CAPÍTULO 3 REVOLUÇÃO AMERICANA: A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

É muito comum as pessoas associarem o termo revolução a uma mudança ocorrida depois de embates, em alguns casos muito violentos, entre diferentes grupos sociais e políticos. Ao verificar sua definição no dicionário, é possível notar que essa palavra pode ter sentidos distintos de acordo com o contexto. Na astronomia, ela é utilizada para designar o movimento completo que um corpo celeste faz ao redor de outro: a Lua, por exemplo, faz uma revolução (ou seja, um giro completo) em torno da Terra. Já a imagem desta página retrata uma cena cotidiana no Brasil atual. Apesar de comum, mostra uma das consequências de outro tipo de revolução. Analise a imagem, leia a legenda e, depois, faça as atividades propostas.

Fotografia. Dois adolescentes usando um notebook. A menina está sentada digitando. E o menino, em pé e ao lado dela, olha para a tela.
Adolescentes utilizando computador em São Paulo (São Paulo). Foto de 2019.
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Imagens em contexto!

A internet, assim como o desenvolvimento de computadores e celulares, modificou a fórma de as pessoas trabalharem, estudarem e se comunicarem.

Por isso, pode-se considerar que esses instrumentos geraram uma revolução tecnológica na sociedade.

Ícone. Ilustração de ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Você já utilizou a palavra revolução ou se lembra de alguém comentar que aconteceu uma revolução em sua vida ou em seu cotidiano? Se sua resposta for afirmativa, cite exemplos.
  2. Em sua opinião, o que é necessário para que uma mudança social, política ou econômica seja considerada uma revolução?
Respostas e comentários

Abertura

O capítulo se inicia com uma reflexão, transversal ao tema, sobre os diversos significados conferidos ao termo revolução de acordo com determinadas circunstâncias históricas. Desse modo, reitera-se a historicidade do conceito ao mostrar que ele foi citado em contextos estudados em outros capítulos.

Atividades

1. Espera-se que os estudantes se apropriem cada vez mais do termo revolução e identifiquem os diversos contextos em que ele pode ser utilizado. Eles podem citar situações específicas, como mudança de casa ou de escola, alteração na fórma de contato com colegas e professores durante as aulas na fase de isolamento social imposta pela pandemia de covíd-19, o nascimento de um irmão ou a chegada de algum parente para morar na casa da família. Isso demonstra ser comum usar o termo revolução para designar qualquer mudança considerada radical de alguma estrutura básica, como uma tradição de comportamento, um modo de viver em determinado espaço e/ou fórmas de estudo, de trabalho e de contato social.

2. Espera-se que os estudantes diferenciem mudanças políticas ou sociais comuns, como as que ocorrem com o funcionamento normal dos três poderes em um Estado democrático, de situações em que, por exemplo, grupos sociais perdem poder e outros mudam radicalmente seu státus, ou de ocasiões nas quais ocorre mudança de regime de governo em um país após sucessivos embates entre grupos sociais com interesses distintos.

Na primeira parte do capítulo, resgata-se um conteúdo já abordado: a colonização da América pelos britânicos. Procura-se expor o fato de que, diferentemente do que ocorreu em outros projetos de colonização, como o de Portugal e o da Espanha, as Treze Colônias desfrutavam de relativa autonomia comercial e política. Esses outros projetos foram explorados no 7º ano e é importante retomá-los nesse momento para estabelecer as devidas relações entre eles e o tema do capítulo.

As Treze Colônias e a relação com a Grã-Bretanha

Nos primeiros séculos de colonização, o governo inglês interferiu pouco na vida dos colonos. Apesar de estarem oficialmente submetidas à autoridade e às leis inglesas, as colônias americanas recebiam pouca atenção da metrópole, o que foi chamado posteriormente pelos historiadores estadunidenses de negligênciaglossário salutarglossário . Em razão dessa prática, as colônias puderam se desenvolver com muito mais autonomia que outros domínios coloniais.

Mesmo com essa relação menos sistemática e controladora, os colonos ingleses se consideravam súditos leais à Coroa e, até meados do século dezoito, não tinham motivos para romper com a metrópole.

Gravura. Vista ampla de local aberto. Em primeiro plano, na parte inferior da gravura, soldados de casaco vermelho e calça azul, alguns usam chapéu preto. Estão próximos a um corpo de água. Dois soldados seguram armas nas mão, semelhantes a espingardas; outros manipulam caixas, cestos e uma pequena canoa que está às margens.  Ao fundo, no corpo de água, uma grande embarcação com mastros e velas recolhidas. À direita, muitos prédios de diferentes tamanhos, todos com dois pavimentos ou mais, e algumas pessoas caminhando.
Vista de Boston, gravura de , cêrca de 1770.
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Na pintura, o artista europeu representou o porto de Boston, com ingleses no contrôle do carregamento de mercadorias.

Respostas e comentários

Objetivos do capítulo

Caracterizar o comércio triangular e associá-lo à autonomia das Treze Colônias.

Demonstrar que a gestação do sentimento antibritânico foi conse- quência do choque de interesses econômicos e políticos entre a Coroa britânica e as Treze Colônias.

Demonstrar que as leis do Açúcar (1764), do Selo (1765) e do Chá (1773) afetaram diretamente o comércio triangular e os interesses comerciais dos colonos.

Identificar a influência das ideias iluministas no processo de independência dos Estados Unidos.

Diferenciar a fórma de governo nas Treze Colônias da estabelecida depois da independência.

Justificativa

A importância dos objetivos selecionados para esse capítulo está relacionada à compreensão de aspectos históricos que caracterizam a sociedade estadunidense, tais como a sua composição social e a história por trás dos direitos de seus diferentes grupos sociais. O processo de demonstrar o acirramento das tensões entre colonos e britânicos, assim como de ressaltar as insatisfações dos primeiros, permite entender como as ideias iluministas e liberais ganharam campo e fundamentaram a base filosófica das ideias revolucionárias, as quais se espalharam não só pela América, influenciando revoluções também no continente europeu.

Caso haja recursos disponíveis, projete mapas das colônias portuguesas e espanholas e das Treze Colônias, a fim de situar os estudantes temporal e espacialmente para iniciar o estudo do capítulo.

O princípio da intensa liberdade política e comercial – a negligência salutar – é essencial, pois, como será explicado adiante, os atritos entre os colonos das Treze Colônias e a metrópole foram se acirrando, ou seja, ocorreram de fórma processual até o rompimento definitivo entre metrópole e colônia.

A Guerra dos Sete Anos

No século dezoito, a Grã-Bretanha mudou sua relação com a colônia. O principal conflito que motivou essa alteração foi a Guerra dos Sete Anos. Ocorrido entre 1756 e 1763, o confronto teve múltiplas razões e quatro locais de ação: Europa, Ásia, África e América. Na Europa, a França, a Espanha e o Sacro Império Romano-Germânico (e aliados) enfrentaram uma liga formada pela Grã-Bretanha, por Portugal, pela Prússia e por Hanover (que fazia parte do Sacro Império Romano-Germânico, mas era ligada aos britânicos).

A guerra começou com a disputa pela posse de territórios e por sucessões dinásticas na Europa. Depois, espalhou-se para a Ásia – onde franceses e britânicos guerrearam pelo contrôle de colônias na Índia – e a África – onde as potências disputaram terras no Senegal e em Gâmbia. Na América do Norte, o contrôle da navegação do Rio Ohio interessava aos franceses e aos britânicos.

Para minar a presença britânica na América, os franceses se coligaram a alguns grupos indígenas, como os abenáqui e os algonquinos. Os britânicos, por sua vez, associaram-se aos colonos e aos indígenas iroqueses contra a liga franco-indígena. Ao final do conflito, as fôrças francesas foram vencidas.

Gravura. Vista para local aberto, com relevo acidentado e mar ao fundo. Uma tropa de soldados vestidos de azul e capacete preto está à esquerda da gravura. Tropas vestidas com uniforme em laranja estão agrupadas em dois locais da gravura, à direita e à esquerda. No mar, pequenas embarcações com mais soldados. Ao fundo e à esquerda, um forte; à direita, embarcações com bandeiras hasteadas e fumaça sobre algumas embarcações. Há soldados espalhados por toda a costa.
A chegada dos franceses à Ilha de Newfoundland, gravura de bissê, século dezoito.
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Na América do Norte, durante a Guerra dos Sete Anos, tropas francesas atacaram, em 1762, o Forte St. John’s, localizado na Ilha de Newfoundland. Atualmente, a região faz parte do território canadense.

Dica

FILME

Barry Lyndon

Direção: istânlei .

Estados Unidos, 1975.

Duração: 149 minutos.

O filme se baseia na vida de wréd-mônd béri, um jovem irlandês que, após um romance rápido com uma mulher, é trocado por um capitão do exército inglês. Por ver sua honra diminuída, desafia o capitão e sai vitorioso. O filme acompanha a trajetória de Barry até ele se alistar no exército mercenário britânico e ser enviado para lutar na Guerra dos Sete Anos no norte do território correspondente ao da atual Alemanha. Nas cenas, é possível verificar uma sequência de elementos e atos característicos das guerras daquele período, como as baterias, as bandeiras com as cores das côrtes e a fórma de combater.

Respostas e comentários

Classificação indicativa de Barry Lyndon: livre

Bê êne cê cê

Ao contextualizar a situação da Grã-Bretanha no cenário mundial para a compreensão dos antecedentes da independência das Treze Colônias, com destaque para as consequências da Guerra dos Sete Anos, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero sete. A abordagem das disputas territoriais e nacionais entre os Estados europeus, com envolvimento das colônias e demais territórios, auxilia no desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero seis.

A gestação do sentimento antibritânico não ocorreu de fórma simplista e direta. Os resultados controversos da Guerra dos Sete Anos, que pôs fim à negligência salutar, foram determinantes para a geração de conflitos de interesses entre a população colonial e o governo britânico.

Ampliando

Os conflitos da Guerra dos Sete Anos na América exigiram cooperação entre os colonos e os britânicos, intensificando seus laços. O texto a seguir trata desse assunto.

