CAPÍTULO 3 REVOLUÇÃO AMERICANA: A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

É muito comum as pessoas associarem o termo revolução a uma mudança ocorrida depois de embates, em alguns casos muito violentos, entre diferentes grupos sociais e políticos. Ao verificar sua definição no dicionário, é possível notar que essa palavra pode ter sentidos distintos de acordo com o contexto. Na astronomia, ela é utilizada para designar o movimento completo que um corpo celeste faz ao redor de outro: a Lua, por exemplo, faz uma revolução (ou seja, um giro completo) em torno da Terra. Já a imagem desta página retrata uma cena cotidiana no Brasil atual. Apesar de comum, mostra uma das consequências de outro tipo de revolução. Analise a imagem, leia a legenda e, depois, faça as atividades propostas.

Fotografia. Dois adolescentes usando um notebook. A menina está sentada digitando. E o menino, em pé e ao lado dela, olha para a tela.
Adolescentes utilizando computador em São Paulo (São Paulo). Foto de 2019.
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Imagens em contexto!

A internet, assim como o desenvolvimento de computadores e celulares, modificou a fórma de as pessoas trabalharem, estudarem e se comunicarem.

Por isso, pode-se considerar que esses instrumentos geraram uma revolução tecnológica na sociedade.

Ícone. Ilustração de ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Você já utilizou a palavra revolução ou se lembra de alguém comentar que aconteceu uma revolução em sua vida ou em seu cotidiano? Se sua resposta for afirmativa, cite exemplos.
  2. Em sua opinião, o que é necessário para que uma mudança social, política ou econômica seja considerada uma revolução?

As Treze Colônias e a relação com a Grã-Bretanha

Nos primeiros séculos de colonização, o governo inglês interferiu pouco na vida dos colonos. Apesar de estarem oficialmente submetidas à autoridade e às leis inglesas, as colônias americanas recebiam pouca atenção da metrópole, o que foi chamado posteriormente pelos historiadores estadunidenses de negligênciaglossário salutarglossário . Em razão dessa prática, as colônias puderam se desenvolver com muito mais autonomia que outros domínios coloniais.

Mesmo com essa relação menos sistemática e controladora, os colonos ingleses se consideravam súditos leais à Coroa e, até meados do século dezoito, não tinham motivos para romper com a metrópole.

Gravura. Vista ampla de local aberto. Em primeiro plano, na parte inferior da gravura, soldados de casaco vermelho e calça azul, alguns usam chapéu preto. Estão próximos a um corpo de água. Dois soldados seguram armas nas mão, semelhantes a espingardas; outros manipulam caixas, cestos e uma pequena canoa que está às margens.  Ao fundo, no corpo de água, uma grande embarcação com mastros e velas recolhidas. À direita, muitos prédios de diferentes tamanhos, todos com dois pavimentos ou mais, e algumas pessoas caminhando.
Vista de Boston, gravura de , cêrca de 1770.
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Na pintura, o artista europeu representou o porto de Boston, com ingleses no contrôle do carregamento de mercadorias.

A Guerra dos Sete Anos

No século dezoito, a Grã-Bretanha mudou sua relação com a colônia. O principal conflito que motivou essa alteração foi a Guerra dos Sete Anos. Ocorrido entre 1756 e 1763, o confronto teve múltiplas razões e quatro locais de ação: Europa, Ásia, África e América. Na Europa, a França, a Espanha e o Sacro Império Romano-Germânico (e aliados) enfrentaram uma liga formada pela Grã-Bretanha, por Portugal, pela Prússia e por Hanover (que fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico, mas era ligada aos britânicos).

A guerra começou com a disputa pela posse de territórios e por sucessões dinásticas na Europa. Depois, espalhou-se para a Ásia – onde franceses e britânicos guerrearam pelo contrôle de colônias na Índia – e a África – onde as potências disputaram terras no Senegal e em Gâmbia. Na América do Norte, o contrôle da navegação do Rio Ohio interessava aos franceses e aos britânicos.

Para minar a presença britânica na América, os franceses se coligaram a alguns grupos indígenas, como os abenáqui e os algonquinos. Os britânicos, por sua vez, associaram-se aos colonos e aos indígenas iroqueses contra a liga franco-indígena. Ao final do conflito, as fôrças francesas foram vencidas.

Gravura. Vista para local aberto, com relevo acidentado e mar ao fundo. Uma tropa de soldados vestidos de azul e capacete preto está à esquerda da gravura. Tropas vestidas com uniforme em laranja estão agrupadas em dois locais da gravura, à direita e à esquerda. No mar, pequenas embarcações com mais soldados. Ao fundo e à esquerda, um forte; à direita, embarcações com bandeiras hasteadas e fumaça sobre algumas embarcações. Há soldados espalhados por toda a costa.
A chegada dos franceses à Ilha de Newfoundland, gravura de bissê, século dezoito.
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Na América do Norte, durante a Guerra dos Sete Anos, tropas francesas atacaram, em 1762, o Forte St. John’s, localizado na Ilha de Newfoundland. Atualmente, a região faz parte do território canadense.

Dica

FILME

Barry Lyndon

Direção: istânlei .

Estados Unidos, 1975.

Duração: 149 minutos.

O filme se baseia na vida de wréd-mônd béri, um jovem irlandês que, após um romance rápido com uma mulher, é trocado por um capitão do exército inglês. Por ver sua honra diminuída, desafia o capitão e sai vitorioso. O filme acompanha a trajetória de Barry até ele se alistar no exército mercenário britânico e ser enviado para lutar na Guerra dos Sete Anos no norte do território correspondente ao da atual Alemanha. Nas cenas, é possível verificar uma sequência de elementos e atos característicos das guerras daquele período, como as baterias, as bandeiras com as cores das côrtes e a fórma de combater.

Resultados do conflito

Os resultados da Guerra dos Sete Anos foram controversos. Os colonos esperavam que seu empenho e sua lealdade à Coroa britânica fossem reconhecidos, pois enfrentaram os franceses e seus aliados indígenas em nome da Grã-Bretanha.

