CAPÍTULO 8 TODOS OS CAMINHOS LEVAM A ROMA
No Brasil, país em que se fala a língua portuguesa, é comum chamarmos uma pessoa que vai à escola de estudante. Em castelhano (espanhol), ela é denominada estudiante; em francês, étudiant; em italiano, studente; em romeno, stúdent.
Sabe por que essas palavras são tão parecidas? Porque elas derivam do latim, idioma falado pelos antigos romanos, que deu origem às chamadas línguas românicas ou neolatinas: a portuguesa, a castelhana, a francesa, a italiana e a romena, entre outras.
Imagens em contexto!
A imagem representa um tutor ensinando retórica a alguns estudantes. De modo geral, na Roma antiga, a educação era tarefa de um tutor, e a retórica – a arte da palavra, da argumentação e do convencimento – era uma disciplina fundamental. Ela manteve sua importância nas universidades até o período medieval.
Responda oralmente.
- O que você sabe sobre a civilização romana?
- Que outras características os brasileiros compartilham com os grupos que falam línguas de origem romana?
- Quais são as semelhanças e as diferenças entre os estudantes representados na imagem e você e seus colegas? Explique.
Respostas e comentários
Abertura
A abertura do capítulo trata das línguas neolatinas. Pretende-se, dessa maneira, despertar o interesse dos estudantes pela temática que será desenvolvida, partindo de elementos do cotidiano deles que remetem à civilização romana. Por meio da verificação da semelhança entre as línguas românicas, os estudantes são convidados a considerar outros aspectos que podem se relacionar à história romana.
Atividades
1 e 2. As questões têm caráter diagnóstico, ou seja, contribuem para o encaminhamento pedagógico com base nos conhecimentos prévios expressos pela turma. Na questão 2, os estudantes podem mencionar elementos dos campos do direito, da arquitetura (arcos, aquedutos etcétera) e da religião (religião cristã), entre outros.
3. Entre as semelhanças, os estudantes podem indicar o fato de os estudantes estarem reunidos em torno do tutor (que pode ser associado ao professor) e, aparentemente, pertencerem à mesma faixa etária. Entre as diferenças, podem mencionar as vestimentas, a ausência de sapatos nos pés do tutor e o fato de todos os estudantes representados no relevo serem meninos.
Os povos da Península Itálica
A civilização romana se desenvolveu na Península Itálica, região localizada no sul da Europa, banhada pelo Mar Mediterrâneo. A existência de recursos hídricos e de terras relativamente férteis favoreceu a prática da agricultura, atraindo diferentes povos para lá ao longo do tempo.
No capítulo anterior, você estudou a civilização grega, formada por vários povos que migraram para a Península Balcânica. A civilização romana também foi constituída por diversos povos com diferentes tradições culturais, origens e línguas. Note no mapa a representação das populações que habitavam a Península Itálica por volta do século oito antes de Cristo
Na área central da península (denominada Lácio ou Látium, em latim), viviam, por exemplo, os povos latinos – responsáveis pela criação do núcleo que deu origem à cidade de Roma. Ao longo do tempo, eles mantiveram diferentes fórmas de contato com seus vizinhos – às vezes amistosas, outras não. Tais contatos definiram diversos aspectos da civilização romana. Dois dos povos que viveram nessa região merecem destaque por sua influência na formação romana: os gregos, ao sul, e os etruscos, ao norte.
A partir do século oito antes de Cristo, nas proximidades do Mar Mediterrâneo, os gregos fundaram colônias como Neapolis (hoje chamada Nápoles) e Heracléia, no sul da Península Itálica, e Agrigento, Siracusa e Panormos (hoje Palermo), na Sicília. Eles chamavam essa região de Magna Grécia. Lá encontraram os cartagineses (descendentes dos fenícios) e os demais povos itálicos. Tais povos impediram o avanço dos gregos para outras áreas.
Os romanos, portanto, tiveram contato próximo com as colônias gregas. Por essa razão, adotaram vários elementos da religião, da arte e da cultura gregas. Por exemplo, o consumo de produtos derivados de uvas e de azeitonas, como vinho e azeite produzidos pelos gregos, era comum entre os povos do Mediterrâneo, incluindo os romanos.
Península Itálica: povos – cêrca de século oitoantes de Cristo
FONTE: HADA, M. Roma imperial. Rio de Janeiro: Time-Life Livros: José Olympio, 1969. página 37.
Se liga no espaço!
Responda no caderno.
A região habitada pelos povos latinos era vizinha de territórios onde viviam vários outros povos. Que povos eram esses? Com base no mapa, explique por que a localização dos latinos facilitava o contato com esses diferentes povos.
Respostas e comentários
Resposta do “Se liga no espaço!”: Os estudantes podem mencionar os cartagineses, os gregos (ao sul) e os etruscos (ao norte). Os contatos dos latinos com outros povos eram facilitados pelo fato de eles ocuparem o centro da península.
Bê êne cê cê
Ao tratar dos contatos entre povos diferentes na Península Itálica, o conteúdo, incluindo o mapa, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro.
Objetivos do capítulo
• Identificar o local de formação da civilização romana na Península Itálica, bem como os demais povos e as culturas presentes na região.
• Apresentar narrativas associadas à fundação de Roma, diferenciando os mitos dos conhecimentos adquiridos pela análise arqueológica dos vestígios materiais.
• Descrever o funcionamento da Monarquia Romana em seus aspectos políticos e sociais.
• Explicar a fundação e o funcionamento da República Romana, identificando as funções de instituições como o Senado, as magistraturas e as assembleias.
• Analisar as diferenças sociais e de direitos na sociedade romana, e os conflitos envolvendo patrícios e plebeus que resultaram em reformas legislativas.
• Descrever o processo de expansão territorial romano e suas consequências para a república.
• Apresentar a crise da República Romana por meio da análise das tensões sociais e da ascensão de generais ao poder político.
Justificativa
Os objetivos se relacionam aos procedimentos de identificação e localização espaço-temporal dos eventos da história romana, à caracterização de narrativas sobre o passado e aos processo de descrição, explicação e análise de eventos e processos históricos relevantes para a compreensão da história romana. Nesse sentido, eles permitem o desenvolvimento de competências das ciências humanas e da história em particular e se relacionam diretamente às habilidades prescritas para esse período histórico.
Os povos etruscos
Os povos etruscos foram fundamentais na formação de Roma. Como você estudará a seguir, eles exerceram influência, por exemplo, na arte, na arquitetura, nas estratégias de guerra, na fórma de escrever e na organização social dos romanos.
Os etruscos viviam em cidades-Estado. Por volta do século oito antes de Cristo, eles formavam uma das principais potências da região. Apesar de não terem constituído uma civilização unificada, os povos que habitavam a Etrúria compartilhavam a língua, a escrita, os deuses e os costumes. Eles estabeleceram amplas redes comerciais, negociando com os gregos e os fenícios.
Imagens em contexto!
Existem túmulos bem preservados que apresentam valiosas informações sobre os etruscos. Na maior parte dos sarcófagos, estão representados homens e mulheres da aristocracia. Tal fato é revelado pelos enfeites de ouro e pelas roupas luxuosas encontrados nesses locais. Nas esculturas que recobrem os túmulos, muitas mulheres foram retratadas segurando pequenos espelhos com inscrições no verso. Isso indica que, possivelmente, algumas delas sabiam ler e escrever.
A fundação da cidade de Roma
Assim como outros povos da Antiguidade, os romanos criaram histórias para explicar sua origem. O mais conhecido mito de fundação de Roma é a lenda dos irmãos gêmeos Rômulo e Remo, contada pelo poeta latino Virgílio em uma obra do século um antes de Cristo, chamada Eneida.
