UNIDADE 2 O ENTREGUERRAS, A ERA VARGAS E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

A história e você: relembrar para não repetir

Nesta unidade, você estudará o período entre as duas grandes guerras do século vinte (de 1919 a 1939), a Era Vargas no Brasil (de 1930 a 1945) e a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945).

Um dos fatos mais marcantes desse período foi a construção de campos de concentração e de extermínio pelo govêrno da Alemanha nazista, iniciada em 1933. Durante a Segunda Guerra Mundial, nesses locais, foram confinados e assassinados milhões de judeus, ciganos, opositores políticos, homossexuais, pessoas com deficiência física ou intelectual e integrantes de outros grupos considerados indesejados na Alemanha de ádolf rítler.

O corpo das pessoas assassinadas era incinerado para não deixar vestígios. Dessa fórma, apagava-se a memória não só dos que morreram, mas também do massacre. Esse extermínio ficou conhecido como Holocausto.

Após o fim do conflito, em 1945, os crimes cometidos por alguns dos principais integrantes do govêrno nazista foram julgados por um tribunal internacional reunido na cidade de Nurrembérg, na Alemanha.

Como o extermínio em massa de civis não se enquadrava em nenhum crime de guerra, o Holocausto foi julgado como crime contra a humanidade. Hoje, esse termo serve para designar ataques generalizados ou sistemáticos praticados por autoridades, grupos organizados ou instituições contra civis, em situações de guerra ou de paz. Esses ataques em geral envolvem perseguições políticas, étnicas ou xenofóbicas, massacres e torturas. Muitas vezes, esses crimes provocam o deslocamento forçado de pessoas.

Fotografia. Monumento composto por sapatos diversos, feitos de metal, espalhados e misturados na margem do rio Danúbio, à esquerda da imagem. À direita, pessoas passando na rua. Ao fundo, o prédio do Parlamento Húngaro.
Memorial às vítimas do Holocausto às margens do Rio Danúbio, em Budapeste, Hungria. Foto de 2021. Os sapatos representam os judeus mortos pelos nazistas nesse país.

A condenação de alguns dos nazistas não foi suficiente para reparar o que aconteceu com as milhões de vítimas do Holocausto. Para que esse horror não se repetisse, foram construídos memoriais em diversos locais.

Com base nessas informações, você e os colegas construirão uma obra de arte que servirá como um memorial. Para isso, siga estas orientações.

Organizar

  • Pesquise na internet e/ou em materiais impressos informações sobre crimes contra a humanidade. Procure saber quando e onde esses crimes foram praticados, quais são as justificativas dos que os cometeram e quem foram as vítimas.
  • Junte-se aos demais colegas e selecionem um dos crimes pesquisados. Depois, reflitam sobre estas questões: como evitar que crimes como esse se repitam ou continuem sendo praticados? Como resgatar a memória das vítimas?
  • Decidam a obra de arte que produzirão como memorial (definindo o tema, o tipo, o material, o tamanho da obra etcétera).
  • Organizem-se em grupos de até cinco integrantes e façam uma lista das tarefas que caberão a cada equipe. Por exemplo, se vocês fizerem uma escultura de garrafas péti, um grupo recolherá esse material, outro montará a escultura, outro fará a pintura etcétera

Produzir

  • Reúnam os materiais que serão utilizados no memorial e produzam-no. O memorial pode apresentar informações sobre as vítimas, imagens ou objetos que façam alusão ao acontecimento ou provoquem reflexões sobre o tema.
  • Escolham um local para expor a obra de vocês: a sala de aula ou outro ambiente da escola autorizado pelos responsáveis.

Compartilhar

No dia combinado com o professor, inaugurem o memorial. Caso seja possível, tirem fotos da peça e compartilhem-nas em redes sociais acompanhadas de um pequeno texto explicando o trabalho.

Fotografia. Blocos retangulares altos alinhados em várias fileiras, representando túmulos. Ao fundo, área verde e a cidade.
Memorial do Holocausto em Berlim, Alemanha. Foto de 2021.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Memoriais são monumentos construídos para, de alguma fórma, ajudar a preservar a memória de pessoas ou acontecimentos que a comunidade considera importantes. O Memorial do Holocausto, em Berlim, reúne 2 711 blocos de concreto que lembram túmulos.

CAPÍTULO 4 O período entreguerras (1919-1939)

Em 2018, preocupados com a situação da democracia no mundo, os cientistas políticos estadunidenses istíven Levítisqui e Daniel Ziblét publicaram o livro Como as democracias morrem. Nele, os autores destacam fatores que podem revelar se há risco aos princípios democráticos, como:

  • a rejeição das regras do jôgo democrático – como a validade das eleições – e da legitimidade de oponentes políticos, considerados uma ameaça;
  • o encorajamento da violência, por exemplo, com elogios a ditaduras e ditadores;
  • o ataque à imprensa e à liberdade de expressão;
  • o desrespeito aos direitos humanos.

Pensando nesses fatores, analise a tirinha.

Tirinha em dois quadros. Armandinho. Quatro crianças andando em fila, da direita para a esquerda. Com exceção da terceira, todas usam camiseta branca e bermuda azul. A primeira criança tem cabelo marrom e mochila verde às costas; a segunda é uma menina de cabelo preto com tranças, de óculos e bolsa verde pendurada no ombro; a terceira é uma menina um pouco menor que as demais crianças, usa um vestido branco, flor amarela no cabelo e rabo de cavalo, e carrega uma boneca; e a quarta criança é Armandinho, menino de cabelos azuis e mochila vermelha às costas. Quadrinho 1: A segunda criança diz: A GENTE NÃO PRECISA CONCORDAR... Quadrinho 2: Ela continua o raciocínio: ... A GENTE PRECISA É DE DEMOCRACIA PARA PODER CONTINUAR DISCORDANDO!
Armandinho, tirinha de Alexandre Beck, 2019.
Ícone. Ilustração de um ponto de interrogação indicando questões de abertura de capítulo.

Responda oralmente.

  1. Que características dos regimes democráticos são enfatizadas na tirinha?
  2. Em sua opinião, por que os fatores destacados no texto podem ameaçar uma democracia?
  3. Com base nos fatores que podem ameaçar um regime democrático e na tirinha, cite regimes antidemocráticos atuais ou do passado. Preste atenção nos exemplos citados pelos colegas e converse com eles sobre os fatores de risco à democracia em que esses regimes se enquadram.

O pós-guerra na Europa

De fórma geral, pode-se dizer que a Primeira Guerra Mundial deixou marcas profundas e duradouras no mundo ocidental. Os impactos materiais, as perdas humanas e o clima de instabilidade gerado por ela colocaram em xeque muitas certezas: o discurso iluminista da razão, do progresso, da civilização e da ciência parecia absurdo em uma Europa em ruínas após o conflito.

Todos os países europeus, inclusive os vitoriosos, saíram da guerra economicamente enfraquecidos, com dívidas acumuladas e altos índices de inflação e desemprego, que oscilavam entre 10% e 18% na Europa Ocidental.

O descontrole dos preços dos produtos, o racionamento e a carestia generalizada eram os efeitos mais visíveis desse clima de instabilidade econômica. Na Áustria, por exemplo, os preços dos itens básicos subiram 14 mil vezes somente em 1922. Na Alemanha, entre 1921 e 1923, eram necessários sacos de dinheiro para comprar itens básicos, como um pedaço de pão. Com a rápida desvalorização da moeda, muitos médicos e advogados preferiam receber carne e ovos como fórma de pagamento pelo trabalho que prestavam. Poupanças acumuladas ao longo de uma vida desapareceram com o aumento descontrolado da inflação.

Diante da incapacidade de alguns governos para resolver a situação, difundiu-se em alguns países uma profunda desconfiança contra o Estado democrático liberal e sua capacidade de gerir a sociedade e a economia.

Nesse contexto, movimentos extremistas se fortaleceram e passaram a exigir a formação de um Estado forte, com concentração de poderes, dando origem a movimentos de cunho totalitário.

