UNIDADE 1 REVOLUÇÕES: NOVOS MODOS DE GOVERNAR, DE PRODUZIR E DE PENSAR
A história e você: opinião pública e meios de comunicação
Nesta unidade, você estudará diferentes revoluções. Começará pelas Revoluções Inglesas do século dezessete, em que diferentes grupos políticos e religiosos se revoltaram contra o absolutismo e o rei foi obrigado a se submeter às decisões do Parlamento.
Você aprenderá que, ao longo dos séculos dezessete e dezoito, uma mudança profunda ocorreu no modo de pensar dos europeus: filósofos, que ficariam conhecidos como iluministas, passaram a questionar os dogmas da Igreja e o poder absoluto dos reis.
Estudará também um processo que ficou conhecido como Revolução Industrial. Ele começou no século dezoito, quando a invenção da máquina a vapor transformou a fórma de produzir mercadorias.
Em seguida, aprenderá que, no século dezoito, sob a inspiração do iluminismo e das Revoluções Inglesas, as Treze Colônias inglesas proclamaram a independência e criaram as próprias leis, dando origem aos Estados Unidos. Foi a Revolução Americana.
Durante esse período, desenvolveu-se a noção de opinião pública como o conjunto de ideias, debates e de julgamentos expressos na esfera públicaglossário .
Atualmente, as redes sociais são um dos principais espaços de divulgação e de formação de opiniões. Porém, nelas, cada um seleciona e controla quem compõe sua rede e as opiniões que prevalecem. Além disso, os debates ocorridos nas redes sociais nem sempre são racionais e fundamentados. Em muitos casos, essas ferramentas são usadas para exaltar os próprios pontos de vista ou até mesmo para divulgar informações falsas.
Para avaliar o papel dos meios de comunicação no debate público, você e os colegas farão um painel coletivo sobre a opinião pública, investigando diferentes fórmas e veículos de comunicação.
Organizar
- Para começar, com o auxílio do professor, junte-se aos demais colegas da turma e escolham um tema atual de interesse público.
- Em seguida, reúna-se em grupo com quatro colegas.
- Pesquisem nas redes sociais e em veículos de imprensa (impressos ou digitais) publicações e artigos que expressem diferentes posições sobre o tema escolhido pela turma.
- Selecionem dois textos publicados nas redes sociais e dois textos publicados em outros veículos de comunicação. Imprimam ou transcrevam os que forem digitais.
Produzir
- Identifiquem as passagens dos textos que contêm informações e as que apresentam opiniões. Destaquem-nas com cores diferentes.
- Confiram se os autores dos textos indicaram as fontes das quais retiraram os dados. Se as fontes foram indicadas, consultem-nas e verifiquem se são confiáveis.
- Analisem os textos e reparem se os autores pretenderam provocar mais a razão ou a emoção do leitor. Para isso, verifiquem se eles contêm muitos adjetivos e se apresentam reflexões.
- Classifiquem os textos entre os que apresentam as informações mais confiáveis e os que contêm informações menos confiáveis. Em cada texto, comentem os motivos da classificação e justifiquem o comentário com as passagens que contêm as respectivas informações. Organizem os textos em uma linha horizontal de acordo com essa classificação: do que tem informações mais confiáveis ao que tem as menos confiáveis. Sem tirá-los dessa ordem, movam para cima os que apresentam linguagem mais racional e para baixo os que contêm linguagem mais emotiva.
- Criem o painel coletivo em cartolina ou outro suporte. Tracem duas retas: uma horizontal e outra vertical (disposição em cruz). Nas extremidades horizontais do suporte, escrevam: “mais confiável” (à esquerda) e “menos confiável” (à direita). Na vertical, escrevam: “mais racional” (na parte superior) e “mais emotivo” (na parte inferior).
- Colem os textos analisados por todos os grupos no painel, respeitando a classificação prévia.
Compartilhar
- Exponham o painel em um mural na sala de aula e analisem a posição de cada texto.
- Com base no painel montado, debatam esta questão: as redes sociais e a imprensa contribuem igualmente para a construção de um debate público fundamentado e racional?
CAPÍTULO 1 AS REVOLUÇÕES INGLESAS E O ILUMINISMO
A imagem a seguir é de uma manifestação de estudantes pela garantia do acesso à educação de boa qualidade a todos os cidadãos. A ideia de que as pessoas são cidadãs e, portanto, têm direitos passou a existir com a crise do Antigo Regime, fórma de organizar o poder em que os reis detinham poderes ilimitados.
Neste capítulo, você vai estudar o processo de contestação ao poder absoluto dos monarcas, as críticas aos privilégios da nobreza e do clero e o estabelecimento do conceito de cidadania.
Responda oralmente.
- O que assegura os direitos básicos, como o acesso à educação e à saúde, aos cidadãos brasileiros?
- Os cidadãos sempre tiveram esses direitos garantidos? Explique.
- Em sua opinião, os direitos básicos são proporcionados, de fato, a todos os cidadãos brasileiros?
A Inglaterra sob a dinastia Stuart
No 7º ano, você estudou a consolidação do absolutismo na Inglaterra, que teve como principal personagem a rainha Elizabeth . Ela faleceu em 1603, sem deixar herdeiros, e a dinastia primeira Tudor chegou ao fim. Integrantes de outra dinastia assumiram o trono inglês: os Stuart. Eles eram parentes dos Tudor e governavam a Escócia.
Os dois primeiros monarcas da dinastia Stuart – Jaime , que reinou de 1603 a 1625, e seu filho, Carlos primeiro , que reinou de 1625 a 1649 – adotaram políticas centralizadoras e defenderam a origem divina do rei. Com a intenção de aumentar os impostos, ambos os monarcas primeiro dissolveramglossário o Parlamento em diferentes ocasiões.
