CAPÍTULO 9 IMPÉRIO ROMANO: OCIDENTE E ORIENTE

Na foto a seguir, foram retratados juízes do Supremo Tribunal Federal (ésse tê éfe) brasileiro usando uma vestimenta chamada toga. A outra imagem mostra a foto de uma estátua da Antiguidade que representa o imperador romano Nerva trajando uma veste de mesmo nome.

Fotografia. Em primeiro plano, quatro homens em pé, usando túnicas pretas longas e capas pretas sobre ombros em uma sala, com uma poltrona bege no canto direito. Ao fundo, pessoas sentadas em cadeiras, como se fossem espectadores. Todos estão usando máscaras cobrindo o nariz e a boca.
Ministros do ésse tê éfe reunidos em Brasília (Distrito Federal). Foto de 2020.
Fotografia. Estátua de um homem de cabelos curtos usando uma túnica longa com panos por cima, com os braços ligeiramente abertos, erguendo a palma de uma mão para frente.
Estátua romana do século um Depois de Cristo, representando Nerva, que foi imperador romano entre 96 e 98 Depois de Cristo

Na Roma antiga, a toga era uma espécie de capa usada sobre uma túnica. Era uma peça comum do vestuário, mas não podia ser usada por escravizados e libertos. As cores, como púrpura, branca e outras, e os detalhes dessa manta, como franjas e bainhas, mostravam a posição social de quem a usava ou indicavam alguma ocasião festiva.

Nos dias de hoje, a toga é uma vestimenta que distingue os magistrados, ou seja, as autoridades judiciárias.

Ícone. Ilustração de ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Em sua opinião, por que os magistrados brasileiros utilizam uma peça de roupa inspirada nos antigos romanos?
  2. Que outros elementos da cultura romana podem ser encontrados, mesmo que de fórma diferente, na cultura brasileira?
Respostas e comentários

Abertura

Com questionamentos sobre a vestimenta usada pelos magistrados no Brasil e a comparação dela com a toga utilizada na Antiguidade romana, o capítulo sobre o Império Romano é iniciado com uma reflexão a respeito das apropriações de elementos da Antiguidade no tempo presente. Como o capítulo apresenta uma continuação temática do anterior, a turma pode revisar os temas já abordados para iniciar o estudo do Império Romano.

Atividades

1. A toga era uma peça de vestuário com função simbólica. Ela distinguia cidadãos dos não cidadãos, estrangeiros e escravizados. A apropriação da toga no presente pelo Judiciário, no Brasil e em outras localidades, reforça a narrativa do direito como uma herança do mundo romano e cria uma distinção social entre os juízes e os demais cidadãos.

2. Com base nos elementos estudados no capítulo anterior, os estudantes podem ressaltar a influência do latim falado pelos antigos romanos na língua portuguesa, a criação da república, fórma de governo adotada no Brasil, a influência romana na área do direito, entre outros fatores.

O império de Augusto

Em 27 antes de Cristo, após assumir o título de Augústus (“Augusto”, em português), Otávio César iniciou a consolidação do que se denomina Império Romano. A origem do termo império está na palavra latina impérium, que significa “comando”, “poder” ou “autoridade”.

Durante o período republicano em Roma, um general podia ser aclamadoglossário por seus soldados como Imperátor, ou “imperador”, título que ele mantinha até voltar à cidade. Porém, quando Otávio se apropriou desse título, impérium passou a designar o domínio sobre todo o território submetido a Roma.

O governo de Otávio Augusto foi dedicado a quatro objetivos principais:

  • as campanhas de conquista e de expansão territorial;
  • o contrôle do Senado pelo imperador;
  • a construção de obras públicas;
  • a conquista da plebe, por meio de ações realizadas para que o imperador fosse visto como benfeitorglossário do povo romano.

Quando Augusto assumiu o poder, Roma já havia dominado boa parte da região do Mar Mediterrâneo. Comparado às fases anteriores da história romana, o período imperial foi marcado por prosperidade econômica e relativa paz no território.

Fotografia. Estátua de um homem jovem de cabelos curtos usando armadura romana e um manto enrolado na cintura. A armadura tem vários desenhos de figuras humanas esculpidas. Ele ergue a mão direita com o dedo indicador em riste e, aos seus pés, a escultura de um pequeno ser com aspecto infantil e asas, segurando a barra de sua roupa.
Augusto de Prima Porta, escultura do século um Depois de Cristo encontrada no ano de 1863 em escavações nas proximidades da cidade italiana de Roma.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Nessa escultura com cêrca de 2 metros de altura, Otávio foi representado como imperador, com trajes do exército. Em sua armadura, foram esculpidas cenas de divindades e de vitórias em batalha. Do lado direito dessa estátua, está uma menor, que representa Cupido – divindade da mitologia romana descendente dos deuses Vênus e Marte.

Essa representação do pequeno deus foi feita porque Augusto afirmava ter parentesco com o mítico herói troiano Eneias, que teria se instalado no Lácio após fugir da Magna Grécia, como você estudou no capítulo anterior. De acordo com a lenda, Eneias, assim como Cupido, era filho de Vênus.

Além disso, o imperador foi representado como um jovem alto. O braço direito do personagem com o dedo indicador levantado simboliza a indicação dos caminhos para Roma.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

Avaliar a influência do mundo romano no período contemporâneo.

Apresentar o conceito de império, relacionando-o ao período da história romana.

Explorar o conceito de pács rômãna e a política do pão e circo, indicando o contexto histórico ao qual fazem referência.

Apresentar o processo histórico de formação do cristianismo e sua transformação e importância no mundo romano.

Analisar os motivos que contribuíram para a chamada crise do Império Romano, bem como as diferentes interpretações historiográficas sobre o tema.

Apresentar o termo Antiguidade tardia, aludindo às continuidades entre o mundo antigo e a Idade Média.

Analisar as principais características do Império Bizantino, sobretudo durante o período de governo de Justiniano.

Justificativa

Os objetivos são relevantes porque estabelecem a relação entre passado e presente, estimulam a apropriação e reflexão sobre conceitos históricos e seus usos em diferentes tempos e direcionam os desenvolvimento da apresentação e análise dos processos históricos. Importa destacar que o conceito de império é retomado muitas vezes ao longo da coleção e que a compreensão da emergência e transformação do cristianismo também é trabalhada em outros momentos da obra.

Bê êne cê cê

Ao ressaltar o conceito de império e o de imperador, o conteúdo mobiliza a habilidade ê éfe zero seis agá ih um três. O questionamento dos conceitos e de sua história contribui para o desenvolvimento da Competência Específica de História nº 6.

Interdisciplinaridade

A orientação para a leitura e a interpretação da imagem destacada nesta página contribui para o desenvolvimento da habilidade do componente curricular arte ê éfe seis nove á érre zero dois – “Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço”.

Administração do império

A manutenção do vasto território submetido aos romanos, com diferentes povos, dependia de uma rede de alianças entre as províncias conquistadas e o Império Romano, que contava com o apoio das autoridades e forças militares locais.

Para os romanos, desde o período da república, território era sinônimo de riqueza. Roma obtinha das mais diferentes províncias minérios (como ouro, prata e cobre), pedras preciosas, cereais (especialmente o trigo), vinho e azeite, madeiras nobres, mármore e cerâmica, seda, linho e pigmentos.

Além disso, os romanos compravam e vendiam pessoas escravizadas nos diferentes pontos do império. De modo geral, os escravizados eram obtidos nas guerras de expansão territorial, nos conflitos internos ou em batalhas contra povos que viviam fóra dos limites do império.

Ao se expandir, o Império Romano adquiriu outro patrimônio: a diversidade cultural. Vários alimentos, como maçã, pera, ameixa e cenoura, por exemplo, passaram a ser consumidos pelos romanos por meio do contato com outras culturas.

Para evitar revoltas e lidar com muitos povos, Augusto determinou a imposição das leis romanas em todo o império. O recolhimento de impostos nas províncias passou a ser feito pelas autoridades locais, que foram mantidas para evitar revoltas. Posteriormente, essas autoridades repassavam os recursos a Roma – que podia fiscalizar a atividade.

O império no tempo de Augusto – 14 Depois de Cristo

Mapa. O império no tempo de Augusto – 14 depois de Cristo. Destaca terras na Europa, na Ásia e na África ao redor do Mar Mediterrâneo.
Legenda:
Roxo: Províncias senatoriais.
Verde: Províncias imperiais.
Listras laranjas: Reinos e principados protegidos e territórios autônomos.
As províncias senatoriais são Bética (na Península Ibérica); Narbonense (sul da Europa); Macedônia; Acaia (na atual Grécia); Bitínia e Ponto (no norte da atual Turquia;, leste da atual Turquia; Chipre; Creta; Sicília; Numídia (norte da atual Tunísia, na África) e Cirenaica (norte da atual Líbia, na África).
As províncias imperiais são: Lusitânia, Hispânia e Tarraconense, (na Península Ibérica); Aquitânia, Gália e Lugdunense (na atual França); Bélgica (ocupa parte da atual França e da Bélgica); parte da Germânia (na atual Alemanha); Récia, Nórica, Panônia e Ilíria (nas atuais Suíça, Áustria e Eslovênia); Dalmácia e Mésia (nas atuais Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Sérvia); Galácia (centro da atual Turquia); Cilícia (sul da atual Turquia); Síria; Fenícia (atual Líbano); Judeia (atual Israel) e Egito.
Os reinos e principados protegidos e territórios autônomos são: Mauritânia (no norte da África); pequena área a sudeste da atual França; Trácia (região da atual Bulgária); Reino do Bósforo (região ao redor do Mar de Azov, nas atuais Ucrânia e Rússia); Armênia; Capadócia (leste da atual Turquia); Galácia (centro da atual Turquia), Lícia (sul da atual Turquia); regiões da Síria e a Judeia.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 400 quilômetros.

FONTE: dubí, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Debate, 1987. página 32-33.

Fotografia. Parede feita de blocos de pedra com a figura de um homem entalhada em baixo-relevo. O homem, de perfil, usa um chapéu de base quadrada, saia e colar egípcios ergue as mãos, segurando um objeto em uma delas.
Representação de Augusto no Templo de Calabécsa, próximo a Assuã, construído por volta de 30 antes de Cristo, durante a dominação do Egito pelos romanos.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Augusto também era representado com a linguagem visual da cultura de cada província. Na imagem, o imperador é caracterizado como um faraó egípcio.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A abordagem, no texto, da relação dos romanos com as províncias contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um três e ê éfe zero seis agá ih um cinco. Além disso, a demonstração do trânsito de produtos naturais, pessoas e visões de mundo pelo império mobiliza a habilidade ê éfe zero seis agá ih um quatro. A visão do mundo mediterrâneo controlado de certa fórma pelos romanos contribui para o desenvolvimento da Competência Específica de História nº 5.

Tema Contemporâneo Transversal

Por meio do estudo da circulação de pessoas, produtos e ideias pelo império, pode-se refletir sobre a diversidade e as interações culturais em diferentes tempos, inclusive no atual, mobilizando o Tema Contemporâneo Transversal Diversidade cultural.

No Império Romano, a incorporação de elementos da cultura e dos idiomas dos povos conquistados era parte de um fenômeno de reconhecimento e transformação das referências dos povos conquistados ou aliados, entre as quais os deuses e as práticas religiosas. O reconhecimento das culturas existentes e sua incorporação à vida e à realidade política do império era uma estratégia de dominação relacionada ao convencimento e à persuasão.