No entanto, o monarca djêordji terceiro frustrou essas expectativas ao reconhecer as terras conquistadas da França como territórios indígenas, doando-as a seus aliados. O rei também delimitou rígidas fronteiras a partir da cadeia de montanhas conhecidas como Apalaches, proibindo os colonos de comprar ou invadir terras indígenas além daquele local.

As atitudes de djêordji terceiro mostraram à população colonial que os desejos e as decisões da Coroa nem sempre estavam de acordo com as pretensões dos colonos.

Para saldar as dívidas e equilibrar as finanças após os gastos nas lutas contra a França, o governo britânico criou pesados impostos sobre as colônias, chegando ao fim sua chamada negligência salutar com o território americano.

Com tais medidas, a Grã-Bretanha pretendia que os habitantes de seus territórios na América contribuíssem para o enriquecimento da metrópole e se submetessem a sua autoridade. Ao longo do século dezoito, porém, essa mudança na política gerou profundos descontentamentos na população colonial.

Pintura. Ao centro, em destaque, um homem em pé, com um dos braços apoiados sobre uma estrutura retangular, onde há um vaso de flores coloridas. O outro braço está na cintura. Ele usa uma peruca branca e curta. Suas vestes são em um tecido azul brilhante. À frente e à direita, há uma mulher de cabelo castanho, amarrado em coque. Ela usa um logo vestido de tecido branco e brilhante. Ela está sentada com uma bebê de vestido azul claro no colo. Sobre o encosto da cadeira, um manto em vinho com detalhes em branco. Ao lado da mulher e da bebê, está sentada uma menina também de vestido azul claro. À esquerda, há mais quatro crianças. Duas delas estão em pé, com vestes em tecido brilhante, uma de vermelho e a outra de amarelo. Sentada no chão, uma criança usa um vestido com detalhes vermelhos e, outra, em pé e ao lado, encostada em uma cadeira, usa vestes azuis e segura uma ave branca em uma das mãos. Ao fundo, céu azul com nuvens em cinza, à esquerda árvore com muitas folhas em verde escuro e uma estátua em verde de duas pessoas sobre uma plataforma. Atrás do homem em destaque, duas colunas grossas, vistas parcialmente. À direita, atrás da mulher sentada, uma mesa com uma coroa dourada, e, sobre uma almofada em vermelho e detalhes em dourado, uma esfera dourada. Acima dessa mesa, pende do teto um volumoso tecido em vinho.
djêordji terceiro, rainha Charlotte e seus seis filhos mais velhos, pintura de iôrram, 1770.
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djêordji terceiro governou a Grã-Bretanha e a Irlanda entre 1760 e 1801, quando os dois países se uniram, e tornou-se o primeiro rei do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, permanecendo com a Coroa até morrer, em 1820. Seu reinado foi marcado por uma série de guerras, como a dos Sete Anos e as decorrentes das invasões napoleônicas, nas quais foi vencedor. No entanto, entre suas derrotas, destaca-se o processo de independência das colônias americanas.

As novas taxas

A primeira demonstração da mudança de posicionamento do governo britânico em relação aos súditos americanos foi dada pela Lei do Açúcar, de 1764. Como você pode notar, essa lei foi criada apenas um ano após o fim da Guerra dos Sete Anos.

Já havia na colônia taxações sobre vários produtos, como o algodão. Em geral, o governo instituía os impostos com a finalidade de evitar a concorrência de seus produtos com similares feitos na Europa. Havia também taxas cobradas pelas casas legislativas que funcionavam nas colônias. Elas eram administradas por ingleses nascidos no continente americano e geravam receita para os governos coloniais locais. Havia, portanto, certa autonomia fiscal, legislativa e governamental na América britânica que a diferenciava das colônias da Espanha e de Portugal.

Pintura. Vista para local aberto, em alto mar, de cor esverdada. No centro da pintura, labaredas intensas de fogo, amareladas no centro e alaranjadas na ponta, consomem uma embarcação, de onde sai muita fumaça. No canto inferior esquerdo, uma pequena embarcação a remo, tripulada. Céu azul com muitas nuvens brancas e uma coluna de fumaça em branco acinzentado.
Luxborough pegando fogo ao mar, pintura de djôn clíveli, 1727.
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A liberdade dos colonos americanos permitiu, também, que eles se envolvessem no lucrativo comércio de escravizados. O navio Luxborough, retratado na pintura de djôn clíveli, participava do chamado comércio triangular e transportava pessoas da África para o Caribe para escravizá-las. Em 1725, o navio afundou em razão de um incêndio próximo ao litoral das Bahamas.

Com a Lei do Açúcar, diminuiu pela metade o imposto sobre o melaço e outros produtos derivados de cana-de-açúcar, mas sua cobrança se tornou mais efetiva, dificultando a sonegação. Antes, esse processo era controlado por autoridades locais, o que dava amplo espaço para desvios, contrabandos e baixa arrecadação.

Antes da lei, os colonos eram responsáveis pelo contrôle do contrabando de melaço, rum, açúcar e outros produtos e toleravam a ação dos contrabandistas, pois se beneficiavam do comércio ilegal. Com a lei, essa função foi transferida para a metrópole, diminuindo a autonomia local e obrigando os colonos a comprar apenas os derivados da cana-de-açúcar produzidos nos territórios britânicos do Caribe. Além disso, as colônias perderam a autonomia para participar livremente do comércio triangular.

Charge. À direita, um homem de rosto fino, nariz e queixo grandes, veste casaca vermelha e chapéu preto. Ele tem uma perna de pau. Usa uma muleta sob o braço esquerdo, cuja ponta está sobre o desenho de um círculo vermelho com linhas azuis que se cruzam, e, com uma das mãos, ele segura um chicote; com a outra mão, segura diversas cordas, cada uma ligada a um homem de um grupo de cinco que está do lado esquerdo. O homem da direita e o grupo de homens estão separados por uma faixa azul, onde se lê: o oceano Atlântico. Os homens puxam as cordas, demonstrando desagrado. Um deles está virado de costas.
Pobre velha Grã-Bretanha se esforçando para recuperar seus filhos americanos malvados, charge de 1777 representando a tentativa da Grã-Bretanha de taxar os súditos na América após a Guerra dos Sete Anos.

