CAPÍTULO 9 NACIONALISMOS, INDUSTRIALIZAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS NO SÉCULO XIX
No capítulo 2, você estudou a primeira fase da Revolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha no século . Agora, conhecerá as mudanças provocadas pela chamada Segunda Revolução Industrial, iniciada no século dezoito . dezenove
Você já deve ter experimentado alimentos industrializados com sabor artificial similar ao natural, como balas, bolachas e salgadinhos. A possibilidade de produzir sabores artificiais foi descoberta no século dezenove, por meio de pesquisas com os materiais utilizados nas indústrias. Esse é um exemplo dos avanços da indústria desse período, decorrentes de descobertas e inventos na área da ciência e da tecnologia. Diante desses avanços tecnológicos, científicos e industriais, muitas pessoas passaram a acreditar que as possibilidades humanas seriam ilimitadas.
Imagens em contexto!
No cartaz, no sentido anti-horário, estão escritos, de cima para baixo, os aromas e sabores dos extratos comercializados: limão, canela, salsão, noz-moscada, rosa, pêssego, licor, baunilha, pimentão, amêndoa, gengibre, laranja.
Responda oralmente.
- Qual é a relação da imagem desta página com a Segunda Revolução Industrial?
- Cite outros inventos ou descobertas científicas realizados no final do século dezenove.
- Em sua opinião, a maioria das pessoas ainda acredita que não há limites para as ações humanas impulsionadas por descobertas científicas e tecnológicas?
A França e as ondas revolucionárias de 1830
No Congresso de Viena, foram restabelecidos os poderes e estruturas sociais que vigoravam na Europa antes da Revolução Francesa. Para garantir a permanência da família real no poder, era preciso impedir a disseminação das ideias liberais e nacionalistas.
O desafio das monarquias era conciliar o absolutismo com as demandas políticas e sociais. Na França, por exemplo, quando Luís dezoito foi conduzido ao trono, restaurando o poder na família burbôm, foi instituída a liberdade religiosa e de imprensa (antiga demanda liberal).
As medidas conciliatórias do rei, porém, foram insuficientes para barrar as contestações à monarquia absolutista. Além disso, nem todos os burbôm concordavam com a construção de novos pactos políticos. Com a morte de Luís dezoito, em 1824, Carlos décimo assumiu o trono ocupado por seu irmão. O novo monarca estabeleceu restrições à liberdade de imprensa e, em 1830, determinou a dissolução da Câmara dos Deputados, órgão legislativo criado no governo anterior.
Imagens em contexto!
Na imagem de 1825, o pintor recorreu aos símbolos da nobreza e da monarquia absolutista, como a coroa, o cetro e o robe de coroação, para representar o poder do rei. A retomada do absolutismo nos moldes anteriores à Revolução Francesa, porém, não estava alinhada com o contexto político, cultural e social pós-revolucionário.
A resposta da população às determinações de Carlos décimo demonstrou que não havia mais espaço para a manutenção de métodos autoritários sem contestação: entre os dias 27 e 29 de julho de 1830, franceses de diferentes grupos sociais iniciaram uma revolta contra Carlos . Esse movimento ficou conhecido como os Três Dias Gloriosos ou Revoluções de Julho. décimo
Como resposta à movimentação popular, o duque de Orleans, Luís Filipe, com apoio da burguesia francesa, assumiu o trono e adotou o modelo da monarquia constitucional, impedindo a instalação de uma república, como queriam os revolucionários. Ainda assim, as manifestações abalaram a Europa ao demonstrar que os ideais liberais e nacionalistas continuavam fortes e inspiravam outras revoltas.
Em 25 de agosto de 1830, iniciou-se o movimento por meio do qual a Bélgica se tornou independente do Reino Unido dos Países Baixos, que, desde o Congresso de Viena, tentava impor a cultura holandesa à população local. Houve rebeliões também em locais como Espanha, Península Itálica, Reino Unido e Estados Germânicos.
Imagens em contexto!
No desenho de 1830, Carlos décimo, seu filho e sua esposa são representados, amparados por um serviçal, observando as bandeiras francesas hasteadas na região da Catalunha, na Espanha. As revoltas de 1830 não se limitaram à França, incentivando movimentos em outras regiões.
A Primavera dos Povos
Em 1848, outros movimentos em defesa da instauração de repúblicas ocorreram em diversas regiões do continente europeu. Cada movimento teve suas especificidades, mas, em todos, os manifestantes exigiam a instauração de governos amparados por códigos civis (Constituição) e com estrutura democrática. Ampliava-se, assim, a busca dos cidadãos por representatividade e não se aceitava mais a existência de governos com autoridade absoluta e inquestionável.
As pessoas se sentiam cada vez mais pertencentes a uma nação, vinculadas a uma pátria, ao solo em que nasceram ou em que viviam. Como consequência, ganhavam fôrça a ideia de independência do domínio estrangeiro e a noção de que os habitantes de um local que compartilhavam uma história e tradições culturais reconheciam-se como povo e deviam reger-se livremente.
Após a Primavera dos Povos, o nacionalismo se tornou um fenô- meno político relevante. Foram realizados movimentos de unificação de territórios – nos Estados alemães e italianos – e pelo fim da dominação de outros países – na Irlanda (contra o Reino Unido) e na Polônia (contra a Prússia). O Império Austro-Húngaro enfrentou a revolta dos tchecos, dos italianos e dos húngaros.
Apesar das especificidades de cada um dos movimentos citados, eles tiveram como resultado comum o enfraquecimento do absolutismo monárquico e o aumento do poder da burguesia liberal.
Imagens em contexto!