Pintura em preto e branco. No primeiro plano, militares de capacete e máscara encobrindo todo o rosto. Ela tem dois espaços para os olhos e um filtro para o ar. Estão entre galhos secos e arames.
Tropa de ataque avança sob gás, pintura de Otto Díquis, 1924.
Pintura. À frente, homem de rosto redondo, cabelos e bigode claros. Usa um chapéu marrom e paletó azulado, e carrega uma pasta embaixo do braço. Atrás dele, um muro inacabado e operários trabalhando. Perto do muro, um trabalhador de rosto fino e roupas largas, está andando de cabeça baixa. Carrega uma ferramenta de cabo comprido. Ao fundo, fumaça escura saindo das chaminés das fábricas.
Dia cinzento, pintura de , 1921.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Nos anos 1920, movimentos de vanguarda questionaram as certezas quase inabaláveis da Belle Époque. Participantes de movimentos artísticos e literários como o Dadaísmo, o Expressionismo e o Surrealismo procuraram destruir os padrões europeus da época, atacando o que chamavam de senso estético burguês. Artistas como gueórg gróz e Otto Díquis utilizaram também a memória da guerra e a sociedade do pós-guerra como inspiração para muitas de suas obras.

O pós-guerra nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, a realidade no pós-guerra foi bem diferente da enfrentada pelos habitantes dos países europeus. Para os estadunidenses, a Primeira Guerra Mundial foi economicamente vantajosa. Sem um país para reconstruir, com áreas de cultivo e parques industriais intactos, eles foram, durante e após o confronto, os principais fornecedores de alimentos e produtos industrializados para a Europa. Como resultado, houve grande crescimento da economia do país, sobretudo nos setores industrial e agropastoril.

Com a decadência dos países europeus, ao longo da década de 1920, os Estados Unidos transformaram-se na mais importante economia industrial do planeta. O país já tinha ingressado nessa década como uma das maiores economias do mundo.

Os números eram, à primeira vista, impressionantes: a produção industrial cresceu aproximadamente 60%, com destaque para o setor automobilístico. Como consequência direta da expansão econômica, houve uma queda significativa no desemprego (analistas estimam índices de apenas 4%). Esse grande aumento do mercado industrial, acompanhado da geração de empregos, modificou as práticas de consumo da população.

Em razão dos avanços tecnológicos na indústria (com suas linhas de montagem e mecanização), somados à ampliação do mercado de eletrônicos (especialmente de eletrodomésticos) e plásticos, houve uma euforia de consumo. Produtos antes restritos aos mais ricos, como carros, geladeiras, aspiradores de pó, rádios e telefones, passaram a ser consumidos também pelos setores médios urbanos e pela classe trabalhadora.

Para adquirir as mercadorias, a população contraía empréstimos nos bancos. Essa expansão do crédito teve como consequência imediata o endividamento de muitas famílias. A ampliação do consumo, portanto, não necessariamente refletia o aumento de renda das pessoas.

Fotografia em preto e branco. Vista aérea de área da cidade formada por grandes prédios.
Vista de manrátam, na cidade de Nova iórque, Estados Unidos. Foto da década de 1920.
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Os arranha-céus eram símbolos do progresso e da prosperidade, e tornaram-se referências importantes da paisagem das grandes cidades estadunidenses. No início do século vinte, prédios de muitos andares foram construídos principalmente nos grandes centros financeiros, como Nova iórque.

Fotografia em preto e branco. Mulher sorridente de chapéu dirigindo um veículo com quatro rodas finas, estrutura alta e quadrada. Tem janelas e portas dianteiras e traseiras.
Motorista em um automóvel fórd T na cidade de Alexandria, no estado da Virgínia, Estados Unidos. Foto de 1924.
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O “fórd T” se tornou um dos principais símbolos do período. O início da sua produção é anterior aos anos 1920 (o primeiro modelo é de 1908), mas foi apenas nessa época que ele se popularizou. O automóvel passou, então, a ser fabricado em série nas linhas de montagem com o emprego de um processo de especialização do trabalho (fordismoglossário ).

Efervescência cultural

As décadas de 1920 e 1930 ficaram conhecidas nos Estados Unidos como a “Era de Ouro” do rádio. O aparelho era um símbolo de modernidade e, com o crescimento econômico, mais pessoas puderam adquirir esse bem, que se tornou companheiro diário de muitos estadunidenses e o principal meio de comunicação de massa.

O ambiente de crescimento econômico e aumento do consumo estadunidense foi acompanhado de um clima de muita efervescência cultural. Na música, estilos como o ragtime, o jazz e o foxtrote embalavam milhares de pessoas e se difundiam pelo mundo, lançando ao estrelato nomes como Icót Dióplim, Lúis Ármistrong e, alguns anos mais tarde, Éla Fitsdiérald, Séra Váum e Bíli Rólidei.

Fotografia em preto e branco. Quatro músicos negros posando sorridentes para foto. No centro, mulher de cabelos curtos, olhos pequenos e vestido quadriculado. À esquerda, homem de cabelos curtos, cabeça pequena, paletó, gravata e calça de cintura alta. Carrega um saxofone. À direita, homem de paletó e gravata, cabeça comprida e testa larga. Os olhos são pequenos. Atrás deles, um rapaz de boina na cabeça, sorrindo, segurando uma guitarra.
À frente, os músicos Bíli Rólidei (no centro), Ben Uébister (à esquerda) e Diôni Ruéssel (à direita) no bairro do Rárlem, em Nova iórque, Estados Unidos. Foto de 1935.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Nos anos 1920, houve uma grande migração de população afro-americana para o bairro do Harlem, na cidade de Nova iórque. Esse fenômeno, conhecido como Renascimento do Harlem, foi acompanhado de uma cena artístico-cultural bastante influente nos Estados Unidos. Expressões culturais como o jazz tornaram mundialmente famosos artistas como a cantora Bíli Rólidei.

Houve também mudanças significativas no universo feminino. Para as mulheres, os anos 1920 foram uma época de grandes conquistas. Depois de muita luta do movimento sufragista, o direito ao voto foi finalmente assegurado.

Em 26 de agosto de 1920, a 19ª emenda da Constituição estadunidense proibiu a discriminação política com base no sexo. Essa conquista foi acompanhada de mudanças no comportamento. Mulheres jovens inovavam costumes, abolindo os espartilhos e adotando saias e cabelos curtos, e ocupavam espaços de diversão e lazer antes considerados exclusivamente masculinos.

Fotografia em preto e branco. Mulher branca, cabelos escuros e pretos, na altura das orelhas. Está sentada em um banco alto. Veste um collant e uma saia de tule escuro. Está com os braços levantados e as mãos atrás da cabeça.
Méri Luísi Brúquis em divulgação do filme estadunidense Now we’re in the air (em tradução livre, “Agora estamos nos ares”), de 1927.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Um dos principais símbolos femininos do período foi a atriz, modelo e dançarina MériLuíseBruucs. Seu córte de cabelo foi referência para garotas no mundo todo. No Brasil, as mulheres que adotaram esse estilo ficaram conhecidas como melindrosas. O termo está associado a uma visão de mundo preconceituosa, de acordo com a qual o comportamento dessas jovens desafiava as normas tradicionais da sociedade. A palavra melindrar pode ser entendida, nesse contexto, como “chocar” ou “escandalizar”.

O cinema

A indústria cinematográfica passou por grande expansão, transformando o cinema em uma diversão popular. Roliuúdi ingressou em sua chamada era de ouro, com a criação dos grandes estúdios de cinema.

Nos anos 1920, artistas como Chárli Tcháplin, Greta Garbo e Djón guílbert se tornaram grandes ícones culturais. A década também foi importante por ter marcado um período de transição em Roliuúdi, com o início do cinema falado.

américan uei ófi láife

Diante do clima experimentado principalmente nos grandes centros urbanos do país, os fantasmas da recessão, do desemprego e do infortúnio pareciam fazer parte de um passado distante.

Com a vida desfrutada ao máximo, embalada por novos ritmos, valores e comportamentos sociais, os anos 1920 nos Estados Unidos ficaram conhecidos na memória popular como “os anos loucos”.

O sonho estadunidense do sucesso individual parecia ser uma realidade para quase todos. Tendo o américan uei ófi láife como sua autoimagem, a sociedade estadunidense começava a relacionar de fórma inseparável as noções de liberdade, democracia e consumo.