Os impactos do contrôle metropolitano no comércio triangular

Como você estudou no 7º ano, o comércio triangular envolvia, ao menos, três localidades. Os colonos da América do Norte negociavam com regiões das Antilhas (correspondentes a alguns países da atual América Central) e da África. Você recorda quais eram os principais produtos comercializados?

Em linhas gerais, os negócios funcionavam da seguinte maneira: da América do Norte saíam comerciantes com produtos como peixe e tabaco, que eram trocados nas Antilhas por derivados da cana-de-açúcar, como açúcar, rum e melaçoglossário . Esses artigos, além de serem consumidos nas colônias britânicas, eram levados à África. Junto de armas e tecidos, eram trocados por pessoas que seriam escravizadas. Os escravizados eram vendidos na América, onde o processo recomeçava.

Esse comércio era muito lucrativo, pois os navios cruzavam o Atlântico com os porões sempre carregados de mercadorias ou de pessoas escravizadas, e demonstrava a razoável liberdade comercial que os colonos da América tinham, pois participavam desse processo diretamente, muitas vezes concorrendo com a própria Grã-Bretanha.

Com a Lei do Açúcar, essa prática foi interrompida. Além disso, foram impostas novas taxas sobre artigos de luxo, como vinho, café, tecidos e roupas, que passavam pela Grã-Bretanha.

Gravura. Vista para local aberto, com solo em verde claro e morros ao fundo. Diversas pessoas negras trabalham em um canavial, cujas plantas estão crescidas, com caule fino, em bege, e folhas compridas no topo, em verde escuro. Os homens usam chapéu escuro, camisa de manga longa e calça, ambas brancas. As mulheres usam blusa branca de manga curta e uma longa saia azul e, sobre a cabeça, um lenço avermelhado. Todos estão descalços. No centro da pintura, em primeiro plano, um casal conversa; ambos têm em uma das mãos uma ferramenta cinza, usada para o corte da cana; ele aponta com a mão direita, que também segura essa ferramenta, para o canavial.
Representação de escravizados trabalhando na produção de açúcar durante o século dezoito, nas colônias inglesas do Caribe, em gravura de , 1825.

As leis de ruptura

Em 1765, a Grã-Bretanha impôs às colônias a Lei do Selo, declarando que toda a documentação e todos os materiais impressos só poderiam circular se recebessem um selo real, que não era gratuito. Como retaliação, formou-se o primeiro esforço colonial coordenado contra a metrópole: o Congresso contra a Lei do Selo.

Os colonos decidiram boicotar os produtos da metrópole e depredar alguns dos locais de venda dos selos. Os comitês locais das colônias foram fortalecidos, principalmente após receberem notícias de que informações provenientes da Europa sobre liberdade não estavam chegando a eles.

Os colonos da Grã-Bretanha na América viam a imposição dessa lei como uma afronta aos direitos que julgavam ter e exigiam participação no Parlamento. Isso porque os impostos só poderiam ser aplicados após aprovação do Parlamento com a representação do grupo sobre o qual incidiriam. Slogans como “sem representação, não há taxação” evocavam essa tradição britânica. Diante da pressão, a Lei do Selo foi revogada.

Em 1767, entraram em vigor as Leis Townshend, que estabeleceram impostos sobre o chá, o papel, o vidro e outros bens de consumo, na tentativa de dificultar o contrabando. Para ampliar a fiscalização, o governo britânico reformou as alfândegas existentes e criou outras. Diante disso, os colonos realizaram boicotes, mas os de regiões como Filadélfia e Nova iórque, que dependiam da compra e da venda desses produtos, se posicionaram contra os protestos.

Fotografia. Uma folha amarelada pela ação do tempo com dez símbolos de selos iguais, distribuídos em duas linhas, uma delas na parte superior da folha e, a outra, na parte inferior. O selo é vermelho, similar a um brasão, com uma coroa ao centro, trespassada por duas espadas na diagonal, que se cruzam ao centro e atrás da coroa; ao redor dela, um círculo com inscrições. Na parte de cima adornos e a palavra América. Na parte de baixo, uma inscrição em inglês: um centavo. Abaixo de cada selo, uma numeração, que vai do 178 ao 191.
Folha de prova de selos que seriam usados em todos os materiais que circulassem nas colônias britânicas em 1765. A lei afetou principalmente os profissionais que usavam muito papel, como jornalistas, advogados e impressores.
Panfleto. Página amarelada com imagens em preto e branco na parte superior, um título em preto embaixo delas, e, logo abaixo, duas colunas de texto, escrito em preto.
Panfleto assinado pela associação feminina As Filhas da Liberdade, publicado em Massachusetts, 1779.
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Como resposta às Leis Townshend, As Filhas da Liberdade incentivavam as mulheres a confeccionar suas roupas e as de sua família em casa em vez de comprá-las dos britânicos, como fórma de boicote.

Protestos e boicotes

Os protestos dos colonos aumentaram e alguns terminaram de fórma violenta. Um deles ocorreu em Boston. Desde 1765, a população local era submetida à Lei do Aquartelamento, que obrigava os colonos a hospedar e sustentar soldados das tropas britânicas. Descontente com essa lei, em 1770, um grupo de colonos de Boston decidiu hostilizar os soldados britânicos atirando neles bolas de neve e os ofendendo. Em resposta, parte da tropa presente atirou contra a multidão, matando cinco pessoas e ferindo diversas outras. Esse episódio ficou conhecido como Massacre de Boston.

