CAPÍTULO 6 A colonização da América espanhola

Como você estudou no capítulo anterior, os intercâmbios culturais e comerciais, que aumentaram a partir do século dezesseis, contribuíram para a mundialização de costumes, as inovações tecnológicas, a alteração nos hábitos alimentares etcéteraAtualmente, metade das calorias de alimentos consumidas no planeta deriva do milho, do trigo e do arroz, mas durante séculos esses cereais só eram conhecidos em seu local de origem. Eles foram incluídos na alimentação mundial de modo sistemático após a colonização da América. O milho, por exemplo, originário da América, não era conhecido na Europa e na Ásia até o século dezesseis.

Fotografia. Espigas de milho com palha roxa e grãos vermelhos e roxos.
Milho mexicano vermelho de Puebla, México. Foto de 2018.
Fotografia. Colheita de milho vista do alto. Do lado esquerdo da imagem, centenas de feixes de milho com formato de cilindro dispostos lado a lado. Do lado direito da imagem montes de milho espalhados no chão. Dividindo a imagem diagonalmente ao meio, um caminhão cheio de milho e uma pessoa a pé se deslocam por um caminho localizado na propriedade rural.
Vista aérea de milho em processo de secagem em Hebei, China. Foto de 2020. A China é o segundo maior produtor mundial de milho e de farinha de milho.
Ícone. Ilustração de um ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Em que continente o milho foi cultivado pela primeira vez?
  2. Qual é a relação entre a expansão marítima europeia e o fato de esse cereal ser consumido no mundo todo?

América espanhola: o que aconteceu depois da conquista?

Entre os séculos dezesseis e dezessete, a Espanha controlava diferentes territórios com tradições culturais diversas. Esses territórios estendiam-se da América até a Península Ibérica, passando pelos Países Baixos e Nápoles. Do ponto de vista administrativo, o objetivo da Espanha em relação à América e aos territórios europeus que a compunham era assegurar seu poder político e econômico. Por causa desse objetivo comum, os termos colônia e colonização não eram usados no reino espanhol entre os séculos dezesseis e dezoito para designar seu domínio na América.

Em todos os territórios espanhóis, foram fundados diversos centros locais de poder. Para esses centros, eram nomeados vice-reis para representar a Coroa espanhola. O cargo era temporário, sendo ocupado por integrantes da alta nobreza ou do alto clero com experiência administrativa. Uma vez no cargo, os vice-reis seguiam as instruções do rei e tinham poder quase absoluto para governar.

Havia, entretanto, diferenças entre um vice-reino na Europa e um vice-reino na América. Por causa da existência de diferentes culturas e sociedades, ainda desconhecidas dos europeus, e de um oceano entre os dois continentes, a Espanha adaptou suas ações na América para melhor administrá-la.

Gravura em preto e branco. Busto de homem com barba usando casaco comprido com rufo (gola alta plissada ao redor do pescoço). Abaixo, sua assinatura.
Gravura do século dezesseis que representa Blasco Núñez Vela, primeiro espanhol vice-rei do Peru, que governou entre 1544 e 1546.
Pintura. No centro, mar com uma baía ao redor repleto de embarcações grandes, algumas com bandeiras vermelhas com cruzes brancas, e barcos menores a remo, um deles com uma bandeira branca com uma cruz vermelha. No canto esquerdo, na faixa de terra, homens retiram carregamentos dos barcos e carregam sacos nas costas. Mais ao fundo, muralhas com pessoas em cima e uma grande bandeira hasteada. Em segundo plano, no centro da imagem, um farol e, ao fundo, montanhas e um vulcão expelindo fumaça.
Vista do porto de Nápoles, pintura de iôrrán vílrrem báa, cêrca de 1640.
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Nápoles, que atualmente faz parte da Itália, foi vice‑reino da Coroa espanhola entre 1505 e 1707. Essa cidade, porém, não foi tão afetada pela dominação política e militar dos espanhóis quanto as da América espanhola no mesmo período. Isso ocorreu porque Nápoles se localizava na Europa e o modo de vida de sua população era parecido com o dos espanhóis. Além disso, as práticas administrativas e a fórma de governo napolitanas e espanholas eram similares.

A conquista espiritual

A Coroa espanhola buscou, junto da Igreja, aproximar os nativos americanos do modelo cultural europeu. Uma das estratégias utilizadas pelos espanhóis para tentar dominar os indígenas foi buscar convertê-los ao catolicismo. Esse processo, que durou três séculos, foi chamado de catequese ou conquista espiritual.

Para receber a catequese, os indígenas eram reunidos em missões ou reduçõesglossário . O trabalho dos missionários envolvia uma série de estratégias, como a encenação de peças teatrais e o aprendizado das línguas nativas. Além disso, os indígenas que mantivessem costumes antigos ou que faltassem à missa católica eram punidos. Outra estratégia usada pelos europeus na catequese foi a destruição de templos, estátuas e escritos indígenas.

Os religiosos europeus viam as práticas de outras culturas como heréticas, pois eram diferentes dos princípios estabelecidos pela Igreja. Essa visão era etnocêntricaglossário e desrespeitosa. O processo de conversão foi violento contra os indígenas e sua cultura, pois foi feito por meio da imposição dos valores, do modelo de constituição familiar, dos códigos de vestimenta e conduta e das relações de trabalho que os europeus achavam corretos. Essas medidas, porém, não impediram a continuidade de práticas da cultura indígena, muitas vezes incorporadas aos rituais cristãos.