A obra do artista francês Eugêne Delacroá se tornou modelo de representação dos movimentos liberais do século dezenove. Fazendo alusão à Revolução de 1830 na França, o artista representou marriâne, no centro da imagem, simbolizando a liberdade e a nacionalidade francesa. marriâne era a alegoria da república desde o século dezoito.
Europa: as revoluções de 1848
FONTE: dubí, G. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse, 2010. página 231-232.
Se liga no espaço!
Responda no caderno.
O mapa apresenta os locais de eclosão das revoltas liberais de 1848. Analise-o e explique a razão pela qual é possível afirmar que os movimentos e as revoluções liberais se alastraram pela Europa.
A França de 1848
Com a inflação e a alta dos preços dos alimentos e outros suprimentos, em 1848, a França foi palco de revoltas populares contra a monarquia constitucional representada por Luís Filipe, que foi obrigado a abdicar, sendo instaurada a Segunda República Francesa nesse mesmo ano.
A constituição do novo governo foi debatida entre republicanos, socialistas, monarquistas e integrantes de outros grupos políticos. Apesar das diferentes propostas colocadas em discussão, decidiu-se instaurar um sistema de governo constituído da Assembleia, do Conselho de Estado e da Presidência da República.
A Assembleia era formada por homens eleitos para o cargo por três anos. Eles escolhiam os membros do chamado Conselho de Estado, que se mantinham no cargo por seis anos e tinham a função de propor leis e assessorar o presidente da república e seus ministros.
O presidente da república, por sua vez, exercia o Poder Executivo, com mandato de quatro anos. Apesar de as leis serem elaboradas pelo Conselho de Estado, elas eram aprovadas na Assembleia.
Tinha-se, portanto, o estabelecimento de um regime representativo, pois se baseava no sufrágio universal masculino, ou seja, podiam votar todos os homens independentemente de posses, credos ou títulos. As mulheres e os homens menores de idade eram excluídos do processo.
Vamos pensar juntos?
O sufrágio universal, ou seja, a possibilidade de participação de todos na vida política de uma nação, é fundamental para a construção da cidadania. Para a professora françúaze tebô, a cidadania é o exercício dos direitos reconhecidos pelo Estado.
O Estado pode atuar para assegurar a construção da cidadania plena, na qual todos têm os mesmos direitos e deveres (nos campos político, econômico, social e cultural), ou negar direitos e deveres aos habitantes do território. A cidadania, portanto, resulta de lutas sociais pelo estabelecimento dos direitos dos cidadãos.
Durante boa parte da história republicana, porém, só os homens foram considerados cidadãos. Como você estudou no capítulo 4, os direitos apresentados na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789, durante a Revolução Francesa, por exemplo, não se aplicavam às mulheres.
Isso não significa que as mulheres não lutaram na revolução. Muitas participaram ativamente da organização dos exércitos e dos clubes de discussão política. Em 1791, Olamp de Gúge, por exemplo, escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Como você analisou no capítulo 4, a luta dessas mulheres provocou duras reações dos homens, que ordenaram o fechamento de clubes e executaram Olamp de Gúge na guilhotina.
Nos movimentos de 1830 não foi diferente. A Constituição de 1830 e o modelo de Estado geralmente são destacados como importantes conquistas sociais baseadas no sufrágio universal masculino, mas pouco se reflete sobre a manutenção das desigualdades de gênero.
De acordo com a historiadora françúaze tebô:
no momento da Revolução, as mulheres não são consideradas como verdadeiros indivíduos, mas identificadas à comunidade familiar, o que o Código Civil de 1804 concretiza ao submetê-las à tutela no interior do casamento; as cidadãs são mães de cidadãos. Por outro lado, a emergência do individualismo e de uma sociedade masculina de indivíduos iguais é um tipo de ruptura que só é culturalmente aceitável porque é compensada com manutenção de uma família-comunidade e com a separação entre o espaço público e o espaço familiar.
A exclusão das mulheres da cidadania política é utilizada, no século dezenove, como prova do seu estatuto de menores e como argumento para justificar sua proteção específica, por parte do Estado. reticências
Condição da paz social na França após a Revolução de 1848, a instauração do sufrágio universal masculino está largamente na frente dos costumes Como, a cada tremor revolucionário do século (1830, 1848, 1871), mulheres fazem aparição pública e coletiva e reivindicam ser associadas à gestão da cidade, elas só encontram zombarias, são derrotadas e às vezes condenadas ao exílio”.
Tebô, F. Mulheres, cidadania e Estado na França do século vinte. Tempo, Rio de Janeiro, número 10, 2000, página 5-6.
As mulheres ativas no mercado de trabalho, em clubes de discussão de livros ou outros espaços culturais, que lutavam por representatividade política, eram frequentemente acusadas de ser péssimas mães ou esposas. Não ocorreram, portanto, mudanças no discurso político oficial sobre gênero e cidadania entre o Antigo Regime e a organização dos Estados liberais, durante o século dezenove, na Europa.
Ainda assim, apesar dos obstáculos encontrados, as mulheres continuaram lutando por direitos e conquistaram o direito ao voto no século vinte.
Responda no caderno.
- Explique como françúaze tebô define cidadania.
- Descreva a participação de mulheres nos movimentos revolucionários do final do século dezoito e do século dezenove.
- De acordo com françúaze tebô, por que a cidadania das mulheres não foi reconhecida pelo Estado no século dezenove?
- Por que se pode afirmar que a política do Antigo Regime e a dos movimentos liberais sobre a questão de gênero foram as mesmas?
Segundo Império Francês
Apesar da nova constituição, três anos mais tarde, Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão Bonaparte, que havia vencido as eleições para a Presidência da República, proclamou-se imperador francês. Assumindo o título de Napoleão terceiro, ele iniciou o Segundo Império Francês.