Gravura. À direita, soldados de casaco vermelho e chapéu preto, alguns envoltos em fumaça espessa, atiram à queima roupa em um grupo de pessoas que está na rua, à esquerda. Diversos corpos ensanguentados caídos. Nas laterais, prédios e, ao fundo e ao centro, prédios e duas grandes torres atrás.
O massacre sangrento de 5 de março de 1770, gravura de Pôl , 1770.
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A repressão aos manifestantes em Boston foi amplamente explorada pelos colonos, que estavam descontentes com a política adotada pela Grã-Bretanha, e usada como argumento nos comitês locais para a defesa dos boicotes contra os britânicos e pelo apoio à liberdade na colônia. A reprodução de imagens desse evento circulou em toda a colônia.

Em 1773, a Grã-Bretanha instituiu a Lei do Chá, e os conflitos novamente se intensificaram. O chá era um produto de origem oriental que se popularizou nas colônias britânicas da América. Na década de 1760, toneladas do produto eram consumidas pelos colonos. Boa parte desse chá era adquirida por contrabando ou produzida internamente. Com a nova lei, porém, os colonos só poderiam comprar o produto da Companhia Britânica das Índias Orientais.

Revoltados, cêrca de cinquenta colonos invadiram os navios da companhia no porto de Boston e destruíram seus carregamentos. O evento ficou conhecido como Boston Tea Party (“Festa do Chá de Boston”) e foi um marco no processo de independência.

Em resposta, a metrópole aprovou, em 1774, uma série de medidas que os colonos chamaram de Leis Intoleráveis: fechamento do porto de Boston, indenização pela carga destruída na Festa do Chá, restrição ao porte de armas e às reuniões entre os colonos, ocupação militar da colônia de Massachusetts, entre outras.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. As Treze Colônias da América do Norte tinham relativa autonomia em relação à Grã-Bretanha até meados do século dezoito. Por que isso era possível?
  2. Como a Guerra dos Sete Anos afetou a relação entre os colonos da América e a monarquia britânica?
  3. O que foi a Lei do Açúcar? Quais foram suas consequências para o comércio triangular?

O início da Revolução Americana

A reação da colônia marcou o início da Revolução Americana. Grupos formados por integrantes da elite colonial organizaram, em 1774, o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia. Os participantes desse evento foram os que mais sentiram o peso dos impostos e o fim da liberdade comercial e política.

Gravura. Vista para local fechado, com dezenas de homens reunidos em uma sala, de assoalho de madeira em bege, uma porta clara ao fundo e à esquerda, encimada por um arco de vidro. Há uma ampla janela ao lado dessa porta, com uma cortina em tecido vermelho. Em destaque, um homem de cabelo branco e vestes claras com um manto vermelho atrás de um púlpito, ajoelhado. Ao redor dele, há homens sentados, outros em pé e alguns de joelhos.
Representação do Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, realizado no Carpenters’ Hall, em gravura de 1848.
Fotografia. Edifício de tijolos marrom-avermelhados, com dois andares. Na parte central, uma porta em arco encimada por estrutura triangular, é ladeada por duas janelas. À frente da porta, uma escada com dois degraus e arbustos. No andar de cima três janelas compridas e em arco no centro. Há duas estruturas recuadas em relação a essa construção central, com janelas e dois pavimentos. A porta e todas as janelas são em branco. O telhado é triangular com uma pequena cúpula ao centro e no topo. Sobre ela, uma biruta, instrumento fino com uma haste vertical e uma menor horizontal.
Carpenters’ Hall, na Filadélfia, Estados Unidos. Foto de 2017.
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O Carpenters’ Hall foi construído entre 1770 e 1774, pela The Carpenters’ Company of the City and County of Philadelphia (“Companhia dos Carpinteiros da Cidade e Condado de Filadélfia”). Ele tinha, portanto, acabado de ser inaugurado quando abrigou o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, em 1774.

Doze colônias enviaram delegados ao congresso, organizado para encontrar fórmas de resistir às Leis Intoleráveis. Não se falava abertamente em independência, mas em boicotes e incentivo à produção e ao consumo de produtos locais.

Os representantes dos colonos eram identificados como súditos do rei djêordji terceiro que tiveram seus direitos negados. Um novo vocabulário começou a ser usado: nos textos eram mencionados direitos naturais, liberdade e outros conceitos importantes relacionados ao iluminismo. O congresso configurou a primeira experiência de governo que abrangia as colônias britânicas americanas.

O que movia a elite colonial não era propriamente o desejo de independência ou a alteração da situação colonial. Suas principais reivindicações eram a representação no Parlamento e o recebimento do mesmo tratamento dado aos nascidos em solo britânico.

A Guerra de Independência

A Guerra de Independência teve início em 1775, na província de Massachusetts, com as Batalhas de Lexington e Concord, envolvendo milícias de colonos e soldados britânicos. As cidades onde ocorreram essas batalhas localizavam-se perto de Boston, para onde os britânicos se retiraram até serem cercados e expulsos. Após a expulsão, as tropas britânicas invadiram Nova iórque e lá ficaram praticamente durante toda a guerra.

Nem todos os colonos eram favoráveis à guerra ou à independência. Em razão disso, em 1775, o congresso de colonos escreveu ao rei reafirmando sua lealdade, mas exigindo mudanças. No início do ano seguinte, começou a circular nas colônias um panfleto chamado Senso comum, escrito por Tômas Pêini, que teve milhares de cópias vendidas. As ideias de Paine também foram reproduzidas em outros textos e transmitidas de boca em boca.

Panfleto. Página amarelada pela ação do tempo, com inscrições em preto na língua inglesa.
Reprodução do frontispício do panfleto de 1776 escrito por Tômas Pêini, intitulado Common sense, conhecido em português por Senso comum, mas cuja tradução mais adequada seria “Bom senso”.
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Com linguagem direta, o panfleto canalizava muitas das frustrações e dos anseios dos colonos diante dos britânicos. No material, Tômas Pêini criticava a monarquia por considerá-la uma fórma injusta de governo e apresentava argumentos em defesa dos benefícios de uma possível independência. Frases como “a causa da América é, na verdade, a causa de toda a humanidade” eram inspiradas em ideias iluministas e incendiaram a opinião pública.