Durante a república e até o início do império, o termo província era usado para fazer referência às tarefas atribuídas a um magistrado, como o comando de uma guerra ou de uma área. Com o tempo, a palavra passou a designar um território anexado ao império. Este passou, então, a ser formado por Roma (o centro) e as províncias (os territórios anexados). O Império Romano chegou a ter 45 províncias sob seu contrôle.

Existia um estilo de vida romano que era copiado pelas elites das províncias. A arquitetura, os materiais usados em construções, as roupas, os hábitos alimentares e as fórmas de diversão romanos se difundiam por todo o império. O processo de adoção de elementos da cultura romana é chamado romanização.

O Egito foi conquistado pelos romanos em 30 antes de Cristo e se manteve sob o contrôle imperial até 395 Depois de Cristo O Egito romano foi marcado por pluralidade cultural: as tradições locais se mesclaram com a cultura helenística desde a expansão de Alexandre e, posteriormente, com a romana. Por meio do estudo da questão da cidadania, é possível compreender que essas tradições culturais se fundiram na província do Egito e acabaram gerando fórmas de distinção social marcadas não apenas pelos direitos de um cidadão, mas também pela cultura a que ele afirmava pertencer.

Política interna no império

Os aristocratas romanos formavam uma rede de homens influentes que deviam seu poder ao imperador e, por isso, mantinham fidelidade a ele. Todas as decisões importantes, como a definição dos ocupantes dos principais cargos do governo, eram tomadas por Augusto com o auxílio dessa rede.

O Senado não deixou de existir, mas sua função tornou-se apenas simbólica, pois, na prática, aprovava todas as propostas e decisões enviadas por Augusto.

E o povo romano? Augusto conquistou a população, entre outras fórmas, por meio da realização de numerosos festivais, os quais faziam parte de uma estratégia que ficou conhecida como política do pão e circo.

Esses festivais, contudo, já existiam antes do império. Durante a república, havia os munéra, ritos religiosos em homenagem aos mortos, em geral patrocinados por particularesglossário . Nessas ocasiões, realizavam-se espetáculos como os jogos de gladiadores nas arenas e a distribuição de pães ao público.

A partir do governo de Augusto, a realização dos jogos e a distribuição de alimentos se tornaram exclusividade do Estado. Essa estratégia foi usada para valorizar a imagem do imperador.

Os espetáculos eram usados para afirmar a cidadania romana, pois neles o público exercia o poder de escolha sobre a vida ou a morte dos gladiadores, geralmente estrangeiros ou prisioneiros de guerra.

Além disso, assim como ocorria durante os desfiles dos triunfos militares, muitos romanos podiam ver animais e até mesmo pessoas de outras partes do império sem sair da cidade. Os espetáculos podiam também divertir as pessoas para que não prestassem atenção aos reais problemas da cidade.

Fotografia. Capacete que cobre todo o rosto, com aba e placa de bronze na parte de cima do centro da cabeça até a nuca. Na região dos olhos, a peça é composta de uma tela metálica com circunferências furadas.
Capacete de bronze do século um Depois de Cristo descoberto nas ruínas de Pompeia, em Nápoles, Itália. Esse objeto era utilizado como proteção pelos gladiadores durante as lutas.
Fotografia. Vista de uma construção circular de três andares composta de arcos, com parte do terceiro andar em ruínas.
Anfiteatro Flaviano, conhecido como Coliseu, em Roma, Itália. Foto de 2021.
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Imagens em contexto!

A construção do Anfiteatro Flaviano foi iniciada pelo imperador Vespasiano, em 79 Depois de Cristo, e finalizada apenas no ano seguinte pelo sucessor dele, Tito. O Coliseu foi o maior anfiteatro construído pelos romanos. Outros menores (ovais ou circulares) foram erguidos em todo o império.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao retomar a construção política do império, abordando o desequilíbrio de poder entre as diferentes partes que o compunham, o conteúdo favorece o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um três.

O destaque dado às alianças construídas entre os aristocratas que neutralizaram o Senado evidencia as técnicas do poder político imperial para exercer a soberania de maneira quase autocrática. Pergunte aos estudantes: “Há coisas semelhantes hoje em dia?”. Indagações como essa podem estruturar analogias entre o exercício do poder político no passado e o percebido no presente, chamando a turma a opinar e estabelecer relações entre os dois tempos.

É provável que os estudantes conheçam os jogos romanos por meio de representações no cinema ou nos jogos eletrônicos. Pode-se explorar a familiaridade com tais representações para promover o interesse da turma pelo assunto. Deve-se, contudo, questionar a naturalização da violência e sua espetacularização.

A afirmação da cidadania romana no poder, exemplificada pelo ritual que envolvia a vida e a morte dos gladiadores (escravizados estrangeiros, em geral), é um tema delicado. O autorreconhecimento como romano se relacionava, em alguma medida, ao desprezo pela vida de um não romano. Se julgar pertinente, questione, de um ponto de vista ético, esse tipo de comportamento, que ainda pode ser encontrado entre nacionais e estrangeiros, mas também entre os membros da mesma comunidade nacional.

Ampliando

O texto a seguir trata da origem dos munéra.

“Os munéra tinham a sua origem nos ritos de sacrifício para o espírito dos mortos para o que, acreditava-se, era preciso oferecer sangue. Foram introduzidos em Roma, de origem etrusca, em 264 antes de Cristo, quando os filhos de június brútus honraram seu pai, morto, com três pares de gladiadores em combate. Em 65 antes de Cristo, César, para homenagear o pai, morto 20 anos antes, juntou 320 pares de lutadores em trajes de prata e só não trouxe mais deles porque o Senado condenou o excesso. Assim, durante a República, os jogos eram financiados por particulares e, aos poucos, o significado religioso deu lugar à exibição de riqueza e poder, o que suscitou um caráter abertamente político às lutas.”.

ág, C. Sangue e areia: estudar os antigos gladiadores ajuda a entender a sociedade atual. Pesquisa fapésp, número 125, julho 2006. p. 87-89.

As mulheres no império

Sabe-se pouco sobre as mulheres no Império Romano, pois quase todas as fontes históricas escritas a que se tem acesso foram produzidas por homens. Dessa fórma, é possível entender o que os homens romanos esperavam das mulheres, e não como era, de fato, o cotidiano delas.

De acordo com essas fontes, havia em Roma mulheres de diferentes camadas sociais. As nascidas em Roma e filhas de romanos eram cidadãs. Isso não significava, porém, que elas tinham direitos e liberdade.

Ainda conforme essas fontes, esperava-se que as mulheres ricas se casassem com homens da mesma camada social e cuidassem de seu dômus (sua casa), dedicando-se a atividades domésticas ou relacionadas a elas, como a tecelagem.

A última esposa de Augusto, Lívia Drusa, era o modelo de comportamento para as mulheres da elite: uma figura maternal e piedosa, que sempre buscava a paz. Em 16 antes de Cristo, ela foi a primeira mulher a ter sua imagem gravada em moedas provinciais. Assim, seus trajes e penteados ditaram moda em todo o império.

Depois de sua morte, Lívia foi divinizada e se tornou referência para as imperatrizes seguintes. Assim, outras fórmas de existência feminina entre os membros da elite foram silenciadas no Império Romano.

Fotografia. Estátua de uma mulher usando manto longo, uma coroa de flores e um véu na cabeça, segurando uma cornucópia (vaso em forma de chifre com frutas dentro) em uma mão e flores na outra.
Estátua de aproximadamente 20 Depois de Cristo representando a imperatriz Lívia Drusa como deusa da fartura.
Fotografia. Placa de pedra com desenho em relevo entalhado, mostrando um homem, em destaque à direita, e uma mulher, à esquerda, sentados um de frente para o outro diante de uma mesa. O homem é bem maior do que a mulher. Próximo a eles, duas crianças em pé, uma no canto esquerdo e outra no canto direito. As quatro pessoas usam túnicas longas. A mulher segura um pote com frutos. O homem levanta um cálice. Uma toalha decorada está sobre a mesa, e em cima dela há mais alimentos.
Relevo romano do século três Depois de Cristo representando uma refeição familiar.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

A imagem de Lívia foi usada no Império Romano como referência para o bom comportamento feminino. Na outra imagem, é representada uma refeição em família: o personagem maior e acima dos demais é o pai da família. A mulher, sentada à esquerda do homem, é proporcionalmente bem menor que ele.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Identifique a diferença de sentido no emprego do termo império durante a fase republicana e durante a fase imperial da história de Roma.
  2. Qual era a relação estabelecida entre o imperador Augusto e o Senado?
  3. Descreva resumidamente a política imperial romana do pão e circo.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao questionar os requisitos para ser considerado cidadão e os papéis atribuídos às mulheres na Roma antiga, o conteúdo favorece o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um dois e ê éfe zero seis agá ih um nove.

Ao tratar da questão das mulheres romanas, é importante destacar o fato de que as informações contidas no capítulo referem-se às que pertenciam à elite romana. São abordadas, portanto, a imagem dessas mulheres e sua relação com os papéis sociais a elas atribuídos e, consequentemente, aceitos. Entre as virtudes que a sociedade esperava delas destacavam-se a vocação para a maternidade, a piedade e a disposição para a concórdia. Pode-se perguntar aos estudantes em que medida essas características são esperadas das mulheres na sociedade atual.

Agora é com você!

1. Até o fim da república, o termo designava o “comando”. O título de imperador era dado por soldados a um general após uma vitória no campo de batalha. Esse título era extinto assim que o general voltava para a cidade. Augusto se apropriou do termo e o tornou vitalício. Imperátor, então, passou a significar o domínio sobre todo o território de Roma.

2. O Senado não deixou de existir, mas sua função tornou-se cada vez mais figurativa. A instituição, na prática, aprovava tudo o que era enviado por Augusto.

3. Essa política relaciona-se a um conjunto de medidas adotadas pelo governo romano para entreter a população. O circo refere-se a oferta de diversões populares. O pão faz alusão a distribuição de alimentos, sobretudo pão e trigo, aos cidadãos. Violentos e gratuitos, os espetáculos também tiveram importância simbólica, pois a plateia podia decidir o destino dos gladiadores, que eram principalmente estrangeiros e prisioneiros de guerra. Isso favorecia a suposição de que os romanos eram superiores, assim como a afirmação da cidadania romana.

Orientação para as atividades

As atividades propostas no boxe “Agora é com você!” demandam os procedimentos de sistematização do aprendizado. É possível que os estudantes tenham facilidade para identificar as informações e elaborá-las textualmente de fórma coerente. Caso boa parte se limite a identificar e transcrever informações, peça aos estudantes que reescrevam a resposta em colaboração com os colegas. Um bom método é a produção oral de respostas em duplas, o registro dessas respostas e a reescrita do texto resultante a fim de obter coerência e suprimir as marcas de oralidade. Isso é importante porque muitas vezes os estudantes conseguem se expressar oralmente com mais facilidade.

O império depois de Augusto

No fim de sua vida, Augusto já havia escolhido um sucessor: o general Tibério, filho de Lívia e seu enteado. Com a morte de Augusto, em 14 Depois de Cristo, teve início a primeira dinastia de imperadores romanos.

O Império Romano, em seu auge, foi governado por quatro dinastias distintas: a Júlio-Claudiana (27 antes de Cristo-68 Depois de Cristo), a Flaviana (69-96 Depois de Cristo), a Nerva-Antonina (96-192 Depois de Cristo) e a Severa (193-235 Depois de Cristo).

Dinastias de imperadores romanos

Linha do tempo. Dinastias de imperadores romanos.  Uma linha vertical informa os períodos dinásticos e, ao lado, setas que indicam as datas de início e fim das dinastias. De cima para baixo: Dinastia Júlio-Claudiana: 27 antes de Cristo a 68 depois de Cristo. Dinastia Flaviana: 69 antes de Cristo a 96 depois de Cristo. Dinastia Nerva-Antoniana: 96 antes de Cristo a 192 depois de Cristo. Dinastia Severa: 193 antes de Cristo a 235 depois de Cristo.
Representação artística sem proporção para fins didáticos.