A experiência republicana foi breve no país. Quando Napoleão terceiro deu o golpe de Estado, teve apoio das elites francesas, interessadas nos favorecimentos econômicos que Napoleão lhes daria em troca. Napoleão terceiro tinha traçado um projeto político de continuidade da dinastia Bonaparte, mas era evidente a oposição da classe trabalhadora, formada por socialistas, anarquistas e republicanos, e de grupos de intelectuais franceses a seu governo.
Quando Bonaparte terceiro assumiu o poder, a França estava marcada por profunda desigualdade social. Entre 1846 e 1870, a população de Paris passou de 1 milhão para quase 2 milhões de pessoas. Muitas foram atraídas pela oportunidade de trabalho nos canteiros de obras abertos pelas reformas urbanas promovidas pelo governo. Porém, os salários eram baixos e faltava moradia digna para os trabalhadores.
A situação francesa piorou com a decisão de Napoleão terceiro de declarar guerra à Prússia em 1870, pois o embate direto causou o caos social na França. Além disso, Napoleão terceiro, interessado nas relações com a América, havia apoiado a ascensão de Maximiliano como imperador do México. Nos embates em solo mexicano, o exército de Maximiliano foi vencido e o imperador, executado, o que desgastou ainda mais a figura de Napoleão terceiro.
Imagens em contexto!
Durante o Segundo Império, a circulação de caricaturas parecidas com essa, que ridicularizavam Napoleão terceiro, era comum. Todas elas ressaltavam o imperador como “o Pequeno”.
O nacionalismo como fenômeno
Durante as revoluções do século dezenove, o amor pela nação foi incentivado por meio de hinos e símbolos pátrios, como as bandeiras. Naquela época, a ideia de nação, uma entidade abstrata, colocada acima dos indivíduos, do rei e do governo, ganhou fórma e conteúdo político. Os movimentos nacionalistas, que defendiam a soberania de um povo que compartilhasse uma identidade cultural e fosse regido por um Estado, se espalharam pela Europa e pela América, difundindo a crença na importância fundamental da nação para o espírito humano.
Nacionalismo e história
Para construir a identidade das diferentes nações, foi necessário produzir sua história, ou seja, um conhecimento que desse sentido a elas e justificasse sua existência. Criou-se, então, uma narrativa sobre o Estado nacional, considerado uma espécie de organismo vivo que conectava os indivíduos do presente ao passado, projetando ainda o futuro da nação. Com isso, os historiadores passaram a contar principalmente a história dos países, dando menos atenção, por exemplo, às dinastias reais.
Esse exercício de imaginação política, de invenção de tradições compartilhadas, de um passado e de traços culturais comuns fez parte de um processo violento, comandado pelo Estado, de imposição de uma língua e de uma cultura oficiais.
Para apagar as diferenças em nome da igualdade nacional, foram suprimidos ou proibidos línguas e dialetos regionais e identidades étnicas e religiosas que estavam em desacordo com o projeto de nação imaginado. Foi nesse contexto político amplo que ocorreu a unificação dos Estados da Itália e dos que formaram a Alemanha.
Imagens em contexto!
Ao longo dos séculos dezenove e vinte, construiu-se uma ideia de que existem aspectos que são característicos do povo brasileiro e, portanto, do Estado-nação Brasil. Algumas dessas características estão representadas por paixões compartilhadas por grandes grupos de pessoas, como futebol, samba e frevo. Essas manifestações culturais são consideradas fundamentais para a cultura brasileira tanto por parte da elite intelectual, que ajudou a construir a ideia desses elementos da cultura como característicos do país, quanto pelos estrangeiros quando pensam no Brasil. Mas isso está correto? Será que todo brasileiro gosta dessas coisas? Definir o que é a cultura de “um povo” é bastante difícil, como você pode notar.
A Itália como Estado-nação
Até meados do século dezenove, a Península Itálica dividia-se em vários reinos: Lombardia-Veneza, Parma, Módena e Toscana, sob domínio da Áustria; Piemonte-Sardenha, comandado pelo rei Carlos Alberto, da casa de Savoia; o Reino das Duas Sicílias, controlado pela família burbôm; os Estados da Igreja Católica, sob o comando do papa.
Com o avanço dos movimentos liberais e das críticas às monarquias absolutistas, propostas de unificação desses territórios para a formação de uma nação italiana foram se fortalecendo. Já nas primeiras décadas após o Congresso de Viena, organizações, como a dos carbonários, tornaram-se árduas defensoras da construção de uma Itália unificada. Essas organizações eram clandestinas, pois seus ideais contrapunham-se aos do regime vigente. Para elas, a unificação era fundamental para o fortalecimento econômico e político do território.
De acordo com essa percepção, que não era consensual em todo o território italiano, uma nação conseguiria ter mais fôrça de negociação no cenário internacional e, assim, teria mais chances de um futuro promissor.
Imagens em contexto!
Giuseppe Garibaldi foi membro da Sociedade Secreta dos Carbonários, cujas ações voltavam-se para a efetivação da unificação italiana. Ele associou-se a essa organização em 1834 e participou de uma insurreição em Gênova. Em razão dessa ação, foi condenado à morte nessa cidade e, por isso, fugiu, refugiando-se na França, na Tunísia e, por fim, no Brasil, onde chegou em 1835.
O processo de unificação da Itália – século dezenove
FONTES: dubí, G. Atlas historique mondial. Paris: Larousse, 2003. 134; ATLAS da história do mundo. São Paulo: Times/Folha de São Paulo, 1995. página 213.
A unificação da Itália
As propostas de unificação eram apoiadas pelas pequena e média burguesias e por alguns nobres do norte, mas não pelos nobres e pelos grandes burgueses do sul da Península Itálica.