A Eneida conta a história do troiano Eneias, herói que fugiu de Troia em direção ao Lácio depois de ser derrotado pelos gregos. Segundo a tradição, o filho de Eneias fundou o reino de Alba Longa, inaugurando uma dinastia de reis. Uma das descendentes dessa dinastia era Rea Sílvia, que engravidou de Marte, o deus romano da guerra, e deu à luz os gêmeos Rômulo e Remo. Depois de um desentendimento, Remo teria sido morto pelo irmão, Rômulo, que teria fundado Roma em 753 antes de Cristo
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar dos mitos de fundação e contrapor essas narrativas às explicações históricas baseadas nas fontes arqueológicas, contribui-se para o desenvolvimento da Competência Específica de História nº 6.
Atividade complementar
Para que a turma compreenda melhor o que são e como se produzem as identidades culturais, organize um debate em sala de aula. Comece perguntando aos estudantes se eles se identificam como brasileiros e por quê. Anote na lousa algumas respostas. Em seguida, peça a eles que relacionem a nacionalidade brasileira com algumas características, como alegria, dedicação, disciplina, coragem ou preguiça. Terminado esse exercício, pergunte aos estudantes se eles acreditam apresentar as características escritas na lousa. Sensibilize-os para o fato de que não é necessário ter essas características para adotar a identidade brasileira. Explique que as identidades não são categorias fechadas e determinantes, mas fluidas e (re)construídas ao longo da vida.
A atividade pode ser feita com base na identificação dos estudantes com elementos de diversas outras categorias, como estilos musicais, times de futebol, crenças religiosas ou preferências literárias ou artísticas. Esse debate incentiva o autoconhecimento e o conhecimento dos outros, contribuindo para o exercício da tolerância e do diálogo.
Curadoria
História de Roma (Livro)
Piérre Grimál. São Paulo: Editora Unésp, 2011.
Com linguagem acessível e atraente, o livro escrito pelo historiador e latinista francês Piérre Grimál aborda os momentos decisivos da origem, da expansão e da queda de Roma.
Do mito à história
Apesar de intrigante, a narrativa mitológica da fundação da cidade de Roma não é confirmada pelas informações reveladas pelos vestígios arqueológicos.
Os romanos criaram o mito séculos depois da fundação da cidade, quando já haviam se tornado uma potência. Assim, provavelmente eles queriam associar sua cidade a uma família de reis com sangue divino e guerreiro. Afinal, os gêmeos eram filhos do deus da guerra com uma princesa!
Imagens em contexto!
Segundo o mito romano, Numitor, rei de Alba Longa, teria sido deposto pelo irmão Amúlio. Para garantir o poder, ele teria ordenado a execução de Rômulo e Remo, netos do rei e herdeiros do trono. Abandonados às margens do Rio Tibre, os gêmeos teriam sido amamentados por uma loba e resgatados por um pastor. Depois de adultos, os gêmeos teriam derrubado Amúlio e recolocado o avô no trono. Como prêmio teriam recebido a permissão de fundar uma cidade às margens do Rio Tibre: Roma.
A narrativa lendária funcionou como fórma de engrandecer a cidade, que, como muitas outras da época, resultou de assentamentosglossário . Formados em uma área pantanosa nas proximidades do Rio Tibre, por volta de 1000 antes de Cristo, eles foram iniciados, provavelmente, por comunidades de pastores e agricultores que viviam nas colinas da região, em cabanas de madeira e de ramos entrelaçados.
Por volta de 700 antes de Cristo, Roma passou por mudanças sociais e econômicas. O contato dos latinos com os etruscos e suas caravanas comerciais aumentou. Por influência dos etruscos, os latinos drenaram os pântanos. Assim, puderam construir casas de tijolos e telhas, fóra das colinas.
A divisão da sociedade romana entre nobres e seus dependentes também foi incorporada dos etruscos. No século sete antes de Cristo, Roma já havia se tornado um centro comercial que atraía populações de outras regiões.
Roma: sete colinas
FONTE: dubí, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Debate, 1987. página 25.
O núcleo inicial de Roma compreendia sete colinas cercadas por uma muralha.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
As revelações que os achados arqueológicos apresentam sobre os contatos entre os primeiros habitantes de Roma e de outros lugares contribuem para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih zero dois e ê éfe zero seis agá ih um cinco.
Ampliando
Leia a seguir uma consideração sobre o motivo de se estudar a civilização romana da Antiguidade.
“Os bairros residenciais desenterrados em Óstia, as soluções de engenharia, os complexos sistemas de abastecimento de água encontrados desde a Bretanha até a Síria. reticências Os princípios construtivos, os estilos arquitetônicos e as escolhas decorativas próprias do mundo romano se refletem em grande medida nas linguagens artísticas mais conhecidas, da renascentista à pós-moderna. Mesmo as tensões sociais, a constante luta pelo poder político, reticências são bem conhecidos por nós. Assim, tanto para o bem quanto para o mal, a duradoura sombra de Roma se lança sobre muitos aspectos de nossa vida cotidiana. Ainda assim, frequentemente não temos consciência dessa herança. Por outro lado, seria impensável que, a cada vez que abrirmos uma torneira para saciar nossa sêde, lembrássemos de que estamos utilizando um mecanismo concebido há mais de dois mil anos. Da mesma fórma, não nos lembramos todos os dias que as origens do nosso sistema jurídico que protege nossos direitos remontam aos jurisconsultos romanos.”
LIBERATI, A. M.; burbôm, F. A Roma Antiga. Barcelona: Folio, 2005. página 14. (Coleção Grandes Civilizações do Passado).
• É importante que os estudantes reconheçam os achados arqueológicos como fontes históricas. Por meio dos estudos da cultura material é possível identificar, por exemplo, hábitos alimentares, crenças religiosas e desenvolvimento tecnológico de distintos povos. Se necessário, retome com os estudantes a noção de fonte histórica apresentada no início do volume, reforçando a ideia de que as hipóteses elaboradas sobre o passado de uma sociedade estão sustentadas nesse regime de evidências.
O funcionamento da Monarquia Romana
A história romana foi dividida em três grandes períodos, de acordo com o tipo de governo: o período monárquico (entre 753 antes de Cristo e 509 antes de Cristo), o republicano (entre 509 antes de Cristo e 27 antes de Cristo) e o imperial (entre 27 antes de Cristo e 476 Depois de Cristo).
História política de Roma: cronologia
FONTE: GRIMAL, P. História de Roma. São Paulo: Editora Unésp, 2011.
No início do período monárquico, a cidade de Roma estava restrita ao núcleo das colinas, cercadas por uma muralha. Entre os montes Palatino e Capitolino, encontrava-se o Fórum, local que reunia os principais templos religiosos. No Fórum, os romanos realizavam negócios, compravam e vendiam produtos e discutiam e aprovavam leis.
De acordo com a tradição, durante esse período Roma foi governada por sete reis. A maior parte deles tinha origem estrangeira: alguns eram sabinos e outros eram etruscos. Além disso, a monarquia não era hereditária, ou seja, quando um rei morria, o cargo não era ocupado por um descendente dele. O novo governante era escolhido pelos integrantes do Senado e da Assembleia.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Resuma as duas explicações para a fundação de Roma: a lendária e a baseada em evidências históricas e arqueológicas.
- Qual era a importância do mito da fundação da cidade para os romanos?
- Quais foram as influências dos etruscos nas transformações sociais e econômicas ocorridas em Roma?
- Qual era a importância do Fórum romano?
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar do processo de formação e de constituição política da Monarquia Romana, o conteúdo desta dupla de páginas contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um um. Ao chamar a atenção para os mecanismos de delimitação do tempo histórico, o conteúdo do capítulo contribui para o desenvolvimento das Competências Específicas de História nº 2 e nº 6.
Agora é com você!
