristo, os persas, governados por Dario um, haviam construído um imenso império. Em seu processo de expansão, o Império Persa dominou várias pólis gregas no território correspondente ao da atual Turquia. Os gregos chamavam essa área de Jônia.

Por volta de 498 antes de Cristo, segundo fontes gregas, algumas pólis jônicas se revoltaram contra o domínio persa, ajudadas por Atenas. Os persas sufocaram a revolta e, alguns anos depois, tentaram invadir cidades gregas do outro lado do Mar Egeu, mas sua frota de navios foi parcialmente destruída por uma tempestade e voltou à Pérsia.

Em 490 antes de Cristo, os persas se reorganizaram e foram novamente em direção à Grécia. A primeira batalha entre os dois lados ficou conhecida como Primeira Guerra Greco-Pérsica – ou como o início das Guerras Médicas. A Grécia venceu o confronto na cidade de Maratona, onde milhares de hoplitas surpreenderam o exército persa, que foi obrigado a retroceder.

Dez anos depois, Xerxes, filho de Dario, atacou a Grécia, iniciando a Segunda Guerra Greco-Pérsica. Diante da invasão, as cidades gregas se uniram sob o comado de Atenas, formando, em 477 antes de Cristo, a Confederação de Delos. Todos os suprimentos gregos para a guerra foram enviados para a Ilha de Delos e, depois, distribuídos nos campos de batalha.

Guerras Greco-Pérsicas – 499 antes de Cristo-449 antes de Cristo

Mapa. Guerra Grego-Pérsicas – 499 antes de Cristo a 449 antes de Cristo. Apresenta terras na Europa e na Ásia banhadas pelos mares Egeu e Mediterrâneo. 
Legenda:
Expedições persas.
Linha verde: Primeira Guerra Médica.
Linha vermelha: Segunda Guerra Médica.
No mapa, estão identificados o Império Persa, na Ásia Menor, com as cidades de Sestos, Abidos e Sardes; as ilhas de Imbros e Lesbos, no Mar Egeu; as região da Trácia, da Calcídica, da Macedônia (com a cidade de Pela), da Tessália, de Epiro e da Beócia, na Europa; as cidades de Tebas, Erétria e Atenas e a região da Arcádia, com a cidade de Esparta, também na Europa; e as ilhas de Delos, Naxos, Icária, Samos, Patmos, Rodes e Creta, no Mar Mediterrâneo.
As expedições persas na Primeira Guerra Médica ocorreram principalmente pelo Mar Mediterrâneo. Uma rota parte do sul da Ásia Menor em direção à ilha de Rodes. Outra, com a mesma origem, segue em direção à ilha de Samos, passando por Patmos. De Samos, as expedições partem para Icária, Naxos e Delos até chegar a Atenas e retornar a Delos. 
As expedições persas da Segunda Guerra Médica ocorreram por terra e pelo Mar Egeu. Uma rota parte de Sardes para Abidos e Sestos, passando pelas regiões da Trácia e da Calcídia, pela cidade de Pela, na Macedônia, pelas regiões de Tessália e Beócia, pelas cidades de Tebas e Atenas, de onde partem para o Mar Egeu com destino à Erétria. Outra rota parte da Ásia Menor pelo Mar Egeu, passando pelas ilhas de Lesbos e Imbros, até atingir a Calcídica, de onde segue por mar até a Erétria.
 No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 70 quilômetros.

FONTE: Atlas histórico. São Paulo: Enciclopédia Britânica do Brasil, 1989. página 17.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar das Guerras Greco­‑Pérsicas como uma disputa pelo Mediterrâneo, o conteúdo favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco.

A disputa entre gregos e persas se relacionava ao contrôle do Mediterrâneo, como a comparação entre os mapas apresentados daqui por diante ajuda a mostrar. É importante comentar com os estudantes que a ideia de uma identidade compartilhada pelos helenos foi marcada, desde os tempos homéricos, pela oposição a outros povos.

No período clássico, embora o contato e as trocas econômicas e culturais com os povos não gregos tenham aumentado, certo orgulho comum aos gregos se acentuou. As guerras contra os persas representaram o auge dessa relação conflituosa e de afirmação da crença na superioridade dos gregos sobre os demais povos com os quais tinham contato.

Se possível, comente com os estudantes que a maior parte das informações sobre as Guerras Greco-Pérsicas derivam de fontes gregas, como as produzidas por Heródoto e Tucídides. Não há fonte persa escrita sobre o assunto. Portanto, a imagem dessas guerras que chegou até o presente corresponde à visão de apenas um dos envolvidos no conflito.