O norte era mais industrializado e os burgueses que lá viviam estavam interessados em uma política de Estado centrada na valorização de seus negócios, na unificação de pesos e medidas e na atenção aos impostos. Em contrapartida, os nobres do sul temiam perder seus poderes, que tinham como base a exploração da terra e dos camponeses, com a criação de uma nova estrutura de governo. Essas diferenças de interesse tornaram o processo de unificação violento.
A partir da Primavera dos Povos, em 1848, o movimento nacionalista italiano se fortaleceu, ganhando o apoio do rei do Piemonte e Sardenha, Vítor Emanuel segundo, que nomeu como primeiro-ministro Camilo de Cavúr, um partidário da unificação. A região do Piemonte era uma das mais industrializadas da Península Itálica. Em razão disso e por contar com exércitos fortalecidos, esses reinos do norte deram início ao processo militar de unificação dos territórios da Lombardia, da Toscana, de Parma e de Módena.
Depois, teve início o processo de unificação do sul da península, que foi marcado pela liderança de Giuseppe Garibaldi, que havia participado da Revolução Farroupilha, no Brasil, durante seu exílio. Inspirado pela unificação do norte, Garibaldi organizou um exército chamado Os Mil de Garibaldi, com o qual tomou o Reino das Duas Sicílias, que foi incorporado ao Reino de Piemonte.
Em 1861, Vítor Emanuel segundo foi declarado o rei do território e, portanto, da Itália. Veneza foi incorporada ao Estado-nação somente em 1866. Houve dificuldades na anexação das regiões controladas pela Igreja, como a de Roma, então sob domínio do papa, que foi declarada capital da nação italiana em 1870. As disputas por territórios com a Igreja foram resolvidas apenas em 1929, com a assinatura do Tratado de Latrão. Por meio dele, o governo da Itália reconheceu a autonomia do Vaticano e o território católico passou a ser governado pelo papa.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- Por que ocorreram as Revoluções de Julho de 1830? Quais foram suas consequências?
- Explique duas características da Segunda República Francesa.
- Como ocorreu a unificação da Itália?
Versões em diálogo
As imagens desta página são representações de Anita Garibaldi. Nascida em Laguna, no Rio Grande do Sul, em 1821, ela participou da Revolução Farroupilha, ocorrida entre 1835 e 1845. Os participantes do movimento, entre outras bandeiras, lutavam pela independência do Rio Grande do Sul do restante do império brasileiro.
Durante a revolução, Anita conheceu Giuseppe Garibaldi, com quem se casou e, posteriormente, mudou-se para a Itália, onde, com o marido, participou da luta pela unificação nacional. Por sua participação ativa em dois movimentos liberais e militares, foi reconhecida como heroína dos “dois mundos”.
Responda no caderno.
- Por que Anita Garibaldi foi reconhecida como heroína de “dois mundos”?
- Descreva as duas representações de Anita Garibaldi. Quais são as características comuns a elas?
- Qual é a função da estátua e do selo de Anita Garibaldi? Em sua opinião, como cada um desses suportes materiais contribui para essa finalidade?
A Alemanha como Estado-nação
A Confederação Germânica foi definida no Congresso de Viena, sendo composta de 38 estados, sob o domínio da Áustria e da Prússia.
A Prússia era o Estado mais desenvolvido economicamente, com um sistema bancário e industrial mais expressivo. Assim, para ampliar sua área de influência na confederação, liderou, em 1834, o estabelecimento de um acordo de cooperação econômica, chamado Zollverein. Por questões de disputa política, a Áustria foi excluída do acordo, por meio do qual foram unificados o sistema de pesos e medidas e a moeda nos diversos Estados participantes, facilitando a circulação de mercadorias e o crescimento da economia.
O Zollverein foi a primeira etapa do processo de unificação do território que se tornaria a Alemanha, gerando o fortalecimento gradual dos Estados participantes, principalmente da Prússia, que já apresentava um parque industrial consolidado e tornou-se militarmente organizada e poderosa.
Em 1862, o kaiserglossário prussiano Guilherme primeiro nomeou o nobre Otto vón Bismarquecomo chanceler. bísmarc passou a defender a formação de um Estado-nação alemão, valorizando, por exemplo, a existência de uma língua que destacasse os laços do povo alemão.
Nesse contexto, a Áustria e a Prússia lutaram juntas contra a Dinamarca em 1864. Em 1866, porém, as duas potências passaram a disputar os Estados conquistados, na Guerra das Sete Semanas, vencida pela Prússia. Os prussianos, então, dissolveram a confederação estabelecida no Congresso de Viena e, em 1867, estabeleceram a Confederação Germânica do Norte, da qual excluíram novamente a Áustria. Essa confederação existiu por quatro anos, sendo desfeita em 1871 com o estabelecimento do Império Alemão.
O processo de unificação da Alemanha – século dezenove
FONTE: Atlas historique: de l’apparition de l’homme sur la terre à l’ère atomiqueParis: Perrin, 1992. página 350.
A Guerra Franco-Prussiana e a unificação da Alemanha
Em 1870, com o objetivo de anexar os territórios ao sul, bísmarc provocou a França a declarar um conflito: a Guerra Franco-Prussiana. A causa imediata da guerra foi a possibilidade de o príncipe prussiano Leopoldo de roôrrênzolêndo (que era primo do cáizer da Prússia) assumir o trono espanhol, o que poderia deixar o território da França entre os territórios de Estados alemães e de aliados dela.