1. A explicação lendária é a contida no mito de Rômulo e Remo contada pelo poeta Virgílio na obra Eneida. De acordo com esse mito, Rômulo e Remo eram irmãos gêmeos e filhos de Marte, o deus romano da guerra, com a princesa réa Sílvia, e descendentes do herói troiano Eneias. Segundo essa explicação, Rômulo fundou Roma em 753 antes de Cristo Já a arqueologia revela que Roma, no período de sua formação, era habitada por agricultores e pastores e dependente de (se não subjugada por) povos vizinhos, como os etruscos.
2. A narrativa lendária da fundação de Roma funcionou como fórma de engrandecer a origem da cidade, ajudando a legitimar seu poder conforme se expandia para outras regiões. Simbolicamente, o mito reforçava as ideias religiosas, criava um passado grandioso para a cidade e fazia apologia a valores bélicos.
3. Em razão da influência dos etruscos, os latinos realizaram obras de drenagem nos pântanos e adotaram novas técnicas de construção, causando diversas mudanças no espaço urbano. Além disso, incorporaram características da sociedade etrusca, como a divisão entre os nobres e seus dependentes.
4. O Fórum abrigava os principais templos religiosos. Além disso, nesse local os romanos realizavam o comércio, fechavam negócios e discutiam e aprovavam as leis.
Orientação para as atividades
Para realizar as atividades do boxe “Agora é com você!”, os estudantes precisam resumir, explicar e relacionar acontecimentos. Para isso, devem desenvolver uma sequência de procedimentos, como o de identificar, o de sistematizar e o de criar textos autorais. Oriente-os a realizar as atividades e, se necessário, ajude-os na elaboração das respostas finais. Esse exercício colabora para o letramento histórico e em geral.
Comente com os estudantes a importância de determinados marcadores linguísticos para a elaboração das respostas, como “de acordo com”, “segundo a lenda” e “já a explicação arqueológica”. Instrua-os a repetir partes do comando das atividades 2 e 3 para facilitar o encaminhamento das respostas: “O mito de fundação era importante porque engrandecia a cidade” ou “As influências dos etruscos contribuíram para as seguintes transformações reticências.”.
Instituições da monarquia: Senado e Assembleia
O Senado era um conselho de anciãos escolhidos pelo monarca para auxiliá-lo no governo da cidade. Não havia idade mínima para ocupar o cargo, mas esperava-se que um senador tivesse experiência em funções públicas.
A Assembleia Curial (ou Comício das Cúriasglossário ) desempenhava atribuições religiosas, jurídicas e políticas. Seus membros podiam aprovar ou rejeitar propostas de lei e julgar questões familiares.
No decorrer do período monárquico, essas instituições, assim como outros setores da sociedade de Roma, passaram por muitas transformações. A sociedade romana era dividida em grupos que estão indicados na ilustração a seguir.
Grupos sociais em Roma
Ócioglossário
FONTES: BRANDÃO, J. L.; OLIVEIRA, F. de (coordenação). História de Roma antiga: das origens à morte de César. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015. volume um, página 46-47, 69-84; fórman, J. Os romanos. São Paulo: Melhoramentos, 1990. página 20-23.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar das instituições políticas e dos grupos sociais dos períodos monárquico e republicano da história de Roma, o conteúdo contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um um e ê éfe zero seis agá ih um dois.
• Para fins didáticos, é possível comparar os patrícios aos eupátridas, membros da elite ateniense. Ambos consideravam o trabalho braçal inferior, próprio de escravizados ou de pessoas de baixa condição social. Por isso, servindo-se da escravidão, eles dispunham do ócio, o tempo disponível para se dedicar à política, aos estudos e à cidade.
• Ao longo da história de Roma, muitos plebeus enriqueceram com o comércio, conseguindo certa ascensão social. No período monárquico, contudo, havia na sociedade romana pouca mobilidade, sendo até proibidos os casamentos entre patrícios e plebeus. Acredita-se que a plebe tenha se originado das populações vizinhas a Roma, que começaram a migrar para a cidade conforme ela crescia.
• O clientelismo perdurou por toda a história de Roma. É importante lembrar que essa relação era voluntária.
• A divisão em períodos (monárquico, republicano e imperial) corresponde às transformações de ordem política na organização do Estado. A notação usada para marcar o tempo segundo o calendário moderno é posterior, estando vinculada à delimitação arbitrária do nascimento de Cristo na cronologia cristã. É importante relembrar o fato de que os romanos não contavam o tempo considerando essa divisão (antes de Cristo/Depois de Cristo), mas os estudantes podem se confundir com a contagem regressiva para a periodização da história da Antiguidade. Lembre-os de que as cronologias e os calendários são convenções sociais.
Dica
LIVRO
Nos passos dos... fundadores de Roma, de Philippe Castejon. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
Nesse livro, é contada a história de Eneias em sua jornada até o Lácio, onde fundará o reino de Alba Longa. Você poderá conhecer as histórias do período monárquico romano e outras lendas, como a de Tarquínio, o Soberbo. O livro também trata do crescimento da cidade e da importância do comércio no Mar Mediterrâneo.
A República Romana
No comêço do século seis antes de Cristo, ocorreu uma mudança na fórma de governo de Roma. Os patrícios estavam descontentes com o rei, chamado Tarquínio, o Soberbo. Por isso, em 509 antes de Cristo, organizaram um golpe com apoio dos plebeus para retirá-lo do poder, dando início ao período republicano em Roma.
A palavra república significa “coisa pública”, ou seja, aquilo que pertence a todos, e não apenas a um grupo ou indivíduo. Portanto, ao criar a república, os romanos tiraram do rei o poder de governar, passando-o para os cidadãos.
Mas quem eram os cidadãos? A princípio, a cidadania podia ser exercida por todos os homens livres nascidos em Roma, mas havia diferenças entre eles: os patrícios tinham todos os direitos políticos assegurados, podendo votar e ser votados para todos os cargos. Já os plebeus só podiam votar se comprovassem que tinham renda e posses. Além disso, eles não podiam concorrer a quase nenhum cargo. Ambos os grupos participavam do exército, mas os soldados tinham de obter armas por conta própria.
O Senado
Para exercer o governo e organizar a república, os patrícios contavam com três instituições principais: o Senado, as magistraturas e as assembleias.
No período republicano, o Senado se tornou a principal e mais poderosa instituição de Roma. Composto de centenas de membros com mandato vitalício, o Senado tinha a função de nomear os magistrados e os embaixadores, preparar as leis, controlar as finanças e os impostos, além de decidir sobre questões da política interna e externa da cidade.
Respostas e comentários
Ampliando
O trecho a seguir, escrito pelo historiador brasileiro Pedro Paulo Funari, pode contribuir para explicar a organização e o funcionamento da República Romana.
“O regime republicano acabou com a realeza e instituiu, em seu lugar, magistraturas que eram cargos anuais com mais de um ocupante, para que o poder não ficasse concentrado nas mãos de uma só pessoa; os dois magistrados principais e mais poderosos eram chamados cônsules. O Senado, ou conselho de idosos, que já existia anteriormente, adquiriu maior importância com a República, pois era o Senado que escolhia os cônsules. Além dos poderosos cônsules, que detinham o poder militar e civil, havia outros magistrados, como os questores (tesoureiros), os edis (encarregados de cuidar dos edifícios, esgotos, ruas, tráfego e abastecimento), os pretores (encarregados da justiça), os censores (revisores da lista de senadores e controladores de contratos) e o pontífice máximo (que era o chefe dos sacerdotes). reticências
Como entre os gregos, as mulheres romanas não podiam tomar parte dos cargos no governo. Os homens cidadãos da República romana se reuniam em assembleias e escolhiam os tribunos da plebe, magistrados que tinham direito a veto sobre as decisões do Senado e dos outros magistrados. reticências Embora o poder estivesse, em termos formais, dividido entre Senado e Povo, a influência dos senadores predominava, pois as assembleias populares mais importantes eram aquelas que reuniam os homens em armas e nas quais os poderosos tinham muito mais votos do que os simples camponeses.”