No entanto, o salário médio de um trabalhador nos Estados Unidos dos anos 1920 não ultrapassava 1,5 mil dólares, 300 a menos do que era considerado pelo govêrno necessário para manter um padrão de vida minimamente digno. Além disso, o número anual de trabalhadores urbanos envolvidos em acidentes fatais (25 mil) era um forte indicativo de que esse modelo de vida e sociabilidade urbana não estava ao alcance de todos os cidadãos do país.

Fotomontagem em preto e branco. Rolo de filme com duas fotografias. Ele é comprido e tem aberturas simétricas na parte de cima e na parte de baixo. A foto à esquerda tem um casal deitado na grama. A mulher está de barriga para baixo com o rosto de lado, encarando o rapaz que está deitado de lado. Na fotografia à direita, homem de bigode escuro e curto, usando uma cartola, paletó e calça escura. Está sentado ao lado de um garoto de roupas largas.
Fotomontagem com detalhe de rolo de filme de cinema contendo, à esquerda, cena com Mac Bráum e Greta Garbo no filme A mulher singular, de 1929, dirigido por Djón S. Róbertsan; à direita, cena do filme O garoto, de 1921, dirigido e estrelado por Tcharls Tcháplin, sentado ao lado do menino Diéqui Cugan.

Dica

FILME

O vapor Uíli (Istímbolt Uíli)

Direção: Ub e uóu disnêi. Estados Unidos, 1928. Duração: 7 minutos.

Essa é a primeira animação sonora estrelada pelos personagens Míqui e Míni Mausi, de uóu disnêi. Na época, o filme fez tanto sucesso que tornou os ratinhos conhecidos no mundo todo.

Conservadorismo político, crime organizado e racismo

Apesar da efervescência cultural e das conquistas femininas, a década de 1920 foi um período de conservadorismo nos Estados Unidos. Em 1918, o Congresso aprovou uma lei que impedia a produção, o consumo e a comercialização de bebidas alcoólicas em todo o país. A chamada Lei Seca, contudo, não teve o efeito esperado e resultou na expansão do crime organizado.

Fotografia em preto e branco. Homem de terno e gravata, usando chapéu claro, vira duas garrafas e derrama o líquido dentro de um buraco no chão. Atrás dele, homens trajando roupa social estão abrindo mais garrafas.
Derramamento público de bebidas alcoólicas durante a época da proibição nos Estados Unidos. Foto de 1926. A Lei Seca era usada para disciplinar os trabalhadores das fábricas e ia ao encontro da forte onda conservadora que se alastrava pelos Estados Unidos.

Na sociedade, grupos evangélicos fundamentalistas, apoiados em uma leitura literal e seletiva da Bíblia, endossaram a defesa do que eles consideravam valores tradicionais, relacionando de fórma bastante equivocada conhecimento científico a ideias religiosas. Esse movimento ganhou amplo apôio em estados como o Tennessee, cujo govêrno chegou a proibir o ensino da teoria da evolução, de Chárles Dárvin, nas escolas.

Além do conservadorismo, afro-americanos e imigrantes continuaram a ser alvos de discriminação e violência. A Ku Klux Klan (), organização racista que se originou no sul dos Estados Unidos no século dezenove, ressurgiu com fôrça e contou com a adesão dos mais variados segmentos da sociedade. Estima-se que cêrca de 4 milhões de pessoas tenham ingressado nesse grupo na década de 1920.

Perseguindo inicialmente negros, a ká ká ká ampliou sua mensagem de ódio e violência, denunciando imigrantes (especialmente católicos e judeus) e todas as fôrças políticas que contrariavam sua visão de mundo (como socialistas e feministas). Ações racistas contra negros e estrangeiros, porém, não eram realizadas apenas por membros dessa organização. Exemplos de antissemitismoglossário e eugeniaglossário estavam presentes na cultura popular do período, evidenciando a xenofobia e o racismo no país.

Cartaz. Cavaleiro usando roupas largas. No peito um círculo vermelho com uma cruz branca. Ele usa um capacete com uma ponta e um tecido cobrindo o rosto. Carrega uma cruz em chamas. O cavalo está cabreado, encoberto por um tecido branco com o mesmo emblema do cavaleiro.
Cartaz do filme estadunidense O nascimento de uma nação, do diretor D. W. Grífit, de 1915.
Ícone. Ilustração de uma lupa indicando o boxe Imagens em contexto!

Imagens em contexto!

Um dos primeiros produtos da indústria do cinema, o filme O nascimento de uma nação glorificou abertamente a ká ká ká. Note que, no cartaz de divulgação da obra, há a imagem de um cavaleiro vestindo trajes típicos da organização racista e segurando em uma das mãos a cruz de fogo, símbolo do grupo. Esse filme foi usado como ferramenta de recrutamento da ká ká ká até meados da década de 1970.

A quebra da Bolsa de Valores de Nova iórque

Na segunda metade da década de 1920, a economia estadunidense começou a apresentar sinais de superprodução. A recuperação econômica da Europa e a consequente perda de mercados consumidores foram sentidas primeiramente no setor agrícola. No entanto, a crise nas áreas rurais não estava separada do ambiente urbano.

Diante do desemprego no campo, muitos trabalhadores se dirigiram às áreas urbanas, também afetadas pelo desemprego gerado pela automação industrial. Apesar da situação frágil, o crédito fácil fazia parecer que tudo ia bem e que a oferta de produtos não estava superando a demanda. Assim, as indústrias não diminuíram o ritmo de produção.

Aliado à superprodução, outro fator de desestabilização econômica marcou a década de 1920: a especulação financeira, que ocorria por meio da negociação de ações na bolsa de valores. Embalados pelos altos lucros que conseguiam com as ações das empresas, acionistas e investidores continuaram a investir grandes quantias, principalmente, na Bolsa de Valores de Nova iórque. Não consideravam, no entanto, o fato de que, pelo menos desde 1925, as ações se valorizavam de fórma muito superficial, pois havia superprodução e queda do consumo. Assim, no final dos anos 1920, o preço das ações atingia valores altíssimos, porém sem lastro correspondente.

As ações foram se desvalorizando cada vez mais e, em 24 de outubro de 1929, atingiram o valor mais baixo. Então, uma grande quantidade de ações foi posta à venda, mas ninguém quis comprá-las. Isso causou o colapso na Bolsa de Valores de Nova iórque.

Muitos especuladores perderam de uma só vez tudo o que haviam investido. Os efeitos no país foram devastadores. Até 1932, 5 mil bancos faliram, a produção industrial caiu 46% e o Produto Interno Bruto (Píbi) diminuiu a um terço dos anos anteriores. Efeito direto da crise que se alastrava, mais de 15 milhões de estadunidenses – ou 25% do total da população economicamente ativa – ficaram desempregados. Pelo menos um terço dos trabalhadores teve horas de trabalho ou salários reduzidos.

Fotografia em preto e branco. Multidão aglomerada nas calçadas de uma grande avenida. Algumas pessoas estão no meio da rua, entre os veículos. À frente, dois guardas montados em cavalos.
Multidão em frente à Bolsa de Valores, em Wall Street, Nova iórque, no dia 24 de outubro de 1929.
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Os investidores da Bolsa de Valores de Nova iórque não eram apenas grandes capitalistas. Muitas donas de casa e trabalhadores investiram suas economias na bolsa, perdendo tudo de uma hora para outra.

A Grande Depressão e o New Deal

A crise atingiu em cheio a economia estadunidense: o desemprego afetou o consumo e, consequentemente, a produção. Em cidades como Cleveland, no estado de Ohio, em 1932, a taxa de desemprego chegou a 50%. No auge da crise, entre 1932 e 1933, 27% da população dos Estados Unidos estava desempregada.

Favelas proliferaram nas periferias dos grandes centros urbanos e se tornaram uma das marcas da crise que se alastrou pelos Estados Unidos. Elas foram chamadas ironicamente de “Hoovervilles”, em referência a rârbért rúver, presidente do país entre 1929 e 1933.

Dessa maneira, a Grande Depressão colocou fim às certezas econômicas e sociais da década anterior. Conforme a crise se aprofundava, a popularidade do presidente rúver, candidato à reeleição em 1932, deteriorava-se. Diante dessa situação, Frânclin Delano Rúsvelt, candidato do Partido Democrata à Presidência, venceu a disputa com facilidade.