Jaime primeiro e Carlos primeiro enfrentaram a oposição da maior parte dos nobres e burgueses do reino. Essa oposição era motivada por fatores econômicos e religiosos, entre outros. Os anglicanos tinham privilégios, como monopólios e proteção da Coroa. Parcela significativa da burguesia, da gentryglossário e dos súditos de religiões diferentes da oficial (anglicana), não tinha os mesmos benefícios.
Crise do reinado de Carlos primeiro
Durante o reinado de Carlos , o rei tentou impor o anglicanismo à população da Escócia, provocando o descontentamento dos presbiterianos da região. Carlos primeiro primeiro também entrou em conflito com o Parlamento ao restabelecer impostos, como o ship moneyglossário , e criar outras taxas.
A insatisfação dos camponeses e das camadas populares era crescente. Em virtude de uma série de fatores, principalmente dos cercamentos, esses grupos enfrentavam o empobrecimento, a falta de trabalho e a fome. Muitos camponeses migraram para as cidades em busca de trabalho.
Na tentativa de reduzir os conflitos religiosos e os problemas sociais, Carlos , assim como seu antecessor havia feito, incentivou a colonização como forma de enviar para a América os grupos sociais que lhe causavam problemas. primeiro
Imagens em contexto!
Após a ascensão dos Stuart na Inglaterra, com a coroação de Jaime primeiro, iniciaram-se revoltas contra o absolutismo, que havia sido instaurado durante a dinastia anterior, a Tudor.
A Revolução Puritana
A insatisfação generalizada esteve na origem de uma guerra civil que se iniciou em 1642. Esse conflito, chamado Revolução Puritana ou Guerra Civil Inglesa, dividiu o reino entre os defensores da monarquia e os do Parlamento.
Os integrantes do grupo que permaneceu fiel à monarquia Stuart faziam parte da alta nobreza e do clero anglicano, e ficaram conhecidos como cavaleiros. O grupo defensor do Parlamento, por sua vez, era bastante diversificado. Nele estavam puritanos, burgueses, integrantes da gentry e da população em geral, que ficaram conhecidos como cabeças redondas por não utilizarem as perucas da nobreza. Além desses dois, havia grupos mais radicais, como o dos levellers (“niveladores”), que propunham o direito de voto a todos os homens livres, e o dos diggers (“escavadores”), que defendiam a realização de uma reforma agrária.
O comandante do exército dos cabeças redondas era o puritano Óliver . Ele criou o crómuél New Model Army (“exército novo”), formado por soldados em tempo integral. Os demais exércitos da época eram grupos conscritosglossário a apenas uma área ou guarniçãoglossário , normalmente por tempo determinado. Como soldados profissionais, os membros do exército de crómuél não estavam ligados a nobres nem precisavam ser adeptos de alguma facção política ou religiosa.
Além disso, o líder puritano introduziu o mérito individual como critério de ascensão no exército. Dessa maneira, a bravura e outras qualidades podiam resultar em promoção, diferentemente do critério utilizado até então, que reservava aos nobres os cargos de comando. Como resultado dessas medidas, o exército de crómuél venceu várias batalhas.
Em 1649, ao fim da guerra civil, o rei Carlos primeiro foi condenado à morte e decapitado. O governo da Inglaterra passou ao Parlamento, sob liderança de crómuél, rompendo assim com a lógica da monarquia absolutista.
A República de crómuél
crómuél defendia a ideia de que, em uma república, os interesses dos cidadãos deveriam estar acima da vontade de qualquer pessoa. Essa concepção era revolucionária, pois contestava o direito absoluto dos reis e mudava a condição das pessoas de súditas para a de cidadãs.
O conceito de cidadania naquele contexto era muito diferente do atual. Na República Inglesa, mulheres e crianças não eram consideradas cidadãs. No entanto, grande parte dos homens maiores de idade passaram a entender-se como portadores de direitos, como reivindicavam os niveladores e parte do exército. crómuél, contudo, manteve o direito ao voto ligado à propriedade.
Ele procurou valorizar a burguesia, o que ficou evidente nos Atos de Navegação de 1651, que proibiam o transporte de produtos importados para a Inglaterra por navios estrangeiros. Isso criava um monopólio dos navios ingleses no transporte de mercadorias. A intenção era expandir o poder marítimo-comercial inglês.
Essa medida prejudicou outras nações, principalmente os Países Baixos, potência naval da época. Como resultado, Inglaterra e Países Baixos entraram em guerra entre 1652 e 1654. A Inglaterra venceu e garantiu o domínio dos mares.
Na política interna, crómuél ignorou as demandas populares, perseguiu os elementos mais radicais da revolução e massacrou opositores políticos. Suas medidas se distanciaram cada vez mais dos princípios da República Puritana.
Em 1653, ele dissolveu o Parlamento e se proclamou lorde protetor da Inglaterra. Com esse cargo, vitalício e hereditário, obteve plenos poderes, iniciando o período do Protetorado, considerado por muitos uma ditadura.
crómuél morreu em 1658, deixando seu filho, Ricardo, como herdeiro político. No entanto, o Parlamento foi reaberto em 1660 e os Stuart voltaram ao poder. Carlos segundo (filho de Carlos primeiro) assumiu o trono, iniciando a Restauração Stuart, que se estendeu no reinado de Jaime segundo, que governou de 1685 a 1688.
Imagens em contexto!
A charge foi publicada mais de duzentos anos depois da morte de , quando se debatia se deveria haver uma estátua em homenagem a ele no Parlamento. O olhar desconfiado dos personagens representados ao lado dele (os reis Carlos Óliver Crom-uél primeiro e seu filho Carlos ) e sua postura segurando a espada (no centro), revelam que a figura dele ainda era polêmica entre os britânicos. segundo crómuél foi um dos signatáriosglossário da sentença de morte do rei Carlos . primeiro
A Revolução Gloriosa e a Declaração de Direitos
Os monarcas Carlos segundo e Jaime segundo retomaram a política de centralização de poder e as tentativas de enfraquecer o Parlamento. No campo religioso, tentaram favorecer o catolicismo, o que desagradou aos protestantes puritanos e anglicanos. Para evitar outras revoltas, em 1688, o Parlamento articulou a Revolução Gloriosa.