A diplomacia francesa conseguiu reverter a intenção de Leopoldo de roôrrênzolêndo candidatar-se ao trono da Espanha, mas bísmarc publicou um documento no qual dava a entender que Guilherme primeiro não receberia embaixadores franceses para futuras conversas. Por causa desse documento, Napoleão terceiro declarou guerra a sua vizinha.
Com um exército fortalecido, bísmarc saiu vitorioso do conflito. Dessa maneira, os prussianos concluíram o processo de unificação dos Estados germânicos com a anexação da Alsácia e da Lorena. Em janeiro de 1871, foi fundado o Segundo Império Alemão, sob a direção do imperador Guilherme primeiro.
Imagens em contexto!
A fundação do Império Alemão, em Versalhes, foi entendida pelos alemães como uma grande vitória e, por isso, essa ação esteve vinculada a vários produtos. A gravura de 1871, por exemplo, acompanha um anúncio publicitário de extrato de carne. Ela fez parte de uma série de materiais de propaganda com elogios a bísmarc e ao Estado alemão. O Segundo Reich (“império”) funcionou como sistema de governo na região até o fim da Primeira Guerra Mundial e a criação da República de Vaimar, em 1919.
A Segunda Revolução Industrial
Questões econômicas relacionadas com a burguesia e o desejo de expandir a industrialização pautaram os movimentos nacionalistas na Itália e na Alemanha. Assim, esses movimentos estão relacionados com o avanço da Revolução Industrial pela Europa.
A Revolução Industrial teve início na Grã-Bretanha no final do século dezoito. Em curto intervalo de tempo, o processo de industrialização se acelerou. Com isso, na segunda metade do século dezenove, além do Reino Unido, países europeus, como a França e a Bélgica, e territórios italianos e alemães começaram a se industrializar.
Inicialmente, o setor têxtil foi o principal responsável pela expansão das indústrias. Já a partir de meados do século dezenove, o desenvolvimento da malha ferroviária foi um importante elemento para a disseminação das atividades industriais.
Do Reino Unido saíram o carvão mineral, matriz energética das indústrias, as máquinas, as ferramentas e o conhecimento técnico que favoreceram a propagação da industrialização na Europa.
A exploração do ferro também foi crucial para o desenvolvimento da industrialização europeia. Com esse material eram produzidos os trens, maquinários, estruturas de prédios, ferramentas e muitos outros artefatos relacionados às indústrias.
A partir da segunda metade do século dezenove, as indústrias siderúrgica, petrolífera e química ganharam importância. Essa fase, marcada sobretudo pela utilização do conhecimento científico na indústria e pela aproximação entre a fábrica e o laboratório, ficou conhecida como Segunda Revolução Industrial.
Imagens em contexto!
O sistema ferroviário é muito importante para o deslocamento de pessoas e mercadorias no continente europeu. De trem, é possível viajar com rapidez e baixo custo. Além disso, o sistema ferroviário facilita o abastecimento de mercadorias importantes para o desenvolvimento industrial de muitos países.
A ciência e as indústrias
Países da Europa, Estados Unidos e Japão, a partir da segunda metade do século dezenove, passaram a investir em pesquisas científicas para gerar inovações tecnológicas e, assim, aprimorar os processos industriais.
Entre as muitas inovações, o aproveitamento da eletricidade tornou-se um marco do século dezenove. Pesquisas científicas na área do eletromagnetismo possibilitaram o desenvolvimento do dínamo. Esse gerador, que transformava energia mecânica em energia elétrica, mudou radicalmente a vida cotidiana das pessoas na Europa e fôra dela. Com a utilização do dínamo, a energia elétrica pôde ser facilmente convertida em movimento, luz, calor e som. No final do século dezenove, além de favorecer a atividade fabril, ela foi empregada na iluminação pública e de moradias e no desenvolvimento da tração de trens e bondes elétricos.
Além disso, a energia elétrica, combinada com o aperfeiçoamento dos telégrafos, possibilitou a comunicação intercontinental. Pouco tempo depois de sua invenção, na década de 1830, os cabos telegráficos foram estendidos seguindo o curso dos trilhos dos trens. Em meados do século dezenove, milhares de quilômetros de cabos de telégrafos interligavam a Europa, possibilitando a troca de mensagens.
Na década de 1870, as redes telegráficas instaladas por cabos submarinos possibilitavam a interconexão da Europa com o continente asiático e o americano.
Imagens em contexto!
Inventado em 1831 pelo físico britânico Maicou Faraday, o dínamo precisa da energia mecânica para produzir a elétrica. Por isso, no início, esses aparelhos eram equipados com manivelas. Com o desenvolvimento de técnicas que melhoraram seu desempenho, o dínamo passou a ser movido por outras máquinas e seu tamanho aumentou muito para ser capaz, por exemplo, de gerar energia para uma indústria. A iluminação de ambientes externos com o uso de energia elétrica foi tão impactante que luminárias de rua eram destacadas nas obras de arte do período. Na pintura de Degá, a cantora emíl becá é representada em frente ao Café dos Embaixadores, em Paris, próximo a uma rua iluminada por postes de luz elétrica.
As reformas urbanas e as desigualdades sociais
Pode-se dizer que o século dezenove foi marcado pelo chamado cientificismo, ou seja, a crença no desenvolvimento da ciência, com base na qual se afirmava a superioridade do conhecimento científico em relação às demais fórmas de compreensão da realidade – a religiosa, por exemplo.
Essa crença estimulou a divulgação da ideia de que a humanidade estava em um progresso inabalávelglossário rumo a um futuro melhor e mais desenvolvido e as cidades seriam as grandes vitrines desse processo.
Os burgueses e aristocratas esperavam que as grandes cidades se consolidassem como os espaços da atividade que eles consideravam civilizatória. Para isso, as cidades deviam renovar sua aparência, tornando-se locais de celebração do desenvolvimento econômico, tecnológico e cultural. Dessa fórma, seria necessário um planejamento urbano para implementar os ideais de modernidade desejados pelas elites europeias.