Fotografia. Em primeiro plano, desfile celebrativo em uma avenida. Os desfilantes estão fantasiados: usam calças, coletes e chapéus de aba larga pretos, camisas brancas e lenços vermelhos no pescoço. Os rostos estão com maquiagem de caveira. Eles também carregam tambores e seguram baquetas nas mãos. Em segundo plano, espectadores acompanham a cena.
Celebração do Dia dos Mortos na Cidade do México, México. Foto de 2019. A festa começa em 31 de outubro e termina em 2 de novembro, coincidindo com a celebração católica do Dia de Finados.
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Os rituais de celebração no Dia dos Mortos têm origem indígena. Há cêrca de 3 mil anos, eles eram realizados para homenagear a deusa míctecacíualt. Quando os espanhóis chegaram ao continente, procuraram apropriar-se desses rituais e incorporá‑los aos festejos católicos.

Formas de resistência indígena

Os povos indígenas reagiram de várias fórmas aos abusos e à violência dos espanhóis, que pretendiam impor sua crença: mataram religiosos, além de roubar e destruir igrejas. Entretanto, como muitos religiosos defenderam os indígenas, a Igreja também conseguiu protegê-los contra a violência dos colonizadores.

Um dos mais conhecidos religiosos que lutaram pelo direito à vida e à dignidade dos ameríndiosglossário foi o frade dominicano espanhol bartolomê de las cásas. Na metade do século dezesseis, ele pressionou a Coroa espanhola a aprovar leis que favorecessem os indígenas, em relações de trabalho que abolissem a violência, bem como advogava que a conversão deveria ser um direito dos indígenas, e não um dever a ser imposto pelos espanhóis. Seus textos foram as principais armas para denunciar os maus-tratos aos quais os nativos eram submetidos pelos colonos.

Ao enfatizar os massacres e a crueldade dos conquistadores, as obras de Las Cássas ajudaram a divulgar na Europa um forte sentimento antiespanhol. Países protestantes, retardatáriosglossário na conquista e na colonização, usaram os textos de Las Cássas contra os espanhóis. Os ingleses, por exemplo, que também exploravam e agrediam nativos nas áreas que ocupavam, relacionaram a fama da crueldade ibérica ao catolicismo, na lógica das guerras de religião que você estudou no capítulo 3.

Gravura. Em primeiro plano, homens europeus com armaduras, chapéus, espadas e armas de fogo empurram e conduzem grupo de seis indígenas nus com as mãos amarradas. Em segundo plano, outros europeus com armaduras, chapéus e lanças, montados em cavalos, avançam sobre um grupo maior de homens indígenas nus que correm com pedaços de pau na mão. Ao fundo, um monjolo e uma construção simples e uma montanha, e, ao redor, árvores. Do lado direito, homens indígenas nus enforcados nos galhos de árvores.
Gravura de TEODOR DE BRÁI, produzida em 1595, representando a violência dos espanhóis contra os indígenas americanos.
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As obras de TEODOR DE BRÁI, gravurista e editor belga protestante que viveu no século dezesseis, foram muito reproduzidas com a intenção de degradar a imagem dos espanhóis e da Igreja Católica na América espanhola. Em contrapartida, textos e imagens do frade católico bartolomê de las cásaseram reproduzidos com a intenção de mostrar os valores humanos e cristãos dos espanhóis. Percebe‑se, além do espírito colonizador dos povos europeus, o embate religioso entre católicos e protestantes.

A consolidação do Império Espanhol na América

Para impor-se politicamente e dominar as terras americanas, o Estado espanhol fundou diversas cidades, que serviram como centros de colonização. A partir delas, a Coroa espanhola pôde controlar a exploração das riquezas, principalmente as minas de prata de potozí (no território correspondente ao da atual Bolívia), as de ouro (no território correspondente ao do atual México) e as de cobre (no território correspondente ao do atual Chile).

Essas cidades eram construídas com base nas da Espanha. Pareciam um tabuleiro de xadrez, com traçadosglossário quadrados, ruas perpendiculares e, ao centro, uma praça onde se concentravam as principais instituições do império: o palácio do vice-rei, as câmaras administrativas e a igreja.

Outra fórma de controlar as colônias americanas foi a criação de órgãos administrativos. Em 1503, a Coroa espanhola instaurou, na cidade de Sevilha, na Espanha, a Casa de Contratação. Esse órgão era responsável pela administração e pelo registro de todas as ações de compra e venda de produtos na colônia. Com os registros, era possível centralizar as informações para, em seguida, cobrar impostos sobre essas movimentações.

Assim que chegavam ao porto de Sevilha, toneladas de prata americana eram recolhidas, pesadas e taxadas na Casa de Contratação. Segundo a determinação real, um quinto de imposto sobre o valor dos minérios extraídos na América devia ir para os cofres da Coroa espanhola. Da Espanha, a prata americana era levada para o restante da Europa e para a Ásia.

Pintura. Vista aérea de uma praça sem árvores, cercada por grandes construções, com pessoas transitando, algumas montadas em cavalos, outras em carruagens puxadas por cavalos, outras caminhando em grupos.
Praça Maior de Lima, pintura de 1680.
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A cidade de Lima era uma das mais importantes da América espanhola por causa do comércio e de sua estrutura. Pessoas de diferentes grupos sociais que viviam na região frequentavam a Praça Maior de Lima. Lá funcionavam as instituições burocráticas estabelecidas pela Coroa espanhola para o contrôle geral da colônia. A cidade se tornou capital do vice-reino do Peru em 1543.