No conflito, que recebeu esse nome por ter ocorrido sem derramamento de sangue, o Parlamento destituiu Jaime segundo do poder e passou a coroa para Maria Stuart, sua filha, que era casada com o príncipe Guilherme terceiro, dos Países Baixos. Para evitar problemas dinásticos ou outras tentativas de fechamento do Parlamento, Guilherme terceiro foi obrigado a assinar a Bill of Rights (“Declaração de Direitos”) em 1689.
De acordo com esse documento, o monarca devia se submeter ao Parlamento, não podendo tomar decisões sobre o exército, as leis, os impostos e outros assuntos sem consentimento parlamentar. Na prática, era o fim do absolutismo na Inglaterra.
A Revolução Puritana e a Revolução Gloriosa ficaram conhecidas como as Revoluções Inglesas e estabeleceram a base da monarquia parlamentar do Reino Unido atual. Ao aproximar a burguesia e a gentry do governo e garantir seu acesso ao Parlamento, essas revoluções impulsionaram a economia capitalista na Inglaterra. Participando do poder no Estado, esses grupos conseguiram reduzir barreiras mercantilistas e ampliar os cercamentos, acelerando práticas capitalistas nos meios urbano e rural. Você saberá detalhes dessas transformações ao estudar a Revolução Industrial, no capítulo 2.
O conhecimento científico
No século dezessete, vários pensadores levaram adiante as mudanças iniciadas no século dezesseis com o Renascimento Científico, a expansão marítima europeia e os avanços matemáticos e astronômicos do início da Idade Moderna. Filósofos e estudiosos, como frâncis bêicon e Niutom, estabeleceram uma fórma de produzir conhecimento científico que valorizava a dúvida, a formulação de hipóteses e a experiência.
O político e filósofo inglês frâncis bêicon, que viveu de 1561 a 1626, escreveu várias obras nas quais defendeu o saber por meio da racionalidade diante dos ataques que as ciências sofriam dos teólogos, políticos e, até mesmo, segundo ele, dos “erros e imperfeições dos próprios sábios”. bêicom afirmava que o aprendizado humano devia ser contínuo, pois o conhecimento seria ilimitado e progressivo. Além disso, ele acreditava que as pessoas precisavam se livrar de “velhos ídolos”, como a filosofia antiga, as superstições e os preconceitos que escondiam a verdade, e confiar somente na experiência replicávelglossário para produzir conhecimento.
izáqui nílton, nascido em 1642, foi um físico e matemático inglês muito importante em seu tempo. Em 1703, tornou-se presidente da Royal Society, academia de ciências de destaque da Inglaterra, e, em 1705, recebeu da rainha Ana o título de cavaleiro da Coroa. Niutom procurou explicar o mundo natural com base em seu funcionamento mecânico, ou seja, por meio de leis e princípios matemáticos. Ainda, estabeleceu leis matemáticas para o movimento e para a inércia e fórmulas para explicar a gravidade, além de explorar prismas e telescópios.
Imagens em contexto!
izáqui nílton ficou conhecido por sua capacidade de observação, de comparação e de criação de experiências e de métodos para comprovar hipóteses. Niutom elaborou teorias fundamentais para a ciência. Ele concluiu, por exemplo, que os corpos do universo, como a Lua e a Terra, eram atraídos ao centro por uma fôrça natural, obedecendo à lei da gravitação universal.
O sistema do telescópio refletor, desenvolvido por ele, ainda é utilizado em alguns equipamentos modernos.
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Transcrição do áudio
[LOCUTOR]: A razão no Iluminismo
[pausa]
[LOCUTOR]: Na pintura conhecida como Um filósofo palestrando no planetário, o artista inglês Joseph Wright retrata um tipo de evento que se tornou comum na Europa do século XVIII: palestras públicas em que diferentes conhecimentos científicos eram apresentados para parcelas da população.
[LOCUTOR]: A técnica utilizada por Wright, que evoca o efeito de uma iluminação à luz de velas, marca um contraste entre os rostos iluminados e o ambiente escuro.
[LOCUTOR]: Os rostos iluminados buscam representar a admiração dos personagens diante do conhecimento apresentado.
[LOCUTOR]: A luz que emana do planetário ilumina os personagens, separando-os da escuridão ao seu redor.
[LOCUTOR]: A pintura expressa algumas das principais características do Iluminismo, movimento cultural que se desenvolveu na Europa entre os séculos XVII e XVIII.
[LOCUTOR]: Influenciados pela Revolução Científica, os pensadores iluministas valorizavam o pensamento racional e se opunham à sociedade e às explicações sobre o mundo que se baseavam na religiosidade.
[LOCUTOR]: Por isso, consideravam alguns períodos anteriores da história como épocas de ignorância e escuridão intelectual.
[LOCUTOR]: Representando esse aspecto, Joseph Wright realizou outras pinturas em que personagens eram iluminados pela luz da razão e do conhecimento científico, em contraste com um passado de escuridão.
[LOCUTOR]: Durante o iluminismo, a oposição ao pensamento guiado pela fé, muitas vezes, era acompanhada da crítica à autoridade da Igreja Católica, e à estrutura social e econômica do Antigo Regime.
[LOCUTOR]: Tais críticas e ideias insuflaram a revolta e a organização da luta de uma burguesia em ascensão.
[LOCUTOR]: A crítica contra os privilégios vividos pelas classes nobres e clericais, feita pelos filósofos franceses Voltaire e Diderot, inspirou pensadores e revoltosos da Revolução Francesa, ocorrida em 1789.