“No início da década de 1760, a relação entre a Coroa britânica e suas colônias da América do Norte parecia profundamente enraizada. A vitória na Guerra dos Sete Anos (1756-1763) levara à expulsão dos franceses das fronteiras, eliminando o principal competidor na luta pela expansão territorial da região a oeste dos montes Apalaches. A luta pela supremacia na América do Norte começou no final do século dezessete, mas foi ao longo da Guerra dos Sete Anos que os colonos se envolveram mais fortemente nos combates. Durante a campanha, milícias coloniais cooperaram intensivamente com as tropas profissionais britânicas na luta contra os franceses e seus aliados indígenas, criando uma atmosfera de confiança que parecia reforçar a posição e os privilégios daqueles súditos na estrutura imperial. O esforço de guerra beneficiou tanto os comerciantes como os agricultores que abasteciam os exércitos. A presença das tropas e as demandas militares movimentaram a economia. A marinha britânica, a mais poderosa do mundo na época, protegia os navios dos colonos, barateando os custos da expansão comercial. Para um observador situado em qualquer cidade costeira da América britânica, a possibilidade de uma ruptura parecia absurda em face dos sucessos militares, econômicos e políticos que asseguravam a cooperação entre os braços europeu e americano no Império. Muitos americanos consideravam-se membros de uma comunidade transatlântica na qual a pátria-mãe desempenhava um papel de liderança.”

izéquisson, V. Estados Unidos: uma história. São Paulo: Contexto, 2021. página 17, 21.

Resultados do conflito

Os resultados da Guerra dos Sete Anos foram controversos. Os colonos esperavam que seu empenho e sua lealdade à Coroa britânica fossem reconhecidos, pois enfrentaram os franceses e seus aliados indígenas em nome da Grã-Bretanha.

No entanto, o monarca djêordji terceiro frustrou essas expectativas ao reconhecer as terras conquistadas da França como territórios indígenas, doando-as a seus aliados. O rei também delimitou rígidas fronteiras a partir da cadeia de montanhas conhecidas como Apalaches, proibindo os colonos de comprar ou invadir terras indígenas além daquele local.

As atitudes de djêordji terceiro mostraram à população colonial que os desejos e as decisões da Coroa nem sempre estavam de acordo com as pretensões dos colonos.

Para saldar as dívidas e equilibrar as finanças após os gastos nas lutas contra a França, o governo britânico criou pesados impostos sobre as colônias, chegando ao fim sua chamada negligência salutar com o território americano.

Com tais medidas, a Grã-Bretanha pretendia que os habitantes de seus territórios na América contribuíssem para o enriquecimento da metrópole e se submetessem a sua autoridade. Ao longo do século dezoito, porém, essa mudança na política gerou profundos descontentamentos na população colonial.

Pintura. Ao centro, em destaque, um homem em pé, com um dos braços apoiados sobre uma estrutura retangular, onde há um vaso de flores coloridas. O outro braço está na cintura. Ele usa uma peruca branca e curta. Suas vestes são em um tecido azul brilhante. À frente e à direita, há uma mulher de cabelo castanho, amarrado em coque. Ela usa um logo vestido de tecido branco e brilhante. Ela está sentada com uma bebê de vestido azul claro no colo. Sobre o encosto da cadeira, um manto em vinho com detalhes em branco. Ao lado da mulher e da bebê, está sentada uma menina também de vestido azul claro. À esquerda, há mais quatro crianças. Duas delas estão em pé, com vestes em tecido brilhante, uma de vermelho e a outra de amarelo. Sentada no chão, uma criança usa um vestido com detalhes vermelhos e, outra, em pé e ao lado, encostada em uma cadeira, usa vestes azuis e segura uma ave branca em uma das mãos. Ao fundo, céu azul com nuvens em cinza, à esquerda árvore com muitas folhas em verde escuro e uma estátua em verde de duas pessoas sobre uma plataforma. Atrás do homem em destaque, duas colunas grossas, vistas parcialmente. À direita, atrás da mulher sentada, uma mesa com uma coroa dourada, e, sobre uma almofada em vermelho e detalhes em dourado, uma esfera dourada. Acima dessa mesa, pende do teto um volumoso tecido em vinho.
djêordji terceiro, rainha Charlotte e seus seis filhos mais velhos, pintura de iôrram, 1770.
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djêordji terceiro governou a Grã-Bretanha e a Irlanda entre 1760 e 1801, quando os dois países se uniram, e tornou-se o primeiro rei do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, permanecendo com a Coroa até morrer, em 1820. Seu reinado foi marcado por uma série de guerras, como a dos Sete Anos e as decorrentes das invasões napoleônicas, nas quais foi vencedor. No entanto, entre suas derrotas, destaca-se o processo de independência das colônias americanas.

Respostas e comentários

O choque de interesses entre os colonos e a metrópole não foi pontual, mas processual. Isso se verifica em algumas medidas: após a Guerra dos Sete Anos, o rei britânico djêordji terceiro delimitou terras para determinados grupos indígenas e intensificou a cobrança de impostos, iniciando-se, assim, um processo de acirramento das tensões entre as duas partes.

Curadoria

As loucuras do Rei djêordji (Filme)

Direção: nícolas ráitner. Reino Unido, 1994. Duração: 105 minutos.

Essa comédia biográfica não reflete os acontecimentos históricos com rigor nem pretende fazê-lo, mas é uma obra que caracteriza o período em que os britânicos perdem os Estados Unidos e que apresenta, de fórma satírica, os bastidores de uma côrte real.

As novas taxas

A primeira demonstração da mudança de posicionamento do governo britânico em relação aos súditos americanos foi dada pela Lei do Açúcar, de 1764. Como você pode notar, essa lei foi criada apenas um ano após o fim da Guerra dos Sete Anos.

Já havia na colônia taxações sobre vários produtos, como o algodão. Em geral, o governo instituía os impostos com a finalidade de evitar a concorrência de seus produtos com similares feitos na Europa. Havia também taxas cobradas pelas casas legislativas que funcionavam nas colônias. Elas eram administradas por ingleses nascidos no continente americano e geravam receita para os governos coloniais locais. Havia, portanto, certa autonomia fiscal, legislativa e governamental na América britânica que a diferenciava das colônias da Espanha e de Portugal.

Pintura. Vista para local aberto, em alto mar, de cor esverdada. No centro da pintura, labaredas intensas de fogo, amareladas no centro e alaranjadas na ponta, consomem uma embarcação, de onde sai muita fumaça. No canto inferior esquerdo, uma pequena embarcação a remo, tripulada. Céu azul com muitas nuvens brancas e uma coluna de fumaça em branco acinzentado.
Luxborough pegando fogo ao mar, pintura de djôn clíveli, 1727.
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A liberdade dos colonos americanos permitiu, também, que eles se envolvessem no lucrativo comércio de escravizados. O navio Luxborough, retratado na pintura de djôn clíveli, participava do chamado comércio triangular e transportava pessoas da África para o Caribe para escravizá-las. Em 1725, o navio afundou em razão de um incêndio próximo ao litoral das Bahamas.

Com a Lei do Açúcar, diminuiu pela metade o imposto sobre o melaço e outros produtos derivados de cana-de-açúcar, mas sua cobrança se tornou mais efetiva, dificultando a sonegação. Antes, esse processo era controlado por autoridades locais, o que dava amplo espaço para desvios, contrabandos e baixa arrecadação.

Antes da lei, os colonos eram responsáveis pelo contrôle do contrabando de melaço, rum, açúcar e outros produtos e toleravam a ação dos contrabandistas, pois se beneficiavam do comércio ilegal. Com a lei, essa função foi transferida para a metrópole, diminuindo a autonomia local e obrigando os colonos a comprar apenas os derivados da cana-de-açúcar produzidos nos territórios britânicos do Caribe. Além disso, as colônias perderam a autonomia para participar livremente do comércio triangular.

Charge. À direita, um homem de rosto fino, nariz e queixo grandes, veste casaca vermelha e chapéu preto. Ele tem uma perna de pau. Usa uma muleta sob o braço esquerdo, cuja ponta está sobre o desenho de um círculo vermelho com linhas azuis que se cruzam, e, com uma das mãos, ele segura um chicote; com a outra mão, segura diversas cordas, cada uma ligada a um homem de um grupo de cinco que está do lado esquerdo. O homem da direita e o grupo de homens estão separados por uma faixa azul, onde se lê: o oceano Atlântico. Os homens puxam as cordas, demonstrando desagrado. Um deles está virado de costas.
Pobre velha Grã-Bretanha se esforçando para recuperar seus filhos americanos malvados, charge de 1777 representando a tentativa da Grã-Bretanha de taxar os súditos na América após a Guerra dos Sete Anos.
Respostas e comentários

BNCC

Por envolver a comparação de aspectos comerciais da colonização ibérica com os da britânica, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da Competência Específica de Ciências Humanas nº 5. Com a abordagem da Lei do Açúcar, que reduziu a liberdade dos colonos e aumentou os monopólios comerciais nas colônias britânicas, mobiliza-se a Competência Específica de História nº 1.

Para que os estudantes compreendam melhor o conteúdo, faça com eles um breve exercício comparativo entre as instituições fiscais, legislativas e governamentais das colônias inglesas e as do mundo ibérico. A ideia é expor de maneira genérica a relativa semelhança entre as medidas britânicas de taxação e as impostas no mundo colonial ibérico no século dezoito, principalmente nas regiões de mineração. Apesar de ser possível identificar semelhanças entre essas taxações, é necessário reforçar a ideia da relativa autonomia fiscal das colônias britânicas, o que não ocorria nas ibéricas.

Curadoria

O rei, o pai e a morte: a religião vodum na antiga costa dos escravos na África Ocidental (Livro)

Luis Nicolau Parês. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Para aprofundar o estudo de diferentes aspectos do comércio triangular, são analisados nessa obra, entre outros assuntos, a participação dos traficantes africanos nesse processo e o significado dos produtos coloniais britânicos em algumas sociedades da África Ocidental.