Fim da guerra contra os persas

Os espartanos lutaram contra os persas, mas optaram por não participar da Liga de Delos. De certa maneira, eles acreditavam que podiam vencer os persas de fórma independente. Além disso, não queriam se submeter ao comando dos atenienses, com os quais disputavam poder.

Os persas invadiram e saquearam a cidade de Atenas nessa segunda guerra, destruíram várias outras pólis e mataram vários soldados espartanos. No entanto, foram atingidos por problemas meteorológicosglossário e logísticosglossário , perdendo quase metade de suas embarcações.

Ignorando o fato de que estavam enfraquecidos, longe de casa e sem apoio naval para obter alimentos e armas, os persas terminaram a guerra surpreendidos pelos gregos. Eles foram derrotados em várias batalhas. Na de Salamina, ocorrida no Mar Egeu, os persas foram vencidos por fôrças lideradas pela marinha ateniense. Em Plateia, ocorreu o combate que selou o fim da guerra, com a vitória dos gregos e a retirada do exército persa.

Em 454 antes de Cristo, os gregos e os persas assinaram um acordo de paz. Com base nesse acordo, o Mar Egeu ficaria sob o comando dos gregos, mas eles teriam de encerrar suas atividades no Oriente, que seria dos persas.

Fotografia. Vista de ruínas de uma construção retangular, composta de diversas colunas cilíndricas nas laterais e sem telhado. Ao redor da construção, chão irregular com calçamento de pedra. Ao fundo, céu azul.
Ruínas da Acrópole de Atenas, na Grécia. Foto de 2020.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Com o poderio da Liga de Delos, foi possível construir fortificações no porto de Atenas, bem como promover o embelezamento da cidade com obras dos melhores artistas da época. O Partenon, templo dedicado à deusa Atena que ficava na Acrópole, foi construído nesse período de liderança de Atenas sobre as pólis da Liga de Delos.

Respostas e comentários

As imagens que por muito tempo foram veiculadas de outros povos da Antiguidade, como o persa, eram herdeiras desse momento, mas não correspondiam à realidade. No universo da indústria cultural – cinema, televisão, quadrinhos, jogos etcétera – persiste muitas vezes uma visão negativa dos persas. Sabe-se, contudo, que o Império Persa era um lugar de apurado conhecimento sobre o mundo físico, de criação de técnicas de comunicação, como os correios, de respeito à diversidade religiosa dos diferentes povos que o compunham, bem como de mais participação feminina na vida pública do que em outras sociedades da Antiguidade.

É importante destacar o fato de que a Liga do Peloponeso era mais antiga que a Liga de Delos. Constituída no século seis antes de Cristo, estava relacionada com o processo de expansão militar e política de Esparta no Peloponeso, mas foi revitalizada com a oposição de Esparta à Liga de Delos.

A Guerra do Peloponeso

Atenas e Esparta saíram das Guerras Greco-Pérsicas fortalecidas e passaram a disputar o domínio sobre as outras cidades gregas.

Como não houve batalhas em Esparta, rapidamente a vida na cidade retornou à normalidade. Atenas, por sua vez, precisava ser reconstruída. Assim, os atenienses mantiveram a Liga de Delos com a justificativa de que a aliança seria necessária para evitar outras invasões e assegurar a mútua defesa.

O governo de Atenas, porém, acabou usando a liga para impor uma dominação política, cultural e econômica sobre as demais cidades, e empregando os tributos que recebia delas na reconstrução da pólis.

Os espartanos, desconfiando dos atenienses, reinstituíram uma antiga associação: a Liga do Peloponeso, formada por cidades ao redor de Esparta.

Pequenos episódios de conflito ocorreram entre as duas pólis até que a cidade de Mégara, antiga aliada espartana, trocou de lado e passou à Liga de Delos. Começou, então, uma guerra entre Esparta e Atenas.

Esse conflito recebeu o nome de Guerra do Peloponeso e durou quase trinta anos. Além de Atenas e Esparta, envolveram-se nas batalhas todas as aliadas a elas. Mesmo as pólis que declararam neutralidade sofreram com o caos econômico e social gerado pelos confrontos.

Na primeira fase do conflito, Atenas parecia estar vencendo, mas uma epidemia matou boa parte dos habitantes da cidade. Esparta venceu a guerra, mas também terminou enfraquecida. Nesse contexto, o Império Macedônico aproveitou-se e expandiu seu domínio sobre as cidades gregas.