[LOCUTOR]: Porém, Voltaire e Montesquieu, outro filosofo francês iluminista, ainda defendiam a permanência de uma aristocracia no poder.
[LOCUTOR]: O chamado despotismo esclarecido determinava que a figura do rei poderia permanecer, desde que ele fosse guiado pela razão.
[LOCUTOR]: Como exemplo desse tipo de governo está o reinado de Frederico II da Prússia, que atraiu para sua corte cientistas e pensadores como o próprio Voltaire.
[LOCUTOR]: A crença no progresso, ou seja, na capacidade humana de constantemente se aperfeiçoar a partir da razão, era compartilhada por uma grande parte desses pensadores, exceto o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau, que criticava a corruptibilidade gerada pelo progresso.
O pensamento cartesiano
O matemático e filósofo francês Renê Decarte, que viveu de 1596 a 1650, afirmava que se devia duvidar de todas as certezas preconcebidas e confiar apenas na experiência e no conhecimento verificável. O propósito inicial de Decárte era encontrar um método seguro que conduzisse à verdade inquestionável.
Assim, Decárte procurou desenvolver um método em que usava a matemática para construir conhecimento. O tipo de raciocínio matemático, a ordem, a lógica e as deduções, segundo ele, deveriam ser utilizadas para analisar a realidade dos fenômenos do mundo, do corpo e da mente humana. Em 1637, Decárte escreveu o livro Discurso do método, em que se destacou sua famosa frase: “penso, logo existo” (em latim, “”).
Ao afirmar que as pessoas deviam se guiar por uma dúvida metódicaglossário e constante, Decárte enfrentou a hostilidadeglossário de vários grupos. As igrejas e os detentores do conhecimento tradicional nas universidades europeias consideravam essas ideias problemáticas e heréticas. Decárte acabou sendo expulso da França e morreu durante o exílio na Suécia, em 1650, mas por seu trabalho, que possibilitou a discussão sobre ciência e ética no século , ele é considerado o precursor da filosofia moderna. dezessete
Imagens em contexto!
Decárte procurava organizar de maneira sistemática o que observava a fim de encontrar a lógica de funcionamento de seus objetos de pesquisa. Nessas gravuras da obra O homem, ele representou seus estudos a respeito dos movimentos involuntários do corpo. A primeira imagem ilustra um trecho em que Decárte procurou mostrar a relação entre as sensações e as reações do corpo a um fenômeno externo – no caso, a mão próxima ao fogo. A segunda imagem também explora o funcionamento dos sistemas sensoriais do corpo, mas, nesse caso, investigando a visão.
O pensamento político
A Inglaterra das revoluções foi palco de muitas discussões sobre cidadania. As ideias do pensador inglês Djón Lóque, que viveu de 1632 a 1704, influenciaram a crítica ao Antigo Regime e o desenvolvimento da ideia de representação política.
Em sua obra Dois tratados sobre o governo civil, lançada em 1690, lóqui criticou o poder despóticoglossário e afirmou que o Estado e a política deveriam existir para melhorar a sociedade. De acordo com ele, os governos deveriam ampliar o conforto e a liberdade dos agrupamentos sociais. Se um governo fosse arbitrárioglossário , os homens teriam não só o direito, mas também o dever de derrubá-lo.
Entrava em cena uma transformação importante: o conceito de súdito dava lugar ao de cidadão. Um súdito estava submetido à autoridade monárquica: o rei representava o reino como se fosse uma extensão dele (as leis, as terras, os cargos etcétera). A soberania de um Estado, ou seja, o poder de tomar decisões, estava nas mãos do monarca.
Isso mudou com a ideia de cidadania, de acordo com a qual todos os cidadãos tinham os mesmos direitos e deveres. Em vez de representar uma propriedade do monarca, o Estado passou a pertencer aos cidadãos. A soberania partia do povo, que a transferia ao governante, como um representante da sociedade.
Com essas ideias, lóqui se opôs a teóricos como Tômas Róbes, para quem a natureza humana era naturalmente má, havendo, por isso, a necessidade de um poder centralizado para limitar o impulso ruim e assegurar a vida em sociedade.
Na época do Antigo Regime, as ideias de lóqui eram consideradas perigosas para a ordem das coisas, pois contestavam o poder absoluto do rei.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Quais foram as principais motivações da Revolução Puritana? Identifique os grupos envolvidos nesse conflito.
- A deposição de Jaime segundo pelo Parlamento deflagrou a Revolução Gloriosa. Explique as principais consequências desse evento político.
- Explique como as ideias de Djón Lóque contribuíram para que o conceito de súdito desse lugar ao de cidadão.
O iluminismo: nova modernidade na Europa
No século dezoito, técnicas, instrumentos de observação e de medição mais eficazes, a prática da dúvida como método e a matematização do mundo natural se tornaram ferramentas para explicar os fenômenos naturais, sociais e econômicos.
Acreditava-se que somente a luz da razão acabaria com a escuridão da ignorância e do pensamento religioso dogmáticoglossário . Por esse motivo, são comuns as referências ao século dezoito como século das luzes e aos pensadores que defendiam a razão acima da superstição, em defesa do progresso e da plena felicidade, como iluministas.
Os pensadores iluministas criticavam vários aspectos da ordem vigente. No campo político, o principal alvo era o absolutismo monárquico. Para Djón Lóque e jeãn jác russô, por exemplo, o poder de governar não tinha origem em Deus, mas em um pacto entre governante e governados, com direitos e deveres para ambas as partes.
Por meio desse pacto, chamado contrato social, estabelecia-se a ideia de que o governo era uma criação humana na qual o monarca recebia dos súditos o direito de governar. Seu poder, portanto, não era ilimitado nem irrestritoglossário .