Os impactos do contrôle metropolitano no comércio triangular

Como você estudou no 7º ano, o comércio triangular envolvia, ao menos, três localidades. Os colonos da América do Norte negociavam com regiões das Antilhas (correspondentes a alguns países da atual América Central) e da África. Você recorda quais eram os principais produtos comercializados?

Em linhas gerais, os negócios funcionavam da seguinte maneira: da América do Norte saíam comerciantes com produtos como peixe e tabaco, que eram trocados nas Antilhas por derivados da cana-de-açúcar, como açúcar, rum e melaçoglossário . Esses artigos, além de serem consumidos nas colônias britânicas, eram levados à África. Junto de armas e tecidos, eram trocados por pessoas que seriam escravizadas. Os escravizados eram vendidos na América, onde o processo recomeçava.

Esse comércio era muito lucrativo, pois os navios cruzavam o Atlântico com os porões sempre carregados de mercadorias ou de pessoas escravizadas, e demonstrava a razoável liberdade comercial que os colonos da América tinham, pois participavam desse processo diretamente, muitas vezes concorrendo com a própria Grã-Bretanha.

Com a Lei do Açúcar, essa prática foi interrompida. Além disso, foram impostas novas taxas sobre artigos de luxo, como vinho, café, tecidos e roupas, que passavam pela Grã-Bretanha.

Gravura. Vista para local aberto, com solo em verde claro e morros ao fundo. Diversas pessoas negras trabalham em um canavial, cujas plantas estão crescidas, com caule fino, em bege, e folhas compridas no topo, em verde escuro. Os homens usam chapéu escuro, camisa de manga longa e calça, ambas brancas. As mulheres usam blusa branca de manga curta e uma longa saia azul e, sobre a cabeça, um lenço avermelhado. Todos estão descalços. No centro da pintura, em primeiro plano, um casal conversa; ambos têm em uma das mãos uma ferramenta cinza, usada para o corte da cana; ele aponta com a mão direita, que também segura essa ferramenta, para o canavial.
Representação de escravizados trabalhando na produção de açúcar durante o século dezoito, nas colônias inglesas do Caribe, em gravura de , 1825.
Respostas e comentários

Ao explicar o tema para os estudantes, mostre a eles mapas que ilustrem as rotas do comércio triangular. Caso esse recurso esteja disponível, este site pode ser útil para tal finalidade: Harvard WorldMap. Disponível em: https://oeds.link/KQcB95. Acesso em: 13 abril 2022.

É importante considerar a participação dos traficantes africanos no comércio triangular. Não houve imposição dos colonos para os comerciantes africanos, mas negociação. Muitos dos africanos traficados eram capturados, principalmente, na Costa da Mina, situada na África Ocidental. Um dos motivos dos negociantes africanos para participar dessa atividade era o valor que os produtos dos colonos britânicos tinham nas sociedades do continente.

As leis de ruptura

Em 1765, a Grã-Bretanha impôs às colônias a Lei do Selo, declarando que toda a documentação e todos os materiais impressos só poderiam circular se recebessem um selo real, que não era gratuito. Como retaliação, formou-se o primeiro esforço colonial coordenado contra a metrópole: o Congresso contra a Lei do Selo.

Os colonos decidiram boicotar os produtos da metrópole e depredar alguns dos locais de venda dos selos. Os comitês locais das colônias foram fortalecidos, principalmente após receberem notícias de que informações provenientes da Europa sobre liberdade não estavam chegando a eles.

Os colonos da Grã-Bretanha na América viam a imposição dessa lei como uma afronta aos direitos que julgavam ter e exigiam participação no Parlamento. Isso porque os impostos só poderiam ser aplicados após aprovação do Parlamento com a representação do grupo sobre o qual incidiriam. Slogans como “sem representação, não há taxação” evocavam essa tradição britânica. Diante da pressão, a Lei do Selo foi revogada.

Em 1767, entraram em vigor as Leis Townshend, que estabeleceram impostos sobre o chá, o papel, o vidro e outros bens de consumo, na tentativa de dificultar o contrabando. Para ampliar a fiscalização, o governo britânico reformou as alfândegas existentes e criou outras. Diante disso, os colonos realizaram boicotes, mas os de regiões como Filadélfia e Nova iórque, que dependiam da compra e da venda desses produtos, se posicionaram contra os protestos.

Fotografia. Uma folha amarelada pela ação do tempo com dez símbolos de selos iguais, distribuídos em duas linhas, uma delas na parte superior da folha e, a outra, na parte inferior. O selo é vermelho, similar a um brasão, com uma coroa ao centro, trespassada por duas espadas na diagonal, que se cruzam ao centro e atrás da coroa; ao redor dela, um círculo com inscrições. Na parte de cima adornos e a palavra América. Na parte de baixo, uma inscrição em inglês: um centavo. Abaixo de cada selo, uma numeração, que vai do 178 ao 191.
Folha de prova de selos que seriam usados em todos os materiais que circulassem nas colônias britânicas em 1765. A lei afetou principalmente os profissionais que usavam muito papel, como jornalistas, advogados e impressores.
Panfleto. Página amarelada com imagens em preto e branco na parte superior, um título em preto embaixo delas, e, logo abaixo, duas colunas de texto, escrito em preto.
Panfleto assinado pela associação feminina As Filhas da Liberdade, publicado em Massachusetts, 1779.
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Como resposta às Leis Townshend, As Filhas da Liberdade incentivavam as mulheres a confeccionar suas roupas e as de sua família em casa em vez de comprá-las dos britânicos, como fórma de boicote.

Respostas e comentários

As Filhas da Liberdade (Daughters of Liberty) formavam um grupo político composto de mulheres que lutavam contra a taxação, considerada injusta e abusiva, imposta pela Coroa britânica a suas colônias da América do Norte. Esse grupo participava dos boicotes aos produtos britânicos e fabricava mercadorias que antes eram importadas da metrópole, principalmente as têxteis. Parte considerável das mulheres que integravam o grupo comprava os bens de consumo para a família e algumas administravam pequenas lojas. A articulação delas nesse boicote teve impacto direto nos mercadores britânicos.

Ampliando

Antes da Lei do Selo, que foi o marco inicial das grandes e mais bem organizadas revoltas na América do Norte, outras restrições contribuíram para acirrar a tensão entre colonos e britânicos. O texto a seguir trata desse assunto.

“No mesmo ano de 1764, o governo inglês baixa a Lei da Moeda, proibindo a emissão de papéis de crédito na colônia, que, até então, eram usados como moeda. O comandante do exército britânico na América, general tômas guêidje, sugeria e fazia aprovar no mesmo ano a Lei de Hospedagem. Essa lei determinava as fórmas como os colonos deveriam abrigar os soldados da Inglaterra na América e fornecer-lhes alimento.

Mais uma vez, a Lei de Hospedagem e a da Moeda revelam mudanças na política inglesa. O objetivo claro da Lei da Moeda era restringir a autonomia das colônias. A Lei da Hospedagem desejava, em última análise, tornar as colônias mais baratas para o tesouro inglês.

Porém, é somente com a Lei do Selo, de 1765, que notamos uma resistência organizada dos colonos a esta onda de leis mercantilistas. reticências

A lei caiu como uma bomba nas colônias! Foram realizados protestos em Boston e em outras grandes cidades. Em Nova iórque, um agente do governo inglês foi dependurado pelas calças num denominado ‘poste da liberdade’. Um grupo chamado Filhos da Liberdade chegou a invadir e saquear a casa de Tômas , representante do governo inglês em Massachusetts.

Além de todos esses atos, foi convocado o Congresso da Lei do Selo.

KARNAL, L. e outros História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2007. página 77.

Protestos e boicotes

Os protestos dos colonos aumentaram e alguns terminaram de fórma violenta. Um deles ocorreu em Boston. Desde 1765, a população local era submetida à Lei do Aquartelamento, que obrigava os colonos a hospedar e sustentar soldados das tropas britânicas. Descontente com essa lei, em 1770, um grupo de colonos de Boston decidiu hostilizar os soldados britânicos atirando neles bolas de neve e os ofendendo. Em resposta, parte da tropa presente atirou contra a multidão, matando cinco pessoas e ferindo diversas outras. Esse episódio ficou conhecido como Massacre de Boston.

Gravura. À direita, soldados de casaco vermelho e chapéu preto, alguns envoltos em fumaça espessa, atiram à queima roupa em um grupo de pessoas que está na rua, à esquerda. Diversos corpos ensanguentados caídos. Nas laterais, prédios e, ao fundo e ao centro, prédios e duas grandes torres atrás.
O massacre sangrento de 5 de março de 1770, gravura de Pôl , 1770.
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Imagens em contexto!

A repressão aos manifestantes em Boston foi amplamente explorada pelos colonos, que estavam descontentes com a política adotada pela Grã-Bretanha, e usada como argumento nos comitês locais para a defesa dos boicotes contra os britânicos e pelo apoio à liberdade na colônia. A reprodução de imagens desse evento circulou em toda a colônia.

Em 1773, a Grã-Bretanha instituiu a Lei do Chá, e os conflitos novamente se intensificaram. O chá era um produto de origem oriental que se popularizou nas colônias britânicas da América. Na década de 1760, toneladas do produto eram consumidas pelos colonos. Boa parte desse chá era adquirida por contrabando ou produzida internamente. Com a nova lei, porém, os colonos só poderiam comprar o produto da Companhia Britânica das Índias Orientais.

Revoltados, cêrca de cinquenta colonos invadiram os navios da companhia no porto de Boston e destruíram seus carregamentos. O evento ficou conhecido como Boston Tea Party (“Festa do Chá de Boston”) e foi um marco no processo de independência.