Região do Mar Egeu às vésperas da Guerra do Peloponeso – 431 antes de Cristo

Mapa. Região do Mar Egeu às vésperas da Guerra do Peloponeso – 431 antes de Cristo. Apresenta terras na Europa e na Ásia ao redor do Mar Egeu.
Legenda:
Laranja: Atenas e suas aliadas.
Roxo: Esparta e a Liga do Peloponeso.
Verde-escuro: Estados gregos neutros.
Verde-claro: Império Persa.
Amarelo: Reino da Macedônia.
No mapa, a área referente a Atenas e suas aliadas engloba a região da Península Ática, incluindo as cidades de Atenas e Plateia; Caristo, Erétria e Cálcis; a ilha da Córcira; na região Etólia Lócrida, a cidade de Naupacto; na região litorânea perto da Macedônia, as cidades de Metone, Potideia, Mende, Escione, Toroneia, Olinto, Estagira; no litoral próximo à Trácia, as cidades de Eião, Neápolis, Tasos, Abdera, Maroneia, Eno e Sesto; na área litorânea próxima ao Reino Odrísio, as cidades de Perinto e Bizâncio; na Ásia Menor, a região litorânea, englobando as cidades de Calcedônia, Astaco, Cio, Proconeso, Lâmpsaco, Abidos, Asos, Antandro; Metímna e Mitilene, na ilha de Lesbos; Geneu, Cime, Focela, Quíos, Eritras, Teos, Clazómenas, Colofão, Éfeso, Samos, Priene, Mileto, Iasos, Halicarnasso, Cedras, Cauno, Cnido, Ialisos, Camiros e Lindos; além das ilhas Cíclades e do Dodecaneso.
A área referente a Esparta e a Liga do Peloponeso abrange a maior parte da Península do Peloponeso, incluindo região da Lacônia, com as cidades de Esparta, Pilos e Messênia; a região de Élis e a cidade de mesmo nome; a região da Arcádia, onde localizam-se as cidades de Corinto, Epidauro e Trezena; abrange também a região da Fócida, incluindo a cidade de Mégara; a Beócia, englobando Tebas; e a cidade de Ambrácia. 
Os  Estados gregos neutros localizam-se na região da Tessália, com as cidades de Feras, Larissa e Págasas; a cidade de Argos, na região da Acádia; a região de Acaia, incluindo a cidade de Patras; e a ilha de Cnossos, com as cidades de Cidônia, Gortina, Cnossos e Itano.
O Império Persa localiza-se na Ásia Menor, englobando as regiões da Helespôntica, da Frígia, da Mísia, da Lídia e da Cária, à exceção da faixa litorânea dessas regiões, quase toda dominada por Atenas. Neste império estão localizadas as cidades de Dascílio, Escepse, Adramício, Pérgamo, Esmirna e Sardes.
O Reino da Macedônia localiza-se à noroeste do Mar Egeu, englobando as cidades de Egas e Pela.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 90 quilômetros.

FONTE: leví, E. La Grèce au Ve siècle: de Clisthène à Socrate. Paris: Points, 1995. E-book.

Ícone. Ilustração de um símbolo de localização sobre um folheto aberto e em branco, indicando o boxe Se liga no espaço!

Se liga no espaço!

Responda no caderno.

Atente à proporção de terra e de mar no mapa. Com base nisso e no que você estudou, escreva um pequeno texto explicando a importância das frotas navais nas guerras desse período.

Respostas e comentários

Resposta do Se liga no espaço!: Espera-se que os estudantes resumam a importância do aspecto geográfico para o mundo grego, formado por ilhas e istmos e marcado fundamentalmente pelo mar. Assim, as frotas navais eram imprescindíveis em um conflito nesse contexto.

Bê êne cê cê

O conteúdo sobre a Guerra do Peloponeso, bem como o mapa que representa a ocupação da região do Mediterrâneo pelos gregos e outros povos antes dessa guerra, favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Interdisciplinaridade

Ao tratar das diferentes maneiras de as sociedades lidarem com as condições geográficas, fazendo uso do espaço físico-natural e adequando-se a ele, o conteúdo favorece o desenvolvimento da habilidade do componente curricular geografia ê éfe zero seis gê ê um um – “Analisar distintas interações das sociedades com a natureza, com base na distribuição dos componentes físico-naturais, incluindo as transformações da biodiversidade local e do mundo”.

Curadoria

Eurípides e a Guerra do Peloponeso: representações da guerra nas tragédias Hécuba, Suplicantes e Troianas (Tese)

braian górdon lutó quibúca. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2012. Disponível em: https://oeds.link/apJepB. Acesso em: 19 abril. 2022.

Nessa dissertação, a Guerra do Peloponeso é analisada por meio das representações do conflito presentes nas tragédias (textos escritos que eram encenados diante dos cidadãos) Hécuba, Suplicantes e Troianas, produzidas pelo poeta grego Eurípides.