Rusevélt prometeu, em sua campanha, restaurar a confiança na economia e na sociedade estadunidenses mediante a intervenção do Estado. Em sua perspectiva, esse era o único caminho possível para sanar a crise e aliviar o clima de tensão social.

Assim, entre 1933 e 1934, Rusevélt lançou o New Deal, um pacote de reformas para promover a recuperação industrial e agrícola do país, regular o sistema financeiro e garantir assistência social.

Fotografia em preto e branco. Pessoas negras alinhadas em uma fila. Vestem longos casacos de frio e acessórios para cobrir a cabeça, como chapéus, lenços e gorros. Atrás deles, um grande cartaz no muro mostra uma família branca, com pai, mãe, filha, filho mais novo e um cachorro. Todos estão dentro de um carro, sorrindo.
Fila de pessoas à espera de doações à frente de um painel publicitário com os dizeres “O mais alto padrão de vida do mundo” e “Não há estilo de vida melhor que o estilo americano”, em Louisville, estado do Kentucky, Estados Unidos. Foto de 1937.
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As filas para conseguir comida ou emprego se tornaram marcas do período. Nessa foto, é possível verificar o contraste entre o modo de vida branco de classe média, ilustrado no painel, e o da população pobre negra estadunidense. A crise do período atingiu com mais intensidade aqueles que já eram economicamente vulneráveis.

Características do New Deal

Por meio da implementação do New Deal foi estabelecida uma série de acordos entre empresários, trabalhadores e o govêrno. Contrariando a lógica liberal da livre concorrência, foram estipulados pelo govêrno limites para os preços, os salários e a competição.

Programas de obras públicas e subsídios à construção civil foram instituídos para reanimar a economia com a geração de postos de trabalho. Ao mesmo tempo, políticas de seguro-desemprego, previdência e assistência foram implementadas para diminuir os efeitos mais trágicos do desemprego.

O Estado, ainda, tomou a iniciativa de construir habitações públicas, garantir salário mínimo à população e limitar a jornada de trabalho.

Os efeitos do New Deal foram limitados. A intervenção do Estado nas regras do livre mercado não recuperou a economia como prometido, nem redistribuiu renda, mas trouxe em alguma medida segurança econômica para muitas pessoas, transformando as relações entre cidadãos e Estado por meio da garantia de uma mínima qualidade de vida e de proteção social contra adversidades.

Apenas a partir de 1945, com o término da Segunda Guerra Mundial, que você estudará no capítulo 6, os Estados Unidos retomaram o crescimento econômico e conseguiram resolver os problemas gerados pelo desemprego em massa.

Ilustração em preto e branco. No centro, Tio Sam abraçando dois homens: à sua esquerda, um de gravata borboleta, paletó e cartola; à sua direita, um de macacão e chapéu. Na cartola do primeiro, a inscrição EMPLOYER; no chapéu do segundo, a inscrição EMPLOYEE. Os três tem uma etiqueta na roupa com o emblema de uma ave escura de asas abertas.
Ilustração elaborada por Clíford Bérimen, em 1933, para celebrar o New Deal. De acordo com o discurso oficial, o pacto firmado entre o Estado, o patrão e o empregado era o alicerce para a geração de empregos.
Escultura. Homens em bronze dispostos em fila. Eles são magros e usam casacos compridos e chapéus simples. Estão cabisbaixos. O homem da frente está com os braços cruzados, os demais têm as mãos nos bolsos.
Fila do pão na Depressão, escultura de djórdji sígâl que representa homens à espera de alimento durante a Grande Depressão. Memorial Franklin D. Rusevélt, em uóshinton, Estados Unidos. Foto de 2019.
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O New Deal contribuiu para resolver pelo menos parcialmente os problemas econômicos estadunidenses entre o fim da década de 1930 e meados de 1940. O monumento em homenagem aos que sofreram durante a Grande Depressão simboliza o impacto desse período na história estadunidense.

Os efeitos da crise no mundo

Em virtude da integração da economia mundial no início do século vinte, a crise estadunidense foi sentida em todo o planeta. No final do ano de 1932, a produção industrial mundial havia diminuído mais de 33% e o mundo todo contabilizava pelo menos 32 milhões de desempregados.

Os mercados agrícolas de países em desenvolvimento, principalmente na América Latina, foram os primeiros a sentir os efeitos da crise. No Brasil, o efeito mais imediato foi a queda nos preços do café, principal produto de exportação do país desde meados do século dezenove.

Na Europa, diante da incapacidade demonstrada por alguns governos de oferecer respostas aos desafios da desaceleração econômica, vários movimentos extremistas ganharam fôrça. O colapso econômico do período, que assolava países como a Alemanha – onde o desemprego atingiu 44% da população –, era igualmente sentido como uma crise de valores, e havia uma profunda desconfiança contra o Estado democrático liberal.

Esse período foi marcado pela ascensão de regimes totalitários como o fascismo, na Itália, o nazismo, na Alemanha, e o stalinismo, na União Soviética.

Fotografia aérea em preto e branco. Grande área aberta, com muita fumaça e pouca vegetação. Ao fundo, um rio.
Queima de café na cidade de Santos São Paulo. Entre 1931 e 1944, cêrca de 78 milhões de sacas de café foram queimadas. Foto de 1931.
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Diante da crise, a demanda internacional por café caiu. Com estoques do grão acumulados e o baixo valor pago pela saca, os produtores do Brasil se endividaram e muitos faliram. Os efeitos da Grande Depressão contribuíram para criar, no país, o cenário de instabilidade política que colocou fim à chamada Primeira República, como você estudou no capítulo 2.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Resuma a situação dos países europeus após o término da Primeira Guerra Mundial.
  2. Uma das características dos anos 1920 nos Estados Unidos foi a conciliação de crescimento econômico e conservadorismo político. Descreva dois exemplos relacionados a isso.
  3. O que foi a Grande Depressão? Explique duas de suas características.

O fascismo na Itália

Para compreender a ascensão do fascismo, é preciso analisar o modo como a Itália saiu da Primeira Guerra Mundial. Apesar de estar do lado vencedor, ao término desse conflito o país encontrava-se endividado e suas reivindicações territoriais não haviam sido atendidas nos tratados de paz. Além disso, o desemprego e a inflação faziam parte da realidade dos italianos. Esses fatores contribuíram para aflorar um sentimento, especialmente em jovens nacionalistas e grupos conservadores, de que a guerra havia sido inútil.

Em meio a um ambiente político e econômico caótico, em 1921 formou-se o Partido Nacional Fascista (pê êne éfe). Os líderes fascistas prometiam fazer da Itália uma nação grandiosa. Como estratégia política, eles passaram a intimidar a oposição com ataques a sindicatos, agremiações políticas e jornais, ao mesmo tempo que divulgavam a ideia de que os democratas liberais e os representantes da esquerda eram culpados pela crise do país.

Em um mundo dividido entre a democracia liberal, associada aos Estados Unidos, e o modelo socialista, que desde 1917 era vinculado aos bolcheviques russos e, depois de 1922, à União Soviética, o fascismo se apresentava como uma terceira via.

Os integrantes do pê êne éfe apostavam na lógica de um “Estado total”, com concentração de poderes pelo líder (il Duce), considerado por eles uma espécie de salvador da pátria. O ultranacionalismo, a militarização, a expansão territorial e a defesa da propriedade privada estavam também entre os pontos defendidos pelos fascistas.

Essas ideias agradaram parte significativa da população italiana, especialmente os grupos ressentidos pela crise, conquistando o apôio de empresários e políticos, e também de uma parcela dos trabalhadores rurais e dos proprietários de terras.

As milícias ligadas ao PNF se vestiam de preto e seus correligionários adotavam um discurso de ódio aos comunistas, de violência como solução política e de expansão territorial como solução econômica. As fôrças policiais italianas apoiavam o movimento, pressionando a monarquia que governava o país.