No campo social, as críticas dos iluministas se direcionavam às desigualdades e aos privilégios que serviam de base para a divisão estamental, em que a nobreza e o clero eram isentos da maioria dos impostos e monopolizavam os cargos mais importantes. Os iluministas defendiam, portanto, a liberdade individual e a igual- dade jurídica, base da ideia de cidadania, como princípios que deveriam nortear as sociedades.
Ao se opor às superstições e ao pensamento religioso dogmático como princípios usados para entender o mundo, o pensamento iluminista acentuou o declínio do poder da Igreja e do clero.
Pensadores iluministas franceses
Na França, um dos principais centros do iluminismo, essa fórma de pensar se propagou sobretudo entre os integrantes da elite. Aristocratas e ricos burgueses promoviam saraus e salões de leitura nos quais se discutiam e divulgavam as ideias iluministas.
Imagens em contexto!
cânti foi um importante filósofo que viveu de 1724 a 1804. Ele acreditava que, por meio da razão e ousando saber, o ser humano seria capaz de pensar por si próprio e livrar-se das amarras que o prendiam a um estado de imaturidade.
Em Paris, uns dos principais centros de discussão filosófica eram os salões literários promovidos por Marrí-Terrêse Rodê Jufrán, que viveu de 1699 a 1777. Em sua casa, duas vezes na semana, artistas, pensadores, literatos e outras personalidades se encontravam para leituras e discussões.
Voltaire
Mais conhecido pelo pseudônimo de voltér, françuá marré arruê foi um filósofo e escritor que viveu na França de 1694 a 1778. Ele ficou conhecido por tecer duras críticas ao absolutismo e à Igreja Católica e por defender as liberdades individuais e de pensamento em dezenas de peças teatrais, ensaios, poemas e romances.
Entre suas principais obras, destacam-se Cartas inglesas, publicadas em 1734, nas quais reflete sobre temas como a sociedade inglesa, a Real Academia de Ciências e o pensamento de Djón Lóque e de izáqui nílton (comparando-o ao de Decárte); e Cândido, ou O otimismo, livro de ficção publicado em 1759, em que o personagem-título deixa um mundo ideal e se decepciona com a realidade que encontra pelo caminho.
voltér manteve posições conservadoras em algumas questões; por exemplo, na defesa da monarquia como fórma de governo, desde que orientada pelos princípios iluministas. Do ponto de vista social, o filósofo teve pouca consideração pelas camadas populares, que considerava ignorantes e rudes.
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As salonnières, proprietárias e organizadoras dos salões literários, constituíram um importante grupo de mulheres instruídas que conseguiram converter o espaço doméstico, concebido para mantê-las afastadas do espaço público, em locais de discussão política, filosófica e científica.
Dica
LIVRO
Cândido ou O otimismo, de voltér. São Paulo: Escala, 2008. (Coleção Filosofia em Quadrinhos).
Nessa adaptação da obra de voltér para quadrinhos, a história do ingênuo Cândido é narrada de maneira descomplicada, com bastante humor.
Barão de Montesquiê
chárle luí dê secondá, barão de Montesquiê, viveu na França de 1689 a 1755. Ele defendeu a divisão dos poderes como fórma de impedir governos despóticos.
Em sua principal obra, O espírito das leis, publicada em 1748, propôs a separação do Estado em três poderes independentes. O Poder Executivo se encarregaria de administrar e executar as leis, elaboradas pelo Legislativo. Ao Judiciário caberia julgar conflitos e a aplicar penas em caso de infrações às leis. Desse modo, sem interferir nas demais áreas, nenhuma instânciaglossário concentraria o poder.
Jean-Jacques Rousseau
Nascido em Genebra, na Suíça, em 1712, jeãn jác russô é considerado um dos pensadores iluministas mais radicais. Na obra Do contrato social, publicada em 1762, ele defendeu a ideia de que a soberania residia no povo, e não no governante.
Sua radicalidade se expressava na defesa do sistema republicano, dos direitos naturais inalienáveisglossário e de formas igualitárias de sociedade. Afirmando que a propriedade privada era a causa das desigualdades sociais, Russô acreditava que a natureza humana era boa, mas a vida em sociedade desvirtuava essa essência.
No livro Emílio, ou Da educação, publicado em 1762, defendeu a educação como fórma de combater os vícios que afligiam a sociedade. O pensador faleceu em 1778.
A Enciclopédia
Para os iluministas, não bastava produzir conhecimento com base na razão. Também era preciso divulgá-lo. Por isso, Denis Diderrô e jân lerôn dalembér, que viveram, respectivamente, de 1713 a 1784 e de 1717 a 1783, organizaram a Enciclopédia.
O projeto contou com dezenas de intelectuais, filósofos e artistas, que pretendiam reunir e divulgar o conhecimento científico e refutarglossário os dogmas religiosos.
Nas dezenas de volumes da obra, editada entre 1751 e 1772, havia mais de 70 mil verbetesglossário e milhares de ilustrações. A Enciclopédia sofreu censura, principalmente pelo tom anticlericalglossário e foi incluída no , lista dos livros proibidos pela Igreja. índequis
Vamos pensar juntos?
No mundo de hoje, a possibilidade de buscar e acessar informações a qualquer hora e em diferentes lugares se amplia cada vez mais. É comum o uso de enciclopédias digitais, entre elas a uiquipédia, que se destaca pela facilidade de acesso.
Para quem está acostumado a isso, talvez seja difícil compreender o esforço dos enciclopedistas do século dezoito e a importância de seu projeto, a Enciclopédia. Leia o texto a seguir e, depois, faça as atividades.
“Analisando o modo como a uiquipédia se configura, podemos entender que a rapidez, a instantaneidade, estariam fortemente presentes em sua constituição. reticências seus verbetes reticências podem ser criados, modificados ou mesmo eliminados em questão de segundos ou minutos.
reticências
No iluminismo, quando foi produzida uma das mais célebres enciclopédias de todos os tempos, a Encyclopédie reticências [Enciclopédia], a elaboração dos seus vinte e oito volumes e setenta e dois mil artigos prolongou-se por vinte e um anos.