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002. página 84-85. (Coleção Pensando a história).
• Além de contribuir para a construção do conceito de república, tanto na Antiguidade quanto nos tempos atuais, busca-se apresentar as principais instâncias do sistema republicano romano: Senado, magistraturas e assembleias. A ideia de cidadania limitada é enfatizada, assim como os embates sociais e políticos decorrentes das diferenças entre patrícios e plebeus.
• Na República Romana, a escolha de membros do Senado por censores foi aprovada pela Lei Ovínia (cêrca de339 antes de Cristo-318 antes de Cristo). O número de senadores variou de trezentos a seiscentos, conforme o período. O ápice ocorreu na época de Júlio César.
Magistraturas e assembleias em Roma
As magistraturas desempenhavam as funções administrativas do Estado romano. Na república, os magistrados eram eleitos pelos cidadãos para mandatos de um ano. Eles realizavam tarefas equivalentes às dos funcionários do poder público atuais. A República Romana também contava com assembleias cujas atribuições eram estabelecidas de acordo com a categoria:
- Assembleia Curial – tratava de assuntos religiosos;
- Assembleia Tribal – elegia questores e edis;
- Assembleia Centurial (ou Centuriata) – reunia os cidadãos em centúriasglossário de acordo com a riqueza, elegia os principais magistrados e votava projetos de lei, declarações de guerra e tratados de paz.
A “coisa pública” referia-se em especial aos patrícios, pois o acesso a vários cargos era proibido aos plebeus. Estes também eram praticamente excluídos das principais assembleias e, quando conquistavam o direito de participar delas, por vezes nem chegavam a votar. Além disso, os cargos nas magistraturas não eram remunerados. Assim, podiam ser assumidos somente por aqueles que dispunham de certa riqueza.
Magistraturas romanas
FONTE: FERREIRA, O. L. Visita à Roma antiga. São Paulo: Moderna, 2003. página 11-13.
Respostas e comentários
• O conceito de Estado empregado no texto desta página é diferente do de governo: o Estado corresponde, grosso modo, ao conjunto de instituições e práticas do poder que congregam as funções de direção, legislação e justiça. É, portanto, mais duradouro e estável que o governo, que corresponde ao grupo político que dirige as instituições de Estado. Para os estudantes do 6º ano, essa distinção é muito complexa. O estabelecimento de diferenças conceituais como essa demanda a construção paulatina dos conceitos históricos.
• Reforce a existência do critério censitário, que pautava a assembleia por centúrias, a qual tinha forte conotação militar: os cidadãos eram convocados ao som de cornetas e compareciam ao Campo de Marte portando armas. A assembleia dividia-se em cinco classes censitárias. A decisão da maioria dos indivíduos era considerada o voto da centúria. A decisão da assembleia, por sua vez, era obtida pela maioria dos votos das centúrias. As centúrias patrícias votavam primeiro, seguidas pelas dos plebeus enriquecidos. Assim, normalmente, a maioria já era atingida com o voto desses grupos, que tendiam a ter interesses semelhantes. Desse modo, os plebeus mais pobres muitas vezes nem chegavam a votar.
• O recorte censitário não existe formalmente nas democracias modernas. É interessante, contudo, questionar as relações atuais entre poder econômico e poder político, tomando o caso romano como referência histórica. É possível, por exemplo, apresentar questões simples sobre o funcionamento do sistema de escolha pelo voto individual, adotado no Brasil.
Vamos pensar juntos?
Como você estudou no capítulo 7 e neste, os conceitos de república (“coisa pública”) e democracia (“governo do povo”) tiveram origem, respectivamente, em Roma e em Atenas, na Antiguidade. Eles parecem inseparáveis e, às vezes, são usados como sinônimos, mas são diferentes. Por isso, não se podem comparar os sistemas de governo romano e ateniense, mas há semelhanças na maneira como funcionavam e no modo como se formaram.
Tanto no sistema republicano romano quanto na democracia ateniense, a escravidão esteve presente. Sem ela, o ócio seria impensável para aqueles que tinham direito à cidadania. A instauração dos dois regimes de governo foi o resultado de lutas históricas por direitos: democracia e república não nasceram prontas; foram modificadas e aperfeiçoadas ao longo do tempo. O conceito de cidadania envolvia, entre outros aspectos, o direito de participar da vida política; por isso, esteve no centro dessas transformações.
No entanto, romanos e atenienses tinham diferentes ideias sobre o que é ser cidadão. Os romanos nunca se consideraram plenamente iguais entre si, pois havia diferentes graus de cidadania e de direitos. Patrícios e plebeus eram cidadãos, mas seus direitos e deveres eram diferentes. A República Romana era aristocrática, chefiada por uma elite que criava leis que a favoreciam.
Na democracia ateniense não havia diferença de direitos e deveres entre os cidadãos. Todos tinham os mesmos direitos, apesar de serem a minoria da população. Como você estudou, mulheres, escravizados e estrangeiros, por exemplo, não eram considerados cidadãos e não participavam da vida política em Atenas.
O acesso do povo à “coisa pública” variava conforme o modo como se concebia a cidadania, mas tanto em Roma como em Atenas apenas uma pequena parcela da população fazia parte do “povo”.
Responda no caderno.
- Qual era a principal diferença entre o conceito de cidadania em Roma no período republicano e o de Atenas?
- Em que o regime republicano do Brasil atual é diferente do romano?
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Nessa seção, trata-se da democracia grega e das fórmas limitadas de participação política na República Romana, além de relacionar esses conceitos ao atual contexto brasileiro. Dessa fórma, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da Competência Específica de Ciências Humanas nº 5, da Competência Específica de História nº 1 e da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois. Ao tratar da exclusão das mulheres da cidadania, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um nove.
Vamos pensar juntos?
Nessa seção, analisam-se os conceitos de república, democracia e cidadania com base nos casos romano e ateniense, apresentando as diferenças e semelhanças entre eles.
As atividades propostas acionam os conhecimentos prévios dos estudantes a respeito do que aprenderam sobre a Grécia e o que conhecem sobre a república e a democracia brasileiras. Uma boa estratégia de leitura é fazer um quadro comparativo com as informações sobre a cidadania, a condição de igualdade, o lugar da escravidão, anotando as informações em colunas para a Grécia e a Roma antigas e para o Brasil atual.
Atividades
1. Os romanos mantiveram diferenciações entre os cidadãos, ao passo que o preceito básico da democracia ateniense foi acabar com as distinções entre os cidadãos.
2. No Brasil, o critério de cidadania não se baseia na diferenciação de sexo, raça, condição social etcétera, como no sistema romano. Além disso, diferentemente do que ocorria na República Romana, as mulheres têm direitos políticos.
Insatisfação plebeia: revoltas e conquistas
Na república, a vida da plebe romana continuava precária. Plebeus endividados podiam ser escravizados e muitos dos que participavam das guerras, ao retornar para casa, encontravam suas propriedades tomadas por patrícios, destruídas ou empobrecidas.
Diante disso, eles se revoltaram contra os patrícios e seus privilégios, exigindo mais direitos e participação política. Eles questionavam o caráter excludenteglossário da cidadania romana, que negava direitos à maioria da população. Como os patrícios estavam pouco dispostos a ceder, somente após muitos anos de lutas e pressões a situação foi alterada com reformas nas leis romanas.
A primeira grande revolta ocorreu em 494 antes de Cristo, quando os plebeus abandonaram a cidade de Roma, recusando-se a retornar. Pressionados, os patrícios foram obrigados a fazer concessões. A primeira delas foi a criação do cargo de tribuno da plebe, que tinha o poder de vetar as decisões do Senado. Dez plebeus assumiam esse cargo. Eles eram eleitos em assembleias plebeiasglossário . Os tribunos da plebe tinham de convocar plebiscitosglossário antes de criar uma lei ou um decreto.