FONTE: GRIMAL, P. História de Roma. São Paulo: Editora Unesp, 2011. Representação artística sem proporção para fins didáticos.

Não havia regra definida para a sucessão. Em geral, o imperador seguinte era escolhido pelo governante em exercício e, quando este morria, o indicado ficava com o cargo. Algumas vezes o Senado ou altos membros do exército podiam indicar os sucessores.

Nem sempre a transição entre imperadores foi pacífica; muitas vezes, resultou em guerras civis. O fim da dinastia Júlio-Claudiana foi seguido de uma guerra civil, motivada pelo descontentamento popular com as desigualdades sociais e pelos desentendimentos entre integrantes do Senado e líderes do exército.

Em meio a essa turbulência, Tito Flávio Vespasiano, que era comandante militar no Egito e na Judeia, recebeu apoio do exército e do Senado e tornou-se imperador. Iniciou, assim, a dinastia Flaviana, em 69 Depois de Cristo Os integrantes dessa dinastia buscaram reconstruir a cidade de Roma por meio de uma série de obras públicas e reequilibrar as finanças do império.

A dinastia seguinte, chamada Nerva-Antonina, foi apresentada por alguns historiadores como a mais bem-sucedida na administração imperial e em sua pacificação. A última dinastia do período clássico foi a Severa, que enfrentou pressões populares e das províncias, além de ameaças externas constantes às fronteiras do território.

Fotografia. Vista aérea de uma região montanhosa sem vegetação com ruínas de construções no topo da colina que está em primeiro plano.
Vista aérea das ruínas da Fortaleza de Massada, em Israel. Foto de 2018.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

A Judeia foi uma conquista militar importante de Vespasiano. Jerusalém resistiu ao domínio romano em 66 Depois de Cristo e depois, novamente, entre 73 e 74 Depois de Cristo A Fortaleza de Massada, último ponto da resistência dos judeus ao império, foi destruída por volta de 73 Depois de Cristo, após um prolongado cêrco.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Com base nas referências à história política romana, separando-a por marcos temporais, é possível questionar alguns dos procedimentos de construção do conhecimento histórico, relacionando o conteúdo à Competência Específica de História nº 6.

Nesta página, são apresentadas as dinastias do Império Romano, destacando as especificidades de seu cenário político e cultural. É possível que os estudantes imaginem as dinastias apenas como linhagens reais hereditárias baseadas na consanguinidade. Em Roma, contudo, as linhagens e sucessões se relacionavam a laços familiares, mas não necessariamente de consanguinidade e descendência biológica, como nas monarquias medievais e modernas.

Curadoria

História da vida privada: do Império Romano ao ano mil (Livro)

Filíparriés e Gêórge Dubí (organizador). São Paulo: Companhia das Letras, 2009. volume 1.

Esse livro é o primeiro de uma coleção de cinco volumes sobre a vida cotidiana e privada na história universal. Prefaciado pelo historiador francês Gêórge Dubí, que dirige a coleção ao lado de Filíparriés, o livro abrange um período de cêrca de oito séculos, compreendendo o declínio do Império Romano do Ocidente, a Alta Idade Média ocidental e a história de Bizâncio entre os séculos dez e onze. Entre os muitos temas abordados, encontram-se análises detalhadas sobre sexualidade, casamento, relações familiares e atitudes religiosas. Os primeiros ensaios, escritos pelo historiador pôu vêine, são dedicados ao período do Império Romano.

Cruzando fronteiras

Você já leu alguma reportagem ou assistiu a algum documentário sobre Pompeia? Essa cidade foi soterrada por lava, pedras e cinzas expelidas pelo vulcão Vesúvio, em 79 Depois de Cristo Por causa do soterramento, ela foi preservada e tornou-se um sítio arqueológico a céu aberto.

“Nas primeiras horas do dia 25 de agosto de 79 Depois de Cristo, a chuva de pedras-pomes que caía sobre Pompeia começou a amainarglossário . Parecia um bom momento para deixar a cidade e fazer um esforço para se manter seguro. Um grupo desnorteado de mais de vinte fugitivos que se abrigara dentro das muralhas reticências arriscou sair por um dos portões ao leste da cidade, na esperança de escapar do alcance do bombardeio vulcânico.

reticências uns vinte metros à frente, reticências foram arrasados pelo que hoje conhecemos como o ‘fluxo piroclástico’ do Vesúvio – uma combinação mortal e fervente de gases, detritos vulcânicos e lava que se deslocou em alta velocidade, sem deixar chances de sobrevivência. reticências

Mulheres a ponto de dar à luz, cães ainda amarrados aos seus postes e um claro aroma de halitoseglossário ... Estas são imagens memoráveis da vida reticências em uma cidade romana subitamente interrompida. Há muitas mais: os pães abandonados enquanto assavam no forno; o grupo de pintores que largaram a decoração de um quarto pela metade, deixando para trás os potes de tinta e um balde cheio de gesso fresco no alto de um andaime [...].

BEARD, M. Pompeia: a vida de uma cidade romana. Rio de Janeiro: Record, 2016. E-book.

Fotografia. Mulher de roupas brancas usando luva cirúrgica analisa crânio e ossos humanos dispostos no chão de terra escura com paredes ao fundo.
Pesquisadora analisando restos mortais de uma vítima da erupção do Vesúvio, Itália. Foto de 2019.

Responda no caderno.

  1. O que é fluxo piroclástico?
  2. Por que Pompeia é um sítio arqueológico a céu aberto?
  3. Em sua opinião, o que o estudo dos vestígios petrificados da cidade e de seus habitantes pode revelar sobre a vida em Pompeia e a erupção do Vesúvio?
Respostas e comentários

Cruzando fronteiras

Pretende-se, na seção, refletir sobre Pompeia como uma cidade cujos vestígios contribuem para a compreensão do cotidiano dos antigos romanos.

Atividades

1. De acordo com o texto de Méri bãrd, é “uma combinação mortal e fervente de gases, detritos vulcânicos e lava que se desloca em alta velocidade, sem deixar chances de sobrevivência”.

2. Espera-se que avaliem que os vestígios humanos petrificados são documentos históricos e permitem a leitura da tentativa de fuga e do sofrimento pelos quais passaram os moradores de Pompeia. Além disso, permite conhecer seu modo de vida no momento da erupção.

3. A resposta é aberta. Espera-se que ela esteja entre a definição dos vestígios humanos petrificados como documento histórico e a leitura da tentativa de fuga ou do sofrimento pelos quais passaram os moradores de Pompeia.

Atividade complementar

A atividade a seguir sugere o uso pedagógico de tecnologia. Caso seja possível sua realização, a depender do acesso à internet, é uma sugestão interessante para aliar ensino e tecnologia no âmbito escolar. Pompeia não foi a única cidade afetada pelo Vesúvio. A vizinha Herculano também foi coberta pela lava. O jogo O último banquete em Herculano conta um pouco dessa história. Sugira aos estudantes que o acessem por meio do link: https://oeds.link/rl6Ckv (acesso em: 25 jan. 2022). Eles podem baixar o jogo gratuitamente. A duração do jogo é de cêrca de uma hora e não é possível salvar a partida. Peça a eles que, após completar o jogo, escolham um dos cenários e anotem o que aprenderam sobre o cotidiano dos romanos nele. As etapas de solução do jogo e anotações devem ser feita em casa, reunindo as dúvidas para a aula seguinte.

Interdisciplinaridade

Pompeia, construída perto do Vesúvio, foi um caso histórico cujo estudo pode sensibilizar os estudantes para o desenvolvimento da habilidade do componente curricular ciências ê éfe zero sete cê ih um cinco – “Interpretar fenômenos naturais (como vulcões, terremotos e tsunamis) e justificar a rara ocorrência desses fenômenos no Brasil, com base no modelo das placas tectônicas”.

O cristianismo

O cristianismo começou como um culto modesto entre judeus da Palestina durante o século um Depois de Cristo Os primeiros cristãos seguiam os ensinamentos de Jesus, um judeu humilde que se dizia filho de Deus.

Jesus foi condenado pelos romanos e por parte da elite judaica à crucificação, uma punição dada a criminosos sem cidadania romana pelos crimes de sediçãoglossário e heresiaglossário .

Os seguidores de Jesus o viam como o Cristo, o ungidoglossário , que teria morrido para salvar os justos. A Boa Nova (Evangelho) seria a promessa do perdão dos pecados e de um reino que não era deste mundo.

A maioria dos primeiros fiéis cristãos era pobre. A ideia central das primeiras comunidades cristãs era a de que seu messiasglossário voltaria, julgaria os bons e os maus, e faria na Terra o reino de Deus.

Essas comunidades, que se formaram na região da Judeia, eram organizadas de maneira muito simples. Não havia edifícios imponentes para a celebração dos cultos. Por isso, as reuniões aconteciam, por exemplo, nas casas dos fiéis ou em locais isolados, como as catacumbasglossário . Também não existia um cleroglossário estruturado, e os cultos e as celebrações eram conduzidos pelos membros da comunidade.

Aos poucos as comunidades cristãs foram se espalhando para outras regiões. Por volta do ano 70 Depois de Cristo, havia cristãos em muitas partes do Império Romano.

Fotografia. Placa de pedra com o desenho de um homem com trajes simples pastoreando duas ovelhas. Ele está rodeado por árvores e dois pássaros.
Representação do Bom Pastor em lápide, provavelmente do século um Depois de Cristo, encontrada em Roma, Itália.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Essa lápide foi produzida no período do denominado cristianismo primitivo. A representação de Jesus como o Bom Pastor é uma das mais antigas do cristianismo.

Respostas e comentários

São apresentadas as origens do cristianismo no interior do Império Romano. A ideia é compreender a doutrina cristã como uma narrativa religiosa que conquistou as pessoas materialmente desprovidas e acabou se tornando revolucionária, entre outros aspectos, por colocar em xeque a autoridade do imperador.

Ampliando

No texto a seguir, é apresentada uma explicação para o sucesso da conversão ao cristianismo.

“Não podemos deixar de recordar que a difusão do cristianismo aconteceu no conjunto da Bacia Mediterrânea onde vigorava uma economia fundamentada na escravidão. As mulheres e crianças não afortunadas também eram penalizadas com a exclusão social na sociedade greco-romana, marcadamente machista e brutal. Não era estranho, portanto, que o Evangelho respondesse a uma expectativa profunda dos homens nos primeiros séculos da nossa era.”

FIGUEIREDO, A. C. S. de. O cristianismo copta: uma face particular do multiculturalismo cristão. ín CONGRESSO Internacional de Religião, mito e magia no Mundo Antigo, 1., 2010, Rio de Janeiro. Anaisreticências Rio de Janeiro: UERJ/NEA, 2010. página 18.

Curadoria

O cristianismo e o Império Romano: tópicos sobre mobilidade espacial, identidade étnica e hibridismo cultural (Artigo)

Ludimila Caliman Campos. Revista Ágora, Vitória, número 15, página 132-145, 2012.

O artigo apresenta reflexões sobre a mobilidade espacial, a identidade étnica e o hibridismo cultural no Império Romano, bem como a respeito da expansão e da difusão do cristianismo nesse contexto.