Pôster. Homem de casaco longo, botas e chapéu escuro. Está virado para a esquerda com o braço direito esticado para frente e a mão esquerda apoiada na cintura. À sua frente e embaixo, inscrições em italiano.
Pôster fascista produzido em 1935 com Benito Mussolini ao centro. Ao lado da imagem do líder fascista, em italiano, há a inscrição: “Crer, obedecer e combater”. Na parte de baixo está escrito: “Federação dos fáshi de Combate”. Os fasci eram grupos milicianos que defendiam o fascismo e atacavam seus oponentes.
Ilustração. Feixe vertical com varas agrupadas e presas com correias. Atrás dele uma moldura em arco em três cores, verde, branco e vermelho. Na cor verde a inicial P. Na cor vermelha as iniciais N. e F.
Cartão do pê êne éfe de Milão, de 1930. Nele está desenhado o fascio.
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A ideia de “Estado total” se pautava na lógica política de contrôle pelo Estado da vida cotidiana da sociedade. Lemas como “crer, obedecer e combater” demonstram o investimento na formação de uma população unida em torno da liderança política do Duce. Isso explica a metáfora do fascio, um feixe de varas amarrado com correias, utilizado na Roma antiga para punir cidadãos desobedientes, que foi incorporado pelo fascismo como símbolo de união: um pedaço de madeira isolado poderia ser facilmente quebrado, mas um feixe se tornava indestrutível.

Os fascistas no poder na Itália

Em 1922, Benito Mussolini, um dos fundadores do partido, convocou a Marcha sobre Roma para pressionar o govêrno a posicionar-se contra uma greve promovida por anarquistas e socialistas. Diante do sucesso da marcha, o rei italiano Vítor Emanuel terceiro convidou o líder fascista para ocupar o cargo de primeiro-ministro.

Inicialmente, o regime conduzido por Mussolini manteve alguma aparência de normalidade democrática. No entanto, em 1925, o primeiro-ministro tornou-se ditador, extinguindo partidos políticos de oposição, fechando jornais que não se alinhavam ao fascismo e criando uma polícia política para vigiar e punir seus adversários.

Durante o govêrno de Mussolini, foram construídas grandes obras públicas para gerar empregos, incentivados o cultivo do trigo e a prática de esportes, produzidos livros sob encomenda do govêrno para difundir a ideologia fascista na educação primária e formalizado o catolicismo como religião oficial do país.

Além disso, por meio da criação de uma legislação trabalhista em 1927, a Carta Del Lavoro, o govêrno regulamentou o funcionamento dos sindicatos e proibiu greves. Em contrapartida, as férias pagas pelo patrão e o repouso tornaram-se direitos dos trabalhadores.

Outro fato marcante desse período foi o Tratado de Latrão, acordo firmado em 1929 entre Mussolini e a Igreja Católica, criando o Estado do Vaticano. Por meio desse tratado, a Igreja concordou em não receber compensação financeira por suas perdas territoriais e de propriedade na Itália.

Com a diminuição da produção industrial e o aumento do desemprego na década de 1930, o uso do rádio e do cinema e os comícios de massa para propaganda fascista tornaram-se frequentes. Cada vez mais caricato, Mussolini apresentava-se como aquele que restauraria as grandezas do passado e da civilização romana (em alusão à Roma antiga).

Fotografia. Homens de roupa escura em uma manifestação. Balançam bandeiras pretas com as iniciais FN. Os homens à frente carregam a bandeira da Itália esticada.
Membros do partido italiano de ultradireita Forza Nuovadurante manifestação em comemoração ao 95o aniversário da Marcha sobre Roma. Foto de 2017.
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A ascensão da ultradireita é um problema enfrentado por diversos países da Europa, inclusive a Itália. O Forza Nuova é um partido político neofascista fundado no final dos anos 1990. Seus integrantes dirigem um discurso de intolerância e violência contra imigrantes e homossexuais e pautas políticas associadas ao feminismo, por exemplo.

O nazismo

Na Alemanha, um pequeno grupo de nacionalistas extremados deu origem, em 1919, ao Partido dos Trabalhadores Alemães. No ano seguinte, o grupo trocou de nome e passou a se chamar Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães – também conhecido como Partido Nazista.

Os nazistas defendiam propostas políticas muito semelhantes às do fascismo italiano, incorporando a seu discurso o antissemitismo, a perseguição às minorias e a eugenia. Entre seus líderes, estava um antigo combatente da Primeira Guerra Mundial: ádolf rítler.

Rítler acreditava que havia na Alemanha uma “raça pura”, superior às demais: a dos arianos. Segundo sua visão de mundo, quanto mais “puros” os alemães se mantivessem, mais fortes seriam. Para conseguir isso, segundo ele, seria necessário extirparglossário os elementos “indesejáveis” da sociedade alemã, como judeus, ciganos, pessoas com deficiência, homossexuais e comunistas.

Além disso, ele acreditava ser preciso assegurar aos arianos um espaço vitalglossário muito maior do que o território alemão, justificando uma política expansionista. O objetivo era “regenerar” o país por meio da guerra, inaugurando um Terceiro Reich.

A chegada dos nazistas ao poder

Por meio do Tratado de Versalhes, a Alemanha foi obrigada a pagar pesadas indenizações aos vencedores da Primeira Guerra Mundial. Para arcar com essas despesas e reconstruir sua economia, o país endividou-se, tornando-se dependente principalmente do capital estadunidense. Aos problemas econômicos somavam-se graves questões sociais, como o empobrecimento da população e o desemprego. Além disso, parte dos alemães culpava a República de Weimar pela derrota na guerra.

Esse sentimento compartilhado por muitos alemães encorajou o Partido Nazista a realizar uma tentativa de golpe de Estado inspirada na Marcha sobre Roma, de Mussolini. A ação, chamada Putsch de Munique, foi um fiasco, e Rítler acabou sendo preso em 1923.

Pôster. Ilustração de grande águia protegendo com as asas uma família branca, formada por um homem, uma mulher e três crianças.
Pôster nazista da década de 1930 representando uma família ariana sob a proteção do partido. A sigla êne ésse dê a pê faz referência ao nome do Partido Nazista em alemão: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei
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Os nazistas criaram um poderoso mito de origem: o arianismo. Para isso, o partido investiu em propagandas nas quais promoveram a lógica de que havia uma vida ideal (a dos arianos) que devia ser protegida. Na parte de cima do pôster está escrito: “O êne ésse dê a pê protege a comunidade nacional”. Na parte de baixo, há a inscrição, em tradução livre: “Se sua família precisa de aconselhamento e ajuda, procure o grupo local [do êne ésse dê a pê]”.

Rítler, no entanto, foi solto depois de cumprir uma sentença curta. A brandura dessa pena demonstrou que seu discurso, abertamente racista e xenófobo, era tolerado na Alemanha.

A partir de 1929, com a crise econômica iniciada nos Estados Unidos, o partido teve um crescimento significativo. A economia da Alemanha, ainda frágil em virtude da guerra, desabou, e o desemprego e a inflação atingiram níveis astronômicos.

À medida que a situação econômica se agravava no país, o discurso inflamado de Rítler, criticando o Tratado de Versalhes e propondo a reconstrução da Alemanha, ganhava cada vez mais adeptos. De fórma similar ao que ocorreu na Itália com o fascismo, o nazismo obteve forte apôio de pessoas ressentidas e descontentes com as condições do país.

O resultado da crise e a adesão dos alemães à ideologia nazista se tornaram mais visíveis nas eleições de 1932. Nesse ano, embora Rítler tenha perdido as eleições para o marechal Pól fon Rindemburg, o Partido Nazista conquistou muitas cadeiras no Parlamento alemão, chamado ráishistág. No ano seguinte, Rindemburg foi pressionado a convidar Rítler a ocupar o cargo de chancelerglossário .

Uma vez no poder, o líder nazista deu início à montagem de um sistema ditatorial. Em pouco tempo, seus correligionários incendiaram o Parlamento, culpando os comunistas, que foram presos em campos de concentração. Com a desculpa de proteger a Alemanha, o governo decretou estado de sítio, e todos os partidos, com exceção do Nazista, foram postos na ilegalidade.

Em 1934, o presidente Rindemburg faleceu e Rítler se tornou o Führer (líder supremo), ou seja, o único governante do Reich. Com enorme poder e popularidade, ele buscou contornar os problemas econômicos violando o Tratado de Versalhes. Assim, o govêrno alemão passou a investir na produção de armamentos, aviões e tanques, impulsionando as fábricas, entusiasmando os empresários e alimentando a esperança popular de tornar a Alemanha grandiosa novamente.