Em resposta, a metrópole aprovou, em 1774, uma série de medidas que os colonos chamaram de Leis Intoleráveis: fechamento do porto de Boston, indenização pela carga destruída na Festa do Chá, restrição ao porte de armas e às reuniões entre os colonos, ocupação militar da colônia de Massachusetts, entre outras.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. As Treze Colônias da América do Norte tinham relativa autonomia em relação à Grã-Bretanha até meados do século dezoito. Por que isso era possível?
  2. Como a Guerra dos Sete Anos afetou a relação entre os colonos da América e a monarquia britânica?
  3. O que foi a Lei do Açúcar? Quais foram suas consequências para o comércio triangular?
Respostas e comentários

Pode-se ressaltar a contribuição de grupos geralmente marginalizados na historiografia (mulheres, indígenas e as pessoas negras escravizadas) no processo de independência das Treze Colônias. Nesta parte, isso é trabalhado por meio do estudo do papel do grupo As Filhas da Liberdade, que, além produzir produtos têxteis, incentivou o consumo de chocolate no lugar do chá e a produção do que chamaram de chá da liberdade, substituindo o produto britânico por plantas como framboesa, hortelã e manjericão.

As Leis de Ruptura (Lei do Açúcar, Lei do Selo e Lei do Chá) feriram a autonomia que as Treze Colônias detinham desde o século dezessete, sobretudo na prática do comércio triangular.

Orientação para as atividades

Oriente os estudantes a seguir os procedimentos de estudo do texto antes de fazer as atividades do boxe “Agora é com você!”:

identificação e anotação das informações requeridas em cada atividade;

elaboração oral ou escrita de respostas;

reescrita das respostas buscando conferir coerência ao texto.

As atividades se sustentam na definição de conceitos (como o de negligência salutar) e no estabelecimento de relações causais entre eventos. Observe esses aspectos ao propô-las aos estudantes.

Agora é com você!

1. As Treze Colônias não foram submetidas a um rigoroso contrôle fiscal e político. Isso possibilitou seu crescimento com intensa liberdade política e comercial. A atitude da metrópole recebeu o nome de negligência salutar.

2. A Grã-Bretanha demarcou terras para alguns grupos indígenas, reconhecendo a soberania deles sobre tais áreas. Estas, porém, eram desejadas pelos colonos, que se ressentiram com a proibição de anexá-las. Além disso, a Grã-Bretanha se endividou durante o conflito e, para tentar reequilibrar o orçamento, passou a cobrar pesados impostos dos colonos, causando muito descontentamento.

3. A Lei do Açúcar foi imposta em 1764 pela Grã-Bretanha aos súditos americanos. Ela determinava a redução à metade do imposto sobre o melado e outros produtos derivados de cana-de-açúcar, mas tornava efetiva sua cobrança, antes controlada pelas autoridades locais, que davam espaço para desvios e contrabandos. Essa lei também passava para os tribunais britânicos o dever de julgar contrabandistas, ferindo a autonomia local. A Lei do Açúcar teve implicações diretas no comércio triangular, ao exigir, por exemplo, que os colonos adquirissem apenas a mercadoria (legalizada) produzida nas Antilhas britânicas.

O início da Revolução Americana

A reação da colônia marcou o início da Revolução Americana. Grupos formados por integrantes da elite colonial organizaram, em 1774, o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia. Os participantes desse evento foram os que mais sentiram o peso dos impostos e o fim da liberdade comercial e política.

Gravura. Vista para local fechado, com dezenas de homens reunidos em uma sala, de assoalho de madeira em bege, uma porta clara ao fundo e à esquerda, encimada por um arco de vidro. Há uma ampla janela ao lado dessa porta, com uma cortina em tecido vermelho. Em destaque, um homem de cabelo branco e vestes claras com um manto vermelho atrás de um púlpito, ajoelhado. Ao redor dele, há homens sentados, outros em pé e alguns de joelhos.
Representação do Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, realizado no Carpenters’ Hall, em gravura de 1848.
Fotografia. Edifício de tijolos marrom-avermelhados, com dois andares. Na parte central, uma porta em arco encimada por estrutura triangular, é ladeada por duas janelas. À frente da porta, uma escada com dois degraus e arbustos. No andar de cima três janelas compridas e em arco no centro. Há duas estruturas recuadas em relação a essa construção central, com janelas e dois pavimentos. A porta e todas as janelas são em branco. O telhado é triangular com uma pequena cúpula ao centro e no topo. Sobre ela, uma biruta, instrumento fino com uma haste vertical e uma menor horizontal.
Carpenters’ Hall, na Filadélfia, Estados Unidos. Foto de 2017.
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Imagens em contexto!

O Carpenters’ Hall foi construído entre 1770 e 1774, pela The Carpenters’ Company of the City and County of Philadelphia (“Companhia dos Carpinteiros da Cidade e Condado de Filadélfia”). Ele tinha, portanto, acabado de ser inaugurado quando abrigou o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, em 1774.

Doze colônias enviaram delegados ao congresso, organizado para encontrar fórmas de resistir às Leis Intoleráveis. Não se falava abertamente em independência, mas em boicotes e incentivo à produção e ao consumo de produtos locais.

Os representantes dos colonos eram identificados como súditos do rei djêordji terceiro que tiveram seus direitos negados. Um novo vocabulário começou a ser usado: nos textos eram mencionados direitos naturais, liberdade e outros conceitos importantes relacionados ao iluminismo. O congresso configurou a primeira experiência de governo que abrangia as colônias britânicas americanas.

O que movia a elite colonial não era propriamente o desejo de independência ou a alteração da situação colonial. Suas principais reivindicações eram a representação no Parlamento e o recebimento do mesmo tratamento dado aos nascidos em solo britânico.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao resgatar conceitos do iluminismo, estudados no capítulo 1, para contextualizar as bases ideológicas da Revolução Americana, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero um.

Ampliando

No texto a seguir, retirado da obra clássica As origens ideológicas da revolução americana, o historiador bêrnard bêilin comenta sobre os autores e obras citados nos escritos políticos e cotidianos dos colonos.

“A influência mais notória nos escritos do período revolucionário foi a da Antiguidade Clássica. O conhecimento dos autores clássicos era universal entre colonos com algum grau de educação e referências a eles e a suas obras são abundantes na literatura. reticências

Os clássicos do mundo antigo estão em toda parte na literatura da Revolução, mas estão em toda parte como ilustrativos, não determinantes do pensamento. reticências

Mais diretamente influentes na formação do pensamento da geração revolucionária foram as ideias e atitudes associadas aos escritos do racionalismo do iluminismo – escritos que expressavam não simplesmente o racionalismo da reforma liberal, mas também o do conservadorismo iluminista.

reticências Não se trata simplesmente de que os grandes virtuósi do iluminismo norte-americano – – citavam os textos clássicos do iluminismo e lutavam pelo reconhecimento legal dos direitos naturais, e pela eliminação de instituições e práticas associadas ao ancien régime. Eles faziam isso, mas não eram os únicos. As ideias e escritos dos principais pensadores seculares do iluminismo europeu – reformadores e críticos sociais como voltér, Russô e Beccaria, bem como analistas conservadores como Montesquiê – eram citados em toda parte nas colônias, por todos quantos exigiam um conhecimento amplo. Em panfleto após panfleto os escritores norte-americanos citavam lóqui sobre os direitos naturais e sobre o contrato social e governamental, Montesquiê e depois Delolme sobre o caráter da liberdade britânica e sobre os requisitos institucionais para alcançá-la, voltér sobre os males da opressão clerical, becária sobre a reforma da lei criminal, grótius, pufendórf, burlamáqui e vatél sobre o direito natural e o direito das nações e sobre os princípios do governo civil.”

bêilin, B. As origens ideológicas da revolução americana. Bauru: êdúsqui, 2003. página 42-45.

A Guerra de Independência

A Guerra de Independência teve início em 1775, na província de Massachusetts, com as Batalhas de Lexington e Concord, envolvendo milícias de colonos e soldados britânicos. As cidades onde ocorreram essas batalhas localizavam-se perto de Boston, para onde os britânicos se retiraram até serem cercados e expulsos. Após a expulsão, as tropas britânicas invadiram Nova iórque e lá ficaram praticamente durante toda a guerra.

Nem todos os colonos eram favoráveis à guerra ou à independência. Em razão disso, em 1775, o congresso de colonos escreveu ao rei reafirmando sua lealdade, mas exigindo mudanças. No início do ano seguinte, começou a circular nas colônias um panfleto chamado Senso comum, escrito por Tômas Pêini, que teve milhares de cópias vendidas. As ideias de Paine também foram reproduzidas em outros textos e transmitidas de boca em boca.

Panfleto. Página amarelada pela ação do tempo, com inscrições em preto na língua inglesa.
Reprodução do frontispício do panfleto de 1776 escrito por Tômas Pêini, intitulado Common sense, conhecido em português por Senso comum, mas cuja tradução mais adequada seria “Bom senso”.
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Imagens em contexto!

Com linguagem direta, o panfleto canalizava muitas das frustrações e dos anseios dos colonos diante dos britânicos. No material, Tômas Pêini criticava a monarquia por considerá-la uma fórma injusta de governo e apresentava argumentos em defesa dos benefícios de uma possível independência. Frases como “a causa da América é, na verdade, a causa de toda a humanidade” eram inspiradas em ideias iluministas e incendiaram a opinião pública.

As Treze Colônias apresentavam uma das mais altas taxas de alfabetização do mundo naquela época. Esse índice estava relacionado à obrigação do protestante de ler a Bíblia, à divulgação de notícias pela imprensa e à produção de panfletos políticos, como o de Paine. As ideias sobre um governo representativo e a ampliação de liberdades já estavam disseminadas entre os artesãos e os fazendeiros coloniais quando eles aderiram aos movimentos de boicote às leis britânicas.

Gravura. Representação de uma cobra com o corpo voltado para a direita e separado em pequenas partes. Cada parte tem uma sigla: NE, NY, NJ, P, M, V, NC e SC, indicando os estados dos Estados Unidos. Abaixo, inscrição em inglês, em letras garrafais em preto.
Junte-se ou morra, gravura de 1754, atribuída abênjalmin frânquilin.
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A gravura foi impressa em vários jornais enquanto o conflito entre a Grã-Bretanha e a França pelo Vale do Rio Ohio se transformava em guerra. A cobra é cortada em oito pedaços. Perto da cabeça da serpente, a inscrição êne ê significa “Nova Inglaterra” e os pedaços seguintes representam as colônias de Nova iórque, Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte e Carolina do Sul.