Atendendo aos protestos de plebeus, em 445 antes de Cristo, foi decretada a Lei Canuleia. Com base nessa lei, foi permitido o casamento entre patrícios e plebeus. Foi decretada também a Lei das Doze Tábuas, em 450 antes de Cristo Ela garantiu que as leis romanas, até então orais, fossem escritas e tornadas públicas. Dessa maneira, elas puderam ser lidas e interpretadas por toda a população, e não apenas pelos patrícios.
Em 367 antes de Cristo, foi abolida a escravidão por dívidas, uma das principais queixas plebeias. No mesmo ano, foi criada a Lei Licínia Sêxtia. De acordo com ela, um dos cônsules devia ser plebeu, garantindo à plebe acesso ao mais alto cargo da magistratura republicana.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
O conteúdo sobre a vida política romana, especialmente as contradições e as dinâmicas de exclusão e inclusão que definem a cidadania romana, contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um dois.
Interdisciplinaridade
Ao longo de todo o capítulo são reproduzidas imagens históricas em diferentes suportes – esculturas, baixos-relevos, pinturas etcétera Na perspectiva do desenvolvimento da atitude historiadora, dessas imagens podem emergir questionamentos e hipóteses. Ao refletir sobre as diferentes linguagens artísticas, contribui-se para o desenvolvimento das habilidades do componente curricular arte ê éfe seis nove á érre zero um – “Pesquisar, apreciar e analisar fórmas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético” – e ê éfe seis nove á érre zero dois – “Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço”.
Ampliando
No texto a seguir, Pedro Paulo Funari aborda as diferenças sociais entre patrícios e plebeus em Roma.
“As vitórias plebeias mais significativas ocorreram quando reticências vários plebeus começaram a prosperar exercendo atividades comerciais minando a hegemonia aristocrática. Uma nova distinção social estabeleceu-se lentamente, fundada principalmente na riqueza. Havia, de um lado, os romanos mais ricos, patrícios e plebeus enriquecidos, e, de outro, a grande massa da plebe. [Se] formou uma nobreza monetária que englobava patrícios – nobres de sangue – e os plebeus enriquecidos, naquilo que se pode chamar de uma nobreza patrício-plebeia.”
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2009. página 83. (Coleção Pensando a história).
Analisando o passado
As mulheres romanas não podiam participar formalmente da política, mas tinham direitos, que variavam de acordo com a posição social, a idade e a origem familiar.
De modo geral, as mulheres romanas eram subordinadas a um homem – o pai ou marido. Conforme as leis romanas, incluindo a Lei das Doze Tábuas, o páter famílias, ou seja, o patriarca, detinha direitos e autoridade sobre as mulheres da família, seus clientes e os escravizados. Elas raramente recebiam instrução, pois eram proibidas de exercer cargos públicos e de participar da política.
Pensando nesse assunto, analise as duas pinturas encontradas na cidade romana de Pompeia, produzidas no século um Depois de Cristo, e depois faça as atividades.
Responda no caderno.
- As mulheres representadas nas imagens seguram dois objetos: uma tábula ceráta(prancha de madeira coberta por cera de abelha) e um stílus (espécie de estilete). Em sua opinião, para que esses objetos eram utilizados?
- O que o uso desses objetos pode indicar sobre essas mulheres?
- O que a escolha desses objetos (tábula ceráta e stílus) para serem respresentados nessas obras de arte evidencia sobre o que era ou não valorizado na sociedade romana do período?
Respostas e comentários
Analisando o passado
Um dos objetivos da seção é proporcionar aos estudantes um momento de análise documental, neste caso, de imagens, visando a sensibilização para análise de discurso, uma vez que, ao perceber certas escolhas de representações nesses documentos, os estudantem podem pensar sobre os valores presentes na sociedade romana no período de produção dessas imagens. Além disso, para contribuir para o desenvolvimento de procedimentos de leitura inferencial, com foco em análise de imagens, fundamentais no estudo de história, é sugerido um trabalho de complexidade gradativa aos estudantes, de fórma que a atividade lhes permita relacionar conhecimentos e experiências para interpretar as imagens e compreender seu contexto mais amplo de produção. Afinal, assim como um texto, uma imagem pode ser comparada a uma espécie de iceberg: aquilo que fica à tona representa apenas uma parte do que está submerso. Para iniciar a análise do que pode estar implícito nos retratos, sugerimos explorar, primeiramente, os elementos imagéticos e, com base neles, incentivar os estudantes a formular hipóteses próprias, que podem se aproximar ou se distanciar da apresentada no texto da seção.
Atividades
1. Para iniciar a análise, explore os retratos com os estudantes. Qual seria a função de um retrato na sociedade romana? Como as mulheres retratadas estão vestidas? Quais objetos compõem a cena? Peça que observem que a tábula ceráta, o stílus, segurados pelas mulheres, e o pergaminho nas mãos de Terêncio são os únicos objetos nos retratos, eles eram utilizados pelos romanos para escrever.
2. Questione-os: por que esses objetos teriam sido escolhidos para a composição dessa imagem? Por que eles têm tanto destaque? Entre outras possibilidades de resposta, eles podem considerar que, muito provavelmente, essas mulheres sabiam ler e escrever. Podem considerar, também, que elas foram representadas com tais objetos como sinal de distinção, para que, em seus retratos, parecessem letradas e cultas, não necessariamente o sendo.
3. A ideia é que os estudantes realizem a análise documental para que possam inferir sobre as imagens e, partindo de sua análise primária, cheguem a elaborações mais complexas, voltadas para a análise de discurso. É importante que percebam, por exemplo, que o domínio da escrita e da leitura denotado pela posse dos objetos pode ser um sinal de educação formal ou, ao menos, da valorização dela como símbolo de státus social na Roma antiga.
A expansão da República Romana e as Guerras Púnicas
No início da república, a área controlada por Roma se restringia aos arredores da cidade. Durante a expansão territorial, os romanos construíram um dos maiores impérios da Antiguidade. Esse processo de expansão, porém, foi lento e marcado por várias dificuldades. Como você pode notar no mapa, ele teve início com a conquista de territórios da Península Itálica.
Ao avançar em direção ao sul, os romanos se depararam com a cidade de Cartago, uma das maiores potências do Mar Mediterrâneo. Entre 264 antes de Cristo e 146 antes de Cristo, romanos e cartagineses se enfrentaram pelo domínio das rotas comerciais marítimas do Mediterrâneo. Os dois povos travaram três guerras, que ficaram conhecidas como Guerras Púnicas. Esse termo é derivado de púni, nome pelo qual os romanos chamavam os cartagineses, que tinham origem fenícia.
Roma venceu todos os confrontos, arrasou a cidade de Cartago, escravizou sua população e seus territórios tornaram-se províncias romanasglossário . O domínio romano sobre o Mediterrâneo cresceu tanto que eles passaram a se referir ao mar como máre nóstrum (“Nosso Mar”).
Expansão romana – até o século um antes de Cristo
FONTE: dubí, G. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 1987. página 25.
Se liga no espaço!
Responda no caderno.
Com base no mapa, analise a importância do Mar Mediterrâneo para os romanos.
Respostas e comentários
Resposta do “Se liga no espaço!”: O Mediterrâneo funcionava como via de circulação de produtos pelas rotas comerciais. Através delas eram enviados a Roma diversos produtos de cidades da Europa, da África e da Ásia – regiões banhadas pelo mar.
Bê êne cê cê
Ao tratar das interações, incluindo os conflitos e as relações culturais e de dominação, dos romanos com outros povos, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro e da Competência Específica de História nº 5.