Fotografia. Detalhe de parede com pintura de cor escura e dourado e quatro quadros dispostos verticalmente. Na parte superior, destaque para o segundo quadro, com o desenho da cabeça de um homem e inscrições em latim. Na parte inferior, destaque para o quarto quadro, com inscrições em latim
Foto do interior de catacumba ornamentada com cenas bíblicas, provavelmente pintadas no século quatro Depois de Cristo, em Roma, Itália.

A expansão do cristianismo

Os primeiros seguidores do cristianismo eram perseguidos porque não aceitavam cultuar os deuses romanos nem reconheciam a autoridade divina do imperador. Mesmo assim, a religião se espalhou pelas diversas regiões do Império Romano, principalmente entre integrantes das camadas mais pobres da população e os escravizados.

Isso decorreu provavelmente da prática cristã de auxiliar os mais pobres, doentes e órfãos, bem como da promessa de uma vida após a morte, na qual todos seriam livres se acreditassem em Cristo. Ou seja, a popularidade da religião estava relacionada à ideia de justiça social.

Até o século três Depois de Cristo, os cristãos haviam organizado casas de culto e distribuição de alimentos e criado uma rede de ajuda mútua entre os fiéis em muitas partes do império. Naquele período, muitas famílias da elite romana haviam se convertido ao cristianismo e, por isso, a perseguição aos cristãos tornou-se mais rara e difícil.

Como o Império Romano era muito vasto, à medida que o cristianismo se expandia, ia sendo influenciado por diferentes culturas. Cada comunidade que incorporou a religião adaptou-a a sua cultura.

A expansão do cristianismo – séculos um Depois de Cristo-três Depois de Cristo

.Mapa. A expansão do cristianismo – séculos um depois de Cristo a três depois de Cristo. Destaque para terras na Europa, na Ásia e na África ao redor do Mar Mediterrâneo.
Legenda:
Marrom: Palestina - berço do cristianismo.
Difusão do cristianismo
Rosa: Até o final do século dois.
Roxo: Até o final do século três.
Linha tracejada: Limites do Império Romano.
No mapa, a Palestina localiza-se em uma faixa no litoral oeste da Ásia e engloba as cidades de Jerusalém e Belém.
Até o final do século dois, o cristianismo se difundiu pela Síria, incluindo as cidades de Damasco e Antioquia; por quase toda a Ásia Menor, incluindo as cidades de Tarso e Niceia, excluindo a parte sul; pelo sul da Trácia; pelo litoral leste do Mar Adriático; por pequena área no sul da Grécia; por uma porção da Península Itálica, incluindo a cidade de Roma; pelas ilhas de Creta e Chipre; ao redor da cidade de Alexandria, no Egito; pelo norte da região de Cirenaica; e pela região da cidade de Cartago.
Até o final do século três, o cristianismo se difundiu pela região da Armênia; pelo norte da Península do Sinai e pela área ao sul de Alexandria, no Egito; por uma área maior da região da Cirenaica; por pequena área no norte da Mauritânia; por uma extensa faixa no litoral norte da África e ao sul de Cartago; pela Hispânia, à exceção da região oeste; pela Gália, à exceção da parte norte e da parte leste; pelo sudeste da região da Britânia (atual Reino Unido); por todo o restante da Península Itálica, incluindo as cidades de Milão e Aquileia; pela Dalmácia; pelo restante da Trácia, da Grécia e da Ásia Menor.
Os limites do Império Romano abrangem quase todas as áreas de difusão do cristianismo, exceto a maior parte da Armênia e uma pequena área no sul do Egito. Além disso, incluem quase toda a Britânia, uma porção maior de território no norte da África, toda a Hispânia, o sul da atual Alemanha, a atual República Tcheca, toda a Península do Sinai e uma porção maior do Oriente Médio.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 340 quilômetros.

FONTE: dubí, G. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. página 30.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar da expansão e das transformações do cristianismo, contribui-se para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um oito, da Competência Específica de Ciências Humanas nº 5 e da Competência Específica de História nº 2.

Até em locais mais próximos de Roma, as diferenças culturais podiam ser acentuadas. No norte da África, por exemplo, Cartago era um importante centro da fé cristã, fortemente influenciado pela cultura e pela língua latinas. Outra realidade era encontrada no Egito, que abrigava uma literatura bastante diversa. Lá, uniram-se elementos da filosofia grega à mensagem dos evangelhos. Outro exemplo dessa multiculturalidade pode ser encontrado na chamada língua copta, uma das várias faladas no Egito naquela época. O copta era uma síntese da antiga língua egípcia com a grega e a romana. Em sua escrita, que não era hieroglífica, utilizava-se o alfabeto grego. No século três, ela foi adotada como língua oficial da religião cristã egípcia, que passou a ser denominada cristianismo copta, sendo praticada ainda hoje.

É importante comentar com os estudantes o tempo de expansão do cristianismo no território imperial. Começando na porção oriental, foi se espalhando pelo Ocidente. Não por acaso, os primeiros registros do Evangelho foram feitos na língua grega. É notável, porém, o ritmo da expansão representada no mapa desta página. Considerando que a religião é um fato de longa duração, a substituição pelo cristianismo ou o deslocamento das antigas crenças e práticas religiosas seculares vigentes entre os romanos ocorreram em um intervalo de trezentos anos.

Uma crise no império?

No século três Depois de Cristo, o modelo político de Roma apresentava sinais de desgaste. Além disso, o crescimento do cristianismo contribuiu para mudar algumas características do império.

A hipótese mais tradicional para a explicação da chamada crise do século três é a do colapso do sistema escravista. De acordo com essa interpretação, com a redução da expansão territorial romana, diminuiu o número de pessoas capturadas pelo exército. Assim, começaram a faltar trabalhadores no campo.

Isso se refletiu no preço dos alimentos e de outros produtos, tornando o custo de vida no império extremamente caro e quase insustentável. Assim, as atividades comerciais se reduziram e muitos habitantes dos grandes centros urbanos fugiram para vilas no campo, nas quais podiam produzir ou trocar alimentos.

Com a saída da população, diminuiu a arrecadação de impostos nas cidades. Para reduzir despesas, o império foi gradualmente desarticulandoglossário  o exército, que era muito caro para se manter, deixando a defesa a cargo de mercenáriosglossário estrangeiros, mais baratos.

A hipótese da crise do sistema escravista e de seus efeitos sobre o Império Romano não está equivocada. No entanto, nas regiões que faziam parte do império fóra do continente europeu a realidade era diferente.

Nas províncias na África do Norte, por exemplo, a economia estava melhorando. Assim, cada vez mais integrantes da elite local foram incorporados às ordens equestre e senatorial. Muitos dos chamados bárbaros conquistaram a cidadania romana, especialmente em 212 Depois de Cristo, quando o imperador Caracala a estendeu a todos os habitantes livres do império.

Assim, é preciso relativizarglossário a ideia de crise em todo o sistema imperial e considerar que houve algumas mudanças profundas, mas lentas, e não ao mesmo tempo em todas as regiões.

Pintura. Mulher com vestido roxo e cabelos presos com um lenço marrom agachada manuseando objetos dentro de uma caixa que está no chão.
Detalhe de afresco romano do século um Depois de Cristo representando uma mulher escravizada, encontrado nas ruínas de Pompeia, em Nápoles, Itália.
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Imagens em contexto!

O afresco foi encontrado em uma escavação realizada na chamada Casa do Amor Punido (ou Casa dos Vécios), em Pompeia. Essa casa era uma das mais luxuosas da cidade e pertenceu a dois libertos bem-sucedidos. Na cena completa do afresco, são representados a deusa Vênus e o deus Marte. O desenho da escravizada está ao fundo da cena.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar da crise do século três, destacando a relação entre a expansão territorial e a reposição da mão de obra escravizada, as tensões sociais e a ruralização, o conteúdo contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um cinco, ê éfe zero seis agá ih um seis e ê éfe zero seis agá ih um sete. Ao abordar a ampliação da cidadania romana para todos os homens livres do império, contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um dois e ê éfe zero seis agá ih um sete. As referências à variedade do sistema imperial mobilizam a habilidade ê éfe zero seis agá ih um três.

Por meio da noção de liberdade e da prática da manumissão, os escravizados podiam se tornar livres. No entanto, mesmo do ponto de vista jurídico, desde Augusto, havia uma série de limitações impostas aos libertos. Legalmente, havia um número máximo de escravizados mantidos por testamento, e ser liberto não implicava ter cidadania. Os libertos podiam adquirir e vender propriedades e estabelecer contratos, mas eram impedidos de transmitir seus bens a herdeiros naturais. Tudo o que adquiriam retornava ao patrimônio de seus patronos (donos que os libertaram). Segundo o historiador Fabio Jôlí, essas limitações aumentaram o poder senhorial. Jôlí utiliza esse quadro como o pano de fundo para interpretar a filosofia estoica sobre a liberdade e a escravidão. Em linhas gerais, o liberto continuava preso ao passado servil, como se sua alma permanecesse escravizada. Ainda segundo Jôlí, o filósofo Sêneca tomava a figura do liberto em seu argumento sobre a verdadeira liberdade, jamais alcançável pela manumissão. Para mais informações sobre o assunto, consulte: Jôlí, F. D. Liberdade e escravidão no pensamento estoico romano: uma leitura da Consolátio ád polibíum, de Sêneca. Revista de História, São Paulo, número 176, página 1­20, 2017.

Apenas em 212 Depois de Cristo, todos os homens livres dos territórios do império foram considerados cidadãos romanos. A extensão da cidadania era uma estratégia para construir a unidade cultural, além da territorial, a fim de tornar o império mais estável. Contudo, com um território tão extenso e culturas tão plurais, a unidade identitária era um sonho muito distante.

A tetrarquia

O imperador Diocleciano, que assumiu o poder em 284 Depois de Cristo, foi o último a tentar pôr fim ao culto cristão no império ou pelo menos diminuir sua importância. Ele não conseguiu.

Diocleciano teve mais sucesso em instituir uma fórma de tornar a rotina administrativa mais fácil com o estabelecimento da tetrarquia (governo dividido entre quatro pessoas).

Nesse sistema havia dois imperadores. Cada um era responsável por uma porção do Império Romano: a Ocidental, que era administrada por Maximiano, e a Oriental, sob a supervisão de Diocleciano. Cada imperador tinha uma espécie de auxiliar, que recebia o título de César.

Fotografia. Escultura de quatro homens abraçados dois a dois, usando armaduras e mantos e segurando espadas junto ao corpo.
Os tetrarcas, escultura do século quatro representando os imperadores e os césares que governavam o império.

O império sob Constantino

A tetrarquia não funcionou por muito tempo. Diocleciano abdicou em 305 Depois de Cristo e teve início uma disputa por poder. Constantino, que era militar e César (espécie de auxiliar) de Diocleciano, tornou-se imperador único por meio de um golpe de Estado, se mantendo no poder entre 306 Depois de Cristo e 337 Depois de Cristo

Em 330 Depois de Cristo, com o aumento da importância do Oriente, ele transferiu a capital do império para Bizâncio. A cidade, então, tornou-se Constantinopla (“cidade de Constantino”).

Em Constantinopla, havia intenso trânsito de pessoas e de culturas, e funcionava um comércio muito lucrativo. As principais rotas comerciais que ligavam o Ocidente ao Oriente passavam por essa cidade. As cerâmicas feitas no sul da França, por exemplo, eram enviadas para Constantinopla. De lá eram distribuídas para o Oriente e para o sul do Mar Mediterrâneo.

Sedas chinesas, antes de chegar à elite de Cartago, passavam pelos mercados e pelas rotas de Constantinopla. As especiarias produzidas na Índia também passavam por lá antes de chegar às cozinhas de Roma e de vários outros lugares.