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Mais contrôle sobre as colônias

Em 1524, a Coroa espanhola criou o Conselho das Índias. Essa instituição era composta de conselheiros reais, nobres e religiosos que se reuniam periodicamente para ajudar os reis a tomar decisões relativas à América.

Os integrantes desse órgão criavam e publicavam leis que afetavam diretamente o funcionamento das colônias, recebiam e enviavam as petiçõesglossário dos súditos aos reis, encaminhavam as respostas, regulavam as relações entre o Estado e a Igreja e nomeavam os ocupantes dos principais cargos do governo na América.

A Espanha buscava fórmas de acabar com as chamadas políticas dos adelantados (“adiantados”) – como eram conhecidos os primeiros conquistadores. Vários deles chegaram à América com financiamento próprio e não dependiam da Coroa espanhola, além de terem muito poder político e econômico.

Os adelantados foram fundamentais para garantir a presença espanhola na América, mas sua autonomia reduzia a fôrça da monarquia no território. Nesse contexto, os vice-reis tiveram um papel fundamental, pois serviam de contrapeso aos poderes locais dos conquistadores.

Pintura. Na parte superior da imagem, inscrições e, no centro, o desenho de um homem de barba sentado num trono, segurando uma cruz. Entre ele, há dois brasões, um com dois castelos e dois leões intercalados e outro com uma onça-pintada. Abaixo, pinturas de 24 pessoas, sendo 15 representantes da nobreza inca, vestindo túnicas, colares coloridos, mantos nos ombros e segurando lanças, e 9 homens europeus, vestidos com trajes finos. O primeiro deles está com uma coroa.
Pintura do século dezoito que retrata os governantes incas e seus sucessores espanhóis: de Manco capác, o primeiro rei inca que viveu no início do século treze, ao rei espanhol Fernando seis, que viveu em meados do século dezoito.

Os vice-reinos

A implementação dos sistemas de contrôle do território americano pela Espanha foi complexa. Nos vice-reinos foram criadas as audiências, os alcaides e os cabildos, órgãos judiciários e fiscalizadores. A ideia era não só controlar os impostos, impor regras e leis aos indígenas, mas também fiscalizar os espanhóis e seus descendentes no continente.

Para atingir esses objetivos, foi inevitável que se valessem de redes de poder e cadeias de comando indígenas que já existiam antes da conquista. Quando se fundiram sistemas de governo indígenas locais com lógicas espanholas de administração formaram-se instituições híbridasglossário , como as cabeceras de indios.

As cabeceras eram pequenos territórios sob responsabilidade de um cacique, que se tornava vassalo do rei. Esse cacique não pagava impostos, recebia títulos e, em troca, organizava os indígenas que trabalhariam para os espanhóis.

Cargos e assembleias semelhantes às cabeceras representavam os interesses indígenas diante da Coroa. Os poderes locais não foram destruídos, mas transformados em espaços de negociação e tentativa de contrôle.

Os vice-reinos da América espanhola – século dezoito

Mapa. Os vice-reinos da América espanhola, século dezoito. Destaque para as possessões espanholas no continente americano. Sem legenda.
No mapa. Na América do Sul, do sul para o norte:
Lilás: Vice-Reino do Rio da Prata (1776), incluindo a cidade de Buenos Aires, engloba o territórios do cone sul do continente americano. 
Rosa: Capitania-Geral do Chile – incluindo a cidade de Santiago, situado à sudoeste do Vice-Reino do Rio da Prata.
Marrom: Vice-Reino do Peru (1542), incluindo as cidades de Lima e Cuzco.
Rosa-claro: Vice-Reino da Nova Granada (1740), incluindo as cidades de Quito, Bogotá, Cartagena e Porto Belo. 
Verde: Capitania-Geral da Venezuela, incluindo a cidade de Caracas.
Da América Central para a América do Norte:
Amarelo: Capitania-Geral da Guatemala, incluindo a cidade de Guatemala. 
Roxo: Vice-Reino da Nova Espanha (1535), incluindo as cidade de México e Veracruz.
Verde-escuro: Capitania-Geral de Cuba, incluindo a cidade de Havana e o estado da Flórida.
No canto inferior esquerdo, a rosa dos ventos e escala de 0 a 1.030 quilômetros.

FONTE: dubí, G. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987. página 239.

Ícone. Ilustração de um símbolo de localização sobre um folheto aberto e em branco, indicando o boxe Se liga no espaço!

Se liga no espaço!

Responda no caderno.

Analise o mapa sobre a configuração dos vice-reinos da América espanhola, no século dezoito. Em seguida, compare-o com um mapa atual da América e cite o nome dos países localizados nos territórios correspondentes aos dos antigos vice-reinos do Peru, da Nova Espanha e da Nova Granada.

Agora é com você!

  1. O que foi a conquista espiritual? Explique sua importância para o projeto de colonização espanhola.
  2. Cite três estratégias utilizadas pelos religiosos para catequizar os indígenas. De que modos os indígenas resistiam a elas?
  3. Quem eram os adelantados? Por que eles se tornaram um problema para a Coroa espanhola?