Embora enciclopédias reticências atualizem seus conteúdos com mais frequência, o que geralmente ocorre são atualizações a cada um ou vários anos, e o número de novos verbetes ou de alterações é bastante reduzido.
Juntamente com esta primeira característica, estaria uma outra, também central: a autoria colaborativaglossário . Para nós, por possibilitar que um número maior de sujeitos faça parte da escritura de seus verbetes, com a uiquipédia estaríamos diante do que [o filósofo ] michél pêchê reticências denominou de ‘reorganização social do trabalho intelectual’.
Não é mais o monge ou o teólogo da Idade Média, o humanista do século dezesseis, o filósofo iluminista, ou ainda uma equipe de especialistas que elaboram as ‘coisas a saber’ reticências os saberes são postos em circulação por diferentes sujeitos que se encontram em diferentes lugares e momentos.”
iscôta, L. Da enciclopédia e da uiquipédia: uma leitura discursiva. Arte – Revista de Estudos em Linguagem e Tecnologia, ano 2, número 2, página 77-78, fevereiro 2009.
Responda no caderno.
- Segundo o texto, de que fórma as enciclopédias digitais ampliaram a produção de conhecimento?
- Descreva o que há em comum entre o projeto da Enciclopédia iluminista e as enciclopédias digitais atuais.
- Quais são as diferenças entre as enciclopédias tradicionais e a uiquipédia?
- Se qualquer pessoa pode inserir informações nos verbetes, como saber se as enciclopédias digitais são confiáveis? Avalie os problemas que o sistema desenvolvido pela uiquipédia pode trazer.
A fisiocracia e o liberalismo econômico
O absolutismo foi o principal alvo do pensamento político iluminista, e as práticas do mercantilismo, que você estudou no 7º ano, foram duramente criticadas por pensadores que se dedicaram ao estudo da economia. A intervenção do Estado na economia, o metalismo, a manutenção de níveis de exportação superiores aos de importação, os monopólios comerciais e os pactos coloniais foram amplamente contestados.
Os teóricos do liberalismo econômico tinham em comum a defesa da livre iniciativa e da autorregulação do mercado, que não necessitaria de intervenção ou contrôle do Estado para ocorrer. Assim como no pensamento político, porém, havia diversas propostas. A seguir, você estudará duas vertentes do pensamento econômico liberal: a dos fisiocratas franceses e a dos que defendiam o liberalismo clássico inglês.
Os fisiocratas
Formada na França, a fisiocracia (do grego “poder” ou “domínio da natureza”) implicava a ideia de que a geração de riqueza se encontrava na propriedade da terra; portanto, a principal atividade econômica seria a agricultura. françuá quêsné, que viveu de 1694 a 1774, na obra chamada Quadro econômico, de 1759, estabeleceu esse princípio e outros fundamentos do pensamento fisiocrata.
Além dele, destacou-se o marquês de gurné, economista que viveu de 1712 a 1759, cuja frase “Laissez faire, laissez passer” (“Deixe fazer, deixe passar”) tornou-se marca do pensamento liberal francês. A ideia era deixar as coisas (em especial o mercado e a economia) seguirem o próprio ritmo, sem a necessidade de constantes intervenções do Estado.
Imagens em contexto!
O cultivo agrícola e a criação de animais dominaram parte da paisagem rural britânica até meados do século dezenove.
A pintura fornece um registro da cidade de Leeds, no norte da Inglaterra, em um estágio inicial de sua transformação em centro industrial, pouco antes de sua arquitetura ser dominada pela reconstrução maciça e pela expansão industrial no início daquele século.
Liberalismo clássico inglês
No fim do século dezoito, a Inglaterra passava por um impactante fenômeno: a Revolução Industrial. Esse processo, que você estudará de fórma aprofundada no próximo capítulo, impôs novos conceitos sobre a produção, o consumo e a circulação de bens e mercadorias, assim como sobre as relações de trabalho e o papel do Estado na economia. Nesse contexto, os liberais britânicos defenderam propostas que favoreciam a economia industrial.
A principal referência no período foi o pensador escocês Adam Ismíf, que viveu de 1723 a 1790. Autor do livro A riqueza das nações, publicado em 1776, em que fundamentou o liberalismo clássico, Ismíf contestou as práticas mercantilistas, defendendo a livre iniciativa econômica e a livre concorrência, o que incentivaria o trabalho e beneficiaria a nação.
Diferentemente dos fisiocratas, Ismíf e outros pensadores do liberalismo clássico entendiam que a geração de riquezas de uma nação não provinha da propriedade da terra, mas do trabalho humano.
Na perspectiva dele, o mercado detinha a capacidade de se regular pela lei de oferta e procuraglossário , sem medidas de contrôle do Estado. Para descrever o mecanismo de autorregulação do mercado, Ismíf utilizou a metáfora da mão invisível: um princípio impossível de visualizar, mas que agiria sobre preços, quantidade de produção etcétera, regulando-os conforme os interesses do mercado.
Os pensadores do liberalismo defendiam a ideia de que a riqueza era infinita, pois a partir dela era possível gerar mais riqueza. Em outras palavras, quanto mais alguém vendesse algo, mais capital acumularia. Gastando esse capital, essa pessoa impulsionaria a fabricação de outros bens, o que geraria mais renda e riqueza em um ciclo supostamente infinito.
Imagens em contexto!
A palavra mercado pode ter vários sentidos e ser percebida de distintas maneiras. Na tirinha, o personagem observa que pode se transformar em um objeto a ser produzido, preparado e depois consumido, e questiona o sentido disso. O mercado, ao qual Adam Smifi se refere, também envolve a ideia da fôrça de trabalho produzida e reproduzida para gerar riqueza às nações.