Interdisciplinaridade
As sociedades estabelecidas nas proximidades do Mediterrâneo constituíram fórmas diversas de relacionamento com o mar. Pode-se dizer que, para os fenícios, os gregos e os romanos, o mar interno entre Europa, África e Ásia era um recurso valioso. Ao tratar da importância do mar para os romanos, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis gê ê um um do componente curricular geografia –“Analisar distintas interações das sociedades com a natureza, com base na distribuição dos componentes físico-naturais, incluindo as transformações da biodiversidade local e do mundo”.
• A última guerra entre romanos e cartagineses, no século dois antes de Cristo, foi capitaneada pelo senador romano Catão, que terminava todos os seus discursos no Senado dizendo: “cartágo delênda êst” (“Cartago deve ser destruída”). O verbo latino delére, que significa “destruir”, deu origem à palavra portuguesa delir e ao verbo inglês tô delít, que significa “apagar, destruir, eliminar”. Embora delír, na língua portuguesa, seja sinônimo de “apagar”, foi do inglês que derivou o termo deletar, utilizado cotidianamente na sociedade atual.
• Entre as razões para o expansionismo romano, estavam a necessidade de amenizar as pressões sociais relativas à distribuição de terras, aumentar a produção agrícola e obter mais soldados para o exército. O contrôle de rotas comerciais e os tributos arrecadados nas áreas dominadas favoreciam a economia romana. Além disso, com a abolição da escravidão por dívidas, as camadas mais ricas da população romana depararam-se com a falta de mão de obra para todo tipo de serviço. De certa fórma, as guerras de conquista amenizaram esse problema, pois os povos derrotados podiam ser escravizados.
Viver em Roma
Após a conquista do Mediterrâneo, Roma deixou de ser uma pequena aldeia de pastores e de agricultores para se tornar a principal potência econômica e militar da região. Durante esse processo, o exército se profissionalizou e muitas riquezas chegaram a Roma. Grande parte delas, entretanto, foi incorporada pelos mais ricos, aumentando a desigualdade social.
Outra consequência do processo de expansão foi o aumento significativo de escravizados. Capturados dos povos conquistados, eles realizavam as mais diversas atividades. Nas cidades, atuavam em tarefas domésticas, em oficinas de artesanato e nos jogos de gladiadoresglossário . Nas grandes propriedades, produziam, principalmente, vinho e azeite, que eram consumidos em Roma ou exportados para outras regiões.
Cotidiano da plebe urbana em Roma
FONTE: ROSS, S. Roma antiga. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007. página 20-21; 24-25.
Respostas e comentários
• Explore com os estudantes o fato de Roma contar com uma ampla rede de esgotos, cuja construção inicial data do período monárquico (sendo incrementada ao longo dos séculos). Sua base perdurou até a construção do sistema atual de esgoto da cidade, no século vinte. O esgoto (cloáca máxima) tinha diversas funções: drenava o terreno pantanoso – que podia alagar o Fórum e áreas adjacentes –, além de tirar os dejetos da cidade por efeito da gravidade. Apresentava ainda uma função sagrada: para os romanos, ele drenava as “impurezas” da cidade. As entradas para o sistema de esgoto continham pequenos altares para os deuses, como Oceano, que, de acordo com a mitologia romana, absorvia tudo o que fosse ruim na cidade. Por essa razão, os romanos jogavam no Rio Tibre e nos esgotos objetos e até mesmo pessoas indesejadas, consideradas de mau agouro ou sacrílegas.
Curadoria
Roma: vida pública e vida privada (Livro)
Pedro Paulo Funari. São Paulo: Atual, 1994.
Esse livro, escrito pelo historiador e arqueólogo brasileiro Pedro Paulo Funari, faz parte de uma coleção chamada História geral em documentos, que aborda temas importantes da história com base em vários tipos de documento de época. Funari trata de assuntos como a cidade, a casa, a escola, as diversões e a religião no mundo romano. Além disso, realiza análises aprofundadas dos relevos, inscrições e pinturas que reconstituem os aspectos do cotidiano de Roma.
A república em crise
Diante da crescente desigualdade social proporcionada pela expansão, os plebeus se revoltaram novamente. Eles foram, então, defendidos pelos irmãos Tibério e Caio Graco, que atuaram como tribunos da plebe.
Em 133 antes de Cristo, Tibério propôs ao Senado uma reforma agráriaglossário para regulamentar a distribuição das terras públicas romanas, que eram denominadas aguêr públicus. Por causa dessas medidas e por tentar a reeleição como tribuno da plebe, Tibério foi assassinado em 132 antes de Cristo
Dez anos depois, Caio foi eleito tribuno da plebe. Em 123 antes de Cristo, ele propôs a Lei Frumentária, que reduzia o preço do trigo para os mais pobres, retomou a ideia da reforma agrária, além de sugerir a extensão da cidadania romana aos aliados romanos da Península Itálica. Diante da resistência da elite às medidas em favor dos plebeus e temendo o mesmo fim do irmão, em 121 antes de Cristo, Caio ordenou a um escravo que o matasse.
Conflitos, revoltas e conspirações
Com o fracasso das reformas, Roma passou por uma profunda crise social que alteraria o futuro da república. Agitações e revoltas dos plebeus e escravizados tomaram as ruas das cidades. Nas províncias, camponeses se revoltaram contra o governo, que enviou tropas para reprimi-los.
Os escravizados reagiam contra a situação opressora em que viviam por meio de rebeliões, de fugas ou do assassinato de seus proprietários. Esses eventos eram, em geral, isolados e não envolviam grande número de pessoas.
Por volta de 136 antes de Cristo, uma revolta de grandes proporções ocorreu na Sicília, mas foi reprimida com violência. Em 73 antes de Cristo, o gladiador Espártaco liderou outra rebelião na região de Cápua, no sul da Itália. Escravizados, plebeus miseráveis, libertos e prisioneiros de guerra aderiram ao movimento. É provável que Espártaco tenha reunido 100 mil pessoas, uma fórça impressionante que derrotou os exércitos romanos em várias batalhas. Em 71 antes de Cristo, contudo, os revoltosos foram vencidos pelas fôrças de generais romanos, que impuseram aos derrotados um castigo cruel: mandaram crucificar 6 mil revoltosos. Esses generais acabaram ficando famosos pela repressão da revolta.
Imagens em contexto!
Os soldados romanos utilizavam escudo retangular, um gládio (espécie de espada curta muito utilizada na Antiguidade), uma pilo (lança de arremesso), armadura, sandálias de couro e um elmo ou gálea (capacete sobre a cabeça). Também eram conhecidos como legionários, pois pertenciam a uma legião que contava com milhares de homens.
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
O destaque dado à ação política dos tribunos da plebe e da agência política dos escravizados, apresentando as diferentes fórmas de trabalho no mundo romano e relacionando os grupos sociais ao lugar que ocupavam na vida econômica e política romana, contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um um, ê éfe zero seis agá ih um dois, ê éfe zero seis agá ih um seis e EF06HI17.
• Como tribuno, Tibério Graco estabeleceu uma comissão para coibir os abusos sobre o aguêr públicus: aqueles que tivessem terras além do limite permitido poderiam manter apenas os acréscimos correspondentes ao número de filhos (até dois). O restante seria distribuído aos pobres sem terra. Há registro de que a comissão funcionou e registrou lotes de terra.
• O enfraquecimento das instituições republicanas ficou patente com a ascensão de generais ao poder, passando pelos triunviratos e culminando no principado de Augusto, em 27 antes de Cristo
Ampliando
O texto de Norberto Guarinello a seguir ajuda a compreender a conexão entre o expansionismo romano e a crise social que se instaurou.