As Treze Colônias apresentavam uma das mais altas taxas de alfabetização do mundo naquela época. Esse índice estava relacionado à obrigação do protestante de ler a Bíblia, à divulgação de notícias pela imprensa e à produção de panfletos políticos, como o de Paine. As ideias sobre um governo representativo e a ampliação de liberdades já estavam disseminadas entre os artesãos e os fazendeiros coloniais quando eles aderiram aos movimentos de boicote às leis britânicas.

Gravura. Representação de uma cobra com o corpo voltado para a direita e separado em pequenas partes. Cada parte tem uma sigla: NE, NY, NJ, P, M, V, NC e SC, indicando os estados dos Estados Unidos. Abaixo, inscrição em inglês, em letras garrafais em preto.
Junte-se ou morra, gravura de 1754, atribuída abênjalmin frânquilin.
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A gravura foi impressa em vários jornais enquanto o conflito entre a Grã-Bretanha e a França pelo Vale do Rio Ohio se transformava em guerra. A cobra é cortada em oito pedaços. Perto da cabeça da serpente, a inscrição êne ê significa “Nova Inglaterra” e os pedaços seguintes representam as colônias de Nova iórque, Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte e Carolina do Sul.

Declaração de independência

Como as ideias radicais estavam se tornando populares e o governo britânico não aceitou as exigências dos colonos, organizou-se, em 1775, o Segundo Congresso Continental, na Filadélfia. Diferentemente do que aconteceu no anterior, no qual o teor geral das discussões estava centrado na reivindicação de autonomia e na manutenção dos laços com a Grã-Bretanha, os representantes das colônias enviados ao Segundo Congresso optaram pela ruptura.

cêrca de um ano depois, em 4 de julho de 1776, foi publicada a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Produzido por uma comissão e escrito por Thomas Jefferson, um rico fazendeiro da Virgínia, o documento era inspirado nas ideias iluministas e liberais, afirmando a igualdade entre os homens e a existência de direitos naturais inalienáveis.

Fotografia. Página amarelada pela ação do tempo, com um longo texto com letras em preto. Ao final do texto, diversas assinaturas.
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, de 1776.

A ideia básica contida no texto era a de que, diante das injustiças de um governo, os habitantes dos territórios podiam se declarar livres e buscar acordos comerciais e políticos com outras nações de maneira soberana e direta. O documento, entretanto, apresentava uma evidente contradição, pois algumas colônias dependiam de trabalho de pessoas escravizadas e estavam decididas a manter esse sistema. Os britânicos e muitos colonos perceberam o problema: como seria possível defender valores como a igualdade e a liberdade e escravizar pessoas?

Os defensores do regime escravista argumentavam que os escravizados eram propriedades, e não seres humanos. Receando que a questão impedisse a união das Treze Colônias pela independência, a questão foi adiada. O documento também excluía as mulheres e os indígenas. Na prática, os termos da Declaração de Independência aplicavam-se a uma pequena porcentagem da população colonial: homens adultos, brancos e proprietários.

Pintura. Vista para local fechado, com assoalho em marrom avermelhado, e dezenas de homens, alguns sentados e outros em pé. À direita, um homem sentado com as pernas cruzadas, atrás de uma mesa com muitos papéis. À frente da mesa, alguns homens em pé. Ao redor deles, homens, sentados em fileiras, observam. Os homens vestem perucas e camisas em branco, casaca e calças de cores variadas, como cinza, marrom, vermelho, preto. Ao fundo, duas portas em madeira marrom, emolduradas por detalhes em cinza.
Apresentação da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 4 de julho de 1776, pintura de Djón Trambull, cêrca de 1817.
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Na declaração, os colonos elencaram várias razões para o rompimento e responsabilizaram os britânicos e o rei djêordji terceiro pelo ocorrido. Além disso, afirmaram que os britânicos seriam considerados inimigos na guerra, mas amigos na paz.

Versões em diálogo

A seguir, você lerá dois documentos: um trecho da versão final da Declaração de Independência, publicada em 4 de julho de 1776, e uma parte do rascunho produzido por Tômas jéferson, suprimido durante a revisão realizada por benjamin Frânclin e Djón Adams. Leia-os e, depois, faça as atividades propostas.

TEXTO 1

“Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a Vida, a Liberdade e a procura da Felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer fórma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao Despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais Governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança

[O rei djêordji terceiro] Recusou promulgar outras leis para o bem-estar de grandes distritos de povo, a menos que abandonassem o direito de representação no legislativo, direito inestimável para eles e temível apenas para os tiranos.

reticências para fazer cessar o nosso comércio com todas as partes do mundo; por lançar impostos sem nosso consentimento; por privar-nos, em muitos casos, dos benefícios do julgamento pelo júri

A DECLARAÇÃO de Independência dos Estados Unidos da América. Disponível em: https://oeds.link/geWjCm. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

TEXTO 2

“Ele [o rei djêordji terceiro] travou uma guerra cruel contra a própria natureza humana, violando os mais sagrados direitos à vida e à liberdade de povos distantes que nunca o ofenderam, capturando-os e conduzindo-os à escravidão em outro hemisfério, ou sujeitando-os a uma morte deplorável no transporte para cá. reticências Determinado a manter aberto um mercado onde HOMENS são comprados e vendidos, aviltou sua negação ao anular todas as tentativas do Legislativo de proibir ou reprimir esse comércio execrável

ápud: ARMITAGE, D. Declaração de independência: uma história global. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. página 46-48.

Responda no caderno.

  1. A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América é fundamentada em ideais iluministas. Transcreva dois trechos do texto 1 que demonstrem essa influência e justifique.
  2. Aponte as razões presentes no texto 1 que explicam por que as colônias declararam a independência.
  3. Em sua opinião, por que os temas da escravidão ou do comércio de escravizados, mencionados no texto 2, foram retirados da versão final da declaração?