Mulheres na América espanhola

As mulheres espanholas tiveram papel ativo no processo de colonização da América. A elas era atribuído, além do papel de mães, a manutenção dos valores cristãos na família. Nesse sentido, elas tinham a missão de garantir a presença das instituições espanholas nas terras ocupadas.

Mesmo assim, pelas leis espanholas, as mulheres eram consideradas seres incapazes, independentemente do grupo étnico de que faziam parte ou da posição social que ocupavam; por isso, deviam ser tuteladas pelos homens. Assim, as solteiras dependiam dos pais ou das instituições religiosas (quando órfãs). Quando se casavam, passavam para a tutela do marido.

Essas regras, porém, nem sempre correspondiam à prática. Se ficassem viúvas, as mulheres podiam, de acordo com a lei, administrar os negócios da família e até escrever petições ao Conselho das Índias.

A vida religiosa era uma opção recorrente para as mulheres da elite. A maioria das que sabiam ler e escrever na América espanhola teve educação religiosa. Uma delas foi a sóror (irmã) ruana inês de la cruz. Nascida em 1651, ela entrou para o Monastério de São José aos 16 anos e tornou-se escritora. Seus textos, lidos tanto na colônia quanto na metrópole, foram considerados referência do movimento artístico Barroco da América espanhola.

Pintura. Mulher usando roupas religiosas (vestido branco longo, com um manto preto por cima que cobre seus cabelos). Ela usa uma grande corrente com o símbolo da cruz e tem um quadro oval no peito. Está sentada em uma poltrona vermelha do lado de uma mesa coberta de um pano vermelho, onde há um livro aberto em que repousa uma das mãos. Na mesa, há um estojo com penas para escrever. Atrás dela, uma estante com livros e um relógio.
Retrato da sóror Juana Inés de la Cruz, pintura de Miguel Cabrera, 1750.
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A sóror Juana é representada na imagem com trajes eclesiásticos em sua biblioteca. O retrato póstumoglossário reforça o caráter intelectual de sua vida e seu espaço no campo das letras.

Distintos papéis femininos

Por não ter origem nobre nem riqueza, a maioria das mulheres negras, indígenas, de origem asiática ou mestiças tinha mais liberdade de ir e vir, trabalhar e casar-se que as espanholas. No entanto, as mulheres que trabalhavam para sobreviver sofriam preconceito e eram consideradas desonradas e corrompidas. Dificilmente conseguiam tornar-se independentes, prosperar e enriquecer. Algumas eram escravizadas (negras, principalmente) e muitas, submetidas a trabalhos servis.

As mulheres das camadas médias trabalhavam ensinando às meninas a arte da tecelagem ou ajudavam o marido em pequenos estabelecimentos comerciais, como padarias, vendas de tabaco ou as chamadas pulperías – armazéns típicos da América espanhola. Se o marido falecesse, não era incomum que continuassem tocando os negócios.

Nas cidades, as mulheres mais pobres dedicavam-se a todo tipo de serviço doméstico, trabalhando como cozinheiras, lavadeiras, bordadeiras e tecelãs. Elas também forneciam alimentos e bebidas para os mercados locais e percorriam as cidades para vender doces, tecidos e roupas. Nas fazendas, elas cuidavam das crianças, dedicavam-se à produção e ao preparo dos alimentos, além de tecer e costurar. Suas tarefas eram cansativas e repetitivas, e as jornadas de trabalho eram longas.

Indígenas, negras e mestiças da colônia espanhola quase não tinham a oportunidade de seguir a vida religiosa, pois para isso era preciso pagar um alto dote ao convento, e as mais pobres não podiam arcar com essa despesa. Elas eram admitidas como religiosas de hierarquia mais baixa ou eram empregadas ou escravizadas nos conventos.

Fotografia. Mulher vista de lado com um turbante azul na cabeça. Ela está sentada no chão com as pernas esticadas, segurando um tecido vermelho esticado em um tear. Atrás e à frente dela há tecidos dobrados empilhados sobre um banco. Ao lado, no fundo da imagem, vários tecidos coloridos pendurados em varais.
Mulher maia tecendo em tear, Santa Catarina Palopó, Guatemala. Foto de 2019. Povos maias e seus descendentes estão presentes no México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador.
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A tecelagem é uma atividade desempenhada majoritariamente por mulheres, presente em diferentes culturas latino-americanas desde o período pré-colombiano. Os tecidos são confeccionados com base em uma grande variedade de técnicas, usando algodão ou fios de lã, em tons naturais ou tingidos. Chamado em alguns países de aguayo ou quepina, o pano produzido da tecelagem possui alta resistência e é usado para carregar crianças pequenas e itens agrícolas.

A sociedade na América espanhola

Antes de os espanhóis chegarem, viviam na América vários grupos culturais, com diferentes línguas e costumes. Os espanhóis não compreenderam essa diversidade. Para eles, esses povos eram todos similares e os chamaram de índios.

As consequências das conquistas militares e da colonização foram muito duras para a população indígena. Milhões de nativos americanos morreram em razão da violência militar nas guerras da conquista, das doenças contagiosas vindas da Europa e do trabalho desgastante e perigoso a que foram submetidos.

Além disso, os espanhóis pressionaram os indígenas a abandonar as terras em que viviam e, em certas regiões, desestruturaram o antigo sistema agrícola e de criação de animais. Isso causou a fome e o aumento da mortalidade.