“O enorme afluxo de riquezas provenientes das conquistas provocou grandes transformações sociais em Roma, intensificando os conflitos internos pelo contrôle e pela distribuição dos benefícios do império. reticências
Uma série de fatores interligados contribuiu para essas transformações. As guerras contínuas por longos períodos levaram à ruína os pequenos camponeses, obrigando-os a deixar seus campos incultos, que eram ocupados por grandes proprietários de terras. Migrando em massa para os centros urbanos, tornavam-se uma população subocupada, sem meios fixos de subsistência. Os ricos estendiam suas propriedades pelos terrenos abandonados ou se apossavam do aguêr públicus (terras públicas), onde investiam os lucros do império em fazendas escravistas. De fórma geral, as camadas mais pobres não tinham acesso aos benefícios da expansão, exceto se, e quando, participavam do exército. Mesmo nesse caso, os rendimentos individuais eram limitados e distribuídos através de uma escala hierarquizada que privilegiava os comandantes em detrimento dos legionários.”
GUARINELLO, N. Imperialismo greco-romano. São Paulo: Ática, 1991. página 74-75.
Tentativas de contornar a crise: os triunviratos
Ao longo da expansão territorial, os generais tiveram o importante papel de garantir as conquistas e manter a ordem nas províncias e em Roma. Com o agravamento da crise social e política, eles conquistaram cada vez mais espaço e poder político.
Em 60 antes de Cristo, o Senado aceitou o estabelecimento de uma aliança informal entre três generais no governo para tentar superar a crise em que Roma estava mergulhada. Essa aliança, que ficou conhecida como triunvirato (do termo latino que significa “três homens”), foi formada por generais que disputavam o poder. O Primeiro Triunvirato foi composto por Marco Licínio Crasso, Pompeu, o Grande, e Júlio César.
Em 53 antes de Cristo, Crasso morreu em uma batalha no Oriente. Júlio César e Pompeu, por sua vez, mantiveram-se em conflito durante dois anos. César derrotou Pompeu e suas fôrças no Egito. Para isso, ele teve ajuda da rainha local, Cleópatra sete. Após a vitória, em 46 antes de Cristo, César voltou a Roma fortalecido pelos sucessos militares. Em janeiro de 44 antes de Cristo, foi nomeado ditadorglossário pelo Senado e recebeu apoio do exército e dos plebeus. Assim, ele concentrou cada vez mais poderes, e a influência do Senado sobre o governo diminuiu.
Alguns dos títulos e cargos que Júlio César acumulou foram o de pontífice máximo (mais alto sacerdote na religião romana), o de ditador perpétuo (com poder de alterar leis) e o de cônsul vitalício (o que lhe dava poder supremo sobre o exército).
Com poderes ampliados, César modernizou o calendário, realizou obras públicas, atendeu a demandas da plebe e reprimiu revoltas. Em março de 44 antes de Cristo, contudo, alguns senadores planejaram seu assassinato, acusando-o de trair a república e de desejar restaurar a monarquia para tornar-se rei. Prepararam, então, uma emboscada: atraíram César para uma reunião do Senado e o mataram a facadas.
Imagens em contexto!
O calendário juliano recebeu esse nome em homenagem a Júlio César. Nesse calendário feito de pedra, o nome de cada mês é acompanhado das seguintes indicações: signo do zodíaco correspondente, divindade protetora, dias do mês, trabalho agrícola a ser feito e os festivais a serem celebrados.
Respostas e comentários
• Após a conquista e o governo da Gália, Júlio César tornou-se um dos homens mais ricos e poderosos de Roma. Ele era sobrinho e aliado político de Caio Mário.
• Como conceito político duradouro no Ocidente, o termo império implica a centralização do poder político e social por um indivíduo. A partir de 27 antes de Cristo, Augusto concentrou o poder político e religioso, dando início ao culto ao imperador, algo que não acontecia na república. Tal contrôle se traduziu no poder unificado sobre o corpo político e o território. A ideia de império também transmite um caráter singular de determinada realidade política, como se ela justificasse a soberania sobre a humanidade. No século vinte, vários regimes autoritários, como o nazista e o fascista, recobraram essa pretensão de soberania e a confusão entre o corpo político e uma liderança. Não se trata do mesmo processo, mas os usos políticos da história imperial romana atravessaram a Idade Média e, de certa fórma, alcançaram os dias atuais.
• A relação entre Marco Antônio e Cleópatra foi explorada pelo cinema Róliudiãno. Um dos filmes mais famosos é Cleópatra, de 1963, dirigido por Joséf L. Mãnqueuícs e estrelado por Ríchard Bãrton e Elizabét Têilor. Os documentos de época ressaltam como principais atributos de Cleópatra sua inteligência e dedicação ao saber. No entanto, após a interpretação de Elizabét Têilor, Cleópatra passou para a história como o símbolo maior de um estereótipo feminino: a mulher oriental “exótica” e “fatal”.
Rumo ao império
Após o assassinato do governante de Roma, formou-se o Segundo Triunvirato, composto de homens ligados a César: Marco Antônio, general experiente e braço direito do antigo governante, Otaviano, o jovem sobrinho-neto que César havia adotado, e Lépido, general que serviu o exército com Júlio César.
Lépido foi afastado do poder em 36 antes de Cristo, após uma revolta na Sicília. Marco Antônio e Otaviano envolveram-se em intensas lutas pelo poder. Marco Antônio buscou no Egito o auxílio de Cleópatra sete, por quem se apaixonou. Otaviano invadiu o Egito e derrotou as fôrças de Marco Antônio, que se suicidou com a amada em 30 antes de Cristo
Cleópatra foi a última rainha do Egito. Depois da morte dela, o Egito tornou-se província romana, mas, mesmo nessa condição, seus habitantes conservaram sua língua, sua escrita e seus deuses.
Ao retornar a Roma, em 29 antes de Cristo, Otaviano foi aclamado salvador da República Romana, adotando o nome Otávio e o sobrenome César, para homenagear o tio-avô e mostrar-se como seu legítimo herdeiro político. Ele recebeu do Senado todos os títulos e honrarias que haviam sido dadas a César.
Além disso, em 27 antes de Cristo, Otávio César assumiu o título de Augústus (“magnífico”), que lhe atribuía caráter sagrado na religião romana. Assim, naquele ano, tornou-se o primeiro imperador de Roma.
Imagens em contexto!
Na Antiguidade, o Altar da Paz (Ara pácis) estava localizado no Campo de Marte, onde o exército romano fazia exercícios militares e comemorava suas vitórias. Ao longo dos séculos, o altar foi coberto por sedimentos e redescoberto somente no século dezesseis, debaixo de outras construções. No século vinte, ele foi desmontado, restaurado e remontado. No início do século vinte e um, foi inaugurado um museu em Roma com a finalidade de preservá-lo.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Descreva os grupos sociais em que se dividia a sociedade romana.
- Explique o contexto em que foi criado o cargo de tribuno da plebe.
- Que consequências a expansão territorial produziu em Roma?
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao tratar do processo da passagem da república para o império, o conteúdo proposto contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um três.
Agora é com você!
1. Patrícios: formavam a elite e detinham os principais cargos e propriedades de terra, desfrutando do ócio. Supostamente, a origem de suas famílias remontava à fundação de Roma; por isso, sua aristocracia derivava de sua condição de nascimento. Clientes: pessoas de camadas mais baixas que prestavam serviços para os patrícios e viviam sob a dependência deles. Plebeus: indivíduos livres que podiam exercer diversas funções, como a de artesãos e a de agricultores, ou prestar serviços aos patrícios. Estavam excluídos dos cargos políticos, mas participavam das cúrias e atuavam como soldados, formando a maior parte do exército. Escravizados: eram prisioneiros de guerra ou pessoas endividadas. Não tinham direito à cidadania.
2. O cargo foi criado após a primeira grande revolta dos plebeus, em 494 antes de Cristo Na ocasião, eles abandonaram a cidade de Roma e exigiram mais direitos, inclusive o de participação política, conseguindo, assim, a instituição do Tribunato da Plebe, ocupado por dez plebeus que tinham o poder de vetar as decisões do Senado.