Respostas e comentários

Comente a influência das ideias de Djón lóqui, como as de direitos naturais e liberdade, no vocabulário dos colonos. Essa influência advinha das discussões dos colonos leitores do ideário ilustrado. Para facilitar a compreensão desse conteúdo pelos estudantes, faça um breve resgate das ideias dos principais teóricos do iluminismo, como a do direito à rebelião, de Djón lóqui.

Em 1776, um ano depois do congresso organizado pelos colonos, o panfleto Senso comum, escrito pelo inglês Tômas Pêini, começou a circular nas Treze Colônias. No material, Paine expôs um dado importante: a América britânica era um dos locais com as mais altas taxas de alfabetização do mundo na época. Além disso, era disseminada a cultura de panfletos políticos e a imprensa funcionava. As ideias de governo representativo e de liberdade estavam na boca de artesãos e fazendeiros, ou seja, as discussões inspiradas por ideias iluministas não se restringiam a intelectuais leitores de Djón lóqui. Essa interpretação da Revolução Americana contesta a ideia de que se tratou de um processo conduzido apenas por alguns líderes ilustres, os quais tiveram sua imagem mítica e heroica construída na memória oficial, que os tornou conhecidos como founding fathers (“pais fundadores”).

Interdisciplinaridade

Trechos originais em inglês de diversos textos abordados no capítulo, relacionados à ruptura com a metrópole e à construção da nova nação – como a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, a Constituição ou o panfleto Senso comum (Common Sense), de Tômas Pêini – podem ser utilizados em atividades interdisciplinares com língua inglesa, incentivando discussões nesse idioma. Dessa fórma, exploram-se diversas habilidades do componente curricular língua inglesa, como ê éfe zero seis éle ih zero oito – “Identificar o assunto de um texto, reconhecendo sua organização textual e palavras cognatas”, ê éfe zero seis éle ih zero nove – “Localizar informações específicas em texto”, ê éfe zero sete éle ih zero sete – “Identificar a informação ou as informações-chave de partes de um texto em língua inglesa (parágrafos)” e ê éfe zero sete éle ih zero oito – “Relacionar as partes de um texto (parágrafos) para construir seu sentido global”.

Declaração de independência

Como as ideias radicais estavam se tornando populares e o governo britânico não aceitou as exigências dos colonos, organizou-se, em 1775, o Segundo Congresso Continental, na Filadélfia. Diferentemente do que aconteceu no anterior, no qual o teor geral das discussões estava centrado na reivindicação de autonomia e na manutenção dos laços com a Grã-Bretanha, os representantes das colônias enviados ao Segundo Congresso optaram pela ruptura.

cêrca de um ano depois, em 4 de julho de 1776, foi publicada a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Produzido por uma comissão e escrito por Thomas Jefferson, um rico fazendeiro da Virgínia, o documento era inspirado nas ideias iluministas e liberais, afirmando a igualdade entre os homens e a existência de direitos naturais inalienáveis.

Fotografia. Página amarelada pela ação do tempo, com um longo texto com letras em preto. Ao final do texto, diversas assinaturas.
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, de 1776.

A ideia básica contida no texto era a de que, diante das injustiças de um governo, os habitantes dos territórios podiam se declarar livres e buscar acordos comerciais e políticos com outras nações de maneira soberana e direta. O documento, entretanto, apresentava uma evidente contradição, pois algumas colônias dependiam de trabalho de pessoas escravizadas e estavam decididas a manter esse sistema. Os britânicos e muitos colonos perceberam o problema: como seria possível defender valores como a igualdade e a liberdade e escravizar pessoas?

Os defensores do regime escravista argumentavam que os escravizados eram propriedades, e não seres humanos. Receando que a questão impedisse a união das Treze Colônias pela independência, a questão foi adiada. O documento também excluía as mulheres e os indígenas. Na prática, os termos da Declaração de Independência aplicavam-se a uma pequena porcentagem da população colonial: homens adultos, brancos e proprietários.

Pintura. Vista para local fechado, com assoalho em marrom avermelhado, e dezenas de homens, alguns sentados e outros em pé. À direita, um homem sentado com as pernas cruzadas, atrás de uma mesa com muitos papéis. À frente da mesa, alguns homens em pé. Ao redor deles, homens, sentados em fileiras, observam. Os homens vestem perucas e camisas em branco, casaca e calças de cores variadas, como cinza, marrom, vermelho, preto. Ao fundo, duas portas em madeira marrom, emolduradas por detalhes em cinza.
Apresentação da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 4 de julho de 1776, pintura de Djón Trambull, cêrca de 1817.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Na declaração, os colonos elencaram várias razões para o rompimento e responsabilizaram os britânicos e o rei djêordji terceiro pelo ocorrido. Além disso, afirmaram que os britânicos seriam considerados inimigos na guerra, mas amigos na paz.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Por envolver a análise da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, considerando as ideias iluministas e liberais que deram suporte ao movimento e abordando os conceitos de território, nação e Estado, entre outros, o conteúdo dessa parte do capítulo, incluindo a seção “Versões em diálogo”, contribui para o desenvolvimento das habilidades ê éfe zero oito agá ih zero um, ê éfe zero oito agá ih zero seis e ê éfe zero oito agá ih zero sete, da Competência Específica de História nº 3 e da Competência Específica de Ciências Humanas nº 6.

A ideia de declarar independência e se colocar soberanamente em posição de igualdade em relação a outras nações era uma novidade radical. Mais do que uma declaração de independência, tratava-se de uma declaração de interdependência, pois o novo país queria entrar para uma rede comercial global nas mesmas condições dos demais, sem mediação de metrópoles.

Atividade complementar

No capítulo 1, tratou-se a questão das Revoluções Inglesas e das ideias iluministas de Djón lóqui. Para esse autor, os homens são dotados de direitos naturais e inalienáveis, entre os quais a liberdade, a igualdade e a propriedade privada. A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América apoia-se nesse teórico. Com base nessas informações, pergunte aos estudantes: “Como uma declaração que zela pela igualdade entre as pessoas pode manter a escravidão?”. Para elucidar as aparentes contradições e problematizar a discriminação de gênero, o racismo e a desigualdade presentes na sociedade do período, promova um debate com base em questões como as seguintes:

Quais são as pessoas que essa declaração considera iguais: homens brancos, indígenas, mulheres e homens negros?

Qual é a diferença entre a igualdade civil, proposta no documento, e a igualdade social?

Versões em diálogo

A seguir, você lerá dois documentos: um trecho da versão final da Declaração de Independência, publicada em 4 de julho de 1776, e uma parte do rascunho produzido por Tômas jéferson, suprimido durante a revisão realizada por benjamin Frânclin e Djón Adams. Leia-os e, depois, faça as atividades propostas.

TEXTO 1

“Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a Vida, a Liberdade e a procura da Felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer fórma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo Mas quando uma longa série de abusos e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objeto, indica o desígnio de reduzi-los ao Despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais Governos e instituir novos Guardiães para sua futura segurança

[O rei djêordji terceiro] Recusou promulgar outras leis para o bem-estar de grandes distritos de povo, a menos que abandonassem o direito de representação no legislativo, direito inestimável para eles e temível apenas para os tiranos.

reticências para fazer cessar o nosso comércio com todas as partes do mundo; por lançar impostos sem nosso consentimento; por privar-nos, em muitos casos, dos benefícios do julgamento pelo júri

A DECLARAÇÃO de Independência dos Estados Unidos da América. Disponível em: https://oeds.link/geWjCm. Acesso em: 14 fevereiro 2022.

TEXTO 2

“Ele [o rei djêordji terceiro] travou uma guerra cruel contra a própria natureza humana, violando os mais sagrados direitos à vida e à liberdade de povos distantes que nunca o ofenderam, capturando-os e conduzindo-os à escravidão em outro hemisfério, ou sujeitando-os a uma morte deplorável no transporte para cá. reticências Determinado a manter aberto um mercado onde HOMENS são comprados e vendidos, aviltou sua negação ao anular todas as tentativas do Legislativo de proibir ou reprimir esse comércio execrável

ápud: ARMITAGE, D. Declaração de independência: uma história global. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. página 46-48.

Responda no caderno.

  1. A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América é fundamentada em ideais iluministas. Transcreva dois trechos do texto 1 que demonstrem essa influência e justifique.
  2. Aponte as razões presentes no texto 1 que explicam por que as colônias declararam a independência.
  3. Em sua opinião, por que os temas da escravidão ou do comércio de escravizados, mencionados no texto 2, foram retirados da versão final da declaração?
Respostas e comentários

Versões em diálogo

No exercício de análise da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, discutem-se as influências teórico-filosóficas do documento, apontando as bases iluministas e relacionando-as a alguns pensadores, além de incentivar um debate a respeito da exclusão dos temas da escravidão e do tráfico de escravizados.

Atividades

1. Nota-se no documento a influência das ideias iluministas, principalmente as do teórico inglês Djón Lóque. Dois trechos do documento deixam evidente essa influência: “Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a Vida, a Liberdade e a procura da Felicidade” e “sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo reticências”. No primeiro trecho destaca-se a ideia de que os seres humanos são dotados de direitos inalienáveis, por exemplo, à vida, à liberdade e à propriedade. No segundo trecho, o que se destaca é o direito de reinvindicação quando os governantes atuam de forma despótica, ou seja, quando são ilegítimos.

2. O documento se pauta pelos princípios iluministas, especialmente os defendidos por Djón lóqui, de contestação do governo autoritário que fere os direitos naturais. Nesse sentido, esboça os direitos que, na visão dos colonos, estavam sendo deles retirados, como o de liberdade de comércio, o de representação na elaboração de impostos e leis e o de serem julgados por um júri na colônia.

3. De posse das informações estudadas no capítulo, espera-se que os estudantes argumentem que os autores da declaração, bem como parte dos colonos ativos no processo de independência, faziam parte da elite colonial e, portanto, eram detentores de escravizados e de terras. Além disso, a abolição da escravidão podia alterar a ordem política e social, e muitos colonos viam com maus olhos a extensão de direitos para integrantes das camadas populares, mulheres, indígenas e ex-escravizados.