Ainda assim, houve grandes regiões da América em que os indígenas continuaram vivendo sem muito contato com os espanhóis por todo o período colonial. E, mesmo nas áreas dominadas pela Coroa, os grupos indígenas notaram um benefício político no uso da palavra espanhola índio para identificá-los: como a Igreja não os considerava plenamente civilizados, não se podia culpá-los ou responsabilizá-los pela suposta situação incivilizada. Um exemplo: indígenas não podiam ser julgados pela Inquisição. Se incorressem em pecado grave, tinham tratamento diferenciado do dado a pessoas vindas da Europa ou a seus descendentes.

A existência de uma identidade genérica (índios) tornava mais negociáveis as relações entre a metrópole e a colônia e mesmo entre os diferentes grupos nativos.

Fotografia. Calçadão urbano com muitas pessoas transitando.
Movimentação de pedestres na Cidade do México, México. Foto de 2019. A sociedade colonial da América espanhola foi marcada pela presença de várias etnias e culturas, traço que se mantém nas grandes cidades latino‑americanas.

Dica

LIVRO

Histórias da América Latina, de Silvana Salerno. São Paulo: Editora Planeta de Livros, 2013.

O livro reúne contos de 22 países da América Latina baseados em lendas e mitos difundidos pela tradição oral de cada país. Ao final de cada conto, o livro apresenta também uma lista de fatos interessantes sobre o país.

Posição social de indígenas e espanhóis

A maioria dos indígenas que tiveram contato com os espanhóis morava em pequenas cidades rurais chamadas pueblos. A vida desses indígenas continuou ligada à terra e à agricultura, mas a maioria deles se converteu ao catolicismo. Cada pueblo era representado por um santo protetor.

Os indígenas que viviam nas grandes cidades, como a Cidade do México, potozí ou Lima, em geral trabalhavam na casa de um senhor, desempenhando funções domésticas, como a limpeza e a preparação dos alimentos. Eles também trabalhavam na construção civil, em padarias, em mercados e na prestação de serviços, como os de barbeiros, sapateiros, marceneiros e ferreiros.

Os espanhóis que viviam na colônia americana vieram de diferentes locais do país. Havia castelhanos, estremenhos, galegos etcétera, mas em qualquer local fóra da Europa eles ficaram conhecidos apenas como espanhóis. Os nascidos na Espanha, depois de se fixarem na América, eram chamados chapetones ou peninsularesglossário . Eles ocupavam os altos cargos administrativos e podiam atuar no comércio internacional. Além disso, muitos tornaram-se grandes proprietários de terras e de minas.

Gravura. Em primeiro plano, homem indígena puxa carroça com duas rodas e, mais atrás, três homens indígenas o acompanham. Do lado direito, um moinho de vento com pessoas indígenas trabalhando dentro dele. Em segundo plano, em um vale, várias construções pequenas e uma maior com duas torres e, atrás delas, uma montanha alta com uma construção no topo. Ao fundo, do lado esquerdo, poucas construções e alguns moinhos de vento espalhados no vale.
Representação da cidade de potozí, no vice-reino do Peru, em gravura de cêrca de 1820.
Criollos e mestiços

A reserva dos cargos aos chapetones era uma fórma de a administração metropolitana evitar a formação de uma elite local independente que questionasse as relações com a metrópole.

Os cargos locais, específicos para a administração dos pequenos povoados, eram destinados aos descendentes de espanhóis nascidos na colônia e conhecidos na Espanha como criollos.

O encontro entre espanhóis e indígenas gerou casamentos, mas também muitas relações não consensuais. Os filhos de espanhóis com indígenas eram chamados mestiços. Eles podiam ser acolhidos pela família de origem, principalmente se seus pais tivessem se casado na Igreja Católica. A maioria das pessoas nessa condição, porém, não tinha acesso a posições de poder e prestígio.

No fim do século dezesseis, mestiços e mulatos eram termos comuns na documentação colonial. Na Cidade do México, no fim do século dezoito, quase 50% da população era composta de espanhóis (tanto criollos quanto peninsulares), 24% eram identificados como índios e os demais eram mestiços, negros e asiáticos. Esses números não refletiam a realidade da população de todo o vice-reino, em que cêrca de 60% da população era de indígenas, sendo o restante mestiços, negros e asiáticos, e na qual apenas 2% tinha origem europeia.

Pintura. Um homem branco e uma mulher indígena manuseando alimentos em cima de uma mesa, com uma criança mestiça sentada ao lado observando-os.
Pintura. Uma criança mestiça segura um prato com frutas que uma mulher branca coloca acompanhados de um homem indígena. Em primeiro plano, uma mesa cheia de frutas.
Pinturas de andrés de islasque retratam a miscigenação da população mexicana, 1774.
Pintura. À esquerda, uma mulher indígena sentada no chão, entregando um prato para uma criança ao seu lado. À direita, um homem negro sentado em um banquinho está fazendo sapatos. Atrás dele, suportes de madeira com sapatos pendurados. Atrás da mulher, armário com louças. Ao lado dela, uma mesa baixa com alimentos em cima.
Representação de família composta de homem negro, mulher indígena e seu filho em pintura do século dezoito.
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Essas misturas entre etnias (chamadas de castas) era mostrada na arte colonial como uma fórma de categorizar as pessoas e marcar seu lugar na sociedade. Neste caso, como trabalhadores braçais especializados.