Estados independentes

Apesar das controvérsias, após aprovar a Declaração de Independência, as colônias passaram a se considerar estados independentes, com governos, leis e moedas locais. Esses estados não formavam um país centralizado, mas uma confederação com o propósito de vencer a guerra contra a Grã-Bretanha.

George Uashington liderou as fôrças coloniais. Soldados negros lutaram em alguns dos primeiros combates, mas depois uóshinton barrou a participação deles. O líder estadunidense acreditava que armar pessoas escravizadas ou alforriadas poderia ser muito arriscado, pois em alguns estados elas compunham de 20% a 40% do total da população. Algumas nações indígenas, que tinham acordos locais com colonos, também auxiliaram em combates esporádicos.

Os britânicos ofereceram a liberdade aos escravizados que lutassem ao lado da Coroa. Estima-se que cêrca de 20 mil atenderam ao chamado. Muitos fugiram de seus senhores e foram libertados pelos britânicos. Ao término das hostilidades, cêrca de outros 15 mil escravizados ficaram ao lado dos britânicos junto de 6 mil de seus proprietários brancos (que se mantiveram fiéis à Coroa). Alguns povos indígenas, tradicionalmente aliados aos britânicos, também lutaram contra os colonos.

Fotografia em preto e branco. Vista para um local aberto, com pessoas negras posando para o fotógrafo diante de uma casa de madeira. No centro, um senhor e uma senhora sentados em cadeiras. Ele usa calça desgastada pelo tempo, camisa clara, casaco acinzentado, e segura o chapéu com a mão direita. Ela usa um lenço na cabeça, camisa de mangas compridas escura, uma saia clara. Ao redor deles um homem e duas mulheres. Ele usa calças escuras, camisa e colete claros e um casaco acinzentado. Elas estão de vestidos compridos e claros. Uma delas, à esquerda da fotografia, segura um bebê no colo. No chão, duas crianças. Ao fundo e à esquerda, há pessoas sentadas na porta da casa de madeira, vistas parcialmente. Ao fundo e à direita, árvores.
Cinco gerações de pessoas escravizadas em uma fazenda na Carolina do Sul. Foto de 1862. Apesar de parte dos escravizados ter sido libertada por participar da Guerra de Independência, muitos africanos e afrodescendentes permaneceram naquelas condições.
Gravura. Três pessoas tocam instrumentos em meio a um campo de batalha. Uma névoa densa as envolve. À esquerda, um garoto de chapéu escuro, calça e casaco em verde, botas claras, toca um tambor marrom; ao centro, um homem de cabelos brancos, camisa em branco, colete marrom e calça em cinza e botas claras até o joelho também toca um tambor; à direita, um homem de cabelos escuros com uma faixa ao redor na cabeça, casaco em verde, calça cinza e botas até o joelho toca uma pequena flauta. À frente deles, um homem ao chão, com vestes de soldado, ergue o chapéu com a mão direita. Atrás deles, em segundo plano, outras pessoas vistas parcialmente; identifica-se um soldado com a mão erguida; alguém nesse grupo segura uma bandeira dos Estados Unidos, que emerge sobre a cabeça dos três homens em destaque.
O espírito de 1776, gravura de árquibôld ême uílard, cêrca de 1876.
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A pintura é a representação de um momento das batalhas. O artista desenhou um jovem, um idoso e um adulto, vestidos com roupas humildes e tocando instrumentos, à frente dos soldados, em postura entusiasmada e firme em busca do ideal da independência. No entanto, o exército comandado por George Uashington era formado, inicialmente, por um pequeno grupo de cêrca de 11 mil soldados. A maioria da tropa era composta de proprietários de terras e artesãos mal alimentados, praticamente sem uniformes, despreparados, tomados por doenças e marcados por uma série de derrotas e deserções.

A Revolução Americana ganhou visibilidade mundial porque envolveu diversos interesses. Alguns reinos europeus, por exemplo, pretendiam dificultar a manutenção das colônias pelos britânicos. A partir do verão de 1778, o barão prussiano frídric von stáuben colaborou com o treinamento das fôrças antibritânicas e ajudou a organizar o Exército Continental, a fôrça comandada por George Uashington convocada pelo Congresso Continental entre 1775 e 1776. A restrição aos escravizados ou alforriados foi abolida, e cêrca de 5 mil pessoas juntaram-se às fôrças americanas.

No mesmo ano, a França entrou no conflito, enviando parte de sua marinha para colaborar com os colonos nas batalhas navais e na proteção de cidades e portos. Militares experientes, como o conde de sãn simôn e o marquês de Lafayette, contribuíram nas batalhas com os colonos.

Em 1779, a Espanha também aderiu à causa dos colonos, enviando ao continente voluntários, apoio logístico e material bélico. Naquela época, tanto a França como a Espanha eram governadas por integrantes da dinastia burbôm, que eram rivais dos monarcas britânicos.

Em 1781, ocorreu em Yorktown, na Virgínia, uma dura batalha que selou o fim da fase mais sangrenta da guerra. Ao ser derrotada, grande parte das tropas britânicas se rendeu formalmente a uóshinton.

A negociação pela formalização da paz e o reconhecimento da independência pela Grã-Bretanha, porém, ocorreu apenas em 1783, com o Tratado de Paris. Além de reconhecer os Estados Unidos da América como um país, a Grã-Bretanha foi obrigada a ceder aos estadunidenses um grande território a oeste da América do Norte.

Fotografia. Homem com vestes de soldado. Casaco azul com detalhes vermelhos, chapéu triangular preto, uma bolsa marrom com alça atravessada diagonalmente no torso. A calça é bege. As meias brancas são compridas até o joelho e o sapato é preto. Ele segura uma arma comprida e fina apoiada na palma da mão e no ombro.
Homem fantasiado de soldado da época da independência estadunidense em Santa Fé, Estados Unidos. Foto de 2017.
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Em apresentações históricas ou datas comemorativas, é comum as pessoas vestirem roupas semelhantes às usadas pelos soldados que participaram do processo de independência dos Estados Unidos.