Fotografia. Adolf Hitler em pé, dentro de um carro com a capota aberta. Ele veste uniforme marrom claro. Em um dos braços uma braçadeira vermelha com o símbolo da suástica. Ele saúda os militares perfilados com o braço esticado e a palma da mão para baixo.
Rítler saudando os participantes de um comício do Partido Nazista em Nurrembérg, Alemanha. Foto de 1937.
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A imagem de Rítler, seus discursos dirigidos à massa e os muitos desfiles bélicos criaram no imaginário dos alemães a ideia de que faziam parte de uma “raça superior”. Já o símbolo da suástica era utilizado para identificar a Alemanha e a união dos alemães em torno de seu líder. A metáfora de um novo amanhecer, associado a uma nova Alemanha, ressurgida das cinzas após a Primeira Guerra Mundial, era explorada constantemente pela propaganda nazista.

Clique no play e acompanhe as informações do vídeo.

Vamos pensar juntos?

Direita e esquerda não são apenas referências espaciais. Desde o final do século dezoito, quando ocorreu a Revolução Francesa, essas palavras são utilizadas para definir partidos ou posicionamentos políticos. Fala-se genericamente em partidos “de esquerda” ou “de direita”.

De modo geral e simplificador, a esquerda é identificada com posições mais libertárias e a direita, com posturas mais conservadoras. No entanto, esses termos não representam noções fixas ou absolutas. Eles variam no tempo e no espaço, e seu emprego depende do contexto social.

Desde a segunda metade do século dezenove, a esquerda gradativamente se associou a ideologias ou movimentos revolucionários vinculados à classe trabalhadora, como o socialismo e o anarquismo, enquanto a direita se aproximou dos defensores de plataformas econômicas mais liberais.

Não se pretende aqui aprofundar o estudo dessa questão, mas propor uma pergunta relacionada com essa temática: com base no nome, você diria que o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães era de esquerda ou de direita? Calma, não responda ainda.

Você já ouviu ou leu algo sobre uma polêmica em torno da falsa afirmação de que o nazismo é de esquerda? Pois bem, no centro do debate, estava o broche nazista, feito em 1934, por ocasião do Dia do Trabalho, reproduzido a seguir. Analise-o.

Fotografia. Broche circular dourado. Na borda superior as informações: TAG DER ARBEIT. No centro o busto de um homem de rosto comprido e fino, testa larga e cabelos penteados para trás. Abaixo dele uma água com as asas abertas. Ela leva nas garras o emblema da suástica. Ao redor a data de 1934. Na asa esquerda um martelo e na asa direita uma foice.
Broche nazista produzido para celebrar o Dia do Trabalho no ano de 1934.

Você deve ter notado na imagem o desenho da foice e do martelo, da águia nazista, da suástica e da representação de um trabalhador, além da inscrição em alemão: Tag Der Arbeit (“Dia do Trabalho”).

Em uma primeira leitura, superficial, pode-se fazer a seguinte relação: o martelo e a foice são símbolos do comunismo e o Partido Nazista tem em seu nome o termo socialista. Então, ele teria sido um partido de esquerdareticências Errado!

Antes de fazer tal afirmação, é preciso considerar dois pontos: o primeiro é o de que não se pode confundir o nome ou o lema de algo com a coisa em si. A Inquisição em Portugal, do século catorze, tinha como lema “misericórdia e justiça”, mas não é possível afirmar que a misericórdia pautava os processos instituídos por ela.

O segundo é o de que os nazistas tentaram atrair os trabalhadores alemães apresentando-se como alternativa aos socialistas, comunistas e anarquistas. Eles eram nacional-socialistas, e não socialistas.

Agora, retome os elementos do broche nazista. Note que o martelo (símbolo associado aos trabalhadores urbanos) e a foice (símbolo dos trabalhadores rurais) não estão unidos como na simbologia socialista, mas separados. Sobre eles e funcionando como elemento de ligação, a águia com a suástica representa o Estado nazista. Por que o martelo e a foice não estão cruzados?

Essa pergunta faz toda a diferença na interpretação da imagem. Um dos pontos fundamentais da ideologia nazista foi a negação da luta de classes. No socialismo, de acordo com o pensamento de cál marcs, os proletários de todo o mundo deviam unir-se contra o Estado ou a ordem capitalista. De acordo com a ideologia nazista, em contrapartida, os trabalhadores deviam abdicar dessa luta em benefício da nação.

O que o broche revela pode ser resumido da seguinte fórma: durante o Terceiro Reich, os trabalhadores estavam sob tutela e vigilância do Partido Nazista; portanto, não deviam tomar o poder, mas ser incorporados pelo poder do Estado. Não por acaso, os primeiros campos de concentração nazistas tiveram como prisioneiros militantes de esquerda, adversários políticos dos nazistas.

Dessa fórma, assim como o fascismo italiano, o nazismo relaciona-se com o que se denomina, grosso modo, extrema direita. O regime totalitário associado com a chamada esquerda é o stalinista, que você estudará adiante.

Responda no caderno.

  1. Por que os nazistas produziram um broche para celebrar o Dia do Trabalho?
  2. Por que o martelo e a foice estão separados nesse broche?
  3. Indique as principais características do nazismo e explique por que o programa político do Partido Nazista não pode ser identificado com a denominada esquerda.

Perseguições e as Leis de Nurrembérg

Durante todo o período em que os nazistas estiveram no poder, imigrantes, adversários políticos, artistas que produziam arte moderna – considerada degenerada pelo regime –, homossexuais, ciganos e pessoas com deficiência foram perseguidos. A política eugenista nazista teve como primeiro alvo as pessoas com transtorno mental encarceradas em sanatórios na Alemanha.

Os judeus sempre foram perseguidos pelos nazistas, mas a política oficial do govêrno de Rítler contra eles teve início em 1935, por meio das Leis de Nurrembérg. Quando essas leis entraram em vigor, os direitos gerais e políticos dos judeus alemães foram revogados. Eles foram, então, obrigados a usar roupas e símbolos que os identificassem como judeus. Os que tinham emprego público foram demitidos.

Por essas leis, eram considerados judeus os praticantes da religião judaica e as pessoas que tivessem três de seus avós judeus. Assim, milhares de pessoas foram classificadas como judias. O govêrno usou essas leis também para, em nome da “pureza racial”, proibir casamentos entre judeus e pessoas de “sangue alemão ou similar”.

O govêrno alemão promoveu o deslocamento forçado dos judeus para os guetos – bairros, normalmente segregados, onde eles eram obrigados a residir. Todos os bens e propriedades dos judeus foram tomados pelo Estado e distribuídos aos membros do Partido Nazista.

Apesar da popularidade de Rítler e de suas ideias, alguns artistas e intelectuais, por exemplo, lutaram contra o nazismo na Alemanha. Muitos alemães foram presos ou tiveram de viver na clandestinidade por se opor ao regime. Outros optaram por sair do país à medida que a ditatura se tornava cada vez mais violenta e rumava em direção à guerra.

Cartaz. Ilustração de homem de roupas largas e barba grande, segurando algumas moedas de ouro em uma das mãos. Na outra, carrega um arame retorcido e uma escultura com o símbolo do martelo e da foice.
Detalhe de cartaz que anunciava a exibição pública do filme Dê êvigue iúde (“O judeu eterno”), em Viena, Áustria, 1937.
Fotografia em preto e branco. Judeus em duplas em uma longa fila. Caminham pela rua escoltados por militares. A dupla da frente carrega uma estrela de Davi, símbolo do judaísmo.
Judeus presos em Bádin bádin, Alemanha, logo após a Noite dos Cristais. Foto de 10 de novembro de 1938.
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No cartaz do filme de 1937 é representado, de maneira caricata e desumanizada, um judeu como o principal culpado pela exploração econômica e pelo avanço do comunismo na Alemanha. Já na foto de 1938, os judeus presos são levados à sinagoga por membros da ésse ésse, organização paramilitar nazista. Entre 9 e 10 de novembro, civis e fôrças paramilitares da Alemanha nazista organizaram uma série de ações violentas contra lojas, prédios e templos religiosos judeus. A destruição que resultou em morte, deportação e vitrines destruídas (com milhares de pedaços de vidro pelo chão) ficou conhecida como Noite dos Cristais.