O sistema de castas

A ligação entre as partes ocidentais e orientais do Império Espanhol era favorecida pela localização geográfica, que facilitava o deslocamento de pessoas e a fixação de estrangeiros no continente americano. Além de indígenas, chapetones, criollos e mestiços, viviam na América grupos culturais do Oriente, como filipinos, e da África.

A sociedade colonial era dividida em grupos. Formou-se, desde o século dezesseis, um sistema em que as pessoas eram identificadas: quanto mais parentesco tivessem com espanhóis, mais elevada era sua condição social.

No lugar mais alto dessa hierarquia social figuravam os chapetones e os criollos; no mais baixo, estavam os indígenas, os negros e os orientais. Os mestiços ficavam entre dois mundos – o dos europeus e o dos indígenas –, embora os espanhóis afirmassem que a mestiçagem criava problemas sociais. No geral, as camadas consideradas inferiores não podiam ocupar cargos públicos.

Assim, para evitar a mestiçagem, os espanhóis procuraram garantir casamentos (e filhos) apenas entre pessoas do mesmo grupo social. A divisão populacional baseada na proporção de mestiçagem foi uma violenta fórma de contrôle social e cultural para manter a América espanhola nas mãos da elite colonial. As misturas entre etnias ganhavam o nome de castas e eram muito malvistas.

Pintura. Três homens negros com brincos nas orelhas e no nariz, usando mantos longos detalhados, com rufos (gola redonda branca com babados). Eles seguram lanças em uma mão e chapéus na outra.
Os mulatos de Esmeraldas, pintura de Andrés Sánchez Gallque, 1599.
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A obra Os mulatos de Esmeraldas representa Francisco de arobe e seus filhos, Pedro e Domingo, ex‑escravizados que viviam na região de Esmeraldas, no território correspondente ao do atual Equador. O artista indígena andrés sántches gálque os desenhou vestidos com tradicionais roupas espanholas de seda, acessórios e adornos faciais de ouro de origem indígena, além de lanças de ferro de tecnologia tipicamente africana. A obra foi ofertada ao rei Filipe terceiro para mostrar a conversão desses senhores e sua cooperação com o Império Espanhol.

Analisando o passado

No século dezoito, houve uma intensa produção de pinturas com representação de famílias formadas por pessoas de diversos grupos étnicos da América espanhola. Tais obras, que ficaram conhecidas como pinturas de castas, eram valorizadas por colecionadores dos dois lados do Atlântico, gerando comércio e guildas de pintura para produzi-las.

As séries de imagens tinham normalmente um padrão: dezesseis combinações de pai, mãe e filho, caracterizados com vestimentas e objetos ligados a atividades consideradas representativas de sua condição social e etnia. Por meio delas, pode-se perceber que, no pensamento daqueles que produziram as pinturas, quanto mais branca e com mais características europeias, mais “feliz” era a família.

Os mais pobres ou os integrantes de etnias consideradas “inferiores” do ponto de vista dos europeus eram sempre associados à violência. Os termos descritivos de cada pintura – como tente en el aire (“algo no ar”) e no te entiendo (“não o entendo”) – e nomenclaturas – como mulato (derivado de mula), coyote e lobo ou chino (derivado de cochino, que significa “porco”) – atribuídas às pessoas representadas, inclusive crianças, revelam o preconceito e a intenção de desestimular a miscigenação.

Analise, a seguir, duas dessas pinturas, produzidas pelos artistas Miguel cabrera e José de Alcíbar, ambos nascidos no vice-reino da Nova Espanha.

Pintura. À esquerda, homem branco usando casaco marrom comprido e um chapéu bege de abas largas abraça menina mestiça de camisa branca de mangas compridas e saia azul ao centro. À direita, uma mulher negra usando um manto preto cobrindo sua cabeça e tronco com um longo vestido estampado segura cesto com alimentos em uma das mãos.
De español y negra, mulata, pintura de Miguel cabrera, 1763.
Pintura. Um homem negro com camisa branca e casaco aberto vermelho ergue um pedaço de madeira na direção de uma criança mestiça, que está em sua frente e tem expressão assustada. Uma mulher indígena empurra a cabeça do homem com uma mão e puxa o lenço que está amarrado no pescoço dele com a outra mão. Ela usa vestido de mangas longas. Ao lado, uma mesa com alimentos sendo preparados e, ao fundo, uma estante com louças.
De negro y india sale lovo, pintura de José de Alcíbar, século dezenove.

Responda no caderno.

  1. Com base na caracterização dos personagens, identifique os grupos sociais que os artistas procuraram representar.
  2. Analise as imagens e responda: que expressões e posturas das figuras representadas revelam preconceitos étnicos na América espanhola?

As fórmas de trabalho na América espanhola

A atividade econômica mais importante e lucrativa na América espanhola era a extração de prata e de ouro. Portanto, a maior demanda de trabalhadores estava nas áreas onde existiam esses minérios.

O trabalho dos indígenas foi o mais explorado na América espanhola. Com o apoio da Igreja, a Coroa entendia que os indígenas não deviam ser escravizados, como acontecia, por exemplo, com os africanos na América portuguesa ou nas ilhas centrais do Caribe. Então, outras fórmas de trabalho compulsórioglossário foram impostas aos nativos.