As Treze Colônias e as terras conquistadas após o Tratado de Paris

Mapa. As Treze Colônias e as terras conquistadas após o Tratado de Paris. Mapa representando as Treze Colônias na parte leste do território dos Estados Unidos. Legenda: Roxo: Colônias do norte (Nova Inglaterra). Rosa: Colônias do centro. Laranja: Colônias do sul. Bege: Cedido pela Grã-Bretanha (1783). No mapa, as colônias do norte (Nova Inglaterra) estão localizadas no extremo norte da costa leste, banhada pelo Oceano Atlântico: Nova Hampshire (1623); Massachusetts (1620); Rhode Island (1636); Connecticut (1636). As colônias do centro estão localizadas na porção centro-norte da costa leste, em direção ao interior: Nova York (1664); Pensilvânia (1682); Nova Jersey (1664); Delaware (1638). As colônias do sul estão localizadas na porção centro-sul da costa leste: Virgínia (1607); Carolina do Norte (1653); Carolina do Sul (1663); Geórgia (1732). Os territórios cedidos pela Grã-Bretanha (1783) estão localizados na porção interior, de norte a sul, delimitados à oeste pelo Rio Mississipi e a leste pelas colônias do centro e do sul: Minnesota, Wisconsin, Michigan, Ohio, Indiana, Illinois, Kentucky, Tennessee, Alabama, Mississípi. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e a escala de 0 a 260 quilômetros.

FONTE: ATLAS histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 70.

A construção dos Estados Unidos da América

Após a vitória na guerra, as ex-colônias precisaram organizar o país recém-criado. Os delegados dos estados formavam um congresso, que tomava decisões sobre diversos temas, como a negociação de tratados comerciais e diplomáticos.

A confederação não era propriamente uma fórma de governo nacional, não tinha adotado uma moeda nem havia estabelecido uma política nacional de impostos, o que deixou os estados em dificuldade econômica. Além disso, não havia um chefe do Poder Executivo nem um Poder Judiciário nacional.

A independência entre os estados era justificada pela crença de que o poder concentrado poderia gerar uma nova tirania. Afinal, foi contra isso que as colônias lutaram. Até mesmo um exército nacional permanente era visto com desconfiança, pois poderia ser usado contra o povo por um governo despótico.

Assim, em 1787 foi realizada uma convenção com a finalidade de estabelecer uma Constituição que organizasse politicamente o país. Para ter validade, ela precisava ser votada e aceita por todos os estados, o que demorou cêrca de dois anos para acontecer e envolveu muitas discussões.

Fotografia. Artistas no palco em uma apresentação de peça de teatro. No centro, quatro homens de casaca em roxo, marrom ou azul, calça clara e botas escuras e altas. Um deles está com o braço levantado e o outro com os braços cruzados. Ao fundo, atores de costas, usando roupas claras e botas, fazem uma coreografia.
Hamilton, espetáculo musical em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 2015.
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Os textos publicados por Alexander Hámilton, djôn quêi e djêimes médisson eram chamados de papéis federalistas. Neles, os advogados explicavam as possíveis vantagens da constituição de três poderes independentes (o Executivo, o Judiciário e o Legislativo), que poderiam servir de freios a possíveis excessos uns dos outros. Os textos ajudaram a moldar parte da opinião pública favorável a tais ideias. O tema da independência é muito importante no imaginário político e cultural estadunidense e há filmes, peças e musicais, como esse, baseados na biografia de Alexander Hámilton, um dos chamados pais-fundadores dos Estados Unidos.

Dica

FILME

Hamilton

Direção: tômas quêil. Estados Unidos, 2020. Duração: 160 minutos.

O musical conta a história de Alexander Hámilton (1755-1804). Considerado um dos “pais fundadores” da nação, um imigrante e político que chegou a exercer influência sobre o processo de independência e a Constituição. O elenco apresenta atores de diferentes etnias reunidos para narrar uma história de época a partir da perspectiva atual dos Estados Unidos.

Em 1789, quando a Constituição passou a valer efetivamente, o herói de guerra George Uashington foi escolhido unanimemente, por voto indireto, como o primeiro presidente dos Estados Unidos da América.

Com base na Constituição, o poder foi separado em Executivo, Legislativo e Judiciário, criou-se o cargo de presidente da república e adotou-se o sistema republicano representativo, que aumentava as atribuições do governo central. Desde o início da Idade Moderna, esse sistema ainda não tinha sido colocado em prática em uma extensão territorial tão grande.

Outro elemento adotado foi o federalismo, modelo político no qual a autoridade governamental reside tanto no governo central quanto nos estados. Nesse sistema, os estados conservam sua autonomia e poder de decisão sobre impostos e leis específicas.

Entre 1777 e 1804, todos os estados ao norte de Maryland aboliram a escravidão de maneira lenta e gradual. Esses estados consideravam que, se a abolição fosse realizada de maneira radical, seria necessário conceder indenização aos donos de escravizados. Em 1808, foi proibida a importação de cativos. Entretanto, em 1830, ainda havia nos estados do norte cêrca de 18 mil pessoas escravizadas. No sul, a escravidão foi intensificada a partir dos anos 1790 e atingiu níveis muito altos no século dezenove.

Além disso, no país independente, as mulheres foram excluídas da participação política, assim como a população indígena. O direito ao voto restringia-se à população masculina, branca e proprietária.

Apesar dessas contradições, o processo de independência dos Estados Unidos da América foi muito significativo para a ruptura dos laços coloniais, a defesa de ideias e direitos universais e o modelo de organização política. Ele forneceu inspiração para dezenas de outros movimentos, como a Revolução Francesa e o processo de independência das demais colônias na América.

Fotografia. Homem de cabelo curto e branco, de terno azul, camisa branca e gravata em azul, discursa diante de um púlpito azul escuro com dois microfones em preto.
jou baiden, presidente dos Estados Unidos, na Casa Branca, em Washington, Estados Unidos. Foto de 2021.
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Imagens em contexto!