Alexandre e o Período Helenístico

Os macedônicos eram gregos que viviam ao norte das principais cidades gregas. No entanto, os habitantes do sul da região os consideravam bárbarosglossário . Em 350 a.C., os macedônicos começaram um processo de expansão em direção ao sul.

Quando terminou a Guerra do Peloponeso, o rei da Macedônia, Felipe dois, e seu filho, Alexandre, dominaram várias cidades gregas. Eles convenceram os habitantes das pólis gregas de que tinham um inimigo em comum: os persas. Na verdade, porém, os persas e os macedônicos viviam em relativa paz havia mais de um século.

Felipe dois foi assassinado em 336 antes de Cristo, mas Alexandre, que tinha 20 anos na época, liderou um exército com soldados de vários lugares da Grécia para atacar o Império Persa.

Aos poucos, Alexandre conquistou cidades persas importantes, como Babilônia, Susa e Persépolis. Após derrotar o imperador persa Dario três, Alexandre passou a governar todo o território conquistado. O território macedônico era imenso: estendia-se da Grécia, na Península Balcânica, até as fronteiras da Índia.

O Império Macedônico – século quatro antes de Cristo

Mapa. O Império Macedônico – século quarto antes de Cristo. Destaque para parte dos territórios da Europa, África e Ásia.
Legenda: 
Em amarelo: Territórios dominados.
Em roxo: Territórios aliados.
Em verde: Estados independentes.
Linha vermelha: itinerário de Alexandre.
No mapa, os territórios dominados abrangem uma grande área desde o Egito, incluindo as cidades de Tebas, Mênfis e Alexandria; a Macedônia; a Trácia, incluindo a cidade de Bizâncio; a Ásia Menor, incluindo as cidades de Górdio, Halicarnasso e Antioquia; a Síria, incluindo a cidade de Tiro; a Palestina, incluindo Jerusalém; a Armênia; a Mesopotâmia, incluindo as cidades de Arbela e Babilônia; a Assíria; a Média, incluindo a cidade de Ecbátana; a Susiana, incluindo a cidade de Susa; a Pérsia, incluindo as cidades de Pasárgada e Persépolis; a Carmânia, incluindo a cidade de Alexandria Carmânia (Gulashkird); a Pátria; a Aracósia, incluindo a cidade de Alexandria Arcósia (Kandahar); o Afeganistão; Bactriana; e Gandara; além das cidades de Porto de Alexandria, à sudeste da região de Carmânia; Niceia, ao sul da região de Gandara; e Samarcanda e Alexandria, ao norte da região de Bactriana. Os territórios aliados: eram Cirenaica, no norte da África; Chipre, Creta, Grécia, incluindo as cidades de Delfos, Tebas, Atenas e Corinto, e a Jônia, incluindo a cidade de Pérgamo. Os Estados independentes eram: parte da Macedônia; Esparta, na Grécia; Pisídia, Sardas e Nicomédia, na Ásia Menor. O itinerário de Alexandre inicia-se na Macedônia, passa por Pérgamo, Halicarnasso, Estado da Pisídia, Antioquia, Tiro, Alexandria (no Egito) e Mênfis, Tiro, Arbela, Babilônia, Susa, Pasárgada, Ecbátana, Alexandria de Aracósia (Kandahar), Samarcanda e Alexandria (ao norte de Bactriana), Niceia, Porto de Alexandria, Alexandria Carmânia (Gulashkird), Persépolis e Babilônia. 
No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e escala de 0 a 320 quilômetros.

FONTE: KINDER, H.; HILGEMANN, W.; HERGT, M. Atlas histórico mundial: de los orígenes a nuestros días. Madrid: Akal, 2007. página 64.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

O conteúdo, ao abordar as conquistas de Alexandre e o período helenístico, contribui para que os estudantes identifiquem e analisem diferentes fórmas de contato, adaptação ou exclusão entre populações em diferentes tempos e espaços, favorecendo o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Na última parte do capítulo, apresentam-se a conquista pelos macedônicos das cidades-Estado gregas, sua oposição aos persas e a fundação do mundo helenístico.

Ao tratar do uso do termo bárbaro, associe-o à questão do outro, do diferente. O vocábulo demonstra a tentativa de ressaltar a identidade grega, que, por não ser definida pela unidade política e territorial, construiu-se com base na exclusão do outro.

Quando os gregos concebiam os demais povos como “bárbaros" por utilizarem uma língua para eles incompreensível, estabeleciam um parâmetro de diferenciação entre os povos sustentado na língua, pois esta era o meio de contato e diferenciação ou afastamento entre os povos.