Fotografia. Estátua esverdeada, a céu aberto, representando um homem com cabelos curtos sentado em um trono, com armadura no peito, usando uma longa capa presa no pescoço. Suas sandálias têm perneiras com o desenho da cabeça de um leão na parte superior de cada uma. Seu braço direito está estendido, apoiado no encosto do trono, e seu braço esquerdo segura uma espada com a ponta apoiada no chão.
Estátua de bronze representando Constantino em iórque, Reino Unido. Foto de 2017. Nesse local, ele foi proclamado imperador de Roma, em 306 Depois de Cristo
Fotografia. Pulseira dourada com corrente grossa e fecho grande adornado com detalhes de vidro vermelho.
Pulseira de ouro, vidro e ferro fundido produzida em Constantinopla, entre os séculos quatro e cinco, encontrada na região do norte do Mar Negro.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar da tetrarquia e da divisão do império, bem como da capitalidade de Bizâncio, o conteúdo mobiliza as habilidades ê éfe zero seis agá ih um três, ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Com base na história de Bizâncio, é possível entender a presença romana na Ásia. A cidade foi fundada no século sete antes de Cristo por colonos gregos. Em 196 Depois de Cristo, Bizâncio passou a pertencer aos romanos. Em toda a Antiguidade e em períodos históricos posteriores, a cidade destacou‑se por estar em uma posição geográfica privilegiada: no Estreito de Bósforo. Configurava, assim, uma passagem entre os mundos oriental e ocidental.

A lógica da cidadania que vigorava em Bizâncio era a de que havia poucos cidadãos gregos ou romanos, os quais eram os responsáveis pela administração e pela fiscalização da cidade. Os não cidadãos eram a maioria e pagavam alta tributação sobre suas atividades. Isso mudou com a extensão da cidadania romana a todos os habitantes livres do império, determinada por Caracala, e, mais tarde, com a transformação da cidade em capital romana.

Atividade complementar

Proponha aos estudantes a realização de uma cronologia das informações apresentadas no capítulo. Se julgar conveniente, proponha-lhes a ampliação dessas informações básicas com a realização de uma pesquisa em livros impressos e/ou na internet. A cronologia pode ser ilustrada com a reprodução de imagens de época ou com desenhos feitos pelos estudantes. Você pode propor-lhes, ainda, que construam uma linha do tempo relacionando o cristianismo às transformações políticas do Império Romano. Atente sempre para o fato de que se deve cuidar da proporção para sinalizar a duração e a distância temporal entre os acontecimentos.

Cristianismo: religião oficial do império

Em 313 Depois de Cristo, Constantino decretou o Edito de Milão. Por meio desse documento, ele concedeu liberdade de culto aos seguidores do cristianismo.

Como a religião foi permitida, o número de fiéis aumentou ainda mais e a estrutura do cristianismo foi se tornando mais complexa. Com o passar do tempo, os cristãos começaram a divergir sobre a liderança da instituição e a doutrina que deveriam seguir.

Nesse contexto, surgiu a questão das heresias, que eram as interpretações do cristianismo consideradas erradas. Para identificar uma doutrina errada, era preciso que houvesse uma certa. Mas, com tantas interpretações distintas, quais eram as corretas e quais eram as erradas?

Em 325 Depois de Cristo, o imperador Constantino convocou um concílioglossário para resolver essa e outras questões. cêrca de trezentos bispos se reuniram, então, na cidade de Niceia para estabelecer a ortodoxia, ou seja, escolher a interpretação correta relacionada a vários pontos do cristianismo.

No ano 380 Depois de Cristo, o imperador Teodósio tornou o cristianismo a religião oficial do Império Romano. Isso causou um embate: quem teria autoridade sobre a Igreja? O problema piorou com a instituição do papado, isto é, o momento em que o bispo de Roma passou a receber o título de papa e reivindicar autoridade sobre todos os demais.

Pintura. Ao fundo, casas e um palácio. No centro, homem nu sentado dentro de uma pia batismal, com um homem de barba do lado esquerdo com uma mão em sua cabeça. Ainda do lado esquerdo, quatro homens com roupas religiosas, um deles segurando uma haste com uma cruz na ponta. Esses homens têm a parte do meio da cabeça raspada, sem cabelo. O homem de barba tem o mesmo corte de cabelo e uma auréola ao redor da cabeça. Do lado direito, três homens vestindo mantos decorados estão observando. Um deles, usando um chapéu pontiagudo, segura uma vestimenta luxuosa, azul com muitos detalhes dourados.
Detalhe do afresco A lenda de Constantino e São Silvestre, de 1246.
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Imagens em contexto!

Na imagem, há a representação do imperador Constantino sendo curado da lepra (hanseníase). Essa doença é causada por uma bactéria e se manifesta pelo aparecimento de manchas brancas na pele e de feridas no corpo do doente, principalmente nas extremidades, como mãos, pés e cabeça. Constantino teria sido curado, segundo a tradição cristã, pela intervenção divina mediada por São Silvestre. Essa pintura compõe uma série de afrescos pintados no século treze em uma igreja na cidade de Roma para homenagear Constantino.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar do fortalecimento e da institucionalização da Igreja entre o final da Antiguidade e o início da Idade Média, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero seis agá ih um oito.

Os membros da comunidade cristã que conduziam os cultos e as celebrações eram, em geral, os mais velhos ou experientes. Recebiam, geralmente, o nome presbíteros, derivado da palavra grega que significa “anciãos”. Com o tempo, o título dos administradores de dioceses (epíscopos) passou a ser empregado para designar um líder capaz de organizar várias comunidades cristãs (dando origem à palavra bispo).

Do ponto de vista do pensamento político e das justificações do poder, a institucionalização da Igreja e o reconhecimento do poder papal dariam lugar a discussões sobre as relações e proeminências entre os poderes espiritual e temporal (este relacionado à vida mundana e política em geral). A ambição por parte do papado de interferir na vida cotidiana se estenderia por muitos séculos.

A aproximação ou a confluência entre poder político e poder religioso não é um fenômeno exclusivo do mundo antigo; persiste até hoje. Para promover uma discussão sobre esse assunto, proponha à turma algumas perguntas relativas, por exemplo, às intervenções do papa e de outras lideranças religiosas em assuntos mundanos.

A institucionalização do papado como autoridade política e religiosa remonta ao século cinco, quando o imperador romano Valentiniano terceiro reconheceu oficialmente a pretensão de uma autoridade máxima, o bispo de Roma, sobre as igrejas católicas. Assim, o primeiro papa oficialmente reconhecido como autoridade máxima da Igreja Católica foi Gregório primeiro, que permaneceu na função de 590 a 604.

Os povos “bárbaros” e o fim de Roma

Você se lembra do que estudou sobre o termo bárbaro? Os romanos usavam essa palavra para caracterizar as culturas que eles consideravam inferiores à greco-romana.

Ser bárbaro também significava não ter direito à cidadania romana, pois os assim chamados não viviam em cidades romanas.

Os cidadãos romanos, especialmente os que moravam em cidades, achavam tinham uma característica especial: a Romãnitás (algo como “romanidade”). Eles acreditavam também que os bárbaros não tinham bons valores. Essa era uma fórma de procurar afirmar sua superioridade sobre os povos vizinhos e conquistados.

Quando Roma se tornou cristã, o conceito se modificou, e quem era pagão (ou seja, não cristão) passou a ser considerado bárbaro.

Entre os séculos três e quatro Depois de Cristo, alguns eventos mudaram as relações entre os romanos e os chamados povos bárbaros. Nos territórios da China, os anos 350 Depois de Cristo a 360 Depois de Cristo foram marcados por temperaturas extremas e pela falta de alimentos. Diante dessa situação, a população desses territórios começou a se deslocar, empurrando várias tribos asiáticas, como a dos hunos, e povos conhecidos como germânicos (vândalos, godos e visigodos, entre outros) para as fronteiras do Império Romano.

Fotografia. Estátua de uma mulher nua com uma tiara na testa, colares no pescoço e muitas pulseiras no braço e nos tornozelos. Há duas figuras humanas menores, da altura de suas pernas, com menos adornos, ladeando seu corpo e segurando objetos na altura do ombro.
Estátua do século um Depois de Cristo representando Lacximi, a deusa indiana (hindu) da fortuna e da beleza, encontrada nas ruínas de Pompeia, Itália.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

A relação dos romanos com povos de outras culturas não era simples. Por exemplo, nas escavações arqueológicas em Pompeia foi encontrada a estatueta indiana da imagem. Provavelmente, ela passou por diferentes locais até chegar a uma casa romana, em Pompeia. Se as culturas bárbaras fossem vistas apenas como inferiores, essa representação de Lacximi não estaria lá.

Quadrinho composto por um quadro. Apresenta Frank e Ernest, dois homens de barba usando mantos brancos, um com detalhes vermelhos e outro com detalhes azuis, e faixas na cabeça. Eles observam homens de barba com roupas de pele de animais, semelhantes a vikings, um com rabo de cavalo, os outros com chapéus com chifres pequenos segurando lanças e escudos. Ao fundo, construções com colunas e teto triangular. Ernest fala para Frank: 'Seja agradável com os bárbaros... nós podemos precisar deles para nos salvar algum dia!'.
Frenc end Érnest, tirinha de Bob Teives, 2011.
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Bê êne cê cê

Ao tratar das relações culturais dos romanos com os bárbaros, e de como estes mudaram as fronteiras do império, o conteúdo colabora para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um quatro e ê éfe zero seis agá ih um cinco.

Ampliando

A relação entre os romanos e os povos bárbaros era complexa. Afinal, com a expansão imperial, a divisão estanque entre nós e eles se desequilibrou. Méri bírd trata desse assunto no texto a seguir.

“Os romanos eram capazes de desprezar e zombar dos bárbaros conquistados, de exaltar a própria condição civilizada e sofisticada diante daqueles gauleses reticências de longos cabelos e corpos pintados, ou de outros tipos supostamente inferiores. De fato, muitas vezes faziam exatamente isso. Mas a partir desse momento, houve sempre outra corrente de escritos romanos, que fazia uma reflexão mais subversiva sobre a posição relativa dos romanos dentro do mundo mais amplo e sobre como o equilíbrio da virtude deveria abranger os de dentro e os de fóra. Quando, três séculos mais tarde, o historiador Tácito insinuou que a verdadeira virtude ‘romana’ residia nos ‘bárbaros’ da Escócia, e não na própria Roma, estava desenvolvendo uma tradição de argumentação que remontava àqueles primeiros dias do Império, e da literatura.”

bãrd, M. ése pê quê érre: uma história da Roma Antiga. São Paulo: Planeta, 2017. página 242.

Ampliando

No texto a seguir, o historiador Píter Frêncopen aborda o impulso das migrações ocorridas a partir do século três, em especial as sucedidas entre 350 Depois de Cristo e 360 Depois de Cristo

“É provável que isso tenha sido causado por uma mudança climática, que tornou a vida nas estepes excepcionalmente dura e desencadeou intensa competição por recursos. O impacto foi sentido desde a Báctria, no norte do Afeganistão, até a fronteira romana no Danúbio, onde refugiados começaram a aparecer em grandes levas reticências.”

Frêncopen, P. O coração do mundo: uma nova história universal a partir da Rota da Seda: o encontro do Oriente com o Ocidente. São Paulo: Planeta, 2019. página 80-81.

A divisão do império e a Antiguidade tardia

Diante da pressão nas fronteiras, no final do século quatro, o imperador Teodósio adotou uma política de distribuição de terras aos chamados povos bárbaros como fórma de construir novas alianças.

Além disso, ele dividiu o território romano em Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, e Império Romano do Ocidente, sediado em Ravena, na Itália.