Até os dias de hoje, os Estados Unidos se mantêm como uma república federalista, presidida pelo chefe do Executivo, cargo que passou a vigorar nesse país a partir da Constituição de 1789.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Liste as principais reivindicações apresentadas no Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, realizado em 1774.
  2. Como essas reivindicações podem ser associadas aos ideais iluministas difundidos no período?
  3. Por que djêordjiuóshinton barrou a participação de soldados negros no combate pela independência das colônias?

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. No caderno, identifique as afirmativas verdadeiras e as falsas. Depois, reescreva as incorretas, corrigindo-as.
    1. As Leis do Açúcar e do Selo representaram a afirmação da autonomia das Treze Colônias em relação à metrópole.
    2. A manutenção do comércio triangular era importante para os colonos da Grã-Bretanha na América por causa dos altos lucros que gerava.
    3. A revogação da Lei do Selo representou grande perda econômica e política para os colonos da Grã-Bretanha na América.
    4. As Leis Townshend, que se sucederam à revogação da Lei do Selo, foram impostas para dificultar o contrabando de diversos produtos, como chá e papel.
    5. O Massacre de Boston foi um confronto direto entre colonos e soldados britânicos na América do Norte.
  2. Leia o texto a seguir e depois faça o que se pede.

na noite de 16 de dezembro de 1773, 150 colonos disfarçados de índios atacaram 3 navios no porto de Boston e atiraram o chá ao mar. reticências cêrca de 340 caixas de chá foram arremessadas ao mar. Um patriota entusiasmado disse: ‘O porto de Boston virou um bule de chá esta noite...’”

KARNAL, L. e outros História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2007. página 67.

O episódio relatado no texto está relacionado a que fato? Copie a alternativa correta no caderno.
  1. À Lei do Chá, que dava às colônias o direito de produzir chá em seus territórios.
  2. À Lei do Chá, de 1773, que revogava o monopólio e os impostos desse produto.
  3. À reação dos colonos à imposição do monopólio britânico ao comércio do chá.
  4. À criação da Companhia Britânica das Índias Orientais, cuja função era comercializar o chá produzido nas colônias para a Grã-Bretanha.
  5. À abolição do monopólio do comércio de chá pela Companhia Britânica das Índias Orientais, principal empresa comercial de Boston.

Aprofundando

  1. A consolidação da independência dos Estados Unidos foi marcada por conflitos armados que os opuseram a sua antiga metrópole, a Grã-Bretanha. Esse processo ganhou visibilidade internacional. Sobre o assunto, responda às seguintes questões.
    1. Os colonos enfrentaram sozinhos as fôrças britânicas? Quem os apoiou?
    2. Por que os colonos receberam apoio internacional no conflito contra a Coroa britânica?
    3. Como ocorreu a formalização da paz entre os Estados Unidos da América e a Grã-Bretanha? Como a nova nação foi beneficiada?
  1. Em 1789, quando a Constituição dos Estados Unidos da América passou a valer em definitivo, quem tinha direito de participação política? Explique a contradição entre esse fato e a ideia de defesa da liberdade do povo.
  2. A tirinha a seguir refere-se a um dos eventos marcantes do processo de independência dos Estados Unidos da América: a produção da Declaração de Independência. O personagem denominado Ben representa bênjalmin frânquilin, um dos principais envolvidos nesse processo.
Tirinha em um quadro. Quatro homens de casaca, perucas brancas, sapato preto com fivela dourada, estão reunidos. Um deles, à direita, tem um pergaminho nas mãos e se dirige a outro homem à frente dele, que sorri. Ele diz: NÓS COMEÇAMOS DIZENDO: 'TODOS OS HOMENS FORAM CRIADOS IGUAIS', BEN. NINGUÉM ESTÁ INTERESSADO EM UM SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO PARA AS MULHERES.
Frank & Ernest, tirinha deBob Teives, 2009.
  1. Que limitação da Declaração de Independência foi criticada na tirinha?
  2. Na prática, quais foram os grupos considerados “não iguais” em direitos no documento?
  1. (unirrio-Rio de Janeiro – adaptado) Copie no caderno a alternativa correta. O processo de independência das Treze Colônias da América do Norte, que culminou com a Declaração de Independência dos Estados Unidos em 1776, relaciona-se à:
    1. adoção de uma política liberal pelo Parlamento Inglês, que favoreceu o desenvolvimento colonial ao encerrar o monopólio comercial da Companhia das Índias Orientais sobre a venda do chá (1773).
    2. intensificação do contrôle sobre as colônias da América do Norte, devido à crise econômica inglesa ao final da Guerra dos Sete Anos (1756-63).
    3. proibição da cobrança do “imposto do selo”, decretada pela Inglaterra, o que extinguiu a principal fonte de renda do governo colonial americano (1763).
    4. sublevação dos colonos, frente às decisões do Primeiro Congresso Continental de Filadélfia, que reforçava o contrôle político da metrópole inglesa sobre as 13 colônias (1774).
    5. intervenção militar na luta pela independência e ao auxílio econômico fornecido por outras colônias americanas, tais como o México e o Canadá, que expulsaram os ingleses do território americano após a Declaração de Independência (1776).
  2. Da declaração da independência em 1776 até os dias atuais, os Estados Unidos se tornaram a nação mais rica do mundo. No entanto, o país apresenta os piores índices de pobreza entre as nações desenvolvidas: dos quase 320 milhões de habitantes, cêrca de 40 milhões estão abaixo da linha de pobreza. Faça uma pesquisa, na internet e em livros, revistas e jornais impressos, sobre os seguintes indicadores socioeconômicos estadunidenses: taxa de escolaridade, mortalidade infantil, renda, pobreza e expectativa de vida. Compare os dados referentes à população branca com os referentes às pessoas negras. Depois, responda: de que maneira eles refletem o passado colonial do país? Em sua opinião, o que poderia ser feito para melhorar tais indicadores?

Glossário

Negligência
: desatenção, desconsideração.
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Salutar
: algo benéfico que amplia ou restabelece fôrças.
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Melaço
: líquido escuro e viscoso, obtido como resíduo da produção do açúcar.
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