O stalinismo

Como você estudou no capítulo 3, na União Soviética, a morte de Lênin, em 1924, desencadeou a luta pelo poder entre Josef Istálin e León Trótisqui. Istálin venceu a disputa e se consolidou como líder soviético. Com a justificativa de preservar a revolução, seu govêrno perseguiu violentamente os dissidentes políticos e opositores ao regime.

Assim como Rítler, Istálin estabeleceu uma ditadura de partido único, censurou os meios de comunicação, perseguiu e matou opositores e adversários políticos e utilizou a propaganda para promover sua imagem como homem forte da União Soviética.

Nos processos que ficaram conhecidos como expurgos, vários integrantes do Exército Vermelho que haviam lutado na guerra civil e membros do Partido Comunista que ocupavam lugar de destaque na política do país desde a Revolução de 1917 foram assassinados, contribuindo para consolidar internamente a imagem de Istálin como representante da revolução.

Istálin, porém, não defendia ideias como a de superioridade racial propagada pelos nazistas. A questão central da ideologia stalinista era a da extinção da propriedade privada. Assim, um dos principais alvos da ditadura na União Soviética foram os Culáquis, camponeses prósperos que se recusaram a aceitar a coletivização de suas fazendas. Muitos deles foram presos, deportados ou executados. O mesmo aconteceu com membros da burguesia e com os supostos traidores da revolução.

Fotografia em preto e branco. Grupo de militares sentados com os braços direitos erguidos.
Julgamento do bloco de direita e dos trotisquistas, o terceiro dos expurgos ocorridos em Moscou, União Soviética. Foto de 1938. trotisquistas, anarquistas e antigos líderes bolcheviques foram perseguidos, presos, torturados, banidos ou executados durante esses processos.
Pôster. À esquerda, ilustração de Lênin, homem de lado com o braço esticado para frente. No canto direito, Stálin, homem de bigode e quepe. Entre eles uma cidade e uma bandeira vermelha. Abaixo pessoas aglomeradas carregam bandeiras vermelhas.
Pôster soviético produzido em 1934 para anunciar o 17º Congresso do Partido Comunista.
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O govêrno stalinista, assim como o fascista e o nazista, investiu maciçamente em propaganda. No pôster, Istálin é representado como continuador das ideias de Lênin e responsável pelo processo de industrialização soviético.

A planificação da economia soviética

No campo econômico, a partir de 1928, o govêrno stalinista adotou a planificação. Foram criados planos quinquenais, com metas para a produção industrial e agrícola dos cinco anos subsequentes. A ideia era acelerar o crescimento econômico, tornando a produção do país autossuficiente em algumas áreas estratégicas.

Por meio desses planos, o govêrno estatizou as terras soviéticas, instaurando um modelo de fazendas coletivas, nas quais a produção era distribuída à população pelo Estado.

A produção, porém, caiu drasticamente, causando efeito contrário ao desejado. Istálin, então, redesenhou o plano e criou dois modelos para o campo – um de cooperativas e outro estatal, com trabalhadores pagos pelo Estado –, além de um setor da indústria que deveria suprir as necessidades dos produtores no campo.

Nos anos 1930, foram permitidas pequenas propriedades privadas no campo. Na indústria, foram priorizados os setores de siderurgia e produção de carvão, além da fabricação de bens de consumo.

Por volta de 1940, a União Soviética era a terceira nação mais industrializada do mundo, atrás dos Estados Unidos e da Alemanha. Não abalado pela crise de 1929, o Estado Soviético se fortaleceu economicamente.

Pôster. Ilustração de homem com roupas de proteção soldando barras de metal sobre uma bancada. Atrás dele, prédio em construção com as estruturas de metal aparentes, e outro já concluído. Sobre os edifícios, inscrição em russo.
Nós estamos construindo, pôster soviético de 1930, criado pela artista Valentina cúledjina.
Fotografia. À direita, no primeiro plano, grande escultura de uma mulher de olhos fechados e cabeça baixa. Ao fundo, entre as árvores, um monumento comprido com detalhes dourados.
Monumento em homenagem às vítimas do Rolodomôr em Quiévi, Ucrânia. Foto de 2019.
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O plano de coletivização das terras agrícolas na região correspondente à da atual Ucrânia não foi bem recebido pela população local, pois, entre outros problemas, as cotas de produção exigidas pelo govêrno de Istálin para os trabalhadores agrícolas eram impraticáveis.

Insatisfeito por seu plano para a região não ter obtido sucesso, Istálin dificultou e, em alguns momentos, bloqueou o fornecimento de alimentos à população local entre 1931 e 1932. Além disso, o trabalho no campo continuou sendo exigido mesmo quando as pessoas estavam morrendo de fome, e os camponeses foram proibidos de deixar suas terras, sendo condenados à morte no genocídio conhecido como Rolodomôr.

A Guerra Civil Espanhola

Na Espanha, então uma república, as eleições de 1936 foram vencidas por uma aliança formada por socialistas, republicanos e comunistas. Grupos de direita, porém, opuseram-se ao resultado e levaram o país a uma violenta guerra civil.

Liderado pelo general Francisco Franco, um grupo de ultranacionalistas deu um golpe de Estado e entrou em confronto direto com o govêrno eleito. A Itália e, principalmente, a Alemanha apoiaram Franco e seus partidários, enviando armamentos para seu exército, e a Espanha se tornou um laboratório de testes para a tecnologia bélica nazista.

O govêrno republicano contou com algum apôio da União Soviética e de voluntários de vários países que foram lutar ao lado dos republicanos, nas chamadas Brigadas Internacionais. Estima-se que entre 35 e 40 mil brigadistas atuaram no conflito, sendo a maior parte de países como a França, a Polônia, a Itália e a Alemanha. Em muitos casos, os voluntários eram membros de movimentos anarquistas e antifascistas em seus países de origem.

A participação feminina também foi de fundamental importância. Muitas mulheres eram procedentes de famílias judias urbanas e chegaram à Espanha fugindo da perseguição nazista.

Durante a guerra civil, coletivos femininos, como o chamado Mulheres Livres, associaram o combate ao fascismo a causas como a da educação e a da emancipação femininas. As integrantes desses grupos defendiam a capacitação das mulheres para o trabalho e programas voltados à maternidade. Enquanto durou a guerra, elas mantiveram-se ativas, organizando publicações e atuando nas frentes de batalha.

Apesar do esforço das Brigadas Internacionais, a Guerra Civil Espanhola terminou, em 1939, com a vitória de Franco e o triunfo da máquina de guerra nazista.

Pintura. Traçados sobrepostos, originando figuras de pessoas com os corpos mutilados. Algumas estão com expressão de dor. As cores são escuras. À esquerda, uma mulher segurando uma criança morta nos braços e a seu lado um touro com feições disformes; no centro, há um cavalo de boca aberta com expressão de dor e, abaixo dele, uma mão mutilada segurando uma flor e uma espada quebrada. À direita, uma pessoa com os braços esticados para cima e ao seu lado uma mulher se arrastando no chão. Na parte superior, à direita, braço de uma figura boquiaberta que entra na cena segurando uma lamparina para iluminar o ambiente.
Guernica, pintura de Pablo Picasso, 1937.
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O principal exemplo da máquina de guerra alemã foi o ataque de sua fôrça aérea, a Luftwaffe, à cidade de Guernica, na Espanha. Os horrores do ataque foram imortalizados por Pablo Picasso nessa pintura. A obra foi levada aos Estados Unidos, onde ficou em exibição até a morte de Francisco Franco, quando finalmente retornou à Espanha.

Agora é com você!

Responda no caderno.

  1. Descreva as estratégias e políticas defendidas pelo Partido Nacional Fascista italiano.
  2. Relacione a crise de 1929 nos Estados Unidos à ascensão do nazismo na Alemanha.
  3. Resuma o funcionamento da ditadura estabelecida por Stálin na União Soviética.
  4. Como ocorreu o golpe de Estado liderado pelo general Francisco Franco na Espanha?

Atividades

Responda no caderno.