Estados independentes

Apesar das controvérsias, após aprovar a Declaração de Independência, as colônias passaram a se considerar estados independentes, com governos, leis e moedas locais. Esses estados não formavam um país centralizado, mas uma confederação com o propósito de vencer a guerra contra a Grã-Bretanha.

George Uashington liderou as fôrças coloniais. Soldados negros lutaram em alguns dos primeiros combates, mas depois uóshinton barrou a participação deles. O líder estadunidense acreditava que armar pessoas escravizadas ou alforriadas poderia ser muito arriscado, pois em alguns estados elas compunham de 20% a 40% do total da população. Algumas nações indígenas, que tinham acordos locais com colonos, também auxiliaram em combates esporádicos.

Os britânicos ofereceram a liberdade aos escravizados que lutassem ao lado da Coroa. Estima-se que cêrca de 20 mil atenderam ao chamado. Muitos fugiram de seus senhores e foram libertados pelos britânicos. Ao término das hostilidades, cêrca de outros 15 mil escravizados ficaram ao lado dos britânicos junto de 6 mil de seus proprietários brancos (que se mantiveram fiéis à Coroa). Alguns povos indígenas, tradicionalmente aliados aos britânicos, também lutaram contra os colonos.

Fotografia em preto e branco. Vista para um local aberto, com pessoas negras posando para o fotógrafo diante de uma casa de madeira. No centro, um senhor e uma senhora sentados em cadeiras. Ele usa calça desgastada pelo tempo, camisa clara, casaco acinzentado, e segura o chapéu com a mão direita. Ela usa um lenço na cabeça, camisa de mangas compridas escura, uma saia clara. Ao redor deles um homem e duas mulheres. Ele usa calças escuras, camisa e colete claros e um casaco acinzentado. Elas estão de vestidos compridos e claros. Uma delas, à esquerda da fotografia, segura um bebê no colo. No chão, duas crianças. Ao fundo e à esquerda, há pessoas sentadas na porta da casa de madeira, vistas parcialmente. Ao fundo e à direita, árvores.
Cinco gerações de pessoas escravizadas em uma fazenda na Carolina do Sul. Foto de 1862. Apesar de parte dos escravizados ter sido libertada por participar da Guerra de Independência, muitos africanos e afrodescendentes permaneceram naquelas condições.
Gravura. Três pessoas tocam instrumentos em meio a um campo de batalha. Uma névoa densa as envolve. À esquerda, um garoto de chapéu escuro, calça e casaco em verde, botas claras, toca um tambor marrom; ao centro, um homem de cabelos brancos, camisa em branco, colete marrom e calça em cinza e botas claras até o joelho também toca um tambor; à direita, um homem de cabelos escuros com uma faixa ao redor na cabeça, casaco em verde, calça cinza e botas até o joelho toca uma pequena flauta. À frente deles, um homem ao chão, com vestes de soldado, ergue o chapéu com a mão direita. Atrás deles, em segundo plano, outras pessoas vistas parcialmente; identifica-se um soldado com a mão erguida; alguém nesse grupo segura uma bandeira dos Estados Unidos, que emerge sobre a cabeça dos três homens em destaque.
O espírito de 1776, gravura de árquibôld ême uílard, cêrca de 1876.
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Imagens em contexto!

A pintura é a representação de um momento das batalhas. O artista desenhou um jovem, um idoso e um adulto, vestidos com roupas humildes e tocando instrumentos, à frente dos soldados, em postura entusiasmada e firme em busca do ideal da independência. No entanto, o exército comandado por George Uashington era formado, inicialmente, por um pequeno grupo de cêrca de 11 mil soldados. A maioria da tropa era composta de proprietários de terras e artesãos mal alimentados, praticamente sem uniformes, despreparados, tomados por doenças e marcados por uma série de derrotas e deserções.

Respostas e comentários

Dados numéricos sobre a população de escravizados na América britânica foram retirados de: jazanóf, êmeLiberty’s exiles: american loyalists in the revolutionary world. New York: Vintage Books, 2011. página 6, 9; châma, ésseRough crossings: Britain, the slaves and the American Revolution. New York: Ecco: HarperCollins, 2006. página 9; Ruáit The continental army. Washington: Center of Military History United States Army, 2006. página 82.

Ao expor o interesse do governo britânico no aliciamento de escravizados, comente com os estudantes que esse não foi apenas um modo de aumentar o contingente militar para combater o Exército Continental, mas também uma fórma direta de abalar a economia de alguns estados estadunidenses – principalmente os sulistas –, pois muitos escravizados trabalhavam em plantations e na agricultura de gêneros utilizados para subsistência. Esse é um ponto importante a ser levantado para revelar a complexidade do evento.

Havia milícias locais e estaduais, formadas por pessoas comuns que lutavam para defender o lugar onde viviam, e o Exército Continental, composto de homens convocados de todos os estados. Como não existia ainda um sentimento de unidade nacional, muitos preferiam aderir às milícias locais a abandonar suas casas para lutar sob o comando de Washington. Essa discussão é oportuna para refletir sobre conceitos como os de nação, nacionalidade e território.

Ampliando

No texto a seguir, o historiador Vitor izéquisson comenta a participação da população negra na Guerra de Independência e suas relações com os debates a respeito da escravidão.

“Em novembro de 1775, o governador britânico da Virgínia, lorde Dunmore, prometeu a liberdade aos escravos que deixassem seus senhores, se alistando nas fôrças reais. Muitos escravos do Sul (ainda havia um contingente significativo de escravos nas cidades do Norte) aproveitaram-se das oportunidades abertas pela crise da sociedade colonial para perseguir sua liberdade, inaugurando um padrão que se repetiria por todo o continente americano nas guerras de independência posteriores. Certamente, a escravidão no Sul foi afetada pelo deslocamento de escravos e pelo caráter particularmente violento de uma guerra civil fratricida, mas não ao ponto de levar a instituição à extinção, como talvez fosse desejado por muitas lideranças dos estados do Norte, entre as quais se incluíam bênjalmin frânquilin e Alexander Hámilton. A luta pela independência dos Estados Unidos não instilou ideais de igualdade racial ou assimilação entre os cidadãos da nação emergente. Ao final da guerra, os afro-americanos, mesmo quando livres, permaneceram cidadãos subordinados numa ordem racial que resguardava uma suposta homogeneidade racial, mas que garantiu demandas igualitárias somente aos cidadãos brancos. Alguns dos veteranos negros ainda conseguiriam receber pensões, mas o caminho para um padrão mais inclusivo de cidadania permaneceu fechado para os negros que apostaram no lado patriota.”

izéquisson, V. Estados Unidos: uma história. São Paulo: Contexto, 2021. página 26.

A Revolução Americana ganhou visibilidade mundial porque envolveu diversos interesses. Alguns reinos europeus, por exemplo, pretendiam dificultar a manutenção das colônias pelos britânicos. A partir do verão de 1778, o barão prussiano frídric von stáuben colaborou com o treinamento das fôrças antibritânicas e ajudou a organizar o Exército Continental, a fôrça comandada por George Uashington convocada pelo Congresso Continental entre 1775 e 1776. A restrição aos escravizados ou alforriados foi abolida, e cêrca de 5 mil pessoas juntaram-se às fôrças americanas.

No mesmo ano, a França entrou no conflito, enviando parte de sua marinha para colaborar com os colonos nas batalhas navais e na proteção de cidades e portos. Militares experientes, como o conde de sãn simôn e o marquês de Lafayette, contribuíram nas batalhas com os colonos.

Em 1779, a Espanha também aderiu à causa dos colonos, enviando ao continente voluntários, apoio logístico e material bélico. Naquela época, tanto a França como a Espanha eram governadas por integrantes da dinastia burbôm, que eram rivais dos monarcas britânicos.

Em 1781, ocorreu em Yorktown, na Virgínia, uma dura batalha que selou o fim da fase mais sangrenta da guerra. Ao ser derrotada, grande parte das tropas britânicas se rendeu formalmente a uóshinton.

A negociação pela formalização da paz e o reconhecimento da independência pela Grã-Bretanha, porém, ocorreu apenas em 1783, com o Tratado de Paris. Além de reconhecer os Estados Unidos da América como um país, a Grã-Bretanha foi obrigada a ceder aos estadunidenses um grande território a oeste da América do Norte.

Fotografia. Homem com vestes de soldado. Casaco azul com detalhes vermelhos, chapéu triangular preto, uma bolsa marrom com alça atravessada diagonalmente no torso. A calça é bege. As meias brancas são compridas até o joelho e o sapato é preto. Ele segura uma arma comprida e fina apoiada na palma da mão e no ombro.
Homem fantasiado de soldado da época da independência estadunidense em Santa Fé, Estados Unidos. Foto de 2017.
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Imagens em contexto!

Em apresentações históricas ou datas comemorativas, é comum as pessoas vestirem roupas semelhantes às usadas pelos soldados que participaram do processo de independência dos Estados Unidos.

As Treze Colônias e as terras conquistadas após o Tratado de Paris

Mapa. As Treze Colônias e as terras conquistadas após o Tratado de Paris. Mapa representando as Treze Colônias na parte leste do território dos Estados Unidos. Legenda: Roxo: Colônias do norte (Nova Inglaterra). Rosa: Colônias do centro. Laranja: Colônias do sul. Bege: Cedido pela Grã-Bretanha (1783). No mapa, as colônias do norte (Nova Inglaterra) estão localizadas no extremo norte da costa leste, banhada pelo Oceano Atlântico: Nova Hampshire (1623); Massachusetts (1620); Rhode Island (1636); Connecticut (1636). As colônias do centro estão localizadas na porção centro-norte da costa leste, em direção ao interior: Nova York (1664); Pensilvânia (1682); Nova Jersey (1664); Delaware (1638). As colônias do sul estão localizadas na porção centro-sul da costa leste: Virgínia (1607); Carolina do Norte (1653); Carolina do Sul (1663); Geórgia (1732). Os territórios cedidos pela Grã-Bretanha (1783) estão localizados na porção interior, de norte a sul, delimitados à oeste pelo Rio Mississipi e a leste pelas colônias do centro e do sul: Minnesota, Wisconsin, Michigan, Ohio, Indiana, Illinois, Kentucky, Tennessee, Alabama, Mississípi. No canto inferior esquerdo, rosa dos ventos e a escala de 0 a 260 quilômetros.