É importante comentar com os estudantes que a expansão territorial macedônica sob Alexandre não eliminou as culturas dominadas, mas promoveu sua integração. Assim, o mundo helenístico que emergiu da expansão estava calcado na cultura grega, mas fortemente atravessado pela dos persas e dos egípcios, bem como de outros povos conquistados. Além disso, tal expansão se direcionou ao leste (à Índia), estabelecendo conexões fortes e duradouras com as rotas comerciais e a circulação cultural em um mundo bastante diverso.

Alexandre dominou algumas partes do território persa por meio da violência. Um desses locais foi Persépolis, que ele incendiou. Já em outros, como na Babilônia, ele preservou quase tudo. Geralmente, ele permitia que os estrangeiros já dominados lutassem em seu exército e preservava as instituições e as lideranças locais.

Alexandre tinha sido educado por Aristóteles, um importante filósofo grego. Por isso, tinha paixão pela cultura grega e resolveu espalhá-la pelas áreas conquistadas.

Nos dez anos de domínio, ele valorizou o encontro entre a cultura grega e as praticadas no antigo território persa. Esse intercâmbio possibilitou a formação do mundo helenístico.

O Egito fazia parte do mundo helenístico, mas não do território grego. Após as invasões de Alexandre, foi governado por um general grego chamado Ptolomeu e, depois, por seus descendentes.

Ptolomeu adotou os costumes locais e se consagrou como faraó, mantendo boa parte das instituições políticas e religiosas egípcias, mas acrescentou elementos culturais de outros locais do mundo. Ele determinou, por exemplo, a construção de uma grande biblioteca em Alexandria, no Egito. A cidade se tornou um dos principais centros de conhecimento do mundo antigo.

O Egito, assim como outras áreas do mundo helenístico, transformou-se com os diálogos entre diferentes culturas, passando a valorizar manifestações artísticas gregas, como o teatro.

Alexandre morreu em 323 antes de Cristo e alguns de seus generais, como Ptolomeu, no Egito, passaram a chefiar pequenas porções do território conquistado.

Fotografia. Moeda prateada, de formato circular com bordas irregulares, com o rosto de um homem de perfil estampado em alto-relevo.
Moeda egípcia representando o busto de Alexandre. Ela foi usada durante o governo de Ptolomeu, no século quatro antes de Cristo
Fotografia. Construção à céu aberto,  com grandes arquibancadas em formato semicircular, rodeando um pequeno palco abaixo. Ao fundo, montanhas com vegetação.
Ruínas de anfiteatro grego em Éfeso, na Turquia. Foto de 2021. Teatros construídos nesse formato se espalharam pelas regiões dominadas por Alexandre.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Identifique as diferenças no regime político, nas condições para se tornar cidadão e no papel social das mulheres em Atenas e em Esparta.
  2. Descreva as Guerras Greco-Pérsicas e explique a relação delas com a Guerra do Peloponeso.
  3. Caracterize o Período Helenístico, ressaltando as relações entre as tradições gregas e as de outras culturas, como a persa e a egípcia.
Respostas e comentários

Orientação para as atividades

As atividades de sistematização propostas implicam a identificação, a organização e a elaboração de informações. A resposta à primeira atividade já foi tratada parcialmente caso a atividade complementar sugerida tenha sido realizada. Nesta atividade é necessário comparar as duas cidades e elaborar um texto centrado nessa comparação tendo em vista semelhanças e diferenças entre elas. Para responder à segunda atividade, é preciso relacionar dois fatos políticos relevantes, localizando-os temporalmente. Por fim, a terceira atividade demanda a ordenação de aspectos das tradições helênicas e de outros povos. As habilidades de comparação, de explicação e de caracterização não são naturalmente desenvolvidas pelos estudantes e podem demandar muito esforço por parte deles no 6º ano.

Agora é com você!

1. Regime político: Esparta era uma diarquia, enquanto em Atenas a democracia era o regime político. Conceito de cidadania: em Esparta, apenas os proprietários de terra e de escravizados eram cidadãos, ao passo que em Atenas eram cidadãos todos os homens, maiores de 18 anos, filhos de atenienses. Papel social das mulheres: as mulheres espartanas gozavam de mais liberdade de trânsito em lugares públicos e de direitos que as de outras cidades gregas. Já as mulheres atenienses tinham a vida reclusa em espaços privados.