A reforma urbana de Paris, ocorrida entre 1853 e 1870, é considerada o marco inaugural desse processo. Seu projeto se baseou em três objetivos: retirar do espaço urbano tudo o que pudesse provocar confusão, perigo ou doenças; favorecer o contrôle da circulação de veículos e pessoas; inserir elementos ligados ao lazer e à vida burguesa na cidade, como praças, mercados, vias amplas e arborizadas, jardins e passeios públicos.
Imagens em contexto!
A reforma de Paris foi baseada na reorganização do espaço urbano como um tabuleiro de xadrez, com largas avenidas para facilitar a circulação do ar e a entrada de luz. Para isso, foram retirados todos os cortiços do centro da cidade. Com a remodelação e o aumento dos preços das habitações nas áreas reformadas, os trabalhadores foram deslocados para a periferia. As grandes avenidas ao redor do Arco do Triunfo foram construídas no fim do século dezenove, quando a cidade se tornou um modelo de civilização na Europa. Posteriormente, esse modelo foi usado como referência para a reforma de cidades em outros continentes, como a do Rio de Janeiro, no início do século vinte.
A Comuna de Paris
Desde a derrota na Guerra Franco-Prussiana e da deposição de Napoleão terceiro em 1870, Paris sofria com o cerco do exército de Otto . Para resistir aos alemães, formou-se um governo provisório sob a liderança do político Em 1871, Tiér tentou negociar com bísmarc uma rendição. Temendo revoltas populares em decorrência dessa negociação, ele usou as tropas francesas para tentar se apossar dos canhões da Guarda Nacional. A Guarda Nacional era uma milícia não subordinada ao exército, formada majoritariamente por trabalhadores e profissionais liberais.
Essa ação de Tiér enfureceu a população, gerando uma guerra campal. Os habitantes das regiões de Montmartre, Belleville e Buttes-Chaumontem Paris, formaram uma comuna, declarando autonomia econômica e política. O projeto dos revoltosos era transformar a comuna em um espaço organizado e dividido entre os trabalhadores.
O movimento, formado por homens, mulheres e crianças que trabalhavam em Paris, conseguiu expulsar o governo de Tiér para Versalhes e governar a cidade por dez semanas, quando foi massacrado pelo exército francês, muito superior em número de combatentes e armamentos. Apesar da derrota, a Comuna de Paris tornou-se símbolo da luta de trabalhadores por participação nas decisões políticas e por condições de vida mais justas.
Teorias sociais, o movimento operário e a luta das mulheres
No século dezenove, as desigualdades sociais incentivaram alguns intelectuais a pensar em propostas para modificar as estruturas das sociedades industriais. Assim, desenvolveram-se reflexões sobre a luta dos trabalhadores, que foram a base para o desenvolvimento do pensamento socialista e anarquista.
Além disso, o século dezenove foi marcado pelo crescimento da luta operária por melhores condições de vida e trabalho e pela ascensão do movimento feminista.
O socialismo utópico
Desde o século dezoito, alguns nobres e burgueses planejaram a implementação de sociedades que pudessem superar as graves desigualdades provocadas pela industrialização. No século dezenove, por valorizarem a questão social, esses pensadores e agitadores políticos foram denominados socialistas, termo que incluía diversas e diferentes propostas para resolver as desigualdades geradas pelo capitalismo industrial.
Os integrantes do grupo que propunha a implantação de sociedades alternativas ficaram conhecidos como socialistas utópicos, ou seja, foram nomeados pejorativamente por imaginarem uma sociedade que dificilmente se concretizaria: uma utopiaglossário .
Apesar de pouco eficazes, as propostas dos socialistas utópicos ajudaram a formular as primeiras críticas ao mundo industrial, incentivando as ideias de outros pensadores. Leia a seguir as principais propostas de três dos chamados socialistas utópicos.
O socialismo científico
Na Alemanha, dois filósofos, carl márks e fréderique ênguels, desenvolveram as propostas socialistas que deram origem ao chamado pensamento marquicísta. Essas ideias tiveram profundo impacto social a partir do século dezenove, influenciando associações de trabalhadores em diferentes partes do planeta.
Em linhas gerais, a teoria formulada por márks e ênguels, denominada socialismo científico, previa o estabelecimento de uma economia coletivizada. De acordo com os pensadores, a sociedade industrial está dividida em dois grandes grupos: o dos burgueses – que detêm os meios de produção (fábricas, maquinários e outros) e enriquecem com a exploração do trabalho – e o dos proletários – aqueles que possuem apenas a fôrça de trabalho para garantir seu sustento.
Em 1847, márks e ênguels se empenharam na fundação da Liga dos Comunistas, primeira organização internacional focada nos preceitos do socialismo científico. Porém, a organização foi dissolvida em 1852 em razão de divergências internas. No contexto dessa organização, em 1848, os pensadores publicaram o Manifesto do Partido Comunista, que, mais tarde, se tornaria um referencial para partidos políticos em todo o mundo.
De maneira geral, márks e ênguels entendiam que os burgueses enriqueceram explorando a chamada mais-valiaglossário dos trabalhadores. Segundo eles, para que a exploração dos trabalhadores e a desigualdade social tivessem fim, os proletários de todo o mundo deveriam se unir em uma revolução e tomar os meios de produção. Para esses filósofos, essa seria uma etapa para que a sociedade fosse organizada em bases coletivas, sem classes sociais ou propriedade privada.
márks e ênguels buscavam associar o desenvolvimento de suas teorias às práticas que eles acreditavam que poderiam transformar a sociedade. Eles foram os principais dirigentes da Associação Internacional dos Trabalhores ( a i tê), fundada em 1864 com objetivo de auxiliar na organização dos trabalhadores.