O despotismo esclarecido
No século dezoito, alguns reis europeus empreenderam reformas inspiradas em princípios liberais e do iluminismo. Eles pretendiam modernizar a economia e a administração dos reinos, tornando-as mais eficientes, sem afetar as estruturas sociais (como os privilégios do clero e da nobreza) nem o poder absoluto que detinham. Essas reformas possibilitaram a formação de um tipo de governo que ficou conhecido como despotismo esclarecido.
Destacaram-se como déspotas esclarecidos José segundo, da Áustria, Frederico segundo, da Prússia (monarca que manteve constante diálogo com voltér, por meio de cartas e pessoalmente), Carlos terceiro, da Espanha, Catarina segunda, da Rússia, e dom José primeiro, de Portugal, que deixou a cargo do ministro Marquês de Pombal as reformas que influenciaram diretamente a política e a economia da América portuguesa, como você estudará adiante.
A déspota russa Catarina segunda
Catarina segunda (ou Catarina, a Grande) governou o Império Russo de 1762 a 1796. Conectada ao circuito intelectual do período, a rainha correspondia-se com vários iluministas, entre os quais Diderrô e voltér.
Catarina ampliou as universidades russas, diminuiu a violência das penas e aprovou, em 1773, o Edito da Tolerância, garantindo liberdade religiosa e de culto. Em 1783, fundou uma escola para moças nobres. Militarmente, reorganizou o exército e empreendeu uma série de guerras nas quais ampliou os territórios do império.
Em contrapartida, a rainha evidenciou os limites do despotismo esclarecido: reforçou os privilégios da nobreza, ampliando seus poderes políticos e garantindo-lhe a isenção de impostos, estendeu o regime de servidão no campo, reforçando a submissão dos servos aos nobres, e reprimiu violentamente protestos de camponeses contra a miséria e as péssimas condições de vida.
Imagens em contexto!
A reprodução de retratos dos déspotas esclarecidos era marcada pela representação de elementos que simbolizavam o poder, como o cetro, a coroa e o manto, típicos dos monarcas absolutistas. A pintura representa Catarina segundano dia de sua coroação.
Despotismo espanhol
O despotismo esclarecido na Espanha coincidiu com a ascensão da dinastia burbôm ao poder depois de uma grave crise sucessória. Os burbôm iniciaram uma série de reformas a fim de reorganizar o governo. As Reformas burbônicas, como ficaram conhecidas, atingiram tanto a Espanha como suas colônias e marcaram uma nova etapa na organização do Império Espanhol.
Na América, houve uma remodelação da organização territorial, administrativa e econômica. Para facilitar a administração, o governo acrescentou dois vice-reinos à América espanhola: o de Nova Granada (em 1717, restaurado em 1739 após breve reanexação ao Peru) e o do Rio da Prata (em 1776).
Além disso, os criollos foram excluídos de postos importantes, que passaram a ser ocupados apenas por funcionários espanhóis. Os jesuítas foram expulsos dos territórios do Império Espanhol sob a justificativa de que eles dificultavam a administração e constituíam um poder não submetido ao monarca.
Medidas progressistas, como concessão de liberdade de expressão e de imprensa, incentivo à propriedade privada e abertura dos portos para o comércio estrangeiro, foram empreendidas seguindo os preceitosglossário do liberalismo.
O objetivo do governo era fortalecer o comércio espanhol e modernizar o sistema administrativo, mas essas transformações provocaram o descontentamento de alguns grupos.
Os criollos, que tinham vantagens políticas, econômicas e sociais no antigo sistema, viram seus privilégios e lucros diminuírem. Já os indígenas e integrantes de camadas populares nas colônias foram profundamente afetados pelo aumento dos impostos.
Imagens em contexto!
Um dos monarcas responsáveis pela política de reformas na Espanha foi Carlos terceiro, que reinou de 1759 a 1788. Entre as principais medidas implementadas por ele estavam a modernização do Estado, o fortalecimento da monarquia, o contrôle rígido da metrópole sobre os territórios na América, o aumento de impostos e a ampliação de fôrças militares.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Explique por que o século dezoito ficou conhecido como o século das luzes.
- Identifique aspectos do pensamento iluminista presentes no trabalho dos pensadores enciclopedistas do século dezoito. Explique por que eles foram perseguidos pela Igreja.
- Explique o conceito de despotismo esclarecido e cite exemplos de medidas tomadas por monarcas que seguiram seus princípios.
Atividades
Responda no caderno.
Organize suas ideias
- No caderno, copie em ordem cronológica os acontecimentos históricos listados a seguir.
- Os Atos de Navegação aprovados no governo de crómuél estimularam o comércio inglês, mas prejudicaram economicamente os Países Baixos, o que causou uma guerra entre as duas nações.
- A Revolução Gloriosa reforçou o poder do Parlamento e os limites dos monarcas.
- Os monarcas da dinastia Stuart, Jaime primeiro e Carlos primeiro, que defendiam a ideia da origem divina dos reis, dissolveram o Parlamento inglês em diferentes ocasiões.
- Analise as informações a seguir sobre o iluminismo e, no caderno, classifique as afirmativas em verdadeiras ou falsas. Em seguida, reescreva as sentenças incorretas, corrigindo-as.
- O iluminismo foi um movimento artístico do século dezesseis.
- Os iluministas defendiam o conhecimento construído com base na razão.
- Os iluministas apoiavam o regime absolutista.
- O iluminismo foi um movimento unificado em defesa da tradição dos dogmas da Igreja.
- No caderno, associe corretamente os pensadores listados a seguir às respectivas ideias.
- voltér.
- Barão de Montesquiê.
- jeãn jác russô.
- Adam Ismíf.
- Propôs a divisão de poderes do Estado como fórma de evitar governos despóticos.
- Criticou a Igreja e o pensamento religioso, considerado supersticioso, e defendeu a liberdade de expressão e de pensamento.