2. As Guerras Greco-Pérsicas aconteceram no século cinco antes de Cristo entre o Império Persa e as cidades-Estado gregas. Gregos e persas disputavam essencialmente o domínio sobre o comércio marítimo do Mediterrâneo. Para enfrentar o poderoso império, as cidades gregas se reuniram em alianças lideradas por Esparta e Atenas e conseguiram deter o avanço persa. Depois disso, Atenas organizou a Liga de Delos, que acabou se tornando um grupo de cidades submetidas à fôrça ateniense. Para deter o crescente poder de Atenas, Esparta organizou a Liga do Peloponeso. O conflito entre os dois conjuntos de cidades ficou conhecido como Guerra do Peloponeso.

3. O Período Helenístico começou com a ocupação da Grécia pelos macedônicos, no século quatro antes de Cristo Felipe dois organizou esse primeiro movimento, que se completaria com as conquistas de Alexandre, o qual expandiu seu império para a Ásia Menor, a Fenícia e o Egito. Nesse processo, tradições gregas, persas, egípcias e de outros povos (orientais) foram se fundindo. O Período Helenístico se caracterizou por um profundo intercâmbio cultural no qual avanços tecnológicos dos povos orientais foram conhecidos pelos gregos, assim como a filosofia e a língua gregas se espalharam pela Ásia.

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. Identifique, no caderno, as informações verdadeiras e as falsas sobre a Grécia antiga.
    1. Eram chamados de helenos os indivíduos enriquecidos de Esparta.
    2. O trabalho com o bronze era uma das especialidades dos helenos.
    3. O termo Hélade era utilizado para definir os territórios que os gregos ocupavam.
    4. Cada pólis era independente e não realizava trocas culturais ou econômicas com outras.
  2. No caderno, substitua os números do texto a seguir pelas palavras do quadro de modo que as lacunas fiquem corretamente preenchidas.
deuses interferiamIlíadamitológicas poemas politeístas vida virtudes
Os gregos eram (um) e seus deuses apresentavam (dois) e vícios. De acordo com as narrativas (três), as divindades do Olimpo (quatro) a todo momento na (cinco) e no destino dos seres humanos. Essa característica dos (seis) gregos está presente, por exemplo, nos (sete) Odisseia e (oito), atribuídos a Homero.

Aprofundando

3. Analise a tirinha a seguir e faça as atividades.

Quadrinho composto por 5 quadros. Apresenta Frank e Ernest, dois homens pequenos de barba longa usando túnica e um pequeno chapéu na cabeça. Frank usa túnica e chapéu verde e Ernest usa túnica e chapéu vermelho.
Quadro 1: Os homens estão em uma cidade antiga. Ao fundo, veem-se construções com colunas; em segundo plano, um dragão bípede usando calça segura um tridente na mão, enquanto dois homens conversam, um deles com um pergaminho na mão. Em primeiro plano, estão Ernest e Frank. Ernest também segura um pergaminho. Frank diz: 'Como está indo a campanha?'. Ernest responde: 'Poseidon está perdendo de lavada, mas todos os outros candidatos tem chance.'.
Quadro 2: Frank e Ernest observam uma criatura azul peluda com um olho só vestindo uma túnica amarrada em um dos ombros enquanto um homem com túnica amarela, usando um chapéu e sapatos com asas, passa correndo com um pergaminho na mão. Ernest diz: 'Os eleitores gostam da visão única de ciclope... Hermes transmite bem sua mensagem...'.
Quadro 3: Ernest continua, olhando para o pergaminho: '... Ares tem o apoio de seus exércitos... e alguns dizem que Narciso é um candidato atraente.'.
Quadro 4: Ernest sozinho continua: 'Narciso gosta do apoio que vê refletido nas pesquisas...'.
Quadro 5: Ernest finaliza, observando um homem com barba usando chapéu e túnica azul, que vê seu reflexo em um poço com água: '... E ama o que vê refletido nas piscinas!'.
Frank & Ernest, tirinha de Bob Thaves, 2015.
  1. Que evento é retratado na tirinha e como isso é feito?
  2. Como o artista usou o humor na tirinha?
  3. A que regime político, iniciado na Grécia antiga, esse evento é relacionado?
  4. De acordo com o que você estudou anteriormente, o evento, da fórma como foi retratado na tirinha, é semelhante ao que ocorria na Grécia antiga ou mais parecido com o que ocorre, por exemplo, no Brasil atual? Justifique.
Respostas e comentários

Atividades

Organize suas ideias

1. a) F;b) V;c) V;d) F.

2. um – politeístas; dois – virtudes; três – mitológicas; quatro – interferiam; cinco – vida; seis – deuses; sete – poemas; oito Ilíada.