3. Podem ser citadas, entre outras, as seguintes consequências: a ampliação das redes de comércio, a concentração de riquezas e terras, o empobrecimento de camponeses e de pequenos proprietários, o êxodo rural e a formação do grupo social dos equestres por plebeus enriquecidos.
Orientação para as atividades
Os procedimentos requeridos para realizar as atividades propostas no boxe “Agora é com você!” são a identificação das informações e sua enumeração direta. É possível aproveitar a oportunidade para explorar a noção de grupo social. Ao propor as atividades 1 e 2, é possível explorar esse conceito, cuja compreensão é essencial ao desenvolvimento do pensamento histórico. Ao comentar a atividade 3, é interessante destacar as relações causais entre eventos, explorando as decorrências sociais, econômicas e políticas da expansão romana.
Atividades
Responda no caderno.
Organize suas ideias
1. Relacione no caderno as instituições republicanas romanas com as suas respectivas funções.
|
I. |
Senado |
|---|---|
|
II. |
Magistraturas |
|
III. |
Assembleias |
|
a. |
Votação de leis e escolha de magistrados. |
|
b. |
Controle de finanças, declaração de guerra, projetos de lei. |
|
c. |
Administração do Estado romano. |
Aprofundando
2. Analise a tirinha e responda: como a fala do soldado se relaciona à expansão territorial romana?
Frenc end Érnest, tirinha de Bob Teives, 2010.
3. O texto a seguir trata da diferença de direitos entre patrícios e plebeus.
“Ou, como nas palavras irônicas de um reformador plebeu, registradas por Lívio [historiador romano] reticências ‘Por que vocês não aprovam uma lei para impedir um plebeu de morar vizinho a um patrício, ou de andar na mesma rua, ou de frequentar a mesma festa, ou de ficar em pé, lado a lado, no mesmo Fórum?.’”
BEARD, M. ése pê quê érre: uma história da Roma antiga. São Paulo: Planeta, 2017. página 181.
- Qual foi a principal crítica do reformador plebeu registrada por Lívio?
- Descreva a situação da plebe romana no início do período republicano.
- Essa situação da plebe foi alterada? Como?
Respostas e comentários
Bê êne cê cê
Ao incentivar reflexões sobre o processo de expansão territorial romana e suas consequências sociais e políticas, a ampliação do direito à participação política e a questão da escravidão antiga, as atividades dessa seção contribuem para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um um, ê éfe zero seis agá ih um dois e ê éfe zero seis agá ih um quatro.
Atividades
Organize suas ideias
1. um – b; dois – c; três – a.
Aprofundando
2. A fala se relaciona à expansão pelo Mediterrâneo, por meio da qual Roma passou a controlar diversas províncias, tornando-se o centro para onde convergiam várias redes comerciais, tanto marítimas quanto terrestres.
3. a) Foi a crítica irônica à exclusão da plebe dos direitos garantidos aos patrícios.
b) A princípio, os plebeus, apesar de cidadãos, estavam excluídos dos altos cargos da República Romana, como o de senador e o de cônsul, além de seu voto ter menos peso nas decisões das assembleias. Eles eram trabalhadores, agricultores, comerciantes ou pequenos proprietários, e compunham a maioria do exército romano.
c) Sim. Principalmente por meio das lutas sociais, que pressionaram os patrícios a conceder mais direitos aos plebeus com a criação, por exemplo, do tribunal da plebe e das assembleias plebeias, e de leis, como a Canuleia e a Licínia Sêxtia.
4. Analise a tirinha a seguir. Ela aborda o direito de participação política.
- Com base na charge, comente uma semelhança entre a república em Roma e a democracia ateniense.
- Que grupos representados na charge estavam excluídos do direito ao voto tanto em Roma quanto em Atenas? Explique.
5. Analise o trecho a seguir.
“A Escravidão reticências constitui a ‘desigualdade radical’ por excelência. O Escravo é obviamente aquele que perdeu a Liberdade reticências mas é também aquele que perdeu quase (senão todos) os direitos sobre si, sobre o seu trabalho, sobre a sua própria capacidade de oferecer ou recusar-se ao trabalho. Em muitas sociedades, o escravo é também aquele que perde o parentesco, a sua própria identidade. Não raro, o escravo é também aquele que é levado a sofrer uma espécie de ‘morte social’ reticências conceito que chama atenção para um aspecto importante da Escravidão, que é a sua necessária relação com uma dimensão social sem a qual o escravismo não pode ser pensado”.
BARROS, J. d’A. Escravidão clássica e escravidão moderna: desigualdade e diferença no pensamento escravista: uma comparação entre os antigos e os modernos. Ágora: Estudos Clássicos em Debate, Aveiro, volume 15, página 195-230, 2013.
- Com base no texto, crie uma lista dos elementos que os seres humanos perdiam ao ser escravizados.
- Como você definiria a noção de “morte social”?
- Os conceitos de escravidão e liberdade são opostos? Explique.
Respostas e comentários
4. a) Ambas limitavam a participação política, excluindo grande parte da população da cidadania.
b) Mulheres, escravizados e menores de 18 anos. É importante ressaltar o fato de que na democracia ateniense não havia o critério censitário, presente na República Romana.
5. a) As pessoas submetidas à escravidão perdiam a liberdade, os direitos sobre si, sobre sua capacidade de oferecer trabalho ou recusar-se a fazer uma tarefa. Elas também perdiam o parentesco e a identidade.
b) A “morte social” seria a condição do escravizado na comunidade em que vive. Espera-se que os estudantes percebam que as pessoas e as instituições submetem a pessoa à condição de escravização, privação de liberdade e de direitos e, em alguma medida, de sua humanidade. A compreensão do conceito de “morte social” pode ser aprofundada pelo professor por meio da leitura da obra de Orlãndo páterson, Escravidão e morte social: um estudo comparativo.
c) Sim. Trata-se de conceitos opostos, uma vez que o escravizado está privado de sua liberdade. No entanto, de acordo com o texto, a pessoa submetida à escravidão não perde apenas a liberdade, mas também direitos, autonomia, identidade e humanidade.
Curadoria
História da cidadania (Livro)
Jaime Pínsqui e Carla Bassanezi Pínsqui (organizador). São Paulo: Contexto, 2003.
Embora esse não seja um livro exclusivamente dedicado ao Império Romano, a primeira parte, “Pré-História da cidadania”, apresenta ensaios sobre a Antiguidade clássica e o mundo romano.
Glossário
- Assentamento
- : núcleo rural de povoamento.
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- Cúria
- : mais antiga divisão do povo romano. Havia trinta cúrias determinadas por nascimento ou conforme o local de residência. As cúrias compunham a base da organização militar.
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- Ócio
- : nesse caso, tempo dedicado aos estudos e à política.
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- Centúria
- : unidade do exército romano composta de cem cavaleiros. Indicava também a divisão dos cidadãos romanos feita por critérios de riqueza e posição social.
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- Excludente
- : que exclui, põe de lado.
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- Assembleia plebeia
- : formada unicamente por plebeus, não se baseava em critérios de riqueza, como as centúrias, mas na localização (tríbus).
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- Plebiscito
- : no contexto da Roma antiga, consulta ou convocatória da plebe com poder de transformar decisões em lei.
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- Província romana
- : território tomado por um general romano. Os habitantes desse local perdiam os direitos políticos (condição vigente a partir do século três antes de Cristo). Porém, se fossem favoráveis a Roma, os habitantes das províncias podiam receber direitos e privilégios.
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- Gladiador
- : escravizado, prisioneiro de guerra ou criminoso condenado que era obrigado a lutar nas arenas romanas durante espetáculos.
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- Reforma agrária
- : redistribuição de terras para que os camponeses empobrecidos recebessem uma pequena propriedade.
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- Ditador
- : magistrado romano com poderes extraordinários por um período limitado.
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