O anarquismo
No senso comum, o termo anarquia é considerado sinônimo de bagunça. Isso porque o termo, traduzido de fórma livre do grego, significa “sem governo”.
A ausência de um poder central é a principal proposta do movimento anarquista. Por isso, há quem acredite que a implementação de uma proposta anarquista conduza a sociedade sem regras ou leis. Essa ideia, porém, não é correta.
O movimento anarquista teve início no século , durante a Segunda Revolução Industrial, como dezenove fórma de criticar o capitalismo e suas desigualdades sociais. Os principais pensadores anarquistas foram os russos micaíl bakunín e Piôtri Craprotquim e o francês . piérre jôzéf prudôn
Eles defendiam a construção de uma sociedade livre dos princípios coercitivosglossário de poder presentes no capitalismo, sobretudo a tutela do Estado. A sociedade imaginada por eles seria organizada com base na representatividade política direta, ou seja, todos participariam das decisões da vida da comunidade em um sistema cooperativo e sem hierarquias.
As propostas anarquistas atraíram milhares de operários, de diversas partes do mundo, que eram submetidos a difíceis condições de trabalho e abusos de poder. Essas ideias foram trazidas ao Brasil, sobretudo pelos imigrantes italianos e espanhóis, que formavam a mão de obra operária de cidades como São Paulo, no início do século vinte.
Imagens em contexto!
Os trabalhadores que aparecem na imagem participaram da primeira greve geral realizada no Brasil, que durou trinta dias. Eles reivindicaram melhores condições de trabalho e o direito de livre organização. Tomaram parte ativamente dessa ação anarquistas europeus que imigraram para o Brasil em busca de trabalho.
O sindicalismo
No final do século dezoito, os operários britânicos começaram a se organizar para lutar por melhores condições de vida. Além de experiências pontuais, como a do ludismo e a do cartismo, que você estudou no capítulo 2, os operários se reuniram em associações chamadas trade unions, que depois passaram a ser conhecidas como sindicatos. A principal característica dos sindicatos é a organização de operários para reivindicar direitos.
Durante a Segunda Revolução Industrial, as propostas dos trabalhadores se fortaleceram em diversas regiões do planeta, formando o sindicalismo revolucionário, que articulava princípios anarquistas e socialistas.
Para os sindicalistas revolucionários, os partidos políticos eram organizações formadas por burgueses cuja influência sobre os trabalhadores devia ser extinta, pois levava ao conformismo.
De acordo com eles, os sindicatos constituíam a fórma autêntica e legítima para a condução do movimento operário. Defendiam ações diretas, como ataques às fábricas e greves. Essas eram suas estratégias na busca por melhores condições de trabalho e na luta pelo fim do Estado burguês, o principal responsável pela situação de pobreza em que viviam os trabalhadores.
O sindicalismo transformou suas pautas com o tempo, concentrando-se nas reivindicações por melhores condições de vida para os trabalhadores. Tornou-se expressivo no século vinte, estando na base de grande parte dos movimentos operários e greves em diferentes países.
O feminismo e o movimento sufragista
No final do século dezoito, teve início a primeira onda do feminismo. A escritora britânica méri uôlstônecréft é considerada uma das pioneiras desse movimento. No livro Uma defesa dos direitos da mulher, publicado em 1792, ela reivindicou o direito à educação formal, instrumento que poderia libertar as mulheres da dependência dos pais, dos maridos e dos irmãos. Os escritos de uôlstônecréft inspiraram a organização do movimento na França e nos Estados Unidos.
No Reino Unido, o movimento feminista lutou pelos direitos políticos das mulheres. Para suas líderes, era evidente que a ampliação dos direitos políticos e trabalhistas dos homens tinha ocorrido mediante pressões parlamentares. Assim, as sufragistas (mulheres que participavam do movimento pelo direito de voto feminino) entendiam que somente conquistariam melhores condições de trabalho e romperiam as desigualdades sociais se os políticos fossem obrigados a prestar contas ao eleitorado feminino. Nesse sentido, a conquista do direito ao voto era um meio para atingir mudanças sociais mais amplas.
Diante das sucessivas reprovações por parte do Parlamento britânico às petições de sufrágio feminino enviadas durante o século dezenove, elas organizaram, em 1897, a União Nacional pelo Sufrágio Feminino. , uma das responsáveis pela fundação do grupo, ajudou a fundar, em 1871, o Newnham College, em Cambridge, no Reino Unido, para favorecer o acesso das mulheres à educação superior.
Em 1903, sob a liderança de , foi fundada a União Política e Social das Mulheres com o intuito de pressionar o Parlamento a conceder direito de voto às mulheres. Apenas após as reformas eleitorais de 1918 e 1928, as mulheres obtiveram o direito ao voto no Reino Unido. No Brasil, elas puderam votar a partir de 1932. Na França, esse direito foi conquistado apenas em 1944. Até os dias de hoje, o voto feminino sofre restrições em algumas nações, como a Arábia Saudita, em que as mulheres conquistaram parcialmente o direito ao voto em 2011.
Agora é com você!
Responda no caderno.
- O que foi o Zollverein? Qual foi sua importância para a unificação da Alemanha?
- Como as relações entre ciência e indústria contribuíram para o desenvolvimento do cientificismo no século dezenove?
- O que foi a Comuna de Paris?
Dica
LIVRO
Para educar crianças feministas, de chimamanda nigôzi adíchiê. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
O livro apresenta de fórma didática algumas ideias fundamentais para compreender o feminismo como movimento de luta pela construção de uma sociedade mais justa para todos.