Aprofundando

3. a) A tirinha apresenta uma campanha eleitoral em que são candidatos vários deuses, semideuses e figuras mitológicas gregas.

b) O humor está no fato de as eleições ocorrerem entre seres fantásticos e de, na campanha eleitoral, serem destacadas as características míticas desses personagens como qualidades dos supostos candidatos.

c) Na atualidade, a votação eleitoral ocorre geralmente em países cujo regime político é a democracia, que teve início em Atenas, na Grécia antiga, e foi transformando-se ao longo do tempo.

d) O evento satirizado na tirinha é parecido com o que está em vigor no sistema eleitoral do Brasil atual (a democracia indireta), no qual os eleitores escolhem representantes para governar o lugar onde vivem, diferentemente do que ocorria, por exemplo, em Atenas, na Grécia antiga, onde os cidadãos participavam da Eclésia para decidir diretamente sobre os assuntos da cidade (democracia direta).

4. A filosofia desenvolveu-se na Atenas do século cinco antes de Cristo Naquela época, os filósofos procuravam explicar a existência dos seres e das coisas e o funcionamento da sociedade e da natureza com base na argumentação racional, sem recorrer à religião. A filosofia foi utilizada para educar as pessoas para o debate público. Os filósofos mais conhecidos desse período foram Sócrates e Platão. Algumas mulheres também se destacaram, apesar de não terem se tornado famosas. Uma delas foi Aspásia. Ela administrava um salão para realizar discussões filosóficas e uma escola para meninas em Atenas. Sócrates, assim como outros homens de sua época, não via as mulheres como iguais, mas reconhecia a inteligência de Aspásia, afirmando ter aprendido a “arte da eloquênciaglossário ” com ela. Pensando sobre isso, leia o texto a seguir e depois faça o que se pede.

“As mulheres não são consideradas sujeitos autorizados a filosofar ou, até mesmo, que não são aptasglossário para receber a filosofia. [...]. As mulheres sofreram ao logo da história forte desdémglossário pela tradição filosófica [...]”.

OLIVEIRA, A. L. B. Ensino de Filosofia: a escola como espaço de (des)construção de gênero.In: SEMINÁRIO DA ANPED SUL, 10, 2014, Florianópolis. Anais [...]. Florianópolis: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – Sul, 2014. página 3.

  1. Explique o que moveu os pensadores de Atenas a desenvolver a filosofia no século cinco antes de Cristo
  2. Por que o aprendizado de filosofia pelos atenienses daquele período contribuiu para a consolidação da democracia?
  3. Elabore uma hipótese para explicar o fato de serem conhecidas poucas filósofas ao longo da história.

5. A prática do teatro também foi marcante no mundo grego e helenístico antigo.

“O teatro é uma obra de arte social e comunal; nunca isso foi mais verdadeiro do que na Grécia antiga. Em nenhum outro lugar, portanto, pôde alcançar tanta importância como na Grécia. A multidão reunida no têatrôn não era meramente espectadora, mas participante, no sentido mais literal. O público participava ativamente do ritual teatral, religioso, inseria-se na esfera dos deuses e compartilhava o conhecimento das grandes conexões mitológicas.”

Bertóld, M. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2001. página 103-104.

  1. Reúna-se com um ou dois colegas e façam uma pesquisa, na internet e em livros e revistas impressos, sobre o teatro grego antigo. Depois, respondam às seguintes questões:
    • Quais são as origens do teatro grego? Relacionem o início da prática teatral com a realização de festivais em honra aos deuses.
    • O que eram a tragédia e a comédia no teatro grego? Descrevam as principais características de cada um desses gêneros, citando alguns dos autores mais famosos.
    • Quem eram as pessoas que se apresentavam no teatro naquele tempo? Relacionem o que descobriram com o papel da mulher na Grécia antiga.
    • Qual era a importância do coro no teatro grego? Relacionem essa resposta ao texto citado anteriormente, que trata da importância do teatro para a comunidade.

b. Produzam um relatório com base nas respostas às questões do item anterior. Nesse texto, relacionem as informações que obtiveram na pesquisa ao que conhecem do teatro na atualidade. Apontem, também, as características dessa arte que permaneceram e as que se modificaram com o tempo.

Respostas e comentários

4. a) A filosofia desenvolveu-se como tentativa de encontrar respostas para a inquietude humana diante do mundo. Os filósofos em Atenas no século cinco antes de Cristo procuravam refletir sobre a relação do indivíduo com ele mesmo e com o mundo, sem que isso fosse pautado pela religião.

b) A filosofia que se desenvolveu plenamente em Atenas no período clássico apresenta estreita relação com a democracia, pois os filósofos ensinavam e praticavam a oratória. A argumentação filosófica se sustenta na racionalidade e tem na oratória e no debate público um de seus pilares.

c) Desde o comêço da filosofia, as mulheres foram alvo de preconceitos sociais, sendo consideradas incapazes de raciocinar. O fato de as mulheres serem alvo desse tipo de preconceito pode ser a causa de mais homens terem adentrado esse campo e de, além disso, a produção deles ter sido mais conhecida. Vale ressaltar o fato de que, apesar disso, muitas mulheres, como Aspásia, produziram filosofia e se destacaram.