FONTE: ATLAS histórico escolar. oitava edição Rio de Janeiro: fei , 1991. página 70.

Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao abordar a guerra entre as Treze Colônias e a Grã-Bretanha, considerando seus múltiplos aspectos, o conteúdo contribui para o desenvolvimento da habilidade ê éfe zero oito agá ih zero sete e, por envolver a discussão do conceito de federalismo na organização territorial e política dos Estados Unidos, mobiliza a habilidade ê éfe zero oito agá ih zero seis.

É importante pontuar as consequências da Revolução Americana no quadro mais amplo das revoluções liberais. A participação da França nesse conflito, por exemplo, foi uma das causas do processo revolucionário desencadeado em 1789 no país (tratado adiante no capítulo 4), que contraiu na época uma dívida de cêrca de 2 milhões de libras esterlinas.

A construção dos Estados Unidos da América

Após a vitória na guerra, as ex-colônias precisaram organizar o país recém-criado. Os delegados dos estados formavam um congresso, que tomava decisões sobre diversos temas, como a negociação de tratados comerciais e diplomáticos.

A confederação não era propriamente uma fórma de governo nacional, não tinha adotado uma moeda nem havia estabelecido uma política nacional de impostos, o que deixou os estados em dificuldade econômica. Além disso, não havia um chefe do Poder Executivo nem um Poder Judiciário nacional.

A independência entre os estados era justificada pela crença de que o poder concentrado poderia gerar uma nova tirania. Afinal, foi contra isso que as colônias lutaram. Até mesmo um exército nacional permanente era visto com desconfiança, pois poderia ser usado contra o povo por um governo despótico.

Assim, em 1787 foi realizada uma convenção com a finalidade de estabelecer uma Constituição que organizasse politicamente o país. Para ter validade, ela precisava ser votada e aceita por todos os estados, o que demorou cêrca de dois anos para acontecer e envolveu muitas discussões.

Fotografia. Artistas no palco em uma apresentação de peça de teatro. No centro, quatro homens de casaca em roxo, marrom ou azul, calça clara e botas escuras e altas. Um deles está com o braço levantado e o outro com os braços cruzados. Ao fundo, atores de costas, usando roupas claras e botas, fazem uma coreografia.
Hamilton, espetáculo musical em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 2015.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Os textos publicados por Alexander Hámilton, djôn quêi e djêimes médisson eram chamados de papéis federalistas. Neles, os advogados explicavam as possíveis vantagens da constituição de três poderes independentes (o Executivo, o Judiciário e o Legislativo), que poderiam servir de freios a possíveis excessos uns dos outros. Os textos ajudaram a moldar parte da opinião pública favorável a tais ideias. O tema da independência é muito importante no imaginário político e cultural estadunidense e há filmes, peças e musicais, como esse, baseados na biografia de Alexander Hámilton, um dos chamados pais-fundadores dos Estados Unidos.

Dica

FILME

Hamilton

Direção: tômas quêil. Estados Unidos, 2020. Duração: 160 minutos.

O musical conta a história de Alexander Hámilton (1755-1804). Considerado um dos “pais fundadores” da nação, um imigrante e político que chegou a exercer influência sobre o processo de independência e a Constituição. O elenco apresenta atores de diferentes etnias reunidos para narrar uma história de época a partir da perspectiva atual dos Estados Unidos.

Respostas e comentários

Classificação indicativa de Hamilton: 12 anos.

Lembre aos estudantes que a teoria por trás das ideias federalistas fóra elaborada por Montesquiê havia poucas décadas, sem ter sido testada efetivamente até então. Os Estados Unidos seriam a primeira experiência do modelo na prática.

Uma maneira de facilitar a compreensão do federalismo presente na Constituição dos Estados Unidos é fazer comparativos entre o modelo estadunidense e o adotado no Brasil, realidade mais próxima dos estudantes. Sugira a eles, por exemplo, que comparem o sistema penal em ambos os países: nos Estados Unidos, cada estado decide se há pena de morte, prisão perpétua etcétera. No Brasil, essa decisão é tomada pelo governo federal, de modo que todos os estados estão submetidos ao mesmo código.

Ampliando

Apesar de suas inovações no sentido democrático, é preciso desconstruir a imagem da Constituição dos Estados Unidos como o resultado de um desejo homogêneo dos colonos, uma vez derrotada a Grã-Bretanha, pois o modelo de país nascente foi resultado de um processo de disputa política. Esse assunto é tratado no texto a seguir.

Parece haver um consenso de que a Constituição foi o produto inspirado de um congresso olímpico de homens sábios e virtuosos, como a história jamais vira antes e raras vezes veria de novo. Disto decorreria, portanto, que em 1787 todos os americanos reticências devem tê-la aceito reconhecida e obedientemente

Infelizmente, porém, não foi esse o caso. De fato, esse ‘maior esforço do entendimento humano’ encontrou muitos críticos americanos, discordantes e desagradáveis. Houve , do Estado de Nova iórque, que denunciou a Constituição como ‘um monstro de três cabeças, uma conspiração tão profunda e iníqua contra as liberdades de um povo livre como jamais foi inventada nas épocas mais obscuras’. reticências

reticências a Constituição seria aprovada pela mais estreita margem. Nas convenções de ratificação nos Estados frequentemente só um punhado de votos separava as fôrças pró-Constituição (os federalistas, como eram chamados) e os opositores derrotados da Constituição (conhecidos como antifederalistas).”

créminique, I. Apresentação. ín: médisson, J.; rrémilton, A.; djêi, J. Os artigos federalistas: 1787-1788. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. página 4-5.

Em 1789, quando a Constituição passou a valer efetivamente, o herói de guerra George Uashington foi escolhido unanimemente, por voto indireto, como o primeiro presidente dos Estados Unidos da América.

Com base na Constituição, o poder foi separado em Executivo, Legislativo e Judiciário, criou-se o cargo de presidente da república e adotou-se o sistema republicano representativo, que aumentava as atribuições do governo central. Desde o início da Idade Moderna, esse sistema ainda não tinha sido colocado em prática em uma extensão territorial tão grande.

Outro elemento adotado foi o federalismo, modelo político no qual a autoridade governamental reside tanto no governo central quanto nos estados. Nesse sistema, os estados conservam sua autonomia e poder de decisão sobre impostos e leis específicas.

Entre 1777 e 1804, todos os estados ao norte de Maryland aboliram a escravidão de maneira lenta e gradual. Esses estados consideravam que, se a abolição fosse realizada de maneira radical, seria necessário conceder indenização aos donos de escravizados. Em 1808, foi proibida a importação de cativos. Entretanto, em 1830, ainda havia nos estados do norte cêrca de 18 mil pessoas escravizadas. No sul, a escravidão foi intensificada a partir dos anos 1790 e atingiu níveis muito altos no século dezenove.

Além disso, no país independente, as mulheres foram excluídas da participação política, assim como a população indígena. O direito ao voto restringia-se à população masculina, branca e proprietária.

Apesar dessas contradições, o processo de independência dos Estados Unidos da América foi muito significativo para a ruptura dos laços coloniais, a defesa de ideias e direitos universais e o modelo de organização política. Ele forneceu inspiração para dezenas de outros movimentos, como a Revolução Francesa e o processo de independência das demais colônias na América.

Fotografia. Homem de cabelo curto e branco, de terno azul, camisa branca e gravata em azul, discursa diante de um púlpito azul escuro com dois microfones em preto.
jou baiden, presidente dos Estados Unidos, na Casa Branca, em Washington, Estados Unidos. Foto de 2021.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Até os dias de hoje, os Estados Unidos se mantêm como uma república federalista, presidida pelo chefe do Executivo, cargo que passou a vigorar nesse país a partir da Constituição de 1789.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Liste as principais reivindicações apresentadas no Primeiro Congresso Continental da Filadélfia, realizado em 1774.
  2. Como essas reivindicações podem ser associadas aos ideais iluministas difundidos no período?
  3. Por que djêordjiuóshinton barrou a participação de soldados negros no combate pela independência das colônias?
Respostas e comentários

Uma das questões problematizadas nesta página é a restrição ao direito ao voto estabelecida no documento, que era bastante excludente, pois as mulheres não tinham os mesmos direitos que os homens, os indígenas não eram reconhecidos como cidadãos estadunidenses e ainda se mantinha a escravidão.

Orientação para as atividades

Para realizar as atividades do boxe “Agora é com você!”, é preciso mobilizar procedimentos de identificação e explicação. Ao propô-las, pode-se extrapolar as questões de listagem de reivindicações, de relação de conceitos filosóficos com o processo histórico de independência e de explicação do veto à participação de determinados atores políticos, sugerindo comparações do período em questão com o presente nos Estados Unidos e no Brasil. Construa essas relações com os estudantes, notando as continuidades e rupturas, as diferenças e semelhanças entre os tempos históricos.

Agora é com você!

1. As principais reivindicações apresentadas pelos colonos nesse congresso eram a de representação no Parlamento e a de recebimento do mesmo tratamento dado aos nascidos em solo britânico. Apesar de em nenhum momento falar-se abertamente em independência, houve boicotes, resistência e incentivo à produção e ao consumo de produtos locais.

2. Os documentos que foram produzidos nesse encontro apresentavam evidente influência das ideias iluministas, principalmente as de Djón lóqui. Os participantes do congresso, leitores dos iluministas, reconheciam que o Estado era fruto de um “contrato social” por meio do qual o governo deveria garantir aos homens os direitos naturais à liberdade, à felicidade e à prosperidade, entre outros. Também de acordo com lóqui, caso o Estado não garantisse o cumprimento dos direitos naturais, estaria rompendo tal contrato, e os cidadãos teriam o dever de se rebelar e substituir o governante.