Atividades
Responda no caderno.
Organize suas ideias
- Sobre a Primavera dos Povos, registre no caderno a afirmação correta.
- É o nome dado ao conjunto de movimentos sociais que eclodiu, em 1848, em toda a Europa, em defesa da manutenção das decisões do Congresso de Viena e da Restauração.
- Refere-se aos movimentos sociais que eclodiram, em 1848, buscando a instauração da cidadania plena para homens e mulheres, a justiça social e a instalação de repúblicas.
- Designa um conjunto de movimentos liberais ocorrido na Europa, em 1848, pela instauração de governos amparados por códigos civis e com estrutura democrática.
- Refere-se ao movimento dos monarquistas, em toda a Europa, em 1848, em defesa do absolutismo, da Igreja e da sociedade de côrte.
- No caderno, identifique as informações verdadeiras e as falsas a respeito do nacionalismo europeu do século dezenove.
- O movimento não contou com apoio dos liberais, pois não havia interesse em alavancar os mercados e economias nacionais diante da economia internacional.
- Os nacionalistas valorizavam a ideia de nação acima do indivíduo e usavam símbolos, como a bandeira e hinos, como fórma de propaganda da nação.
- Os nacionalistas estimularam movimentos de unificação de territórios, como o da Itália e o da Alemanha, no século dezenove.
- As lutas pela unificação da Itália e da Alemanha contaram com amplo apoio popular e dos nobres nacionalistas em oposição aos burgueses.
- Copie e preencha o quadro a seguir comparando a primeira fase da Revolução Industrial à segunda.
Primeira fase (século XVIII) |
Segunda fase (século XIX) |
|
---|---|---|
Países |
||
Principal fonte energética |
||
Setor industrial predominante |
- No caderno, relacione as teorias e os movimentos sociais do século dezenove com suas respectivas propostas.
- Socialismo utópico.
- Socialismo científico.
- Anarquismo.
- Sindicato.
- Movimento feminista.
- Movimento sufragista.
- Movimento de defesa da igualdade de direitos e condições de trabalho entre homens e mulheres.
- Organização trabalhista que reivindicava direitos por meio de ações como greves.
- Seus idealizadores propunham uma sociedade sem hierarquias e poderes de um indivíduo ou organização sobre outros.
- Seus idealizadores propunham fórmas distintas de organização social e gestão do trabalho, como as cooperativas.
- Reivindicava a representatividade política e o direito de voto às mulheres.
- De acordo com seus idealizadores, a sociedade é dividida em duas classes: a dos detentores dos meios de produção e a dos que possuem a fôrça de trabalho.
Aprofundando
5. Leia o texto do historiador Jaques Le Gófi e, em seguida, responda às questões.
“O período de 1840 a 1890 é o do triunfo da ideologia do progresso, simultaneamente com o grande ‘boom’ econômico e industrial do Ocidente”.
, J. História e memória. Campinas: Editora da unicâmpi, 1990, página 259.
- Em que período o autor identifica um forte crescimento econômico e o triunfo da ideologia do progresso?
- Como a relação entre as ciências e a indústria contribuiu para o desenvolvimento econômico e industrial do Ocidente no século dezenove? Justifique sua resposta.
- De acordo com o que você estudou, o que seria a “ideologia do progresso” que o autor cita em seu texto? Qual é a relação desse ideário com o desenvolvimento científico do período?
6. O movimento sufragista, desde o início, enfrentou forte resistência de amplos setores da sociedade. O uso de cartazes de propaganda favoráveis e contrários ao voto das mulheres foi uma estratégia fundamental na divulgação do movimento em um período no qual as taxas de analfabetismo na população mundial eram altas. Analise duas imagens da época, produzidas, respectivamente, no Reino Unido e nos Estados Unidos.
- Como a mulher é representada no cartaz britânico de 1918? Qual é a importância dessa representação?
- Qual é o significado da ausência da mulher adulta no outro cartaz? Que concepção do papel feminino na sociedade é transmitida na imagem?
- Nas imagens estão escritas as frases “Votos para as trabalhadoras” e “Votos para as mulheres”, mas com objetivos diferentes. Que objetivos são esses?
- Como você estudou, a Segunda Revolução Industrial marcou a aproximação entre a ciência e o desenvolvimento de processos de fabricação de vários produtos, como os alimentícios. Isso aumentou a disponibilidade e a variedade de alimentos para o comércio e para o consumo. Com o tempo, o desenvolvimento científico e tecnológico envolvido no preparo e na conservação de produtos possibilitou a fabricação de alimentos ultraprocessados. Sobre o assunto, faça uma pesquisa, em livros, jornais e revistas impressos e na internet, para responder às questões a seguir.
- Qual é a diferença entre alimentos in natúra, processados e ultraprocessados?
- Você consome alimentos ultraprocessados? Com que frequência?
- Que tipo de risco esse tipo de alimento pode provocar à saúde?
- Como é possível reduzir o consumo desses alimentos?
Glossário
- : título usado pelos imperadores alemães. A palavra é derivada do latim caézar (césar).
- Voltar para o texto
- Inabalável
- : constante, sem nenhum tipo de perturbação.
- Voltar para o texto
- Utopia
- : nesse caso, algo não atingível, uma ideia de sociedade que não tem possibilidade de ser efetivada na prática.
- Voltar para o texto
- Mais-valia
- : em linhas gerais, é a diferença entre a riqueza gerada pelo trabalho da classe operária aos burgueses capitalistas e os baixos salários recebidos pelos trabalhadores.
- Voltar para o texto
- Coercitivo
- : repressor, autoritário.
- Voltar para o texto