5. a) Espera-se que os estudantes trabalhem juntos para a realização de uma atividade de pesquisa sobre um assunto relacionado aos temas do capítulo, mas não aprofundado no texto-base. Espera-se que, após realizar a pesquisa, eles consigam relacionar a origem do teatro grego aos festivais religiosos em honra a Dionísio que ocorriam nas cidades e no campo, nos quais eram realizadas celebrações performáticas, com músicas, danças e procissões. Por isso, Dionísio tornou-se o deus do teatro. Esse é um exemplo da grande relevância que a religiosidade tinha para a sociedade grega, pois perpassava todos os aspectos da vida social e cultural das pólis. De modo geral, na tragédia são narradas histórias de reis, heróis, deuses e guerras, ou algo relacionado a essas temáticas. Os componentes dramáticos da tragédia são um prólogo, em que se explica a história ocorrida antes da ação que será encenada, o cântico da entrada do coro, a ação, que se desenrola até que os personagens sofram um revés do destino (clímax), e o encerramento da peça com os lamentos pelo destino trágico. Já na comédia, a sátira é a característica principal, e os temas das narrativas são mais mundanos, envolvendo pessoas comuns ou políticos da época. Por isso, o vocabulário empregado pelos atores inclui palavras e expressões menos elevadas, até mesmo para provocar o riso. Nas comédias, há mais liberdade na narrativa (não há necessariamente um clímax, como na tragédia) e no palco, em que os atores ou o coro dirigem-se diretamente à plateia. Entre os dramaturgos famosos do período clássico grego, os estudantes podem citar, na tragédia, Ésquilo, Sófocles e Eurípedes; na comédia, Aristófanes. Sobre a encenação, sabe-se que, na Grécia antiga, os atores se apresentavam no palco junto dos integrantes do coro. Mesmo os papéis femininos eram interpretados por homens (que usavam máscaras), uma vez que as mulheres não podiam estar no teatro, pois não eram consideradas cidadãs. Por fim, espera-se que os estudantes percebam que o teatro grego era um ato de civismo, e não apenas algo de que os habitantes da pólis desfrutavam (arte). O coro narrava os acontecimentos, e era por meio de seus cânticos que era transmitida ao público a “moral” da narrativa (na tragédia) ou feita a interação com a população (na comédia). Assim, o coro simbolizava o grupo que formava a pólis e também o papel desse grupo na perpetuação das tradições e na transmissão da cultura.

b) Verifique se os estudantes identificaram algumas permanências e rupturas entre a prática teatral grega antiga e a atual. Há vários elementos do teatro grego que permanecem: a função do palco e dos atores, os figurinos, o enredo etc. No entanto, o teatro não se reveste mais da sacralidade que tinha naquele período e as peças de hoje não apresentam, necessariamente, um fundo moralizante. Além disso, as mulheres hoje frequentam o teatro e são atrizes em cena.

Glossário

Virtude
: qualidade do que é considerado correto ou desejável.
Voltar para o texto
Vício
: hábito repetitivo que pode trazer malefícios à pessoa que o pratica.
Voltar para o texto
Divergência
: diferença de opiniões, desentendimento.
Voltar para o texto
Patife
: pessoa que não tem vergonha; que apresenta comportamento considerado inapropriado.
Voltar para o texto
Vitalício
: que dura toda a vida.
Voltar para o texto
Subordinado
: dependente, hierarquicamente, de alguém ou de alguma coisa.
Voltar para o texto
Meteorológico
: referente aos fenômenos atmosféricos, como chuvas, raios e ciclones.
Voltar para o texto
Logístico
: nesse caso, atividade de organização de uma operação militar.
Voltar para o texto
Bárbaro
: nesse caso, povo não grego. O termo era usado pelos gregos para denominar os povos que eles consideravam incivilizados, como os citas (pastores das estepes russo-asiáticas), e também os que eles admiravam, como os egípcios. Bárbaro com sentido de “inferior” foi uma construção dos romanos, tema de estudo dos próximos capítulos.
Voltar para o texto
Eloquência
: capacidade de se expressar bem.
Voltar para o texto
Apto
: capaz de fazer algo.
Voltar para o texto
Desdém
: desprezo.
Voltar para o texto