Organize suas ideias

  1. Em 1932,Frânclin Delano Rúsvelt foi eleito presidente dos Estados Unidos, em meio à maior crise econômica experimentada por aquele país até então. Copie no caderno apenas as informações corretas a respeito de seu govêrno.
    1. O chamado New Deal consistia em um conjunto de medidas governamentais destinadas a sanar os problemas econômicos do país, como a realização de diversas obras públicas e a criação do seguro-desemprego para os trabalhadores sem ocupação.
    2. Os Estados Unidos, com o New Deal, solucionaram seu problema de desemprego e retomaram o processo de crescimento industrial característico do contexto posterior à Primeira Guerra Mundial.
    3. Rusevélt foi eleito por ter prometido ao povo estadunidense um projeto de intervenção do govêrno na economia para combater a Grande Depressão. Assim, entre 1933 e 1934, ele lançou o New Deal, um pacote de reformas para promover a recuperação industrial e agrícola do país, regular o sistema financeiro e garantir assistência social.
  2. Sobre os regimes fascistas, analise as seguintes informações. Depois, faça o que se pede.
    1. A ascensão do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha está relacionada às crises que afetaram os países europeus no pós-Primeira Guerra Mundial.
    2. Em 1922, Mussolini chegou ao poder na Itália em um episódio conhecido como Marcha sobre Roma.
    3.  Em 1923, inspirado pela Marcha sobre Roma, Rítler aplicou um golpe de Estado na Alemanha e deu início ao Terceiro Reich.
    4. O ultranacionalismo, o militarismo, o expansionismo e a perseguição a adversários políticos estão entre as características compartilhadas pelo fascismo e pelo nazismo.
    5. Apesar de organizarem regimes extremistas e pautados pelo uso da violência, Rítler e Mussolini não vincularam seu discurso político a questões raciais, envolvendo a segregação e a perseguição de minorias.
      1. Indique as sentenças corretas.
      2. Indique as incorretas.
      3. Explique os erros contidos nas sentenças incorretas.

Aprofundando

3. (unicâmpi-São Paulo – adaptado) Analise o gráfico e responda às questões.

Estados Unidos: produção industrial e emprego – 1920-1938

Gráfico de linhas. Estados Unidos, produção industrial e emprego, de 1920 a 1938. Legenda: Linha preta tracejada: produção industrial. Linha preta contínua: número de desempregados. No eixo horizontal inferior, anos de 1920, 1925, 1930, 1935 e 1938. No eixo horizontal superior, o ano de 1929 dividindo o gráfico ao meio. No eixo vertical esquerdo, os números 0, 5 e 10 indicando o índice de desempregados (em milhões de desempregados). No no eixo vertical direito, os números 0, 50, 100, 150 e 200, indicando a produção industrial. No alto, a informação: índice 100 em 1913. No gráfico. Linha tracejada indicando a produção industrial: inicia sua trajetória acima de 100 em 1920, apresenta pequena queda em 1921 e, na sequência, apresenta uma oscilação positiva, crescente, até o ano de 1929, quando registra produção industrial acima de 150. Depois, queda acentuada entre 1929 e 1932, registrando níveis um pouco abaixo de 100, retomada da produção até 1937 e pequena queda entre 1937 e 1938. Linha contínua o número de desempregados. Inicia a trajetória em alta entre 1920 e 1921, quando registra um número próximo a 4 milhões de desempregados, depois apresenta uma oscilação de queda até 1929, quando registra um número próximo a 1 milhão de desempregados. A partir daí, alta expressiva até o ano de 1933, registrando mais de 10 milhões de desempregados. Queda na taxa de desempregados entre 1933 e 1937, registrando algo próximo a 6 milhões de desempregados. Pequena alta em 1938.

FONTE: Rórt-dêvisHistory: the definitive visual guide. Londondê cá, 2007. página 385.

  1. Qual é a relação existente entre as duas linhas apresentadas no gráfico?
  2. Apresente dois motivos para a crise de 1929.

4. Na década de 1930, a fotógrafa estadunidense Dorotia Lange percorreu os Estados Unidos produzindo imagens que se tornaram símbolos da Grande Depressão. A mais famosa delas recebeu o título Mãe migrante. Analise a foto, leia o texto, e depois faça o que se pede.

Fotografia em preto e branco. Mulher de cabelos escuros e lisos, penteados de lado e presos para trás. Tem olhos pequenos, testa franzida e marcas de expressão ao lado da boca. Possui um olhar desolado. Com uma das mãos segura um bebê que dorme em seu colo. A outra mão está no rosto. Duas crianças estão apoiadas em seus ombros.
Mãe migrante, foto de Dorothea Lange em Nipomo, estado da Califórnia, Estados Unidos, 1936.

Flórenci Tômpissan se manteve incógnita reticências até 1975, ano em que escreveu uma carta aAssociated Press se queixando da imagem que Dorotia Lange projetou sobre sua família reticências.

Na casa dos 71 anos de idade, ela parecia guardar ressentimento da situação inteira e da própria Dorotia Lange. A demora de quatro décadas para reivindicar algum ressarcimento é um indício de que este longo tempo foi vivido sob uma permanente vontade de desagravo glossário reticências. À época do reclame de florrânce, uma de suas filhas que compôs a foto insistiu bastante em dizer que a miséria e a fome nunca as atingiram. Para ela Lange adicionara elementos dramáticos àquela família.”

BOSI, A. P. História e narrativa fotográfica: o caso de “Migrant Mother”, de Dorothea Lange. História da Historiografia, volume 8, número 19, página 164-165, dezembro 2015.

  1. Descreva a imagem Mãe migrante.
  2. Qual é a sensação que os elementos que a compõem lhe transmitem? Justifique.
  3. Com base no texto, em que consiste o ressentimento que Flórenci Tômpissan guardou da fotógrafa?
  4. Relacionando as sensações que a foto lhe transmitiu ao texto, responda: fotos são registros fiéis e imparciais da sociedade?

5. No texto a seguir, é analisada a importância do espetáculo de massa para a consolidação do regime nazista. Leia-o e faça o que se pede.

“A chave da organização dos grandes espetáculos era converter a própria multidão em peça essencial dessa mesma organização. Nas paradas e desfiles pelas ruas ou nas manifestações de massa, reticências a multidão se emocionava de maneira contagiante, participando ativamente da produção de uma energia que carregava consigo após os espetáculos, redistribuindo-a no dia a dia, para escapar à monotonia de sua existência e prolongar a dramatização da vida cotidiana.

Rítler atribuía grande importância psicológica a tais eventos, pois reforçavam o ânimo do militante nazista, que perdia o medo de estar só diante da fôrça da imagem de uma comunidade maior, que lhe transmitia gratificantes sensações de encorajamento e reconforto. O uso de uniformes, comum entre os militantes nazistas, servia à dissimulação das diferenças sociais e projetava a imagem de uma comunidade coesa e solidária. O impacto da política na rua em fórma de espetáculo visava diminuir os que se encontravam do lado de fóra do espetáculo, segregá-los, fazê-los sentirem-se fóra da comunidade maravilhosa a que deveriam pertencer.”

LENHARO, A. Nazismo: “o triunfo da vontade”. São Paulo: Ática, 2006. página 39-40.

  1. Cite duas estratégias da política nazista utilizadas para mobilizar e convencer a população alemã.
  2. Um dos aspectos mais assustadores da política nazista está relacionado ao antissemitismo. Explique o termo e indique as ações adotadas pelo govêrno nazista contra os judeus.

Glossário

Fordismo
: método de produção criado pelo engenheiro Fréderic têilor e inserido inicialmente nas fábricas de automóveis estadunidenses da fórd (por isso, recebeu esse nome). Pelo método, a peça em fabricação era movida por esteiras ao longo da linha de produção. Cada operário era especializado em uma função e responsável, portanto, por apenas uma tarefa – apertar parafusos, instalar determinada peça etcétera.
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Antissemitismo
: ódio, aversão ao povo semita, particularmente judeus.
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Eugenia
: teoria racial com base na qual se defende o melhoramento da espécie por meio da seleção de indivíduos considerados mais aptos. No caso do nazismo, que você estudará a seguir, esteve associada à defesa de uma suposta “pureza racial” alemã.
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Extirpar
: eliminar; destruir; extinguir.
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Espaço vital
: no contexto da política nazista, princípio segundo o qual era preciso expandir territórios e garantir recursos para o pleno desenvolvimento do povo alemão.
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Chanceler
: na Alemanha, chefe de govêrno.
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