Apesar dessas medidas, líderes bárbaros que ainda eram considerados uma ameaça ao território romano se fortaleceram. Em contrapartida, o Império do Ocidente estava enfraquecido militar e economicamente. Do ponto de vista cultural, tinha sido bastante modificado pelos valores cristãos, que se misturavam à cultura romana. Assim, em 410 Depois de Cristo, os visigodos invadiram e saquearam Roma. Em 476 Depois de Cristo, o último imperador romano do Ocidente foi deposto pelos ostrogodos.

Ao analisar a crise do sistema escravista, a saída da população das cidades em direção ao campo, a expansão do cristianismo e a chegada de grupos bárbaros aos territórios do império, alguns historiadores criaram a expressão Antiguidade tardia para designar o período entre o século três e o século oito.

O uso desse termo serve para relativizar a queda do Império Romano em 476 Depois de Cristo como o fim do mundo antigo e o início da Idade Média, período que você estudará no próximo capítulo.

O avanço germânico sobre o Império Romano – século cinco Depois de Cristo

Mapa. O avanço germânico sobre o Império Romano – século cinco depois de Cristo. 
Apresenta a Europa, norte da África e parte da Ásia.
Legenda:
Amarelo: Império Romano.
No mapa, o Império Romano: abrange boa parte da Europa continental, incluindo toda a Hispânia (com as cidades de Toledo e Cartagena); a Gália (incluindo Lutécia e Toulouse); a Península Itálica (incluindo as cidades de Milão, Ravena e Roma); as ilhas de Sardenha, Córsega, Sicília, Creta e Chipre; a região da Península Balcânica; a Grécia;  a região das atuais Áustria, Hungria, Romênia e Bulgária; a região centro-sul da Bretanha; a Ásia Menor (incluindo Constantinopla); a região da atual Síria e Israel (incluindo Jerusalém); Egito (incluindo Alexandria); e todo o norte da África (incluindo Trípoli e Cartago).
Setas coloridas indicam o avanço dos povos germânicos.
Setas vermelhas: Anglos e saxões – das regiões das atuais Dinamarca e Holanda para o sul da Bretanha. Setas verde-escuras: Francos – da região da atual Alemanha para Lutécia, na Gália. 
Setas roxas: Vândalos – da região da atual Polônia, passando pela Gália e pela Hispânia, chegando a Cartago, no norte da África, e de lá para ilhas da Sicília, Sardenha e Córsega.
Setas verde-claras: Hunos – da região da Rússia, na altura da atual cidade de Moscou, atravessando a região da atual Bielorrússia, passando pela cidade de Ravena, voltando para a região da atual Hungria. 
Setas azuis: Ostrogodos – da região da atual Ucrânia, passando pela região da atual Romênia, indo até o norte da Península Itálica. 
Setas marrons: Visigodos – do centro da Rússia europeia, indo para o sul até a região da atual Macedônia, indo para a Península Balcânica e de lá atravessando a costa do Mar Adriático, passando por Ravena, entrando na Península Itálica chegando à cidade de Roma.
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 310 quilômetros.

FONTE: KINDER, H.; HERGT, M.; HILGEMANN, W. Atlas histórico mundial: de los orígenes a nuestros días. 22. Editora Madrid: Akal, 2007. página 116.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar da reorganização do império e da noção de Antiguidade tardia, o conteúdo mobiliza a habilidade ê éfe zero seis agá ih um três e as Competências Específicas de História nº 5 e nº 6.

Nessa parte do capítulo, reforçam-se os elementos que compuseram a chamada crise do século três e apresenta-se o conceito de Antiguidade tardia na historiografia. Tradicionalmente, os historiadores atribuem o início da crise aos problemas no funcionamento do sistema escravista romano. Para eles, a Idade Média se iniciou logo em seguida. Alguns historiadores contemporâneos, por sua vez, ao refletir sobre as realidades distintas do império, optam por abordar o período à luz do conceito de Antiguidade tardia.

Como já apontado, a diversidade no interior do império era bem maior do que a representada nas imagens que chegaram aos dias atuais. Um exemplo básico dessa diversidade tem a ver com as duas línguas hegemônicas: o latim no Ocidente e o grego no Oriente. Havia, também, grande diversidade religiosa, que se preservava apesar do avanço do cristianismo. Àquela altura, o cristianismo também se espalhara pelo império e não era mais somente uma religião relacionada aos escravizados, aos libertos e aos homens e às mulheres livres e pobres, porque parte da elite romana também havia se convertido a ela.

O tema da barbárie e da relação dos romanos com os não romanos, muitos dos quais já cidadãos, é debatido nessa parte do capítulo. Apesar do conceito de barbárie usado no Império Romano, os diálogos entre as culturas eram marcados pela admiração e pela negação. No mapa desta página, é possível identificar alguns dos povos germânicos com os quais os romanos mantinham contato e que ocupariam a porção ocidental do império.

Versões em diálogo

pács rômãna (“paz romana”) foi o nome da política adotada pelo primeiro imperador romano, Augusto, em 28 antes de Cristo Acredita- -se que ela tenha durado até o governo do imperador Marco Aurélio, em 180 Depois de Cristo

Segundo essa política, as fôrças militares do Império Romano deveriam concentrar-se na proteção das fronteiras contra a invasão de bárbaros. Assim, o império não deveria provocar guerras por expansão territorial, mas apenas proteger-se da perda de territórios.

De acordo com o historiador britânico Éduárd Guíbon, orientados pela pács rômãna, os imperadores da dinastia Nerva-Antonina:

TEXTO 1

reticências persistiram no propósito de manter a dignidade do império sem tentar alargar-lhe os limites. Recorriam a todo e qualquer expediente honroso para aliciar a amizade dos bárbaros e esforçavam-se por convencer a humanidade de que o poder romano, posto acima da tentação de conquista, era movido tão só pelo amor à ordem e à justiça. reticências

O terror das armas romanas dava peso e dignidade à moderação dos imperadores. Eles preservavam a paz mediante uma constante preparação para a guerra; e, ao mesmo tempo que regulavam sua conduta pelos ditamesglossário da justiça, anunciavam às nações de seus confins que estavam tão pouco dispostos a suportar quanto a cometer uma injúria.”

Guíbon Í Declínio e queda do Império Romano. São Paulo: Companhia de Bolso, 2018. E-book.

A também historiadora britânica Méri bírd, por sua vez, afirma que:

TEXTO 2

reticências Guíbon viveu em uma época em que historiadores julgavam ‘sem hesitar’ e estavam dispostos a acreditar que o mundo romano teria sido um lugar melhor para se viver do que o deles.

reticências O próprio Guíbon admite – em linhas que são hoje raramente citadas reticências que um de seus favoritos, Adriano, podia também ser fútil, caprichoso e cruel – um excelente príncipe, tanto quanto um tirano ciumento. Guíbon deve ter tido conhecimento do episódio em que Adriano mandou matar seu arquiteto por discordar do projeto de um edifício reticências.”

bãrd, M. ése pê quê érre: uma história da Roma antiga. São Paulo: Planeta, 2017. página 479.

Com base na leitura e nas reflexões apresentadas, faça o que se pede a seguir.

Responda no caderno.

  1. O que foi a pács rômãna?
  2. Identifique a visão de cada um dos historiadores sobre o Império Romano comparado ao chamado mundo bárbaro. Justifique sua resposta com trechos dos textos.
  3. Escreva um pequeno texto comparando os pontos de vista expostos nas duas narrativas apresentadas.
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A seção contribui para a reflexão sobre os fundamentos da escrita da história ao ressaltar o caráter temporal das interpretações, mobilizando, portanto, a Competência Específica de História nº 6.

Versões em diálogo

Por meio de trechos citados – um de um historiador do século dezoito e outro de uma historiadora contemporânea –, promove-se a análise do debate entre duas percepções da pács rômãna e do Império Romano de fórma geral, em contextos históricos e historiográficos distintos.

Atividades

1. pács rômãna foi o nome atribuído a uma política imperial adotada por Augusto, em 28 antes de Cristo, que teria durado até o governo de Marco Aurélio, em 180 Depois de Cristo Com essa política, instituiu-se a proteção das fronteiras do Império Romano contra a invasão de povos bárbaros pelas fôrças militares. O império não provocaria guerras por expansão territorial, mas se esforçaria para não perder territórios.

2. No texto de Guíbon, há uma idealização do Império Romano e de alguns de seus imperadores como bondosos e necessários para a história da humanidade. Já bãrd destaca o fato de que os que comandavam o Império Romano, como Adriano, um dos “bons imperadores” para Guíbon, podiam ser fúteis, caprichosos e cruéis.

3. Para melhor compreensão desses pontos de vista distintos pelos estudantes, comente com eles que Guíbon foi um historiador britânico do século dezoito, ao passo que Méri bírd é uma historiadora e arqueóloga contemporânea. No texto deles devem estar destacadas a valorização do Império Romano por Guíbon e a crítica feita por bãrd à visão de Guíbon.

Curadoria

O templo de Márs Vítor no fórum de Augusto: o deus da guerra utilizado como símbolo da paz (Artigo)

Mascuelber de Cássio Cunha Barros. Classica, Belo Horizonte, volume34, número 2. 2001. Disponível em: https://oeds.link/4BuwPb. Acesso em: 21 abril 2022.

O artigo analisa a construção do fórum de Augusto e do templo de Marte Vingador enquanto símbolos da política imperial. Fórum e templo eram espaços para funções práticas e também toda uma série de rituais cívicos importantes. O autor explora a função ideológica da arquitetura e iconografia na construção da pács rômãna.

A Roma do Oriente: o Império Bizantino

Durante grande parte do Império Romano, a importância política e econômica e a diversidade cultural da cidade de Bizâncio eram semelhantes às de Roma. Seu crescimento e sua relevância se deviam, como você estudou, às rotas comerciais que por lá passavam.

Quando Constantino decidiu manter-se naquela cidade, rebatizando-a como Constantinopla, sua arquitetura – marcada por imensos palácios, enormes colunas, estátuas e bibliotecas, entre outras construções – tornou-se ainda mais expressiva. Constantinopla, mais tarde chamada Istambul, passou a ser a maior e a principal cidade da região do Mar Mediterrâneo.

Após a divisão do Império Romano, em 395 Depois de Cristo, e o saque de Roma pelos visigodos, em 410 Depois de Cristo, a porção oriental do império se tornou independente, constituindo o que os historiadores costumam chamar de Império Bizantino.

Esse império iniciou uma política expansionista em direção às penínsulas Ibérica e Itálica (no Ocidente) e a territórios no Oriente. Houve conflitos especialmente com o Império Persa e com os vândalos no norte da África, de onde os bizantinos foram expulsos.

Fotografia. Vista aérea de uma cidade com o mar ao fundo. Em segundo plano, do lado direito, um grande templo com uma abóbada central, rodeado por torres pontiagudas. No centro da imagem, árvores e, em primeiro plano, prédios e outras construções.
Vista aérea da cidade de Istambul, na Turquia. Foto de 2021.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Na imagem, aparece o centro histórico de Istambul, a antiga Constantinopla. À direita, pode-se ver a Hágia Sôfía, construída entre 532 e 537 Depois de Cristo, a mando de Justiniano. Esse era o principal templo cristão do Império Bizantino. Em 1935, depois de ter sido usada por um tempo como mesquita (templo islâmico), a construção foi transformada em museu. Ao fundo, está o Estreito de Bósforo, ligação marítima entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro.

Respostas e comentários

Nessa parte do capítulo é apresentada a transformação do Império Romano do Oriente em Império Bizantino, profundamente marcado pelas atividades comerciais e pela diversidade cultural. Nesse item, é interessante chamar a atenção dos estudantes para a continuidade da valorização da cultura helênica no Oriente.