- Defendeu o livre mercado e a liberdade econômica, propondo que o mercado seria capaz de autorregulação.
- Defendeu a existência da bondade natural do ser humano, além de propor as ideias de contrato social e de soberania do povo.
Aprofundando
4. Analise a tirinha e descreva o princípio ou ideal iluminista que pode ser identificado nela.
5. Leia o documento a seguir e faça o que se pede.
“Considerando que tendo Jaime segundo abdicado e estando o trono vacanteglossário , Sua Alteza, o Príncipe de Orange, ordenou a eleição de deputados para o Parlamento, estes agora reunidos como representantes totais e livres desta nação, declaram:
1 – Que o pretenso poder de suspender as leis, ou a execução das leis, pela autoridade régia, sem o consentimento do Parlamento é ilegal. reticências
4 – Que o direito de cobrar impostos para o uso da Coroa, com o pretexto de privilégio, sem outorgaglossário do Parlamento, é ilegal. reticências
6 – Que o recrutamento e manutenção de um exército, em tempo de paz, é ilegal sem o consentimento do Parlamento. reticências
9 – Que a liberdade de palavra nos debates e atas do Parlamento não deve ser questionada em nenhuma côrte ou lugar fóra do Parlamento.”
DECLARAÇÃO dos Direitos, 1689. : SÃO PAULO (estado). Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. ín Coletânea de documentos históricos para o 1º grau: 5ª a 8ª séries. São Paulo: : ésse ê , 1979. cêmpi página 84.
- Em que momento histórico esse documento foi redigido?
- De que maneira esse documento limitou os poderes do monarca?
- Que princípios liberais estão presentes nesse documento?
6. No século dezoito, no contexto do iluminismo, as sociedades indígenas americanas se tornaram objeto de debate. De um lado, alguns europeus classificavam a América como “degenerada” ou “imatura” em relação à Europa. De outro, essas ideias eurocêntricas eram contestadas, por exemplo, por jesuítas criollos exilados na Europa. Essa discussão pública ficou conhecida como Polêmica do Novo Mundo. Junte-se a um colega e leiam os textos a seguir. No primeiro deles, o filósofo holandês Cornelius de pôl descreve seu ponto de vista sobre os indígenas americanos. No segundo, o jesuíta Francisco clavirrêro apresenta sua visão.
“ reticências eles são de uma preguiça imperdoável, não inventam nada, não empreendem nada, e não estendem a esfera de sua concepção além do que veem, reticências o desânimo e a falta absoluta daquilo que constitui o animal racional os tornam inúteis para si mesmos e para a sociedade.”
pôl, C. de. Pesquisas sobre os americanos ou relatos interessantes para servir à história da espécie humana, 1774. ápud: LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2000. página 43.
“A organização que os espanhóis encontraram no México era muito superior àquela que os fenícios e cartagineses encontraram em nossa Espanha reticências Não há dúvida que os espanhóis naqueles remotos séculos reticências não possuíam a organização tão desenvolvida, suas artes tão florescentes e o conhecimento da natureza tão adiantado quanto os mexicanos do começo do século dezesseis.”
clavirrêro, F. J. Historia antigua de México. Cidade do México: Porrúa, 2003 [1964]. página 63. Tradução nossa.
- De que modo os indígenas são descritos nos dois textos?
- Segundo De pôl, por que os indígenas possuíam essas características? clavirrêro contesta a visão de De pôl ou a reforça? Como ele faz isso?
- De que maneira a Polêmica do Novo Mundo se relaciona ao contexto filosófico iluminista?
Glossário
- Esfera pública
- : conjunto de espaços (ruas, salões, teatros ) e de veículos de comunicação (panfletos, jornais, revistas etcétera ) em que temas de interesse público são debatidos de etcétera fórma livre e igualitária.
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- Dissolver
- : desfazer, eliminar, acabar. No texto, o termo está relacionado à atitude de encerrar as reuniões do Parlamento.
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- : nobreza proprietária de terras, que se diferenciava da nobreza que detinha títulos nobiliárquicos, como o de príncipe, o de conde e o de barão.
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- : taxa naval paga por moradores de cidades litorâneas.
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- Conscrito
- : convocado a prestar serviço militar.
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- Guarnição
- : conjunto de tropas destacadas para determinado local.
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- Signatário
- : aquele que assina um texto ou documento.
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- Replicável
- : que pode ser repetido.
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- Metódico
- : modo de fazer as coisas com método, de acordo com um plano ou procedimento.
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- Hostilidade
- : inimizade, agressividade, contrariedade.
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- Despótico
- : relativo ao poder absoluto e abusivo de um déspota.
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- Arbitrário
- : que não segue normas ou fundamentos e depende apenas da vontade de quem age.
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- Dogmático
- : que se apresenta como uma certeza absoluta.
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- Irrestrito
- : que não tem restrições, limites ou condições.
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- Instância
- : esfera de ação.
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- Direito natural inalienável
- : direito anterior ao Estado, que não pode ser cedido, pois é vinculado à dignidade humana. Na Declaração de Independência dos Estados Unidos, de 1776, por exemplo, os direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade foram considerados inalienáveis.
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- Refutar
- : desmentir, contestar, negar.
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- Verbete
- : conjunto das definições e explicações de cada termo em dicionários ou enciclopédias.
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- Anticlerical
- : característica daquele que combate o clero.
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- Colaborativo
- : que é feito de fórma cooperativa, por várias pessoas.
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- Lei de oferta e procura
- : princípio segundo o qual o preço de mercado de um produto seria regulado pela proporção entre a oferta dessa mercadoria e a demanda (ou procura) por ela. Assim, a abundância de oferta de um produto ou serviço diminuiria seu preço, enquanto a escassez (ou falta) o aumentaria.
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- Preceito
- : regra, norma.
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- Vacante
- : vago, não ocupado.
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- Outorgar
- : aprovar, concordar, permitir.
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