3. Como os negros compunham uma significativa porcentagem da população, George Uashington temia a fôrça de um levante organizado por eles se estivessem armados.

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. No caderno, identifique as afirmativas verdadeiras e as falsas. Depois, reescreva as incorretas, corrigindo-as.
    1. As Leis do Açúcar e do Selo representaram a afirmação da autonomia das Treze Colônias em relação à metrópole.
    2. A manutenção do comércio triangular era importante para os colonos da Grã-Bretanha na América por causa dos altos lucros que gerava.
    3. A revogação da Lei do Selo representou grande perda econômica e política para os colonos da Grã-Bretanha na América.
    4. As Leis Townshend, que se sucederam à revogação da Lei do Selo, foram impostas para dificultar o contrabando de diversos produtos, como chá e papel.
    5. O Massacre de Boston foi um confronto direto entre colonos e soldados britânicos na América do Norte.
  2. Leia o texto a seguir e depois faça o que se pede.

na noite de 16 de dezembro de 1773, 150 colonos disfarçados de índios atacaram 3 navios no porto de Boston e atiraram o chá ao mar. reticências cêrca de 340 caixas de chá foram arremessadas ao mar. Um patriota entusiasmado disse: ‘O porto de Boston virou um bule de chá esta noite...’”

KARNAL, L. e outros História dos Estados Unidos: das origens ao século vinte e um. São Paulo: Contexto, 2007. página 67.

O episódio relatado no texto está relacionado a que fato? Copie a alternativa correta no caderno.
  1. À Lei do Chá, que dava às colônias o direito de produzir chá em seus territórios.
  2. À Lei do Chá, de 1773, que revogava o monopólio e os impostos desse produto.
  3. À reação dos colonos à imposição do monopólio britânico ao comércio do chá.
  4. À criação da Companhia Britânica das Índias Orientais, cuja função era comercializar o chá produzido nas colônias para a Grã-Bretanha.
  5. À abolição do monopólio do comércio de chá pela Companhia Britânica das Índias Orientais, principal empresa comercial de Boston.

Aprofundando

  1. A consolidação da independência dos Estados Unidos foi marcada por conflitos armados que os opuseram a sua antiga metrópole, a Grã-Bretanha. Esse processo ganhou visibilidade internacional. Sobre o assunto, responda às seguintes questões.
    1. Os colonos enfrentaram sozinhos as fôrças britânicas? Quem os apoiou?
    2. Por que os colonos receberam apoio internacional no conflito contra a Coroa britânica?
    3. Como ocorreu a formalização da paz entre os Estados Unidos da América e a Grã-Bretanha? Como a nova nação foi beneficiada?
Respostas e comentários

Bê êne cê cê

Ao incentivar os estudantes a investigar e comparar os indicadores socioeconômicos da população branca e da população negra dos Estados Unidos, relacionando-os ao passado colonial do país, a atividade 7 contribui para o desenvolvimento das Competências Gerais da Educação Básica nº 1, nº 2 e nº 7.

Atividades

Organize suas ideias

1. a) ; b) V; c) ; d) V; e) V.

Correção:

a) As Leis do Açúcar e do Selo representaram a tentativa de contrôle da metrópole britânica ao taxar produtos comercializados e controlados pelos colonos.

c) A revogação da Lei do Selo, ou seja, a extinção dessa lei, representou grande perda econômica e política para a Grã-Bretanha.

2. Alternativa c.

Aprofundando

3. a) Não. Os colonos foram apoiados por fôrças internacionais como França, Espanha e Prússia, por exemplo.

b) Por causa do contexto internacional. Para os prussianos não era interessante que os britânicos mantivessem suas colônias. A França e a Espanha, por sua vez, eram governadas por membros da dinastia burbôm, rivais dos monarcas britânicos.

c) A formalização da paz entre os Estados Unidos e o Reino Unido ocorreu somente em 1873. Com a assinatura do Tratado de Paris, os Estados Unidos foram reconhecidos como país pelos britânicos e obtiveram um território a oeste do subcontinente norte-americano.

  1. Em 1789, quando a Constituição dos Estados Unidos da América passou a valer em definitivo, quem tinha direito de participação política? Explique a contradição entre esse fato e a ideia de defesa da liberdade do povo.
  2. A tirinha a seguir refere-se a um dos eventos marcantes do processo de independência dos Estados Unidos da América: a produção da Declaração de Independência. O personagem denominado Ben representa bênjalmin frânquilin, um dos principais envolvidos nesse processo.
Tirinha em um quadro. Quatro homens de casaca, perucas brancas, sapato preto com fivela dourada, estão reunidos. Um deles, à direita, tem um pergaminho nas mãos e se dirige a outro homem à frente dele, que sorri. Ele diz: NÓS COMEÇAMOS DIZENDO: 'TODOS OS HOMENS FORAM CRIADOS IGUAIS', BEN. NINGUÉM ESTÁ INTERESSADO EM UM SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO PARA AS MULHERES.
Frank & Ernest, tirinha deBob Teives, 2009.
  1. Que limitação da Declaração de Independência foi criticada na tirinha?
  2. Na prática, quais foram os grupos considerados “não iguais” em direitos no documento?
  1. (unirrio-Rio de Janeiro – adaptado) Copie no caderno a alternativa correta. O processo de independência das Treze Colônias da América do Norte, que culminou com a Declaração de Independência dos Estados Unidos em 1776, relaciona-se à:
    1. adoção de uma política liberal pelo Parlamento Inglês, que favoreceu o desenvolvimento colonial ao encerrar o monopólio comercial da Companhia das Índias Orientais sobre a venda do chá (1773).
    2. intensificação do contrôle sobre as colônias da América do Norte, devido à crise econômica inglesa ao final da Guerra dos Sete Anos (1756-63).
    3. proibição da cobrança do “imposto do selo”, decretada pela Inglaterra, o que extinguiu a principal fonte de renda do governo colonial americano (1763).
    4. sublevação dos colonos, frente às decisões do Primeiro Congresso Continental de Filadélfia, que reforçava o contrôle político da metrópole inglesa sobre as 13 colônias (1774).
    5. intervenção militar na luta pela independência e ao auxílio econômico fornecido por outras colônias americanas, tais como o México e o Canadá, que expulsaram os ingleses do território americano após a Declaração de Independência (1776).
  2. Da declaração da independência em 1776 até os dias atuais, os Estados Unidos se tornaram a nação mais rica do mundo. No entanto, o país apresenta os piores índices de pobreza entre as nações desenvolvidas: dos quase 320 milhões de habitantes, cêrca de 40 milhões estão abaixo da linha de pobreza. Faça uma pesquisa, na internet e em livros, revistas e jornais impressos, sobre os seguintes indicadores socioeconômicos estadunidenses: taxa de escolaridade, mortalidade infantil, renda, pobreza e expectativa de vida. Compare os dados referentes à população branca com os referentes às pessoas negras. Depois, responda: de que maneira eles refletem o passado colonial do país? Em sua opinião, o que poderia ser feito para melhorar tais indicadores?
Respostas e comentários

Dados numéricos sobre a população estadunidense retirados de: lissárdi, G. Por que os ê u á têm os piores índices de pobreza do mundo desenvolvido. bê bê cê News Brasil, 2 agosto 2020. Disponível em: https://oeds.link/fxUIgL. Acesso em: 5 abril 2022.

4. Segundo a Constituição, as mulheres não tinham os mesmos direitos de participação política que os homens, ainda havia escravidão e os indígenas não eram considerados cidadãos. Na prática, portanto, a noção de povo prevista na Constituição dos Estados Unidos era bastante restrita, pois aplicava-se a um baixo percentual da população. Tinham pleno direito à participação política somente os homens adultos, livres e proprietários.

5. a) A tirinha critica a limitação da igualdade, que não era estendida às mulheres. Faz-se uma crítica ao fato de que apenas uma fração da humanidade estava sendo considerada detentora de direitos.

b) As mulheres, mencionadas na tirinha, foram excluídas da participação política, assim como a população indígena. Além disso, a escravidão foi mantida, o que excluía da cidadania também os escravizados.

6. Alternativa b.

7. Ao propor aos estudantes que realizem uma pesquisa sobre indicadores socioeconômicos estadunidenses, relacionando-os ao passado daquela nação, pretende-se contribuir para a desnaturalização da ideia de desigualdade social e racial. Espera-se que, ao propor fórmas de mitigar essa situação, discutindo o papel das instituições na melhora da qualidade de vida da população, eles reflitam sobre a cidadania, desenvolvendo o senso crítico. Aborda-se, portanto, um paradoxo presente naquele país, comumente conhecido por seu poderio militar, pela pujança de sua economia e por sua influência internacional. De acordo com dados do governo dos Estados Unidos divulgados em 2020, quase 40 milhões de estadunidenses viviam abaixo da linha de pobreza.

Solicite aos estudantes que, de posse dos dados da pesquisa, comparem as condições de brancos e negros estadunidenses, reveladas por indicadores como taxa de escolaridade, mortalidade infantil, renda, pobreza e expectativa de vida. De acordo com o Census Bureau, em 2020, 8,2% das pessoas brancas e não hispânicas viviam na pobreza, ao passo que, entre as negras, essa taxa chegava a 19,5%. No mesmo período, a renda domiciliar dos negros era de cêrca de 45 mil dólares por ano, ao passo que a dos brancos e não hispânicos era de cêrca de 74 mil dólares anuais. Em 2022, segundo dados do US Bureau of Labour Statistics, o desemprego atingia 5,9% dos negros e 3,1% dos brancos.

Acompanhe a pesquisa dos estudantes, especialmente se realizada por meio da internet, auxiliando-os na avaliação dos sites, verificando se as fontes são legítimas e se as referências dos dados são citadas. Essas medidas contribuem para o combate às fake news.

Glossário

Negligência
: desatenção, desconsideração.
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Salutar
: algo benéfico que amplia ou restabelece fôrças.
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Melaço
: líquido escuro e viscoso, obtido como resíduo da produção do açúcar.
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