Ampliando

No texto a seguir, o historiador Píter Frêncopen comenta a posição privilegiada de Constantinopla.

“Constantinopla ocupava uma posição dominante em relação a outras rotas cruciais, especialmente o tráfego marítimo que entrava e saía pelo Mar Negro, e também como ponto de escuta para os desenvolvimentos a leste e também ao norte – em direção aos Bálcãs e às planícies da Panônia reticências”.

Frêncopen, P. O coração do mundo: uma nova história universal a partir da Rota da Seda: o encontro do Oriente com o Ocidente. São Paulo: Planeta, 2019. página 80-81.

Ampliando

O texto a seguir trata da Hágia Sôfía.

“Ainda hoje uma das maiores catedrais já construídas, seu tamanho bastava para fazer dela uma amostra imponente da capital do império. Em termos arquitetônicos, contudo, o objetivo explícito da catedral era inspirar no cristão a sensação de proximidade com Deus. Nesse sentido, nada era mais eficiente do que a experiência de estar dentro do imenso espaço interno da catedral e olhar para cima, para dentro do gigantesco domo central. Como arquitetos, Justiniano escolheu dois gregos eminentes, o físico Isidoro de Mileto e o matemático Artêmio de Tales reticências. O desafio estrutural do projeto era suportar um imenso domo circular sobre uma base quadrada. Nesse caso, foram construídas quatro enormes colunas em cada ângulo do quadrado, no topo das quais havia quatro arcos. O espaço entre os arcos foi preenchido com alvenaria, a fim de criar estruturas triangulares curvas chamadas pendentes, que, juntamente com a extremidade dos arcos, formam uma base resistente para o domo. Com a luz inundando o ambiente ao entrar por 40 janelas na base, o domo parecia flutuar sobre a nave. No centro do domo estava a imagem austera do benevolente Cristo Pantocrator (Onipotente), o ‘Rei de Todos’, mestre dos mundos material e espiritual.”

Fártfing, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. página 73-74.

O governo de Justiniano

O auge da expansão do Império Bizantino ocorreu no reinado de Justiniano (527 Depois de Cristo-565 Depois de Cristo). Entre suas muitas realizações, ele unificou a religiosidade do Império Bizantino. Para isso, tomou o poder sobre a Igreja Católica Ortodoxa Grega e declarou-se o representante de Deus na Terra.

Dessa maneira, além de ser governante, ele passou a comandar as questões religiosas do império, que anteriormente eram responsabilidade do papa. Esse sistema de relações entre o governo e a Igreja é denominado cesaropapismo.

O governo de Justiniano também juntou leis que estavam em vigor no Império Bizantino, muitas delas herdadas do Império Romano, com as práticas e regras locais, em um livro chamado Córpus Júris Civílis (“Corpo de direito civil”).

Uma das regras presente nesse livro era a de que ninguém seria obrigado a defender uma causa contra a própria vontade. Outra lei contida no Córpus Júris Civílis garantia que nenhum cidadão sofreria penalidade por dizer o que pensava.

A elaboração de vários fundamentos do direito é uma das heranças da Roma antiga e do Império Bizantino. Essa herança está presente em vários países. Um deles é o Brasil, como você pôde notar na abertura do capítulo.

Império Bizantino: as conquistas de Justiniano – século seis Depois de Cristo

Mapa. Império Bizantino: as conquistas de Justiniano – século seis depois de Cristo. 
Apresenta a Europa, o norte da África e parte da Ásia.
Legenda:
Rosa: O império no início do reinado de Justiniano (527).
Laranja: As conquistas de Justiniano.
No mapa, o império no início do reinado de Justiniano abrange o sudeste da Europa, ao sul do Rio Danúbio; a Grécia, incluindo Atenas; a ilha de Creta; a Ásia Menor, incluindo as cidades de Constantinopla e Éfeso; a ilha de Chipre; o oeste da Ásia, em áreas das atuais Geórgia e Armênia; a  Síria, incluindo a cidade de Antioquia; a Palestina, incluindo Jerusalém; uma porção do Egito, às margens do Rio Nilo, incluindo Alexandria; o norte da atual Líbia.
As conquistas de Justiniano abrangem áreas das atuais Croácia, Eslovênia, Áustria e Suíça; a Península Itálica, incluindo as cidades de Milão e Ravena; as ilhas da Sicília, incluindo a cidade de Siracusa; Sardenha; Córsega; sul da Península Ibérica, ao sul do reino dos visigodos, incluindo a cidade de Cartagena; área ao redor da cidade de Tingis, no norte da África; uma extensa faixa no litoral norte da África, incluindo as cidades de Cartago e Trípoli. 
No canto inferior direito, a rosa dos ventos e escala de 0 a 290 quilômetros.

FONTE: dubí, G. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. página 34.

Dica

LIVRO

Arte bizantina, de Chárles Baiét. São Paulo: Folha de semPaulo, 2017. (Coleção O mundo da arte).

Nesse livro, são reproduzidas imagens de algumas das obras de arte bizantinas, com destaque para os mosaicos. O livro também apresenta textos que explicam as principais características dessas obras.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao tratar do uso político da religião por Justiniano e do papel das mulheres na política imperial, o conteúdo contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero seis agá ih um três e ê éfe zero seis agá ih um nove.

A confluência entre o poder político e o religioso não era, como visto no caso de Augusto, novidade. Aliás, a religião ainda é frequentemente usada como base ideológica dos poderes políticos. A título de comparação, pode-se pedir aos estudantes que pesquisem casos contemporâneos de confluência entre os poderes religioso e político.

Ampliando

O texto a seguir trata da influência do Córpus Júris Civílis, que permaneceu até a contemporaneidade.

“A grande influência do direito romano sobre os direitos nacionais europeus perdura até hoje. O mesmo acontece com o sistema jurídico em vigor nos países latino-americanos. Por essa razão, o estudo do direito romano torna-se indispensável ao entendimento adequado dos sistemas jurídicos atuais.

Apesar de o Córpus Júris Civílis não ser mais utilizado, seu ensino figura nos cursos de Direito das faculdades de diversos países, como o Brasil, que, além de propagá-lo como estudo obrigatório, possui, em seu ordenamento jurídico, diversas semelhanças com o novo código de Justiniano. reticências

Uma das regras do código reticênciastraduzidas na obra de Môses Hadas diz que ‘ninguém será obrigado a defender uma causa contra a própria vontade’. A norma do direito romano procura assegurar o livre-arbítrio, garantindo que ninguém será obrigado a fazer algo que não se sinta seguro ou não faça parte de sua vontade reticências.

reticências Outra regra de Justiniano assegura que ‘ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa’.”

SOARES, M. L.; SILVA, R. M. da. Regras do Corpus Iuris Civilis em comparação ao atual ordenamento jurídico brasileiro. Cadernos de Graduação: Ciências Humanas e Sociais Fits, volume 1, número 2, página 87-99, maio 2013.

A imperatriz Teodora

Existem poucas referências diretas às mulheres bizantinas em fontes históricas da Antiguidade, mas as encontradas indicam um papel ativo de Teodora, esposa de Justiniano, no campo político.

No mosaico presente nesta página, por exemplo, é possível perceber a importância que ela tinha: Teodora, no centro da imagem, foi representada com enfeites decorados com pedras preciosas, fazendo oferendas religiosas. À esquerda dela, foram desenhados dois homens, ministros de sua corte, e, à direita, sete mulheres que também faziam parte da corte.

Mosaico. No centro, há uma mulher com um grande manto marrom com uma coroa na cabeça e segurando um grande cálice dourado com pedras preciosas. Do lado direito, sete mulheres usando mantos estampados e coloridos com lenços na cabeça. Do lado esquerdo, dois homens também com mantos e, no canto, uma cortina aberta com uma fonte pequena em um suporte alto.
Mosaico do século seis Depois de Cristo na Basílica de São Vital, em Ravena, Itália. A imperatriz Teodora está representada no centro da imagem.

A imperatriz Teodora desempenhou um papel importante na defesa dos direitos das bizantinas livres. Foi ela quem definiu, por exemplo, direitos iguais para homens e mulheres, proteção das mulheres em caso de divórcio motivado por adultério e dispensa do doteglossário para o casamento.

Declínio bizantino

Com o passar do tempo, os custos com a manutenção do império (incluindo as despesas com as guerras de expansão e domínio dos povos vizinhos), as constantes lutas internas pelo poder e os conflitos religiosos, comerciais e militares com o Ocidente e com o papa, entre outros fatores, contribuíram para o declínio do Império Bizantino.

Com a expansão do islã pela região do Mar Mediterrâneo (assunto que você estudará no próximo capítulo), os bizantinos passaram a competir pelas rotas de comércio e por territórios com os muçulmanos, entrando em conflito com eles diversas vezes. Assim, o império foi enfraquecendo-se mais ainda, até ser invadido pelos turcos otomanos, que conquistaram Constantinopla em 1453.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Quem eram os primeiros cristãos e por que eles foram perseguidos pelo Império Romano?
  2. O que foi a crise romana do século três? Por que é possível relativizá-la?
  3. Como os romanos caracterizavam os povos bárbaros?
  4. Descreva o processo de separação das duas regiões do Império Romano.
Respostas e comentários

Agora é com você!

1. Os primeiros cristãos foram, em sua maioria, os pobres. Eles realizavam cultos de fórma secreta e viviam em pequenos grupos. Por volta do ano 70 Depois de Cristo, estavam em todas as partes do império. Os cristãos eram considerados uma ameaça à segurança do Estado, principalmente porque se recusavam a respeitar os deuses romanos e a reconhecer a divindade do imperador.

2. A crise do século três decorreu do fim da expansão romana. Com a diminuição do ritmo de conquistas, o número de prisioneiros caiu e o preço dos escravizados aumentou. Isso ocasionou o encarecimento dos produtos nas cidades e o êxodo de pessoas para o campo em busca de autossuficiência. Esse problema inflacionário afetou drasticamente a economia romana, mas não a de todo o império. De acordo com pesquisas arqueológicas, regiões no norte da África obtiveram altos índices de crescimento econômico na época. Portanto, deve-se tratar a crise mais como um processo regional e lento do que como algo que afetou todo o mundo romano.

3. Os romanos caracterizavam como bárbara qualquer cultura diferente da deles, julgando-as inferiores. Para eles, os bárbaros eram desprovidos do que consideravam os bons valores. Essa era uma fórma de afirmar sua superioridade sobre os povos vizinhos e conquistados. Quando Roma se tornou cristã, o conceito se modificou, e o pagão (ou seja, não cristão) passou a ser sinônimo de bárbaro.

4. Com a crise do Império Romano, em 395 Depois de Cristo dividiu-se o império em Ocidente e Oriente. Com o colapso da cidade de Roma após invasões e saques, a parte oriental tornou-se independente, constituindo o Império Bizantino.

Orientação para as atividades

Nas atividades do boxe “Agora é com você!”, sistematizam-se elementos fundamentais da segunda parte do capítulo. Provavelmente, os estudantes conseguirão resolvê-las sem dificuldade. Proponha-lhes a reescrita das respostas mais simples para que produzam elaborações mais autônomas. Das quatro atividades propostas, a segunda apresenta maior dificuldade, porque sua resposta implica a relativização da interpretação de um processo histórico. Será preciso, talvez, deter-se nisso, acompanhando e orientando a releitura do texto-base do capítulo.