Os colonos (chapetones ou criollos) organizaram a exploração do trabalho indígena nas minas de prata e de ouro e na produção agrícola e pecuária. Para isso, eles adaptaram práticas de cobrança de taxas pré-coloniais, como a mita, do antigo Império Inca (no vice-reino do Peru), e o cuatequil, do Império Asteca (no vice-reino da Nova Espanha). Essa relação, baseada no pagamento de impostos em fórma de trabalho, passou a se chamar repartimiento.

De acordo com esse sistema, os colonos podiam recrutar pessoas nas comunidades indígenas e obrigá-las a trabalhar nas minas, por tempo determinado, com baixa remuneração e pouca alimentação. O recrutamento podia ser feito pelos próprios colonizadores ou após acordos com líderes indígenas, que selecionavam os homens que trabalhariam nas minas.

O deslocamento de indígenas para minas de prata e o longo período de ausência dificultavam o retorno deles ao local onde moravam e prejudicavam as famílias. Depois de recrutar os trabalhadores, os colonos muitas vezes destruíam as plantações próximas às áreas onde os indígenas viviam para atrapalhar seu retorno. Além disso, os donos das minas endividavam os trabalhadores, manipulando suas contas no armazém, a fim de mantê-los mais tempo no trabalho forçado.

Gravura. Interior de uma mina, com pessoas indígenas trabalhando e segurando tochas, e algumas delas subindo uma escada de madeira que dá para uma abertura no topo da montanha. Ao fundo, do lado esquerdo, um rio cruza a região com algumas construções nas margens.
Interior do Cerro Rico, montanha de extração de prata de potozí, gravura de TEODOR DE BRÁI, 1597.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

A Montanha de Cerro Rico, na Bolívia, é parte da paisagem da cidade de potozí. Desse local, milhares de toneladas de prata foram extraídas para enriquecer os cofres da Espanha e de outros reinos europeus. No México e em outras regiões da América espanhola também foi encontrado o minério, mas a quantidade era bem menor que a de potozí. Para os indígenas, que trabalhavam forçadamente em péssimas condições, a exploração da prata significou muitas doenças, sacrifícios e morte precoce.

A encomienda

Na encomienda, a administração do Império Espanhol permitia aos chapetones ou aos criollos usar a mão de obra dos indígenas na extração dos minérios e nas plantações. Em troca, o encomendêro se responsabilizava pela catequese dos grupos indígenas que explorava. A encomienda foi proibida e retomada diversas vezes ao longo do período colonial, sendo extinta no século dezoito.

A estrutura do repartimiento e da encomienda era violenta. Resultava na tomada de terras de populações indígenas, na exploração desmedida do trabalho nos ambientes tóxicos e perigosos das minas, no trabalho forçado nas tecelagens e no baixo pagamento pelas atividades realizadas.

A resistência à exploração

Muitas pessoas resistiram à violência desses sistemas por meio de petições, de subversõesglossário religiosas e da persistência na manutenção de suas crenças, línguas e tradições.

Uma das revoltas mais marcantes da história peruana foi a organizada, em 1780, pelo indígena José Gabriel condorcânqui. Inicialmente, por meio de petições, condorcânqui solicitou o fim da cobrança de impostos dos trabalhadores das minas, que, em razão das dívidas acumuladas, estavam sacrificando até crianças e idosos no trabalho da extração da prata.

Ao ser ignorado pelo governo espanhol, tupác amarú segundo – nome adotado por condorcânqui – liderou movimentos e rebeliões em vários pontos, reunindo até 100 mil indígenas. Ele foi derrotado em 1781. A crueldade das torturas a que foi submetido, até a morte, ainda é lembrada. Ele é considerado um dos principais defensores dos povos indígenas.

Fotografia. Cédula de dinheiro com a imagem, no canto direito, de um homem indígena com cabelos compridos e um brasão no centro. No canto inferior esquerdo o valor, 500 intis.
Cédula de 500 íntis, antiga moeda peruana, com a imagem de tupác amarú segundo, 1987.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Qual era o papel atribuído pela Igreja e pela política do Império Espanhol às mulheres na América espanhola? Explique por que nem todas as mulheres tinham os mesmos direitos.
  2. Qual era a principal atividade econômica que os espanhóis pretendiam desenvolver na América? Qual foi a principal mão de obra utilizada nessa atividade?
  3. Sobre o sistema de castas na América espanhola, responda:
    1. O que era esse sistema e quando ele começou a existir?
    2. Qual era a relação entre esse sistema e a tentativa dos espanhóis de impedir a mestiçagem?

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. Analise as afirmações e, no caderno, identifique as verdadeiras e as falsas.
    1. Todas as instituições criadas na América espanhola pela Coroa eram idênticas às da Europa.
    2. A Casa de Contratação localizava-se em Sevilha e foi criada pelo Império Espanhol para controlar as colônias americanas.
    3. O Conselho das Índias era uma instituição espanhola fundada para ajudar a realeza a tomar decisões sobre o comércio com a Índia e a China.
    4. Os adelantados foram úteis à Coroa espanhola no início da colonização, mas depois foram combatidos pelo império em razão do aumento de seu poder autônomo.
    5. Os vice-reis eram nobres espanhóis escolhidos pela Coroa para administrar e controlar econômica e politicamente as colônias.
  2. No caderno, relacione as instituições às respectivas definições.
    1. Casa de Contratação.
    2. Conselho das Índias.
    3. Vice-reino.
    4. Cabeceras de indios.
    1. Sem localização fixa, seus membros eram responsáveis pela criação de leis e pela nomeação dos representantes do governo espanhol na América.
    2. Responsável pelo gerenciamento dos negócios entre a Espanha e a colônia na América.
    3. O poder dessa instituição sobre um território era dividido entre um espanhol e um líder indígena.
    4. Divisão territorial na colônia submetida politicamente à Coroa espanhola.