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. No caderno, identifique a informação errada sobre o Império Bizantino e corrija-a.
    1. Algumas mulheres tiveram papel ativo em espaços públicos, sendo a imperatriz Teodora um exemplo disso.
    2. O Império Bizantino mantinha uma relação de identidade com o Império Romano por ter sido parte dele até o governo de Diocleciano.
    3. O Império Bizantino se tornou local de encontro de muitas rotas comerciais.
    4. O Império Bizantino foi muito abalado pelas invasões dos povos bárbaros, de modo que suas rotas comerciais ficaram interrompidas por séculos.

Aprofundando

  1. Localizada perto da fronteira entre a Inglaterra e a Escócia, a Muralha de Adriano, com aproximadamente 118 quilômetros de extensão, foi construída nos limites do Império Romano ao norte, na província da Britânia. Alguns historiadores consideram que a muralha foi erguida para defender o império de povos bárbaros; outros a entendem como uma expressão concreta da limitação da expansão romana. Com base nessas informações e no que você aprendeu neste capítulo, responda:
    1. A Muralha de Adriano foi construída durante o período em que foi adotada uma política imperial romana. Que política foi essa?
    2. De que modo a muralha representa essa política?
  2. A seguir está reproduzida uma obra de arte sobre Átila, líder dos hunos. Eles eram integrantes de um dos povos chamados bárbaros que invadiram Roma, contribuindo para o fim do Império Romano do Ocidente. Analise a imagem e, em seguida, faça o que se pede.
Pintura. No canto esquerdo, um homem com vestimentas religiosas nas cores branco e dourado, e um chapéu alto, montado em um cavalo branco; ao seu lado, outros homens montados a cavalo e em pé. Um dos homens a cavalo, em trajes religiosos na cor marrom, segura um crucifixo sobre uma haste dourada. Acima deles, voando, dois anjos com feições masculinas e roupas coloridas, segurando espadas. À direita, em frente ao homem montado no cavalo branco, um homem com roupas nas cores azul-escuro e laranja, montado em um cavalo preto. Ele olha para cima, na direção dos dois anjos, reclinando o corpo para trás. Ao redor do homem montado no cavalo preto, muitos homens em pé e alguns montados a cavalo. Eles estão aglomerados, alguns seguram bandeiras, outros tocam instrumentos de sopro. Muitos olham para cima, na direção dos anjos. Ao fundo, do lado direito, céu claro em tons de amarelo e construções; do lado esquerdo, céu escuro, em tons de azul-escuro e preto, fogo e fumaça escura. À frente, no centro, dois homens segurando lanças. Um deles aponta em direção ao homem montado no cavalo branco e o outro olha na direção apontada. À direita, um homem vestindo armadura cinza e capacete, montado em um cavalo claro com as patas frontais levantadas e o corpo inclinado para trás.
Detalhe do afresco Papa Leão primeiro e Átila, o huno, de Rafael Sãnzio, 1514.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Em 452, Átila liderou um exército contra Roma. Segundo a tradição católica, para defender a cidade, o papa Leão primeiro encontrou-se sozinho com o líder dos hunos. Nunca se soube o que eles conversaram, mas Átila deixou Roma após o encontro sem destruir a cidade. No detalhe do afresco, pintado no século catorze por encomenda do Vaticano, o papa foi representado à esquerda, sobre o cavalo branco, enquanto Átila montava o cavalo negro, mais ao centro da imagem.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

A atividade 5, por envolver a pesquisa sobre um problema brasileiro da contemporaneidade e a produção textual opinativa com base em dados e argumentos, contribui para o desenvolvimento das Competências Gerais da Educação Básica nº 1, nº 2, nº 7 e nº 9, das Competências Específicas de Ciências Humanas nº 2 e nº 6 e da Competência Específica de História nº 1.

Atividades

Organize suas ideias

1. Alternativa d. Correção: entre o fim do século quatro e o início do século cinco, o Império Bizantino iniciou uma política de expansão em direção ao Ocidente e ao Oriente. Pelo império passavam muitas das rotas comerciais do período.

Aprofundando

2. a) Essa política foi a da pács rômãna (Paz Romana).

item bêA muralha limitava o território romano, ou seja, a expansão romana, mas também funcionava como proteção contra a invasão de povos bárbaros, representando a política da pács rômãna, que intensificava a proteção das fronteiras para impedir a perda de territórios.

  1. Descreva a pintura, apontando as diferenças entre a representação dos cidadãos do Império Romano e a dos bárbaros.
  2. Elabore uma hipótese para explicar por que essa obra do século dezesseis apresenta tantos elementos religiosos.

4. Como você estudou neste capítulo, o direito romano e bizantino foi muito importante para a formulação das leis de vários países, incluindo o Brasil. Pensando nisso, leia a seguir um trecho da Constituição Brasileira e, depois, faça o que se pede.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

um homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

dois ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

três ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

quatro é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato reticências.”

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://oeds.link/C1SWga. Acesso em: 20 janeiro 2022.

  1. Quais são as influências do direito romano na Constituição Brasileira?
  2. Compare a situação das mulheres em Roma ao que é previsto na Constituição Brasileira.
  1. Como você leu no texto citado na questão anterior, no Brasil mulheres e homens têm os mesmos direitos e obrigações. Só que, na prática, isso não acontece. As mulheres estão sujeitas a diversas fórmas de violência física e psicológica; por isso, muitas vezes, são impedidas de ir aonde querem, de estudar e de trabalhar, além de correrem o risco de morrer por serem mulheres. Junte-se a três colegas para fazer uma pesquisa sobre os tipos de violência contra a mulher: assédio sexual, assédio moral, agressões verbais, abuso psicológico, violência patrimonial, isolamento, perseguição, limitação do direito de ir e vir etcétera Na pesquisa, fiquem atentos aos seguintes aspectos:
    • a definição dos tipos de violência;
    • os danos causados às mulheres pela violência;
    • as estatísticas atuais sobre esses tipos de violência na sociedade brasileira;
    • o modo de combater a violência contra as mulheres no dia a dia;
    • os canais de denúncia (sites, telefones, campanhas nas redes sociais etc.).      Após a pesquisa, elaborem um texto resumindo suas descobertas sobre o problema no Brasil e as fórmas de combatê-lo. Em seguida, juntem-se ao restante da turma e montem um painel na sala de aula ou em outro local da escola (se tiverem autorização) com os textos produzidos. Se possível, divulguem os textos nas redes sociais da escola ou de vocês.
Respostas e comentários

3. a) Na imagem, traçando-se uma linha medial evidenciam-se o papa e seus seguidores, do lado esquerdo. O papa monta um cavalo branco e, ao fundo, o céu é claro (amarelo). Dois anjos simbolizam a presença de Deus ao lado de Leão. Já os bárbaros estão à direita. Átila monta um cavalo negro, e o céu é escuro desse lado da pintura. Atrás dos bárbaros, há fogo e destruição ao fundo. Ou seja, o artista representou nessa pintura, uma imagem positiva dos romanos (cristãos) e uma negativa de Átila e dos hunos (bárbaros).

b) No boxe “Imagens em contexto!”, é informado que o afresco Papa Leão primeiro e Átila, o huno foi feito no século quinzeum por encomenda do Vaticano. O personagem principal dela é o papa Leão primeiro. Com base nessas informações, os estudantes podem indicar que a imagem apresenta tantos elementos cristãos por ser uma celebração desse papa e da instituição Igreja Católica como salvadora da civilização.

4. áÉ possível observar influências e permanências do direito romano na legislação brasileira. A Constituição Brasileira assegura, em seu artigo 5º, a todos os cidadãos o livre-arbítrio e a liberdade de pensamento. O mesmo é observado no Córpus Júris Civílis, de acordo com o qual ninguém seria obrigado a defender uma causa contra a própria vontade nem sofreria penalidade pelo que pensasse.

b) A Constituição de 1988 assegura a igualdade, em direitos e deveres, entre homens e mulheres. No período romano, porém, somente as filhas de romanos eram consideradas cidadãs. No entanto, isso não significa que elas desfrutassem de direitos e liberdades iguais às dos homens.

5. Pretende-se com essa atividade sensibilizar os estudantes para as fórmas de violência às quais estão submetidas as mulheres na sociedade brasileira. Os estudantes devem pesquisar os diferentes tipos de violência, apresentando, posteriormente, um texto dissertativo com o relato dos resultados alcançados e a opinião deles sobre o problema. Ao realizar tal atividade, eles podem desenvolver as habilidades necessárias para analisar e organizar dados, que são fundamentais para o desenvolvimento de práticas de pesquisa. A produção textual, por sua vez, proporciona o desenvolvimento da capacidade de síntese textual e de apresentação de argumentos com base em dados concretos e seguros. Espera-se que, no texto, os estudantes apresentem informações sobre as diversas fórmas de violência contra as mulheres: a física (por meio de agressões físicas, feminicídio etcétera), a psicológica (por meio de humilhações, de ameaças, perseguições, de contrôle da vida social etcétera), a moral (por meio de xingamentos, de difamação etc.), a sexual (por meio de estupro, do impedimento do uso de métodos contraceptivos etcétera), a patrimonial (por meio da destruição de objetos pessoais, do contrôle do dinheiro, do não pagamento de pensão alimentícia etcétera) e a virtual (por meio da divulgação, na internet, de imagens com o propósito de humilhar ou chantagear, do uso das redes sociais para fazer comentários depreciativos etcétera). Espera-se ainda que o texto contenha informações sobre canais como a Central de Atendimento à Mulher, que recebe, por meio do número 180, ligações telefônicas com denúncias de agressões a mulheres por testemunhas ou pelas próprias vítimas. Além das iniciativas governamentais, porém, é preciso que, por meio da educação, as pessoas mudem atitudes cotidianas, como a de atribuir as tarefas domésticas apenas às mulheres ou a de incentivar mais o estudo dos meninos que o das meninas. É necessário, também, combater ideias machistas, como a implícita na afirmação de que o modo como uma mulher se veste ou se comporta justifica a violência contra ela.

Tema Contemporâneo Transversal

A proposta de pesquisa e produção textual da atividade 5, por envolver o tema da violência contra as mulheres no Brasil contemporâneo, mobiliza o Tema Contemporâneo Transversal Educação em direitos humanos.

Glossário

Aclamado
: nesse caso, indivíduo que recebeu uma aclamação, ou seja, que foi recebido com aplausos, gritos de entusiasmo etcétera
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Benfeitor
: nesse contexto, aquele que ajuda, favorece, beneficia alguém.
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Particular
: nesse caso, pessoa que não fazia parte da administração nem representava o governo republicano.
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Amainar
: cessar, perder fôrça, diminuir.
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Halitose
: mau hálito. Nesse caso, o aroma se devia aos gases vulcânicos expelidos na erupção.
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Sedição
: revolta, motim, levante contra uma autoridade.
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Heresia
: teoria ou prática que nega ou contradiz uma doutrina estabelecida.
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Ungido
: sagrado.
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Messias
: na tradição judaica, redentor prometido por Deus para salvar a humanidade e criar um mundo de paz e justiça. Para os cristãos, Jesus é essa figura.
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Catacumba
: passagem ou galeria subterrânea geralmente usada para sepultamentos.
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Clero
: conjunto dos sacerdotes que fazem parte de uma igreja.
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Desarticular
: desfazer, desunir, separar.
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Mercenário
: nesse caso, soldado que serve ao exército em troca de uma remuneração.
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Relativizar
: analisar algo considerando sua relação com outros objetos ou aspectos.
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Concílio
: reunião de autoridades religiosas com o objetivo de discutir e tomar decisões sobre questões pastorais, de doutrina, fé e costumes.
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Ditame
: nesse caso, comportamento guiado pela justiça, por princípios morais.
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Dote
: nesse caso, bem doado ou recebido por ocasião de um casamento.
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