Aprofundando

3. Com base no que você aprendeu no capítulo, faça no caderno um desenho do modelo de cidade utilizado pelos espanhóis na América.

Versão adaptada acessível

3. Com base no que você aprendeu no capítulo, faça uma representação tátil do modelo de cidade utilizado pelos espanhóis na América. Materiais como cartolina, papelão, barbante, palitos de sorvete e botões podem ajudar a construir essa representação.

4. Leia com atenção os textos e faça as atividades.

“Vindo da igreja, arranje sua casa. E se você é casado, e Deus lhe deu uma companheira que cuida de ordenar e governar a casa, entenda-se com o que é de fóra de casa, de acordo com o estado que Deus lhe deu. Porque uma coisa é certa: o dono da casa entende-se com os homens, e a senhora comanda e governa as mulheres.”

Tsumárraga, J. de. Regla cristiana breve, cêrca de 1540. Pamplona: Eunate, 1994. página 53. Tradução nossa.

“Ai do México! Ai do México por seus escândalos! Escândalos nas ruas, escândalos nos concursos, escândalos nos passeios e até nos templos sagrados de Deus reticências. Se apenas um escândalo serve para perder incontáveis, o que faria uma cidade inteira cheia de escândalos?”

la pára, J. M. de. (SIglossário ). Luz de verdades católicas. Madri: Joaquim Ibarra, 1789. página 223. Tradução nossa.

  1. Identifique os autores dos textos.
  2. Explique o conteúdo de cada um dos documentos.
  3. Ao comparar os documentos, o que se pode afirmar sobre a vida na América espanhola?

5. Esta obra foi feita em 1750 e representa um casamento que ocorreu em 1572, em Cuzco, no Peru. Analise-a e, depois, faça o que se pede.

Pintura. No primeiro plano, no centro da imagem, dois homens brancos com batinas pretas, um segura um livro aberto e outro segura um crânio. Do lado direito, uma mulher branca de vestido rosa de mãos dadas com um homem branco com manto preto, calças justas, rufo no pescoço e chapéu preto e vermelho na mão. Do lado esquerdo, uma mulher indígena com vestido estampado e manto azul nos ombros de mãos dadas com um homem branco de cabelos compridos, casaco amarelo, calça bufante, e meias justas com laços azuis com um chapéu amarelo na mão. Ao fundo, à esquerda, pessoas indígenas com colares coloridos e adornos na cabeça observam as pessoas do centro. Ao fundo, à direita, pessoas brancas (homens de preto e mulheres de vestidos longos coloridos) observam as pessoas do centro.
Casamento de martin garcia ônhez de loióla e Beatriz Clara sairitupác, 1572, pintura de 1750. A princesa inca casou-se com um nobre espanhol, sobrinho do fundador da Companhia de Jesus.
  1. Que elementos visuais indicam que se trata do casamento de uma indígena com um espanhol?
  2. Que grupo social é representado, ao fundo, no canto esquerdo? E no canto direito?
  3. Essa cena foi reproduzida em várias pinturas posteriormente. Por que pessoas encomendavam a reprodução desse tipo de cena? Que interesse poderia existir na divulgação desse acontecimento tantos anos depois?
  1. Ao longo da colonização, as relações entre indígenas e espanhóis foram bastante complexas. Um dos elementos que marcou essas relações foi a questão física. Apesar de haver mistura étnica, a estratificação da sociedade em castas baseava-se em critérios que, hoje, chamaríamos de raciais. Com base nessa ideia, escreva uma dissertação sobre o tema do preconceito racial. Estruture a sua redação em três parágrafos, nos quais você deverá responder às questões dos itens a seguir.
    • Primeiro parágrafo: qual é o tema da sua redação? Por que esse tema é relevante?
    • Segundo parágrafo: na América espanhola, como a questão racial contribuía para a organização da sociedade? Houve mistura étnica nessa sociedade? De que tipo? A mistura étnica beneficiava os espanhóis e os indígenas igualmente? Por quê?
    • Terceiro parágrafo: o que você pensa sobre o fato de a etnia determinar a posição de um indivíduo na sociedade? Quais práticas como essa ocorrem nas sociedades contemporâneas, como a brasileira? Por que é importante combater atitudes desse tipo?

Glossário

Redução
: missão jesuítica para catequizar indígenas.
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Etnocêntrico
: centrado em um grupo étnico, considerando inferiores as sociedades ou povos diferentes desse grupo.
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Ameríndio
: indígena nativo americano.
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Retardatário
: atrasado, tardio.
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Traçado
: neste caso, desenhado, marcado.
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Petição
: instrumento jurídico em que se solicita ao poder público que regulamente ou aplique uma lei.
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Híbrido
: que apresenta mistura de elementos de diferentes origens.
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Póstumo
: feito após a morte.
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Peninsular
: nesse contexto, relacionado ao nascido na Península Ibérica, ou seja, ao território onde se localiza a Espanha.
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Compulsório
: imposto, obrigatório, forçado.
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Subversão
: revolta; rebelião.
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SI
: abreviatura de Societas Iesu (“Companhia de Jesus”).
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